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BIOLOGIA CELULAR

UNIDADE 5

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Estruturas do
núcleo de células
eucariontes
(carioteca, cromatina/
cromossomos,
nucléolo) ;

> Processos de
replicação,
transcrição e
tradução;

> Mutações gênicas.

SUMÁRIO 83
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5 NÚCLEO E CICLO CELULAR

5.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE

Nela nós conheceremos um pouco do núcleo de células eucariontes. Como ele regu-
la o ciclo celular e é responsável pelas características genéticas.

5.2 NÚCLEO CELULAR

É a porção da célula que controla o funcio-


namento celular e determina os mecanis-
mos de hereditariedade. No final do século
passado, os experimentos de merotomia
realizados por Balbiani evidenciaram a fun-
ção do núcleo de controlar toda a ativida-
de celular. Balbiani separava o núcleo de
amebas do restante da célula, e observava
que o fragmento anucleado morria, alguns
dias depois. O transplante do núcleo para o
fragmento anucleado permitia sua sobrevi-
vência e reprodução, evidenciando, assim,
a importância do núcleo para o funciona-
mento e a reprodução celular.

O comando do funcionamento celular desempenhado pelo núcleo se deve à presen-


ça de DNA em seu interior.

Partes do Núcleo

Os principais componentes estruturais do núcleo de eucariontes são: CARIOTECA,


SUCO NUCLEAR, NUCLÉOLO e CROMATINA.

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CARIOTECA

Também denominada membrana nuclear ou cariomembrana, é uma dupla mem-


brana lipoproteica derivada do retículo endoplasmático rugoso e invisível ao micros-
cópio óptico comum. Ao microscópio eletrônico podemos observar a existência de
duas lâminas com inúmeros poros por onde ocorrem trocas diversas de substâncias
entre o núcleo e o citoplasma.

A carioteca apresenta as mesmas propriedades da membrana citoplasmática, exceto


a capacidade de regeneração.

SUCO NUCLEAR

Também denominado cariolinfa, carioplasma, nucleolinfa e nucleoplasma, é um co-


loide que preenche o núcleo. É constituído principalmente de água e proteínas e
nele estão mergulhadas as estruturas nucleares.

NUCLÉOLO

É uma estrutura nuclear que se encontra mergulhada na cariolinfa, sendo observado


em número de um ou mais. Convém ressaltar que as três estruturas nucleares citadas
- carioteca, suco nuclear e nucléolo - só estão presentes em células eucariotas.

É formado de RNA ribossômico (RNAr) e proteínas, sem membrana lipoproteica en-


volvente.

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Desaparece no início da divisão celular e é novamente formado em regiões especiais


de alguns cromossomos denominadas SATÉLITES ou ZONAS SAT ou ZONAS REOR-
GANIZADOR AS DO NUCLEÓLO.

Em células que sintetizam grande quantidade de proteína, os nucléolos são mais


numerosos e volumosos, já que eles formam os ribossomos.

CROMATINA

É um material formado por filamentos de-


sespiralizados de DNA e proteínas (Desoxir-
ribonucleoproteínas).

A cromatina está presente no núcleo de cé-


lulas que não estão em processo de divisão.
Isso ocorre porque quando a célula entra
no processo de divisão (mitose ou meio-
se) os filamentos que formam a cromatina
passam por um processo de espiralização,
formando os cromossomos. A análise da cromatina permite a identificação de áreas
menos condensadas (EUCROMATINA) e mais condensadas (HETEROCROMATINA).

Os cromossomos são estruturas resultantes da espiralização da cromatina durante


a divisão celular. As regiões de eucromatina espiralizam-se bem mais em relação à
heterocromatina.

Estrutura de um Cromossomo

Ao longo de sua estrutura, um cromossomo apre-


senta uma ou mais constrições. A constrição pri-
mária ou centrômero está presente em todos os
cromossomos, representando um estrangula-
mento que permite a identificação de braços. A
constrição secundária está presente em alguns
cromossomos e é importante por delimitar uma
região globosa e terminal de um ou mais braços
do cromossomo, denominada satélite ou zona
sat ou zona reorganizadora do nucléolo.

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Estrutura de um Cromossomo

Quanto à posição ocupada pelo centrômero, encontramos quatro tipos de cromos-


somos:

Cromossomo Telocêntrico - O centrômero é terminal e o cromossomo apresenta


apenas um braço. É o único tipo que não ocorre na espécie humana.

Cromossomo Acrocêntrico - O centrômero é subterminal e o cromossomo apresenta


um braço bem maior que o outro.

Cromossomo Submetacêntrico - O centrômero é quase mediano e o cromossomo


apresenta dois braços desiguais de dimensões próximas.

Cromossomo Metacêntrico - O centrômero é mediano e o cromossomo apresenta os


dois braços do mesmo tamanho

Quanto ao número de braços, encontramos dois tipos de cromossomos: Cromosso-


mo simples - Apresenta dois braços. Cromossomo duplo - Apresenta quatro braços.

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5.3 CICLO CELULAR

A fase do ciclo de vida de uma célula que precede a sua divisão é denominada in-
térfase. Nessa fase, ocorre a duplicação do material genético, com os cromossomos
passando de simples a duplos.

Denomina-se cromonema os filamentos de cromatina que formam o cromossomo,


enquanto cromátide representa cada metade de um cromossomo duplo. Se ocorrer
a divisão do centrômero de um cromossomo duplo, haverá a formação de dois cro-
mossomos simples.

O número de cromossomos é constante entre indivíduos de mesma espécie, mas


varia de espécie para espécie. As células somáticas da espécie humana (células que
formam o corpo) apresentam 46 cromossomos, enquanto as células reprodutoras
(gametas) apresentam 23 cromossomos.

Nas células somáticas, os cromossomos normalmente ocorrem formando pares. Os


dois cromossomos que constituem cada par são denominados cromossomos ho-
mólogos, que são semelhantes na forma e no tamanho. As células que apresentam
pares de cromossomos homólogos são células diploides (2n).

Nos gametas, os cromossomos não ocorrem aos pares. Em cada gameta encontra-
mos apenas um cromossomo de cada par de homólogos. Assim, as células que não
apresentam cromossomos homólogos, possuindo apenas um cromossomo de cada
par, são células haploides (n) e possuem metade do número de cromossomos das
células diploides desse indivíduo.

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Cada gameta humano apresenta 23 cromossomos, e o zigoto (célula ovo) formado


a partir da fecundação apresentará 46 cromossomos, sendo pois uma célula 2n. O
zigoto originará o embrião, que apresentará 46 cromossomos nas células somáticas.

5.4 AUTODUPLICAÇÃO DO DNA - REPLICAÇÃO

É o processo de formação de duas moléculas-filhas de DNA a partir de uma molécu-


la-mãe. As duas moléculas-filhas são idênticas entre si e à molécula-mãe. A autodu-
plicação do DNA pode ser dividida em duas etapas:

- Primeira Etapa - Rompimento das pontes de hidrogênio que unem as bases nitro-
genadas da molécula-mãe. Dessa forma, ocorre a separação das duas hélices que
compõem a molécula-mãe de DNA.

- Segunda Etapa - Nucleotídeos livres (que já se encontram no interior da célula) se


ligam aos nucleotídeos das hélices separadas de forma altamente específica, ou seja,
adenina só se liga à timina e guanina só se liga à citosina. Nessa etapa, ocorre a atua-
ção da enzima DNA polimerase ou DNA sintetase, que catalisa a formação das hélices
complementares. O resultado desse processo é a formação de duas novas moléculas
de DNA, idênticas entre si e à molécula-mãe, como podemos observar nas figuras:

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Observe que, em cada nova molécula de DNA formada, há um filamento antigo que
pertencia à molécula-mãe e um filamento novo formado através do processo de
complementação de bases. Diz-se que a molécula de DNA apresenta uma autodu-
plicação semiconservativa, já que cada molécula-filha conserva metade da molécu-
la-mãe.

5.5 FORMAÇÃO DO RNA - TRANSCRIÇÃO

Transcrição - Transcrição é o processo de formação do RNA a partir do DNA. A trans-


crição pode ser dividida em duas etapas:

• Primeira Etapa - Rompimento das pontes de hidrogênio que unem as bases nitro-
genadas da molécula-mãe de DNA. Dessa forma, ocorre a separação das duas hélices.

• Segunda Etapa - Apenas uma das hélices da molécula-mãe de DNA funciona como
molde para a síntese do RNA. Assim, a molécula de RNA a ser formada terá uma fita
simples, diferentemente da molécula de DNA, que possui fita dupla. A hélice do DNA
que serve de molde para a síntese do RNA denomina-se hélice ativa. Nessa etapa, o
pareamento de bases nitrogenadas ocorre da seguinte maneira:

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HÉLICE ATIVA DO DNA RNA FORMADO


Adenina (A) Uracila (U)
Guanina (G) Citosina (C)
Citosina (C) Guanina (G)
Timina (T) Adenina (A)

Para a formação da molécula de RNA é fundamental que ocorra a atuação da enzima


RNA polimerase ou RNA sintetase - que catalisa a polimerização dos nucleotídeos de
RNA que já se encontram livres no interior da célula. Após ser formada, a molécula de
RNA se destaca do seu molde de DNA e as duas hélices de DNA voltam a se parear,
reconstituindo a molécula-mãe original.

5.6 SÍNTESE PROTEICA - TRADUÇÃO

A síntese de proteínas no meio intracelular ocorre no interior dos ribossomos, onde as


ligações peptídicas são formadas unindo os aminoácidos.

Moléculas de DNA comandam todo o funcionamento da célula, incluindo a síntese


proteica. A sequência de bases nitrogenadas do DNA condiciona a sequência de ba-
ses nitrogenadas do RNA e esta condiciona a sequência de aminoácidos da proteína.

Três tipos de RNA estão relacionados com o processo de síntese proteica. São eles:

- RNA mensageiro - RNAm - seu papel na síntese é levar uma mensagem genética do
DNA que o formou ao citoplasma, para que a proteína possa ser sintetizada.

- RNA transportador - RNAt também denominado RNA solúvel, captura e transporta


aminoácidos até os ribossomos, para que a proteína possa ser sintetizada. Cada RNAt
é específico em relação ao aminoácido transportado.

- RNA ribossômico - RNAr - Apresenta função estrutural, já que faz parte da estrutura
dos ribossomos.

Os três tipos de RNA são formados no interior do núcleo por um processo denomi-
nado transcrição, já estudado no capítulo Bioquímica Celular. Uma vez formadas, as
moléculas de RNA migram para o citoplasma, onde exercem suas funções.

SUMÁRIO 91
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Cada aminoácido que constitui uma proteína é codificado por uma sequência de
três bases nitrogenadas do DNA, denominada CÓDIGO GENÉTICO. O código genéti-
co determina o tipo e a sequência dos aminoácidos formadores da proteína. Assim,
podemos concluir:

Para facilitar o estudo, o mecanismo de síntese proteica será dividido em etapas, que
são:

1ª etapa: O DNA forma o RNAm no interior do núcleo por TRANSCRIÇÃO. O RNAm


formado migra para o citoplasma, levando uma mensagem genética do DNA que o
formou, para a síntese da proteína.

2ª etapa: No citoplasma, o RNAm se associa a ribossomos, formando os polirribosso-


mos ou polissomos. Cada conjunto de três bases nitrogenadas (Triplet) do RNAm é de-
nominado códon e na formação do polissomo cada ribossomo abrange dois códons.

3ª etapa: Cada RNAt combina-se a um aminoácido e o transporta até um ribossomo.


À medida que se estabelecem as ligações peptídicas, a proteína vai sendo formada.

Em uma das extremidades do RNAt, existe uma sequência de três bases nitrogena-
das, denominada anticódon, que se liga a três bases nitrogenadas que constituem o
códon do RNAm associado aos ribossomos, da seguinte maneira:

Cada aminoácido é transportado por um RNAt específico. Ao transportar aminoáci-


dos até os ribossomos, os anticódons das moléculas de RNAt se unem aos códons
complementares do RNAm, sendo esse processo denominado TRADUÇÃO. A tradu-
ção é a capacidade do RNAm em reconhecer o aminoácido para que a proteína seja
formada. O processo de síntese proteica consome energia na forma de ATP e pode
ser assim resumido:

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Os ribossomos vão se deslocando sobre o RNAm e, dessa maneira, novos aminoáci-


dos vão sendo incorporados. Ao ocorrer a tradução do último códon, o ribossomo se
desprende do RNAm. Quanto maior o número de códons percorridos pelo ribosso-
mo, maior o número de aminoácidos formadores da proteína.

Observe na tabela e na figura a seguir um exemplo de como funciona o código ge-


nético. Observe ainda que um aminoácido pode apresentar um ou mais códons, de
modo que uma modificação do código genético nem sempre provoca a síntese de
uma proteína diferente.

CÓDIGO NO CÓDIGO NO ABREVIAÇÃO DO AMINOÁ-


AMINOÁCIDO
DNA RNA CIDO
AAA UUU Fenilalanina (Phe)
AAC, GAG UUG.CUC Leucina (Leu)
CAA GUU Vali na (Val)
CCG, CCT GGC.GGA Glicina (Gly)
CTT GAA Ácido glutâmico (Glu)
GTA CAU Histidina (His)
TGT ACA Treonina (Thr)
AGG UCC Serina (Ser)
GGG CCC Prolina (Pro)
TCT, TCC AGA, AGG Arginina (Arg)

SUMÁRIO 93
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Etapas do processo de síntese de uma proteína. (Coluna da esquerda) À medida que


o ribossomo se desloca sobre o RNA mensageiro (estágios A a E), vão sendo encaixa-
dos os aminoácidos e a proteína vai crescendo. Os RNA transportadores não foram
representados. (Coluna da direita) Esquema que mostra a correspondência entre os
códons do RNAm e os anticódons do RNAt no processo de síntese de proteínas.

Com base na tabela anterior, podemos dizer que uma molécula de DNA com a se-
guinte sequência de bases nitrogenadas na hélice ativa AGG CAA GGG CCT GTA TGT
CCG produzirá um polipeptídio com a seguinte sequência de aminoácidos:

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5.7 DETERMINAÇÃO DO SEXO NA ESPÉCIE


HUMANA

Os 46 cromossomos presentes nas células somáticas humanas recebem as seguintes


denominações:

- 44 cromossomos autossomos que formam 22 pares de homólogos

- 2 cromossomos sexuais ou alossomos ou heterossomos denominados X e Y. Esses


cromossomos identificam o sexo do indivíduo. Observe:

Sexo masculino - 44 autossomos + XY


Sexo feminino - 44 autossomos + XX

O homem pode formar dois tipos de gametas: um que apresenta o alossomo X e


outro que apresenta o alossomo Y, enquanto a mulher só forma um tipo de gameta,
ou seja, aquele que apresenta o alossomo X.

Observe a seguir:

No momento da fecundação, ocorre a determinação do sexo, já que o espermatozoi-


de contendo o alossomo X ou Y penetra no ovócito II. O zigoto formado apresentará
46 cromossomos, sendo 44 autossomos e 2 alossomos (XX ou XY). Assim, o sexo da
criança a ser gerada depende do tipo de espermatozoide (X ou Y) que penetra no
ovócito II.

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Em 1949, Barr e Bertran, estudando células nervosas de gatas, observaram grânulos


de heterocromatina (cromatina condensada) que não estavam presentes em células
de gatos. Esses grânulos de heterocromatina foram denominados corpúsculos de
Barr e são conhecidos hoje com o nome de cromatina sexual. Na espécie humana, a
cromatina sexual também está presente em indivíduos do sexo feminino e represen-
ta um dos cromossomos X que se encontra mais espiralizado.

Podemos determinar o número, o tamanho e a forma dos cromossomos de uma es-


pécie através do seu cariótipo. O cariótipo é o conjunto de cromossomos das células
diploides do indivíduo sendo obtido pela interrupção da divisão de células extraídas
do indivíduo. Os cromossomos são corados e fotografados quando passam por uma
fase da divisão celular onde a espiralização é máxima. As fotografias obtidas são am-
pliadas e recortadas, agrupando-se os cromossomos conforme o tamanho e a forma
que apresentam, estabelecendo-se, assim, pares de cromossomos homólogos.

Observe que os cromossomos são ordenados em sete grupos representados pelas


letras de A até G, de acordo com o tamanho e a forma, e os 22 pares de autossomos
são numerados.

5.8 ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS - MUTAÇÕES

Representam qualquer alteração na estrutura ou no número de cromossomos de


uma célula.

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5.8.1 5.8.1 - ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS


NUMÉRICAS:

As alterações do número de cromossomos classificam-se em:

Euploidias - Ganho ou perda de uma ou mais genomas. Genoma é o conjunto de


cromossomos de uma célula haploide. Casos de euploidia não ocorrem na espécie
humana.

Aneuploidias - Ganho ou perda de um número pequeno de cromossomos (em geral,


um ou dois). São conhecidos casos de monossomia (2n -1), nulissomia (2n - 2), trisso-
mia (2n + 1) e tetrassomia (2n + 2).

PRINCIPAIS ANEUPLOIDIAS HUMANAS

As aneuploidias são decorrentes de erros na distribuição dos cromossomos durante a


divisão celular. As principais aneuploidias humanas são: Síndrome de Down, Síndro-
me de Klynefelter e Síndrome de Turner.

SÍNDROME DE DOWN

Também conhecida por trissomia do 21 ou mongolismo, é uma aneuploidia autos-


sômica do tipo trissomia, em que o par cromossômico de número 21 apresenta um
cromossomo extranumerário. As células somáticas apresentam 47 cromossomos e a
frequência é de um caso para 500 a 600 nascimentos normais.

O portador dessa síndrome apresenta baixa estatura, mãos e dedos curtos, prega si-
miesca nas mãos, olhos oblíquos, retardo mental e problemas cardíacos congênitos.
Os homens são estéreis, mas as mulheres são férteis.

Problemas cardíacos e baixa resistência a infecções fazem com que a expectativa


de vida seja pequena com o doente normalmente não ultrapassando os 30 anos de
idade.

Com o aumento da idade materna, o risco de nascimento de uma criança com essa
síndrome torna-se maior, principalmente após os 35 anos de idade.

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BIOLOGIA CELULAR

Isso ocorre porque, quanto maior a idade da mãe, maior a possibilidade dessa mu-
lher apresentar gametas anômalos, nos quais ocorre uma não disjunção do par 21.

SÍNDROME DE KLYNEFELTER

É uma aneuploidia alossômica do tipo trissomia, em que os indivíduos afetados são


sempre do sexo masculino. O exame de seu cariótipo revela 47 cromossomos, haven-
do um cromossomo X a mais no par sexual. Os indivíduos afetados são XXY. A fre-
quência é de um caso para 700 ou 800 nascimentos de crianças do sexo masculino
normais.

O portador dessa síndrome apresenta testículos atrofiados, gerando esterilidade, gi-


necomastia (crescimento das mamas), cromatina sexual em suas células e um leve
retardo mental em alguns casos.

SÍNDROME DE TURNER

É uma aneuploidia alossômica do tipo monossomia, em que os indivíduos afeta-


dos são sempre do sexo feminino. O exame de seu cariótipo revela 45 cromossomos,
faltando um cromossomo X do par sexual. Os indivíduos afetados são XO. É uma
anomalia cromossômica rara com frequência de 1 caso para 3.000 nascimentos de
crianças do sexo feminino normais.

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A portadora dessa síndrome apresenta ovários atrofiados, gerando esterilidade, baixa


estatura, pescoço alado, grande quantidade de pêlos no corpo, alterações ósseas e
cardíacas, ausência de cromatina sexual e um leve retardo mental em alguns casos.

Assim, temos:

5.8.2 ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS ESTRUTURAIS:

São alterações que não modificam a quantidade de cromossomos de uma célula,


mas determinam o aparecimento de cromossomos anormais. As aberrações que va-
mos descrever a seguir quase sempre implicam em problemas sérios, inclusive na
formação de gametas. Isso porque durante a meiose, o cromossomo com a deficiên-
cia pareia de forma anômala com seu homólogo que não sofreu alteração, afetando
o andamento, do processo meiótico. A gravidade das manifestações de uma defi-
ciência depende dos genes ausentes.

Deficiência ou Deleção

Um pedaço de cromossomo é perdido neste tipo de anomalia , que implica a perda


de muitos genes. Deficiências são percebidas durante o pareamento de cromosso-
mos na meiose . Um exemplo humano é a síndrome de cri du chat (síndrome do
miado do gato), em que falta um fragmento do braço curto do cromossomo 5. Carac-
terizada por retardo mental, microcefalia, aspecto arredondado da face, presença de
dobras epicânticas nos olhos e de choro semelhante a um miado de gato.

Outro exemplo é o cromossomo 22 curto (“cromossomo Filadélfia”), associado a uma


forma de leucemia.

SUMÁRIO 99
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Inversão

Um pedaço de cromossomo se quebra, sofre rotação de 180º e solda-se novamente


em posição invertida. Por causa da alteração da ordem dos genes, o pareamento dos
homólogos na meiose.

Translocação

Trata-se da troca de pedaços entre cromossomos não-homólogos, diferente do que


ocorre no crossing-over, fenômeno normal e corriqueiro. Fala-se em translocação re-
cíproca e heterozigota, em que apenas um elemento de cada par sofre a troca. Na
hora do pareamento meiótico , ocorre uma figura em forma de cruz.

É possível que a translocação tenha sido um mecanismo de formação de novas espé-


cies. Há umas hipóteses sobre algumas espécies de drosófilas, todas com um numero
diferente de cromossomos, que poderiam ter se originado de uma espécie ancestral,
a partir de translocações de diversos tipos.

Duplicação

Na duplicação, há a formação de um segmento adicional em um dos cromossomos.


De modo geral, as consequências de uma duplicação são bem toleradas pois não há
falta de material genético.

100 SUMÁRIO

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