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Jeová Silva Bezerra

CORRUPÇÃO NA MAGISTRATURA E SUAS CONSEQUENCIAS À


SEGURANÇA JURIDICA

Arapiraca
2019
DEDICATÓRIA

Dedico este livro à minha saudosa Mãe, Margarida Silva Bezerra, que, diante da
grandiosidade do seu amor e sempre imbuída de espírito altruísta, apoiou
incondicionalmente meus estudos, apesar da distância física que sempre se fez
necessária para a concretização dos mesmos, ao meu pai João Alves Bezerra, que,
mesmo não letrado, soube compreender e aceitar o meu desejo de estudar. Dedico-o,
igualmente, aos meus filhos, Gabriel Barbosa Bezerra e Suzana Barbosa Bezerra,
maiores presentes de toda a minha vida, e que imbuídas da mais pura inocência infantil,,
pela paciência e incentivo, mesmo nos momentos em que tive que abdicar de sua
atenção em prol dos estudos do dia-a-dia e da elaboração do presente livro, e aos meus
irmãos Paulo Alves da Silva, Robson Silva Bezerra, Mauricio Silva Bezerra e Sandra
Regina Silva Bezerra. Espero em Deus que meu sacrifício possa servir de exemplo para
a vida deles, fazendo com que percebam a importância dos estudos nas nossas vidas,
bem assim da dedicação e perseverança necessárias para empreendê-los
consistentemente.
EPIGRAFE

"A educação faz um povo fácil de ser


liderado, mas difícil de ser dirigido; fácil de
ser governado, mas impossível de ser
escravizado."

HENRY PETER
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos e a todas que nos acompanharam e auxiliaram nesta etapa da


minha vida profissional em memória de minha mãe Margarida Silva Bezerra.

João Alves Bezerra, meu pai, foi alguém que me ensinou com o exemplo que eu
devia dar sempre o melhor em tudo que eu fizesse, em qualquer situação. Margarida
Silva Bezerra, minha mãe, é exemplo de força, de doação e de vida, que tem em seu
colo um refúgio seguro sempre. A união da força de minha mãe e do fazer sempre o
melhor do meu pai formaram o que sou hoje, alguém que tenta colocar de maneira plena
seu coração por completo em tudo o que faz. Agradeço a vocês pelo que sou!
Amigos (as), são os irmãos (as) que a gente escolhe, mas há irmãos que não
escolhemos, que vem junto com a família. Mas, se pudesse escolher, escolheria vocês.
Obrigado por serem parte do que eu sou e pela cumplicidade de sempre.
RESUMO

O presente livro visa apresentar um tema instigante e de vultosa importância em ações


no que tange corrupção na magistratura e suas consequências à segurança jurídica,
assim como se constata, dentro da seara do Direito, onde se mostra os desvios de
condutas. Neste parâmetro o poder judiciário está entrelaçado às mazelas advindas do
desvio de conduta, onde em cada juriscidade deveria resplandecer a justiça, no entanto o
poder judiciário encontra-se em dificuldades para cumprir sua missão constitucional.
Portanto, os problemas que imergem ve sê como um desafio aos operadores do direito,
bem com o que está para julgar as lides com parcialidade. Percebe-se, que atualmente
crescem os envolvimentos de juízes em vários delitos como venda de sentença, o que
mostra-se com muita evidencia relacionamento estreito com o poder político. O tema
constitui-se no objeto de estudo em face da corrupção em que se expõe de forma
generalizada no Poder Judiciário e na Política brasileira, e forma contundente nos
órgãos públicos, assim como várias classes de funcionários e agentes públicos. Nota-se,
que se permeia estas mazelas autora deixadas como uma cultura da corrupção, no que
corrompe a democracia, levando a uma sociedade desacreditada em nossa justiça,
quando a impunidade desta autoridade decorre-se em fenômeno já bastante conhecido
desde a remota antiguidade no que refere-se a nossa historicidade. Questiona-se, uma
cultura cheia de relações de poderes que formam numa cultura da corrupção e do poder
dentro do poder público, assim se vê a participação e atos criminosos que permeiam os
poderes.

Palavras-chave: Corrupção, Desvios de condutas, poder político, atos criminosos, poder


público.
ABSTRACT

This book presents an intriguing and important topic in bulky action regarding
corruption in the judiciary and its consequences to the legal certainty, as it turns out,
within the law of the harvest, which shows the deviations of behavior. In this parameter
the judiciary is interlaced the ills arising from the misconduct, where in each juriscidade
justice should shine, however the judiciary is struggling to fulfill its constitutional
mission. Therefore, the problems that plunge see yourself as a challenge to law
enforcement officers, as well as what is to judge the labors partiality. It can be seen that
currently grow the involvement of judges in various crimes such as selling sentence,
showing very evident close relationship with political power. The theme constitutes the
object of study in the face of corruption that exposes commonly present in Brazilian
Politics, and forcefully in public bodies, as well as several classes of public servants.
We notice that permeates up these ills author left as a culture of corruption, in which
corrupts democracy, leading to a discredited justice in our society when the impunity of
this authority comes into phenomenon already well known since antiquity it refers in
our historicity. Wonders, a culture full of power relations that make up a culture of
corruption and power within the government, thus sees the participation and criminal
acts that permeate the powers.

Keywords: Corruption, Misuse of conduct, political power, criminal acts, government

\
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico

1...................................................................................................................................16

Gráfico
2...................................................................................................................................18

Gráfico
2...................................................................................................................................21
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO............................................................................................................11
1.1.Corrupção, Direito, Estado e corrupção na magistratura...........................................11
2.LEIS SOBRE A CORRUPÇÃO - A NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO BRASILEIRA........15
3.CORRUPÇÃO NA MAGISTRATURA E O DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA DA
IMPUNIDADE................................................................................................................15
3.1. Novo CPC abre portas à corrupção de juízes........................................................ ..17
4.COMBATE À CORRUPÇÃO NA MAGISTRATURA E O PAPEL DO MINISTÉRIO
PÚBLICO........................................................................................................................17
4.1 Formas de Governo, e o sistema político e corrupção no Brasil........................ .....18
5.CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA A CORRUPÇÃO....................... .18
6.JUÍZES INVESTIGADOS PELO CNJ................................................. ....................28
7.FALTA DE PUNIÇÕES E A APOSENTADORIA COMPULSÓRIA É A SANÇÃO
EXTREMA..................................... ................................................................................29
8.CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA: A LUZ DO ART. 317 DO CÓDIGO
PENAL............................................................................................................................30
9.OAB CONSIDERA IMORAL APOSENTADORIA COMPULSÓRIA PARA
MAGISTRADOS AFASTADOS POR CORRUPÇÃO..................................................31

10.FICHA LIMPA OU LEI COMPLEMENTAR Nº. 135 DE 2010..............................32

11.SENADO FEDERAL APROVA PUNIÇÃO MAIS SERVERA PARA JUÍZES E


INTERGRANTES DO MINISTÉRIO PÚBLICO..........................................................33
12. APROVAÇÃO DE LEIS QUE FACILITEM O COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES
CRIMINOSAS.................................................................................................................35
13.CONCLUSÃO.............................................................. .............................................37
14.REFERÊNCIAS.........................................................................................................38
15.ANEXOS....................................................................................................................42
1. INTRODUÇÃO

1.1 Corrupção, Direito, Estado e corrupção na magistratura.

O objetivo do presente livro é abordar um tema bastante intrigante e recheado de


grandes problemáticas. Como se constata, em uma preliminar dedução do tema, o
trabalho inserido na seara do Direito. O regramento da vida em sociedade e do Estado é
gerado a partir de elevados valores. É sabido, contudo, que pode haver uma distância
entre esses ideais e a realidade dos fatos.
É conveniente ao orbe jurídico que exista uma separação entre os mundos do ser e
do dever ser. Cabe, então, ao esforço dos atores do Direito para assim possa mover o
corpo social na direção dos altos valores que as normas devem espelhar.
Portanto, natural o humano falhar, no entanto, deve-se entender que os valores sejam
elevados, e nesta orbita, e necessário que se tenham metas utópicas que movam a
realidade. Assim, entende-se que dessa forma, nem todo erro, ilícito ou falta, são
necessariamente corrupção, porque uma vez que o mundo do dever ser é um mundo
pretensamente perfeito, com configuração de homens imperfeitos.
Todavia, nesta parte questiona-se que o diferente, ou seja, podem-se encontrar atores
que vislumbram contra valores inspiradores de parcela da ordem jurídica e que, tambem
assumem de forma laboram no sentido de que a dissolução e tambem a degradação das
condutas preconizadas pela ordem normativa, conduzindo à corrupção.
Ressalta-se, que o termo “corrupção”, do latim corruptione, tem, no dicionário, os
sentidos de “ato ou efeito de corromper; decomposição, putrefação; e devassidão,
depravação, perversão”.
Percebe-se, que o Estado como organização política da sociedade em bases
jurídicas, tem-se um espaço especial para o fenômeno da corrupção. Direito, sociedade,
estruturação orgânica, política e liberdade são áreas em que há muito o que corromper.
Nota-se, que o poder judiciário está diante das mazelas advindas do desvio de poder,
onde encontram dificuldades para cumprir sua missão constitucional de distribuição de
justiça, visto que os problemas que imergem e desafia os operadores do direito, bem
com o legislador e o próprio jurisdicionado.
O Judiciário continua enfrentando dificuldades para cumprir sua missão
constitucional de distribuição de justiça, entregando o direito a quem faz jus e reclama;
muitos motivos contribuem para essa situação que não é temporária, mas permanente, e
que desafia os operadores do direito, o legislador e o próprio jurisdicionado.
O tema constitui-se no objeto de estudo em face da corrupção em que se expõe de
forma generalizada na Política brasileira e nos órgãos públicos tendo em vista o
envolvimento de várias classes de funcionários e agentes públicos envolvidos neste
desvio de conduta.
No Brasil, a corrupção é contemporânea e tem base na colonização portuguesa, se
desdobrando através de suas elites, uma vez que tudo podiam sem presta conta de seus
atos.
Nos dias atuais ainda se permeiam as mazelas autora deixadas como uma cultura da
corrupção, ou seja, entre a percepção e a democracia, isso já estava configurado na
arquitetura as normas de convivência social e de certa forma aplicada a justiça.
Segundo Melo (2009, p. 35) “a impunidade dos ricos sempre existiu e decorria de
uma forte solidariedade de classe, já que o Delegado de Polícia, o Promotor Público e o
Juiz de Direito eram nomeados dentre os membros da elite política, econômica e social.
Por esse tempo, não havia seleção por concurso público e, se houvesse, os pertencentes
às classes sociais mais baixas não poderiam participar do processo seletivo por falta de
instrução”.
O fenômeno da corrupção e conhecida desde a remota antiguidade, sempre foi
analisada como um mal. Estudar o ser humano sobre os desvios de condutas, o porquê
da ganância, percebe-se que na historicidade ela está fundamentada no poder.
Portanto, neste ambiente das elites políticas dominantes, logo se percebe essa
cultura, essa teia de relações de poderes que se formavam numa cultura da corrupção e
do poder, visto que o patrimônio público era tido com um bem particular, ou seja, um
patrimônio privado.
Nos dias atuais os bens públicos são lapidados em todas as esferas, desde os poderes
executivo, legislativo e judiciário, indo as cortes dos tribunais superiores. Notícias são
constantes, dos quais mostram o envolvimento de autoridades em suborno, venda de
sentença, ou seja, na prática os fatos acontecem dentro dos próprios tribunais, e surge
uma confusão no que tange aos bens públicos, que levam a lavagem de dinheiro e o
crime organizado, onde transmutam os bens públicos em bens privados.
Visto que se coloca em evidência as condições sociológicas do direito numa visão
sobre o corrompimento estarrecida na corrupção, bem como a formação intelectual, com
mais elevada se vê a participação e atos criminosos como a lavagem de dinheiro
públicos. Há uma preocupação, no que tange as classes de pessoas, no qual poderia se
dizer, que seria por causa das condições sociais, o meio em que se relaciona.
Uma das bases para esse desenfreamento da corrupção, é a lentidão do judiciário em
todas as esferas, bem como leis processuais arcaicas, onde com facilidade se percebe a
dificuldade em que o Estado de Direito tem em enfrentar a corrupção, e nesta esfera, o
princípios da isonomia consagrado pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 5ª
explicita: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, ...
Entende-se, que o direito não corrompe, ou seja, através das normas não dão
sustentação a corrupção, no entanto percebe-se a fragilidade do Estado e o silêncio
diante da insustentabilidade dos valores que sejam eles (morais, éticos, ideológicos,
políticos), que não se poderia prescindir para os próprios posicionamentos da
observação.
Portanto, o posicionamento da sociedade diante da corrupção generalizada, tendo
como o paradoxo da política levando em conta o silêncio, a complexidade diante das
formas de combates, o controle e fiscalização sobre os partidos políticos, aumento das
punições, reforma política, substituição das fontes privadas de financiamento dos
partidos por financiamentos do Estado.
Assim, a escolha do tema expõem as mazelas, tendo em vista, a debilidade
democrática e a propagação da corrupção, subtende-se que direito diante das limitações
dos instrumentos de controle, e também da inexistência de mecanismos aptos a manter a
administração adstrita à legalidade, bem como da arbitrariedade do poder e da
consequente supremacia do interesse dos detentores da protesta publica face ao anseio
coletivo.
Percebe-se, a corrupção tendo em vista as consequências, longe de se diluir com a
ulterior transição para um regime democrático, deixa sementes indesejadas no sistema,
que comprometem os alicerces estruturais da administração pública do decorrer dos
tempos.
Ainda que novos sejam os mecanismos para a intervenção e a anticorrupção com
base no direito na sua base positivista, diante de uma expectativa social que deve haver
punição dos corruptos através de tipificação na legislação penal.
Portanto, se a conduta do suposto corrupto não tipificar peculato, concussão,
corrupção passiva ou prevaricação, essa forma de conduta não interessa para o direito.
Nota-se, que há um grande avanço, com relação ao combate a corrupção, visto que,
mormente com a aprovação do Projeto de Lei (PLC) 39/2013 pelo Senado em 4 de
julho, que tem como base punição e responsabilização das empresas que se envolverem
em atos de corrupção contra a administração pública.
Visto que se abre um leque para o controle e punição, aonde as empresas que
venham praticar ações como oferecer vantagem indevida a agente público, fraudar
licitações e financiar atos ilícitos, responderam pelos elícitos praticados, uma vez que
não só apenas as pessoas físicas flagradas em casos de corrupção serão punidas, mas
haverá punições também para as pessoas jurídicas corruptoras que, ou seja, com advento
da nova lei, no âmbito administrativo, poderá pagar multas de 0,1% a 20% do
faturamento bruto anual ou de valores entre R$ 6 mil e R$ 60 milhões, e não será
isentada a pessoa jurídica de reparar integralmente o dano causado, quando possível.
Em 2011 um novo Congresso tomou posse, e os deputados e senadores encontraram nos
arquivos quase 70 projetos de lei sobre a prevenção e combate à corrupção que ainda
aguardam votação.
Em vários aspectos, no Brasil ve sê que se tem avançado, no entanto na sua
execução precisa-se muito questionar, na verdade colocar em prática o que já se tem
aprovado.
Portanto, apenas este ano em 2011, apenas um projeto anticorrupção foi votado e
aprovado: o projeto da Ficha Limpa (Lei de Inelegibilidade vigente), com muito esforço
do lado da população, veio a esse resultado positivo, uma lei que já estava no Congresso
desde o ano de 1990, a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990. Esta Lei não
permite o acesso a cargos eletivos de pessoas condenadas por crimes com maior
repercussão social.
No ano de 2009, só um único projeto foi aprovado, a Lei Complementar de nº 131,
onde obriga os governos federal, estaduais e municipais, disporem das informações
pormenorizadas, sobre a execução orçamentária e financeira.
Através desta lei, nasceram de outros projetos anteriores, como do projeto
Transparência, de Janete Capiberibe PSB-Amapá, que pedia a exposição de contas
públicas na internet, desde 2003, e virou bandeira ao combate à corrupção, desde então.
Destarte, é de suma importância no combate a corrupção, o que se percebe, parece
que se precisa de homens de caráter, idôneos, como se mostra o presidente do STF
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. No tocante os projetos que não seguem
avante, devido a inércia no que tange a formalidade política, e falta de vontade que
realmente precisa para que aja mudanças e a problemática contra a corrupção.
Vê-se, que são medidas importantes de combate à corrupção, mas os processos são
morosamente aplicados, tendo em vista que temos o Relatório Global da Corrupção,
essa prática causou um rombo de U$300 bilhões no mundo, de 1990 a 2005.
Portanto, nas últimas semanas de novembro de 2010, dias antes da comemoração,
em 09 de dezembro, Dia Nacional do Combate à Corrupção, onde se vê o projeto
conforme Lei nº 947/07, onde se está tentando colocar em pauta na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania para alterar o decreto de 1967, que tem sua adequação
à convenção das Nações Unidas contra a corrupção.
Trata-se, da criação do crime de enriquecimento ilícito que está previsto na
convenção da ONU sobre corrupção de 2003, com a possibilidade de se processar
criminalmente uma empresa, que faz parte da Constituição de 1988 e que ainda não foi
regulamentada.
É de se convir, que os projetos de anticorrupção só serão manifestados através da
movimentação da sociedade, para que o Congresso possa realmente entender os
desígnios da sociedade, como é caso da Ficha Limpa. Os projetos anticorrupção são
discutidos há anos pelas comissões, no entanto quando entram na pauta do congresso,
não conseguem ir adiante, ficam parados, pela política para serem discutidos e
aprovados.
2. O QUE É A CORRUPÇÃO.

Vivemos em uma intensa crise econômica e institucional, e a cada dia emerge um


novo escândalo de corrupção, criando no meio social uma forte descrença e desilusão
em face das instituições.
Vê-se por um lado, a responsabilização de determinados sujeitos, em casos
esporádicos e eventuais; e elevada sensação social de impunidade bem acentuada.
É nesta visão emaranhado de irregularidades, em que temos a maior indignação
nas pessoas é a corrupção. É notável os crescentes os protestos no que tange a
corrupção e o discurso a favor da moralidade no setor público.
Segundo Batista, “o sentido da pergunta é bem abrangente, respondida em tese,
pelas frases supra, considerando que o problema chega a ser social, por estar a
corrupção institucionalizada em todas os países do mundo” (p. 43)
Vislumbra-se, que a imagem da justiça e dos seus agentes, particularmente dos
juízes, vem há largo tempo sofrendo um processo de desgaste. O que é de grande
preocupação, no que tange a corrupção no judiciário está interligada em decisões
judiciais, tendo em vista que a falha dos mecanismos estatais em que deveriam
assegurar e ser fortalecida resolução de um serviço eficiente.
Quando isso não acontece inclusive do Judiciário, é inevitável a suas falhas
favorecerem o cometimento de crime ligados principalmente ao crime organizado.
Entre as lacunas estão a seletividade da Justiça, ou seja, a impunidade e a ausência
de leis para combater a corrupção.
Vejamos o que realmente acontece quando o Estado de Direito falha na sua
representatividade do poder judiciário bem como enfatiza o artigo 1 da CF, onde define
o Estado brasileiro como Democrático, vejamos:

O ar. 1.º da CF fixa a definição do Estado brasileiro como


“Democrático de Direito”, donde necessariamente
identificamos como valores fundantes a democracia e o
caráter da juridicidade. Assim, o Estado brasileiro é
submetido ao direito, e o é, tambem em consequência, o
Governo, os governantes, as instituições, pois, como bem
observa Jorge de Miranda: “Não apenas os indivíduos (ou
os particulares) que vivem subordinados a normas
jurídicas. (Tavares, et al, 2005, p. 15)

E notável que o poder Judiciário brasileiro sempre foi visto como um sistema
intocável, ou seja, formado por pessoas que jamais se entregariam a corrupção,
aqueles que deveriam ter o poder de julgar e aplicar Leis, mas que apesar delas serem
constitucionais, não quer dizer que são justas. Decisões são dadas que podem mudar a
vida de pessoas, não se imaginava que poderiam ser compradas, mas infelizmente são.
No entanto, os abusos são notórios, mostrados pela imprensa brasileira e
internacional. A sociedade brasileira ver os descasos envolvendo o judiciário, onde
deveriam julgar com imparcialidade e julgar nos ditames da lei. É inevitável as críticas
de forma geral das pessoas simples, que veem no judiciário a esperança de se aplicar a
Justiça, digo estas pessoas, porque são elas as menos favorecidas nessa sociedade
capitalista.
Aqueles que detêm o poder e têm influência na sociedade, e compram o
judiciário em todas as instancias alem de políticos, policiais e agentes da
administração pública.
Os integrantes do sistema judiciário brasileiro, ficam impunes, e os deveriam
ser os guardiões das leis e da constituição, menosprezam as Lei. Vejamos os papel e a
evolução do poder judiciário dentre poderes, bem como se dá a corrupção ou
inclinação daqueles que detém o poder nas diferentes esfera e poderes.

Uma forma de resenhar o quadro de evolução histórico-


institucional do Judiciário e coletivos – como modo de
captar mecanismos de compreensão de sua atual fixação
dentre os poderes do Estado brasileiro e do
dimensionamento aproximado de sua projeção
instrumental (enquanto imbuído da função de
promoção de controle social e de limitação dos poderes
estatais) – pode ser validamente partir da análise da
própria evolução das formas de controle de
constitucionalidade, identificada enquanto expoente da
inserção institucional do Judiciário enquanto efetivo
Poder estatal. (Moreira, 2009, p.58).

A Corrupção no judiciário e nos demais poderes da esfera constitucional, ou


seja, nos três poderes, notoriamente como poder do sistema legal, resistem as
contestações ou denúncias de práticas indevidas.
No Sistema Judiciário são visíveis as ilegalidades processuais e sentenças que
trazem revoltas. Assim, se tratando de ações criminosas de autoridades,
provavelmente ocorrerão arbitrariedades, abusos e cerceamentos.
Assim, o corporativismo é um problema inevitável em todas as instituições,
que se expressa pelo fato de faltar, por intenção ou má fé, aos deveres do seu cargo ou
ministério; ou corrupção. Desse modo o sistema cria um meio adequado para os
crimes de quadrilha envolvendo autoridades.
No Brasil que afeta os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário,
causando um problema de "sistema". É consenso que o Brasil necessite de uma
reforma política e judiciária, que depende do próprio Legislativo, pois esta se esbarra
em questões de competência. Torna-se necessário que a Justiça Brasileira julgue os
crimes cometidos por seus membros sem se envolver.
O poder judiciário estruturou-se no modelo tecno-burocrático de acordo com
ordenamento Jurídico e o Estado, ou seja, ao se constituírem, identificam-se em um
modelo de sociedade, segundo normas e padrões culturais e comportamentais
previamente estabelecidos e amplamente aceitos, que toma forma na constituição do
Estado.
É o Estado que detém e exerce o poder, emanado do Povo que o constitui, e
que se consubstancia na Constituição, de determinar os rumos para o seu futuro,
estabelecendo os objetivos que lhe permitirá alcançar as metas desejadas, e de
organizar-se, criando um aparato tecno-burocrático adequado a executar as atividades
inerentes a esses objetivos-o governo.
Nesse contexto, a necessidade da implantação do ordenamento jurídico por
parte do Estado provém da existência do conflito, latente ou declarado, no convívio
social. Quando o conflito está latente, há que se prevenir o seu afloramento por meio
do estabelecimento de técnicas de controle social que devem refletir as aspirações da
sociedade, consubstanciadas, principalmente, no Direito Positivo. Por outro lado,
quando o conflito aflora e chega à violação dos preceitos legais, há que se ter
consciência de que essa violação é ilícita e passível de punição, bem como deve o
Estado ter o poder e as condições indispensáveis de aplicação das sanções adequadas.
A inexistência de um arcabouço jurídico, e do consequente poder coercitivo
que ele dá ao Estado, compete prover os meios pelos quais possam ser atingidos
aqueles objetivos previamente definidos, dentro de padrões civilizados de convivência
social. Para tanto, e ainda que também ele esteja subordinado ao ordenamento
jurídico, lhe são atribuídos na clássica divisão de Montesquieu, os poderes de legislar,
isto é, preceituar normas de conduta para a sociedade, compatíveis com a consecução
dos objetivos em questão Poder Legislativo, e o de julgar e aplicar sanções quando os
preceitos da lei não são cumpridos pelo Poder Judiciário.
Esses dois poderes são indispensáveis para que o terceiro poder atribuído ao
Estado, o de executar as tarefas que permitam atingir os objetivos da sociedade, possa
ser efetivamente exercido pelo Poder Executivo.
Os Três poderes possuem a condição de fiscalizar um ao outro em nome da
representatividade popular. Cabe, portanto, mecanismos dentro dos Poderes
Legislativo e Executivo, que atuem como fiscalizadores e controladores, inclusive
com poder punitivo, aos membros do Poder Judiciário. Assim como cabe ao
Judiciário, mecanismos que lhe permitam atuação fiscalizadora, controladora e
punitiva sobre os membros dos Poderes Legislativo e Executivo.
Percebe que há crise nos poderes, e no que enfatiza ao poder judiciário ainda se
encontra sendo um aparelho ideológico do estado, e há se convir que que em todas as
instâncias e organização judiciária, o poder judiciária deveria cumprir o seu papel com
parcialidade sem nenhum vínculo em incidência permanente da corrupção no sistema
político brasileiro.
E há se convir, que a corrupção está interligada antes tudo político, e é uma
concepção político-moral, levando a degradação e legitimidade bem como a qualidade
da democracia.
Nesta visão, o poder judiciário exerce sua parcela configurada no poder
político, da qual vejamos:

A magistratura nacional, desta forma, ainda se encontra a


meio passo de exercer efetivamente sua parcela de poder
político, e, pois, de responsabilidade, no exercício
próprio de suas funções mais sensivelmente no que
respeita ao controle dos poderes públicos, mas
igualmente no tocante à tutela de interesses
metaindividuais e na composição de conflitos sociais
cada vez mais complexos – ou de reduzir-se ao mero
exercício burocrático do dizer ao direito, em uma posição
confortável (porem objeto de duras e merecidas críticas)
em meio à crise institucional por quem passa o Estado
brasileiro. (Moreira, 2009, p.59).

No contexto atual do Estado, verifica-se os elementos que constituem ou as


características fundamentais do modelo contemporâneo, bem como entender as crises
que o assolam e que aponta para uma disfunção do ente estatal, onde corresponde a
uma dissonância na realidade atual.
Sob a perspectiva de organização de um modelo estatal, percebe-se que não
mais atende à complexidade das demandas contemporâneas, e é necessário que as
funções estatais precisam ser (re)pensadas, alem da jurisdição, onde se mostra adepta
a concepções tradicionais tornando-se incapaz de fornecer uma solução aos problemas
que lhe são postos.
Portanto, não basta apenas mostrar quais os motivos ensejadores das crises.
Necessita-se, que se busque neste contexto perspectivas de superação ante a
debilidade do Estado contemporâneo.
A crise no poder judiciário em face da corrupção, levo-a destruturação moral e
degradante, sendo necessário buscar uma verdadeira interação sistêmica no que tange
a inserção da crise judiciária bem como o Estado em um todo.

Mesmo em face dos crescentes sinais que apontam para a


identificação de uma ineficiência funcional já cronificada
– dimensionados em face de evidente superação de um
modelo formalista de composição de conflitos, de
condução burocrática flagrantemente inadequada frente
aos novos desafios institucionais impostos pela ordem
social contemporânea – é fato que não se encontra
sozinho o Judiciário em seu quadro de decantada crise,
uma vez que inexiste, enquanto Poder, como um
compartimento estaque do Estado. (Moreira, 2009, p.79).

Portanto, no modelo em que se encontra configurado o poder Judiciário não


possui a estrutura necessária para absorver as demandas atuais, ou seja, muito menos
de respondê-las em tempo oportuno, o que comprova a ineficácia da prestação
jurisdicional.
Nesse sentido, é imperioso que se busquem soluções alternativas à crise da
jurisdição, tendo em vista que os mecanismos tradicionais de solução de conflito não
asseguram ao jurisdicionado o pleno acesso ao Judiciário. Em um primeiro momento,
serão abordadas as crises do Estado aclarados nas seguintes mazelas: Moral,
estrutural, constitucional, política e funcional), assim, permeia-se à crise conceitual,
em razão da sua proximidade com a crise funcional, alem dos fatores que contribuem
para o agravamento da debilidade da função jurisdicional.
No tange ao comporta do homem em face de suas atitudes e valores em que
desempenham, sua conduta diante da sociedade, houve a necessidade de muitas
mudanças, muitas procuras pelo acerto, ao ponto de chegar-se ao atual sistema
dominante, incluindo representantes políticos, envolvendo Estado, poderes, e outras.
Segundo Batista, 2012, p. “46, para entender o mecanismo da corrupção e a
necessidade de o Estado estar presente impondo o seu poder de polícia e de vigilância
para combatê-la, é necessário possuir bom acervo de conhecimentos sobre a natureza
humana”.
Em todos os lastros de corrupção o ser humano esteve entrelaçado aos vários
ditames de poder na estrutura do Estado direito.
Vejamos que não é tarefa fácil para se diagnosticar o Poder Judiciário brasileiro,
mesmo sendo um Poder do Estado, não conduzindo ao esquecimento de que o Estado
brasileiro é a representação da união de corpos em si mesmo, formando deste modo a
República Federativa.
Portanto, é indispensável que o Poder Judiciário exerça suas atribuições, e
buscando a todo custo a sua independência, mas de forma que não produza nenhum
dano ou prejuízos na harmonia com os demais poderes, e estas medidas têm
fundamentação constitucional, concedendo-lhe autonomia financeira e administrativa.
É necessário compreender os traços característicos do Brasil que influenciam a
corrupção, ou seja, conhecê-la, e o porquê está tão acentuada em um Estado
democrático de Direito e nas instituições e as razões pelas quais qualquer pessoa,
independentemente de gênero, etnia, partido e ideologia.
Se analisarmos os traços culturais que toleram a corrupção, poderemos de início
destacar o poder político, tendo em vista, a história do Brasil e seus governos e não têm
como analisarmos separadamente os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, tendo
em vista às mazelas que envolvem ambos os poderes.
É notável o envolvimento dos grupos dominantes em face de interesses
jurídicos, principalmente quando há privilégios no que tange ao foro privilegiado.
Vê-se que a corrupção está interligada ao foro privilegiado, é estar arraigada no
país, com nefastos efeitos na política e na administração pública.
A correlação está amparada no intuito da proteção concedida pelo foro liga-se
basicamente a envolvidos em corrupção, uma forma como blindagem aos delitos
políticos ou administrativos, escopo do foro por prerrogativa de função.
Há de se convir que a corrupção é crime comum, matéria do Direito Penal, não
do Direito Administrativo, ainda que haja correlação.
No que tange ao foro privilegiado, instituto visto como proteção casuística a
políticos a agentes públicos. A corrupção tornou endêmica e nas últimas décadas
transformou-se em epidemia e passou ao favorecimento no âmbito dos governos onde
passou a ser visto como mal necessário.

O desprezo ao interesse público, o elitismo e o preconceito


étnico e de gênero sempre foram muito resistentes na
civilização brasileira. Fundamos uma república sem
soberania popular, sem democracia. Quando retornamos à
democracia, os valores e os princípios republicanos
estavam sob escombros. (GUIMARÃES, 2011, p. 95)

Analisar a corrupção no Brasil bem como no poder judiciário há uma tamanha


complexidade desse fenômeno, tendo em vista que a corrupção se reproduz no país de
diversas formas de apresentação.
Levando em conta a evolução do Estado em frente a vários conceitos
ideológicos em face do poder público nos conduz a apontar a corrupção como várias
ações capazes de lesar o interesse público e geralmente em favor de interesses
particulares.
Assim a corrupção vai além da apropriação privada do dinheiro público; ela é o
desvio de qualquer patrimônio público, seja ele material ou imaterial.
Desde tempos remotos existem no Brasil práticas que lesam o interesse público,
podendo elas ser formal e legitimamente institucionalizadas em determinados regimes,
como o colonial e o autoritário da ditadura militar, tornando tais regimes corruptos por
natureza, ou não.
Apenas nas repúblicas e nas democracias, portanto, a corrupção se coloca como
problema – ela é a morte da coisa pública, ao tempo em que esses regimes, republicanos
e democratas, prometem sustentar o que é público.
Com o advento da Carta de 1988, que constitui o país como república e
democracia, a corrupção se põe como um entrave. Não apenas por ela estar em
desacordo com a constituição normativa do país, mas por ela ser um problema grave aos
olhos da opinião pública.
3. A CORRUPÇÃO NO BRASIL

A corrupção no Brasil, e precisamente com o advento da instauração da


democracia no Brasil, inúmeros casos de corrupção surgiram como o envolvimento de
agentes privados a agentes públicos, envolvidos em ato ilícitos nos últimos anos se
tornou-se comum.
No que consta na história desde a colonização, no que tange a corrupção no
Brasil, houveram diversos casos de escândalos envolvendo o poder políticos, conforme
os relatos de Avritzer, Bignotto, Guimarães e Starling (2012, p. 200):

Corrupção política, como tudo mais, é fenômeno histórico. Como


tal, ela é antiga e mutante. Os republicanos da propaganda
acusavam o sistema imperial de corrupto e despótico. Os
revolucionários de 1930 acusavam a Primeira República e seus
políticos de carcamidos. Getúlio Vargas foi derrubado em 1954
sob a acusação de ter criado um mar de lama no Catete. O golpe
de 1964 foi dado em nome da luta contra a subversão e a
corrupção. A ditadura militar chegou ao fim sob acusações de
corrupção, despotismo, desrespeito pela coisa pública. Após a
redemocratização, Fernando Collor foi eleito em 1989 com a
promessa de caça aos marajás e foi expulso do poder por fazer o
que condenou. De 2005 para cá, as denúncias de escândalos
surgem com regularidade quase monótona.

Diversas são as teorias das possíveis causas da origem da corrupção no Brasil,


sendo que autores tratam o seu surgimento de diferentes pontos de vista, porém é por
intermédio do retrocesso na história que podemos encontrar através do processo de
colonização as raízes do problema (ALBUQUERQUE; MEDEIROS; BARBOZA,
2006). Existe uma corrente de historiadores que acreditam que a corrupção surgiu desde
a colonização do Brasil, com a vida de pessoas de Portugal para essas terras. É essa a
corrente que se encontra com maior força entre os historiadores nos dias atuais,
garantindo que a corrupção existente no Brasil atualmente é devida a formação do
Estado brasileiro, desde o período de colonização, e que estaria associada à vinda de
determinadas pessoas de Portugal para o Brasil, principalmente os degredados que
foram enviados ao país na colonização inicial. No século XVI, pessoas que cometiam
crimes em Portugal eram condenadas a cumprir suas penas no Brasil, assim como em
outras colônias portuguesas.

4. O PODER JUDICIÁRIO EM CRISE

O Poder Judiciário brasileiro, está vivenciando momento conturbado e necessário


de que haja mudanças consideráveis tendo em vista as deficiências que vendo
alterando a identidade e o perfil da instituição.
O Estado moderno brasileiro foi construído conforme ideais concebidas na
América do Norte e na Europa, sendo ignorada toda a produção intelectual pátria e
mesmo as variantes encontradas no território nacional e não previsíveis no modelo
pronto, concebido pelos Estados Unidos.

Distanciando-se das concepções de Locke, que inseria as


funções judicantes no âmbito do executivo, e
desenvolvendo a afirmação de um poder judiciário ainda
embrionário em Montesquieu, a experiência americana
consagrou pela primeira vez a existência de um
verdadeiro terceiro poder, o poder jurisdicional,
equivalente aos outros dois e de fundamental importância
na formação da democracia. (Moreira, 2009, p.33).

Nesta estruturação da separação de poderes é demonstrada pela predominância


cíclica de uma esfera de poder sobre outra. No iniciou buscou limitar os poderes
concentrados nas mãos do monarca absoluto.
Na versão norte-americana, a ideia foi a de equilibrar as forças entre Legislativo
e Executivo, sem questionar a relevância do Poder Judiciário.
No entanto, no momento atual, observa-se uma tendência ao protagonismo do
Poder Judiciário, que pode ser explicado pela ênfase nos controles e na tarefa inadiável
de limitação do arbítrio.
É por esta razão que muitos chegam a afirmar que atualmente se vive a era da
judicialização da política.
Nesse sentido, o Poder Judiciário brasileiro na contemporaneidade, a
necessidade de superar a dogmática cristalizada pela ideologia liberal-burguesa dos
séculos XVIII e XIX, a, a partir de uma visão instrumentalizada, em favor da
preservação da democracia e da realização dos anseios da sociedade contemporânea.
Vê-se que o modelo de presidencialismo consagrado pela Constituição de 1988
conferiu ao Judiciário e aos seus integrantes capacidade de agirem politicamente, quer
questionando, quer paralisando políticas e atos administrativos, aprovados pelos
poderes Executivo e Legislativo, ou mesmo determinando medidas,
independentemente da vontade expressa do Executivo e da maioria parlamentar. Por
outro lado, a instituição possui atribuições de um serviço público encarregado da
prestação jurisdicional, arbitrando conflitos, garantindo direitos.
A face política do Judiciário foi claramente expressa pela Constituição de
1988. A Lei Maior brasileira, tal como as Constituições que resultaram dos processos
de redemocratização no século XX, é muito diferente das precedentes, típicas do
constitucionalismo moderno.
Enquanto nas primeiras Constituições os principais objetivos eram a limitação
do poder dos monarcas, a afirmação do império da Lei e a proteção das liberdades
individuais, as mais recentes guiam-se por valores democráticos, enfatizando os
direitos sociais1.
Em consequência, o foco central passa a estar em questões concretas, de
natureza social, política e econômica, fortalecendo a inclinação do Direito de tornar-se
pragmático, embaçando as fronteiras entre o Direito e a política. Daí, também, a
tendência das Constituições mais recentes serem extremamente detalhadas,
procurando resolver temas vistos como relevantes e especificar metas, regras e
políticas de governo.
A Constituição brasileira de 1988 levou ao extremo as potencialidades do
constitucionalismo característico dos processos de redemocratização, incorporando ao
máximo o paradigma normativo.
Efetivamente, além de garantir os direitos individuais, típicos do liberalismo,
consagrou uma ampla gama de direitos sociais e coletivos e definiu metas.
Trata-se de texto essencialmente programático, com os direitos e deveres
individuais e coletivos aparecendo antes mesmo da organização do Estado.

5. JUDICIÁRIO: CRISE E PROPOSTAS DE REFORMA

Em verdade se faz necessária algumas críticas ao desempenho das instituições


do poder judiciário bem como o acompanhamento e a instalação e o desenvolvimento
dessas organizações no país.
Desde as primeiras Cortes, criadas ainda no período colonial, ouvia-se vozes
mostrando sua inoperância e o quanto estava distante de um modelo de justiça
minimamente satisfatório.
Trabalhando neste discurso nos últimos tempos, tornou-se um discurso
absolutamente direcionado a essas instituições, que além de incapazes de responder à
crescente demanda por justiça, tornaram-se anacrônicas e, pior ainda, refratárias a
qualquer modificação.
Ainda por outro lado, nas análises mais acentuadas sustenta-se, inclusive, que
as instituições judiciais ficaram perdidas no século XVIII ou, na melhor das hipóteses,
no XIX, enquanto o resto do país teria adentrado nos anos 2000.
Assim o Brasil, no que tange ao tema e as constantes críticas à justiça estatal é
um denominador absolutamente comum quando se examinam textos especializados,
crônicas e mesmo debates parlamentares, ao longo dos últimos quatro séculos.
Por outro lado, recorrer à universalidade da crítica não significa querer
equiparar experiências, nem diminui-la no que refere-se ao problema.
É seguro afirmar e focalizar uma questão que é relevante e tem mobilizado o
interesse de analistas e dirigentes políticos em todos os cantos do mundo.
No campo de exemplos no que tange a situação brasileira recente difere de
todo o período anterior em alguns como a questão percebida por amplos setores da
população, da classe política e dos operadores do Direito, visando uma reforma mais
consistente e com isso se tem diminuído a resistência tendo em vista a ineficiência do
sistema judicial.
Segundo Tasse, 2001, p. 59, enfatiza que o “modelo empírico é o tipo
estrutural básico, adotado nos países latino-americanos que apresentaram indisfarçável
similitude estrutural de seus modelos judiciais, sendo certo, ainda, que a fonte
inspiradora é o quadro construído nos Estados Unidos”.
Relata-se aqui, que a estrutura judiciária foi configurada como base do poder
político, tendo forma tende-se aos anseios da classe dominante dia após dia, vem
evoluindo em uma dinâmica da qual dessas mudanças derivam principalmente das
grandes transformações adquiridas pelo Estado em face à imprescindibilidade da figura
Estatal na busca por uma melhor organização social, e de as teorias justificativas quanto
à necessidade de sua existência, a teoria da força também denominada por origem
violenta do Estado afirma que a organização política resultou do poder de dominação
dos mais fortes sobre os mais fracos.
No que tange ao campo do poder judiciário tendo a moldura do poder político no
que refere-se as frustrações da sociedade, onde desde o século XVII, a atividade
jurisdicional esteve relacionada ao modelo de tripartição dos poderes proposto por
Montesquieu, na qual o judiciário se pronunciava no que tange a mera expressão da
vontade da lei.
Com efeito, e diante a possibilidade eterna de aguardar o cumprimento de
promessas pelo executivo e legislativo, o judiciário surge como uma grande via de
concretização dos direitos.
Eis que esse fenômeno não é específico de nosso ordenamento, mesmo porque
um texto constitucional, pelo fato de que em seu projeto, representa um compromisso
para com a sociedade, e essas características não mais se admite sua conversão em
normas programáticas, tornando-se um texto em falsas promessas.
O constitucionalismo moderno acaba por comprometer-se na necessidade que os
tribunais devam concretizar todas aquelas garantias fundamentais através da sua
interpretação e para a sua aplicabilidade.
Entretanto, há que se considerar que um modelo constitucional de direito, não
obstante os progressos por ele realizados, surge como decorrência da própria crise do
modelo de Estado adotado.

O poder judiciário brasileiro, em que se pese as críticas


que sofre e as mazelas apresentadas, é, sobre o ponto de
vista do direito comparado, o mais desenvolvido da
América Latina, por haver superado a estrutura empírico-
primitiva, adentrando no modelo estrutural tecno-
burocrático, sem dúvida, ainda não ideal, mas já mais bem
concebido, notadamente, na forma de ingresso na carreira
da Magistratura. (Tasse, 2001, p. 61)

Portanto, o modelo empírico-primitivo consiste no tipo estrutural básico em


que não há real independência do Judiciário, mas consiste nos interesses da camada
detentora do poder público, em regra, do Executivo.
Por certo, o controle de constitucionalidade, se realmente existir, será precário
e circunstancial.
É evidente que o modelo empírico está fundamentado em nações não
democráticos ou seja, pouco desenvolvidos.
No que tange a superação desse modelo ocorre a partir da necessidade de
qualificar tecnicamente e constantemente os juízes (modelo tecno-burocrático).
As principais características do modelo tecno-burocrático consistem na
rigorosa seleção de ingresso nos quadros do judiciário por meio de concurso público,
visando a sua estruturação da magistratura.
A democratização do Judiciário, é necessária para que seja atendida às
sociedades contemporâneas, com base na participação popular e no fortalecimento da
cidadania, integra a concepção do modelo democrático-contemporâneo.

“O sistema constitucional advindo da


redemocratização de 1985, do qual resultou a
Constituição de 1988, apresenta alguns pontos que
estão, ainda, a merecer reparo, daí a indiscutível
necessidade das propaladas “reformas”. É preciso,
entretanto, conservar moderação e prudência ao
enfrentar o problema daquilo que podemos referir
como adequações do texto constitucional
brasileiro.” (Tavares, et al, 2005, p. 13)

No que prescreve o artigo 95 da Constituição Federal do Brasil de 1988, que


expõe a problemática que cerca a compreensão das garantias da magistratura como
expressão da independência do Judiciário diante do princípio da separação dos
poderes. Há de se convir que as garantias podem ser usadas para beneficiar
magistrados ou beneficiam de certa forma a sociedade.
Necessita-se examinar se a aplicabilidade dessas garantias realmente garante
segurança jurídica no judiciário, ou se de certa forma servem como uma blindagem ou
apoio para a corrupção de magistrados.
A teoria da tripartição dos Poderes da União, com isso os Poderes da União são
independentes e ao mesmo tempo harmônicos entre si conforme o(art. 2º
da Constituição Federal, que os poderes exercem as funções de independência sem a
interferência dos demais Poderes, alem de ter instrumentos que garantem essas
autonomias, com base constitucional.
O poder judiciário precisa rever o seu papel, tendo em vista que e que tem
independência e função a jurisdição no Brasil, para que haja eficiência e
confiabilidade nos serviços prestados pelo Judiciário, a Constituição Federal do
Brasil conferiu aos magistrados as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e a
irredutibilidade de subsídios como sendo uma garantia constitucional do Poder
Judiciário.
As garantias conferidas aos magistrados não são para o magistrado em si, mas
são características inerentes ao cargo da magistratura, e por isso, devem zelar da lei,
da independência e da imparcialidade nas decisões dos magistrados, para que não
fiquem a margem das repressões ou até mesmo negociem suas decisões com os
demais Poderes da União.
Entretanto, o que seria mecanismo de proteção, para que possam aplicar a lei
sem temor ou medo de retaliação, esses mecanismos por outro lado, estão servindo
como instrumento de impunidade, visto que a mais alta pena cominada a um
magistrado no âmbito administrativo é a aposentadoria compulsória, e somente
acontecerá a demissão quando se esgotarem todos os graus de recursos do sistema
judiciário.

6. HISTÓRIA DO PODER ABSOLUTO EM FACE DOS DIAS ATUAIS

É sabido que o sistema político predominante da Idade Média o absolutismo,


caracterizado principalmente pela concentração do poder do estado, seja político ou
econômico, na pessoa do monarca, sem divisão dos poderes, mas centralizado tudo no
poder moderador, no que argumentar Figueiredo, Maquiavel, Thomas Hobbes:
Segundo Figueiredo (1993, p. 53), o absolutismo é uma “forma de governo”
em que o detentor do poder exerce suas funções sem subordinação controle ou
dependência dos demais órgãos do Estado.
Montesquieu propôs a tripartição das funções do Estado legislativas,
executivas e judiciárias, de maneira sintetizada, a divisão e organização de tarefas do
Estado, onde o poder legislativo criam e fiscalizam as leis, o executivo as põem em
pratica e o judiciário julga os excessos ou descumprimentos de leis.
Deve-se ressaltar, que a missão do poder judiciário em toda a sua estrutura
ainda precisa de profundas mudanças no aparelhamento do Estado, e não deve ser
mero aparelho ideológico do Estado, visando uma atuação mais eficaz.
O Poder Judiciário está atrelada a crise estrutural dentro do próprio Estado, a
doença se enraizou em todo os mecanismo do Estado. O que deve fazer é um raio - x
geral em todo o sistema.
Segundo Moreira, 2009, p. 24, De fato, não se pode pretender reformar um dos
poderes da República sem que, a partir de uma visão do mecanismo judiciário como
um sistema, proceda-se a uma ampla revisão de todas as estruturas estatais postas,
diretamente ou não, a serviço da prestação de justiça...
Enfatiza Moreira, 2009, p.22, sob tal ótica, portanto, embora a chamada crise
de eficiência possa efetivamente resultar da soma de uma série de pontos deficitários
vislumbrados em campo variados da atuação judiciária dentro da sociedade e em face
dos demais poderes do Estado – que, assim, poderiam ser identificados como
componentes de uma crise de identidade ou, mesmo, de uma crise institucional - vem
ela a constituir –se efetivamente no resultado de denominador comum ligado, em sua
essência, ao déficit verificado no cumprimento de suas funções , seja enquanto
mecanismo formal de resolução de conflitos, como, ainda, enquanto necessário fator
de equilíbrio institucional dos poderes estatais.
Diante de tantas mazelas que se apresentam em face do poder judiciário em
decorrência constante em atos de corrupção, ou do modelo difundido, ou ideologias,
ou como nasceu o poder judiciário, em uma cultura tradicionalista e formalista, da sua
importância para a efetivação da democracia, na inspiração do comentário de Zaffaroni
assim relata:

Não obstante a clara dimensão de poder que tem a questão


judiciária – ainda que não se esgote nela – tem-se apagado
sua memória, o que torna praticamente impossível sua
compreensão, porque não há fenômeno de poder que
resulte explicável se se ignorar como ele se destina. A
perda da memória histórica é um dos mais conhecidos
recursos para impedir a crítica e permitir a reincidência
nos mesmos erros. (ZAFFARONI, 1995. p. 29).

A história política brasileira apresenta uma vasta experiência de formas de


governo, tendo em vista as experiências com o parlamentarismo, com o
presidencialismo, com o regime militar, com a ditadura e com a democracia.
O que tange aos governos autoritários contribuíram para que o Judiciário
brasileiro adotasse, por algum tempo, o perfil de poder neutro, silencioso, discreto e
pouco participativo.
No entanto na contemporaneidade, o que está errado no poder Judiciário, quais
as garantias lhe falta, para que possam cumprir com sua missão constitucional,
vejamos de forma sucinta a estrutura do poder judiciário, através da história e as
transformações ocorridas.
Verifica-se que, além da crise organizacional, constatada em todo o aparato do
governo, do Poder Judiciário brasileiro apresentar com os seguintes modelos: empírico
primitivo, tecno-burocrático e democrático contemporâneo, e está entrelaçado com a
história política brasileira, deixando a transparecer em muitos momentos, a postura
autoritária, mormente do Poder Executivo.
No que tange a estrutura e mecanismo é necessário que haja uma profunda
mudança, no entanto se é um dos poderes que tem autonomia, ou em tese deveria ser
imparcial e sem amarras no que tange ao poder político, ainda que devam andar em
harmonia não significa se render as diversas formas de corrupção para se manterem no
poder ou atender ao interesse de grupos dominantes. Nesta visão, Adel El Tasse, está
correto quando relatou em sua obra a seguinte frase:
De acordo Tasse, 2004, p.51, o modelo posto, desde sua origem, sempre serviu à
manutenção do poderio de grupos internos e ao atendimento dos interesses dos países
cêntricos, na sua continua política de colonização internacional.
Tal condição do Poder Judiciário é uma blindagem para que tenha como
desempenhar seu papel com destemor, ou assim estruturado, para servir como interesse
àqueles que buscam o enriquecimento através da máquina pública e através do setor
privado.

7. AS GARANTIAS DA MAGISTRATURA COMO MECANISMO DE


PROTEÇÃO DOS JURISDICIONADOS

Vejamos a estrutura do poder judiciário:

É um cargo de grande responsabilidade, sendo necessários os requisitos


dispostos no art. 93, para o ingresso na carreira se faz através de concurso público, do
qual o candidato após o bacharelado deverá obrigatoriamente ter em seu currículo três
anos de efetiva atividade jurídica, devendo ser comprovado no ato da inscrição do
concurso público para o magistrado. Promoção dos juízes iniciam após o ingresso nos
quadros da magistratura, de entrância para entrância, pelos Critérios de antiguidade e
merecimento em conformidade com a Emenda n.º 45/2004, o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), obedece aos requisitos do art. 93, VIII, e se aposentam
compulsoriamente aos 70 anos de idade, com exceção dos servidores em geral e
Ministros do STF, Tribunais Superiores e TCU, com a Emenda n.º 88/2015, passou a
ter como requisito máximo a idade de 75 anos, e não mais 70 anos (alteração do art.
40, § 1.º, inc. II, e art. 100, ADCT).
No que tange a promoção por merecimento pressupõe o exercício da judicatura
por pelo menos dois anos em uma entrância, e os critérios de merecimento são:
Desempenho, produtividade, frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
reconhecidos de aperfeiçoamento (critérios objetivos).
Segundo a Constituição de 1988, em seu art. 94, consagra o instituto do quinto
constitucional, ou seja, 1/5 dos lugares nos Tribunais Regionais Federais e Tribunais
de Justiça é reservado a advogados e membros do Ministério Público (requisitos: mais
de dez anos de carreira, reputação ilibada e notórios conhecimentos jurídicos.
A Lei Complementar n.º 35/1979, conhecida como LOMAN – Lei Orgânica da
Magistratura Nacional, relata que contém os deveres e proibições dos juízes (art. 93,
caput, CF), como, por exemplo, a proibição de manifestar-se na mídia sobre casos que
esteja julgando. Além dos deveres e proibições os juízes gozam ainda de algumas
prerrogativas, para bem desempenhar seu papel, denominadas garantias
constitucionais da magistratura.
No art. 95, parágrafo único, CF, consagra a independência e imparcialidade
dos juízes ao instituir as seguintes vedações: a) o juiz não pode exercer qualquer outra
profissão ou cargo, salvo uma de professor; b) juiz não pode receber custas ou
participação em processos; c) juiz não pode dedicar-se à atividade político-partidária;
d) não pode receber dinheiro (auxílios ou contribuições) de pessoas físicas ou
jurídicas; e) só pode exercer advocacia 3 anos após afastamento do cargo por
aposentadoria ou exoneração.
No artigo 95 da CF, as garantias da magistratura são a vitaliciedade,
inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios.
No que enfatiza a vitaliciedade consiste que magistrado não perderá o cargo
senão por força de decisão judiciária (art. 95, I).
Esta não impede que o juiz possa ser posto em disponibilidade pelo voto da
maioria absoluta dos membros efetivos do tribunal, ocorrendo interesse público (art.
93, VIII).
No que refere-se a inamovibilidade consiste em não poder o magistrado ser
removido de sua sede de atividades para outra sem o seu prévio consentimento (art.
95, II), salvo, em caso de interesse público, reconhecido pelo voto da maioria absoluta
dos membros efetivos do tribunal, dispensa-se, todavia, essa anuência (art. 93, VIII).
E enfim, a irredutibilidade de subsídios, que repercute na isenção de todos os
impostos, salvo os gerais e os extraordinários (art. 95, III).
Portanto, o Poder Judiciário, na pessoa dos magistrados, recebe suas garantias
constitucionais, a segurança e confiabilidade para formularem suas decisões sem medo
de restrições ou repressões dos Poderes Legislativos e Executivo.
Com isso o magistrado tem segurança jurídica, para conter possíveis abusos
dos demais Poderes da União em relação a atuação do poder Judiciário, ou seja, o
magistrado a segurança de sua função jurisdicional.
Entende-se que o objetivo a eficiência do poder judiciário, não é um benefício
para o magistrado como pessoa, mas, é a segurança que o magistrado tem de não ser
reprimido por uma decisão.

8. DESVIRTUAMENTO DAS GARANTIAS

Por outro lado, alguns magistrados aparados pelos benefícios constitucionais


conferidos aos cargos que ocupam, acabam se corrompendo, e através de sua função
essencial e passam a beneficiarem a si próprios ou a terceiros com “favores” que
trazem prejuízos a segurança jurídica.
As permeiam de desacordo com o desejo dos demais poderes ou de terceiros,
usando Sentença, Decisões e Acórdãos, e mesmo cometendo algum tio de infração
dolosa, e continuam a ter seus benefícios intactos e com Fernando Capez classifica
como:
“(...) É a vontade e a consciência de realizar os elementos
constantes do tipo legal. Mais amplamente, é a vontade
manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta.
Questão relevante, todavia, é relativa ao conhecimento
dos elementos constitutivos da infração, exigidos pelo
dolo, precipuamente com relação aos elementos
normativos e, destes, especialmente os jurídica- cos,
aqueles utilizados pela lei. Como para que exista dolo é
necessário que o agente conheça tais elementos,
questiona-se se é necessário um conheci- mento preciso,
refinado, perfeito. Por certo que não, uma vez que, de
outra forma, leciona Eduardo Correia, “só um jurista
poderia praticar um crime doloso”. (CAPEZ, 2004, p.
391)

Portanto, magistrado toma suas decisões que que vão de encontro com a ética,
a moral, e a lei, sendo usada em uma jurisdição corrupta, com base na ambição com o
objetivo de se ter benefícios extras a si mesmo ou a terceiros, apostando na
impunidade.

9.CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Conforme Pires (2016, p. 459) traz a importância do CNJ para o combate da


corrupção na magistratura. Regulamentado pelo art. 103-B, o CNJ, recebe denúncias
contra juízes e servidores do Judiciário, revê os gastos dos Tribunais, entre outras
atribuições. Em sua organização é presidido pelo Ministro do STF escolhido, indicado
pelo próprio STF. Não fere a autonomia do Judiciário, visto que, a participação
minoritária no CNJ é de membros de outros órgãos ou indicados pelos outros Poderes.
As competências do CNJ são referidas por Ferreira Filho:

“Dentre as competências já conferidas, destaquem-se: 1) a de


rever ou desconstituir ou fixar prazo para tanto, quando em
causa a legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Poder Judiciário (inc. II); 2) conhecer de
reclamações contra membros do Poder Judiciário, podendo
aplicar-lhes sanções — remoção, disponibilidade, aposentadoria
e outras — bem como avocar processos disciplinares contra eles
instaurados (inc. III); e 3) representar ao Ministério Público na
eventualidade de crime contra a administração pública ou de
abuso de autoridade (inc. IV). Fica bem claro do art. 103-B da
Constituição que o Conselho Nacional de Justiça não pode
examinar senão atos administrativos, jamais decisões
jurisdicionais, e não pode impor senão sanções administrativas,
jamais sanções penais.” (2014, p. 300).

Assim o CNJ, a observância do art. 37, CF (funcionamento da Administração


Pública e legalidade dos atos administrativos expedidos pela magistratura), tem o
dever de zelar pela autonomia do Poder Judiciário receber denúncias contra membros
do Poder Judiciário e cartórios extrajudiciais (podendo aplicar, por exemplo, pena
administrativa de aposentadoria compulsória a magistrados que cometerem infrações),
avocar processos disciplinares em curso, representar ao Ministério Público em casos
de abuso de autoridade e improbidade administrativa (não excluída, segundo a
doutrina, a possibilidade de representar ao Ministério Público em casos de verificação
patente de outros crimes), elaborar semestralmente estatísticas de processos em curso
e sentenças prolatadas em todo o Judiciário brasileiro e elaborar relatórios anuais
sobre a situação do Judiciário.

10.IMPUNIDADE EM FACE DA CORRUPÇÃO NO JUDICIÁRIO

A impunidade acontece com maior intensidade nos chamados escalões


superiores da sociedade, e tem efeito imediato na coletividade. A impunidade é a
principal avalista da corrupção, e é responsável por todas as mazelas no meio social e
isso é possível ver na realidade brasileira, tantas mazelas sociais, contrastes, estampados
nas estatísticas causado pela alta corrupção nas instituições.
Segundo melo, 2009, p. 264, Se não houvesse impunidade, se todos os
criminosos do colarinho branco fossem punidos como os criminosos comuns, na sua
maioria, os escândalos brasileiros seriam reduzidos drasticamente. A impunidade é,
portanto, a responsável principal pela corrupção no Brasil. A impunidade apresenta-se
sob diversas foras. Uma delas é submeter determinadas pessoas, em razão das funções
exercidas no Estado (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), a um tribunal que
não foi concebido para processar e julgar ações ordinárias, ou seja, submete-las a um
foro privilegiado, capaz de não julga-las em hipótese alguma e possibilitar safarem-se
pela porta larga da prescrição.
Portanto, as crises pelas quais o Brasil vem atravessando, está entrelaçada ao
desrespeito aos padrões universalmente aceitos de moral, ética, probidade e cidadania.
Entende-se, que é necessário refletir sobre as razões profundas que levam uma
Nação como a nossa, rica de tantas potencialidades, e se vê mergulhada em mazelas
incapacitando-se para construir futuro previsivelmente grandioso.
É notória a instabilidade política e de perplexidade geral, criando assim,
afrontosas práticas de corrupção.
Percebe-se, que ainda permeia desvios de conduta e atitudes imperdoáveis que
são praticadas.

Os grandes criminosos do colarinho branco, os contrabandistas,


os fraudadores de licitações, os assaltantes dos cofres públicos
(não os pés de chinelo, que assaltam quebrando a fechadura do
caixa, mas os que abrem as portas do tesouro por meio de
astúcias, desviando o dinheiro do patrimônio público para seu
patrimônio particular), os sonegadores, os lavadores de dinheiro
ilícito obtido em negócios clandestinos, todos eles sonham com
um foro privilegiado. Muitos deles acobertam-se com um
mandato parlamentar. Outros, por sua vez, com um título de juiz
usado para vender decisões judiciais. Outros ainda encastelam-se
em cargos de presidente, de governador, de prefeito. Muitos
obtêm nomeação para Ministros de Estados, Secretários de
Estados e outros cargos que lhe garantam o mínimo de
tranquilidade para cevar-se de propinas e de outras formas de
roubalheiras. No Distrito Federal, um tempo atrás, um Secretário
de Estado tentou mudar para seu patrimônio particular o Clube do
Servidor Público do DF e, nos fins da semana, tornaram-se
famosos seus churrascos para jovens da elite da cidade, com
carnes doadas a entidades assistenciais de menores abandonados
ou carentes... (Melo, 2009, p. 264).

Vê-se que essas mazelas da corrupção que ensejam nas esferas da República, na
União nos Estados e nos Municípios, em todas as instituições frequentes escândalos de
corrupção, as consequentes discussões sobre a necessidade de ética na política, e os
questionamentos quanto à efetividade dos órgãos de controle no combate e prevenção
desse tipo de corrupção.
Notadamente, verifica-se e que além da corrupção praticada de forma individual,
existe uma corrupção mais ampla, que permeia o próprio sistema político, em que gera
maiores desafios para os Órgãos de Controle, Ministério Público e requer um controle
social mais vigoroso, e essa é a visão de Moreira.

Uma forma de resenhar o quadro de evolução histórico-


institucional do Judiciário – como modo de captar mecanismos de
compreensão de sua atual fixação dos poderes do Estado
brasileiro e do dimensionamento aproximado de sua projeção
política ( como fato de promoção de controle social e de limitação
dos poderes estatais) – pode ser validamente posta a partir da
análise da própria evolução das formas de controle de
constitucionalidade, identificada enquanto expoente da inserção
institucional do Judiciário enquanto efetivo Poder estatal.
(Moreira, 2009, p. 57).

Com isso buscou-se evidenciar como é feito o combate e prevenção da


corrupção política por órgãos constitucionalmente competentes, quais sejam: Tribunal
de Contas da União, Controladoria-Geral da União, Ministério Público, e também pela
sociedade, por meio do controle social.
Segundo Filgueiras, 2011, p. 176, de acordo com a OCDE, as reformas pró-
integridade recentemente pelo Brasil podem ser classificadas em três áreas: (i) aumento
da transparência e das possibilidades de engajamento dos cidadãos para fiscalização dos
recursos e prestação de serviços públicos; (ii) introdução de controles internos com base
em identificação de riscos; (iii) promoção de padrões de conduta entre agentes públicos
federais. A essas reformas acrescentam-se, também, os esforços do Estado Brasileiro
para aprimorar o marco legal para prevenção e combate à corrupção.
Mesmo assim, percebe-se as fragilidades dos controles sociais, porem, são
essenciais para o controle interno, sendo necessário incrementa-los para a efetividade
dos controles em face das deficiências e percalços enfrentados.
Em decorrência, buscam-se mecanismos de controle mais eficientes para
combater e prevenir os abusos em face da máquina pública.

“Corrupção é um problema público. Mais que isso, é


um problema amplas repercussões sociais, em
diversos aspectos. Deve, portanto, ser objeto de
políticas públicas e da articulação do Estado”.
(Filgueiras, 2011, p. 173)

As instituições como o Ministério Público, a Polícia Federal, o Tribunal de


Contas da União (TCU), a Corregedoria Geral da União (CGU) depuram os fatos
delituosos, tipificam os crimes cometidos, indiciam e denunciam os responsáveis, que
são normalmente empresários e servidores públicos.
O poder judiciário enfrenta uma crise em sua própria estrutura tendo em vista o
tráfico de influência que operar no poder judiciário e principalmente no poder político e
emergem nas classes sociais em busca de julgamento que favoreça seus negócios.
De acordo Batista, 2012, p.146, o tráfico de influência é, indiscutivelmente, o
mais poderoso instrumento da corrupção. Os grupos que exploram continuamente estão
aperfeiçoando suas técnicas e meios. Periódicas reciclagens dos métodos usados para
conter ou, pelo menos, reduzir as andanças desse gigante são de grande valia. Embora
suas pegadas sejam observáveis desde as mais longínquas civilizações, foi a partir do
século XX que suas forças se agigantaram, sacudindo todas as nações.
O excesso de burocracia, ou seja, as formalidades, mesmo que legais são
obsoletas, é isso envolve o poder judiciário e todas as instancias, os juízes de primeiro
grau sentenciam primeiro decretando prisões temporárias ou preventivas que são
tornadas sem efeitos. Isso acontece, sobretudo nos tribunais superiores e, em última
instância, no Supremo Tribunal Federal (STF) ou n o Superior Tribunal de Justiça
(STJ).
É notável, que a problemática do corrupção no poder judiciário nasce desde já na
primeira estancia e de delonga até as última instância, tendo em vista conciliação de
interesses e o poder político.
Ora, há aqueles que defende que a prisão só pode ser cumprida depois do
trânsito em julgado em última instância, e essa possibilidade se discute pelo Supremo
Tribunal Federal, com base de se recorrer em liberdade está expressa na Constituição
Federal de 1988 por meio do princípio da presunção da inocência.
Conforme o inciso LVII do artigo 5º da Carta Magna, ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, no que
tange ao O princípio da presunção de inocência inicia-se no Direito Romano, porém foi
bastante mitigado na Idade Média, com a inquisição, entre os séculos V e XV, conforme
explica onde destaca-se o entendimento de Lopes Junior:

A presunção de inocência remonta ao Direito Romano


(escritos de Trajano), mas foi seriamente atacada e até
invertida na inquisição da Idade Média. Basta recordar que
na inquisição a dúvida gerada pela insuficiência de provas
equivalia a uma semiprova, que comportava um juízo de
semiculpabilidade e semicondenação a uma pena leve. Era
na verdade uma presunção de culpabilidade. Lopes Jr.
(2015. p. 215 e 216):

No que se trata sobre o Princípio da Presunção de Inocência é uma das


principais garantias Constitucionais e Processuais Penais do ordenamento jurídico
Brasileiro, conhecido também como Princípio do estado de inocência ou da não
culpabilidade. Com isso significa que todo acusado deve ser presumido inocente até que
uma sentença condenatória transite em julgado, e essa é a visão de Nucci:

Conhecido, igualmente, como princípio do estado de


inocência (ou da não culpabilidade), significa que todo
acusado é presumido inocente, até que seja declarado
culpado por sentença condenatória, com trânsito em
julgado. Encontra-se previsto no art. 5.º, LVII, da
Constituição. (Nucci 2015. p. 35 e 36):

No que tange ao assunto, há uma grande problemática para ser solucionado,


tendo em vista os conflitos em que permeia as instituições no que vislumbre sobre o
princípio do estado de inocência (ou da não culpabilidade), isso quer dizer que todo
acusado é presumido inocente, até que seja declarado culpado por sentença, com
trânsito em julgado. Encontra-se previsto no art. 5.º, LVII, da Constituição
condenatória.
O assunto volta a ser discutido pelo Supremo Tribunal Federal, ou seja, é a
relativização do princípio da presunção de inocência, baseando-se na decisão do
Supremo Tribunal Federal no HC nº 126.292/SP, e nas consequentes divergências
doutrinárias sobre o tema. Tal princípio está consagrado na Constituição
Federal Brasileira em seu artigo 5º, inciso LVII e pelo Código de Processo Penal no
artigo 283.
No que vislumbra-se sobre o assunto é que, seria plenamente possível o
cumprimento da pena antes da sentença condenatória transitar em julgado por parte do
Supremo Tribunal de Justiça perdurou até o ano de 2009, contudo, com o advento do
HC 84.078/MG desse mesmo ano, sob a relatoria do Ministro Eros Roberto Grau traria
uma nova concepção de pensamento, na qual, a Corte Superior decidiu de forma
contrária ao votar favorável a um condenado poder recorrer em liberdade aos tribunais
superiores.
Assim, os dispositivos legais, enfatiza-se e no que tange o entendimento em
tela é que, ninguém poderá ser considerado culpado até que haja o trânsito em julgado
de sua condenação.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal, em decisão já citada anteriormente,
entendeu, por maioria, que após haver uma condenação em um órgão colegiado o
condenado já deve começar a cumprir sua pena, mesmo que ainda possa recorrer da
condenação sem o trânsito em julgado do processo.
Percebe-se que não foi sempre que o cidadão tinha à sua disposição essas
garantias

Segundo Melo, 2009, p. 265, em sua citação relata que: “Não há organização
que sobreviva sem a participação direta ou indireta de um agente público ou de um
agente"
Acrescenta que, quando os crimes são praticados por
membros do Poder judiciário “isso denigre a própria
instituição e faz com que, muitas vezes, a sociedade se
sinta desamparada, porque o exemplo é dado aqueles que
estariam distribuindo a justiça e aplicando a leis”. Informa
aquele magistrado que os juízes de qualquer instância
acusados não julgados por crime, mas por inflação
administrativa. “Segundo a Lei Orgânica da Magistratura
Nacional (LOMAN), a pena máxima para alguém
condenado num processo administrativo disciplinar é a
aposentadoria compulsória, com vencimentos integrais,
isso é pena?” É privilegio odioso e marcadamente classista
e corporativista, já que os demais servidores públicos
regidos pela Lei 8. 112/90, estão sujeitos às penas, não só
de advertência e suspensão como os juízes, mas também
às penas máximas de demissão (art. 132) e de destituição
do cargo em comissão (art. 135) e cassação da
aposentadoria. (Melo, 2009, p. 266)

.
O governante que pretender consolidar-se no poder precisa
conciliar os interesses do Estado com os de seus
governados, quer seja na área oficial, quer na área privada
ou mista. O mesmo se pode recomendar a dirigentes
empresarias e a líderes de entidade de classes, associações,
sindicatos, federações, confederações, partidos políticos,
congregações religiosas, instituições familiares ect. “O
mensalão” é um exemplo dessa conciliação, porem
desonesto. (Batista, 2012, p.150).

Como se vê a política da velha, os interesses estão acima de tudo, e isso é,


envolve diretamente o Poder Judiciário que é a causa da impunidade, já que o
Judiciário, dentre os Três Poderes da República, deveria ser o bastião da moralidade, da
dignidade e da decência da vida pública.

11.NECESSIDADE DE MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL

No combate a corrupção nas instituições, precisamente no poder judiciário será


legislação processual precisa ser alterada profundamente para eliminar a maior parte dos
recursos existentes atualmente e para regulamentar de forma diferente do que diz
súmula do Supremo Tribunal Federal (STF).
Moreira, 2009, p. 67, o poder judiciário, que passava então a figurar fortemente
elevado a uma posição fortalecida no campo político-institucional, frente as suas novas
e complexas atribuições – centradas tanto na defesa dos direitos e garantias não apenas
individuais, mas igualmente coletivos e difusos, como tambem na defesa do meio social
contra abusos do poder público e como garantidor da estabilidade e dinâmica
institucional – viu-se, então, por sua maior visibilidade sócio-política, objeto de sérios
questionamentos por parte da sociedade brasileira e que expunham, fundamentalmente,
um insucesso crônico na condução e desempenho de suas relevantes funções.

12. LEIS SOBRE A CORRUPÇÃO - A NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO BRASILEIRA

Vislumbra-se, que entrou em vigor em 29 de janeiro de 2013, a nova Lei


Anticorrupção, (Lei 12.846/2013). No entanto, este combate à corrupção tem como
objetivo sanar alguns deles.
Os Órgãos de prevenção e repressão da corrupção, infelizmente ainda não
conseguiram reduzir os níveis de deterioração dos princípios e valores da Administração
Pública brasileira.
Portanto, se percebe que a corrupção no setor público, principalmente no setor do
judiciário, tem-se mantido em níveis elevados, e inalterados ao decorrer dos últimos
anos.

Sob tal ótica, portanto, embora a chamada crise de eficiência


possa efetivamente resultar da soma de uma série de pontos
deficitários vislumbrados em campos variados da atuação
judiciário dentro da sociedade e em face dos demais poderes do
Estado - que, assim, poderiam ser identificados como
componentes de uma crise de identidade ou, mesmo, de uma crise
institucional – vem ela a constituir-se efetivamente no resultado
de um denominador comum ligado, em sua essência, ao déficit
verificando no cumprimento de suas funções, seja enquanto
mecanismo formal de resolução de conflitos, como, ainda,
enquanto necessário fator de equilíbrio institucional dos poderes
estatais. (MOREIRA, 2009, p. 22)

No que mostra o Corruption Perceptions Index (CPI), no que se refere à


corrupção, o Brasil, retrocedeu da 69ª posição (rank) em 2012, para a 72ª posição em
2013, ou seja, o Brasil está de Brunei, Chile, Uruguai, Namíbia, Lesoto, Ruanda, Cabo
Verde, Gana, Cuba, e de muitos outros países.
Ressalta que o Brasil, em parte evolui na legislação brasileira anticorrupção,
com o novo diploma se está interligava a um microssistema de promoção da integridade
pública, inaugurado em 1º de janeiro de 1942, com a entrada em vigor do Código Penal.
Seus artigos 312 a 359 previram então uma série de crimes contra a Administração
Pública.

13. CORRUPÇÃO NA MAGISTRATURA E O DIAGNÓSTICO DO


PROBLEMA DA IMPUNIDADE
Também possui suporte legal para se falar em direito em face da problemática no
combate a corrupção no judiciário que é fato notório que a sociedade a partir da
disseminação dos meios de comunicação, da pluralidade de fontes informativas, do
volume de notícias de relevante.
Enfatiza Moreira (2009, p. 24), “em tal ponto, as pressões sociais por mudanças
eficazes na Justiça brasileira encontraram certo equacionamento político no que se
convencionou genericamente chamar de Reforma do Poder Judiciário (...)”
Vislumbra-se, mormente este dimensionamento no que tange a proposta à
Constituição 29 de 2000, que está sendo apreciado no Senado Federal, conforme
votação da PEC 96-A/92, concluída em meados de 2000, pela Câmara dos Deputados.
Justifica-se, a necessidade de se fazer a Reforma do Poder Judiciário da qual está
levando a perda da credibilidade nos resultados da Justiça, especialmente no que tange a
demora e da dificuldade de acesso, causando o maior índice tambem de impunidade.
No que consiste a emenda constitucional que trata da “Reforma do Poder
Judiciário” para se fazer ajustes necessários no âmbito de agilizar a resposta
jurisdicional, levando em conta a necessidade de fazer alterações legais
infraconstitucionais.
O tema é polêmico, pois o nosso ordenamento jurídico quando da sua concepção
não foi capaz de vislumbrar leis mais específicas para o combate à impunidade por
causa do foro privilegiado, bem como o interesse público em busca de respostas no que
tange ao Poder Judiciário assim como se dá a elaboração de uma política judiciária e as
consequências jurídicas e onde acontecem os questionamentos.
Segundo Moreira (2009, p. 22), “a falta dos mecanismos estatais em assegurar
uma prestação segura e eficiente de serviços judiciais, no entanto, a par de espelhar uma
realidade propriamente nova (...)”.
Devido à atualidade do tema, ao longo da pesquisa, tentaremos responder quais
as possíveis soluções dadas ao problema.
A corrupção, contudo, não se vê somente pública e estatal, mas a corrupção de
costumes e verdade ninguém está a salvo da corrupção, ou seja, ela está entronizada no
espaço jurídico, e tantos outros, precisamente no espaço público, e deve-se assim
enfatizar que ela ocorre como um fenômeno.
A questão, portanto, pode ser antiga, como de fato o é, mas sua
entrada na pauta dos grandes debates sociais – apesar das luzes
algo desfocados com que não raro tem sido sinalizadas – acaba
apontando para a configuração de uma realidade efetivamente
democrática a do livre questionamento do Estado. (...) Assim, na
tentativa de traçar uma certa delimitação teórica do quadro de
crise que atinge nosso sistema judiciário como um todo, optou-se
por concentrar as atenções em um dos vários aspectos desse
amplo panorama o da ineficiência do funcionamento da justiça
brasileira, medida em relação a um adequado desencargo de suas
atribuições instituições e funcionais dentro de um Estado
Democrático de Direito. (MOREIRA, 2009, p. 21).

A questão do espaço público mostra-se neste trabalho que à corrupção ocorrente


dentro do aparelho de Estado. Entende-se, por sua natureza, que o Estado não está
imune à corrupção. Vê-se, que qualquer organização estatal é passível de ser
corrompida, e assim percebe-se a vulnerabilidade de todas as organizações à corrupção.

Desta forma, as discussões suscitadas em razão da falta de


transparência administrativa do Judiciário, postas à conta de um
controle público pouco efetivo, onde evidenciam-se denúncias de
corrupção, malversação de recursos na condução das atividades-
meio de aparato judiciário ou de nepotismo, por exemplo,
enquanto mais ligadas a um aspecto de crise que poderíamos
nominar de credibilidade ou de imagem do Poder em face da
sociedade – e que foram o mote central da instalação da chamada
CPI do judiciário – não foram elas objeto do presente trabalho.
(MOREIRA, 2009, p. 22).

A corrupção mostra ser silenciosa e discreta à medida que vão se estruturando,


assim como os esquemas de corrupção sentem-se suficientemente enraizados.
Quando se Combate a corrupção dentro do Estado, ve sê que a ela torna-se mais
gravosa e com isso levou a Organização dos Estados Americanos a adotar convenção
interamericana que luta contra a corrupção, onde se vê a democracia representativa no
combate de toda forma de corrupção no exercício das funções públicas.
Numa visão, ou mesmo nesse ângulo subjetivo, ve sê que a extensão dos
mesmos rigores persecutórios não somente aos servidores corruptos, mas também aos
corruptores. Neste combate a corrupção, deve, pois exigir-se que se persigam aqueles
que corrompem os servidores públicos.
Ressalta-se, que não basta que se puna um servidor que aceita suborno, mas
tambem aquele que oferece o suborno. Nesta esfera, deve ser ampliados para alcançar
os dois polos da relação de corrupção. Há de ser convir, que aqueles que não estão na
administração pública, mas tento e fazem reféns da corrupção devem ser aplicados
penas tambem gravosas.
No que tange a corrupção numa visão objetiva e não subjetiva uns dos caminhos
é a transparência nos negócios públicos e a concentração excessiva de poderes nas mãos
de certos agentes, onde se leva a episódios de corrupção.
Neste diapasão, a natureza dos homens, a cultura e a ética vigente, percebe-se a
desigualdade social, o autoritarismo, o patrimonialismo do Estado, além da insuficiência
de causas naturais, como a imperfeições da natureza humana, injustiças sociais,
distorções no ordenamento jurídico, levando aos mecanismos da impunidade.
Por fim, deve ser ela combatida pelas consequências e os prejuízos que o erário
sofra, em decorrência de atos de corrupção, bem como os atos administrativos e
procedimentos decisórios levam ao a corrupção em benefícios de terceiros.

14. NOVO CPC ABRE PORTAS À CORRUPÇÃO DE JUÍZES

No novo projeto do Código de Processo Civil (CPC), nota-se que houve uma
facilidade para magistrados corruptos.
O primeiro deles é que no que tange o poder instrutório sem limites que o projeto
atribui aos juízes de primeiro grau, dentre eles: 1) O de alterar prazos processuais, sem
recurso; 2) O de inverter a ordem da produção das provas, sem recurso; 3) O de decidir
sobre cabimento das provas, sem recurso; 4) O de decidir sobre prova ilícita, prova
emprestada e inversão de ônus da prova, sem recurso; 5) O de decidir quantas
testemunhas as partes poderão ouvir, sem recurso; 6) O de decidir o que se pode
perguntar à parte contrária ou às testemunhas, sem recurso.
Vislumbra-se, no segundo componente é, o poder que o juízo terá para executar
a sua sentença de imediato, ou seja, independentemente da manifestação confirmatória
de um tribunal.

15.COMBATE À CORRUPÇÃO NA MAGISTRATURA E O PAPEL DO


MINISTÉRIO PÚBLICO.

Vislumbra-se, que deve ser preconizada as diversas estratégias e as distintas


posturas, onde o Ministério Público no combate à corrupção no aparelho do Estado.
É uma forma que deva ser superada e tambem dever do Ministério Público
enfrentar a corrupção, um papel de paladinos no combate à corrupção, assim como estão
embasados nos mecanismos constitucionais de controle interno e externo da
administração, bem como os Tribunais de contas e secretarias de controle têm dever
constitucional nesse mister, e são especificidades do Ministério Público, em conjunto
com as instituições combater à corrupção.
No que tange a Corrupção, Direito, Estado e Ministério Público, ve sê que
tenhamos metas utópicas que movam a realidade.
Portanto corrupção, não é somente pública e estatal. Temos a corrupção de que
ocorrente dentro do aparelho de Estado. Isso nos prova que não existe, Estado imune à
corrupção.
Qualquer organização estatal é passível de ser corrompida, e é vulnerabilidade
de todas as organizações à corrupção, sob pena de somente se descobri-la quando ela já
se tenha alastrado. Combater a corrupção dentro do Estado, é algo permanente, e
ameaça o regime democrático e corrói a ordem jurídica.
É necessário um enfrentamento se impõe como pauta necessária e obrigatória ao
Ministério Público, sendo o guardião do regime democrático e defensor da ordem
jurídica conforme o que explicita a Constituição Federal, art. 127, caput.

16. FORMAS DE GOVERNO, E O SISTEMA POLÍTICO E CORRUPÇÃO NO


BRASIL.

No que tange a democratização brasileira demonstra-se várias variantes para a


operação do sistema político no pais. No refere-se aos direitos foram eles ampliados,
bem como aqueles que explicitam a participação política, alem da composição do
eleitorado, visando em tela com a participação dos analfabetos, ressaltando a
participação na democracia.
Vê-se que foi neste âmbito foi recuperado as prerrogativas do poder judiciário
em sua estrutura do Estado brasileiro.
Conforme TAVARES et al. (2005, p. 18), o sistema constitucional advindo da
redemocratização de 1985, do qual resultou a constituição de 1988, apresenta alguns
pontos que estão, ainda, a merecer reparo, daí a indiscutível necessidade das propaladas
“reformas”.
No que tange ao Poder Judiciário, isso é claro que a nação sai de um regime
autoritário bem como as restrições aos direitos assim como as liberdades, isso se dava a
crise política institucional, levando em conta as questões sociais e econômicas, assim
como se vê a história da corrupção dentro do Poder Judiciário tem base institucional, ou
seja, o Poder Político e seus interesses.
Segundo Filgueiras, (2011, p. 43), “novas formas hibridas de participação na
política e de controle público das ações do governo, especialmente através de ações no
judiciário e no ministério público, passaram a fazer parte do dia a dia da democracia
brasileira”
Entende-se, que o sistema de corrupção no Brasil, quando assim envolve
funcionário público, no caso juízes, e no tocante a causas e efeitos, de uma envergadura
considerável contra o interesse social conforme explicita Waldo Fazzio Júnior, vejamos:

É sabido que o uso generalizado do vocábulo ultrapassar


os lindes estreitos da corrupção passiva (art. 317 do
Código Penal) para alcançar todas as espécies de
desvirtuamento da função pública (administrativa,
legislativa e judicial) do Estado e das entidades que o
complementam. (JÚNIOR, 2011. p.37)
17. CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA A CORRUPÇÃO

Segundo Garcia (2014, p. 1437), a convenção adotada em 29 de março de 1996,


na cidade de Caracas, na Venezuela, é promulgada no Brasil em 7 de setembro de 2002
pelo Decreto nº 4.410, tem por fundamento a consciência de que a corrupção solapa a
legitimidade das instituições públicas e atenta contra a sociedade, a ordem moral e a
justiça, bem como contra o desenvolvimento integral dos povos, e da democracia
representativa, a condição indispensável para a estabilidade, a paz e o desenvolvimento
da região, exige, por sua própria natureza, o combate a toda forma de corrupção no
exercício das funções públicas e aos atos de corrupção especificamente vinculados a seu
exercício.
Percebe-se, que através do mundo atual, a racionalização dos meios jurídicos que
devem buscar de forma concisa a adjudicação de conflitos embutidos em uma
sociedade. Esta percepção é motivada, quando é indagada nos mais diversas áreas
sociais, de fato pela opinião pública, uma vez que ela cria dificuldade para o
desenvolvimento da democracia.
Diante dos problemas que emergem a sociedade, a sua incidência que permeia no
sistema político brasileiro, ve sê neste estágio da democracia no Brasil, o
entrelaçamento da corrupção dos agentes e funcionários públicos e diversas áreas das
instituições públicas.

Tem sido a recorrente a percepção de que o sistema


político brasileiro necessita de reformas. Esta percepção é
motivada pelo fato de a opinião pública reconhecer que a
corrupção no pais é endêmica e cria dificuldades para a
constituição de uma agenda sólida de desenvolvimento.
(AVRITZER e FILGUEIRAS, 2011:9)

Assim, percebe-se o avivamento dos atos ilícitos práticos por agentes e funcionários
públicos e diversas áreas dos poderes instituídos pelo Estado Democrático, bem como
atinge a dignidade da pessoa humana, visto que ela está perpetuada dentro da própria
evolução humana, onde se dá os conflitos sociais, muitas das vezes sustentadas pela
imunidade parlamentares, dentro do próprio direito positivado.
A corrupção como um sistema político no Brasil, integra-se, aos problemas sociais,
as devidos de condutas, que envolvem funcionários de uma forma geral nos mais altos
escalões dos poderes constituídos, e agente e servidores públicos até mesmo nas ONGs,
instituições privadas das quais se envolvem em lavagem de dinheiro público
principalmente.
No ano de 2009, fora realizado uma pesquisa pelo Centro de Referência do interesse
Público, no que concerne a corrupção e o interesse público, onde ficou claramente
evidenciado que a sociedade de forma majoritária da população brasileira, onde vê a
questão da corrupção um marco na vida pública, que cria-se uma cultura montada na
corrupção.
Assim, dentro desde contexto, percebe-se em 2009, 73% da população entendeu que
a situação é muita grave, no entanto 24% relataram que a situação é grave. Diante desde
quadro o problema da corrupção de extrema necessidade que seja questionada pela
opinião pública brasileira, onde é considerada uma das principais mazelas, sendo um
fator principal de extrema urgência, pois afligem a população, ou seja, um estudo em
curto prazo, envolvendo todas as instituições dos pais como: as universidades sobre as
críticas e projetos, OAB, autoridades eclesiásticas, na área da sociologia, filosofia, do
Direito, da educação, e fim, todos envolvidos para a solução dos conflitos, onde se ver a
necessidade de um tratamento sistemático da questão.
Segundo Filgueiras (2011, p.16) “se olharmos para a nossa história, veremos que a
denúncia de casos de corrupção esteve presente em vários momentos, embora seja
duvidoso que possamos analisá-los a partir de um mesmo ponto de vista”.
Portanto, dada à implantação do mundo moderno, implica-se a necessidade de pôr
em práticas mecanismos de sociabilidade de forma distinta daquela configurada em
torno de uma tradição.
No entanto, o Estado passou a monopolizar o uso da força, ou seja, colocando a
segurança o fator primordial para manter a legitimidade da ordem moderna, impondo
aos homens, de forma exterior, um conjunto de normas com a obtenção da ordenação
das relações sociais, políticas e econômicas.
Vislumbra-se, no que se refere à questão do Direito, onde comtempla-se deste
modo, separando-se da moral, onde se cria uma ordem distinta daquela vigente na
tradição, fazendo com que o Estado absorva seus mecanismos primordiais de obediência
mediante o uso da coerção, enquanto à moral cabe o papel de fazer com que o indivíduo
adira ao ordenamento, atuando em seu plano interno.
Ocorre que a corrupção é um grave fenômeno da nacional, do qual o cidadão
entende o que seja a corrupção tendo em vista a propagação da mídia e outros meios
disponíveis, de forma mais contundente através da forma política reconhecendo a sua
identidade. As pesquisas mostram com claridade, onde as perguntas ajudam a direcionar
o grau de envolvimento, quer seja os praticados por funcionários públicos ou por
políticos. Percebe-se que a sociedade brasileira constata sua opinião seguindo os
parâmetros de muitos cientistas sociais sobre os comportamentos dos funcionários, bem
como de políticos e diversas outras autoridades constituída.
Segundo Roberto (2006, p. 30), “como se constata, os vários aspectos possíveis para
a análise da corrupção dificultam uma definição que abranja todas as características
determinantes de um prejuízo aos bens públicos por ação ilegal de agentes públicos ou
particulares. De fato, cada um dos grupos teóricos indicados pode fornecer elementos
parciais para a formulação do conceito de corrupção. Assim, atinge-se um modelo
capaz de construir um critério para a intervenção nos processos sociais, políticos,
históricos e judiciais, a fim de prevenir e combater a corrupção”.
Conforme Filgueiras (2011, p.22) “(...) que 30% acreditam que qualquer ato
prejudicam o Estado deve ser considerado corruptos”.
Entende-se, que o Estado deve ser ele a configuração estampada pela Constituição
Federal de 1988, quando se indaga sobre combate a corrupção, deve-se levar em conta
as medidas preventivas e medidas repressivas, a fim de que não se generalize uma
sensação de impunidade.
Portanto, como o advento da Constituição Federal de 1988, de forma explicita
mostra-se com relevantes inovações voltadas para um Estado “Democrático” e de
“Direito”, levando em conta e objetividade o destino do povo, com base em princípios
que incorporam um componente de transformação nas reformas democráticas
provenientes dos movimentos sociais dos anos 80.
Notável é que o desempenho da função pública seja visto como um poder e dever do
agente público. Sendo desta forma o agente tem o poder porque tem que cumprir um
dever, ou seja, o dever da finalidade legal e também de interesse da coletividade, e
nunca, sob pena de patente desvio e desrespeito aos princípios constitucionais, o
pessoal.

O reconhecimento de que fatores como violência, qualidade dos


serviços públicos, desigualdade social, destruição do meio
ambiente, carga tributária, e prevaricação do sistema judiciário
são afetados pela corrupção indica que eles são tocados pelo
comportamento dos agentes públicos, que, nessa lógica, deveriam
evitar os efeitos nefastos gerados pela incapacidade de lidar com
comportamentos que impedem o Estado de funcionar.
(FILGUEIRAS, 2011, p.23)

A sociedade brasileira de forma clara entende os desvios de valores que atingem a


administração pública em todas as áreas e os seus efeitos, no entanto, podem não
conhecer a sua dimensão e a sua forma de mecanismos, como o crime organização,
improbidade administrativa, e tantos outros meios de lavagem de dinheiro público,
porque seria necessário um operador do Direito e outras autoridades de diversas outras
áreas poderiam de forma científica explicar com detalhes a sua operação no mundo do
crime, que não é tão simples assim.
Conforme o seu desenvolvimento e a participação de indivíduos nos mais altos
escalões querem seja do governo, empresas estatais, ONGs, no Judiciário, Ministério
Público, e mesmo nas empresas de cunho privado, relacionando com o poder público, a
sociedade brasileira acredita que é inevitável a impunidade, visto que temos um sistema
enferrujado.

O crime de corrupção talvez ainda não tenha merecido um estudo


sistemático na dogmática jurídico-penal brasileira com o intuito
de apontar alguns aspectos atuais que o diferenciam das outras
modalidades de criminalidade, para sancioná-la de forma
adequada e justa. (DALLARI, 2006, p.26)

Porém, atualmente a corrupção mostra-se ligada aos atos desviantes dos agentes
públicos de uma forma mais ampla, no que concerne à Administração Pública,
materializados na conduta abusiva no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
pública, com o objetivo de obter ganhos privados e, consequentemente, vindo a lesar o
patrimônio público.
Deve-se, lembrar, que de nada adianta a sociedade questionasse, haver as
movimentações, se não haver mudanças na nossa Carta Magna. Alguns casos dentre
outros faz-nos lembrar como o caso da deputada Jaqueline Roriz e tambem tantos e
outros que aconteceram, pois analisa-se como na Lei positivada, no que tange ao seu
julgamento baseado alterações feitas no artigo 53 de nossa própria constituição, abaixo
transcritos: no art. 1º, ressalta o art. 53, que passa a vigorar com as seguintes alterações:
“art. 53”. Os deputados e senadores são “invioláveis”, civil e penalmente, por quaisquer
de suas opiniões, palavras e votos. § 1º os deputados e senadores, “desde a expedição do
diploma”, serão submetidos a julgamento perante o supremo tribunal federal. § 2º
desde a expedição do diploma, os membros do congresso nacional “não poderão ser
presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável”.
Portanto, este ato praticado pela deputada, mesmo vindo ao conhecimento da
sociedade, uma vez que ocorreu antes de sua diplomação, exceto se ele tivesse ocorrido
após a mesma, daí os procedimentos seriam contrários.
Desde então, o que se vê é que essa mudança constitucional ocorreu em Brasília, no
dia 20 de dezembro de 2001, daí se mostra a cara do Brasil, uma vez que se considera
um factoide, a verdadeira proteção aos políticos.
De tantos outros, como posicionamentos, tais como: do Juiz Marlon Jacinto Reis.
Fatos como esse é que a sociedade percebe que é inevitável a impunidade, acreditando
que a mobilização da sociedade será capaz de trazer mudanças para moralizar a
atividade política.
A sociedade ver as notícias, e questionam o voto secreto, legalmente positivado no
passado, mas hoje um instrumento de impunidade.
Como se entende o Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza e assim o artigo Art. 53. Os Deputados e Senadores são “INVIOLÁVEIS”,
civil e penalmente, está ferindo a própria constituição e mais: IV - é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
Desse modo, pretende-se com esse trabalho estudar as controvérsias bem como as
adjudicações dos conflitos embutidos em uma sociedade diante dos problemas que
emergem a sociedade, a sua incidência que permeia no sistema político brasileiro, assim
como a democracia no Brasil, as mazelas que permeiam a corrupção dos agentes e
funcionários públicos e diversas áreas das instituições públicas.
Assim, visa para combater de forma emergente os problemas da corrupção no pais,
portanto as universidades sobre as críticas e projetos, OAB, autoridades eclesiásticas, na
área da sociologia, filosofia, do Direito, da educação, e fim, todos envolvidos para a
solução dos conflitos, onde se ver a necessidade de um tratamento sistemático da
questão.
Segundo Filgueiras (2011, p.16) “se olharmos para a nossa história, veremos que a
denúncia de casos de corrupção esteve presente em vários momentos, embora seja
duvidoso que possamos analisá-los a partir de um mesmo ponto de vista”.
Portanto, dada à implantação do mundo moderno, implica-se a necessidade de por
em práticas mecanismos de sociabilidade de forma distinta daquela configurada em
torno de uma tradição.
No entanto, o Estado passou a monopolizar o uso da força, ou seja, colocando a
segurança o fator primordial para manter a legitimidade da ordem moderna, impondo
aos homens, de forma exterior, um conjunto de normas com a obtenção da ordenação
das relações sociais, políticas e econômicas.
A questão do Direito, comtempla deste modo, separa-se da moral e cria uma ordem
distinta daquela vigente na tradição, fazendo com que o Estado absorva seus
mecanismos primordiais de obediência mediante o uso da coerção, enquanto à moral
cabe o papel de fazer com que o indivíduo adira ao ordenamento, atuando em seu plano
interno.
Ocorre que, a corrupção é um grave fenômeno da nacional, do qual o cidadão
entende o que seja a corrupção tendo em vista a propagação da mídia e outros meios
disponíveis, de forma mais contundente através da forma política reconhecendo a sua
identidade. As pesquisas mostram com claridade, onde as perguntas ajudam a direcionar
o grau de envolvimento, quer seja os praticados por funcionários públicos ou por
políticos. Percebe-se que a sociedade brasileira constata sua opinião seguindo os
parâmetros de muitos cientistas sociais sobre os comportamentos dos funcionários, bem
como de políticos e diversas outras autoridades constituída.
Segundo Levianu (2006, p. 30), “como se constata, os vários aspectos possíveis para
a análise da corrupção dificultam uma definição que abranja todas as características
determinantes de um prejuízo aos bens públicos por ação ilegal de agentes públicos ou
particulares. De fato, cada um dos grupos teóricos indicados pode fornecer elementos
parciais para a formulação do conceito de corrupção. Assim, atinge-se um modelo
capaz de construir um critério para a intervenção nos processos sociais, políticos,
históricos e judiciais, a fim de prevenir e combater a corrupção”.
Segundo Filgueiras (2011, p.22) “(...) que 30% acreditam que qualquer ato
prejudicam o Estado deve ser considerado corruptos”. Entende-se, que o Estado deve
ser ele a configuração estampada pela Constituição Federal de 1988, quando indaga-se
sobre combate a corrupção, deve-se levar em conta as medidas preventivas e medidas
repressivas, a fim de que não se generalize uma sensação de impunidade.
Portanto, como o advento da Constituição Federal de 1988, de forma explicita
mostra-se com relevantes inovações voltadas para um Estado “Democrático” e de
“Direito”, levando em conta e objetividade o destino do povo, com base em princípios
que incorporam um componente de transformação nas reformas democráticas
provenientes dos movimentos sociais dos anos 80.
Notável é que, o desempenho da função pública seja visto como um poder e dever
do agente público. Sendo assim, o agente tem o poder porque tem que cumprir um
dever, ou seja, o dever da finalidade legal e também de interesse da coletividade, e
nunca, sob pena de patente desvio e desrespeito aos princípios constitucionais, o
pessoal.

O reconhecimento de que fatores como violência,


qualidade dos serviços públicos, desigualdade social,
destruição do meio ambiente, carga tributária, e
prevaricação do sistema judiciário são afetados pela
corrupção indica que eles são tocados pelo comportamento
dos agentes públicos, que, nessa lógica, deveriam evitar os
efeitos nefastos gerados pela incapacidade de lidar com
comportamentos que impedem o Estado de funcionar.
(FILGUEIRAS, 2011, p.23)

A sociedade brasileira de forma clara entende os desvios de valores que atingem


a administração pública em todas as áreas e os seus efeitos, no entanto, podem não
conhecer a sua dimensão e a sua forma de mecanismos, como o crime organização,
improbidade administrativa, e tantos outros meios de lavagem de dinheiro público,
porque seria necessário um operador do Direito e outras autoridades de diversas outras
áreas poderiam de forma científica explicar com detalhes a sua operação no mundo do
crime, que não é tão simples assim.
Conforme o seu desenvolvimento e a participação de indivíduos nos mais altos
escalões querem seja do governo, empresas estatais, ONGs, no Judiciário, Ministério
Público, e mesmo nas empresas de cunho privado, relacionando com o poder público, a
sociedade brasileira acredita que é inevitável à impunidade, visto que temos um sistema
enferrujado.

O crime de corrupção talvez ainda não tenha merecido um estudo


sistemático na dogmática jurídico-penal brasileira com o intuito
de apontar alguns aspectos atuais que o diferenciam das outras
modalidades de criminalidade, para sancioná-la de forma
adequada e justa. (DALLARI, 2006, p.26)

Porém, atualmente a corrupção mostra-se ligada aos atos desviantes dos agentes
públicos de uma forma mais ampla, no que concerne à Administração Pública,
materializados na conduta abusiva no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
pública, com o objetivo de obter ganhos privados e, consequentemente, vindo a lesar o
patrimônio público.
A consequência da corrupção, deve se ela vista a partir de certos enfoques que
possam esclarecer a sua longitude dimensional nas áreas sociais, e conhecê-la dentro de
Estado democrático Brasileiro, suas raízes e na sua sustentação em pilares do poder
público.
Este trabalho visa à compreensão fundamental dentro de um enfoque cientifico e
bibliográfico no que tange as mazelas dos impactos da corrupção, bem como de sua
cultura, vista com endêmica na cultura da política brasileira e a sua dimensão
consequencial, e a sua legitimidade basilares das tão respeitáveis instituições públicas,
onde assim deveriam ser.
Como ponto de partida, é necessário conhecer as ações do homem e seus desvios
de condutas, visando à contemplação dos estudos dentro de um âmbito social, buscando
entender as dificuldades das instituições de controle, na busca pelo enfrentamento da
corrupção no Brasil, visto que, todo o planejamento que se refere aos projetos sociais
que em via de regra são estabelecido pelos órgãos públicos estabelecidos em cada área
para sua execução.
No entanto, se percebe a dificuldade desta relação entre as instituições e a cultura
política. Em primeiro momento, entende-se que a pureza permeia-se quando se delibera
sobre qualquer assunto aos bens público, como os projetos sociais de melhoria, verbas
direcionadas para atender as camadas sociais, escolas, saúde, segurança, educação,
moradia.

A corrupção e a violência são terríveis parasitas que contaminam


muitas espécies de poder. Ambas se entrelaçam, crescem e se
agigantam nutridas pelo egoísmo ou ambição infecciosa. O desejo
de poder é inato ao ser humano. Grosso modo, o poder está em
tudo, relacionando-se com as coisas em geral. A lei do mais forte
ou do “comer ou ser comido” é um simples exemplo disso, salvo
melhor saber (BATISTA, 2012, p. 165)

No entanto, longe está de se diluir com a ulterior transição para um regime


democrático, que deixam sementes indesejadas no sistema, que comprometem os
alicerces estruturais da administração pública do decorrer dos tempos. Ainda que novos
sejam os mecanismos e as práticas corruptas, os desvios comportamentais que
permeiam hoje e refletem situações passadas, das quais continuam a constituem os
pilares da corrução na sua esfera.
Percebe-se que o sistema brasileiro, como não foge à regra, ou seja, os índices de
corrupção vivenciados hoje em todas as searas do poder são meros desdobramentos de
se alastram há séculos, desde a colonização e estendendo-se pelos longos períodos
ditatoriais com os quais convivemos.
A democracia, longe de ser delineada pela norma, subtende-se que é o reflexo de
lenta evolução cultural, ou seja, reforçada na exigência de uma contínua maturação da
consciência popular.
Tem-se percebido que o Brasil, nos cinco séculos que se seguiram ao seu
descobrimento, conviveu-se com práticas democráticas, diante de um desdobramento
ente breves reflexões, onde se vê nesta afirmativa, a ordem natural das coisas que
enfatiza-se que deve ser percorrido um longo e tortuoso caminho.
Entende-se, que o combate à corrupção, não será fruto de mera produção
normativa, mas, sim, do resultado da aquisição de uma consciência democrática onde
deve haver a participação popular, que assim, permitirá uma contínua fiscalização das
instituições públicas, conscientizando-as sobre as mazelas da corrupção, com o intento
de reduzir a conivência e a depuração das ideias daqueles que pretendem ascender ao
poder. Com isto, a corrupção poderá ser atenuada, pois eliminada nunca o será, pois em
seus elementares sujem a cada dia formas diferentes de se cometer a corrupção.

18. JUÍZES INVESTIGADOS PELO CNJ

Com a emenda 45/02, inovou com a criação do Conselho do Nacional de Justiça,


tendo em vista o artigo 103-B da CF, a quem compete o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário, bem como do cumprimento dos deveres
jurisdicionais dos juízes.
Assim a finalidade do Conselho é corrigir, ou seja, erros não jurisdicionais, mas
sim, funcionais de Juízes alem da atuação administrativa e financeira do poder
judiciário.
Dito isso, inúmeros casos são identificados e daí imergiram as consequência da
responsabilidade, que somente na área jurisdicional pode ser pronunciada, desde que
seja comprovado o dano, ou seja, o ato ilícito bem como a relação casual.
Vê-se que há a participação de juízes bem como tambem os desembargadores que
foram investigados precisamente no ano de 2013, ve sê conforme o levantamento
realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), através de solicitação do site de
VEJA, no ano de 2013, foram tratados questões relacionadas sobre 24 processos
administrativos disciplinares (PADs) em face de magistrados de todo o país, ou seja, em
média, isso leva a uma nova ação a cada quinze dias, no entanto, o número é o maior
desde 2005, desde que o conselho foi criado.
Segundo Almeida (2006, p. 133), “(...) é notório a dificuldade de acesso à justiça
para muitos, bem como a excessiva demora no trâmite dos processos, o que, por vezes,
torna inútil o provimento buscando, situação completamente descabida”.
Por fim, percebe-se na ceara do judiciário inúmeras denúncias, causando uma
insatisfação no meio social, onde se busca a maior celeridade processual e a
transparência e a imparcialidade nos julgamento, precisamente quando se procede os
processos na área política e nos processos de improbidade, ou seja, em formas de
procedimento ilícito que podem gerar a corrupção administrativa, que configura-se na
conduta funcional que vislumbra-se pelo desvio, sob a aparência de legalidade.

Essa realidade, aliada as denúncias de corrupção envolvendo


membros do Poder Judiciário, vem gerando uma insatisfação cada
vez maior nos jurisdicionados, que reclamam com grande vigor
por uma Justiça mais acessível, célebre, transparente e próxima
daqueles aos quais ela se destina, tornando, desde modo, a
Reforma do Judiciário urgente e imperiosa. (ALMEIDA, 2006,
p.134)

Para que se possa entender que precisa ser realizado com urgência no Judiciário
Brasileiro uma Reforma. Neste diapasão explicita Almeida:
(...) a Emenda Constitucional n. 45, em 31/12/2004, decorrente da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n. 96/92, que tramitou
na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado
Federal, sob o n. 29/00, com vigência a partir da data de sua
publicação nos termos de seu art. 10. (2006, p.134).

Assim, se Percebe- que conforme a pesquisa o CNJ teve mais trabalho ainda,
uma vez que, dobrou a quantidade de novos processos, passando de onze para 24.
Entre 2006 e 2012, o CNJ, teve o registrou de uma média anual de dez
investigações iniciadas, onde isso em números que variam de dois casos, em 2006, a
dezoito, em 2010.
No que imergem aos processos administrativos que instaurados, quando se
detectadas condutas incompatíveis com a função de juiz, e neste âmbito quando
praticados por magistrados que enriquecem de forma ilícita, com venda de sentenças e
privilégios a poderosos.
Alguns casos são citados, pelo CNJ, nos trabalhos desenvolvidos, na abertura de
processos contra magistrados. Neste âmbito são citados: “três magistrados de Rondônia
sobre o suposto desvio de mais de 400 milhões de reais no pagamento de precatórios –
dívidas que União, Estados e municípios adquiriram por terem sido condenados em
decisões definitivas. O desembargador Vulmar de Araújo Coêlho Júnior e os juízes do
trabalho Domingos Sávio Gomes e Isabel Carla Piacentini teriam desviado as cifras
milionárias e entregando-as a advogados e dirigentes sindicais”.
Costa que, conforme a denúncia, há acusações em face de o desembargador é
acusado de ameaçar servidores para evitar que delatassem o esquema.
Dentre outros casos, surge tambem um caso notório, o do ex-presidente do
Tribunal de Justiça do Paraná Clayton Camargo, aqui vislumbra-se que o magistrado
envolve-se em casos ilícitos como: venda de sentenças, enriquecimento ilícito e tráfico
de influência, uma vez que, teria ajudado a eleger seu filho para o cargo de conselheiro
do Tribunal de Contas do Estado, tendo ele renunciado ao mandato na corte em
setembro.
Assim, se percebe, que a impunidade, ou melhor, os que se envolvem em casos
de corrupção têm a certeza da impunidade, e parecer que é uma questão cultural, e esses
casos aqui acontecem porque as leis são muito brandas com estes tipos de condutas, na
maioria não são presas.
Quando se percebe, que funcionários públicos se envolvem em casos de
corrupção tem-se em mente que serão julgados, após os procedimentos legais, e que
tambem responderam pelo ato praticado conforme explicita na norma a conduta assim
praticada. Mas quando um juiz se envolve em atos ilícitos, isto gera insegurança
jurídica, uma vez que, são encarregados de julgar, tendo uma tarefa central, sendo o
magistrado responsável pela aplicação da lei.

19. FALTA DE PUNIÇÕES E A APOSENTADORIA COMPULSÓRIA É A


SANÇÃO EXTREMA

No que explicita sobre a Punição branda, de acordo a pesquisa, no que tange aos
24 processos administrativos abertos no ano de 2013, resultaram no afastamento
provisório de treze magistrados, com certeza para apuração das denúncias, e assim
decorre-se que ficam suspensos todos os benefícios decorrentes da função, no entanto,
os salários são garantidos apesar de ter se envolvido em mazelas.
Portanto, quando se dá o fim do processo, e caso sejam as irregularidades
comprovadas, a sanção extrema a um magistrado no âmbito disciplinar é a
aposentadoria compulsória. Assim, se percebe no Brasil a certeza da impunidade
quando se envolvem altas autoridades.
Assim, argumentou Francisco Falcão, corregedor nacional de Justiça, defende a
aprovação da proposta de emenda à constituição (PEC), que esta visa a demissão de
magistrados quando se envolvem em atos ilícitos e são considerados culpados, onde este
texto já foi aprovado no Senado e na Câmara.
Percebe-se, pelas informações desencadeadas que cada vez maiores, o número
de denúncias de corrupção, bem como o desvio de conduta e ineficiência de juízes de
todo o país, cada vez mais vem aumentando em todo o pais.
Dados, informam que o número de denúncias de corrupção, desvio de conduta e
ineficiência de juízes de todo o país, no ano de 2008, do mês de janeiro a meados de
outubro, foram enviados à corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um
montante de 1.696 denúncias contra magistrados, como isso mostra-se em média de 212
novos processos disciplinares por mês.
Relata-se, que de setembro a dezembro, houve um acréscimo de 990 novas
denúncias, o que aumentou a média mensal para 330, além de reclamações reclamava
de demora no julgamento de ações, totalizando 441, e ainda foram contabilizados ainda
267 pedidos de investigação em face de juízes que teriam cometido atos de corrupção.

20. CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA: A LUZ DO ART. 317 DO CÓDIGO


PENAL.

Conforme relatou Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, Desembargador Federal


do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no que tange ao artigo publicado em
18.07.2005, no que consta o delito de corrupção passiva, previsto no art. 317 do CPB,
uma vez que essa norma explicita a conduta delitiva, consiste em solicitar, pedir ou
receber, aceitar vantagem indevida em razão da função, bem como aceitar promessa de
tal vantagem, no entanto, a ação deve, relacionar-se com o exercício da função pública,
quer venha exercer, ou mesmo que virá exercer, caso ainda não tiver assumido. Assim,
entende-se, que é próprio da corrupção que a vantagem seja solicitada, recebida ou
aceita em troca de um ato de ofício.
Segundo Livianu (2006, p.81), “o crime de corrupção, no Brasil, foi tratado em dois
aspectos, dividindo o praticado pelo funcionário público contra a administração e os
crimes praticados contra a administração pelo particular”.
Nota-se, que o diagnóstico configura-se da corrupção passiva, e neste âmbito
configura-se um crime formal autônomo, ou seja, não precisa da constatação ativa no
que tange a sua existência.

Neste sentido, tem-se que a corrupção passiva atinge um bem


jurídico difuso, no sentido de lesionar bens públicos, de interesse
geral, não vinculado, especificamente, a uma vítima, mas
atingindo todo o contexto social. (LIVIANU, 2006, p.81)
Vislumbra-se, aqui a questão da moralidade administrativa e nesta perspectiva
deve ser protegida, no que tange aos princípios que discorrem o art. 37 da Constituição
Federal, legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência.
Segundo Júnior (2002, p.17), a legalidade, como normatização da vontade social, é
o outro suporte da função pública. A função pública é balizada pela legalidade, porque a
lei é a fonte formal reveladora da vontade social.
A Constituição ressalta o objetivo do Estado de Direito, no que tange ao coletivo
onde se enfatiza a função pública do Estado, onde é imprescindível percorrer o caminho
constitucional, no que prescreve o art. 3º e seus incisos da Constituição Federal, que é
garantir uma sociedade livre, justa e igualitária, bem como a amplidão nacional do
Estado de Direito.
Portanto, o funcionário público, quando se envolve em atos ilícitos, entende-se que
constituiu uma violação do dever de ofício, desde que seja a vantagem é solicitada ou
recebida para a prática de ato regular e legal (corrupção imprópria).
Assim, é imprescindível, que tal ato seja da competência do agente ou estar
relacionado com o exercício de sua função, caso contrário, a conduta será outra, assim
se precípua o entendimento com base exposta.
Em conformidade, julgado do antigo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em
que foi relator o então Desembargador Nelson Hungria, verbis:

(...). Não se pode identificar no caso vertente, como fez a sentença


recorrida, o crime de corrupção, passiva ou ativa, que pressupõe
um ato de ofício em torno do qual se realiza a transação. É
necessário que haja a aceitação por parte do funcionário público,
ou o oferecimento a este, de vantagem indevida para a prática (ou
omissão ou retardamento) de ato pertinente à função específica do
subornado ou peitado.” (Apelação Criminal nº 7.884, rel.
Desembargador Nelson Hungria, in Revista de Direito
Administrativo, v. 13, jul./set. de 1948, p. 182).

21. OAB CONSIDERA IMORAL APOSENTADORIA COMPULSÓRIA PARA


MAGISTRADOS AFASTADOS POR CORRUPÇÃO
A Ordem dos Advogados do Brasil, se manifestou de forma categoricamente
defendendo uma mudança urgente na legislação, da qual explicita que juízes punidos
com a aposentaria compulsória pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para que não
tenham direito a remuneração, ou seja, não entanto pode ser integral no caso de
contribuição por 35 anos.
No entanto, o benefício que estar previsto na Constituição Federal de 88, e
tambem na Lei Orgânica da Magistratura, foi precisamente considerado imoral pelos
presidentes nacional e regional da OAB, respectivamente Ophir Cavalcante e Wadih
Damous.
Assim, ve sê que o mecanismo foi criado na Lei Orgânica da Magistratura
durante a ditadura, na época do de 1965. Era uma forma de blindagem para com os
juízes, para que não sofressem perseguições, Há muito vem sendo questionado para que
venha o fim desse benefício imoral, essa é a visão de disse Ophir.
Diante deste questionamento, e no que se refere a este tipo de benefício, e não
existisse mais, Paulo Medina, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e também
José Eduardo Carreira Alvim, ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª
Região, estes deixariam de receber proventos integrais, onde são acusados de vender
sentenças para a máfia dos caça-níqueis, o infelizmente eles foram aposentados de
forma compulsoriamente pelo CNJ.
Nesta esfera, ve sê a punição mais grave aplicada pelo CNJ, passando assim, um
juiz receber proventos integrais, esta afirmação e posicionamento e também de Wadih.
Portanto, na Câmara, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que é membro da
Comissão de Constituição e Justiça, também questionou protestando sobre a
aposentadoria compulsória, levando em conta a impunidade, e no lugar que haja uma
sanção fundamentada na norma, acontece que são premiados com uma aposentaria
significante para quem se envolveu em atos ilícitos.
Conforme a avaliação de Ophir, seria melhor que houvesse uma mudança na
Carta Magna do pais, entretanto tratando-se da Lei Orgânica da Magistratura isso só
poderá ocorrer se o Supremo Tribunal Federal (STF) enviar um proposta de lei ao
Congresso Nacional.
Assim, entende-se, que hierarquicamente, a Constituição é a lei maior. Vê-se
assim, que as propostas visam acabar com o pagamento de aposentadoria ao juiz punido
administrativamente pelo CNJ por irregularidade no cargo, como corrupção e
prevaricação, ainda têm um longo caminho no Congresso.
Existem duas propostas de emenda constitucional, onde essas vedam a
concessão da aposentadoria que tramitam no Legislativo. E tambem existe outra emenda
constitucional e da senadora licenciada Ideli Salvatti (PT-SC), ficou de 2003 a 2009,
onde decorre para ser aprovada no Senado, nestes parâmetros são necessárias duas
votações e aprovação de dois terços dos parlamentares, conforme explicita a
Constituição Federal do Brasil.
Este projeto está sendo analisado na Câmara, e pretende-se que a Câmara aprove
com brevidade, e que permeia hoje como forma de amparar, sendo o meio de punição,
mas uma verdadeira proteção a bandidos.
Uma proposta tutelada pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), de 2007, onde
se veda a concessão da aposentadoria e estabelece assim a perda do cargo, quando há
quebra o decoro. Decorre que ela foi aprovada na CCJ da Câmara, no entanto, ainda
precisa passar por uma comissão especial e pelo plenário da Câmara, para depois ser
remetida ao Senado. Essa matéria é de autoria das repórteres Isabel Braga e Selma
Schmidt e foi publicada na edição de hoje do jornal O Globo.

22. FICHA LIMPA OU LEI COMPLEMENTAR Nº. 135 DE 2010

No que tange a Ficha Limpa ou Lei Complementar nº. 135 de 2010, é


uma legislação brasileira que foi emendada à Lei das Condições de Inelegibilidade,
ou seja, é Lei Complementar nº.64 de 1990, que foi fundamentada e originada de
um projeto de lei de iniciativa popular idealizado pelo juiz Márlon Reis que reuniu cerca
de 1,3 milhão de assinaturas com o objetivo de aumentar a idoneidade dos candidatos.
Portanto, essa lei torna inelegível por oito anos um candidato que tenha se
envolvido em atos ilícitos, e que tiver o mandato cassado, e o caminho em que
geralmente tomam é a renúncia, evitando assim a cassação ou caso seja condenado por
decisão de órgão colegiado, ou seja, com mais de um juiz, alem disto, existe a
possibilidade de recursos.
O Projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 5 de maio de 2010 e
também foi aprovado no Senado Federal no dia 19 de maio de 2010 por votação
unânime, sendo sancionado pelo Presidente da República, passando a Lei
Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010.
Esta visa proibir que políticos condenados em decisões colegiadas de segunda
instância mão tenha o direito de se candidatar. Em meados de fevereiro do ano 2012, o
Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu que esta lei constitucional e válida para as
próximas eleições que forem realizadas no Brasil, e com isso manteve-se uma posição
defendida pelo Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de 2010.

23. SENADO FEDERAL APROVA PUNIÇÃO MAIS SERVERA PARA JUÍZES


E INTERGRANTES DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Uma proposta de emenda à Constituição (PEC) está em transmite no Senado


Federal onde aprovou por unanimidade em 06 de agosto de 2013, terça-feira (6), que
prevê o fim da aposentadoria compulsória como forma de penalidade para magistrados e
membros do Ministério Público (MP) que vierem cometerem crimes e forem
condenados judicialmente.
No que tange ao assunto, a medida ainda terá de ser apreciada pela Câmara, no
seu bojo visa determinar a perda do cargo, caso ocorra pelo voto de dois terços dos
membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Esta proposta e do senador Humberto Costa (PT-PE), que tem como objetivo
acabar com este tipo de privilégio oferecido bem como esse segmento e coibir a
corrupção.
Vislumbra-se, no projeto, que concluído o processo administrativo disciplinar, o
Conselho Nacional de Justiça terá 30 dias para representar ao Ministério Público a
propositura de ação judicial, e no decorrer do transmite no período, o magistrado ficará
afastado das suas funções, no entanto com vencimentos proporcionais, até o trânsito em
julgado da sentença.
Caso seja comprovado de tais fatos de corrupção envolvendo juízes e
promotores, e sendo condenados por corrupção, não continuaram com seus vencimentos
integrais. Com essa PEC, acaba-se certos privilégio.
Consta que o Plenário do Senado aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (6),
substitutivo do senador Blairo Maggi (PR-MT) à proposta de emenda à Constituição, de
autoria do senador Humberto Costa (PT-PE), que tem como objetivo tornar mais severa
a punição para juízes e integrantes do Ministério Público que venham envolve-se em
atos de corrupção.
A (PEC 53/2011), segue para a Câmara dos Deputados, que prevê tambem a
possibilidade de perda do cargo, mormente, a aposentadoria compulsória é punição
disciplinar máxima para juízes condenados.
O plano para que seja acelerada a votação, os senadores decidiram suprimir o
interstício constitucional entre os dois turnos de votação da PEC, que foi aprovada em
primeiro turno com 64 votos favoráveis e em segundo turno com 62 votos.
A Constituição Federal de 1988 enfatiza no que cabe a Legitimação do
Ministério Público, visto que com a vinda da Constituição de 1988 recebeu poderes
estendidos, bem como está fundamentado para defender os interesses mais elevados da
convivência social e política, assim como perante o Poder Judiciário, e no estabelece a
ordem administrativa.
Assim estabeleceu a Constituição de 1988, dando ao Parquet tratamento singular
no contexto da história do constitucionalismo brasileiro, enfatizando uma importância
de magnitude inédita na história, no que se refere o direito comparado.
Nesse direcionamento, prescreve Gilmar Ferreira Mendes:

Não é possível apontar outra instituição congênere de algum


sistema jurídico aparentado ao nosso a que se possa buscar
socorro eficaz para a tarefa de melhor compreender a instituição
como delineada aqui atualmente. O Ministério Público no Brasil,
máxime após a Constituição de 1988, adquiriu feições singulares,
que o estremam de outras instituições que eventualmente colham
designação semelhante no direito comparado. (MENDES, 2009.
p. 883)
Vê-se que o artigo 127, caput, da CF/88, estabelece o Órgão do Ministério
Público levando em conta a sua instituição de forma permanente, com base essencial no
que discorre à função jurisdicional do Estado, para a defesa da ordem jurídica, visto que
explicita-se o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis.
No que tange aos interesses sociais, alem dos interesses difusos e coletivos,
sendo de grande importância na sociedade vigente.
Segundo TAVARES et al. (2005, p. 463), “A emenda Constitucional 45,
publicada no Diário Oficial da União em 31.12.2004, cria o Conselho Nacional do
Ministério Público na perspectiva de ampliar a possibilidade de atuação do Parquet (...)”
O Conselho Nacional de Justiça do Ministério Público, através desta Emenda
Constitucional explicita que assim será possível a participação da sociedade civil no que
tange a fiscalização no que prescreve as normas constitucionais referentes às políticas
públicas, assim como a participação do povo neste controle democrático sobre o
direcionamento dos recursos públicos.

24. APROVAÇÃO DE LEIS QUE FACILITEM O COMBATE ÀS


ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Para que o direito positivado possa realmente se dá ênfase na sua tipificação,


necessário é que um Estado de Direito, possa na sua representatividade não haver o
desvio de poder. O Estado desempenha uma função pública, ou seja, não há Estado sem
poder, sendo que o exercício desta função seja uma atividade de interesse social, assim
enfatiza-se a Constituição Federal, visto que se apoia em poderes vinculados no que
tange ao ordenamento jurídico.
Segundo Batista (2012, p. 165), “a corrupção e a violência são terríveis parasitas
que contaminam muitas espécies de poder. Ambas se entrelaçam, crescem e se
agigantam nutridas pelo egoísmo ou ambição infecciosa”.
Entende-se que o ser humano busca o poder, sendo inato a ele próprio, e tanto é,
que o busca de várias maneira para nele se manter, vejamos o que explicita Antenor
Batista:

O homem em princípio é o mesmo em todos os governos, não


importando a forma de governo, variando sua conduta segundo as
normas instituídas pelo Estado, que é o poder detendo o próprio
poder. Segundo o grande estadista Montesquieu, em sua obra O
espirito das Leis, “Todo homem que detém poder tende a abusar
dele.” Decorridos quase três séculos, a situação não melhorou, o
que reflete um estágio social ainda longe do ideal. (BATISTA, p.
166)

Contudo, no tocante ao exercício do poder tende ao desvirtuamento, ou seja, à


corrupção, assim como os mecanismos destinados ao seu controle. Percebe-se, que o
vocábulo corrupção assumiu várias dimensões e variáveis no que tange a diversos
fatores, vinculando ao momento histórico, alem da situação geográfica e enfim das
percepções culturais, onde vislumbra-se, às suas consequências bem como o seu
controle.
Conforme Acton apud Ribeiro, (2000, p. 37). “Todo poder tende à corrupção, e
o poder absoluto corrompe absolutamente”.
Neste aspecto, entende-se que a corrupção é que se construída de forma indevida,
e sobrepujança do privado e individual no que tocante ao detrimento do público e
coletivo, quando a norma é violada.
25. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entende-se, que o poder judiciário está em crise e se nota o desvio de poder,


onde se percebe-se as dificuldades para que sua missão seja cumprida como operadores
do direito.
O Judiciário enfrenta constantemente em face da corrupção em que se expõe de
forma generalizada na Política brasileira, e se alastram nos poderes.
O Poder Judiciário convive com casos de desvios de verbas, vendas de
sentenças, contratos irregulares, nepotismo e criação de entidades vinculadas aos
próprios juízes para administrar verbas de tribunais. Neste parâmetro mostra-se esse
retrato de um Poder que ainda permeia em casos de corrupção e de irregularidades foi
identificado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde discorre no que tange as
inspeções realizadas pela sua Corregedoria em quase todos os Estados brasileiros.
“Há muitos problemas no Judiciário e eles são de todos os tipos e de todos os
gêneros”, afirmou ao Valor a ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça.
Para ela, diante de tantas irregularidades na Justiça é difícil identificar qual é o Estado
com problemas mais graves. Há centenas de casos envolvendo supostos desvios de
juízes, entre eles, venda de sentenças, grilagem de terras e suspeita de favorecimento na
liberação de precatórios. Além disso, o Conselho identificou dezenas de contratos
irregulares em vários tribunais do país.
Percebe-se, através da mídia e em todos os meios de comunicação, como no
Brasil a corrupção permeia, deixando irreparáveis problemas sociais e políticos, criando
assim uma cultura da corrupção, levando a democracia a uma desestabilidade.
A corrupção gera no Estado impunidade principalmente quando se dá estes
entrelaçamentos políticos, e entre os poderes que assim decorrem deste fenômeno da
corrupção e conhecida em sua historicidade política.
Portanto, neste ambiente estar às relações de poderes que desta, formam uma
cultura da corrupção e do poder, corrompendo o patrimônio público assim como as
esferas dos poderes executivo, legislativo e entre eles o poder judiciário, indo mais alem
nas cortes dos tribunais superiores.
26. REFERÊNCIAS

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NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 12. Ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2015.
LOPES, Jr., Aury. Direito de processo penal. Brasília. 12º Edição, Saraiva Educação.
São Paulo, 2015.
27. ANEXOS
Gráfico 01.

Centro de referência do interesse Público/Vox Populi, 2008.2009.

Gráfico 02.

Gráfico 03.
28.CORRUPÇÃO MINA ALICERCES DO PODER JUDICIÁRIO, DIZ ELIANA
CALMOM.
a. - Escrito por imprensa, 10 agosto 2012.

A varredura no Tribunal de Justiça de São Paulo, deverá ser uma das últimas
ações da ministra Eliana Calmon como corregedora do Conselho Nacional da Justiça
(CNJ). Seu mandato termina no próximo dia 6 de setembro e ela vê com pessimismo o
futuro do Judiciário. “Com muita boa vontade, eu digo que o Poder Judiciário não irá
decolar em menos de dez anos. O problema é a corrupção. Ela mina os alicerces de
sustentação da Justiça”, disse Eliana Calmon em entrevista exclusiva ao BRASIL
ECONÔMICO.
A ministra veio a São Paulo para dar início, na última segunda-feira, à auditoria
das rotinas administrativas da maior Corte estadual do país. “Ainda não é possível dar
um diagnóstico sobre essa corte, já que os relatórios só serão apresentados nos próximos
15 dias. Mas a percepção que tenho até o momento é de um resultado parcialmente
positivo”, disse.

A ação envolve uma equipe de 30 funcionários do Conselho e tem o objetivo de


desburocratizar serviços, além de revelar e acabar com condutas de corrupção dentro
das cortes.
“Todos os brasileiros tinham interesse em saber dos procedimentos do poder
judiciário, mas havia muito receio e medo nesse sentido, justamente pelo fato de a
justiça brasileira ser muito fechada. Contudo, essa realidade começa a ser alterada”,
afirmou, lembrando-se das mudanças que vêm ocorrendo no Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJ/SP).
A primeira inspeção realizada em dezembro do ano passado revelou na Corte
paulista ações de corrupção entre os magistrados e servidores que foram beneficiados
com o pagamento em atraso de verbas salariais, além de furo na fila dos precatórios.
“Após essa ação, o tribunal se tornou mais transparente. Além disso, o novo
presidente do TJ/SP, Ivan Sartori, tem uma postura pró-ativa em dar continuidade a esse
trabalho”, disse, apontando que muitos casos de corrupção estavam ligados diretamente
à presidência da casa — referência à gestão de José Bedran.
Missão
Às vésperas do término de seu mandato no Conselho Nacional da Justiça, Eliana
Calmon avalia que sua gestão teve a missão de trazer mais transparência ao Judiciário
brasileiro. Segundo ela, o êxito conquistado se deve a seu perfil ousado e decidido, pelo
qual ficou conhecida perante toda a Corte nacional e a fez ser escolhida para comandar
o órgão. “Sou uma pessoa de perfil espartano”, afirma, comparando-se a uma mulher
guerreira e destemida que luta em prol da justiça mesmo que tenha que sofrer
represálias.
As inspeções nos grandes Tribunais de Justiça do país, inclusive no de São
Paulo, segundo ela, é um exemplo desse seu perfil. Por isso, ela veio pessoalmente a
São Paulo para acompanhar o processo de inspeção.
Poder Judiciário
Questionada sobre a eficiência do poder judiciário brasileiro, Eliana Calmon não
mede esforços ao afirmar que ele ainda está a anos luz dessa conquista, apesar dos
pequenos avanços.
A ministra aproveita o momento para lembrar que quando assumiu o CNJ, em
setembro de 2010, como ministra e corregedora, não utilizou o poder obtido para trazer
amigos e parentes de colegas para trabalhar no Conselho.
Sua conduta foi pautada na seriedade e para isso procurou indicações de
gabarito. “Para exemplificar, eu trouxe ao CNJ, sem conhecer, um juiz de São Paulo,
por ele ser considerado um exímio conhecedor da legislação do extrajudicial. Não me
arrependi”, disse.
Fonte: Último Segundo – IG

ELIANA CALMON PEDE PRIORIDADE NO COMBATE À CORRUPÇÃO


O combate às organizações criminosas deve começar pelas estruturas do próprio
Estado, pelo sistema político que favorece desvios do dinheiro público, alertou, nesta
quinta-feira (19/5), a corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, em
Maceió (AL). A ministra abriu o Encontro do Grupo Nacional de Combate às
Organizações Criminosas (GNCOC).
“Temos que combater esse problema, com inteligência, a partir da estrutura do
próprio Estado, porque, se assim não for, nós estaremos enxugando gelo”, afirmou.
Eliana Calmon disse que tem “consciência das dificuldades enfrentadas em uma nação
patrimonialista e injusta como a brasileira”, que historicamente sempre teve “um grau
de exclusão social altamente preocupante”, que, muitas vezes, favorece a criminalidade.
“Eu me preocupo com o ataque aos cofres públicos provocado pelo sistema
político perverso”, explicou. São os delitos de colarinho branco, segundo ela, que
destroem “a coluna de sustentação do Estado”, que tende a desmontá-lo colocando em
risco o patrimônio público.
Segundo ela, a “engrenagem” desse “sistema perverso” pune o juiz do interior
que vende uma sentença, "mas não é capaz de desmanchar um esquema generalizado”.
A corregedora nacional lembrou aos integrantes do GNCOC, grupo formado por
integrantes do Ministério Público dos estados, da União e por policiais, que essa
situação deve ser combatida.
Legislação – Eliana Calmon conclamou o grupo a atuar no Congresso Nacional
para a aprovação de leis que facilitem o combate às organizações criminosas. “É no
Congresso Nacional que temos que pensar diuturnamente no momento que estamos
fazendo o combate contra organizações criminosas”, afirmou.
Ela contou que o Superior Tribunal de Justiça expediu o primeiro mandado de
prisão por volta de 2003, fato polêmico, porque todos entendiam que “aquele tribunal
não era para prender ninguém, e isso era a cultura". Até hoje, segundo ela, há
dificuldade para decretar a prisão de suspeitos e para autorizar a interceptação de
conversas telefônicas por falta de clareza na legislação. “O crime organizado está
sofisticado, tem meios moderníssimos, e nós continuamos andando de carroça. Eles
estão andando de avião a jato”, lamentou a ministra.
Gilson Luiz Euzébio
Da Agência CNJ de Notícias

ENTREVISTA COM ELIANA CALMON: “A CORRUPÇÃO ESTÁ


DOMINANDO TUDO”

09/03/2014 ·

Eliana Calmon, ministra aposentada do STJ

Entrevista concedida ao site Bahia Notícias. Eliana Calmon já foi juíza federal,
procuradora da República, ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e corregedora
nacional de Justiça. Em 2014, já aposentada, a ex-magistrada decidiu enfrentar um novo
desafio: concorrer a um cargo no Senado. Anunciada como pré-candidata pela
dobradinha PSB-Rede Sustentabilidade, em dezembro de 2013, Eliana contou ao Bahia
Notícias qual a sua intenção em entrar para a política brasileira e demonstrou conhecer
os obstáculos que deverá superar para fazer a diferença, caso seja eleita. “Para quem não
é profissional do ramo é muito difícil enfrentar o eleitorado, mas eu acho que nós
precisamos começar. Senão, não muda. A mudança só vem a partir do momento em que
tomamos a deliberação de querer mudar”, declarou. A baiana postulante ao Senado
também confessou ter sido apadrinhada politicamente pelo senador Antônio Carlos
Magalhães para chegar ao posto de ministra do STJ. Ela disse que não teve nenhum
envolvimento com ele posteriormente. “Eu joguei as regras do jogo. Eu não poderia ser
diferente, senão eu não seria ministra. É diferente de agora. O que eu acho importante
para a nação é a gente mudar as regras do jogo e eu sei que não é fácil. Mas a população
quer mudança e a maior prova disso foram os movimentos nas ruas”, explicou. Eliana
ainda criticou o envolvimento do Tribunal de Justiça da Bahia com o governo do Estado
e decretou: “O maior problema do Judiciário baiano não é a corrupção, é a inação”.

Bahia Notícias: Como está a preparação para a eleição? Já está sendo feito o
planejamento de pré-campanha?

Eliana Calmon: Ainda não, porque a minha filiação aconteceu no dia 19 de


dezembro, minha aposentadoria no dia 18 e eu não posso lutar em duas frentes. Eu
estava com a cabeça totalmente voltada para o Judiciário porque eu queria deixar os
processos mais complicados resolvidos. Trabalhei muito, nos últimos dias, e não pensei
em política. Depois da filiação, vieram as festas de Natal e Ano novo. Combinamos que,
a partir da segunda-feira seguinte, começaríamos. O partido vai alugar uma sala para
montar um escritório, já que não podemos ter comitê até junho, de acordo com a
Legislação Eleitoral. O que eu acho engraçado é que é tudo muito camuflado. Pela
legislação, eu nem posso dizer que vou ser candidata a senadora, mas como é que se faz
política se a gente não diz o que quer ser? A presidente Dilma e o ex-presidente Lula
estão fazendo propaganda claríssima, na televisão, de forma que esta Legislação
Eleitoral é uma coisa esquisita. São dois pesos e duas medidas. Esta não possibilidade
de Marina Silva regularizar a Rede de Sustentabilidade, por exemplo, foi algo que, para
a Justiça, ficou muito difícil de explicar. Com relação aos partidos, acho que são
verdadeiras camisas-de-força para manter o sistema. Precisávamos modernizar esta
ritualística eleitoral, pois ela faz parte de um sistema que favorece os candidatos
“profissionais”. Foi justamente isto que me deu ânimo para enfrentar [as eleições]. Os
profissionais chegam à política e não fazem nada ou fazem aquilo que não deveriam
fazer e nós ficamos a dizer “não tem candidatos bons, isso é um absurdo!”, “Hoje a
política é muito feia, só existe corrupção”. A pergunta é a seguinte: E você, cidadão
brasileiro, fez o quê? Ficou com medo de enfrentar isso? Para quem não é profissional
do ramo é muito difícil enfrentar o eleitorado, mas eu acho que nós precisamos
começar, senão não muda. A mudança só vem a partir do momento em que tomamos a
deliberação de querer mudar.

BN: Quando a senhora tomou a deliberação de querer mudar na política? Quem


chegou com o convite primeiro? O próprio PSB ou outros partidos?

EC: O primeiro partido que me fez o convite foi o PTN. Eles me deram uma medalha ao
mérito legislativo e depois me convidaram para tomar um café, mas eu não pude ir, pois
tinha uma sessão de julgamento. Recebi a medalha e saí antes de a solenidade terminar.
Depois, me convidaram para outro encontro, eu fui e eles me fizeram o convite.
Naquela época, eu não pensava nisso [candidatar-se a senadora]. Eles insistiram e eu
disse que pensaria. O segundo convite veio do PSB. Eu estava na Bahia, quando uma
pessoa, através de meu irmão, disse que precisava falar comigo. Esta pessoa disse que
Eduardo Campos estava querendo conversar comigo sobre a possibilidade de um
convite para se candidatar ao governo do Estado ou ao Senado e que as portas do PSB
estariam abertas.

BN: Isto foi quando mais ou menos?


EC: Isto foi antes de junho, antes das manifestações sociais. A partir daí,
aconteceram sucessivos convites e eu fiquei assustada. A primeira conversa mais séria
que eu tive foi quando o PDT me convidou, através de Cristóvão Buarque [senador pelo
DF], e eu disse para ele que eu achava que eu tinha uma popularidade muito periférica:
pessoas que lêem jornais e sabem o que é o CNJ. Disse, ainda, que eu achava que não
teria uma candidatura que penetrasse no povão. Além disso, que eu ouvia dizer que uma
campanha custa milhões e eu estava saindo da Justiça com um patrimônio muito
pequeno, não tinha dinheiro para gastar em política, de forma que eu teria de ser
carregada pelo partido. Falei também que eu não era mulher para ficar pedindo dinheiro
a empresário e ele disse que eu não me preocupasse. Todos me acenavam com a
possibilidade de ser muito mais fácil a eleição em Brasília por eu ser mais conhecida, o
eleitor ser mais consciente e por não ter municípios. Cristóvão Buarque chegou a dizer
“Eu fiz campanha e dormi na minha casa todos os dias. Saía para as cidades satélites e
voltava”.

BN: Algum outro partido te fez o convite?


EC: O DEM convidou, através do Agripino Maia [senador pelo RN], o PMDB
também convidou, inclusive o presidente, Valdir Raupp [senador por RO], esteve
comigo. Mas todos eles me empurravam para Brasília e eu comecei a refletir: o que é
que eu tenho a ver com Brasília? O fato de ser fácil se eleger? Eu estou querendo partir
para uma política diferente e já começaria errando, no primeiro passo, se escolhesse
uma cidade que não é minha, onde não tenho raízes. Eu continuo baiana, nunca deixei
de ter casa na Bahia, venho constantemente quando estou estressada porque é onde eu
consigo me energizar. Então decidi que seria candidata pela Bahia, mas ainda resistindo
muito. Depois, vieram os movimentos de junho que me deixaram muito impressionada,
com uma vontade de ir para rua. Se os meus netos fossem maiores, eu iria e diria: “Eu
tinha que tomar conta dos meninos, por isso que eu fui”. Neste momento, eu vi, por
meio da TV Senado, quatro gatos pingados discutindo a situação. Entre eles, Cristóvão
Buarque juntamente com o Pedro Simon [senador pelo PMDB-RS]. Logo depois, assisti
uma longa entrevista de Pedro Simon, na qual ele falava sobre o que vivenciou na
República a partir de Ulysses Guimarães [ex-deputado federal pelo PMDB-RJ e líder da
Constituinte de 1988]. No final da entrevista, ele criticava alguns políticos e o jornalista
perguntou a ele:” Se o senhor tivesse que dar um conselho a um jovem, o senhor diria
para ele se envolver na política ou não?” Ele respondeu que diria ao jovem que fosse
imediatamente, que ligasse o computador e começasse, nas redes sociais, a fazer
política. Ao refletir sobre tudo isto, tomei minha deliberação. Muita gente me reprovou
por eu ter vindo para a Bahia. Diziam que eu gostava de coisas difíceis e que seria
impossível.

BN: Aqui na Bahia, o DEM dava como certa a candidatura da senhora ligada à
oposição. Nas discussões também foi retomado o discurso do juiz Fernando da
Rocha Tourinho que disse que a senhora pediu a bênção de Antônio Carlos
Magalhães para o STJ. Mas, o ideário do que Eliana Calmon pensa sobre política
está mais ligado a um pensamento de direita ou esquerda? Porque a senhora se
filiou ao PSB…

EC: Totalmente de esquerda. Embora tenham me ligado muito a Antônio Carlos


Magalhães, eu nunca estive ligada a ele. Pelo contrário. Quando eu me candidatei a uma
vaga no STJ, me disseram que ele tinha um candidato: Lázaro Guimarães. Todos os
políticos me perguntavam: a senhora é da Bahia, porque a senhora não está com
Antonio Carlos? Soube que o senador dizia: “Eu não conheço bem esta moça, mas eu só
sei que ela não fez nada pelo carlismo”. Terminei indo, por um amigo, conversar com
Edison Lobão [Ministro de Minas e Energia e senador licenciado pelo PMDB-MA] e
Jader Barbalho [senador pelo PMDB-PA]. O Jader disse para mim: “Eu conheço a
senhora, a senhora votou contra mim no caso do polígono dos castanhais [que foi um
processo contra grilagem], mas eu gosto de juiz correto. Eu vou ajudar a senhora”. Eu
não acreditei, mas ele ajudou. Durante o processo, o candidato de ACM não entrou na
lista de escolhidos, quem entrou fui eu concorrendo com Ellen Gracie, do Rio Grande
do Sul. Eu soube que já estava tudo certo para ela ser apresentada como a primeira
mulher a entrar no Superior Tribunal de Justiça no dia 8 de março (Dia internacional da
Mulher). Segundo Jader, Ellen era a candidata do presidente [Fernando Henrique
Cardoso]. Liguei para Edison Lobão e ele disse que apenas uma pessoa desmancharia
isso: Antônio Carlos Magalhães. Entrei em contato com Tomás Bacelar, que foi meu
professor, expliquei a situação e disse que eu precisava de alguém que chegasse até
Antônio Carlos Magalhães e dissesse que, embora eu não fosse a candidata dele, eu era
da Bahia. Pedi também a outros amigos que falassem com o senador, mas ninguém me
dava resposta. Decidi ligar para ele. Consegui o telefone com Josafá Marinho [ex-
senador pelo PFL-BA], liguei a primeira vez, em um domingo, e ele não atendeu. Um
dia, de noite, o telefone tocou. “Doutora Eliana, aqui é Antônio Carlos.” Eu nem
acreditei, pensei que fosse trote. “Está nervosa?”, eu respondi: “A alma está saindo pela
boca”. Ele deu risada e disse “Fique calma, já tomei todas as providências. Não vai sair
nada amanhã, vai demorar. Não estou prometendo nada, porque o presidente está
irredutível, mas disse a ele que nós precisávamos conversar porque ele tinha um
compromisso com a Bahia. Era doutor Lázaro, mas ele não entrou. Então, vamos ver.”
Foram três meses esperando. Algumas vezes, ele ligava e dizia: “Esta gaúcha está
danada, mas estamos no páreo, eu estou insistindo”. Neste período, fizeram dossiê
contra mim, disseram que eu julgava contra a União e eu tive que fazer um contra-
dossiê. Foi um inferno. Finalmente, fui eleita pelas mãos de Jader e Antônio Carlos,
porque os dois ficaram unidos. Esta é a história de Eliana unida a Antônio Carlos. Não

tive mais nada a ver com ele.

BN: Este apadrinhamento já te prejudicou de alguma maneira?

EC: Fiquei muito preocupada com este apadrinhamento e, no Senado, quando fui
sabatinada, disse que achava muito política a escolha de um ministro de um tribunal
superior. Disse que o escolhido chegava ao cargo comprometido politicamente e, como
tinha muitos interesses para julgar, isto não era bom. Perguntaram se eu havia me
comprometido politicamente. Eu disse que não tive compromisso, mas tive padrinhos
políticos: Edison Lobão, Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães. Todos acharam
que eu era uma anta política e que eu tinha enlouquecido quando assumi isto. Mas foi o
mais certo que eu fiz, pois, a partir dali, eu não podia julgar nada que eles tivessem
interesse, já que todo mundo sabia que eles haviam sido meus padrinhos. Antonio
Carlos sempre me fez os maiores elogios e muita gente que ia pedir para ele para que eu
interferisse em julgamento, ele dizia: “Nem a mim ela atende. É melhor não pedir”. Eu
joguei as regras do jogo. Eu não poderia ser diferente, senão eu não seria ministra. É
diferente de agora. O que eu acho importante para a nação é a gente mudar as regras do
jogo e eu sei que não é fácil. Mas a população quer mudança e a maior prova disso
foram os movimentos nas ruas. Não estou achando que eu vou ganhar, mas estou
colaborando para uma mudança. Se eu não mudar, eu acho que eu apresso o processo e
isso é o que basta para mim. No Judiciário, eu sempre fiz isto e quando eu cheguei à
Corregedoria, consegui mudar algumas coisas. Este é o meu objetivo nesta campanha.
BN: A senhora acredita que esta história da bênção será utilizada de forma
distorcida para querer abalar a imagem de Eliana Calmon?
EC: Não, porque já tentaram durante muito tempo, inclusive quando eu era
corregedora. Isso não tem mais graça porque eu disse isto no Senado.

BN: O Congresso, em geral, tem evitado discutir temas relativos ao próprio


processo eleitoral. Muitas vezes, o STF tem tomado decisões que seriam do
Legislativo, como a votação da Adin da OAB para acabar com as verbas de
empresas privadas em campanha eleitoral. A senhora pretende enfrentar estes
temas no Senado?
EC: Enfrentarei. Sem dúvida alguma é muito difícil, porque a gente fica muito
isolado dentro de um contexto. Uma andorinha só não faz verão, duas não fazem, nem
três, mas é preciso enfrentar, é preciso discutir. Ir para a tribuna e falar para o povo
ouvir o que a gente tem a dizer e o que é preciso mudar. Eu vou com o espírito de
apressar o processo de mudança. As regras eleitorais, dos partidos políticos, são um
absurdo. São regras casuísticas, vão mudando de acordo com os interesses dos grupos
dominantes, de forma que a relação entre o poder econômico e o poder político existe a
partir da elaboração das leis. É preciso fazer regras transparentes para acabar com os
grotões que são seccionados de duas formas: as pessoas ignorantes não sabem em quem
votar, então você faz a troca de voto [por favores], e as pessoas não tão ignorantes, que
é a classe media, você engana com regras que são verdadeiros embustes. Por exemplo,
Renan dizer que depois do movimento de junho o Senado votou projetos espetaculares,
isso não é verdade. Eles votaram projetos pela metade, que parecem deslumbrantes, mas
não são.

BN: De que forma a senhora acha que o financiamento de campanha


deveria ser feito?
EC: Eu acho que mudar as regras do jogo agora será um desastre. Se eles
cortarem as doações de campanha de pessoas físicas para os outros candidatos, será
muito bom para Dilma. Os cofres já estão cheios. O certo seria ter uma verba pública de
campanha para ser repassada para os partidos, porque não é possível que estas empresas
deem milhões sem nada a receber. Não existe almoço de graça. Pode até ter uma ou
outra doação, por uma questão de simpatia, na qual seja descontado, por exemplo, o
imposto de renda. Mas o que eu sei é que os empresários terminam favorecendo todos
os partidos que tenham a possibilidade de ganhar porque ficam bem em qualquer
situação. Ou seja, vão com a faca na mão exigir a retribuição daquilo que foi dado. O
financiamento público acabaria com isso. Mas eu acho que tudo deva passar pelo
controle do Tribunal de Contas. E não digo que a verba saia exclusivamente dos cofres
públicos, mas que o público tenha controle sobre o que vai para os partidos.

BN: A senhora acha que a Justiça tem interferido ou não na atividade legislativa?
EC: Acho que está interferindo e esta interferência é comum, atualmente, em
todos os países democráticos com esta nova visão do Judiciário. É a judicialização da
política porque, se um dos poderes está faltando em cumprir o seu dever, vem o
Judiciário para preencher. Isso se deu no Canadá, Turquia e em Israel. A criação do
muro em Jerusalém, por exemplo, foi decidida pela suprema corte. Eu acho que isto é
um sinal de maturidade. O problema é que, no Brasil, a falta do Legislativo tem sido
constante. Aqui, há uma apatia do Congresso Nacional em razão destas parcerias que
estão sendo feitas com o partido dominante que é o PT. Paralisa-se o Legislativo e o
Executivo fica nas mãos do PMDB. É isto que estamos vendo claramente. Eu fui
eleitora do PT porque sempre quis mudanças e ele tinha dois propósitos: inclusão social
e ética na política. Os programas sociais foram bem sucedidos, mas a ética na política
foi embora. Cada vez mais eles se comprometem com a bancada econômica e
prejudicam a política social. A corrupção está dominando tudo. É possível perceber, em
Brasília, a degradação ética de forma muito palpável.

BN: E dentro do Judiciário?

EC: Posso dizer que, na Justiça, as coisas também pioraram porque ela é o
reflexo da sociedade. Ela não está fora da sociedade. De onde saem os magistrados?
Quem escolhe os magistrados e tribunais superiores? Antigamente, no STJ, chapa
branca (candidatos escolhidos por políticos) não entravam na lista. Hoje, há uma
interferência direta de políticos na escolha e isso me preocupa muito. Por isso eu estou
saindo sem muita saudade. Eu sou magistrada há 34 anos. Contando os cinco de
procuradora da República, são 39. Pensava que sairia com saudade, que não saberia
fazer outra coisa, mas estou com uma sensação de libertação da escravatura, me
sentindo livre.

BN: No evento do PSB e Rede Sustentabilidade, a senhora falou que não tem
dinheiro, que não é conhecida do grande público, mas a senhora tem um perfil
combativo o que, de certo modo, causa até simpatia principalmente entre os mais
jovens. Tem alguma estratégia definida para que este perfil, da pessoa que quer
mudar a política como mudou o Judiciário, seja reforçado? Como isso vai chegar
ao grande público?

EC: Eu ainda não tracei estratégia porque eu tenho que fazer isto junto com o
partido, com as pessoas que farão política comigo. Tenho muita esperança de que a
Rede me ajude, porque ela tem uma penetração muito boa. Tem muita gente jovem com
o perfil simplista, de mudança, de combatividade e este pessoal eu acho que tem um
perfil muito parecido com o meu. No PSB, eu gosto das soluções práticas do Eduardo
Campos. Ele fez um trabalho magnífico em Pernambuco, eu conheci quando era
corregedora. Campos acompanhava os números da violência no estado. Uma vez, ligou
para mim e disse que as ações, em Jaboatão dos Guararapes, cidade com índice de
criminalidade alta, não estavam sendo julgadas e sim prescrevendo. Nós trabalhamos
juntos e se fez uma revolução no local. Fiquei encantada porque o governador estava à
frente disso tudo. Aqui, antes de atuar no Tribunal da Bahia, chamei Fernando Schmidt
[atual presidente do E. C. Bahia], que era assessor do governador, e pedi que ele falasse
ao governador Jaques Wagner que ele precisava me ajudar, senão a gente não
consertaria o TJ-BA. Não foi feito nada. Aqui na Bahia todos os órgãos estão
cooptados: O Ministério Publico, Tribunal de Justiça e Tribunal de contas.

BN: A única alternativa da senhora vai ser o Senado? Porque a disputa vai ser
bastante difícil. A senhora não cogita outra possibilidade? Candidata a deputada
federal ou prefeitura de Salvador em 2016, por exemplo?
EC: Não. Cargo executivo eu não quero. O cargo executivo eu acho que é um
administrador momentâneo. O que eu gosto é de fazer a diferença. Se me perguntassem
se eu queria ser presidente do STJ, eu diria que não, porque o presidente do STJ é um
administrador de prédio. Um prefeito da Bahia administra uma cidade. Eu acho que os
processos de mudança estão no Legislativo.

BN: Nem vereadora. Aguardaria para 2018?


EC: Aguardaria. Se tiver fôlego até lá.

BN: Mas a senhora acredita que é possível, mesmo com toda dificuldade, este
projeto ganhar?
EC: Acho que é possível. As coisas podem mudar, mesmo na Bahia. A minha
estratégia será rede social e eu vou, pessoalmente, conhecer a Bahia. Eu quero ir para o
sertão ver de perto os problemas. Não é possível que este estado não vá para frente. Esta
junção prefeitura e governo é uma lástima. E o governador, Jaques Wagner, tem tudo
nas mãos, mas o dinheiro acaba indo para outros estados.

BN: Em relação às mudanças no Judiciário baiano, que expectativa a senhora tem


em relação a esta nova Mesa Diretora do Tribunal de Justiça? É diferente da
anterior? Alguma coisa efetiva vai mudar?
EC: A Justiça baiana é muito preocupante. Durante muitos anos houve um
domínio do Executivo sobre o Poder Judiciário da Bahia. Veio alguém para combater
esta ideia, mas depois começou-se a fazer as mesma coisas. Eles continuaram
subservientes ao governo porque é uma forma fácil de obter favores, principalmente
depois da constituição de 88, porque tudo passa pelo Poder Judiciário. Quando há a
conivência do Judiciário com o governo fica tudo um mar de rosas. Existe a troca de
empregos. Além disso, aqueles que estavam combatendo Antonio Carlos Magalhães
foram para lá e fizeram o mesmo. Os cargos dentro do Judiciário foram distribuídos
conforme ser contra o presidente ou a favor. No final, eles ficaram tão desgastados que
começaram a cooptar a parte podre do Tribunal – que são aqueles desonestos, corruptos
– para fazer maioria. Eles estavam em uma situação quase insustentável. Tem uma
turma que não é corrupta, mas não quer se indispor e fica quieto. Um dos grandes
problemas do colegiado é o silencio dos bons. As pessoas não querem se desgastar.

BN: Corporativismo?
EC: Não, é uma forma de não se aborrecer, de se preservar. Muitas pessoas
diziam para mim: “Você já é ministra, pare de brigar, fique quieta”. Depois da
interferência do CNJ, os corruptos estão assustados e aqueles inocentes estão querendo
trabalhar para mostrar que a Bahia tem um tribunal que se respeite. Eles começaram a
verificar que o que há de mal feito dentro do Judiciário baiano tem visibilidade em
Brasília. Quanto ao atual presidente, Eserval Rocha, ele é um homem muito correto.
Todos diziam que ele era louco, assim como disseram que eu era louca. Na verdade, é,
realmente, quase uma loucura você querer marchar contra o vento. E ele sempre fez
isso. Ele não tinha chance de ser presidente se não fosse este afastamento. A mulher
mais forte do tribunal se chama Telma Britto e ela não queria ele.

BN: A senhora, principalmente no CNJ, fez muitas denúncias e teve acesso a


muitos documentos. Com esta documentação, é possível afirmar que o governo da
Bahia e o Tribunal de Justiça da Bahia são corruptos? A senhora pretende
apresentar esta documentação durante a campanha?
EC: Não, eu não farei isto. Aquilo que eu verifiquei como corregedora eu passei
para o corregedor. Não usarei isto como arma eleitoral. Acho que seria uma indignidade
da minha parte me aproveitar de um cargo no judiciário para usar como argumento de
campanha.

BN: Mas é possível afirmar que o governo da Bahia e o Tribunal de Justiça são
corruptos?
EC: Não. Eu não posso dizer que sejam corruptos. Existem muitos desvios, mas
dentro de um contexto de um país tão corrupto, eu posso dizer que não é o pior. O maior
problema do Judiciário baiano não é a corrupção, é a inação. É não querer fazer, não
aceitar a mudança em troca de pequenos favores, benesses. Tribunal corrupto era o do
Paraná, o do Maranhão.

BN: É verdade que a primeira-dama Fátima Mendonça é funcionária


fantasma no Tribunal de Justiça?
EC: É. É só verificar em um site. Eles colocaram todos os documentos e a
funcionária que denunciou foi punida por isso.

BN: Existe apenas um adversário até agora, o vice-governador Otto Alencar


(PSD). Qual a avaliação que a senhora faz do oponente?
EC: Parece que ele é realmente muito forte porque ele é uma pessoa muito
afável, que todo mundo quer bem, não tem inimigos. Ele é do sistema, então tem mais
penetração do que eu. A avaliação que eu faço é que ele é um candidato difícil pelo
perfil que ele apresenta. O que eu acho interessante é que ele é muito bom, mas por que
ele não foi candidato a governador?

BN: Como fazer para ganhar dele?


EC: As redes sociais, a diferença, o boca a boca. Será que isso funciona na
Bahia? Alguém tentou? Até agora não. Vamos tentar?
Por Evilásio Júnior, José Marques e Fernanda Aragão | Fotos: Alexandre Galvão
Bahia Notícias
CORRUPÇÃO NO JUDICIÁRIO – MINISTRA ELIANE CALMON

ENTREVISTA DA MINISTRA ELIANA CALMON SOBRE A CORRUPÇÃO


NO JUDICIÁRIO (REVISTA VEJA) 30.SET.2010

“A ministra Eliana Calmon é conhecida no mundo jurídico por chamar as coisas


pelo que são. Há onze anos no STJ, Eliana já se envolveu em brigas ferozes com
colegas – a mais recente delas com então presidente César Asfor Rocha. Recém-
empossada no cargo de corregedora do Conselho Nacional de Justiça, a ministra passa a
deter, pelos próximos dois anos, a missão de fiscalizar o desempenho de juízes de todo
país.
A tarefa será árdua. Criado oficialmente em 2004, o CNJ nasceu sob críticas dos
juízes, que rejeitavam ideia de ser submetidos a um órgão de controle externo. Nos
últimos dois anos, o conselho abriu mais de 100 processos para investigar a magistratura
e afastou 34.
Em entrevista a Veja, Eliana Calmon mostra o porquê de sua fama. Ela diz que o
Judiciário está contaminado pela politicagem miúda o que faz com que juízes produzam
decisões sob medida para atender aos interesses dos políticos, que, por sua são os
patrocinadores das indicações dos ministros.
Por que nos últimos anos pipocaram tantas denúncias de corrupção no Judiciário?
Durante anos, ninguém tomou conta dos juízes, pouco se fiscalizou, corrupção
começa embaixo. Não é incomum um desembargador corrupto usar o juiz de primeira
instância como escudo para suas ações. Ele telefona para o juiz e lhe pede uma liminar,
um habeas corpus ou uma sentença. Os juizes que se sujeitam a isso são candidatos
naturais a futuras promoções. Os que se negam a fazer esse tipo de coisa, os corretos,
ficam onde estão.

A senhora quer dizer que a ascensão funcional na magistratura depende dessa troca de
favores?

O ideal é que as promoções acontecessem por mérito. [b]Hoje é a política que


define o preenchimento de vagas nos tribunais superiores, por exemplo. Os piores
magistrados terminam sendo os mais louvados. O ignorante, o despreparado, não cria
problema com ninguém porque sabe que num embate ele levará a pior. Esse chegará ao
topo do Judiciário. [/b]

Esse problema atinge também os tribunais superiores, onde as nomeações são feitas
pelo presidente da República?

Estamos falando de outra questão muito séria. É como o braço político se infiltra
no Poder Judiciário. Recentemente, para atender a um pedido político, o STJ chegou à
conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal.
A tese que a senhora critica foi usada pelo ministro César Asfor Rocha para trancar
a Operação Castelo de Areia, que investigou pagamentos da empreiteira Camargo
Corrêa a vários políticos.
É uma tese equivocada, que serve muito bem a interesses políticos. O STJ chegou
à conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal. De fato,
uma simples carta apócrifa não deve ser considerada. Mas, se a Polícia Federal recebe a
denúncia, investiga e vê que é verdadeira, e a investigação chega ao tribunal com todas
as provas, você vai desconsiderar? Tem cabimento isso? Não tem. A denúncia anônima
só vale quando o denunciado é um traficante? Há uma mistura e uma intimidade
indecente com o poder.

Existe essa relação de subserviência da Justiça ao mundo da política?

Para ascender na carreira, o juiz precisa dos políticos. Nos tribunais superiores, o
critério é única e exclusivamente político.
Mas a senhora, como todos os demais ministros, chegou ao STJ por meio desse
mecanismo.
Certa vez me perguntaram se eu tinha padrinhos políticos. Eu disse: ´Claro, se
não tivesse, não estaria aqui´. Eu sou fruto de um sistema. Para entrar num tribunal
como o STJ, seu nome tem de primeiro passar pelo crivo dos ministros, depois do
presidente da República e ainda do Senado. [b]O ministro escolhido sai devendo a todo
mundo.[/b]
No caso da senhora, alguém já tentou cobrar a fatura depois?
Nunca. Eles têm medo desse meu jeito. Eu não sou a única rebelde nesse sistema,
mas sou uma rebelde que fala. Colegas que, quando chegam para montar o gabinete,
não têm o direito de escolher um assessor sequer, porque já está tudo preenchido por
indicação política.

Há um assunto tabu na Justiça que é a atuação de advogados que também são filhos ou
parentes de ministros. Como a senhora observa essa prática?
Infelizmente, é uma realidade, que inclusive já denunciei no STJ. Mas a gente sabe
que continua e não tem regra para coibir. É um problema muitio sério. Eles vendem a
imagem dos ministros. Dizem que têm trânsito na corte e exibem isso a seus clientes.

E como resolver esse problema?

[b]Não há lei que resolva isso. É falta de caráter. Esses filhos de ministros tinham
de ter estofo moral para saber disso.[/b] Normalmente, eles nem sequer fazem uma
sustentação oral no tribunal. De modo geral, eles não botam procuração nos autos, não
escrevem. Na hora do julgamento, aparecem para entregar memoriais que eles nem
sequer escreveram. Quase sempre é só lobby.

Como corregedora, o que a senhora pretende fazer?

Nós, magistrados, temos tendência a ficar prepotentes e vaidosos. Isso faz com que
o juiz se ache um super-homem decidindo a vida alheia. Nossa roupa tem renda, botão,
cinturão, fivela, uma mangona, uma camisa por dentro com gola de ponta virada. Não
pode. Essas togas, essas vestes talares, essa prática de entrar em fila indiana, tudo isso
faz com que a gente fique cada vez mais inflado. Precisamos ter cuidado para ter
práticas de humildade dentro do Judiciário. É preciso acabar com essa doença que é a
´juizite´.”

Colaboração: Prof. Fernando de Paula

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