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Olá a todos, hoje irei fazer a minha apresentação oral sobre a 8ª proposta, que relaciona as

reflexões do poeta nos Lusíadas, de Luís de Camões com a Farsa de Inês Pereira, de Gil
Vicente.

As reflexões do poeta surgem em momentos de pausa na narração, quase sempre no final


dos cantos; são momentos estratégicos, em que se tiram conclusões ou se formulam juízos
motivados por circunstâncias ou incidentes da viagem, da História de Portugal ou da
experiência pessoal do poeta; e assumem a forma de um discurso assertivo, num tom
marcadamente subjetivo apresentando-se como discursos de moralização e de doutrina
acerca do comportamento dos homens e do destino de Portugal.

A farsa de Inês Pereira é a obra mais extensa e uma das mais conhecidas de Gil Vicente e
esta mostra/retrata a vida de Inês, uma jovem à espera de se casar.

Os objetivos de Luís de Camões com as reflexões do poeta em sua obra não pode ser
limitado a uma única interpretação, pois sua poesia é rica em significados e abrange uma
variedade de temas. No entanto, podemos identificar alguns propósitos gerais que Camões
tinha ao incluir reflexões em seus poemas.

Em primeiro lugar, Camões buscava transmitir sua visão de mundo e expressar suas
próprias reflexões sobre a condição humana. Ele explorava questões filosóficas, éticas e
morais em seus escritos, abordando temas como o amor, a paixão, a virtude, a
transitoriedade da vida e a inconstância dos acontecimentos. Com suas reflexões, ele
buscava alcançar uma compreensão mais profunda da existência e compartilhar suas
observações sobre a natureza humana.

Além disso, Camões também tinha o objetivo de transmitir ensinamentos e lições aos
leitores. Ele usava a poesia como uma forma de educação moral, destacando virtudes como
a coragem, a honra e a lealdade, enquanto criticava vícios como a ambição desmedida e a
falta de honestidade. Por meio de suas reflexões, ele procurava instruir e inspirar os leitores
a agirem de forma virtuosa e a refletirem sobre suas próprias ações e escolhas.

Outro objetivo de Camões era o de alcançar a imortalidade literária. Ele aspirava a ser
reconhecido como um grande poeta e desejava que suas reflexões e ideias fossem
perpetuadas ao longo do tempo. A sua ambição era criar uma obra duradoura e
significativa, capaz de inspirar gerações futuras.

Em resumo, o objetivo de Camões com as reflexões do poeta em sua obra era transmitir a
sua visão de mundo, compartilhar ensinamentos morais e buscar a imortalidade literária,
deixando um legado que ecoasse através do tempo.

O objetivo de Gil Vicente com a Farsa de Inês Pereira, é realizar uma crítica social e moral
da sociedade portuguesa do século XVI. Gil Vicente utilizou suas peças teatrais para
abordar questões relevantes da época, além de entreter o público.
Na Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente satiriza as mulheres da burguesia que tinham
aspirações de ascender socialmente através do casamento com homens ricos, mesmo que
isso significasse abrir mão de sua própria inteligência e autonomia. A personagem
principal, Inês Pereira, é retratada como uma mulher ingênua, fútil e preguiçosa, que anseia
por um casamento vantajoso sem se preocupar com sua educação ou desenvolvimento
pessoal.

Com o que acabei de dizer podemos verificar que os objetivos de ambos os autores estão
relacionados com a crítica à sociedade da época deles.

As obras utilizam diferentes processos para atingir os seus objetivos.

Camões utilizava uma linguagem poética elaborada, com metáforas, imagens vívidas,
jogos de palavras e outros recursos literários para expressar suas reflexões de maneira
artística e impactante. A sua habilidade em combinar palavras e criar versos melódicos
contribuía para o poder estético e emocional de suas obras.
Camões também abordava uma ampla gama de temas em suas reflexões poéticas,
explorando tanto questões pessoais e existenciais quanto aspectos históricos, políticos e
sociais. Essa diversidade temática contribuía para a relevância e a universalidade de suas
reflexões, abrangendo preocupações que ressoavam com seus contemporâneos e
continuam a ser pertinentes até hoje.
E outro processo usado por Camões era que combinava diferentes estilos literários em
suas obras, mesclando elementos líricos, épicos e dramáticos. Essa fusão de estilos
permitia-lhe criar uma voz poética única e versátil, capaz de transmitir tanto reflexões
íntimas quanto grandiosas narrativas épicas.

E a Farsa atinge os seus objetivos com a satira através de:

Personagens-tipo A maioria das personagens da farsa representa o grupo social a que


pertencem bem como as práticas criticáveis desse grupo.

Caricatura Consiste na representação exagerada dos traços de uma personagem, de forma


a expor as suas deformações.

Comicidade O cômico é uma estratégia ao serviço da função moralizante da peça: rimos


dos erros para os corrigirmos.

Ironia e sarcasmo são estratégias usadas para a crítica mais mordaz e incisiva, pois
desmontam as aparências e apontam as verdades.

Diálogo Nos diálogos, uma personagem denuncia-se e mostra o que é e expõe os vícios e
erros das demais.
representação/Imagem da sociedade quinhentista.

Mas como é que estes representam a sociedade quinhentista, que é uma sociedade do
século XVI (dezasseis)

Camões representa a sociedade quinhentista de diferentes maneiras. Através dos diversos


episódios e personagens do poema, Camões retrata aspectos políticos, culturais, religiosos
e sociais da época, oferecendo uma visão abrangente da sociedade portuguesa do século
XVI.

Camões reflete o espírito de exploração e descobrimento que estava presente na sociedade


quinhentista. O poema celebra as conquistas marítimas dos portugueses, especialmente a
viagem de Vasco da Gama à Índia. A expansão marítima, o comércio e a busca por
riquezas são temas centrais na obra.

"Os Lusíadas" também reflete o contexto religioso da época, em que o catolicismo era a
religião dominante. A obra apresenta referências e símbolos religiosos, além de glorificar a
missão cristã dos navegadores portugueses..

A Farsa também aborda questões religiosas e morais. O personagem Ermitão, por


exemplo, representa a figura religiosa e é retratado como hipócrita, usando sua posição
para obter vantagens pessoais. Essa crítica à corrupção religiosa reflete as tensões e
contradições presentes na Igreja Católica da época.

Ambas as obras refletem sobre a Hierarquia social, com uma clara distinção entre classes
sociais. Nos Lusíadas, os personagens de alta linhagem nobre são destacados e
enaltecidos, enquanto os personagens de origem mais humilde têm menos destaque na
narrativa. Essa representação social segue a estrutura social da época.
E na farsa os personagens representam diferentes classes sociais. A peça critica as
tentativas de ascensão social da personagem principal e mostra como as classes sociais
eram distintas e geralmente intransponíveis.

Papel das Mulheres: A representação das mulheres em "Os Lusíadas" é


predominantemente idealizada e romântica. Elas são retratadas como figuras nobres,
virtuosas e, muitas vezes, como musas inspiradoras dos heróis. No entanto, sua
participação ativa na história é limitada, refletindo a posição social subordinada das
mulheres na sociedade quinhentista.
E a farsa também aborda a questão do papel da mulher na sociedade quinhentista. Inês
Pereira é apresentada como uma mulher ambiciosa que busca se casar com um homem de
estatuto para melhorar sua condição social. Isso reflete as expectativas tradicionais de
gênero da época, que limitavam o papel das mulheres à esfera doméstica e enfatizavam a
virtude e a submissão.

Corrupção e ambição: Os Lusíadas e a farsa criticam a corrupção e a ambição presentes na


sociedade quinhentista. Os judeus da Farsa e Baco dos Lusíadas são um exemplo de
pessoas corruptas e interesseiras, dispostas a fazer qualquer coisa para conseguir o que
quer. As obras denunciam a ganância e a falta de princípios morais de certos segmentos da
sociedade, sugerindo que essas características eram comuns na época.

Em conclusão estas duas obras estabelecem uma aproximação principalmente nos seus
objetivos e na sociedade que criticam mas depois cada escritor tem a sua forma de os
retratar.

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