A análise financeira entende-se como a avaliação ou estudo da viabilidade, estabilidade e lucratividade de um negócio ou projecto. Engloba um conjunto de instrumentos e métodos que permitem realizar diagnósticos sobre a situação financeira de uma organização, assim como prognósticos sobre o seu desempenho no futuro. A análise financeira é assim capacidade de avaliar a rentabilidade empresarial em função das condições actuais e futuras verificar se os capitais investidos são remunerados e reembolsados de modo a que as receitas superem as despesas de investimento e de funcionamento.
A evolução da Análise Financeira
A evolução financeira foi marcada pelo aumento dos riscos financeiros a que as empresas estavam expostas, pela crescente importância das emissões de títulos no financiamento das empresas e pela consequente relevância quer da gestão de tesouraria, quer das variáveis financeiras. A implicação desta revolução foi o aumento do número de entidades que emitem pareceres sobre a situação financeira das empresas, não estando já este papel reservado apenas aos bancos. Esta evolução foi acompanhada de alterações na gestão das empresas, no sentido de questionar os tradicionais instrumentos de análise financeira, não para os inviabilizar mas antes para os enriquecer. Á medida que a Análise Financeira evolui, torna-se assim cada vez mais claro que não se trata de uma ciência exacta e que não há uma forma única de analisar a saúde financeira de uma empresa. O Papel da Análise Financeira Centra-se em questões fundamentais para a sobrevivência e desenvolvimento da empresa, tais como: Equilíbrio financeiro; Rendibilidade dos capitais; Crescimento; Risco. Conceito DE função financeira A função financeira é o processo de obtenção de recursos financeiros que possibilitem à empresa atingir e manter o seu nível de actividade desejada. Essa obtenção de recursos financeiros deve ser ponderada com base em indicadores relativos à empresa mas que vão muito para além dela, abrangendo toda a sua envolvente desde o mercado em que actua até à conjuntura económica em que ela tem de actuar. objectivos da Função financeira Estabilidade: No sentido da não afectação do ciclo produtivo, (os inputs necessários) por falta de pagamento e ser assegurada a capacidade de desenvolvimento da empresa concretizada no seu esforço de investimento, sem que o risco de insolvência seja demasiado elevado. Rendibilidade:
No sentido de minimizar os custos assumidos perante terceiros a fim de obter os
meios financeiros necessários ao seu financiamento, o que implica obter nas melhores condições de prazo e taxa para esses mesmos fundos, e maximização dos proveitos a receber de terceiros resultantes da aplicação nas melhores condições de prazo e taxa de meios financeiros que liberta. O Papel do gestor financeiro Curto prazo: A função do gestor financeiro traduz-se na gestão de tesouraria da empresa. Esta, consiste no processo de regulação dos pagamentos e recebimentos da empresa de forma que esta possa fazer face às responsabilidades que assumiu, e obter os meios financeiros adicionais, ao menor custo possível, ou de aplicar os excedentes criados de forma a obter a melhor remuneração possível. Médio e longo prazo: A médio e longo prazo, o gestor financeiro é responsável por definir e implementar a estratégia de financiamento da empresa com vista a precaver a sua estabilidade e ao mesmo tempo maximizar os resultados líquidos da empresa. Conceito de risco e incerteza Risco e incerteza são diferentes, já que enquanto o risco pode ser medido, a incerteza é algo imensurável. Assim, a principal diferença entre risco e incerteza está associada à possível quantificação ou não das probabilidades de ocorrência de determinado resultado, ou seja, a possível quantificação da incerteza no que respeita a perdas ou ganhos. Riscos Financeiros - correspondem a eventos futuros incertos, que poderão influenciar a conquista dos objetivos estratégicos e operacionais da organização. Deste modo, para avaliarmos o nível de risco associado a determinado acontecimento precisamos de determinar: ⎯ o grau de indesejabilidade relacionado com o acontecimento; ⎯ a probabilidade de ocorrência desse acontecimento. Risco de Mercado – decorrente da volatilidade (variação) entre a procura influenciado pela variação de efeitos de ordem macroeconómica sobre o mercado como por exemplo, a taxa de inflação, a taxa de juro e a taxa de crescimento do PIB. Risco de Liquidez - O risco de liquidez é um risco financeiro relacionado à dificuldade de transformar um ativo em dinheiro no curto prazo, sem prejuízos. Falta de liquidez para fazer face aos compromissos assumidos. Risco de Operação - está ligado a erros humanos ou sistêmicos que podem resultar em prejuízos. Falhas técnicas, mecânicas, sistêmicas ou humanas representam um risco de operação que compromete toda a linha de produção. Risco de Crédito - O risco de crédito está associado à possibilidade de inadimplência. Ausência de pagamento (ou incumprimento do contrato) pela contraparte. Controle financeiro Controlar é acompanhar a execução de atividades da maneira mais rápida possível e comparar o desempenho efetivo com o planejado. Envolve a geração de informações para a tomada de decisões de avaliação e eventual correção do desempenho alcançado. • Controle financeiro consiste na avaliação de desempenho financeiro de uma organização. O controle financeiro envolve o processo de acompanhamento e comparação de desempenho da área financeira de uma organização. • O controle financeiro ajuda o profissional a verificar se está tendo lucro ou não, se está gastando muito ou não e se os objetivos definidos estão sendo alcançados, de acordo com o que foi planejado. Documentos Contabilísticos da Análise Financeira Balanços: Documento contabilístico que expressa a situação patrimonial de uma empresa num determinado momento (geralmente um trimestre, semestre ou ano). Este documento permite comparar o activo, com o passivo ou capital alheio. A diferença entre o que tem e o que deve é designado de Resultado Liquido (composto pelo Capital que foi usado para criar a empresa, pelo acumular de resultados positivos ou negativos ao longo dos anos de funcionamento da empresa, e por eventuais reavaliações de componentes do activo). Demonstração de Resultados: Evidencia a formação de resultados num certo período (entre dois balanços) e avalia a situação económica da empresa. Esta formação de resultados evidencia-se pela síntese dos custos e proveitos. Proveitos - Custos = Resultados Proveitos > Custos = Resultado Positivo (Lucro) Proveitos < Custos = Resultado Negativo (Prejuízo) Fluxo de Caixa Relata os movimentos de caixa durante o período, classificados por actividades operacionais, de investimento e de financiamento, de forma a proporcionar informação necessária para determinar o impacto dessas actividades na empresa. Balanco: situação financeira Demonstração de Resultados: desempenho Fluxo de caixa: alteração na posição financeira Conciliacao bancaria É o registro diário de toda a movimentação bancária e do controle de saldos existentes, ou seja, os depósitos e créditos na conta da empresa, bem como todos os pagamentos feitos por meios bancários e demais valores debitados em conta (tarifas bancárias, juros sobre saldo devedor, contas de energia, água e telefone, entre as principais). Planeamento financeiro O planeamento financeiro é a definição de objetivos, metas e estratégias financeiras de uma organização, incluindo custos, investimentos, fluxo de caixa, financiamentos e outras operações financeiras. Portanto, o planejamento financeiro deve levar em conta cenários hipotéticos e preparar soluções para possíveis problemas, de forma concreta e passível de realização. Auditoria Interna As auditoria interna avalia os controlos internos de uma agência, incluindo os seus processos de governação e contabilidade. Elas garantem a conformidade com as leis e regulamentos e ajudam a manter relatórios financeiros e coleta de dados precisos e oportunos. As auditorias internas também fornecem as ferramentas necessárias para alcançar a eficiência operacional, identificando problemas e corrigindo falhas antes que sejam descobertas numa auditoria externa. As auditoria interna fornece gerenciamento de riscos e proteção contra possíveis fraudes, desperdícios ou abusos. Os resultados fornecem sugestões de melhorias para os processos atuais que não funcionam como pretendido. Controle de Custos e despesas O controle de custos é uma etapa do processo de gerenciamento de custos. Gerenciamento de custos é um termo mais amplo, abrangendo métodos de estimativa para prever os recursos necessários e realizar estimativas de custos, orçamento, previsão de fluxo de caixa, financiamento do orçamento, controle de custos e realização de uma avaliação pós-projeto para futuras oportunidades de economia de custos. A função de contabilidade de custos em uma empresa contribui para o processo de gerenciamento de custos. O controle de custos é um processo de gestão que visa monitorar e controlar os gastos fixos e variáveis de uma instituição. Esse método pode ser usado por empreendimentos de todos os tamanhos e setores para promover a saúde financeira do negócio. Tipos de índices a) Índice de Liquidez Corrente (ILC)
A liquidez corrente, demonstra a capacidade de geração de recursos para o pagamento das
dívidas da empresa no curto prazo (até o final do próximo período corrente), ou seja, para cada R$ 1,00 de dívida, quanto a empresa possui disponível para quitá-la. Assim, uma LC inferior a R$ 1,00 indica possíveis problemas nos pagamentos a serem efetuados no próximo exercício social. b) Liquidez Imediata A liquidez imediata, indica a capacidade de pagamento de todas as obrigações de curto prazo com os recursos que estão imediatamente disponíveis, formados essencialmente por caixa, bancos e investimentos de curtíssimo prazo. c) Liquidez Seca A liquidez seca, segundo Matarazzo (2010), mede a geração de caixa no prazo inferior a 90 dias, ou seja, no curtíssimo prazo. Nesse caso, para efeitos de recebimento de recursos, somente são considerados aqueles com rápido recebimento, ou seja, o “Disponível” que são recursos em caixa, bancos e títulos negociáveis imediatamente, “Títulos a Receber” normalmente associados a clientes, que, mesmo que tenham vencimento superior a 90 dias, podem ser negociados por meio de desconto bancário e quaisquer outros ativos que possuam rápida conversibilidade para dinheiro. d) Liquidez Geral A liquidez geral, segundo Matarazzo (2010), demonstra a capacidade de pagamento das dívidas da empresa no curto e longo prazo, ou seja, para cada R$1,00 devido, quanto a empresa terá disponível. Assim, uma liquidez geral maior que R$1,00 indica relativa folga financeira quanto ao cumprimento das obrigações de longo prazo; inferior a R$1,00 indica possíveis problemas no pagamento das dívidas. Meios de financiamento Capital Próprio: Conjunto de recursos financeiros que os sócios ou accionistas colocam à disposição da empresa para que esta os utilize livremente a fim de financiar as suas actividades. Os capitais próprios da empresa são apenas exigíveis pelos sócios em circunstâncias especiais e de acordo com a imposição legal de que apenas poderão ser entregues quando isso não afectar a estabilidade da empresa. Capital Alheio: São recursos financeiros postos à disposição da empresa por terceiros, sócios ou credores em geral, e que a empresa tem a obrigação de a devolver, com ou sem prazo certo. Alavancagem Operacional e Financeira Quando estamos elaborando o processo de análise das demonstrações contábeis de uma empresa, alguns autores citam a importância de avaliar as alavancagens que foram feitas, tanto operacional quanto financeira. Segundo Assaf Neto (2012), o estudo da alavancagem operacional e financeira é um dos aspectos mais importantes do processo de avaliação de uma empresa, pois uma expectativa presente nas decisões financeiras tomadas é que elas contribuam para elevar o resultado operacional e líquido (financeiro) da empresa. A aplicação da alavancagem operacional e financeira na avaliação de uma empresa permite que se conheça sua viabilidade econômica, identificando-se claramente as causas que determinaram eventuais variações nos resultados. É possível, ainda, pelo estudo, principalmente da alavancagem operacional, analisar-se a natureza cíclica de um negócio e a variabilidade de seus resultados operacionais; A alavancagem financeira, em contrapartida, permite que se avalie, entre outras informações relevantes, como o endividamento da empresa está influindo sobre a rentabilidade de seus proprietários. Por meio de seu estudo, é possível segregar o lucro operacional da empresa, ou seja, o resultado gerado por seus ativos e determinado exclusivamente pelas decisões de investimento, do lucro líquido influenciado também pelas decisões de financiamento.