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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Disciplina: Química Inorgânica Experimental I

Aplicações de Reações de Oxidação e Redução


Aula Prática 2

Data de realização: 28/04/2023


Data de entrega: 05/05/2023
Integrantes: Igor de Souza Pinto
João Victor Tomaz dos Santos
Júlia Larrúbia D’Angelo
Luana Medeiros Santos
Grupo 2

Professora: Juliana Fonseca de Lima

Rio de Janeiro
2023
1. INTRODUÇÃO
É possível reconhecermos as reações redox observando se os elétrons
migraram de uma espécie a outra. No caso de íons monoatômicos, a perda ou o ganho
de elétrons é fácil de identificar, porque podemos monitorar as cargas das espécies.
Por isso, quando íons Br se convertem em átomos de bromo (que formam as
moléculas de Br2), sabemos que cada íon Br perdeu um elétron e, portanto, foi
oxidado. Quando O2 forma íons óxido, O2, sabemos que o oxigênio ganha elétrons e,
portanto, foi reduzido. A dificuldade aparece quando a transferência de elétrons é
acompanhada pela transferência de átomos. O gás cloro, Cl 2, por exemplo, é oxidado
ou é reduzido quando se converte em íons hipoclorito, ClO? Os químicos encontraram
uma maneira de seguir o caminho dos elétrons atribuindo um “número de oxidação” a
cada elemento. O número de oxidação, Nox, é definido do seguinte modo:
- A oxidação corresponde ao aumento do número de oxidação.
- A redução corresponde à diminuição do número de oxidação.
Uma reação redox, portanto, é qualquer reação na qual os números de
oxidação se alteram[1].
Alguns elementos apresentam maiores variedades em termos de estado de
oxidação. Os elementos de transição (ou metais de transição) são conhecidos por
terem uma ampla variedade de estados de oxidação, muitas vezes variando de +1 a
+8. A título de exemplo, o manganês (Mn) pode ter estados de oxidação de +2 a +7
em compostos diferentes, o cromo (Cr) pode ter estados de oxidação de +2 a +6, o
ferro (Fe) pode variar de -2 a +6. No composto FeO, o Nox do ferro é -2, enquanto no
composto Fe2O3, é +3. O Nitrogênio (N) pode variar de -3 a +5 em compostos,
dependendo das condições em que ele se encontra.
Já os elementos mais comuns, como hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio
(N), flúor (F), cloro (Cl) e bromo (Br) têm estados de oxidação bem definidos. O
hidrogênio geralmente tem um estado de oxidação de +1, enquanto o oxigênio tem
um estado de oxidação de -2, e o flúor, cloro e bromo têm estados de oxidação de -1.
A variação dos estados de oxidação pode ser observada em compostos iônicos
e moleculares. Em compostos iônicos, os cátions e ânions têm estados de oxidação
definidos, enquanto em compostos moleculares, os estados de oxidação são
atribuídos a cada átomo com base nas regras da estrutura de Lewis e na distribuição
de elétrons.
Em resumo, a variedade de estados de oxidação é influenciada pela posição
do elemento na tabela periódica e pelas condições químicas específicas em que ele
se encontra. Os estados de oxidação podem variar de +1 a +8 para elementos de
transição, enquanto os elementos mais comuns geralmente têm estados de oxidação
bem definidos.
Ademais, o pH é um fator que pode influenciar a variação dos estados de
oxidação em uma reação química. Isso ocorre porque o pH pode afetar a
concentração de íons H+ e OH- na solução, que por sua vez pode influenciar a
distribuição de elétrons em uma reação.
Por exemplo, a reação de redução do permanganato de potássio (KMnO4) em
meio ácido:
8H+ + MnO4- + 5e- → Mn2+ + 4H2O
Nesta reação, o permanganato de potássio (KMnO4) é reduzido a íons
manganês (Mn2+) na presença de íons H+ em solução ácida. Se o pH da solução for
aumentar, a concentração de íons H+ diminuirá e a reação de redução do
permanganato de potássio será inibida.
Por outro lado, a reação de oxidação do dióxido de enxofre (SO2) em meio
básico:
SO2 + 2OH- → SO42- + 2e- + H2O
Nesta reação, o dióxido de enxofre (SO2) é oxidado a íons sulfato (SO42-) na
presença de íons OH- em solução básica. Se o pH da solução for diminuir, a
concentração de íons OH- diminuirá e a reação de oxidação do dióxido de enxofre
será inibida.
Em suma, o pH pode influenciar a variação dos estados de oxidação em uma
reação química, pois pode afetar a concentração de íons H + e OH- na solução, que
por sua vez pode afetar a distribuição de elétrons em uma reação. Em alguns casos,
um pH específico é necessário para que uma reação de oxidação ou redução ocorra.

2. OBJETIVOS
A prática teve como objetivo principal analisar como os diferentes estados de
oxidação de um mesmo elemento químico se alteram em resposta às mudanças nas
condições do meio reacional. Assim, avaliando a influência do pH e da força dos
agentes oxidantes ou redutores na variação do estado de oxidação de um mesmo
elemento químico.
3. RESULTADOS e DISCUSSÕES

3.1 Variação do NOX de um mesmo elemento químico

3.1.1) Manganês
Após ser preparada, em um béquer, uma solução de permanganato de potássio
(KMnO4) com água destilada, resultando em uma solução de cor roxa e, em outro
béquer, uma outra solução com 20g de açúcar, 100ml de água destilada e 30g de
hidróxido de sódio (NaOH), elas foram misturadas. Essa mistura foi feita lentamente
e com auxílio de um agitador. Pôde-se observar uma transição de cores da solução,
passando do roxo para o verde e, com o tempo, para uma cor intermediária entre
castanho/amarelo e verde e, por fim, para o castanho/amarelo, conforme pode ser
visto nas fotos abaixo:
1 2 3 4

Nesta reação, a transição de cores observadas no tubo está relacionada com


o fato de estar ocorrendo uma reação de oxirredução, na qual o permanganato de
potássio é reduzido (ganha elétrons), sendo o agente oxidante, enquanto o açúcar é
oxidado (perde elétrons), sendo o agente redutor. Visto que o açúcar é uma molécula
orgânica e esse é um curso de inorgânica experimental, iremos focar apenas nas
reações com o manganês. Nesse sentido, as semirreações de redução que ocorreram
com o manganês desde o início do experimento são, respectivamente:

1) MnO4-(aq) + e- → MnO42-(aq) Eo = +0,56V

2) MnO42-(aq) + e- → MnO43-(aq) Eo = +0,27V

3) MnO43-(aq) + H2O(l) + e- → MnO2(aq) + 4OH- Eo = +0,93V

O responsável por essas mudanças na coloração é o estado de oxidação do


manganês, o qual varia de +7 (MnO4-) para +4 (MnO2). Primeiramente, ao adicionar o
permanganato de potássio na água, íons de permanganato são liberados no meio, já
que há dissolução:
KMnO4(aq) → K+(aq) + MnO4-(aq)
Com o hidróxido de sódio (NaOH), também ocorre uma dissociação, liberando
íons sódio (Na+) e hidroxila (OH-) no meio:
NaOH(aq) → Na+(aq) + OH-(aq)
Por fim, o açúcar (C12H22O11) é um composto orgânico e molecular, então ele
não sofre dissociação. No entanto, a presença dos íons provenientes do hidróxido de
sódio faz com que ele libere elétrons para o meio.
Dessa forma, os íons de permanganato recebem elétrons e são reduzidos a
íons manganato (MnO42-), em que o manganês apresenta um nox +6, sendo esse o
responsável pela coloração esverdeada, que pode ser vista na foto 2 dessa seção do
relatório. Pela análise do potencial-padrão de redução conclui-se que essa reação
realmente tem tendência a ocorrer. Em seguida, o íon manganato (MnO42-) é reduzido
ao íon hipomanganato (MnO43-), em que o manganês tem nox +5. Porém, esse não é
um composto estável, que tende a se desproporcionar em manganato e dióxido de
manganês, por isso a coloração da solução fica um intermediário entre essas duas,
conforme pode ser visto na foto 3 dessa seção do relatório. Por fim, o íon
hipomanganato (MnO43-) recebe mais elétrons até reduzir para dióxido de manganês
(MnO2), o qual possuí um nox +4 e é o responsável pela última colocação observada,
o castanho/amarelo, que pode ser vista na foto 4 dessa seção do relatório.
Todas essas reações ocorreram em meio básico devido à presença do
hidróxido de sódio. Essa informação é essencial para entender o ocorrido na aula
prática, pois a adição de NaOH à uma solução com os íons Mn2+ forma um precipitado
gelatinoso rosa pálido que se torna marrom escuro à medida que se oxida a MnO2[2].
Ou seja, em meio básico não são formados os íons Mn 2+. Isso pode ser explicado
analisando o diagrama de Latimer abaixo, retirado do livro “Química inorgânica não
tão concisa”, correspondente a referência [2] desse relatório:
Com o diagrama pode-se perceber que, ao analisar o potencial-padrão de
redução em meio alcalino, não há tendência em formar íons Mn2+.

3.1.2) Vanádio
Após adicionar ácido sulfúrico diluído (H2SO4) a 8mL de solução de
ortovanadato de sódio (Na3VO4) até observar alteração na coloração, separou-se essa
solução em 4 tubos de ensaio com cada um contendo, em torno de, 2mL. Em seguida,
manteve-se uma porção como controle e, às demais, adicionou-se zinco em pó (Zn),
alterando a quantidade de zinco em cada tubo e observando-se as variações de
coloração. As variações de coloração são decorrentes da variação de nox do Vanádio.
Pode-se afirmar que a reação que ocorreu nos tubos foi de oxirredução, uma
vez que o Vanádio reduziu, sendo um agente oxidante, e o zinco oxidou, sendo um
agente redutor. O ácido sulfúrico foi acrescentado à solução para garantir que o meio
em que as reações ocorressem fosse ácido.
Primeiramente, ao adicionar gradualmente um ácido e abaixar o pH, ele é
protonado e se polimeriza, formando um grande número de isopoliácidos diferentes
em solução. Os oxoíons se polimerizam formando dímeros, trímeros e pentâmeros.
E, quando a solução se tornar ácida ocorrerá a precipitação do óxido hidratado,
V2O5(H2O)n. Caso a concentração do ácido seja aumentada progressivamente, este
se dissolve formando diversos íons complexos, até, finalmente, formar o íon dióxido
vanádio, VO2+[2]. Esse processo pode ser visto na imagem abaixo retirada do livro
“Química inorgânica não tão concisa”, correspondente a referência [2] desse relatório:

Sabendo do que foi dito anteriormente, é importante ressaltar que o íon


dioxovanádio tem coloração amarela pálida, que foi a coloração do controle. Ao
adicionar uma pequena porção de zinco (Zn), a seguinte reação ocorre:
VO2+(aq) + e- → VO2(aq)
Ao ocorrer essa redução, em que o nox do vanádio vai de +5 a +4, em meio
ácido, o VO2 forma soluções azuis, conforme foi visto em laboratório, contendo o íon
oxovanádio(IV) VO2+, também conhecido como íon vanadila.
VO2+(aq) + 2H+ + e- → VO2+(aq) + H2O Eo = 0,991V
Em seguida, com mais adição de zinco, o vanádio é reduzido
novamente, dessa vez com o nox indo de + 4 para +3, que apresenta
coloração verde, conforme pode ser visto na imagem ao lado. A reação
ocorre conforme a seguir:
VO2+(aq) + 2H+ + e- → V3+(aq) + H2O Eo = 0,34V
Por fim, o V3+ é reduzido novamente, indo a V2+:
V3+(aq) + e- → V2+(aq) Eo = -0,26V
É importante ressaltar, para finalizar, que em ácidos o V2+ forma uma solução
violeta de íons [V(H2O)6]+. Essas soluções são fortemente redutoras e são facilmente
oxidadas tanto pelo ar como pela própria água, conforme pode-se perceber até pelo
potencial-padrão de redução. Nesse sentido, a solução violeta facilmente se torna
verde, devido à sua oxidação a [V(H2O)6]3+ e, por isso, foi a coloração mais difícil de
se obter durante o experimento.

3.2 Síntese de nanopartículas magnéticas


Após dividir-se o volume total de uma solução já preparada com um punhado
de palha de aço e ácido acético em duas frações, mantendo em um béquer um terço
dessa solução e adicionando a ele água oxigenada (H2O2) até ocorrer mudança de
coloração, do amarelo para o vermelho, indicando que ocorreu uma oxidação dos íons
de Ferro de +2 para +3 e, colocando em outro béquer, os outros dois terços dessa
mesma solução, misturou-se as duas soluções (a imagem 1 mostra as duas soluções
antes de serem misturadas). Em seguida, foi introduzido certa quantidade de hidróxido
de sódio concentrado (NaOH) até a solução ficar com uma coloração preta (imagem
2).

Foto 1 Foto 2
Ao observar a solução final, com a ajuda de um ímã, notou-se que ela era
atraída magneticamente. Isso ocorre de acordo com a seguinte reação:
Fe2+(aq) + 2Fe3+(aq) + 8OH-(aq) → Fe3O4(s) + 4H2O(l)
Nesta reação, a magnetização observada da magnetita (Fe3O4) é resultado da
interação entre os elétrons dos íons de ferro presentes na sua composição, Fe 2+ e
Fe3+, com um campo magnético externo. A presença desses íons na magnetita é
devido a sua composição química, uma vez que a estrutura real do Fe3O4 é formada
a partir da mistura de FeO e Fe2O3. Isso faz com que ela possua essa característica
magnética, visto que é a mistura desses íons que é responsável por essa
magnetização, já que esses íons quando separados não apresentam essa
característica. Nesta interação, por causa do desemparelhamento dos elétrons nos
íons de ferro possuírem momento magnético, que é resultado do spin e do momento
angular orbital dos elétrons, quando esses elétrons são alinhados em um campo
magnético, ocorre a magnetização da magnetita. Dessa forma, cada íon de ferro da
magnetita possui um momento magnético associado a seus elétrons de valência, por
isso a diferença no número de oxidação dos íons de ferro na magnetita é importante,
influenciando nas suas propriedades magnéticas. Quando um campo magnético
externo é aplicado ao material, esses momentos magnéticos tendem a se alinhar ao
longo da direção do campo externo, resultando em uma magnetização total do
material. A imagem abaixo mostra como um imã afeta o sistema:

4. CONCLUSÕES
Observou-se, portanto, que, na reação 1, a influência do meio afeta a oxidação
e redução de moléculas e, nesse caso em específico, o meio básico tendeu para a
redução do permanganato. A partir disso, notou-se tendencias de espontaneidade
desses estados e, logo, com um potencial padrão positivo, os processos vistos
favorecem para uma energia livre de Gibbs negativa. Isso caracteriza um processo
espontâneo. Mas não significa que todos são estáveis, uma vez que o Mn 5+ se
desproporciona. Nesse sentido, o mesmo pode ser discutido para o vanádio, com
exceção do Vn2+, já que seu potencial padrão negativo favorece uma energia livre de
Gibbs positiva. Por fim, o magnetismo encontrado na molécula de magnetita ocorre
graças a distribuição de seus elétrons, dessa forma, essa molécula pode ser
denominada paramagnética.

5. REFERÊNCIAS
[1] ATKINS, P.; JONES, L.; Princípios de Química, questionando a vida moderna e o
meio ambiente; 5ª Ed, Bookman Companhia Ed., 2011

[2] LEE, J. D. Química inorgânica não tão concisa / LEE, J. D.; tradução da 5ª ed.
Inglesa: Henrique E. Toma, Koiti Araki, Reginaldo C. Rocha - - São Paulo: Edgard
Blucher, 1999

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