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INVERNO 2013
Nº 285 – R$ 10,00
Como é comum nos artigos do nosso Imperator, Frater Christian Bernard, eles vêm pre-
enchidos de profunda reflexão mística e nos ensinam a ver aspectos que até então não
nos pareciam tão claros. Nesta edição ele fala do Espaço Sagrado, ressaltando a impor-
tância do corpo, da doação de si mesmo, do nosso planeta, do nosso Sanctum particular
e nos convida a sermos canalizadores das forças do Bem. Diz: “o templo do Universo,
o templo da Terra e o templo da Vida são uma e só coisa – o Templo do Homem.”
Diálogo imaginário com Sócrates, do Frater Ademir Vieira dos Santos, supõe uma
entrevista com o filósofo ateniense abordando temas antropológicos em busca da
Sofia. Leve e agradável, nos leva à reflexão de um pensador ímpar.
Compatibilidades – A Soror Judy Child nos traz neste artigo ideias e informações
para melhor conduzir nossos relacionamentos, com benefícios imediatos e
de natureza prática. Recomenda: “Conscientize-se de que à medida que seus
relacionamentos se harmonizam, você cresce e se modifica”.
Crianças e brinquedos. Este artigo, do Frater Jean Berry Kosht, embora date de
1930, está atualíssimo e serve de orientação para pais, mães e professores.
Como controlar o mau humor – foi perguntado ao Fórum Rosacruz, que respondeu
advertindo: “Nunca se entregue a um momento de mau humor. Cultive uma
vibrante força de tranquilidade e irradie bondade e compreensão, mesmo em
meio à agitação. Quando estiver prestes a perder o autocontrole, recolha-se ao seu
âmago, diga e repita, com convicção: paz, paz, paz…
Por fim, comunico aos nossos Fratres, Sorores e visitantes que o Portal da
AMORC na Internet está em fase de acabamento e, portanto, ainda contém muitas
coisas para serem ajustadas, mas isto faz parte do processo. Contamos com a
compreensão de todos.
Desejo aos nossos membros muita Paz, Alegria e Harmonia para a consecução dos
seus mais acalentados projetos de natureza espiritual e material.
Sincera e Fraternalmente!
AMORC-GLP
nesta edição
06 O espaço sagrado
Por CHRISTIAN BERNARD, FRC – Imperator da AMORC
26 Compatibilidades
Por JUDY CHILD, SRC
28 Paracelso, o rosacruz
Por RAYMUND ANDREA, FRC
16
35 eterna busca
Por PEDRO HENRIQUE ASSUNÇÃO DA SILVA MARTINS, FRC
36 sentinelas de bem-aventurança
Por HILTON NEVES FILHO, FRC
40
Por SERGE TOUSSAINT – Grande Mestre da Jurisdição de Língua Francesa
46 Crianças e brinquedos
Por JEAN BERRY KOSHT, FRC
52 O poder da palavra
Por CRISTINA MARIA POMPEU PUMAR, SRC
52
4 O ROSACRUZ · INVERNO 2013
O Rosacruz é uma publicação trimestral
Propósito da da Jurisdição de Língua Portuguesa da
Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis. As
Ordem Rosacruz demais jurisdições da Ordem Rosacruz
editam uma revista do mesmo gênero:
A Ordem Rosacruz, AMORC é El Rosacruz, em espanhol; Rosicrucian
uma organização internacional de Digest e Rosicrucian Beacon, em inglês;
caráter templário, místico, cultural
Rose+Croix, em francês; Crux Rosae, em
alemão; De Rooz, em holandês; Ricerca
e fraternal, de homens e mulheres
Rosacroce, em italiano; Barajuji, em
dedicados ao estudo e aplicação japonês e Rosenkorset, em línguas nórdicas.
prática das leis naturais que regem Seus textos não representam a palavra oficial da AMORC,
o universo e a vida. salvo quando indicado neste sentido.
O conteúdo dos artigos representa a palavra e o pensamento dos pró-
Seu objetivo é promover a evolu- prios autores e são de sua inteira responsabilidade os aspectos legais e
ção da humanidade através do de- jurídicos que possam estar interrelacionados com sua publicação.
senvolvimento das potencialidades Esta publicação foi compilada, redigida, composta e impressa na Ordem
de cada indivíduo e propiciar ao Rosacruz, AMORC – Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa.
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oferece um sistema eficaz e com- n editor: Mercedes Palma Parucker, SRC – MTb-580
provado de instrução e orientação n Colaboração: Estudantes Rosacruzes e Amigos da AMORC
para um profundo autoconheci- n assinaturas: Ligue para (0xx41) 3351-3060
mento e compreensão dos proces- 1 ano: R$ 44,00 – 2 anos: R$ 77,00 – exemplar: R$ 10,00
sos que conduzem à Iluminação.
Essa antiga e especial sabedoria
foi cuidadosamente preservada
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possui, além do aspecto filosófico
do autor cedendo os direitos ou autorizando a publicação.
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Tel (41) 3351-3000 / Fax (41) 3351-3020
www.amorc.org.br astrólogo e ocultista. Ilustração de autoria de Peter Paul Rubens.
O
espaço, tal como é definido na maioria dos livros de consulta, é a extensão infinita
que separa e envolve os objetos. Essa extensão é a origem das três dimensões que
o homem pode perceber e que, como sabemos, são o comprimento, a largura e a
altura, que por vezes comparamos com a espessura. Do ponto de vista místico, o
espaço não é verdadeiramente um dado material. Antes, é produto da consciência humana,
mais particularmente de sua fase objetiva. Ora, a consciência é um atributo da alma. Por
consequência, tem natureza imaterial. Em vista disso, somos obrigados a reconhecer que o
mesmo se aplica ao espaço, ou seja, que ele é imaterial no absoluto. O erro dos homens é tentar
dominá-lo por meio de instrumentos materiais.
M
O
S.C
TO
O
PH
©
“ terra humanitas
que una sunt.
”
“Terra e humanidade são apenas uma”
– Extraído da “Exortação Rosacruz
para uma Ecologia Espiritual”
© PHOTOS.COM
considerado o que existe de mais sagrado,
podemos deduzir que o homem é na Terra a
manifestação mais nobre desse sagrado.
Assim, o misticismo e a lógica nos im- Digo “menos impassíveis” porque, além do
pelem a afirmar que o espaço sagrado é, de caos aparente que ultimamente perturba nos-
início e acima de qualquer coisa, o próprio so mundo, as obras humanitárias em prol dos
homem. Mas ser sagrado não significa ter mais carentes nunca foram tão numerosas.
consciência do sagrado. Para nos convencer- Isso acontece porque as influências cósmicas
mos disso, basta ver a que ponto o homem da Era de Aquário se fazem sentir cada vez
é pouco cuidadoso com seu corpo e pouco mais. Essa Era deve testemunhar a idade de
respeitoso com o corpo dos outros. A maio- ouro do Conhecimento, da fraternidade e
ria das doenças é a prova viva dessa falta de da paz entre os povos. Devemos todos nos
cuidado e respeito. Se todos os homens de interessar por essa perspectiva e oferecer nos-
nossa Terra estivessem plenamente conscien- so apoio espiritual a todos os caminhos que
tes de que o corpo é o templo da alma e de nossos contemporâneos escolham para acor-
que, por isso, é o que eles possuem de mais rer em auxílio dos que têm necessidade e que
sagrado, eles o respeitariam muito mais e sofrem no corpo de uma ausência que sua
ficariam menos impassíveis diante daqueles alma busca preencher, orando mais ao Deus
que nada têm para comer, beber e se aquecer. da morte que ao Deus da vida. É verdade que
”
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muito mais…
“ Para os
rosacruzes, o
sanctum é sem
dúvida o espaço
mais apropriado
para criar no
invisível causas
Sanctum que terão os
do Dr.
Harvey
Spencer
efeitos mais
Lewis
positivos no
visível.
”
para irradiarmos as alegrias interiores que experimentos regulares que a AMORC pro-
recebemos quanto para rogar ao Cósmico a põe aos seus Membros lhes dá a cada dia a
ajuda necessária para a resolução de todos oportunidade de se retirarem para seu Sanc-
os problemas. Ora, o Sanctum é um lugar tum em proveito de outrem. Seja como for,
privilegiado em ambos os casos, pois, devido se admitimos que o respeito pelos outros é
ao que ele representa, favorece a projeção de sagrado, o mesmo respeito deve provir deles.
nossos pensamentos e a recepção das ideias Em outros termos, não podemos, não temos
mais inspiradoras. o direito de permanecer insensíveis ao sofri-
Mas nossa presença no Sanctum não deve mento físico ou moral de outros.
se limitar a agradecer a Deus pelas bênçãos As sociedades modernas, em sua maneira
que nos concede, a buscar a solução de nos- de tratar a atualidade, banalizaram os dra-
sos problemas ou aperfeiçoar nossa própria mas da existência humana. Em virtude deste
evolução intelectual e espiritual. Ela também fato, as pessoas ficaram habituadas a ver e
se impõe no sentido do bem-estar dos ou- ouvir o sofrimento de seus irmãos. Quando
tros. Em outras palavras, devemos nos diri- o sequestro de um avião provoca a execução
gir ao Sanctum regularmente, para meditar de vários passageiros, quando um atentado
e orar por todos que sofrem em seu corpo causa a morte de dezenas de pessoas, quando
ou em sua alma e que têm necessidade de ser fanáticos assassinam centenas de cidadãos
cosmicamente auxiliados. Neste sentido, os em nome de Deus, quando guerras de in-
“
Deus de nosso coração para que preste auxí-
… o espaço lio à criança sequestrada e solicitar para ela
sagrado do homem o apoio das forças espirituais que só esperam
ser canalizadas. Imaginemos o poder consi-
se dimensiona pela derável que podem representar milhares de
pessoas, num mesmo lapso de tempo, foca-
visão que ele tem lizando pensamentos positivos nesse aconte-
cimento! O dever dos místicos, nosso dever,
de sua própria é exatamente o de agir dessa forma, cada
natureza e do vez que uma tragédia acontece em qualquer
parte do mundo. Quero dizer com isso que,
papel que ele deve a partir do momento em que sejamos infor-
mados de uma situação em que a integridade
desempenhar no física ou moral de alguém esteja ameaçada,
devemos imediatamente agir espiritualmen-
plano do conjunto te, apelando para as forças do Bem, a fim de
da Criação…
”
que neutralizem a causa e a expressão do mal
de que somos testemunhas.
É comum ouvirmos as pessoas dizerem
que, se Deus existisse, não permitiria os
teresse fazem milhares de mortos, quando horrores que diariamente acontecem. O que
o apocalipse nuclear pesa sobre milhões de elas não compreendem é que Deus, como
pessoas, quando as forças das trevas preva- essência e energia que é, tem uma natureza
lecem sobre as forças da Luz, que faz a maio- fundamentalmente construtiva, mas cabe ao
ria? Assiste e escuta as notícias, indigna-se homem manifestar os seus poderes. Por ana-
momentaneamente e depois volta a pensar logia, a Terra contém em potencial todos os
em seus próprios problemas. Comportam- elementos que permitem a germinação dos
-se todos como espectadores da informação vegetais. Mas numa horta os legumes não po-
e consideram que são impotentes diante dos dem crescer a não ser que os plantemos, eli-
acontecimentos trágicos que são reportados. minemos as ervas daninhas para que não os
Nada disso é verdadeiro. sufoquem, e cuidemos de seu crescimento. O
Estou certo de que muitos dramas da atu- mesmo acontece nos assuntos humanos. De-
alidade poderiam ser evitados, ou pelo me- vemos agir para canalizar o potencial positi-
nos ter uma solução melhor, se todos os que vo que o Cósmico coloca à nossa disposição,
recebem essas informações se permitissem pois se nada fizermos ou permanecermos
assumir uma atitude mental positiva com impassíveis, a ausência do bem é que se ma-
relação ao acontecimento em questão. Por nifestará. É por esta razão que a passividade e
exemplo, quando uma criança é sequestrada, a omissão são os melhores servidores do mal.
de nada adianta nos indignarmos, especu- Para os rosacruzes, o Sanctum é sem
larmos sobre a identidade do sequestrador dúvida o espaço mais apropriado para criar
ou imaginarmos hipóteses sobre o desfecho. no invisível causas que terão os efeitos mais
Esse tipo de atitude serve apenas para nutrir positivos no visível. É verdade que pode-
o processo invisível que tornou possível o mos invocar, visualizar, meditar e orar em
fato. Penso que é de muito mais valia orar ao qualquer outro lugar, mas é na atmosfera
e seus pais?
Meu pai chamava-se Sofronisco, era escultor e trabalhou com Fídias, decorador de
edifícios em Atenas.
A minha mãe chamava-se Fenarete, reconhecida por ser hábil parteira da cidade. A
nossa casa situava-se num distrito sossegado e confortável, tínhamos uma horta com
muitas árvores frutíferas e muitas oliveiras.
Tínhamos como vizinhos Aristides, Tucídides e Críton, que foi um grande amigo.
e Xantipa?
Minha esposa… casamos quando eu tinha 56 anos, já gordo e corpulento. Era um
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sr. sócrates, ocorre-lhe a lembrança de algum fato inusitado ou muito importante que
influenciou nas suas escolhas?
Sim. Por volta dos 38 anos de idade passei por uma crise interior… Certo dia fui visitar o
templo de Apolo, em Delfos, onde estava escrito a máxima: “Conhece-te a ti mesmo”…
e…
A partir daí centrei meu pensamento e pesquisas no homem e não mais no cosmo.
Por quê?
O conhecimento de si mesmo e a dúvida, o questionamento, preparam-nos para o nosso
encontro maior, no qual encontramos o caos doloroso ou a felicidade…
O senhor percebe ainda hoje, em nossos tempos modernos, a influência das suas
pesquisas e descobertas?
Talvez no Direito, na Filosofia, na Psicanálise, na Psicologia, na Psiquiatria, nos livres
pensadores… Outros?
tampouco a verdade… como a parteira Referência: Brazil, Stella Telles Vital – A Divina
Filosofia Grega, Curitiba, AMORC, 1989; Claret,
ajudo, mas é você quem deve dar à luz Martin – O Pensamento Vivo de Sócrates, São Paulo.
os seus desejos… 4
Eternos princípios do
ocultismo
Lição 1
raLPH M. LewIs, FrC*
“ O ocultista é
alguém que tem uma convicção íntima que
existem princípios construtivos no universo,
que são as causas de muitas das assim chama-
das coisas misteriosas, que existem além do
alguém que tem uma
raio de ação de nossos sentidos normais. Ele convicção íntima que
crê que nós não podemos discerni-las de ma-
neira objetiva e que elas devem ser buscadas existem princípios
em outros reinos da experiência humana.
Através dos séculos, o ocultismo desen-
construtivos no
volveu suas próprias ciências. É – digamos universo, que são
– obrigatório que o ocultismo assim o fizesse,
pois ele estava procurando algo com o que a as causas de muitas
ciência física não poderia ajudar a esclarecer,
ou realizar. As ciências ocultas, portanto,
das assim chamadas
foram, a princípio, ridicularizadas pelos cien- coisas misteriosas,
tistas físicos. Elas foram consideradas fantás-
ticas, absurdas; seus resultados, como estan- que existem além
do fora dos limites da razão; e elas, então, não
deveriam ser levadas em conta. Acontece,
do raio de ação
entretanto, que as próprias ciências ocultas, de nossos sentidos
”
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Os primeiros
O ocultista procurava investigar a verdade
de suas afirmações, não importando quão ocultistas
heterodoxas pudessem ser. O ocultismo, Talvez a história mais antiga do Egito, uma
além do mais, proporcionou os experimen- história escrita por aquele povo, e tomada das
tos de hipnotismo de Mesmer, numa época traduções dos hieróglifos, em suas próprias
em que isto era considerado magia negra. fontes secretas, é a história escrita por Ma-
As demonstrações de sucesso por um perío- netho. Ele era um homem de grande cultura,
do de tempo, por parte dos ocultistas, em de grande poder, e com um acesso ilimitado
hipnotismo, finalmente compeliram a uma ao conhecimento arcano e aos ensinamentos
investigação do fenômeno pela ciência física, dos egípcios. Ele era o supremo sacerdote de
e à descoberta resultante dos princípios fun- Heliópolis, da grande Escola de Mistérios,
damentais da psicologia. A ciência oculta, do localizada naquela cidade, que era dedicada
mesmo modo, explorou a telepatia mental, a ao sol, símbolo da força positiva, criativa do
hiperestesia, a comunicação da inteligência universo, de acordo com a concepção comum
sem o uso de meios físicos, e outros aspectos de então. Manetho viveu aproximadamente
de fenômenos psíquicos, quando estas coisas por volta de 280 AC. Ele é geralmente mais
eram proclamadas como sendo nada menos conhecido porque foi o primeiro a tentar fa-
do que práticas diabólicas, e quando tais tó- zer um registro completo, ou procurar desco-
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desde os mais antigos tempos. Mesmo hoje,
com o avanço da arqueologia, sua cronologia
das dinastias é muitas vezes utilizada para re-
ferências. O que nos importa é que em algu-
mas de suas obras, encontramos que os mais
antigos egípcios devem ter sido ocultistas, e
que, portanto, são os mais antigos ocultistas,
em termos de tempo, no mundo inteiro.
De acordo com Manetho, os antigos egíp-
cios procuravam descobrir quando apareceu
o primeiro mortal sobre a Terra. O fato é
que eles queriam ver além do imediato. Eles
não estavam contentes em aceitar as coisas,
como eles assumiam que pudessem ser;
não queriam que o que fosse desconhecido
continuasse a sê-lo. De acordo com suas
conclusões, o primeiro mortal sobre a terra
era alguém conhecido como Hephaestus, e
eles calcularam que seu aparecimento sobre a
terra foi aproximadamente 24.000 anos antes Hephaestus
da época deles, ou por volta de 30.000 anos
de nosso tempo, hoje. Desde estas primeiras
investigações ocultas, muita matéria foi acu- Deste acervo de material emergiram sete
mulada através dos séculos, que mostrava, e princípios fundamentais do ocultismo. Es-
ainda mostra, o título de oculta. tes perduraram, porquanto são práticos e
têm um valor moral, como sendo aceitáveis
e úteis aos povos de hoje, do mesmo modo
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“
haver qualquer base para
… entre os adeptos das uma relação entre estas
escolas de mistério e entre coisas, extremamente di-
ferentes na aparência e na
os verdadeiros ocultistas, função. Para homens tão
distantes de nosso tempo,
ísis, o aspecto maternal, fazer uma busca por uma
unidade em tal mundo de
sempre foi como um atributo variedade mostra uma séria
fundamental do ser, do qual contemplação.
”
consiste o universo. O Princípio
da unidade
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© WEB
rém entre os adeptos das Escolas de Mistério
e entre os verdadeiros ocultistas, Ísis, o aspec-
to maternal, sempre foi, como um atributo
fundamental do ser, do qual consiste o uni-
verso. Além do mais, nesta obra, a pedra-ímã,
o minério magnético, foi chamado ‘ossos de
Hórus’. Horus era um dos deuses do Egito. De
acordo com a teogonia, ele era o filho de Ra
– este sendo o sol e o símbolo do poder posi-
tivo criativo, emanando através do universo.
O minério de ferro era chamado Typhon, um
outro deus, simbolizando o poder destrutivo
e negativo do universo, e estes dois poderes
atuavam um sobre o outro, na mesma manei-
ra como o ferro é, tanto atraído como repelido
pela pedra-ímã. Os egípcios tentaram explicar
que, da mesma maneira, o bem, o movimen-
to racional do mundo, muitas vezes atrai
Typhon, ou o aspecto negativo, e este movi-
Mestre Eckhart
mento bom, racional, persuade e suaviza o
poder negativo e mau; assim, de acordo com
este antigo escrito, há no mundo um contínuo de Heráclito e Empédocles, por exemplo, foi
confronto entre estes dois grandes opostos. declarado, por estes ocultistas, que a essência
O Livro Sagrado pondera, mostrando que de cada coisa é a mesma, significando que,
todo o ser, em seu estado primário, sempre no seu fundo, todas as coisas são, primaria-
existiu. Ele nunca teve um princípio. Nunca mente, relacionadas. Foi declarado, também,
houve quaisquer partes dele, como nos pare- que nada, portanto, no mundo, apesar da sua
ce discernir em nosso mundo. Havia apenas complexidade ou de sua aparente importân-
um eterno movimento, a atração e a repulsão cia, é independente destas forças primárias da
entre os dois poderes opostos, assim que um natureza e nada pode elevar-se acima delas.
percebe a relação entre a pedra-ímã e o mi- Mestre Eckhart, famoso místico e ocul-
nério de ferro. De acordo com Livro Sagrado, tista alemão, muitas vezes chamado como
esta oscilação, ou este movimento contínuo, o Pai do Misticismo Alemão, argumentava
fez surgir os quatro princípios. Estes quatro que Deus está em toda a parte. Deus é o
princípios eram realmente quatro expressões mesmo, em qualquer forma ou aspecto, para
da natureza; em outras palavras, o fogo, o ar, a aqueles que podem vê-Lo e que O vêem. Ele
água e a terra. E as quatro expressões cruzam exorta o ser humano a não procurar Deus
o mundo inteiro, existem e se movem em como uma luz reluzente em trevas remotas
toda parte e, assim fazendo, transformam a ou em algum canto do universo, mas pro-
si próprios; mudam para a infinita variedade curar e encontrar Deus em toda e qualquer
das criações e formas, dos quais somos cons- manifestação da natureza.
cientes, como realidades. Naquele antigo tem- O ocultista diz que Deus é um dispensa-
po, séculos antes dos atomistas gregos, antes dor da mente, através do inteiro universo. Ele
“
que ter uma ordem, e tem se afirmado, neste
O segundo segundo princípio, que o número é a chave
princípio oculto, para o entendimento e a direção, pelo ser
humano, desta ordem, conforme ele se rela-
honrado através dos ciona consigo mesmo. O número é o compri-
mento, entre o mundo material e o imaterial.
tempos, diz respeito O ocultista compreende, naturalmente, que
”
não há uma separação entre o microcosmo e
ao número. o macrocosmo; caso contrário, não haveria
uma unidade do ser. Num todo, entretanto,
o microcosmo é mais discernível pelo ser
chega a esta conclusão, não porque isto satis- humano. Seus sentidos objetivos podem per-
faz seu capricho ou sua fantasia, mas porque, ceber mais o microcosmo e o assim chamado
após suas investigações, aquela explicação imaterial, ou intangível é, para ele, mais difí-
parece confirmar mais rapidamente aquilo de cil compreender. Número é o comprimento,
que ele teve a experiência. é a distância entre os mundos, o material e o
Portanto, é preciso que o ser humano imaterial. O ocultista entende, naturalmente,
estude o self e a natureza, para que possa que não há uma separação entre o microcos-
utilizar plenamente o poder de Deus. O ocul- mo e o macrocosmo; se assim não fosse, não
tista, além do mais, advoga que não é sufi- haveria a unidade do ser. Como num todo,
ciente apenas satisfazer a nós mesmos, com a entretanto, o microcosmo é mais discernível
crença num Deus, ou conhecer Deus e ter a pelo ser humano. Seus sentidos objetivos po-
convicção de que Ele é. Nós temos, também, dem perceber mais o microcosmo e os assim
que usá-Lo, em toda a parte, pois somente no chamados imaterial e intangível são mais di-
uso de Deus, podemos nos beneficiar de Seu fíceis para sua compreensão e para que possa
poder e de Sua natureza. dar-se conta de seu relacionamento com eles.
O número se torna a chave
© COMMONS.WIKIMEDIA.ORG
e quando, segundo a lenda e a tradição nos
dizem, foi testemunha daquela manifestação
teofânica. A tradição, além disto, diz que,
naquela ocasião, ele recebeu dois tipos de
conhecimento canônico – isto é, um conhe-
cimento que foi transformado em escrita,
sobre tabuletas ou placas, coisa que, segundo
se diz, ele trouxe com ele em sua descida
da montanha – e também o conhecimento
de coisas maravilhosas. Este conhecimento
de “coisas maravilhosas”, entretanto, não foi
transformado por ele em escrita, pois se diz
que ouviu do Senhor, naquela ocasião: “Estas
palavras tu divulgarás, e estas palavras tu es-
conderás.” Foi o segundo item que constituiu
o conhecimento das coisas maravilhosas. De
acordo com a tradição cabalística, o cabalista
estava proibido de divulgar, ou explicar, o ca-
pítulo da criação perante mais do que um ou-
vinte de cada vez. Do mesmo modo, não lhe
era permitido falar com mais de uma pessoa,
por vez, a respeito da carruagem celeste – no
caso, referindo-se à natureza de Deus. Estes
tópicos eram para ser discutidos, ou falados,
somente com sábios, ou seja, com pessoas de
profunda compreensão. Consequentemente,
a cosmogonia e a teosofia, o estudo de Deus,
foram tratados como estudos esotéricos, isto
é, como os ensinamentos internos da Cabala.
Poderíamos dizer que, tradicionalmente, a
Cabala consistia de uma contemplação do
“A Árvore da Cabala” (1985),
ser de Deus, se Deus havia originado a Si óleo sobre tela por Davide Tonato
próprio, se Ele havia tido um começo, se
Sua natureza poderia um dia acabar; além
disto, os ensinamentos consistiam de uma ta livros da Cabala que estavam escondidos,
contemplação da origem do universo, e seu ocultos, indisponíveis aos profanos; eram,
relacionamento para com a natureza de Deus. porém, disponíveis somente àqueles que
Havia vinte e quatro livros do Cânone, a lei eram sábios e àqueles que faziam jus a isto
da Cabala, publicados – isto é, reduzidos, pelo seu próprio merecimento. (Continua) 4
transformados em escrita, que podiam ser
usados pelo profano, por aqueles que eram
meramente curiosos, bem como por aqueles
*Publicado no Rosicrucian Digest, outubro 1946.
que eram estudantes. Havia, entretanto, seten-
números
ponte de acesso à
realidade numênica*
Por CeCÍLIa ertHaL, srC
t
odos aceitamos que o mundo tem uma série de exercícios de abstrações, que
dois aspectos: um absoluto, reco- vão percebendo na realidade material o
nhecido como mundo divino; e um que é irrelevante, o que é acidental, o que
relativo, reconhecido como mundo é impertinente e chegando cada vez mais
material. Immanuel Kant traduziu essa perto da realidade divina, do que de
divisão em duas realidades: a rea- fato é essencial.
lidade numênica e a realidade Nesse exercício, usando a lin-
fenomênica, respectivamente. guagem dos números, vamos
A realidade numênica é a percebendo o que é im-
realidade das essências, de portante, o que é perti-
tudo o que não se altera nente, o que é essencial e
nem com o tempo, nem deixamos de lado o que
com o espaço, nem por é acidental, irrelevante,
influência do sujeito impertinente.
M
Árvore da Vida
OM
TOS.C
© PHO
a
compatibilidade começa em nós as contas, de obter o controle, de manipular?
mesmos. Relacionamentos harmo- Você não estará evitando a outra pessoa, ou
niosos são resultado da harmonia sentindo-se combativo, ressentido ou com
interior criada pela nossa disposi- raiva? Ou estará você sentindo-se na defen-
ção de encarar os desafios neste campo como siva, inferior, impotente? O relacionamento
oportunidades de crescimento pessoal. Quase permanecerá num impasse até que você se
sempre nos é exigido que modifiquemos liberte de seu antigo modo de ver e sentir.
nossa percepção do Eu e nossa percepção Você deverá estar disposto a ouvir a peque-
do outro, para resolvermos dificuldades de na e silente voz interior e aceitar a verdade
relacionamento. Este é um processo gradual daquilo que está em seu coração. Isto requer
que envolve atitudes fundamentais e padrões um autoexame honesto e depois a capacidade
de vida, coisas que representam nossas rea- de perdoar-se e perdoar o outro. O perdão
lidades mais queridas. À medida que apren- nos permite aprender à custa de nossos erros,
demos a nos harmonizar com o Eu Interior, de modo a podermos agir com um renovado
aprendemos a enxergar mais claramente e sentimento de responsabilidade e integridade
a estabilizar nossas emoções. A tarefa não é moral, no sentido de fazermos o que nos for
fácil, mas justifica plenamente o esforço. possível para ajudar a resolver a situação.
Comecemos por um período de medita- Segundo, é importante avaliar o rela-
ção sobre um relacionamento em particular, cionamento com base nas necessidades e
no qual estamos envolvidos, e que é de algu- expectativas a ele ligadas. Nós todos temos
ma forma desarmonioso. Primeiro, é impor- certas necessidades que são satisfeitas através
tante examinar nossos próprios motivos na de relacionamentos harmoniosos, como, por
situação. Você quer verdadeiramente criar exemplo, a necessidade de companheirismo,
um relacionamento mais pacifico e harmo- do receber e dar amor, de compaixão, reco-
nioso, ou está buscando um meio de ajustar nhecimento e aceitação. Sabemos todos que,
“
mesma? Estará um de vocês dois magoado,
zangado, na defensiva, temeroso? Haverá É comum
algum meio de falar com ela de modo que
reaja de um modo mais positivo? Ou que o fecharmos todas as
ajude a encará-la de modo mais compassivo?
Não estará um de vocês esperando demais do
possibilidades de
outro? Como seria sua vida sem essa pessoa? relacionamentos
Como a vida dessa pessoa seria sem você?
De que forma estão suas vidas ligadas? Qual verdadeiramente
o contexto desse relacionamento? Haverá
um ponto particular causando tensão entre
afetivos por
ambos? Poderá você visualizar uma solução permitirmos que o
que venha suavizar essa tensão? Estará você
pronto a encontrar uma solução? medo domine os
Explore o relacionamento com a visão
mental de diferentes perspectivas, tantas
nossos pensamentos,
quantas possa encontrar. Conscientize-se de sentimentos e
”
que seus relacionamentos crescem e se mo-
dificam da mesma forma que você cresce e se comportamentos.
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Paracelso
o rosacruz
Por raYMUnd andrea, FrC*
O que perturbava as autoridades era sua nos até os campos ao redor para estudarem
separação dos velhos métodos e a substitui- as ervas medicinais “onde Deus as colocou”.
ção destes pela sua própria experiência e seus Levava-os ao estudo de alquimia, química e
próprios experimentos. Ele tinha também aos experimentos, de modo a que eles fossem
a ousadia de ensinar em alemão em vez de seus próprios farmacêuticos. Levava os estu-
latim, de modo que qualquer um era capaz dantes pobres para sua própria casa, vestia-
de entender, e eles temiam que os novos en- -os, alimentava-os e lhes ensinava tudo. E
sinamentos pudessem se libertar dos grilhões entre estes estavam aqueles que o traíram.
dos velhos. O Dr. Franz Hartmann, que era Da riqueza, ainda existente, de seu ma-
Rosacruz e médico pessoal de Madame Bla- terial sobre a arte da cura, o biógrafo de
vatsky, diz: Paracelso apresentou um breve resumo de
algumas palestras, para mostrar que tipo de
“A glória de ser o primeiro homem a ensino os estudantes de Basel receberam des-
ensinar em língua alemã, se mestre inspirado. Depois
numa universidade alemã, de examiná-las, não pode-
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até as mais elevadas regiões com as leis do microcosmo;
da cognição.” isto é um homem com sua
consciência, seus sentimen-
Dos conhecimentos ini- tos e seus desejos. Foi esse
ciais do neoplatonismo e da delicado senso artístico que
Cabala, Paracelso desenvol- provou ser a ponte audacio-
veu sua filosofia espiritual. sa entre o homem Paracelso
Com toda certeza, ele era e o observador perspicaz da
um místico, no verdadeiro realidade; um maravilhoso
sentido do termo. Seu ocul- viaduto estendido na traves-
tismo, também, derivava-se sia para uma nova humani-
da mesma fonte que as dou- dade: a Renascença”.
trinas de Cornelius Agrippa
e, mais tarde, as de Van Hel- Pouco está registrado
mont e Boehme, que foram Cornelius Agrippa sobre seus últimos dias. Ele
seus discípulos. É interessan- estava sofrendo de uma in-
te destacar que, a respeito de Boehme, Evelyn sidiosa enfermidade, sem dúvida contraída
Underhill escreve: das muitas substâncias venenosas com que
fazia experiências, e estava pagando a inevi-
“Ele é um dos mais bem registrados exem- tável penalidade de uma vida excessivamen-
plos de iluminação mística; denotando, te ativa. A crônica inteira que temos diante
junto com uma aguda consciência de com- de nós é de intenso e altruístico labor, de
panheirismo divino, todos os fenômenos de andanças e perseguições, de intolerância,
lucidez visual, automatismo e poderes inte- insulto e desprezo a uma alma sublime, des-
lectuais expandidos que lhe são próprios.” denhada e rejeitada pelos homens.
“Repouso é melhor que agitação”, escreveu,
Pode-se perguntar: foi Paracelso menos “mas agitação é mais proveitosa que repou-
que isso e demonstrou menos que isso? O so.” Ele morreu em 1541, em Salzburg, e seu
professor Strunz, escrevendo sobre a perso- corpo foi sepultado no cemitério da Igreja de
nalidade de Paracelso, diz: São Sebastião.
“Ele era uma mente de poderosas caracte- Se mergulho num negro e imenso mar nebuloso,
rísticas, cuja rara maturidade converteu a É apenas por um tempo.
enunciação dos problemas científicos em Aperto contra o peito a candeia de Deus;
termos calorosamente humanos, e a ele Seu esplendor, cedo ou tarde,
devemos a realização de uma comunidade Romperá as trevas;
humana culta baseada na compaixão e na Hei de emergir um dia. 4
fé cristã e humanitária, coisas que podemos
perfeitamente considerar como as bases
de seus ensinamentos relativos tanto ao
concreto quanto ao espiritual… Paracelso * Extraído da edição de novembro de 1929 da revista
Rosicrucian Digest e do livro A Flor da Alma, publicado
sentia como um artista e pensava como um pela GLP em 2012.
matemático, do mesmo modo que combi-
eterna
busca
Entre o que sonho, suponho e vejo,
Há um abismo… Treva infinda?!
Do outro lado, lume permanente,
Semente lançada no solo do AMOR,
Nesta terra não há poente.
vvv
REVELAçãO l
INSPIRAçãO l
ILuMINAçãO
a revelação
A revelação exige passividade: o Criador aproveita o turno em que nossa inquieta mente objetiva
está desligada e, independente da nossa vontade, envia uma mensagem simbólica.
O termo significa “tirar o véu” e mostrar algo que estava encoberto. Portanto, na revelação, Deus,
através dos sonhos, retirando o véu da obscuridade, indica o que antes era desconhecido para a
mente humana sendo, sem dúvida, uma forma de contato que se realiza diária e permanentemente.
a inspiração
A inspiração exige os dois polos pois, se por um lado precisamos da passividade para que ela se
manifeste, é necessário querer “ouvir” e estar atento para receber a mensagem.
O termo vem do latim “inspiro”, que se traduz em “soprar para dentro”. “Inspiração” significa
que repentinamente Deus soprou a possibilidade da ocorrência de determinado fato para
dentro do homem.
A inspiração parece ser intermitente e está ligada à comunicação
de uma real possibilidade fatual.
a iluminação
A iluminação exige atividade. Com o emprego do desejo
e da vontade, buscamos, rogamos ou suplicamos algo
pela via da oração e o Criador, atendendo, faz com que
aflore uma resposta adequada à nossa compreensão.
Iluminação deriva do latim “iluminare”, que também
significa inspirar ou orientar.
Iluminação é o processo pelo qual Deus aclara e in-
funde Luz sobre as questões e desígnios do suplicante.
A iluminação pode ser permanente e admite gradação
ditada pelo discernimento de cada um.
Conclusão
Partindo dessas abordagens, vislumbra-se um propósito
Divino comprometido com a prosperidade do homem
no mais amplo sentido, pois, tenhamos consciência
dessas coisas ou não, guiando-nos, Deus interfere
contribuindo de todas as formas para o nosso
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rimeiramente, é preciso questionar continente, no mesmo país, no mesmo meio
o sentido da palavra “igualdade”. sociocultural, na mesma época, no mesmo
Na maioria dos livros de consulta contexto etc. Além disso, os fatos provam que
ela é definida como a “relação entre eles não vêm ao mundo com o mesmo poten-
indivíduos iguais”, ou como a “igualdade de cial de saúde, a mesma sensibilidade, as mes-
fato entre pessoas que tenham as mesmas mas formas de inteligência, os mesmos dons,
prerrogativas naturais, as mesmas aptidões, a as mesmas aptidões, nem na mesma família.
mesma fortuna…”. Considera-se aí também o Vemos então que as crianças não são todas
estado da “igualdade natural”, da “igualdade iguais ao nascerem e que a igualdade não
civil”, da “igualdade social”, da “igualdade existe no estado natural, o que fez alguns filó-
política” etc., o que faz supor que a noção de sofos dizerem que é utópico querer construir
igualdade se aplica a campos muito diferen- uma sociedade igualitária. Persiste o fato de
tes. Seja como for, as coisas são tais que os que a vida em si mesma é neutra neste campo
seres humanos não nascem todos no mesmo e não se preocupa com a igualdade entre os
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o mundo seja provido dele. O mundo seria é um pequeno caos cujo desenredo deve nos
tenebroso se o homem não empregasse sua mostrar a origem das coisas temporais, a sepa-
vontade para oferecer uma passagem às for- ração da luz das trevas e a regularidade viva
ças do espírito. Assim sendo, é pelo homem de todas as formas que ocupam o lugar desse
espiritualizado que a realidade divina, invisí- nada com que, se não fosse por elas, o espaço
vel e intangível, penetra o mundo. É “a tarefa” nos contemplaria”. Cabe ao homem também
dos homens estabelecer esse elo com as força se “des-enredar” em seu plano para dar teste-
do Espírito, pois somente eles podem buscá- munho da grandeza de seu Criador. Podería-
-las no fundo de si mesmos e do mundo em mos aí identificar a “reconciliação” cristã que
que foram colocados para tanto. De certo é fazer a Sua vontade fazendo a nossa, o que
modo, Deus necessita dos homens para essa seria servi-Lo para nosso maior serviço.
operação; ou, se preferirmos, é por essa “in- “A serviço uns dos outros encontramos nossa
cumbência” que Deus julgou e depois decidiu liberdade”, está escrito numa das representa-
que Sua glória se realizaria. O homem, no ções da Távola Redonda, pois o homem en-
status de cavaleiro, pode se tornar o repre- contra a liberdade e a igualdade por meio da
sentante de Deus na Terra. Uma via de ser- fraternidade. Compreendemos bem? E os ca-
viço não é a maneira mais certa de se obter a valeiros dessa mesma távola simbólica fazem
aprovação e a bênção do Cósmico? essa invocação antes de suas reuniões de tra-
Esta é a razão pela qual um retiro diário balho: “Senhor, dá-nos a sabedoria para perce-
sobre nossos comportamentos pode ser útil ber aquilo que é justo, a vontade para escolhê-lo
para conscientizarmo-nos de quais oportuni- e a força para defendê-lo em todas as circuns-
dades de poder manifestar a vontade, a glória tâncias”. Ademais, Cyrano, a ponto de desafiar
ou a presença divina podem ter-nos escapa- sozinho uma centena de homens que ameaça
do, assim como os momentos em que soube- a vida de seu amigo, poeta como ele, justifica-
mos ser dignos de nossa existência, desejada -se assim: “Vai, Gascão, faz o que deve!”.
por Deus no objetivo único de manifestá-Lo Então, isso certamente nos parece no
aqui e agora. Isso nos permite ademais me- mais das vezes “difícil”; como se isso não
dir nosso estado de consciência – o ponto fosse natural, pois quem sabe os pássaros
em que nos encontramos nesse particular do céu também sofram para voar e as flores
no caminho que nos leva a manifestá-Lo em para desabrochar… Isso remete à filosofia de
toda pureza e em perfeita dignidade. Esta é Saint-Martin, para quem nossas dificuldades
indubitavelmente a verdadeira cavalaria espi- advêm do fato que, após a queda do homem,
ritual: manifestar Deus quando nos é exigido, consequência de sua falha, nós “saímos da
e também concedido, caminhar. linhagem”; pois como explicar que tenhamos
“A intenção de Deus é que cada ser, na tantas dificuldades para entender esse “por
medida em que sua própria capacidade o per- que somos feitos”? Para esse grande esotéri-
mitir, reproduza a Bondade divina”, escreve co, a consciência de nosso sofrimento, e so-
Dante em Monarquia. Paralelamente, Louis- bretudo de nossas insuficiências, é a própria
-Claude de Saint-Martin acrescenta, em O prova da existência do Plano Divino. Pode-se
Espírito das Coisas: “O objetivo da vegetação de fato imaginar que possamos ser ao mesmo
é transmitir-nos os raios de beleza, de cor e de tempo sofredores e conscientes do ser e que
perfeição que têm sua origem na região su- isso não tenha, além de tudo, nenhum senti-
perior e que tendem unicamente a se infiltrar do – nenhuma finalidade? Seria isso um (in-
em nossa região inferior; assim, cada semente feliz) acaso a mais na Criação do universo?
spero que consiga imprimir as pró- Percebe-se que a extorsão não deve estar
ximas quatro linhas nas mentes e no muito presente nos filmes. As mentes recepti-
interior dos corações das mães e dos vas infantis que assistem a esses filmes ficam
pais, especialmente daqueles que indelevelmente impressionadas, e então, com
têm crianças em seus lares, sendo responsá- a ajuda das armas de brinquedo, fornecidas
veis pelo futuro de seus filhos: pelos mais velhos imprudentes, emulam o
criminoso nos mínimos detalhes.
Mantenha uma oração em seu coração para guiar-lhe, Elas pensam na linguagem do criminoso.
Faça da sua vida um exemplo da verdade, Vemos com frequência uma criança surgir
Os caminhos de um homem são moldados por de trás de um arbusto e com firme objeti-
Na casa onde ele passa sua juventude. vo, comandar um “assalto!”.
A vítima dessa brincadeira poderia ter
Se os pais observassem os princípios aqui sido você ou eu.
contidos para uma geração, toda a sociedade Sim, eles pensam na linguagem dos
de nosso país seria revolucionada. Que per- bandidos, e então adaptam as palavras e
sonalidades estamos formando em nossos ações ao pensamento.
jovens? Vejo-os na tenra idade, com apenas Os pais dessas mesmas crianças não
três anos, portando cinturões, bainhas para pensam por um instante antes de comprar
espadas e pistolas, com suas roupas, ao se um kit de equipamentos de ladrão, permi-
vestirem pela manhã, podendo ficar com os tindo-lhes a prática de arrombamento de
ornamentos até o anoitecer, quando cada fechaduras ou de janelas.
corpinho cansado se prepara para ir dormir, As crianças logo se cansam das armas de
após um longo e cansativo dia, brincando de brinquedo. Começam a querer armas de fogo
assaltos e de assassinatos. de verdade, munições reais e experiência
Há vários anos assisto essa lamentável concreta. E tudo o que aprendem nos filmes
ocorrência, predominante em todos os lugares. e em seus próprios quintais, naturalmente
Muitos desenhos animados são respon- asseguram-lhes maior eficiência.
sáveis pela crescente onda de criminalidade. Esses jovens bandidos roubam um
Há ainda outro ângulo a ser considerado, quando se discute a questão das armas de brinquedo.
Todos os pais consideram essencial que as crianças que estão aprendendo a andar aprendam a
ter medo do fogo, para que nunca peguem fósforos ou mexam no fogão a gás.
Essas lições são então completamente semeadas na pequena mente, tornando-se uma parte
dela à medida que a criança se desenvolve. Quando a criança atinge a idade dos sete ou oito
anos, a mãe não tem maiores preocupações quanto a isso. Mesmo assim, ela passa
uma hora de visita com a vizinha. Até agora, as crianças não são ensinadas a ter
respeito. Se qualquer tipo de arma, como um revólver carregado, for deixado por
negligência ao seu alcance, elas a associam simplesmente a outro brinquedo e as
tomam, sem ter nenhuma noção de perigo.
Alguém entra na sala nesse momento, talvez alguém de sua família ou um
amiguinho, e com um divertido riso inocente, o jovem visa alguém. Rápido como um
lampejo, dispara o gatilho com o dedo. “Bang! Você está morto!” Um forte estrondo e
uma vida paga o preço da ignorância.
Essa não é uma rara ocorrência. Não seria um crime contra a criança,
levar consigo essa imagem chocante, ao longo de toda a sua vida,
permanecendo no álbum de sua memória para sempre, e sem ser a
responsável por isso?
OT
legislação, cancelar e ©
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FÓrUM rOsaCrUZ*
Q
uantos de nós podemos afirmar
que não temos inimigos, reais ou
imaginários? Mais simplesmente,
quantos presumem que não têm
qualquer inimizade e estão perfeitamente em
paz com o mundo?
Um dia, num estado mental bastante negati-
vo, o leitor pode ter encontrado um conhecido,
talvez um amigo. Ele estava em seu costumeiro
estado mental e caçoou um pouco ou o cen-
surou, justificadamente ou não. Qualquer que
tenha sido o caso, o leitor deu vazão ao seu
orgulho e ficou zangado; desde então, sente que
tem um inimigo. Teria sido muito mais simples
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nha, nesse momento, que é a outra pessoa.
Imagine os motivos que ela pode ter tido.
Faça um esforço, por exemplo, para compre-
momento de mau
ender a razão de sua censura. Ela o censu- humor. exerça uma
rou, mas o leitor podia ter esclarecido tudo
em poucas palavras e se afastado sem se vibrante força de
atormentar. Ao invés disto, que fez? Cortou
os laços de amizade, ou talvez, meramente tranquilidade e
sociais que os unia, ferindo-se tanto quanto irradie bondade e
”
feriu a outra pessoa. Passou, então, a sentir-se
torturado por seus próprios pensamentos e compreensão…
a tentar culpar o outro pelos fatos que con-
cebeu em sua própria mente. Que inferno
passou a ser a sua vida interior! temente pratica os experimentos recomen-
O tempo passará e anestesiará seu so- dados. Essa força é boa, positiva, vitalizante e
frimento mental, porém sempre se sentirá geradora de paz. Deixe que ela se irradie por
perturbado quando aquele pensamento vier à seu intermédio.
sua mente. Por quê? Porque em certa ocasião, É tão simples recolher-se ao próprio
por alguns momentos, foi incapaz de se do- âmago por alguns segundos e recorrer a essa
minar; porque, por alguns segundos, imagi- fonte infinita! Adquirindo o hábito de fazê-
nou ver pensamentos e intenções numa outra -lo, falaremos menos, e isto já é bom, pois
pessoa quando na realidade os trazia em seu teremos evitado umas poucas palavras que
próprio âmago. Uma pequena causa muitas poderiam ter sido desastrosas. Portanto, nun-
vezes tem efeitos consideráveis. ca se permita ser como um pião, que por al-
Todos nós amamos a paz e desespe- guns momentos não pode parar de girar, tão
radamente a buscamos. Se só se pode logo receba impulso e movimento. Quando
encontrá-la na solidão, então se é culpado sentir que está prestes a perder o autocontro-
de uma fraqueza. Sempre somos demasia- le, em qualquer lugar e a qualquer momento,
damente indulgentes conosco mesmos. É recolha-se rapidamente ao seu âmago e, com
nosso relacionamento com o mundo que toda a convicção de que é capaz, diga mental-
demonstra o nosso autodomínio e é entre mente: PAZ. Comece hoje mesmo e persista.
outras pessoas que a paz assume todo o Assim substituirá maus hábitos por um bom
seu valor e a sua força. hábito e se surpreenderá com os resultados.
Nunca se entregue a um momento de Será, então, o que deve ser: uma centelha do
mau humor. Exerça uma vibrante força de Infinito, agindo para o bem deste mundo,
tranquilidade e irradie bondade e compreen- tanto quanto para o seu próprio bem. 4
são, mesmo em meio a um mar de agitação.
Contudo não se torne passivo. Permaneça
cheio de energia e da força dinâmica que re-
cebe do Cósmico enquanto progride através * Extraído do Fórum Rosacruz (janeiro 1981).
dos estudos Rosacruzes e enquanto diligen-
d
epois de caminhar por muito tem- flexo da grande imperfeição que ainda há em
po ao longo da estrada ora larga minha natureza exterior e grosseira.
ora estreita da minha vida, que a Esta conscientização fez com que a hu-
cada minuto está sendo construí- mildade se instalasse no meu coração e
da por meus pensamentos, palavras e ações, criasse profundas raízes por todo meu ser.
eis que em dado momento da cami- Quando levantei para prosseguir
nhada quando dei uma parada meu caminho, não sei de onde
para descansar, surgiu ao surgiu bem na minha frente
meu lado direito uma fon- um ancião. Imediatamente
te de água transparente, notei que a sua estatura
límpida e cristalina e, ao e fisionomia tinham
meu lado esquerdo, um muito a ver com a minha
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“
a paz do universo,
depois disto, instaurou-se em
”
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É
inegável que a linguagem é um ca- A principal função da linguagem é sabi-
racterística do homem. Ele é um damente a comunicação, mas nem sempre
Homo Loquens (homem de lingua- foi assim. Estudos antropológicos mostram
gem) e tal propriedade faz dele um que a palavra, antes de se tornar um meio de
ser totalmente singular. comunicação entre os seres humanos, foi um
É através da linguagem, das classificações meio de expressão. O homem primitivo, ao
que fazemos, dos nomes que damos e dos emitir sons, gritos e exclamações, expressava
signos que “capturamos” o mundo que nos sua dor, seu prazer, sua surpresa, seu ódio
cerca e o mundo subjetivo interior, tomando etc; isto é, as palavras foram inicialmente
de fato posse de ambos. usadas para exprimir um estado emocional.
“ a tradição
um poder criativo às palavras. Para
eles, as palavras correspondem a
formas-pensamento cuja natureza Rosacruz perpetua, em
vibratória exerce uma influência
não somente nas pessoas que as seus ensinamentos, sons
pronunciam, mas também nas vocálicos de natureza
”
que as ouvem. “A palavra falada
é como uma abelha: tem mel e tem universal.
ferrão”.(do Talmude)
Ou seja, a influência das palavras,
conforme as emoções ou ideias expressas,
“
… toda a
palavra emitida pela voz
humana, seja ela mística
não, produz efeitos definidos sobre
os seres e as coisas, uma vez que
a palavra é uma combinação de
vibrações que veicula, ao mesmo
tempo, um ou vários sons e um
ou não, produz efeitos estado particular de consciência.
definidos sobre os seres Sabedores de que as palavras
que empregamos, face a seu sen-
e as coisas…
” tido profundo, podem canalizar
energias negativas ou positivas, deve-
mos purificar nossa maneira de pensar
com o único objetivo de dizer coisas úteis
e construtivas. De outro modo, contribuí-
mos para a criação de formas-pensamentos
poder comunicar a outrem seu estado colé- prejudiciais ao bem-estar físico, psíquico e
rico. Inversamente, a experiência prova que espiritual da humanidade.
um indivíduo perfeitamente sereno pode, tão Se nossa busca é de verdadeiro aperfei-
somente falando, transmutar vibrações nega- çoamento, é preciso fazermos tudo para
tivas do ambiente e restaurar a harmonia. dominar nossas palavras, colocando-as a
Um bom exemplo do poder criativo das serviço do poder criativo do pensamento.
palavras é dado pela utilização mística de Desse modo, nossos pensamentos e palavras
certas combinações de sons como os man- serão realmente expressão do Pensamento e
tras hindus, que consistem de combinações da Palavra Divinos.
de entoações vocálicas às quais são atribu-
ídos poderes específicos para influenciar as “Toda palavra exerce uma influência sobre
emoções humanas e estimular os chakras, os outros e por isso, como buscadores, te-
tendo até certo valor terapêutico. Os man- mos o sagrado dever de discipliná-la e usá-
tras se apresentam geralmente na forma de -la no mais amplo sentido de ideais dignos
uma palavra ou expressão provinda de um e nobres que aspiramos para todos.”
texto religioso e têm um sentido preciso; – Charles Vega Parucker
são muito numerosos, baseados antes na
repetição do que na entoação, o que tem por Algumas pessoas têm dificuldade em ser
finalidade favorecer a meditação ou a prece. discretas; dizem, impulsivamente, qualquer
(ex: “OM MANI PADME HUM” – “A Joia coisa que lhes vem à mente, chamando isso
da Flor de Lótus”.) de franqueza, inconscientes da infelicidade
A Tradição Rosacruz perpetua, em seus que provocam. Isso poderia ser evitado se
ensinamentos, sons vocálicos de natureza elas desenvolvessem a capacidade de inverter
universal – ou seja, são encontrados nos mentalmente os papéis, imaginando como
textos sagrados das maiores religiões; cada se sentiriam no lugar da outra pessoa. É
um deles canaliza uma energia vibratória preciso ter tato; a arte de ter tato é a arte de
que produz efeitos físicos, psíquicos e espi- permanecer polido, firme e, não obstante, ser
rituais precisos. sincero diante de uma situação embaraçosa.
Assim, vemos que toda palavra emi- Com um pouco de sensibilidade isto pode
tida pela voz humana, seja ela mística ou ser aprendido em proveito de todos.
– S.I.
s e você descobriu que a vida
pode ser mais bem conduzida,
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