A inserção de acesso venoso periférico (AVP) constitui um dos principais
procedimentos invasivos realizados em instituições hospitalares. Dentre as complicações mais frequentes relacionadas a este procedimento, estão a saída acidental, obstrução, flebite, até complicações mais graves como tromboflebite, infiltração, extravasamento, embolia e infecção de corrente sanguinea. 1
A incidência de lesões por infiltração/extravasamento varia de 0,1% a 6% em
pacientes adultos e até 11% em pacientes pediátricos dependendo da característica do paciente e do tipo de medicamento. Felizmente, a maior parte destas lesões podem ser evitadas com técnica adequada de inserção do acesso venoso periférico e adoção de medidas preventivas. Se a infiltração/extravasamento ocorrer, o pronto reconhecimento, o tratamento adequado e rápido podem impedir o desenvolvimento da lesão tecidual.2
A infiltração e o extravasamento são complicações que envolvem a fuga acidental
de uma solução ou fármaco para o tecido circundante do vaso. A diferenciação está no tipo de medicamento, o extravasamento é a administração inadvertida no espaço extravascular de medicamento vesicante e a infiltração é a administração inadvertida no espaço extravascular dos demais tipos de medicamentos inclusive os irritantes. 3
Geralmente a infiltração requer apenas observação e controle dos sintomas locais,
pois envolvem medicamentos que causam irritação tecidual e inflamação, mas raramente resultam em danos nos tecidos. Entretanto na dependência da quantidade de medicamento infiltrado, pode causar lesões nervosas, edema, celulite local e síndrome compartimental aguda do membro resultando em incapacidade a longo prazo. 4
O extravasamento, que é o resultado da administração inadvertida de
medicamentos vesicantes no espaço extra vascular, é caracterizado pela capacidade de produzir lesões teciduais graves (pele, tendões e músculo). A severidade da lesão está diretamente relacionada ao tipo de medicamento, concentração e o volume do fluido extravasado para o tecido subcutâneo.4,6 Devido ao tipo de medicamento envolvido pode provocar danos graves no tecido local, resultando em cicatrização demorada, infecção, necrose, deformação, perda de função e até mesmo amputação.7 O extravasamento de um medicamento vesicante produz dor imediata, lesões bolhosas podem surgir após alguns dias e a necrose é vista dentro de semanas.3,4,5
Para mais informações consulte a Diretriz assistencial: Cuidados na
administração de medicamentos vesicantes e irritantes não antineoplásicos em acesso venoso periférico, elaborada pelo grupo de acessos vasculares da instituição com validação da CFT, no Qualidoc. Segue a lista destes medicamentos abaixo: Medicamentos Vesicantes - ADULTO 2018 Medicamentos Vesicantes - PEDIATRIA 2018 Medicamentos Irritantes - 2018
Referâncias:
1. Saini R, Agnihotri M, Gupta A, Walia I. Epidemiology of infiltration and phlebitis.
Nurs Midwifery Res J. 2011; 7(1):22-33 2. Reynolds P.M. et al. Management of Extravasation Injuries: A Focused Evaluation of Noncytotoxic Medications. Pharmacotherapy: The Journal of Human Pharmacology and Drug Therapy, 2014. 3. Hadaway L. Infiltration and extravasation. Am J Nurs. 2007;107:64–72 4. Dougherty L. IV therapy: recognizing the differences between infiltration and extravasation. Br J Nurs. 2008 Jul 24-Aug 13;17(14):896, 898-901. 5. Complications of peripheral I.V. therapy. Nursing made Incredibly Easy. January/February. 2008