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IPV. Escola Superior de Saúde de Viseu.

FARMACOLOGIA
1º ano 2º semestre
IPV. Escola Superior de Saúde de Viseu. 2023

1 – O enfermeiro e a disciplina de farmacologia


• A administração de medicamentos é uma das maiores responsabilidades dos enfermeiros.
• Qualquer fármaco pode ser prejudicial se administrado incorrectamente (erros
terapêuticos) ou pelas reacções adversas que podem originar.
• O enfermeiro tem responsabilidades
• Na preparação
• na administração,
• na vigilância do tratamento,
• na compreensão dos efeitos da droga,
• na “educação” do doente e
• na observação das respostas do utente
• Deve estar familiarizado com as reações adversas e ter os conhecimentos necessários para
prevenir, detetar e transmitir a informação sobre o sucedido
• Nos doentes internados é o enfermeiro que está mais tempo com o doente, muitos deles
estão dependentes e por isso tem maior responsabilidade.
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1.1 – Conhecer dados relativos à droga


– Os dados sobre as drogas por vezes são complexos e o enfermeiro deve atualizar-
se sobre esses dados e sobre a tecnologia envolvida na administração das
mesmas.
– Antes de administrar um fármaco é indispensável ter conhecimento das reações
adversas e efeitos laterais e, se estas surgirem, saber quais as medidas a tomar.

– Reações relacionadas com a Posologia (dose excessiva):


– Não considerar as medidas corporais do doente (ex: caquexia, idoso ou
debilitado);
– Não avaliar as características da distribuição do fármaco (ex: alguns não
penetram bem no tecido adiposo; diferenças entre o peso ideal e o actual);
– Não avaliar a capacidade de excreção/metabolismo (ex: insuficiência renal
ou hepática por doença ou idade do doente);
– Aumento de sensibilidade a um fármaco por outra doença (ex:
hipotiroideus são mais sensíveis à digoxina
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– Outro tipo de reações relacionadas com administração fármacos


– Efeito Laterais - relacionadas ao próprio mecanismo de ação do fármaco
– Efeitos Colaterais imprevisíveis - idiossincrasia, alergias,
hipersensibilidade

– Podem também ocorrer reações como consequência de adição de outro(s)


fármaco(s) levando a interações medicamentosas - potenciando ou anulando
a ação ou incompatibilizando-os.

– O enfermeiro deve ter conhecimentos em farmacocinética e farmacodinamia,


vias de administração, absorção e efeitos laterais e colaterais.
– Esta atualização deve ser constante tendo em vista a grande proliferação de
produtos farmacêuticos disponíveis no mercado, similares entre eles e
substituição de uns por outros, bem como interações
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1.2 – Conhecer dados sobre o cliente


– Existe variabilidade pessoal de resposta às drogas e o enfermeiro pode descobrir
precocemente certos perigos se tiver conhecimento da história do paciente
– É útil obter dados sobre a história do doente que inclua questões relacionadas
com a ingestão de fármacos de venda livre, os hábitos alimentares e sociais
(tabágicos, alcoólicos, drogas), bem como reações conhecidas (alérgicas ou
outras).
– As mesmas drogas podem causar diferentes respostas em clientes diferentes e
até no mesmo indivíduo em diferentes ocasiões:
– Estas variações podem dever-se a
– factores genéticos, psicológicos, ambientais, stress e a variações fisiológicas
- como sejam o sexo, idade (crianças/idoso), peso, condições emocionais
(comportamento do técnico de saúde que administra) e a outras patologias
associadas.
– O exame físico revela ainda a incapacidade para se “automedicar”, e identificar o
grau de dependência da família.
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1.3 – Diagnósticos de enfermagem


Ex: diagnósticos de enfermagem relacionados com administração de terapêutica
SITUAÇÃO DIAGNÓSTICOS
1 - Condições do paciente para 1. Dificuldade na percepção sensorial
autoadministração 2. Alteração na mobilidade física
3. Deficit conhecimentos relacionado com regime terapêutico
2 - Via de administração 1. Alteração da mucosa oral
2. Alteração nas eliminações
3. Alteração no nível de consciência
4. Déficit na deglutição
3 - Adesão ao tratamento 1. Ansiedade
2. Déficit de conhecimento sobre o fármaco
3. Não adesão ao regime terapêutico
1. Risco de dependência às drogas para a dor
2. Risco de intolerância relacionada com história familiar
4 - Uso do fármaco 3. Risco de traumatismo (efeitos colaterais de sedativo)
4. Alteração da percepção sensorial visual
5. Risco de alteração da eliminação vesical (efeito colateral)
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1.4 – Planeamento das ações e Prevenção de erros


– ERROS DE MEDICAÇÃO – Uma realidade a evitar!
– Ao longo do processo terapêutico há vários intervenientes que devem ter uma função
importante na PREVENÇÃO e DETEÇÃO de erros e no registo de efeitos que possam ocorrer
como consequência
– O erro de medicação pode ser definido como uma falha no processo de tratamento que
origina, ou tem o potencial de originar, dano ao doente;
– Tais eventos podem ser relacionados com
– a prática profissional, produtos, procedimentos, incluindo a prescrição, pedidos,
rotulagem dos produtos, produto deteriorado/expirado, embalagem e nomenclatura,
composição e produção do medicamento, dispensa, distribuição, preparação,
administração, monitorização da terapia e utilização
Existem várias categorias de erros de medicação sendo que há eventos adversos potenciais que
são erros de medicação que podiam ter causado dano, mas não chegaram a causar, porque foi
intercetado antes de chegar ao doente
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ERROS DE MEDICAÇÃO – Uma realidade a evitar!


Categorias de erros de medicação (Adaptado de NCC MERP (2014)

Tipo de erro Categoria DESCRIÇÃO


Erro potencial A Circunstâncias ou eventos que podem originar erro

B Ocorreu um erro, mas não atinge o doente

Erro inóquo C Ocorreu um erro que chega ao doente, mas não ocorre dano (foi inofensivo)

D Ocorreu um erro que chega ao doente e é necessária monitorização para confirmar que
não houve dano e/ou é necessário intervenção para excluir dano, mas foi inofensivo).
E Ocorreu um erro que causou dano temporário ao doente, sendo necessário intervenção

F Ocorreu um erro que causou dano temporário ao doente, sendo necessário


hospitalização ou prolongamento da hospitalização
Erro nocivo
G Ocorreu um erro que causou em dano permanente ao doente

H Ocorreu um erro que resultou num evento grave que quase causou a morte

Erro com morte I Ocorreu um erro que resultou na morte do doente


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– Os erros de medicação podem ser resultado de vários fatores, os quais podem


ser divididos em quatro categorias principais:

– Erro humano (má prática, falta de conhecimentos, stress, fadiga,


inexperiência, falhas de comunicação),
– Má organização (prescrições ilegíveis, inexistência ou existência
incompleta de normas orientadoras para a utilização de fármacos, falta de
recursos humanos),
– Factores técnicos (não informatização)
– Fatores ambientais (condições para a preparação da medicação, distracção
e interrupções, as mudanças de turno, as transferências dos doentes)

– A maioria dos erros de medicação ocorrem na fase de prescrição e preparação


de medicamentos para administração e os mais comuns estão relacionados com
a dose, horário, via de administração e configurações das bombas de infusão
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1) - Na transcrição

– Abreviaturas de fármacos e prescrições doses (a evitar ex. cc com U, µg com mg)


– Indicações ambíguas (ex. ao almoço – antes?, durante?, após?)
– Posologias (usar doses em vez de 1 comprimido, ou ½ comprimidos
– Atenção aos decimais pelo risco de poder multiplicar a dose por dez (colocar
sempre o zero à esquerda da virgula em números inferiores a 1 (ex: 0,3) e não colocar zeros à direita (ex:
5,0) pelo perigo de confundir com 50)
– O nome do fármaco deverá ser genérico e não comercial (Med LASA ver adiante)
– As prescrições fornecidas verbalmente ou por telefone devem passar a escrito
o mais rapidamente possível e ao ser dadas devem ser confirmadas
– Qualquer medicação que pareça não fazer sentido (pelo nº de comprimidos,
pelo volume de injetável ou para um problema que o doente não sofre), deve
ser confirmada
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2) - Na preparação / administração (espec. Internamento)

– Verificar se há defeitos nos produtos (cápsulas perfuradas, injetáveis turvos, soluções com sedimentos
– Manter a medicação etiquetada no armazenamento e depois de preparada;
– Controlar temperatura do frigorífico caso haja no serviço
– Administrar drogas prescritas de acordo com as necessidades do paciente e com as
normas e protocolos/procedimentos institucionais
– Se prescrição incompleta ou duvidosa esclarecer previamente;
– Consultar guias/folhetos informativo em caso de dúvida e/ou outros profissionais
– Utilizar local adequado para preparar medicação
– Utilização de sinais “Não interromper - Zona de preparação de medicamentos”, a
triagem e limitação de telefonemas durante a preparação e administração de
medicamentos e a utilização de coletes que evidenciam que a enfermeira não deve
ser interrompida;
– Os cálculos relacionados com os fármacos se necessário confirmar com colega –
dupla verificação
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2) - Na preparação / administração (espec. Internamento)

– Estar familiarizado com dispositivos de administração antes de os utilizar (ex: bombas de perfusão,
sistemas de soros, inaladores,
– Fazer os registos da administração ou da não administração
– Monitorizar as respostas ao fármaco incluindo a presença de reações adversas
– Garantir segurança para o doente. 5 CERTEZAS:
– DOENTE certo
– DROGA certa
– DOSE certa
– HORA certa,
– VIA certa
– E ainda: REGISTO certo; DURAÇÃO administração certa e SEQUÊNCIA certa(em algumas
situações)
– Ensinar doentes e familiares e dar informação escrita
– Não deixar medicação junto dos doentes OU Preparar o doente para a auto administração e
envolver a família
– Conhecer e respeitar os princípios do código deontológico de enfermagem no que respeita à
administração de fármacos.
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1.5 – Implementação das ações e Avaliação de resultados


– Deve ter atenção especial no ato de interagir com o doente no momento da
administração e deve fazer registos corretos e completos.
– Os doentes devem estar informados sobre a droga, podem recusá-la, têm o
direito de receber terapêutica medicamentosa por pessoal qualificado e darem
a sua anuência para serem objeto de pesquisa.
– Deve registar a resposta à medicação pelo que deve conhecer a droga e
desenvolver a sua capacidade de observação. Deve monitorizar as respostas ao
fármaco (efeitos terapêuticos) sem esquecer a presença de reações adversas
(laterais ou colaterais).
– O enfermeiro, tal como o médico e o farmacêutico, constituem a espinha dorsal
dum sistema mundial de farmacovigilância.
– O enfermeiro deve cooperar na “educação” do doente acerca do cumprimento
de doses, de horários e do modo de administraçã.o

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