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Introdução

O Grupo 13 da Tabela Periódica, também conhecido como Grupo do Boro, compreende


os elementos químicos do Boro (B), Alumínio (Al), Gálio (Ga), Índio (In) e Tálio (Tl), os
elementos deste grupo compartilham algumas propriedades químicas comuns, devido à
presença de um elétron de valência em um orbital "p" ocupado. Esta configuração
eletrônica influencia diretamente suas propriedades físicas, químicas e comportamentos
reativos, mas também exibe distinções significativas em suas estruturas e reatividades
individuais [1].
O Boro, por exemplo, é conhecido por sua incomum estrutura molecular planar e sua
tendência a formar compostos covalentes, é utilizado na produção de vidros especiais,
materiais cerâmicos e compostos farmacêuticos[1]. Já o Alumínio destaca-se por sua
abundância na crosta terrestre e suas propriedades metálicas, sendo amplamente
utilizado na indústria de embalagens, construção civil, eletroeletrônicos e muitas outras
aplicações devido à sua resistência à corrosão, boa condutividade elétrica, leveza e
maleabilidade[1]. O Gálio, exibe um ponto de fusão baixo, apenas alguns graus acima da
temperatura ambiente, faz do Gálio um metal líquido à temperatura ambiente, uma
característica incomum na maioria dos metais, sendo uma característica significativa em
aplicações de alta tecnologia, como em dispositivos semicondutores e em sistemas de
controle térmico de alta precisão[2]. O Índio possui baixa toxicidade e capacidade de
formar ligas com baixo ponto de fusão o que o torna útil em soldagem, em aplicações de
revestimento e como componente em ligas de baixo ponto de fusão, usadas em solda e
em dispositivos eletrônicos, além disso, é um componente essencial em telas de cristal
líquido (LCDs), em semicondutores e em células solares de película fina, onde suas
propriedades semicondutoras são exploradas[2]. Por fim, o Tálio, embora menos comum
e menos utilizado comercialmente, é um metal pesado que exibe uma variabilidade
incomum nos estados de oxidação, o que levanta desafios interessantes para a síntese e
o estudo de seus compostos[2]. Apesar de sua toxicidade, tem-se aplicações limitadas em
tecnologias ópticas e eletrônicas, bem como em catálise[2].

Resultados e Discussão

1.1 Ácido Bórico, Óxido de Boro e Boratos

a) Ao aquecer o ácido bórico sólido num tubo de ensaio seco, observou-se a sublimação
do sólido, onde ele passou diretamente do estado sólido para o gasoso. Isso ocorre pois o
ácido bórico, é um composto que pode sublimar facilmente quando aquecido devido à sua
estrutura molecular e suas forças intermoleculares, consistindo em camadas de moléculas
ligadas por hidrogênio entre os grupos hidroxila (OH) e o átomo de boro (B) [3]. Essas
ligações são relativamente fracas em comparação com as ligações covalentes dentro das
moléculas individuais, ao aquecer o ácido bórico, a energia cinética das moléculas
aumenta, superando as forças intermoleculares de atração, como resultado, as moléculas
individuais ganham energia suficiente para escapar das ligações intermoleculares e se
dispersar no espaço como gás, sem passar pelo estado líquido [3].
b) Ao dissolver o ácido bórico em água destilada e testar o pH com indicador alaranjado
de metila, observou-se uma coloração laranja-avermelhada, indicando uma leve acidez.
Nesta reação, o ácido bórico (H3BO3) atua como um ácido de Lewis, aceitando um par de
elétrons do oxigênio da molécula de água para formar o íon [H2BO3]- e um íon hidrônio
(H3O+). O átomo de boro, que possui um orbital vazio na sua camada de valência, esse
orbital vazio tem a capacidade de aceitar um par de elétrons de uma base, tornando o
ácido bórico um ácido de Lewis, quando o ácido bórico reage com uma base doadora de
elétrons, como a água, um dos pares de elétrons não compartilhados do oxigênio da água
pode ser doado para o orbital vazio do átomo de boro, formando um complexo de
coordenação [2] representado na equação 1.

eq 1

A adição de manitol à solução contendo o indicador de pH resultou em um tom mais


avermelhado, sugerindo um aumento da acidez do meio. Isso pode ser explicado pela
protonação do manitol na presença do complexo de boro formado durante a reação com a
água. A equação para essa reação pode ser representada na equação 2:

eq 2
Nesta equação, o manitol (C6H14O6) atua como uma base doadora de prótons. Na
presença do complexo de boro formado, o manitol é protonado, resultando na formação
de um ácido complexo (C6H13O6H+), juntamente com o íon [H2BO3]^- [4]. Isso aumenta
a concentração de íons hidrônio (H3O+) na solução, levando a uma diminuição do pH e
consequentemente à mudança na coloração do indicador de pH para um tom mais
avermelhado.
O indicador alaranjado de metila (pKa ~ 3.7) é um indicador ácido-base que muda de cor
dependendo do pH do meio [4]. Em soluções ácidas, ele adquire uma coloração
vermelho-alaranjada e em soluções básicas uma coloração amarelada.

1.2 Colocou-se uma pequena quantidade de ácido bórico (H3BO3) foi adicionada a um
tubo de ensaio. Em seguida, foram adicionados 1 mL de ácido sulfúrico concentrado
(H2SO4) e 2 mL de metanol (CH3OH) ao tubo. Após essa etapa, o tubo foi aquecido
utilizando um bico de Bunsen até a ebulição da solução. Posteriormente, uma chama foi
acessa na boca do tubo de ensaio utilizando um palito de fósforo, resultando na
observação de uma coloração esverdeada na chama.
Nesta equação 3, o ácido bórico (H3BO3) reage com o metanol (CH3OH) na presença de
ácido sulfúrico (H2SO4) como catalisador, a reação de esterificação ocorre, resultando no
borato de metila ([B(OCH3)3]) e água (H2O) como produto [2]. O borato de metila
formado então reage com o oxigênio do ar, resultando na chama esverdeada observada.

eq 3

1.3 Hidróxido de Alumínio e Anfoterismo


a) Ao adicionar uma pequena quantidade da solução de cloreto de alumínio (AlCl3) com
concentração de 1 mol L-1 foi adicionada a um tubo de ensaio, seguida por algumas
gotas da solução de hidróxido de sódio (NaOH) também com concentração de 1 mol L-1.
A observação revelou a formação de hidróxido de alumínio, um precipitado branco
semelhante a filamentos brancos, indicando a reação entre os íons alumínio e hidróxido
para formar o precipitado insolúvel [1] demonstrado na equação 4 a seguir.

eq 4
Após essa observação inicial, uma quantidade adicional de NaOH 1 mol L-1 foi
adicionada ao tubo, seguida de agitação. Notou-se que o precipitado formado
anteriormente foi completamente solubilizado. Essa etapa demonstra a característica de
anfoterismo do alumínio, que pode reagir tanto com ácidos quanto com bases [1]. A
equação 5 demonstra a solubilização do precipitado de hidróxido de alumínio.

eq 5

Nessa reação, o hidróxido de alumínio precipitado reage com o hidróxido de sódio para
formar o complexo aluminato de sódio solúvel em água, evidenciando a capacidade do
alumínio em reagir com bases para formar complexos solúveis [1].

1.4 Cloreto de Alumínio Anidro

a) Ao aquecer um pouco de cloreto de alumínio anidro num tubo de ensaio seco,


inicialmente, o cloreto de alumínio é sólido e se apresenta na forma de grandes cristais
esbranquiçados, após o aquecimento, os cristais se reduzem em massa,
transformando-se em um pó branco, além disso, observou-se o desprendimento de
vapores durante o aquecimento, sugerindo que o sal estava hidratado, na forma AlCl3 ∙
6H2O, e que perdeu sua água de hidratação durante o processo, reação da desidratação
do cloreto de alumínio hexahidratado [5] representada na equação 6 o qual o cloreto de
alumínio hexahidratado perde sua água de hidratação, resultando na formação de cloreto
de alumínio anidro (AlCl3) e liberação de vapor de água (H2O).

eq 6
Em seguida, foi adicionada água destilada ao cloreto de alumínio que foi aquecido e
observou-se que não houve solubilização em água. Isso ocorreu porque a ligação entre o
alumínio e o cloro é predominantemente covalente, e a força dessa ligação é suficiente
para impedir uma dissociação completa em solução aquosa [3]. Assim, a baixa
solubilidade do cloreto de alumínio anidro em água após a desidratação do hexahidratado
se deve à natureza covalente das ligações no composto.
b) Quando o cloreto de alumínio hexahidratado (AlCl3 ∙ 6H2O) é adicionado à água sem
ter sido aquecido, ele se dissolve rapidamente devido à presença de água de cristalização
[1]. O cloreto de alumínio hexahidratado é um composto que contém moléculas de água
ligadas à sua estrutura cristalina. Essas moléculas de água são fortemente atraídas pelos
íons de cloreto de alumínio devido à sua polaridade.
Ao entrar em contato com a água, as moléculas de água que estão ligadas ao cloreto de
alumínio hexahidratado são facilmente substituídas pelas moléculas de água do solvente,
devido às forças intermoleculares entre as moléculas de água e os íons do cloreto de
alumínio [1]. Esse processo de substituição das moléculas de água de cristalização pelo
solvente é conhecido como hidratação.
Nesta equação 7, o cloreto de alumínio hexahidratado sólido se dissolve em água,
3+ −
formando íons de alumínio (𝐴𝑙 ), íons de cloreto (𝐶𝑙 ) e moléculas de água (H2O).

eq 7

1.5 Alume, um Sal Duplo: KAl(SO4)2.12H2O

a) Nesta reação, o ácido perclórico (HClO4) reage com o alume (KAl(SO4)2 .12H2O),
formando perclorato de potássio (KClO4), sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) e água (H2O)
[2] conforme a equação 8 a seguir.

eq 8

b) Nesta reação, o hidróxido de amônio (NH4OH) reage com o alume


(KAl(SO4)2.12H2O), formando hidróxido de alumínio (Al(OH)3), sulfato de potássio
(K2SO4) e água (H2O) [2] assim como demonstra na equação 9.

eq 9
c) Nesta reação, o cloreto de bário (BaCl2) reage com o alume (KAl(SO4)2.12H2O),
formando sulfato de bário (BaSO4), cloreto de potássio (KCl), sulfato de alumínio
(Al2(SO4)3) e água (H2O) [5] conforme a equação 10.

eq 10

Conclusão:

A prática experimental demonstrou a sublimação do ácido bórico devido à sua estrutura


molecular, a formação do éster metílico do ácido bórico, a reatividade do cloreto de
alumínio anidro e a identificação dos componentes do alume em solução. O alumínio
forma hidróxidos anfóteros que podem se comportar tanto como ácidos quanto como
bases em solução aquosa. Além disso, o cloreto de alumínio anidro é um sólido covalente
que sublima quando aquecido. O alume é um exemplo de sal duplo contendo alumínio,
que pode ser identificado através de reações de precipitação seletiva.

Referência Bibliografica

[1] RAYNER-CANHAM, Geoff; OVERTON, Tina. Química Inorgânica Descritiva, 5ª edição.


Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2015. E-book. ISBN 978-85-216-2824-8. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-2824-8/. Acesso em: 07 mar.
2024.

[2] WELLER, Mark; OVERTON, Tina; ROURKE, Jonathan; et al. Química inorgânica.
Porto Alegre: Grupo A, 2017. E-book. ISBN 9788582604410. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582604410/. Acesso em: 07 mar. 2024.

[3] RODGERS, Glen E. Química inorgânica descritiva, de coordenação e de estado sólido


– Tradução da 3ª edição norte-americana. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2018.
E-book. ISBN 9788522126798. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126798/. Acesso em: 07 mar. 2024.

[4] HARRIS, Daniel C.; LUCY, Charles A. Análise Química Quantitativa. Rio de Janeiro:
Grupo GEN, 2023. E-book. ISBN 9788521638544. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521638544/. Acesso em: 07 mar. 2024.

[5] HOUSECROFT, Catherine E.; SHARPE, Alan G. Química Inorgânica - Vol. 1, 4ª


edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2013. E-book. ISBN 978-85-216-2664-0. Disponível
em: https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-2664-0/. Acesso em: 07 mar.
2024.

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