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Manual básico de
Carcinicultura

Criação do
camarão-da-malásia

GRUPO DE TRABALHO EM CAMARÃO DE ÁGUA DOCE


Manual básico de carcinicultura: Criação do
camarão-da-malásia

Organizadores:
Daniela Pimenta Dantas
Eduardo Luis Cupertino Ballester
Fabrício Martins Dutra
Janaina Mitsue Kimpara
Sandra Carla Forneck

Colaboração:
Karina Ribeiro

Jaboticabal – SP

2017
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Introdução

O camarão da espécie
A Macrobrachium rosenbergii,
conhecido como camarão-da-
malásia, é um dos mais
cultivados no Brasil e também.
Os camarões desta espécie
podem atingir cerca de 32 cm
e pesar 500 g no ambiente
B
natural. Em produção,
geralmente são despescados
e comercializados quando
atingem de 20 a 50 g,
dependendo da exigência do
consumidor.
O camarão-da-malásia chegou
Macho (figura A) e fêmea ovada (figura B) ao Brasil na década de 80 do
de Macrobrachium rosenbergii século passado, quando
reprodutores foram trazidos do Havaí. Atualmente a carcinicultura de de água doce
está em crescimento no Brasil, principalmente no Nordeste e no Sul do país. O
mercado consumidor é enorme e paga
um valor alto pelo produto, em torno de
R$ 40,00-90,00/kg, dependendo do
tamanho do camarão. Os produtores,
por sua vez, estão interessados em
atender este mercado pelos seguintes
motivos:

• Elevado valor de mercado dos


camarões de água doce;
• Ocorrência praticamente inexistente

de doenças durante a produção;


Camarão-da-malásia
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• Possibilidade de interiorização da
produção;
• Menor impacto ambiental em relação a

outras atividades aquícolas, como a


carcinicultura marinha;
• Manejo relativamente fácil na
manutenção de reprodutores, produção
de pós-larvas e crescimento final;
• Viabilidade econômica mesmo em Caixa de eclosão de larvas
pequenas escalas, possibilitando a inclusão de comunidades de baixa renda na
atividade;
• Possibilidade de criação do camarão em conjunto com peixes, outros animais ou

plantas (arroz, aquaponia), o que garante aumento na produtividade, renda,


eficiência ambiental e diversificação do produto.

Criação do camarão-da-malásia

A criação de camarões de água


doce envolve três fases: a larvicultura, o
berçário e o crescimento final (que
também é chamada de engorda; porém,
o termo é equivocado, já que durante
esta fase o camarão adquire músculo, e
não gordura). A larvicultura
compreende a fase em que as larvas
recém-eclodidas se desenvolvem, até
Tanque de larvicultura acoplado ao
se metamorfosearem em pós-larvas
filtro biológico
(PL). Na fase de berçário, as PL são
estocadas em tanques ou viveiros por 15 a 60 dias, e, ao término desta fase, os
animais são chamados de juvenis. Esta fase é opcional. A última fase da criação é a
de crescimento final, que se inicia com o povoamento dos viveiros com pós-larvas
ou juvenis, até despesca e comercialização dos camarões adultos. O mais usual é o
produtor adquirir pós-larvas de laboratórios comerciais e realizar a fase de berçário
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ou a fase de crescimento final diretamente. Por isso, focaremos nestas duas fases
da produção do camarão-da-malásia.

O berçário do camarão-da-malásia

A fase de berçário é realizada após a


larvicultura e antecede a fase do crescimento
final. As pós-larvas recém-metamorfoseadas já
estão totalmente adaptadas à água doce e
podem ser estocadas diretamente nos viveiros
para completarem a fase de crescimento final.
Contudo, manter esses animais em sistemas de
berçário permite que eles atinjam maiores
tamanhos, se tornem mais resistentes aos
predadores, patógenos e às variações
ambientais em viveiros externos, elevando a
sobrevivência. Além disso, a duração da fase do Aclimatação em berçários
crescimento final é reduzida, possibilitando a indoor
realização de mais ciclos por ano.
Esta fase pode ser dividida em berçário I e II, com duração de 20 e 60 dias,
respectivamente. As pós-larvas são mantidas em água doce, estocadas com
aproximadamente 0,01g em
densidade de até 6 pós-larvas/L.
Devem ser alimentadas com ração
comercial triturada para camarões
marinhos em pelo menos quatro
porções diárias. A quantidade diária
total usada equivale a 15% da
biomassa de camarões contida no
viveiro. Recomenda-se que quanto
maior for a densidade de estocagem
escolhida, menor deve ser a duração
do berçário, a fim de evitar a
Monitoramento da qualidade da água
mortalidade dos animais.
de tanques e viveiros de produção
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O berçário primário geralmente é realizado em sistemas indoor, ou seja, em tanques


de cimento ou fibra com biofiltros em ambiente coberto. No interior desses tanques
são instalados substratos feitos com tela plástica para que aumente a área de
superfície do tanque e diminua a competição por espaço entre os camarões. É
importante que se tenha cuidado em transferir e manejar as pós-larvas, pois são
pequenas, estão recém-adaptadas a um ambiente 100% dulcícola e realizam mudas
com maior frequência, o que aumenta as chances desses animais morrerem por
esmagamento. O manejo desses animais deve ser realizado com o mínimo de
manipulação, evitando redes e puçás. As pós-larvas podem ser conduzidas da
larvicultura para o berçário através de tubos ou canaletas com pequena vazão de
água que corre por gravidade.
Para garantir boa qualidade da água, é necessário retirar o excesso de
alimento, fezes e matéria orgânica dos tanques e monitorar os parâmetros de água,
principalmente, a temperatura, o pH e a concentração oxigênio dissolvido. Isso pode
ser feito utilizando sondas, kits colorimétricos ou em laboratórios. É adequado que
os camarões sejam mantidos em temperaturas entre 28 e 31ºC; pH na faixa de 7,5 a
8,0 e oxigênio dissolvido na concentração entre 5,5 e 8,5mg/L.
O berçário
secundário pode ser
realizado em viveiros
externos ou gaiolas
instaladas dentro dos
viveiros. Nessa fase, as
pós-larvas são
maiores, com massa
de ~0,3g. Estas são
mais resistentes às
variações ambientais e
poderão ser manejadas
com puçás ou redes Berçários secundários em formato de gaiolas
instaladas dentro de viveiros escavados
após 30 dias de
estocagem. Também é recomendado que sejam instalados substratos verticais no
interior dos viveiros, a fim de diminuir a competição de espaço e canibalismo entre
os juvenis.
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Nessa fase secundária, os camarões apresentam acentuada heterogeneidade


no tamanho, quando iniciam a diferenciação em morfotipos e pode haver uma taxa
maior de mortalidade. Ao final do berçário II, quando os animais atingem cerca de
10-15g, são selecionados por gradeamento e os camarões maiores são transferidos
para os viveiros destinados à fase de crescimento final.

O crescimento final do camarão-da-malásia

A criação do camarão-da-malásia pode ser feita em sistema de monocultivo


ou em integração com outras produção, como peixes ou vegetais. A vantagem do
monocultivo é a maior produtividade alcançada do camarão e maior facilidade na
despesca. Já a produção integrada permite a diversificação dos produtos, o aumento
da resiliência do sistema de produção como um todo, a possibilidade de utilização
mais racional da área, dos recursos hídricos, dos nutrientes e da mão-de-obra. A

A B

Produção de camarão em monocultivo (imagem A) e produção


consorciada de camarão e tilápia (imagem B)
produção integrada pode ser feita dentro do mesmo viveiro, como no caso de
camarões e peixes; no mesmo tabuleiro, como no caso de camarões e arroz, ou
podem ser integrados em ambientes distintos, porém interligados, como por
exemplo, em aquaponia com vegetais ou com animais terrestres, como suínos.
Em relação ao nível tecnológico, a criação de camarão de água doce pode
ser extensiva, semi-extensiva ou intensiva. A primeira refere-se a sistemas em que
não há controle sobre a predação, qualidade da água e alimentação. As pós-larvas
são estocadas em baixas densidades e após o período de produção, são
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despescados. A produtividade obtida neste sistema é em torno de 500 kg/ha/ano. O


sistema semi-extensivo é o mais utilizado para criação de camarões de água doce
no Brasil e no mundo, e por isso focaremos em seu detalhamento nesta publicação.
Este sistema consiste em adoção de
manejo para controlar a predação,
monitoramento e manutenção da qualidade
da água adequada a produção, uso de
alimento formulado e uso de maior densidade
de estocagem do que no sistema extensivo.
Apesar de iniciativas para a criação do
camarão-da-malásia em sistemas intensivos, Entrada de água telada para
como em bioflocos, este sistema não é usual conter a entrada de
predadores no viveiro
nem viável até o momento, e, por isso, não
será abordado nesta publicação.
A estratégia de produção do camarão-da-malásia deve ser feita em função
de fatores ambientais e econômicos, como disponibilidade hídrica e tipo de clima em
que se encontra a fazenda, preferência do mercado consumidor e quanto se
pretende investir na produção. A temperatura ótima para produção do camarão-da-
malásia está na faixa de 25-30oC. Portanto, em clima subtropical, os viveiros devem
ser povoados na primavera, para que quando houver queda da temperatura, no
outono, os viveiros sejam despescados. Em clima tropical, a produção pode ser feito
durante o ano todo.

A B

Pesagem de camarão-da-malásia (imagem A) e embalagem final (imagem


B) em produção familiar
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A duração do crescimento final, além de ser determinada pela característica


do clima em que a fazenda está instalada, dependerá do mercado que o produtor
deseja atender. O camarão-da-malásia é um animal bastante apreciado pela
culinária asiática, e por isso é frequentemente comercializado vivo nos restaurantes
e feiras específicos. Para este mercado, os animais são comercializados em
tamanhos grandes, até 60 g. Existem consumidores que preferem camarões
menores, ou que compram somente o camarão descabeçado. Geralmente, o
camarão-da-malásia é comercializado a partir de 20 g. Este tamanho pode ser
alcançado em produção de crescimento final com duração de quatro meses, quando
é feito o povoamento com juvenis e despesca seletiva, a ser presentada a seguir.
O nível de intensificação na
produção também influenciará na
duração da fase de crescimento
final. Por exemplo, o povoamento
pode ser feito com pós-larvas,
juvenis não gradeados ou juvenis
gradeados. A diferença entre o
povoamento com pós-larvas ou
com juvenis é que as primeiras são
mais sensíveis, menores, menos
adaptadas à água doce e à
alimentação extrusada, além de
serem mais suscetíveis aos Recebimento de pós-larvas para início
de estocagem em viveiro escavado
predadores que os juvenis.
Portanto, o tempo para o camarão chegar ao momento da despesca será maior e a
sobrevivência será menor quando o produtor estocar pós-larvas, em relação à
estocagem de juvenis. Por exemplo, a estocagem de pós-larvas pode demandar um
período de crescimento final de até oito meses, praticamente o dobro do que pode
ser alcançado com estocagem de juvenis. O milheiro de juvenis é mais caro que o
de pós-larvas. No entanto, a estocagem de pós-larvas pode não ser uma opção
viável para cultivos em regiões com restrição climática, já que a fase de crescimento
final tem de ser reduzida em até quatro meses.
Os juvenis, após a fase de berçário, podem passar por processo de
gradeamento. O gradeamento é o processo de separação dos animais em classes
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de tamanho diferentes, usando caixa gradeadora com abertura de 0,5 cm: os


maiores (“upper”) e os menores (“lower”). Esse procedimento é realizado porque os
camarões, já nas fases iniciais do desenvolvimento, se diferenciam em tamanho.
Então, os animais maiores que poderiam suprimir o crescimento dos menores são
separados e estocados em viveiros diferentes. A prática do gradeamento é
economicamente viável, já que os animais maiores são vendidos a um valor mais
elevado. Mesmo considerando-se que o valor de venda dos animais menores é
inferior, quando sua produtividade é somada à dos maiores, os resultados são
melhores em relação ao não uso do gradeamento.
Outro manejo possível
de ser utilizado na produção
do camarão-da-malásia é a
despesca seletiva, que
consiste em retirar animais
machos dominantes e
fêmeas ao longo da
produção. Isso é feito porque
estes dois tipos de animais
consomem mais energia do
que a convertem para
crescimento. Além disso, a
retirada dos machos
dominantes permite que os Despesca seletiva para retirada de machos
machos das castas sociais dominantes e fêmeas

inferiores cresçam mais. Outra vantagem é que esta estratégia garante


escalonamento da produção, com fornecimento constante de camarões para o
mercado consumidor. A despesca seletiva se inicia quando aparecem machos
dominantes ou fêmeas com ovos nos viveiros, e deve ser feita a cada 15 dias, até a
despesca final.
Uma técnica usada para aumentar a produtividade do camarão-da-malásia na
fase de crescimento final é o uso de substratos. Já que os camarões são bentônicos,
ou seja, só ocupam o fundo dos viveiros, a coluna d´água fica “ociosa”. Então,
adicionar substratos permite a otimização do uso do espaço do viveiro, já que se
pode aumentar em até 50% a área disponível para os animais. Os substratos podem
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ser feitos de tela plástica, corda ou bambu. Com o uso do substrato, é possível
aumentar a densidade de estocagem. Por exemplo, a densidade de estocagem pode
ser aumentada de 4 para 6,5 camarões/m².
Portanto, a produtividade alcançada dependerá da estratégia de produção
adotada. Em sistema utilizando povoamento de juvenis gradeados e substratos,
pode-se obter produtividade anual de 9t/ha em clima tropical, realizando-se três
ciclos de produção de quatro meses. Em locais com restrição climática, com uso de
juvenis gradeados e substratos, pode-se obter produtividade de 3t/ha em 4-5 meses,
despescando camarões de 52g de peso final.
As pós-larvas ou juvenis devem ser liberados com cuidado nos viveiros de
crescimento final. Os milheiros de pós-larvas/juvenis são comercializados em
embalagens plásticas, que devem ser inseridas fechadas nos viveiros, flutuando,
para que a temperatura da água da embalagem seja igualada à da água do viveiro,
por alguns minutos. Posteriormente, deve-se abrir a embalagem e adicionar aos
poucos a água do viveiro, para que além da temperatura, o pH seja quase igualado.
Esse processo pode demorar aproximadamente 15 minutos. Recomenda-se usar
termômetro e pHmetro para saber quando é possível liberar os animais nos viveiros.
Quando a diferença de temperatura for de até 1oC entre a água da embalagem e a
do viveiro, pode-se liberar os animais com segurança. Quanto ao pH, esta diferença
deve ser no máximo de 0,5. Outra observação importante é a que deve ser
adicionada tela no cano que conduz a água de abastecimento aos viveiros, para que
não haja entrada de predadores de camarões, como peixes carnívoros, nem
competidores, como peixes pequenos ou anfíbios que consomem o oxigênio e o
alimento dos camarões, reduzindo a eficiência na produção.
Conforme descrito anteriormente, a estratégia de produção determinará a
densidade de estocagem a ser usada. Geralmente, esta densidade varia entre 4 e
15 animais/m2. No caso do uso de policultivo, a ser apresentado a seguir, a
densidade de estocagem deve ser menor que a usada para monocultivo. Se houver
uso de aeradores e substratos, pode-se utilizar densidades mais elevadas, como 15
animais/m².
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No sistema semi-
extensivo, geralmente se
utiliza viveiros de fundo
natural com 0,2 a 1,6 ha, com
0,9m de profundidade média.
Os viveiros são preparados
como no sistema de
piscicultura, com calagem e
adubação, se necessária, em
função do tipo de solo. Para a
calagem, usa-se 1 t/ha de
calcário agrícola, ou 1,5 t/ha Aplicação de cal virgem para desinfecção
de cal hidratada. É importante dos viveiros escavados

que a alcalinidade total esteja em torno de 40mg/L para a produção dos camarões.
Após a calagem, deve-se aguardar aproximadamente duas semanas para o
enchimento dos viveiros. Após o enchimento, a fertilização pode ser feita
adicionando-se 25 kg de superfosfato triplo por hectare por mês.
Não existe atualmente uma dieta específica comercial para camarões de
água doce. Portanto, utiliza-se a dieta formulada para camarões marinhos na criação
do camarão-da-malásia. O camarão de água doce se alimenta principalmente de
pequenos organismos que habitam o fundo dos viveiros, como microvermes,
microcrustáceos, fungos. Portanto, a fertilização é importante para favorecer o
aparecimento destes organismos. Embora haja restrições, principalmente no
exterior, quanto ao uso de fertilização orgânica em viveiros de produção aquícola,
alguns produtores utilizam esterco bovino para este fim, na quantidade média de 1,5
t/ha.
A ração a ser fornecida para os camarões nos viveiros dependerá da
qualidade da água e da quantidade de camarões que existe nos viveiros. Nos
primeiros três meses de produção, deve-se utilizar uma dieta com 35% de proteína
bruta. Após este período, pode-se utilizar uma dieta com 30 ou 28% de proteína
bruta, até a despesca. A ração deve ser reduzida pela metade quando a quantidade
de oxigênio dissolvido estiver até 3,5mg/L, e deve ser interrompida quando este teor
for menor que 0,2mg/L. Quanto a temperatura da água estiver abaixo de 18ºC, a
alimentação também deve ser interrompida. Quanto à quantidade de alimento a ser
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fornecido, primeiramente deve-se conhecer a quantidade de animais que está em


cada viveiro, ou
seja, a biomassa,
por meio de
biometrias que
devem ser feitas a
cada 15 dias. Para
isso, pode-se utilizar
tarrafa para capturar
alguns camarões,
aproximadamente
10-20 indivíduos,
retirados de pontos Realização de biometria para acompanhamento do
crescimento e ajuste do arraçoamento dos
diferentes do viveiro, camarões
e pesá-los para estimar o peso médio em cada viveiro. A quantidade de ração
aumenta em função do crescimento dos camarões, porém a taxa de arraçoamento
diminui em função da taxa de crescimento, que é reduzida ao longo do
desenvolvimento dos camarões. Por exemplo, no início da produção, utiliza-se uma
taxa de arraçoamento de 7% da biomassa de camarões de cada viveiro. No
segundo mês de produção, esta taxa diminui para 6%. No terceiro mês, a taxa de
arraçoamento diminui para 5% e, a partir do sexto mês de produção, para 4% da
biomassa total do viveiro. Então, para se calcular a quantidade de ração a ser
fornecida para os camarões, deve-se multiplicar o peso médio individual estimado na
biometria pela quantidade de camarões estocados no viveiro, pelo número de
sobreviventes e finalmente pela taxa de crescimento estimada. O número de
sobreviventes no viveiro é estimado dividindo-se o valor da mortalidade assumida
(por exemplo, 30%) pelo número de meses de produção (por exemplo, 6 meses),
obtendo-se um valor mensal aproximado de mortalidade (no exemplo, 5%), que é
subtraído do número de animais estocados ou calculados nos meses anteriores.
Além disso, quando é realizada a despesca seletiva, deve-se lembrar de subtrair
estes animais no cálculo da biomassa. O valor obtido deve ser dividido por 2 para
que o arraçoamento seja feito em duas porções diárias, uma de manhã, em torno
das 9 h, e uma a tarde, em torno das 16 h, que são os períodos em que o oxigênio
dissolvido está estabilizado. Em média, a conversão alimentar do camarão-da-
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malásia é de 2-2,5:1, usando dieta comercial. A seguir, uma tabela é apresentada


como modelo para uso de cálculo de quantidade de ração que deve ser fornecida
aos camarões:

Tabela de biometria e arraçoamento

Data: __/__/__

Biometria número:
Viveiro número:

Amostra Peso Peso da tara Peso total Número de Peso médio


da tara + camarões dos camarões individual
(g) (g) camarões (un) (g)
(g)

T C PT=C-T N PM=PT/N

Nu= Número estimado de animais = ___ indivíduos


Peso médio individual (PM) = ___ g
Biomassa = Nu x PM x Sobrevivência (%) = ___ g
Quantidade total de ração fornecida por dia (QT) = Biomassa (g) x Taxa
de Arraçoamento (%) = ___ g
Quantidade de ração fornecida por refeição (QR) = QT/número de
refeições = ___ g
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Despesca

Após a fase de
crescimento final, os camarões
são despescados e
comercializados vivos, ou são
abatidos para comercialização
inteiros ou processados. O
processamento dos camarões
será detalhado a seguir. A
despesca é feita esgotando-se a
água do viveiro, e capturando os
camarões utilizando rede de
Despesca total de camarão-da-malásia
arrasto. Como a carne dos
camarões de água doce é bastante sensível à deterioração enzimática, os animais
devem ser abatidos à beira do viveiro, imediatamente após serem despescados, por
choque térmico. Deve-se adicionar o gelo em caixa com água e cloro, para a
desinfecção dos camarões. Os camarões devem ficar nesta caixa por
aproximadamente 30 minutos. A seguir, o protocolo para abate dos camarões por
choque térmico é apresentado.

Método de abate de camarões por choque térmico

1. Colocar uma caixa de aproximadamente 200L


nas proximidades do viveiro a ser despescado;

2. Adicionar 30L de solução 10ppm de cloro


(dissolver 0,5g de hipocloreto de cálcio (65% de
cloro ativo) em água de abastecimento público.
O pH deve estar em torno de 7;

3. Adicionar 30 kg de gelo moído na caixa. Após Abate dos camarões por


uma hora, adicionar mais 20 kg; choque térmico
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4. Colocar os camarões despescados em


caixas de plástico vazadas
(aproximadamente 50L), até a metade do
seu volume. Lavar os camarões em água
corrente ou por imersão em uma caixa
contendo água limpa;

5. Colocar os camarões lavados na caixa


preparada com gelo e cloro e deixá-los
Lavagem de camarões em caixa com por 30 minutos, conforme a quantidade e
gelo
o tamanho dos camarões.

Pratos elaborados à base de camarão-da-malásia


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GRUPO DE TRABALHO EM CAMARÃO DE ÁGUA DOCE

Para maiores informações sobre a produção de camarões de água doce, é só acessar:


www.gtcad.com.br

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