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DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2025

Novidade que impressiona!

Acaba de chegar aos centros comerciais de

Metrópole um modelo de impressora 3D

capaz de imprimir praticamente tudo o que o

operador desejar: livros, produtos plásticos

personalizados e até computadores!

Milhares de consumidores dirigiram-se às

lojas em busca da novidade! Pelo visto, o

Papai Noel deixará muitas impressoras 3D

nas árvores de Natal das famílias

metropolitanas!
DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2026

Papai Noel de férias?

O Natal está chegando, mas nem parece. Não

há registro de movimentações nos poucos

centros comerciais da capital. Há muitas

lojas fechadas. Nossa equipe de reportagem

conversou com Caio, um dos raros

consumidores que ainda mantêm o hábito de

passear em centros comerciais. Para ele, o

esvaziamento dos centros comerciais deveu-

se sobretudo à popularização da impressora

3D. “Para que as pessoas pagarão mais por

produtos que elas podem imprimir em

casa?”, questiona.
DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2027

Que tal um coração novo?

Alguém já quebrou o seu coração em

pedaços? Se isso aconteceu, agora

podemos ficar tranquilos. Os cientistas da

Universidade Metropolitana obtiveram

êxito na impressão de um coração

humano. Para Rebért Rixer, pesquisador-

chefe do Centro de Bioimpressão de

Metrópole, a bioimpressão talvez seja uma

das maiores invenções da humanidade.

"Não precisaremos mais de doadores de órgãos. Agora, podemos imprimi-los!"

Cícero foi o primeiro cidadão de Metrópole a receber o implante de órgão. Muito

emocionado, ele apenas disse "muito obrigado, ciência!".

Mas nem todos concordam com a bioimpressão. A Conferência Nacional dos

Bispos de Métropole (CNBM) argumenta que a humanidade não pode brincar de

ser Deus. O Conselho de Bioética de Metrópole (CBOM) considera indispensável

algum tipo de regulação sobre a matéria. Segundo o Presidente do CBOM, o

implante de órgãos artificiais somente deve ser utilizado em último caso.


DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2028

Enquanto uns choram,

outros vendem lenços

Em 2028, o PIB metropolitano registrou

queda de 6,1% no acumulado anual, divulgou

o IMGE (Instituto Metropolitano de Geografia

e Estatística). Além do mais, o desemprego

nunca esteve tão alto, registrando índices

próximos a 23%. Multiplicaram-se as placas

de “aluga-se” na Avenida Metrópole, coração

comercial do país. O número de pedidos de

recuperação judicial também explodiu.

De outro lado, o mercado de galpões para guarda de móveis e objetos pessoais

nunca esteve tão aquecido. Enrico, dono da franquia “Akiguardamos” atribui o

aumento da demanda ao fato de que as pessoas não têm mais espaço para

guardar as coisas que imprime em casa.

Os Secretários da Economia e da Cidadania reconheceram as dificuldades e

informaram que o Governo está estudando alternativas para conter o que

parece ser a maior crise econômica de Metrópole. Estuda-se a instituição de um

imposto sobre a guarda de objetos e até mesmo a proibição de comercialização

de impressoras 3D.
DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2029

O meio ambiente pede socorro!

A Secretaria de Meio Ambiente de Metrópole

emitiu alerta sobre o novo estilo de vida da

humanidade: "imprima você mesmo" (IVM). O

consumo imoderado da principal matéria-

prima para a impressão 3D (plástico) vem

causando sérios problemas ao meio

ambiente. Segundo o Secretário da pasta, o

plástico vem de resinas derivadas do

petróleo e não é um material biodegradável.

"Um plástico tradicional leva até 200 anos

para se decompor", disse o Secretário.

De acordo com o Movimento Vida Verde, "precisamos urgentemente conscientizar

as pessoas sobre o uso do IVM. Os excessos agridem nosso habitat. Que mundo

deixaremos para os nossos filhos? Até podemos imprimir troncos de árvore e

folhas, mas vamos comer frutas impressas e respirar oxigênio artificial"?,

comentou a pesquisadora-chefe do Movimento Vida Verde.


DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2030

A década em que o shopping deixou de ser uma

farmácia, e a farmácia passou a ser um shopping.

O Natal está chegando, e as agendas dos

profissionais da mente, sobretudo

psiquiatras, e as farmácias nunca estiveram

tão lotadas. Milhares de pessoas buscam

desesperadamente comprar ansiolíticos que

amenizem os efeitos do que o mundo passou

a chamar de “mal da gaiola” (Cage

Sickness). Segundo o Dr. Richard, psiquiatra

responsável pelo setor de pesquisa da Escola

Metropolitana de Saúde, o isolamento tornou

a humanidade menos humana, e as pessoas

desaprenderam a agir como pessoas. Para

ele, só existe um caminho para solucionar

uma das maiores crises de saúde pública da

humanidade: as pessoas precisam sair de

casa e retomar o contato com os outros. “O

melhor remédio não está na farmácia, está

na convivência”, disse o pesquisador.


DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2031

Gaiolas que sangram

Segundo a Presidente da Comissão de

Defesa dos Direitos da Mulher e da

Família da Ordem dos Advogados de

Metrópole, estima-se que o isolamento

espontâneo vivenciado pela população

levou ao aumento dos casos de violência

doméstica contra mulheres e crianças.

A advogada considera que os canais de

fiscalização do Estado não são

suficientes. "Sem a denúncia, não há o

que fazer", lamenta a especialista.

A Secretária de Defesa da Família de

Metrópole também reconheceu a

gravidade do problema e disse que estuda

medidas para conter a violência.


DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2032

Um juiz robô chamado Printy

Nunca na história do Instituto Nacional da

Propriedade Industrial (INPI), registraram-se tantas

denúncias contra violações à propriedade

intelectual. O número de ações judiciais,

questionando supostas violações também explodiu.

Para July, Presidente da Comissão Propriedade

Intelectual na Ordem dos Advogados de Metrópole,

esse aumento deveu-se, basicamente, ao fato de que

hoje as pessoas deixaram de comprar coisas e

passaram a comprar projetos, e os projetos são bens

de fácil replicação.

Para conter a judicialização, o Conselho da Justiça Metropolitana (CJM) aprovou a

criação emergencial de duas varas especializadas totalmente automatizadas. Os

processos serão julgados por um juiz robô chamado Printy, programado para

conhecer os precedentes de todos os Tribunais de Metrópole. Dependendo dos

resultado, o CJM avaliará a utilização do Printer em outras matérias.

Para a especialista, apesar de a utilização de um juiz robô acelerar a tramitação dos

processos, corre-se o risco de comprometer a qualidade da decisão. “Como um robô

julgará casos diferentes?”, questiona.


DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 19 de dezembro de 2033

A fonte esgotou! O impostômetro

entrou em greve! E agora, Juvenal?

Oito anos após a popularização da

impressora 3D, estima-se que a arrecadação

dos tributos caiu aproximadamente 57%,

colocando em risco a manutenção de

serviços públicos essenciais. Segundo o

Secretário da Economia de Metrópole, não há

verbas para a seguridade social, para a

educação e nem para o combustível das

viaturas policiais. “Sem dinheiro, como

vamos manter as escolas, pagar os

benefícios previdenciários e garantir a

segurança da população?”, questiona o

secretário.
DIÁRIO DE METRÓPOLE

Metrópole, 1 º de janeiro de 2034

É um pássaro? É um avião? Não!

São os Autopoiéticos, os Arriscados,

os Disruptivos e os Precavidos!

Em meio à maior crise da história de

Métropole, o Governo resolveu criar o Comitê

Metropolitano Contra a Crise (CMCC), que

contará a orientação de quatro grupos de

especialistas chamados "Autopoiéticos",

"Arriscados", "Disruptivos" e "Precavidos"

Agora, O CMCC precisa urgentemente pensar

em soluções para os mais variados

problemas sociais. A população de

Metrópole conta com vocês!

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