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No dia 26 de outubro de 2022, os discentes da disciplina Oficina de Edição e Revisão

de Textos I, realizaram uma visita técnica na Academia Mineira de Letras (AML).


Primeiramente, ocorreu uma visita guiada ao palacete-sede, no qual foi possível conhecer um
pouco da estrutura e da história do local, bem como o trabalho envolvendo o acervo da
biblioteca da academia. Posteriormente, visitou-se a exposição “Cartografia Imaginária: Rua
da Bahia”.
Durante a visitação no palacete, os estagiários guias relataram como a AML surgiu,
sobre a mudança de sede para a Rua da Bahia, além de curiosidades sobre o acervo da
biblioteca. Conheceu-se também a sala em que os acadêmicos se reuniam antes da pandemia.
Além disso, a Revista da Academia Mineira de Letras foi apresentada para o grupo e alguns
exemplares dos anos anteriores foram doados aos alunos.
No andar superior, a bibliotecária Soraia Laia contou um pouco sobre o processo de
catalogação dos livros e mostrou alguns originais do acervo bibliográfico de Eduardo Frieiro,
com marcas de revisão realizadas pelo próprio autor, bem como algumas de suas obras já
editadas. Soraia apresentou ainda alguns exemplares de originais doados com poemas inéditos
de Carlos Drummond de Andrade, que serão editados posteriormente pela academia.
Na sequência ocorreu a visita guiada na exposição “Cartografia Imaginária: Rua da
Bahia”, com curadoria de Marconi Drummond e Maurício Meirelles. Maurício guiou os
visitantes nos dez núcleos da mostra, que aprofundam questões discutidas em uma exposição
anterior denominada “Cidade Imaginária e suas Escritas”, ocorrida no Sesc Palladium em
2018. De acordo com o curador, a exposição atual visa criar um novo panorama da cidade,
visualizando-a através das suas várias escritas, não somente por meio dos registros de
escritores, mas envolvendo também as artes visuais, a cartografia e o espaço urbano.
O primeiro núcleo, denominado “Um rio (in) visível”, aborda o surgimento da Rua da
Bahia, próximo ao Ribeirão Arrudas e simbolicamente até a Praça da Liberdade. Visa discutir
o tema da água, tentando mapear o seu significado e de que maneira a cidade se relaciona com
o espaço natural. Já o segundo núcleo foi intitulado “Descer” retrata a vizinhança com a área
dos prostíbulos. Meirelles informou que “descer” significava ir até a Rua da Bahia, local onde
as coisas aconteciam, onde a cidade era agitada. Já “Um arco no tempo” enfatiza o Viaduto
Santa Tereza, inaugurado em 1928, mesmo ano em que Drummond publicou o poema “No
Meio do Caminho”. O local articula diversas gerações e marcou a entrada de Belo Horizonte
na Modernidade. Segundo o curador Drummond morava no Floresta e caminhava por cima do
arco do viaduto para retornar para casa, o que era algo marcante na época. O núcleo também
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ilustra os MC’s e a apropriação do viaduto na atualidade por eles, o que retoma a literatura
oral, a criatividade, a política e fortalece o direito de inclusão da periferia na cidade.
Os demais núcleos abordam espaços conhecidos, como o Edifício Maletta, as
transformações ocorridas na rua da Bahia, além de fotografias de alguns patrimônios que já
não existem mais em BH. A respeito de tais mudanças, “Geografia mutilada” propõe uma
importante reflexão sobre a destruição das áreas naturais na cidade. Em tal núcleo há um
mapa que evidencia a “mutilação” do Parque Municipal e a redução do Ribeirão Arrudas no
local. Há também um vídeo que ilustra uma ação de ciclistas que fizeram o mesmo percurso
original do Ribeirão Arrudas, marcando o chão com tinta verde, para ilustrar onde era o
parque municipal de 1897 e como a área original foi impactada ao longo do tempo.
Dado o exposto, a visita técnica à Academia Mineira de Letras foi pertinente para a
formação na disciplina, pois foi possível conhecer um pouco como funciona o trabalho do
profissional do texto na academia e as amplas possibilidades de pesquisa no espaço,
pertinentes à atuação do editor e do revisor. Também foi enfatizada a importância da
curadoria, que é também um trabalho de edição importante, pois conecta a produção textual,
visual e sonora para a construção de narrativas compreensíveis ao público final.

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