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Maria Alice Rocha de Mello Gonzaga, André Fernando de Oliveira Fermoseli, Jaim Simões de
Oliveira, José Afonso Freitas Melro Neto
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DOI: 10.54751/revistafoco.v16n7-132
Recebido em: 26 de Junho de 2023
Aceito em: 28 de Julho de 2023
RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio de causa desconhecida que
compromete o neurodesenvolvimento do indivíduo, causando prejuízos em sua
socialização, comunicação e comportamentos estereotipados e repetitivos. No intuito de
proporcionar uma melhor qualidade de vida, modificar e reduzir os sintomas
característicos do TEA, utilizam-se ferramentas e técnicas baseadas na Análise do
Comportamento Aplicada (ABA), ciência comportamental. Na psiquiatria, utilizam-se
fármacos como o antipsicótico atípico risperidona para intervir em sintomas associados
ao TEA, principalmente para o controle da raiva, humor, agressividade e autoagressão.
Esse artigo trata-se de uma revisão sistemática que objetiva analisar os efeitos positivos
1
Graduando em Medicina. Centro Universitário Tiradentes (UNIT - AL). Av. Comendador Gustavo Paiva, 5017, Cruz das
Almas, Maceió – AL, Brasil, CEP: 57038-000. E-mail: pedroafonsomelron@gmail.com
2
Graduando em Medicina. Centro Universitário Tiradentes (UNIT - AL). Av. Comendador Gustavo Paiva, 5017, Cruz das
Almas, Maceió - AL, Brasil, CEP: 57038-000. E-mail: joao.paulo04@souunit.com.br
3
Graduanda em Medicina. Centro Universitário Tiradentes (UNIT - AL). Av. Comendador Gustavo Paiva, 5017, Cruz das
Almas, Maceió – AL, Brasil, CEP: 57038-000. E-mail: maria.rocha03@souunit.com.br
4
Doutor em Psicobiologia pela Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP - RP). Centro Universitário Tiradentes
(UNIT - AL). Av. Comendador Gustavo Paiva, 5017, Cruz das Almas, Maceió – AL, Brasil, CEP: 57038-000.
E-mail: andre.fermoseli@unit.afya.com.br
5
Doutor em Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Centro Universitário
Tiradentes (UNIT - AL). Av. Comendador Gustavo Paiva, 5017, Cruz das Almas, Maceió – AL, Brasil, CEP: 57038-000.
E-mail: jaim.oliveira@unit.afya.com.br
6
Graduado em Medicina pelo Centro Universitário Tiradentes (UNIT - AL). Av. Comendador Gustavo Paiva, 5017, Cruz
das Almas, Maceió – AL, Brasil, CEP: 57038-000. E-mail: afonsomneto1@gmail.com
ABSTRACT
The Autism Spectrum Disorder (ASD) is a disorder of unknown cause that compromises
the individual’s neurodevelopment, causing impairments in their socialization,
communication and stereotyped and repetitive behaviors. In order to provide a better
quality of life, modify and reduce the characteristic symptoms of ASD, tools and
techniques based on Applied Behavior Analysis (ABA), are used. In psychiatry, drugs
such as atypical antipsychotic risperidone are used to intervene in symptoms associated
with ASD, mainly to control anger, mood, aggressiveness and self-harm. This article is
a systematic review that aims to analyze the positive and negative effects of selected
interventions to treat ASD symptoms in children aged 0 to 18 years. The searches were
made until October 2022, in two databases: PubMed and BVS, using the descriptors:
"Autism Spectrum Disorder", "Applied Behavior Analysis" and "Risperidone". For this
reason, studies that used different experimental designs capable of demonstrating
results that would allow the extraction of the positive and negative characteristics of each
intervention, facilitating the most appropriate choice for the individual's reality, were
inserted. The results showed that both interventions have positive and negative effects
when it comes to the control of aggressiveness and irritability in children with ASD.
Therefore, more robust studies are needed to compare which of the two interventions
has more efficacy, acceptability, and tolerability to control aggressiveness and irritability
in children with ASD.
RESUMEN
El Trastorno del Espectro Autista (TEA) es un trastorno de causa desconocida que
compromete el neurodesarrollo del individuo, provocando alteraciones en su
socialización, comunicación y conductas estereotipadas y repetitivas. Para proporcionar
una mejor calidad de vida, modificar y reducir los síntomas característicos del TEA, se
utilizan herramientas y técnicas basadas en el Análisis Aplicado de la Conducta (AAC).
En psiquiatría, fármacos como el antipsicótico atípico risperidona se utilizan para
intervenir en los síntomas asociados al TEA, principalmente para controlar la ira, el
estado de ánimo, la agresividad y las autolesiones. Este artículo es una revisión
sistemática que pretende analizar los efectos positivos y negativos de las intervenciones
seleccionadas para tratar los síntomas del TEA en niños de 0 a 18 años. Las búsquedas
se realizaron hasta octubre de 2022, en dos bases de datos: PubMed y BVS, utilizando
los descriptores: "Trastorno del Espectro Autista", " Análisis Aplicado de la Conducta " y
"Risperidona". Para ello, se insertaron estudios que utilizasen diferentes diseños
1. Introdução
Estima-se que cerca de 1% das crianças mundialmente são
diagnosticadas com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), o qual afeta o
neurodesenvolvimento, tendo como principais características: prejuízo na
socialização e comunicação, bem como comportamento e interesses restritos e
estereotipados. Podendo, ainda, apresentar sintomas adicionais, tais como:
déficits cognitivos, hiperatividade, agressividade e ansiedade. Nesse sentido, é
possível relacionar que a presença da hipersensibilidade sensorial dificulta que
as crianças acometidas por TEA em expressar-se e interagir-se socialmente, o
que desencadeia sintomatologias comportamentais, tornando a causa desse
transtorno desconhecida (DOS SANTOS et al., 2017; VOLKMAR; WIESNER,
2018; ZEIDAN et al., 2022).
Dentro das possibilidades de intervenção para o TEA, uma delas é a
medicamentosa. Caso do uso do antipsicótico atípico, risperidona, pertencente
a classe dos antagonistas monoaminérgicos seletivos, permitindo o aumento dos
compostos químicos dopamina e serotonina, utilizada em crianças, adolescentes
e adultos, com o propósito de corrigir condutas, comportamentos agressivos,
autoagressão, controle da raiva, além de alterações de humor (CORDIOLI;
GALLOIS; ISOLAN, 2015).
Outra forma de intervir no TEA é a Análise do Comportamento Aplicada
(ABA), ciência comportamental que costuma ser exitosa na intervenção e na
educação de pessoas acometidas por TEA. Mediante as pesquisas
investigativas, ela analisa as condições ambientais geradoras de
comportamentos controversos em um indivíduo que, por meio de técnicas de
2. Metodologia
Este trabalho trata-se de uma revisão sistemática descritiva de
abordagem quantitativa que visa responder a seguinte pergunta de pesquisa:
“quais as vantagens e as desvantagens da Análise do Comportamento Aplicada
(ABA) em comparação com o uso do medicamento risperidona para tratar o
controle da agressividade/irritabilidade em crianças portadoras do Transtorno do
Espectro Autista (TEA)?”.
As buscas foram realizadas até outubro de 2022, em dois bancos de
dados: PubMed e BVS. Sendo utilizados como descritores “Autism Spectrum
Disorder”, “Applied Behavior Analysis” e “Risperidone”; os quais foram
combinados com o operador booleano “AND”, sem adição de filtros de tempo,
para formar as estratégias de busca mostradas no Quadro 1.
São fatores de inclusão os artigos que falam sobre intervenções com ABA
ou com Risperidona em crianças acometidas por TEA, com foco em
comportamentos marcados por agressividade e irritabilidade e, ademais,
Figura 1. Fluxograma do processo de busca e seleção dos artigos, com critérios de exclusão
especificados.
Registros identificados no
PubMed e BVS: • Livros, documentos,
• PubMEd (n = 903); comentários, cartas ao editor,
• BVS (n = 627). revisões narrativas e demais
artigos de opinião (n = 695)
3. Resultados
Para a escrita desta revisão sistemática, foram selecionados 10 artigos
dos 1.530 encontrados, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão
4. Desenvolvimento
De acordo com os resultados dos artigos selecionados, percebe-se que a
ABA e o tratamento medicamentoso com risperidona são eficazes para o
tratamento de sintomas do TEA em crianças, sobretudo no que diz respeito à
diminuição da agressividade e da irritabilidade. Dessa maneira, avaliou-se que
ambas as intervenções possuem efeitos positivos e negativos.
Segundo a revisão sistemática realizada por Brosnan, Healy (2011),
utilizando intervenções ABA, a agressividade é um comportamento
constantemente observado em crianças portadoras de TEA e de outras
deficiências intelectuais, geralmente causadas por fatores fisiológicos, sociais ou
ambientais, sendo imprescindível a utilização de estratégias de reforço e
redução de comportamento característicos do TEA. Além disso, tais estratégias
demonstraram eficácia na redução total ou quase total de comportamentos
agressivos em 7 (38,89%) de um total de 18 estudos analisados, de modo a
encorajar crianças a obterem poder e controle social. Corroborando com os
resultados obtidos nesse estudo, o estudo clínico randomizado duplo-cego
realizado por Karahmadi et al. (2018) mostrou que comportamentos
estereotipados, baixa interação social e de comunicação caracterizam o TEA, o
qual possui como causas agentes genéticos e ambientais. Outrossim, o uso do
medicamento memantina em conjunto da intervenção ABA reduziu os
5. Conclusão
Nesta revisão sistemática, a investigação dos artigos revelou que existem
efeitos positivos e negativos quanto as intervenções com ABA e risperidona,
sobretudo no que diz respeito ao controle da agressividade e da irritabilidade em
crianças portadoras de TEA. Sendo destacados os principais pontos positivos
para o tratamento com ABA, tais como: melhora das habilidades adaptativas e
sociais, comunicação verbal e não verbal, redução dos comportamentos
agressivos, hiperatividade, aumento da cognição, comportamentos disruptivos e
controle emocional, permitindo uma melhor qualidade de vida para os indivíduos
portadores de TEA. Como efeitos negativos do ABA, podemos relatar: resultado
não imediato (médio – longo prazo), alto custo da intervenção, uma vez que,
trata-se de um trabalho contínuo, muitas vezes, com uma equipe multidisciplinar
e deve ser adaptado para cada criança, tornando-o bastante heterogêneo.
Ademais, destaca-se os efeitos positivos do tratamento medicamentoso
com risperidona: melhora da agressividade, irritabilidade, comportamentos não
adaptativos, hiperatividade, baixo custo quando comparado com o ABA e
resultado em curto prazo. Quanto aos efeitos negativos, podemos observar:
presença de efeitos extrapiramidais, aumento nos níveis de prolactina e de
insulina, enurese, apetite excessivo, ganho de peso, sonolência, fadiga,
ansiedade, sialorreia, sedação, resistência à insulina e dose dependência da
medicação.
Portanto, podemos concluir que as intervenções disponíveis para o TEA
estão relacionadas com o controle da agressividade e da irritabilidade em
crianças, porém, não existem estudos que comparem qual a intervenção mais
eficaz, no caso em estudo, ABA e risperidona. Sendo necessários estudos mais
robustos comparando quais das duas intervenções têm mais eficácia,
aceitabilidade e tolerabilidade. Além disso, faz-se necessária a realização de um
estudo que compare a eficácia de um tratamento conjunto de ABA com o uso de
risperidona, bem como comparar qual a intervenção medicamentosa em
conjunto com o ABA é mais eficaz para o TEA, de modo a tentar sanar as dúvidas
acerca da temática.
REFERÊNCIAS
BROSNAN, J.; HEALY, O.; Uma revisão das intervenções comportamentais para
o tratamento da agressividade em indivíduos com deficiências de
desenvolvimento. Research in Developmental Disabilities, v. 32, n. 2, p. 437-
446, 2011. Disponível em: < https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21239140>.
Acesso em: 16 nov. 2022.
ANEXO
obtiveram sucesso,
compartilham recursos,
se destiladas as
principais variáveis,
pode ser possível
determinar tratamentos
mais robustos e efetivos.
MANEE Revisão Determinar a eficácia, A escala de irritabilidade A risperidona é eficaz no
TON et Sistemática. aceitabilidade e e a taxa de resposta tratamento de sintomas
al., tolerabilidade da para o grupo tratado com em crianças e
2018. risperidona no risperidona tiveram uma adolescentes com TEA.
tratamento de crianças significância maior do No entanto, a
e adolescentes com que a do grupo tratado aceitabilidade e
TEA. com placebo. No tolerabilidade da
tratamento de longo risperidona não foi
prazo, a pontuação melhor do que a do
média agrupada da placebo e, embora que a
CARS no grupo tratado risperidona em crianças
com risperidona foi e adolescentes com TEA
significativamente maior seja bem tolerada, sua
do que no grupo tratado aceitabilidade é
com placebo. Na comparável ao placebo,
descontinuação, a taxa ou seja, o uso de
global de recaída risperidona deve ser
agrupada do grupo cuidadosamente
tratado com risperidona considerado. Portanto,
foi menor do que a do mais estudos de
grupo tratado com tamanho de amostra
placebo. Logo, a taxa de bem definidos e grandes
resposta global devem ser realizados
agrupada do grupo para validar esses
tratado com risperidona achados.
teve uma significância
maior do que a do grupo
tratado com placebo.
DU et Ensaio Identificar os efeitos O grupo que utilizou o A intervenção de
al., Clínico terapêuticos da tratamento combinado bumetanida em conjunto
2015. Randomizad combinação da demonstrou melhor com ABA pode resultar
o. intervenção com resultado na escala ABC em um melhor resultado
bumetanida e análise e CGI e nenhum para crianças portadoras
do comportamento resultado significativo na de autismo do que
aplicada em crianças pontuação CARS. apenas o uso do ABA.
portadoras de TEA.
MOHAM Ensaio Comparar dois tipos de As crianças Essa diferença
MADZA Clínico intervenção: Pivotal apresentaram melhoras significativa dos
HERI et Randomizad Response Treatment significativa nos resultados, serve para
al., o. (PRT) com uma comportamentos criar sessões de terapia
2015. estruturação ABA em disruptivos durante a que são
comportamentos condição PRT. qualitativamente
disruptivos durante diferentes e que talvez
intervenções possam fornecer mais
linguísticas em escola tempo livre para se
pública. engajar e aprender do
que está
constantemente focando
em comportamentos
agressivos.