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Índice
1. O Legado Isabelino
a. Tempo
b. Características
2. A mente de Spenser
a. Visão de Spenser sobre o seu tempo
b. A obra em relação ao seu tempo
c. Spenser e Sir Walter Raleigh
3. “A Letter of the Authors”, de Edmund Spenser
a. Destinatário
b. Objetivo comunicativo
c. Inspirações
d. Composição da obra descrita
e. A Contínua alegoria
i. Instâncias
ii. A sua importância
f. Método de escrita
4. The Faerie Queene
a. Tipo de obra
i. Género
b. Personagens e as suas características – Livro I
c. Resumo do livro I
1. O Legado Isabelino
a. Tempo
Situa-se no período da Renascença – época de estagnação e imitação
Por haver pouco desenvolvimento e escassas inovações, os autores e os artistas
limitavam-se a tentar ser aquilo que grandes autores anteriores foram (ex: Geoffrey
Chaucer)
Neste sentido, adaptavam erradamente o que foi feito no passado ao seu presente e
chamavam de arte – “Herdade”
b. Características
Período áureo da Renascença
Houve um florescimento a nível da literatura e da poesia (de Spenser para
Shakespeare, por exemplo)
Período de expansão e exploração
2. A Mente de Spenser
Inicialmente, Spenser não tinha acesso à realeza e, como queria tanto lucrar e ensinar, sabia
que precisava de uma “ponte” de acesso. Walter Raleigh, um poeta laureado* da época
demonstra interesse na poesia de Spenser. Nesta continuidade, convida-o a apresentar a sua
poesia à rainha. Teve imenso sucesso e após um tempo, torna-se poeta laureado também.
*poeta laureado – oficialmente apontado pelos mais altos órgãos da sociedade; daquele pelo
qual se esperam composições poéticas para eventos públicos patrocinados
a. Destinatário
Spenser escreve uma “Carta dos Autores” a Sir Walter Raleigh, o seu colega-poeta
b. Objetivo comunicativo
Spenser quer dar a conhecer a sua intenção geral para a obra e o seu significado, antes da
publicação. Neste sentido, quer também tornar claro o uso da alegoria e o seu objetivo: “to
fashion a gentleman or noble person in vertuous and gentle discipline” – ou seja, para formar
um bom homem ou um homem nobre segundo uma disciplina gentil e virtuosa.
c. Inspirações
O autor optou por escrever a sua poesia num estilo de ficção histórica, por achar que seria
mais atrativo para o público. Desta forma, o leitor que buscava sempre obras com grandes
variedades de matéria, leria uma obra com objetivo de elucidar sobre o lucro que se pode
obter ao seguir um bom exemplo.
O Rei Artur – famoso em obras literárias pela sua excelência; a escolha para
personagem herói deriva do medo de Spenser ser alvo de inveja e suspeita pelos seus
leitores, assim, nem escolhe um nome de um homem atual nem o de um já morto e
com possíveis conexões com as visões políticas e religiosas da obra.
Íliada, de Homero – Agamemnon, representando o paradigma literário de bom
governante
Odisseia, de Homero – Ulisses, representando o paradigma literário de homem
virtuoso
Eneida, de Virgílio – Aenas, representando ambos os paradigmas
Ludovico, de Ariosto – Orlando, representando as virtudes políticas e privadas do
Homem e a sua excelência
Combina os paradigmas de Aenas, de Virgílio e as virtudes de Ludovico, de Ariosto em
Artur na sua obra – “homem virtuoso” nos 1ºs 12 livros e “um bom governante” nos
últimos 12 livros.
d. Composição na obra
Contexto da história:
Acreditava que os leitores deviam habituar-se à ideia de alegoria contínua, visto que só
davam valor ao que era concreto e visível e ignoravam o lado abstrato da vida.
o Xenofanes em Cyropaedia – retrata um governo histórico particular (Persia)
o Platão em República – retrata uma ideia do todo abstrato juntando as
melhores partes de um governo, criando assim, idealmente, o governo perfeito
Assim, Spenser tenta também retratar em Artur um pouco desse uso lucrativo-literário,
tal como Cyrus possui em Cyropaedia.
o Artur então, após nascer, é entregue a Timon por Merlin, para que este o
eduque
o Ao crescer, Artur sonha com Gloriana, a rainha das fadas
o Armado por Merlin e instruído por Timon, Artur parte para a Terra das Fadas
(Inglaterra) à procura da verdadeira rainha das fadas (Elizabeth I)
o Gloriana é a alegoria da glória em duas formas: grandeza em abstrato e
grandeza em concreto (a própria grandiosa rainha Elizabeth I)
Dividida em 12 virtudes privadas (como mulher individual – o caminho
mais obscuro) e em 12 virtudes públicas/políticas (como
representante)
A obra destaca 1 herói para o entendimento de cada virtude e busca
pelas mesmas (alegoria) ao mesmo tempo em que lutam contra uma
personificação do oposto à virtude
Assim, as peripécias em busca das virtudes são uma vida textual
discursiva que se aplica a todos
A união matrimonial no fim entre Artur e Gloriana teria como objetivo
restaurar a glória, a grandeza e a magnificência, no sentido de alcançar
a completude como governantes e como pessoas – isto celebrar-se-ia
num banquete anual de 12 dias, nos quais seriam narradas por dia
uma virtude dos 12 primeiros livros
Descreve sinteticamente, ainda na carta a Sir Walter Raleigh, as peripécias dos 3
primeiros livros sobre as virtudes privadas: Santidade (Red Cross Knight), Temperança
(Sir Guyon) e Castidade (Britomartis)
e. A Contínua Alegoria
i. Instâncias
A Alegoria tem como princípio fundamental manter a mente humana ativa e estimulada, no
sentido em que pode reconhecer pequenas mudanças e significados das mesmas. Na obra,
Spenser esconde o significado pretendido sob a máscara de um significado literal, isto é, não
diz as coisas exatamente como são, pois isso caberá ao leitor esperto e atento descobrir.
f. Método de escrita
Escritor de histórias históricas – Poeta histórico
Este método diferencia-se do método dos historiadores que apenas escrevem sobre relatos
históricos. No caso da poesia, uma história é formada a partir da História, assim as narrativas
podem começar in medias res (a meio da ação) e estarem livres para se mover no tempo.
Neste sentido, se Spenser segui-se o método dos historiadores, teria que começar a escrever a
sua obra onde a pretendia acabar (12ºlivro)
Esta obra tem como principal objetivo a emulação, isto é, seguindo a protrepsis, a sua função é
converter e dar a volta à mente do homem, transmitindo a verdade através da alegoria. Tornar
os homens ingleses na grandeza e no dever ser do Homem, equilibrando esta divergência entre
teoria e prática através de exemplos para instruir, educar e transformar.
a. Tipo de obra
i. Género
A Renascença foi a época de excelência para a imitação, neste sentido, Spenser tinha como
objetivo inovar as mentes do seu tempo, trazendo um tipo de escrita épica e romântica –
epopeia romântica. Com isto, a obra encaixa-se no género de Romanzzo.
c. Resumo do livro I
A história começa com a descrição de Red Cross Knight – um homem rústico do campo
Ajoelhado pede à rainha que lhe permitisse sair numa aventura, a mesma aceita e o
jovem senta-se no chão à espera
Pouco depois chega uma bela dama triste que pede ajuda para salvar os seus pais de
um dragão que os prendeu numa torre
O jovem aceita e novamente pede permissão à rainha para prosseguir
A rainha, impressionada pela arrogância, assim aceita – o nível de rusticidade não era
ainda compatível com a aventura e o nível de risco
O jovem veste a armadura e esta lhe assenta perfeitamente, como se feita para este
Parte com Una e o seu escudeiro
Red Cross Knight derrota um dragão fêmea (Error) numa caverna e pouco depois de
continuarem a vaguear pela floresta encontram Archimago disfarçado de frade
Archimago cria um espírito à imagem de Una, Duessa, e o envia para um sonho de Red
Cross Knight
Duessa tenta induzir o pecado, mas sai gentilmente rejeitada
Archimago disfarça-se de Red Cross Knight e tenta levá-la do mesmo
São descritos na obra os 7 pecados capitais no sentido de relembrar aquilo que se
estava a lutar contra
Chegam ao castelo de Orgoglio, o dragão de muitas cabeças
Artur mata o pai do dragão Orgoglio e adentra o castelo
Encontra muitos corpos mortos e um altar usado para sacrificar cristãos
Duessa tem todas as suas vestes rasgadas, expondo toda a sua feiura e deformidade
Red Cross Knight, o seu escudeiro, Una e Artur descansam no castelo e recuperam as
suas forças
Artur e Una conversam sobre Timon, Merlin, o seu sonho com Gloriana e o reino das
fadas
A procura pelo seu objetivo durou 9 meses e não teve sucesso
Após Red Cross Knight se juntar à conversa, Artur volta a assegurar-se do seu objetivo e
Una deseja inovar em trabalhos
Despedem-se de Artur que volta a buscar pela sua amada Gloriana
Encontram um cavaleiro do desespero que quase leva Red Cross Knight a cometer
suicídio por manipulação, porém Una intervém e o salva
Una leva o cavaleiro para descansar na “Casa da Santidade” e o mesmo, após um
tempo acaba por se curar e revigorar
Por todas as presenças de bem na casa, após ser instruído e ensinado, Red Cross Knight
alcança a perfeição da santidade e da bondade religiosa
Una leva o cavaleiro para a sua terra-natal, o Eden e os dois vislumbram a torre onde
os pais da mesma estão confinados
Spenser evoca Calliope, a musa da poesia épica
A batalha entre Red Cross Knight e Orgoglio dura 3 dias
Os pais de Una são salvos e Archimago é preso
Casamento entre o cavaleiro e Una
Red Cross Knight lembra-se da promessa que fez à rainha das fadas, para retornar ao
seu serviço após matar o dragão
Após um tempo o mesmo parte em retorno, deixando Una desconsolada
Fim do 1ºlivro