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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS NATURAIS

QUÍMICA (BACHARELADO)

Mariele Vitória da Cruz Flauzino, Ludimila Vieira Fernandes, Shander Clein Resende
e Sofia Gonzaga de Andrade

RELATÓRIO
Oxi-Redução

Lavras, 2023
RESULTADOS E DISCUSSÃO

PRIMEIRA REAÇÃO:

O primeiro experimento foi realizado de acordo com a seguinte reação química:

CuSO4(aq) + Fe(s) → Cu(s) + FeSO4(aq)

Para iniciar o procedimento, um prego de ferro (Fe) foi cuidadosamente inserido em


um tubo de ensaio contendo 3 mL de solução aquosa de CuSO4. Após um período
relativamente curto, o prego foi retirado com delicadeza e sua transformação foi
observada.
A transformação ocorre devido a uma reação de oxidação-redução, também conhecida
como reação redox. Nessa reação, o ferro (Fe) desloca o cobre (Cu) na equação
química. O que antes era sulfato de cobre (CuSO4) se converte em sulfato de ferro
(FeSO4). O ferro, que estava originalmente em estado elementar (Fe⁰), passa a se ligar
à molécula de sulfato, "expulsando" o cobre da molécula. Ao final da reação, o ferro
não está mais ligado a nenhuma molécula. A equação química completa dessa reação
é:
Fe⁰ + Cu²SO4 → Cu⁰ + Fe²SO4
Nesse processo, o CuSO4 atua como um agente oxidante, promovendo a oxidação do
ferro, enquanto o ferro age como um agente redutor, promovendo a redução do cobre.
Essas transformações podem ser descritas pelas seguintes semi-reações:
No processo de redução:
Cu² + 2 e- → Cu⁰
No processo de oxidação:
Fe⁰ - 2 e- → Fe²
Assim, este experimento demonstra claramente uma reação redox na qual ocorre a
transferência de elétrons entre os elementos envolvidos, resultando na transformação
química dos reagentes e na formação de novos produtos. Além disso, ressalta a
importância dos conceitos de agentes oxidantes e redutores no entendimento das

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reações químicas envolvidas. Este fenômeno é fundamental para o estudo da química e
tem aplicações significativas em diversos campos científicos e tecnológicos.

SEGUNDA REAÇÃO:

A segunda reação realizada pode ser expressa na seguinte equação:

KI + I2 → KI3

A reação entre o iodeto de potássio (KI) e o iodo (I2) resulta na formação do íon
triiodeto, conhecido como I3-.

Nesta reação, o iodeto de potássio (KI) e o iodo molecular (I2) reagem para produzir o
íon triiodeto (I3-). Essa reação representa de forma simplificada a formação do
triiodeto em solução aquosa, que ocorre da seguinte maneira:

1. Inicialmente, o iodeto de potássio (KI), quando dissolvido em água (H2O), passa


por uma dissociação iônica, resultando na formação dos íons K+ (íon potássio) e I-
(íon iodeto):

KI (sólido) → K+ (aq) + I- (aq)

2. Posteriormente, acrescenta-se o iodo molecular (I2) à solução. O íon iodeto (I-), por
sua vez, é uma espécie com elevada afinidade pelo iodo, induzindo a sua reação com o
iodo molecular (I2) presente na solução. É relevante observar que o I2 constitui uma
molécula apolar, enquanto o I- é uma espécie polar devido à sua carga negativa.
Entretanto, na presença do íon I-, o I2 experimenta uma interação denominada dipolo
induzido, o que facilita a sua reatividade com o íon iodeto, desencadeando, assim, a
formação do íon triiodeto (I3-).

3. A reação química entre o íon iodeto (I-) e o iodo molecular (I2) resulta na formação
do íon triiodeto (I3-). A reação química pode ser representada da seguinte maneira:

I- (aq) + I2 (aq) → I3- (aq)

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Nessa reação, um dos átomos de iodo do I2 é oxidado, enquanto o outro é reduzido. O
íon I- é oxidado a I3- porque ganha dois átomos de iodo durante a reação, enquanto o
I2 é reduzido porque perde dois átomos de iodo.

O produto formado possui coloração amarronzada.

Em seguida, adicionou-se 1 mL de clorofórmio (CHCl3) à reação. O clorofórmio é um


solvente orgânico apolar, o que implica que sua afinidade por íons ou substâncias
polares é limitada. Contudo, devido à interação "dipolo induzido", ele é capaz de
estabelecer uma ligação com o triiodeto.

Quando incorporado à solução que contém triiodeto, o clorofórmio promove a geração


de momentos dipolares transitórios nas moléculas de I³-. Essa interação momentânea
entre o clorofórmio apolar e o triiodeto polar culmina na formação de um complexo
molecular, onde o clorofórmio envolve o triiodeto.

Em sequência, o clorofórmio extrai o iodo (I2) da solução, originando um complexo


entre ambos, que também são apolares.

O iodo, ao estar presente em uma solução aquosa, tende a conferir uma tonalidade
castanha ou amarelada. Todavia, quando o clorofórmio remove o iodo da solução, a
coloração da fase aquosa se torna menos intensa, tornando a solução mais límpida.

Dessa forma, a transição de cor da solução, indo do castanho para o violeta após a
adição de clorofórmio, é atribuída à remoção do iodo da fase aquosa para a fase
orgânica do clorofórmio. Essa transferência resulta em uma redução na concentração
de iodo na solução aquosa, alterando, assim, a percepção de cor.

O iodo presente no clorofórmio pode formar um complexo com este último,


conferindo-lhe uma tonalidade violeta característica.

TERCEIRA REAÇÃO:

O terceiro experimento é definido pela a equação H2O2 + KMnO4 + H2O2, que


delineia uma reação intrincada que se caracteriza pela oxidação do peróxido de
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hidrogênio (H2O2) pelo permanganato de potássio (KMnO4), conduzida em um meio
ácido composto por ácido sulfúrico (H2SO4). Para uma compreensão mais
aprofundada, é imprescindível dissecar os aspectos cruciais desse processo químico
complexo:

1. Equação de Oxirredução:

A equação química em questão representa uma reação de oxirredução, na qual ocorre a


transferência de elétrons entre os reagentes. Nesse contexto, o peróxido de hidrogênio
(H2O2) passa por um processo de oxidação, no qual perde elétrons, enquanto o
permanganato de potássio (KMnO4) sofre redução, ganhando elétrons. Essa
transformação eletrônica se manifesta claramente nas mudanças nos números de
oxidação dos átomos presentes nos reagentes e nos produtos.

2. Importância do Ácido Sulfúrico (H2SO4):

O ácido sulfúrico desempenha um papel fundamental como participante essencial no


ambiente reacional, agindo como um catalisador da velocidade da reação. Sua
principal função é atuar como doador de prótons (H+), criando um ambiente altamente
ácido que proporciona condições ideais para que a reação ocorra de maneira mais
eficiente. Além disso, o ácido sulfúrico desempenha um papel significativo na ativação
do permanganato de potássio, um mecanismo essencial para iniciar a reação de
oxirredução.

3. Formação de Gás Oxigênio (O2) e Emissão de Bolhas:

A formação de bolhas durante a reação é diretamente resultado da liberação de


oxigênio gasoso (O2). A decomposição do peróxido de hidrogênio (H2O2) se
desdobra em água (H2O) e oxigênio (O2) sob as condições da reação. As bolhas de
oxigênio são uma evidência visual tangível da efervescência gasosa que ocorre ao
longo do processo.

A representação completa dessa reação pode ser expressa na seguinte forma:

5
2 KMnO4 (aq) + 5 H2O2 (aq) + 3 H2SO4 (aq) → 5 O2 (g) + 2 MnSO4 (aq) + K2SO4
(aq) + 8 H2O (l)

2 Mn+ 10 e- → 2 Mn (redução)

10 O- 10 e- → 10 O (oxidação)

KMnO4 é um agente oxidante, H2O2 é um agente redutor.

Nesse contexto, o peróxido de hidrogênio (H2O2) sofre oxidação, transformando-se


em água (H2O), enquanto o permanganato de potássio (KMnO4) é reduzido a íons de
manganês (Mn²+). A presença do ácido sulfúrico (H2SO4) desempenha um papel
crucial ao acelerar a velocidade da reação e criar as condições ideais para que essa
notável reação de oxirredução ocorra.

QUARTA REAÇÃO:

A interação entre o permanganato de potássio (KMnO4) e o ácido clorídrico (HCl)


constitui uma exemplificação notável de uma reação de oxirredução capaz de gerar
produtos diversos, cuja natureza varia em função das condições em que ocorre. Nesse
contexto, é crucial destacar que as condições ácidas desempenham um papel
fundamental na condução da reação, exercendo influência direta sobre os produtos
resultantes.

A representação química dessa reação, quando conduzida sob condições ácidas, é a


seguinte:

2KMnO4 + 16HCl → 2KCl + 2MnCl2 + 8H2O + 5Cl2

A dinâmica envolvida nesse processo revela que o permanganato de potássio


(KMnO4) atua como agente oxidante, sofrendo redução, enquanto o ácido clorídrico
(HCl) assume o papel de agente redutor, experimentando oxidação. Os produtos que
emergem dessa interação merecem particular atenção:

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Cloreto de Potássio (KCl): Este composto, em forma de sal sólido, constitui o
primeiro produto notório dessa reação. Sua formação decorre diretamente da reação
entre o potássio presente no permanganato de potássio e o íon cloro proveniente do
ácido clorídrico.

Cloreto de Manganês(II) (MnCl2): O segundo produto de destaque é o cloreto de


manganês(II), também sob a forma de um sal sólido. A sua geração resulta da redução
do manganês presente no permanganato de potássio durante a reação, culminando na
diminuição do estado de oxidação do manganês.

Água (H2O): A água, como uma substância fundamental, emerge como um


subproduto notável dessa reação. A sua formação ocorre pela combinação dos íons
hidrogênio do ácido clorídrico com os íons oxigênio originários do permanganato de
potássio reduzido, contribuindo para a proporção líquida dos produtos da reação.

Gás Cloro (Cl2): A liberação de gás cloro é um aspecto distintivo dessa reação. O
cloro gasoso é desprendido na forma gasosa durante o processo e é prontamente
perceptível devido ao seu odor característico. Esse odor está frequentemente associado
a produtos que incorporam cloro, como água sanitária e piscinas tratadas com
compostos à base de cloro.

É de suma importância enfatizar que o gás cloro é altamente tóxico, requerendo,


portanto, uma manipulação extremamente cautelosa e a adoção de rigorosas medidas
de segurança. A reação entre o KMnO4 e o HCl é frequentemente empregada em
laboratórios para a geração controlada de cloro gasoso, todavia, essa prática deve
ocorrer em ambientes estritamente regulamentados.

QUINTA REAÇÃO:

No quinto experimento, uma continuação do primeiro, empregou-se a seguinte reação


química:

Cu + HNO₃ → Cu(NO₃)₂ + NO + H₂O

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Nesta etapa, o foco estava na observação do comportamento do cobre (Cu) quando
submetido à ação do ácido nítrico concentrado (HNO₃). A observação inicial revelou a
formação visível de ferrugem (Cu) na superfície do prego. Este resíduo, identificado
como óxido de cobre (II), foi cuidadosamente raspado e transferido para outro tubo de
ensaio. A seguir, algumas gotas de ácido nítrico concentrado foram adicionadas a esse
resíduo.

Posteriormente, observou-se uma série de transformações notáveis. Primeiramente,


houve a liberação de um gás de cor castanha, identificado como óxido nítrico (NO).
Além disso, a solução resultante adquiriu uma coloração azulada distintiva.

A interpretação desses resultados revela que a reação entre o cobre e o ácido nítrico é
classificada como uma reação de oxirredução. Isso ocorre porque há uma transferência
de elétrons entre as espécies químicas envolvidas. Nesse contexto, o cobre (Cu) sofre
oxidação, liberando elétrons para o átomo de nitrogênio presente no ácido nítrico
(HNO₃), que, por sua vez, é reduzido. Como resultado, o átomo de nitrogênio do
HNO₃ passa do estado de oxidação +5 para o estado de oxidação +2, enquanto o cobre
passa do estado de oxidação 0 para o estado de oxidação +2. Portanto, esse processo
químico é, de fato, uma reação de oxirredução, caracterizada pelas mudanças nos
estados de oxidação das espécies envolvidas.

SEXTA REAÇÃO:

O sexto experimento é conduzido por meio da repetição do procedimento descrito no


quinto experimento, com a substituição do resíduo de prego por um fio de cobre, com
o objetivo de verificar se esse material era, de fato, composto de cobre.

Nesse contexto experimental, um fio de cobre foi inserido no tubo de reação,


juntamente com a adição de gotas de ácido nítrico concentrado. Foi observado que, de
forma análoga ao ocorrido no quinto experimento, ocorreu a liberação de um gás
castanho e a solução apresentou uma tonalidade azulada.

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Tais resultados permitiram a confirmação de que o resíduo produzido no primeiro
experimento e utilizado no quinto consistia, de fato, de cobre. Esse fenômeno pode ser
representado pela seguinte equação química:

Cu + 4HNO3 → Cu(NO3)2 + 2NO2 + 2H2O

Cu0 - 2 e- → CuII (oxidação)

2 NV + 2 e- → 2 NIV (redução)

CONCLUSÃO:

Em resumo, os experimentos conduzidos proporcionaram uma compreensão


aprofundada de várias reações químicas e conceitos essenciais da química, incluindo
as reações de oxirredução, também conhecidas como reações redox. No primeiro
experimento, observamos a substituição do cobre (Cu) pelo ferro (Fe) em uma equação
química, o que ilustrou a transferência de elétrons entre os reagentes. Isso ressalta a
relevância dos agentes oxidantes e redutores na compreensão das reações químicas.

No segundo experimento, a formação do íon triiodeto (I3-) a partir da reação entre o


iodeto de potássio (KI) e o iodo (I2) destacou a influência das interações moleculares,
em especial o dipolo induzido, nas reações químicas. A adição de clorofórmio e a
mudança na coloração da solução enfatizaram a complexidade das interações entre
substâncias em diferentes fases.

No terceiro experimento, a reação entre o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o


permanganato de potássio (KMnO4) na presença do ácido sulfúrico (H2SO4)
exemplificou uma reação redox complexa. Observamos o papel catalítico do ácido
sulfúrico na aceleração da reação, bem como a liberação de oxigênio gasoso (O2) e a
formação de bolhas como produtos visíveis.

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No quarto experimento, a interação entre o permanganato de potássio (KMnO4) e o
ácido clorídrico (HCl) em condições ácidas resultou na produção controlada de gás
cloro (Cl2), destacando a importância da segurança na manipulação de substâncias
tóxicas.

Nos quinto e sexto experimentos, a reação entre o cobre (Cu) e o ácido nítrico (HNO3)
permitiu observar a formação de óxido nítrico (NO), mudanças na coloração das
soluções e variações nos estados de oxidação das espécies químicas envolvidas,
exemplificando novamente o conceito de reações redox.

Esses experimentos evidenciam a aplicação prática de princípios químicos


fundamentais e destacam a complexidade e a diversidade das reações químicas. Além
disso, enfatizam a importância da segurança e da manipulação adequada de reagentes
químicos durante experimentos laboratoriais. A compreensão desses conceitos é
crucial não apenas para o entendimento da química, mas também para sua aplicação
em diversas áreas científicas e tecnológicas.

BIBLIOGRAFIA
Atkins, Peter. Jones, Loretta. Laverman, Leroy. Princípios de Química: Questionando a
Vida Moderna e o Meio Ambiente. 7º edição. São Paulo, 2018
Brown, Theodore. Química, a Ciência Central. 13 edição. São Paulo, 2016.
MIESSLER, G. L.; FISCHER, P. J.; TARR, D. A. Química inorgânica. 5. ed. São Paulo,
SP: Pearson, 2014. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em:
08 set. 2023.

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