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Arapiraca
2019
DEDICATÓRIA
Dedico este livro à minha saudosa Mãe, Margarida Silva Bezerra, que, diante da
grandiosidade do seu amor e sempre imbuída de espírito altruísta, apoiou
incondicionalmente meus estudos, apesar da distância física que sempre se fez
necessária para a concretização dos mesmos, ao meu pai João Alves Bezerra, que,
mesmo não letrado, soube compreender e aceitar o meu desejo de estudar. Dedico-o,
igualmente, aos meus filhos, Gabriel Barbosa Bezerra e Suzana Barbosa Bezerra,
maiores presentes de toda a minha vida, e que imbuídas da mais pura inocência infantil,,
pela paciência e incentivo, mesmo nos momentos em que tive que abdicar de sua
atenção em prol dos estudos do dia-a-dia e da elaboração do presente livro, e aos meus
irmãos Paulo Alves da Silva, Robson Silva Bezerra, Mauricio Silva Bezerra e Sandra
Regina Silva Bezerra. Espero em Deus que meu sacrifício possa servir de exemplo para
a vida deles, fazendo com que percebam a importância dos estudos nas nossas vidas,
bem assim da dedicação e perseverança necessárias para empreendê-los
consistentemente.
EPIGRAFE
HENRY PETER
AGRADECIMENTOS
João Alves Bezerra, meu pai, foi alguém que me ensinou com o exemplo que eu
devia dar sempre o melhor em tudo que eu fizesse, em qualquer situação. Margarida
Silva Bezerra, minha mãe, é exemplo de força, de doação e de vida, que tem em seu
colo um refúgio seguro sempre. A união da força de minha mãe e do fazer sempre o
melhor do meu pai formaram o que sou hoje, alguém que tenta colocar de maneira plena
seu coração por completo em tudo o que faz. Agradeço a vocês pelo que sou!
Amigos (as), são os irmãos (as) que a gente escolhe, mas há irmãos que não
escolhemos, que vem junto com a família. Mas, se pudesse escolher, escolheria vocês.
Obrigado por serem parte do que eu sou e pela cumplicidade de sempre.
RESUMO
This book presents an intriguing and important topic in bulky action regarding
corruption in the judiciary and its consequences to the legal certainty, as it turns out,
within the law of the harvest, which shows the deviations of behavior. In this parameter
the judiciary is interlaced the ills arising from the misconduct, where in each juriscidade
justice should shine, however the judiciary is struggling to fulfill its constitutional
mission. Therefore, the problems that plunge see yourself as a challenge to law
enforcement officers, as well as what is to judge the labors partiality. It can be seen that
currently grow the involvement of judges in various crimes such as selling sentence,
showing very evident close relationship with political power. The theme constitutes the
object of study in the face of corruption that exposes commonly present in Brazilian
Politics, and forcefully in public bodies, as well as several classes of public servants.
We notice that permeates up these ills author left as a culture of corruption, in which
corrupts democracy, leading to a discredited justice in our society when the impunity of
this authority comes into phenomenon already well known since antiquity it refers in
our historicity. Wonders, a culture full of power relations that make up a culture of
corruption and power within the government, thus sees the participation and criminal
acts that permeate the powers.
\
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico
1...................................................................................................................................16
Gráfico
2...................................................................................................................................18
Gráfico
2...................................................................................................................................21
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO............................................................................................................11
1.1.Corrupção, Direito, Estado e corrupção na magistratura...........................................11
2.LEIS SOBRE A CORRUPÇÃO - A NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO BRASILEIRA........15
3.CORRUPÇÃO NA MAGISTRATURA E O DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA DA
IMPUNIDADE................................................................................................................15
3.1. Novo CPC abre portas à corrupção de juízes........................................................ ..17
4.COMBATE À CORRUPÇÃO NA MAGISTRATURA E O PAPEL DO MINISTÉRIO
PÚBLICO........................................................................................................................17
4.1 Formas de Governo, e o sistema político e corrupção no Brasil........................ .....18
5.CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA A CORRUPÇÃO....................... .18
6.JUÍZES INVESTIGADOS PELO CNJ................................................. ....................28
7.FALTA DE PUNIÇÕES E A APOSENTADORIA COMPULSÓRIA É A SANÇÃO
EXTREMA..................................... ................................................................................29
8.CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA: A LUZ DO ART. 317 DO CÓDIGO
PENAL............................................................................................................................30
9.OAB CONSIDERA IMORAL APOSENTADORIA COMPULSÓRIA PARA
MAGISTRADOS AFASTADOS POR CORRUPÇÃO..................................................31
E notável que o poder Judiciário brasileiro sempre foi visto como um sistema
intocável, ou seja, formado por pessoas que jamais se entregariam a corrupção,
aqueles que deveriam ter o poder de julgar e aplicar Leis, mas que apesar delas serem
constitucionais, não quer dizer que são justas. Decisões são dadas que podem mudar a
vida de pessoas, não se imaginava que poderiam ser compradas, mas infelizmente são.
No entanto, os abusos são notórios, mostrados pela imprensa brasileira e
internacional. A sociedade brasileira ver os descasos envolvendo o judiciário, onde
deveriam julgar com imparcialidade e julgar nos ditames da lei. É inevitável as críticas
de forma geral das pessoas simples, que veem no judiciário a esperança de se aplicar a
Justiça, digo estas pessoas, porque são elas as menos favorecidas nessa sociedade
capitalista.
Aqueles que detêm o poder e têm influência na sociedade, e compram o
judiciário em todas as instancias alem de políticos, policiais e agentes da
administração pública.
Os integrantes do sistema judiciário brasileiro, ficam impunes, e os deveriam
ser os guardiões das leis e da constituição, menosprezam as Lei. Vejamos os papel e a
evolução do poder judiciário dentre poderes, bem como se dá a corrupção ou
inclinação daqueles que detém o poder nas diferentes esfera e poderes.
Portanto, magistrado toma suas decisões que que vão de encontro com a ética,
a moral, e a lei, sendo usada em uma jurisdição corrupta, com base na ambição com o
objetivo de se ter benefícios extras a si mesmo ou a terceiros, apostando na
impunidade.
Vê-se que essas mazelas da corrupção que ensejam nas esferas da República, na
União nos Estados e nos Municípios, em todas as instituições frequentes escândalos de
corrupção, as consequentes discussões sobre a necessidade de ética na política, e os
questionamentos quanto à efetividade dos órgãos de controle no combate e prevenção
desse tipo de corrupção.
Notadamente, verifica-se e que além da corrupção praticada de forma individual,
existe uma corrupção mais ampla, que permeia o próprio sistema político, em que gera
maiores desafios para os Órgãos de Controle, Ministério Público e requer um controle
social mais vigoroso, e essa é a visão de Moreira.
Segundo Melo, 2009, p. 265, em sua citação relata que: “Não há organização
que sobreviva sem a participação direta ou indireta de um agente público ou de um
agente"
Acrescenta que, quando os crimes são praticados por
membros do Poder judiciário “isso denigre a própria
instituição e faz com que, muitas vezes, a sociedade se
sinta desamparada, porque o exemplo é dado aqueles que
estariam distribuindo a justiça e aplicando a leis”. Informa
aquele magistrado que os juízes de qualquer instância
acusados não julgados por crime, mas por inflação
administrativa. “Segundo a Lei Orgânica da Magistratura
Nacional (LOMAN), a pena máxima para alguém
condenado num processo administrativo disciplinar é a
aposentadoria compulsória, com vencimentos integrais,
isso é pena?” É privilegio odioso e marcadamente classista
e corporativista, já que os demais servidores públicos
regidos pela Lei 8. 112/90, estão sujeitos às penas, não só
de advertência e suspensão como os juízes, mas também
às penas máximas de demissão (art. 132) e de destituição
do cargo em comissão (art. 135) e cassação da
aposentadoria. (Melo, 2009, p. 266)
.
O governante que pretender consolidar-se no poder precisa
conciliar os interesses do Estado com os de seus
governados, quer seja na área oficial, quer na área privada
ou mista. O mesmo se pode recomendar a dirigentes
empresarias e a líderes de entidade de classes, associações,
sindicatos, federações, confederações, partidos políticos,
congregações religiosas, instituições familiares ect. “O
mensalão” é um exemplo dessa conciliação, porem
desonesto. (Batista, 2012, p.150).
No novo projeto do Código de Processo Civil (CPC), nota-se que houve uma
facilidade para magistrados corruptos.
O primeiro deles é que no que tange o poder instrutório sem limites que o projeto
atribui aos juízes de primeiro grau, dentre eles: 1) O de alterar prazos processuais, sem
recurso; 2) O de inverter a ordem da produção das provas, sem recurso; 3) O de decidir
sobre cabimento das provas, sem recurso; 4) O de decidir sobre prova ilícita, prova
emprestada e inversão de ônus da prova, sem recurso; 5) O de decidir quantas
testemunhas as partes poderão ouvir, sem recurso; 6) O de decidir o que se pode
perguntar à parte contrária ou às testemunhas, sem recurso.
Vislumbra-se, no segundo componente é, o poder que o juízo terá para executar
a sua sentença de imediato, ou seja, independentemente da manifestação confirmatória
de um tribunal.
Assim, percebe-se o avivamento dos atos ilícitos práticos por agentes e funcionários
públicos e diversas áreas dos poderes instituídos pelo Estado Democrático, bem como
atinge a dignidade da pessoa humana, visto que ela está perpetuada dentro da própria
evolução humana, onde se dá os conflitos sociais, muitas das vezes sustentadas pela
imunidade parlamentares, dentro do próprio direito positivado.
A corrupção como um sistema político no Brasil, integra-se, aos problemas sociais,
as devidos de condutas, que envolvem funcionários de uma forma geral nos mais altos
escalões dos poderes constituídos, e agente e servidores públicos até mesmo nas ONGs,
instituições privadas das quais se envolvem em lavagem de dinheiro público
principalmente.
No ano de 2009, fora realizado uma pesquisa pelo Centro de Referência do interesse
Público, no que concerne a corrupção e o interesse público, onde ficou claramente
evidenciado que a sociedade de forma majoritária da população brasileira, onde vê a
questão da corrupção um marco na vida pública, que cria-se uma cultura montada na
corrupção.
Assim, dentro desde contexto, percebe-se em 2009, 73% da população entendeu que
a situação é muita grave, no entanto 24% relataram que a situação é grave. Diante desde
quadro o problema da corrupção de extrema necessidade que seja questionada pela
opinião pública brasileira, onde é considerada uma das principais mazelas, sendo um
fator principal de extrema urgência, pois afligem a população, ou seja, um estudo em
curto prazo, envolvendo todas as instituições dos pais como: as universidades sobre as
críticas e projetos, OAB, autoridades eclesiásticas, na área da sociologia, filosofia, do
Direito, da educação, e fim, todos envolvidos para a solução dos conflitos, onde se ver a
necessidade de um tratamento sistemático da questão.
Segundo Filgueiras (2011, p.16) “se olharmos para a nossa história, veremos que a
denúncia de casos de corrupção esteve presente em vários momentos, embora seja
duvidoso que possamos analisá-los a partir de um mesmo ponto de vista”.
Portanto, dada à implantação do mundo moderno, implica-se a necessidade de pôr
em práticas mecanismos de sociabilidade de forma distinta daquela configurada em
torno de uma tradição.
No entanto, o Estado passou a monopolizar o uso da força, ou seja, colocando a
segurança o fator primordial para manter a legitimidade da ordem moderna, impondo
aos homens, de forma exterior, um conjunto de normas com a obtenção da ordenação
das relações sociais, políticas e econômicas.
Vislumbra-se, no que se refere à questão do Direito, onde comtempla-se deste
modo, separando-se da moral, onde se cria uma ordem distinta daquela vigente na
tradição, fazendo com que o Estado absorva seus mecanismos primordiais de obediência
mediante o uso da coerção, enquanto à moral cabe o papel de fazer com que o indivíduo
adira ao ordenamento, atuando em seu plano interno.
Ocorre que a corrupção é um grave fenômeno da nacional, do qual o cidadão
entende o que seja a corrupção tendo em vista a propagação da mídia e outros meios
disponíveis, de forma mais contundente através da forma política reconhecendo a sua
identidade. As pesquisas mostram com claridade, onde as perguntas ajudam a direcionar
o grau de envolvimento, quer seja os praticados por funcionários públicos ou por
políticos. Percebe-se que a sociedade brasileira constata sua opinião seguindo os
parâmetros de muitos cientistas sociais sobre os comportamentos dos funcionários, bem
como de políticos e diversas outras autoridades constituída.
Segundo Roberto (2006, p. 30), “como se constata, os vários aspectos possíveis para
a análise da corrupção dificultam uma definição que abranja todas as características
determinantes de um prejuízo aos bens públicos por ação ilegal de agentes públicos ou
particulares. De fato, cada um dos grupos teóricos indicados pode fornecer elementos
parciais para a formulação do conceito de corrupção. Assim, atinge-se um modelo
capaz de construir um critério para a intervenção nos processos sociais, políticos,
históricos e judiciais, a fim de prevenir e combater a corrupção”.
Conforme Filgueiras (2011, p.22) “(...) que 30% acreditam que qualquer ato
prejudicam o Estado deve ser considerado corruptos”.
Entende-se, que o Estado deve ser ele a configuração estampada pela Constituição
Federal de 1988, quando se indaga sobre combate a corrupção, deve-se levar em conta
as medidas preventivas e medidas repressivas, a fim de que não se generalize uma
sensação de impunidade.
Portanto, como o advento da Constituição Federal de 1988, de forma explicita
mostra-se com relevantes inovações voltadas para um Estado “Democrático” e de
“Direito”, levando em conta e objetividade o destino do povo, com base em princípios
que incorporam um componente de transformação nas reformas democráticas
provenientes dos movimentos sociais dos anos 80.
Notável é que o desempenho da função pública seja visto como um poder e dever do
agente público. Sendo desta forma o agente tem o poder porque tem que cumprir um
dever, ou seja, o dever da finalidade legal e também de interesse da coletividade, e
nunca, sob pena de patente desvio e desrespeito aos princípios constitucionais, o
pessoal.
Porém, atualmente a corrupção mostra-se ligada aos atos desviantes dos agentes
públicos de uma forma mais ampla, no que concerne à Administração Pública,
materializados na conduta abusiva no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
pública, com o objetivo de obter ganhos privados e, consequentemente, vindo a lesar o
patrimônio público.
Deve-se, lembrar, que de nada adianta a sociedade questionasse, haver as
movimentações, se não haver mudanças na nossa Carta Magna. Alguns casos dentre
outros faz-nos lembrar como o caso da deputada Jaqueline Roriz e tambem tantos e
outros que aconteceram, pois analisa-se como na Lei positivada, no que tange ao seu
julgamento baseado alterações feitas no artigo 53 de nossa própria constituição, abaixo
transcritos: no art. 1º, ressalta o art. 53, que passa a vigorar com as seguintes alterações:
“art. 53”. Os deputados e senadores são “invioláveis”, civil e penalmente, por quaisquer
de suas opiniões, palavras e votos. § 1º os deputados e senadores, “desde a expedição do
diploma”, serão submetidos a julgamento perante o supremo tribunal federal. § 2º
desde a expedição do diploma, os membros do congresso nacional “não poderão ser
presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável”.
Portanto, este ato praticado pela deputada, mesmo vindo ao conhecimento da
sociedade, uma vez que ocorreu antes de sua diplomação, exceto se ele tivesse ocorrido
após a mesma, daí os procedimentos seriam contrários.
Desde então, o que se vê é que essa mudança constitucional ocorreu em Brasília, no
dia 20 de dezembro de 2001, daí se mostra a cara do Brasil, uma vez que se considera
um factoide, a verdadeira proteção aos políticos.
De tantos outros, como posicionamentos, tais como: do Juiz Marlon Jacinto Reis.
Fatos como esse é que a sociedade percebe que é inevitável a impunidade, acreditando
que a mobilização da sociedade será capaz de trazer mudanças para moralizar a
atividade política.
A sociedade ver as notícias, e questionam o voto secreto, legalmente positivado no
passado, mas hoje um instrumento de impunidade.
Como se entende o Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza e assim o artigo Art. 53. Os Deputados e Senadores são “INVIOLÁVEIS”,
civil e penalmente, está ferindo a própria constituição e mais: IV - é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
Desse modo, pretende-se com esse trabalho estudar as controvérsias bem como as
adjudicações dos conflitos embutidos em uma sociedade diante dos problemas que
emergem a sociedade, a sua incidência que permeia no sistema político brasileiro, assim
como a democracia no Brasil, as mazelas que permeiam a corrupção dos agentes e
funcionários públicos e diversas áreas das instituições públicas.
Assim, visa para combater de forma emergente os problemas da corrupção no pais,
portanto as universidades sobre as críticas e projetos, OAB, autoridades eclesiásticas, na
área da sociologia, filosofia, do Direito, da educação, e fim, todos envolvidos para a
solução dos conflitos, onde se ver a necessidade de um tratamento sistemático da
questão.
Segundo Filgueiras (2011, p.16) “se olharmos para a nossa história, veremos que a
denúncia de casos de corrupção esteve presente em vários momentos, embora seja
duvidoso que possamos analisá-los a partir de um mesmo ponto de vista”.
Portanto, dada à implantação do mundo moderno, implica-se a necessidade de por
em práticas mecanismos de sociabilidade de forma distinta daquela configurada em
torno de uma tradição.
No entanto, o Estado passou a monopolizar o uso da força, ou seja, colocando a
segurança o fator primordial para manter a legitimidade da ordem moderna, impondo
aos homens, de forma exterior, um conjunto de normas com a obtenção da ordenação
das relações sociais, políticas e econômicas.
A questão do Direito, comtempla deste modo, separa-se da moral e cria uma ordem
distinta daquela vigente na tradição, fazendo com que o Estado absorva seus
mecanismos primordiais de obediência mediante o uso da coerção, enquanto à moral
cabe o papel de fazer com que o indivíduo adira ao ordenamento, atuando em seu plano
interno.
Ocorre que, a corrupção é um grave fenômeno da nacional, do qual o cidadão
entende o que seja a corrupção tendo em vista a propagação da mídia e outros meios
disponíveis, de forma mais contundente através da forma política reconhecendo a sua
identidade. As pesquisas mostram com claridade, onde as perguntas ajudam a direcionar
o grau de envolvimento, quer seja os praticados por funcionários públicos ou por
políticos. Percebe-se que a sociedade brasileira constata sua opinião seguindo os
parâmetros de muitos cientistas sociais sobre os comportamentos dos funcionários, bem
como de políticos e diversas outras autoridades constituída.
Segundo Levianu (2006, p. 30), “como se constata, os vários aspectos possíveis para
a análise da corrupção dificultam uma definição que abranja todas as características
determinantes de um prejuízo aos bens públicos por ação ilegal de agentes públicos ou
particulares. De fato, cada um dos grupos teóricos indicados pode fornecer elementos
parciais para a formulação do conceito de corrupção. Assim, atinge-se um modelo
capaz de construir um critério para a intervenção nos processos sociais, políticos,
históricos e judiciais, a fim de prevenir e combater a corrupção”.
Segundo Filgueiras (2011, p.22) “(...) que 30% acreditam que qualquer ato
prejudicam o Estado deve ser considerado corruptos”. Entende-se, que o Estado deve
ser ele a configuração estampada pela Constituição Federal de 1988, quando indaga-se
sobre combate a corrupção, deve-se levar em conta as medidas preventivas e medidas
repressivas, a fim de que não se generalize uma sensação de impunidade.
Portanto, como o advento da Constituição Federal de 1988, de forma explicita
mostra-se com relevantes inovações voltadas para um Estado “Democrático” e de
“Direito”, levando em conta e objetividade o destino do povo, com base em princípios
que incorporam um componente de transformação nas reformas democráticas
provenientes dos movimentos sociais dos anos 80.
Notável é que, o desempenho da função pública seja visto como um poder e dever
do agente público. Sendo assim, o agente tem o poder porque tem que cumprir um
dever, ou seja, o dever da finalidade legal e também de interesse da coletividade, e
nunca, sob pena de patente desvio e desrespeito aos princípios constitucionais, o
pessoal.
Porém, atualmente a corrupção mostra-se ligada aos atos desviantes dos agentes
públicos de uma forma mais ampla, no que concerne à Administração Pública,
materializados na conduta abusiva no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
pública, com o objetivo de obter ganhos privados e, consequentemente, vindo a lesar o
patrimônio público.
A consequência da corrupção, deve se ela vista a partir de certos enfoques que
possam esclarecer a sua longitude dimensional nas áreas sociais, e conhecê-la dentro de
Estado democrático Brasileiro, suas raízes e na sua sustentação em pilares do poder
público.
Este trabalho visa à compreensão fundamental dentro de um enfoque cientifico e
bibliográfico no que tange as mazelas dos impactos da corrupção, bem como de sua
cultura, vista com endêmica na cultura da política brasileira e a sua dimensão
consequencial, e a sua legitimidade basilares das tão respeitáveis instituições públicas,
onde assim deveriam ser.
Como ponto de partida, é necessário conhecer as ações do homem e seus desvios
de condutas, visando à contemplação dos estudos dentro de um âmbito social, buscando
entender as dificuldades das instituições de controle, na busca pelo enfrentamento da
corrupção no Brasil, visto que, todo o planejamento que se refere aos projetos sociais
que em via de regra são estabelecido pelos órgãos públicos estabelecidos em cada área
para sua execução.
No entanto, se percebe a dificuldade desta relação entre as instituições e a cultura
política. Em primeiro momento, entende-se que a pureza permeia-se quando se delibera
sobre qualquer assunto aos bens público, como os projetos sociais de melhoria, verbas
direcionadas para atender as camadas sociais, escolas, saúde, segurança, educação,
moradia.
Para que se possa entender que precisa ser realizado com urgência no Judiciário
Brasileiro uma Reforma. Neste diapasão explicita Almeida:
(...) a Emenda Constitucional n. 45, em 31/12/2004, decorrente da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n. 96/92, que tramitou
na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado
Federal, sob o n. 29/00, com vigência a partir da data de sua
publicação nos termos de seu art. 10. (2006, p.134).
Assim, se Percebe- que conforme a pesquisa o CNJ teve mais trabalho ainda,
uma vez que, dobrou a quantidade de novos processos, passando de onze para 24.
Entre 2006 e 2012, o CNJ, teve o registrou de uma média anual de dez
investigações iniciadas, onde isso em números que variam de dois casos, em 2006, a
dezoito, em 2010.
No que imergem aos processos administrativos que instaurados, quando se
detectadas condutas incompatíveis com a função de juiz, e neste âmbito quando
praticados por magistrados que enriquecem de forma ilícita, com venda de sentenças e
privilégios a poderosos.
Alguns casos são citados, pelo CNJ, nos trabalhos desenvolvidos, na abertura de
processos contra magistrados. Neste âmbito são citados: “três magistrados de Rondônia
sobre o suposto desvio de mais de 400 milhões de reais no pagamento de precatórios –
dívidas que União, Estados e municípios adquiriram por terem sido condenados em
decisões definitivas. O desembargador Vulmar de Araújo Coêlho Júnior e os juízes do
trabalho Domingos Sávio Gomes e Isabel Carla Piacentini teriam desviado as cifras
milionárias e entregando-as a advogados e dirigentes sindicais”.
Costa que, conforme a denúncia, há acusações em face de o desembargador é
acusado de ameaçar servidores para evitar que delatassem o esquema.
Dentre outros casos, surge tambem um caso notório, o do ex-presidente do
Tribunal de Justiça do Paraná Clayton Camargo, aqui vislumbra-se que o magistrado
envolve-se em casos ilícitos como: venda de sentenças, enriquecimento ilícito e tráfico
de influência, uma vez que, teria ajudado a eleger seu filho para o cargo de conselheiro
do Tribunal de Contas do Estado, tendo ele renunciado ao mandato na corte em
setembro.
Assim, se percebe, que a impunidade, ou melhor, os que se envolvem em casos
de corrupção têm a certeza da impunidade, e parecer que é uma questão cultural, e esses
casos aqui acontecem porque as leis são muito brandas com estes tipos de condutas, na
maioria não são presas.
Quando se percebe, que funcionários públicos se envolvem em casos de
corrupção tem-se em mente que serão julgados, após os procedimentos legais, e que
tambem responderam pelo ato praticado conforme explicita na norma a conduta assim
praticada. Mas quando um juiz se envolve em atos ilícitos, isto gera insegurança
jurídica, uma vez que, são encarregados de julgar, tendo uma tarefa central, sendo o
magistrado responsável pela aplicação da lei.
No que explicita sobre a Punição branda, de acordo a pesquisa, no que tange aos
24 processos administrativos abertos no ano de 2013, resultaram no afastamento
provisório de treze magistrados, com certeza para apuração das denúncias, e assim
decorre-se que ficam suspensos todos os benefícios decorrentes da função, no entanto,
os salários são garantidos apesar de ter se envolvido em mazelas.
Portanto, quando se dá o fim do processo, e caso sejam as irregularidades
comprovadas, a sanção extrema a um magistrado no âmbito disciplinar é a
aposentadoria compulsória. Assim, se percebe no Brasil a certeza da impunidade
quando se envolvem altas autoridades.
Assim, argumentou Francisco Falcão, corregedor nacional de Justiça, defende a
aprovação da proposta de emenda à constituição (PEC), que esta visa a demissão de
magistrados quando se envolvem em atos ilícitos e são considerados culpados, onde este
texto já foi aprovado no Senado e na Câmara.
Percebe-se, pelas informações desencadeadas que cada vez maiores, o número
de denúncias de corrupção, bem como o desvio de conduta e ineficiência de juízes de
todo o país, cada vez mais vem aumentando em todo o pais.
Dados, informam que o número de denúncias de corrupção, desvio de conduta e
ineficiência de juízes de todo o país, no ano de 2008, do mês de janeiro a meados de
outubro, foram enviados à corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um
montante de 1.696 denúncias contra magistrados, como isso mostra-se em média de 212
novos processos disciplinares por mês.
Relata-se, que de setembro a dezembro, houve um acréscimo de 990 novas
denúncias, o que aumentou a média mensal para 330, além de reclamações reclamava
de demora no julgamento de ações, totalizando 441, e ainda foram contabilizados ainda
267 pedidos de investigação em face de juízes que teriam cometido atos de corrupção.
Gráfico 02.
Gráfico 03.
28.CORRUPÇÃO MINA ALICERCES DO PODER JUDICIÁRIO, DIZ ELIANA
CALMOM.
a. - Escrito por imprensa, 10 agosto 2012.
A varredura no Tribunal de Justiça de São Paulo, deverá ser uma das últimas
ações da ministra Eliana Calmon como corregedora do Conselho Nacional da Justiça
(CNJ). Seu mandato termina no próximo dia 6 de setembro e ela vê com pessimismo o
futuro do Judiciário. “Com muita boa vontade, eu digo que o Poder Judiciário não irá
decolar em menos de dez anos. O problema é a corrupção. Ela mina os alicerces de
sustentação da Justiça”, disse Eliana Calmon em entrevista exclusiva ao BRASIL
ECONÔMICO.
A ministra veio a São Paulo para dar início, na última segunda-feira, à auditoria
das rotinas administrativas da maior Corte estadual do país. “Ainda não é possível dar
um diagnóstico sobre essa corte, já que os relatórios só serão apresentados nos próximos
15 dias. Mas a percepção que tenho até o momento é de um resultado parcialmente
positivo”, disse.
09/03/2014 ·
Entrevista concedida ao site Bahia Notícias. Eliana Calmon já foi juíza federal,
procuradora da República, ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e corregedora
nacional de Justiça. Em 2014, já aposentada, a ex-magistrada decidiu enfrentar um novo
desafio: concorrer a um cargo no Senado. Anunciada como pré-candidata pela
dobradinha PSB-Rede Sustentabilidade, em dezembro de 2013, Eliana contou ao Bahia
Notícias qual a sua intenção em entrar para a política brasileira e demonstrou conhecer
os obstáculos que deverá superar para fazer a diferença, caso seja eleita. “Para quem não
é profissional do ramo é muito difícil enfrentar o eleitorado, mas eu acho que nós
precisamos começar. Senão, não muda. A mudança só vem a partir do momento em que
tomamos a deliberação de querer mudar”, declarou. A baiana postulante ao Senado
também confessou ter sido apadrinhada politicamente pelo senador Antônio Carlos
Magalhães para chegar ao posto de ministra do STJ. Ela disse que não teve nenhum
envolvimento com ele posteriormente. “Eu joguei as regras do jogo. Eu não poderia ser
diferente, senão eu não seria ministra. É diferente de agora. O que eu acho importante
para a nação é a gente mudar as regras do jogo e eu sei que não é fácil. Mas a população
quer mudança e a maior prova disso foram os movimentos nas ruas”, explicou. Eliana
ainda criticou o envolvimento do Tribunal de Justiça da Bahia com o governo do Estado
e decretou: “O maior problema do Judiciário baiano não é a corrupção, é a inação”.
Bahia Notícias: Como está a preparação para a eleição? Já está sendo feito o
planejamento de pré-campanha?
EC: O primeiro partido que me fez o convite foi o PTN. Eles me deram uma medalha ao
mérito legislativo e depois me convidaram para tomar um café, mas eu não pude ir, pois
tinha uma sessão de julgamento. Recebi a medalha e saí antes de a solenidade terminar.
Depois, me convidaram para outro encontro, eu fui e eles me fizeram o convite.
Naquela época, eu não pensava nisso [candidatar-se a senadora]. Eles insistiram e eu
disse que pensaria. O segundo convite veio do PSB. Eu estava na Bahia, quando uma
pessoa, através de meu irmão, disse que precisava falar comigo. Esta pessoa disse que
Eduardo Campos estava querendo conversar comigo sobre a possibilidade de um
convite para se candidatar ao governo do Estado ou ao Senado e que as portas do PSB
estariam abertas.
BN: Aqui na Bahia, o DEM dava como certa a candidatura da senhora ligada à
oposição. Nas discussões também foi retomado o discurso do juiz Fernando da
Rocha Tourinho que disse que a senhora pediu a bênção de Antônio Carlos
Magalhães para o STJ. Mas, o ideário do que Eliana Calmon pensa sobre política
está mais ligado a um pensamento de direita ou esquerda? Porque a senhora se
filiou ao PSB…
EC: Fiquei muito preocupada com este apadrinhamento e, no Senado, quando fui
sabatinada, disse que achava muito política a escolha de um ministro de um tribunal
superior. Disse que o escolhido chegava ao cargo comprometido politicamente e, como
tinha muitos interesses para julgar, isto não era bom. Perguntaram se eu havia me
comprometido politicamente. Eu disse que não tive compromisso, mas tive padrinhos
políticos: Edison Lobão, Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães. Todos acharam
que eu era uma anta política e que eu tinha enlouquecido quando assumi isto. Mas foi o
mais certo que eu fiz, pois, a partir dali, eu não podia julgar nada que eles tivessem
interesse, já que todo mundo sabia que eles haviam sido meus padrinhos. Antonio
Carlos sempre me fez os maiores elogios e muita gente que ia pedir para ele para que eu
interferisse em julgamento, ele dizia: “Nem a mim ela atende. É melhor não pedir”. Eu
joguei as regras do jogo. Eu não poderia ser diferente, senão eu não seria ministra. É
diferente de agora. O que eu acho importante para a nação é a gente mudar as regras do
jogo e eu sei que não é fácil. Mas a população quer mudança e a maior prova disso
foram os movimentos nas ruas. Não estou achando que eu vou ganhar, mas estou
colaborando para uma mudança. Se eu não mudar, eu acho que eu apresso o processo e
isso é o que basta para mim. No Judiciário, eu sempre fiz isto e quando eu cheguei à
Corregedoria, consegui mudar algumas coisas. Este é o meu objetivo nesta campanha.
BN: A senhora acredita que esta história da bênção será utilizada de forma
distorcida para querer abalar a imagem de Eliana Calmon?
EC: Não, porque já tentaram durante muito tempo, inclusive quando eu era
corregedora. Isso não tem mais graça porque eu disse isto no Senado.
BN: A senhora acha que a Justiça tem interferido ou não na atividade legislativa?
EC: Acho que está interferindo e esta interferência é comum, atualmente, em
todos os países democráticos com esta nova visão do Judiciário. É a judicialização da
política porque, se um dos poderes está faltando em cumprir o seu dever, vem o
Judiciário para preencher. Isso se deu no Canadá, Turquia e em Israel. A criação do
muro em Jerusalém, por exemplo, foi decidida pela suprema corte. Eu acho que isto é
um sinal de maturidade. O problema é que, no Brasil, a falta do Legislativo tem sido
constante. Aqui, há uma apatia do Congresso Nacional em razão destas parcerias que
estão sendo feitas com o partido dominante que é o PT. Paralisa-se o Legislativo e o
Executivo fica nas mãos do PMDB. É isto que estamos vendo claramente. Eu fui
eleitora do PT porque sempre quis mudanças e ele tinha dois propósitos: inclusão social
e ética na política. Os programas sociais foram bem sucedidos, mas a ética na política
foi embora. Cada vez mais eles se comprometem com a bancada econômica e
prejudicam a política social. A corrupção está dominando tudo. É possível perceber, em
Brasília, a degradação ética de forma muito palpável.
EC: Posso dizer que, na Justiça, as coisas também pioraram porque ela é o
reflexo da sociedade. Ela não está fora da sociedade. De onde saem os magistrados?
Quem escolhe os magistrados e tribunais superiores? Antigamente, no STJ, chapa
branca (candidatos escolhidos por políticos) não entravam na lista. Hoje, há uma
interferência direta de políticos na escolha e isso me preocupa muito. Por isso eu estou
saindo sem muita saudade. Eu sou magistrada há 34 anos. Contando os cinco de
procuradora da República, são 39. Pensava que sairia com saudade, que não saberia
fazer outra coisa, mas estou com uma sensação de libertação da escravatura, me
sentindo livre.
BN: No evento do PSB e Rede Sustentabilidade, a senhora falou que não tem
dinheiro, que não é conhecida do grande público, mas a senhora tem um perfil
combativo o que, de certo modo, causa até simpatia principalmente entre os mais
jovens. Tem alguma estratégia definida para que este perfil, da pessoa que quer
mudar a política como mudou o Judiciário, seja reforçado? Como isso vai chegar
ao grande público?
EC: Eu ainda não tracei estratégia porque eu tenho que fazer isto junto com o
partido, com as pessoas que farão política comigo. Tenho muita esperança de que a
Rede me ajude, porque ela tem uma penetração muito boa. Tem muita gente jovem com
o perfil simplista, de mudança, de combatividade e este pessoal eu acho que tem um
perfil muito parecido com o meu. No PSB, eu gosto das soluções práticas do Eduardo
Campos. Ele fez um trabalho magnífico em Pernambuco, eu conheci quando era
corregedora. Campos acompanhava os números da violência no estado. Uma vez, ligou
para mim e disse que as ações, em Jaboatão dos Guararapes, cidade com índice de
criminalidade alta, não estavam sendo julgadas e sim prescrevendo. Nós trabalhamos
juntos e se fez uma revolução no local. Fiquei encantada porque o governador estava à
frente disso tudo. Aqui, antes de atuar no Tribunal da Bahia, chamei Fernando Schmidt
[atual presidente do E. C. Bahia], que era assessor do governador, e pedi que ele falasse
ao governador Jaques Wagner que ele precisava me ajudar, senão a gente não
consertaria o TJ-BA. Não foi feito nada. Aqui na Bahia todos os órgãos estão
cooptados: O Ministério Publico, Tribunal de Justiça e Tribunal de contas.
BN: A única alternativa da senhora vai ser o Senado? Porque a disputa vai ser
bastante difícil. A senhora não cogita outra possibilidade? Candidata a deputada
federal ou prefeitura de Salvador em 2016, por exemplo?
EC: Não. Cargo executivo eu não quero. O cargo executivo eu acho que é um
administrador momentâneo. O que eu gosto é de fazer a diferença. Se me perguntassem
se eu queria ser presidente do STJ, eu diria que não, porque o presidente do STJ é um
administrador de prédio. Um prefeito da Bahia administra uma cidade. Eu acho que os
processos de mudança estão no Legislativo.
BN: Mas a senhora acredita que é possível, mesmo com toda dificuldade, este
projeto ganhar?
EC: Acho que é possível. As coisas podem mudar, mesmo na Bahia. A minha
estratégia será rede social e eu vou, pessoalmente, conhecer a Bahia. Eu quero ir para o
sertão ver de perto os problemas. Não é possível que este estado não vá para frente. Esta
junção prefeitura e governo é uma lástima. E o governador, Jaques Wagner, tem tudo
nas mãos, mas o dinheiro acaba indo para outros estados.
BN: Corporativismo?
EC: Não, é uma forma de não se aborrecer, de se preservar. Muitas pessoas
diziam para mim: “Você já é ministra, pare de brigar, fique quieta”. Depois da
interferência do CNJ, os corruptos estão assustados e aqueles inocentes estão querendo
trabalhar para mostrar que a Bahia tem um tribunal que se respeite. Eles começaram a
verificar que o que há de mal feito dentro do Judiciário baiano tem visibilidade em
Brasília. Quanto ao atual presidente, Eserval Rocha, ele é um homem muito correto.
Todos diziam que ele era louco, assim como disseram que eu era louca. Na verdade, é,
realmente, quase uma loucura você querer marchar contra o vento. E ele sempre fez
isso. Ele não tinha chance de ser presidente se não fosse este afastamento. A mulher
mais forte do tribunal se chama Telma Britto e ela não queria ele.
BN: Mas é possível afirmar que o governo da Bahia e o Tribunal de Justiça são
corruptos?
EC: Não. Eu não posso dizer que sejam corruptos. Existem muitos desvios, mas
dentro de um contexto de um país tão corrupto, eu posso dizer que não é o pior. O maior
problema do Judiciário baiano não é a corrupção, é a inação. É não querer fazer, não
aceitar a mudança em troca de pequenos favores, benesses. Tribunal corrupto era o do
Paraná, o do Maranhão.
A senhora quer dizer que a ascensão funcional na magistratura depende dessa troca de
favores?
Esse problema atinge também os tribunais superiores, onde as nomeações são feitas
pelo presidente da República?
Estamos falando de outra questão muito séria. É como o braço político se infiltra
no Poder Judiciário. Recentemente, para atender a um pedido político, o STJ chegou à
conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal.
A tese que a senhora critica foi usada pelo ministro César Asfor Rocha para trancar
a Operação Castelo de Areia, que investigou pagamentos da empreiteira Camargo
Corrêa a vários políticos.
É uma tese equivocada, que serve muito bem a interesses políticos. O STJ chegou
à conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal. De fato,
uma simples carta apócrifa não deve ser considerada. Mas, se a Polícia Federal recebe a
denúncia, investiga e vê que é verdadeira, e a investigação chega ao tribunal com todas
as provas, você vai desconsiderar? Tem cabimento isso? Não tem. A denúncia anônima
só vale quando o denunciado é um traficante? Há uma mistura e uma intimidade
indecente com o poder.
Para ascender na carreira, o juiz precisa dos políticos. Nos tribunais superiores, o
critério é única e exclusivamente político.
Mas a senhora, como todos os demais ministros, chegou ao STJ por meio desse
mecanismo.
Certa vez me perguntaram se eu tinha padrinhos políticos. Eu disse: ´Claro, se
não tivesse, não estaria aqui´. Eu sou fruto de um sistema. Para entrar num tribunal
como o STJ, seu nome tem de primeiro passar pelo crivo dos ministros, depois do
presidente da República e ainda do Senado. [b]O ministro escolhido sai devendo a todo
mundo.[/b]
No caso da senhora, alguém já tentou cobrar a fatura depois?
Nunca. Eles têm medo desse meu jeito. Eu não sou a única rebelde nesse sistema,
mas sou uma rebelde que fala. Colegas que, quando chegam para montar o gabinete,
não têm o direito de escolher um assessor sequer, porque já está tudo preenchido por
indicação política.
Há um assunto tabu na Justiça que é a atuação de advogados que também são filhos ou
parentes de ministros. Como a senhora observa essa prática?
Infelizmente, é uma realidade, que inclusive já denunciei no STJ. Mas a gente sabe
que continua e não tem regra para coibir. É um problema muitio sério. Eles vendem a
imagem dos ministros. Dizem que têm trânsito na corte e exibem isso a seus clientes.
[b]Não há lei que resolva isso. É falta de caráter. Esses filhos de ministros tinham
de ter estofo moral para saber disso.[/b] Normalmente, eles nem sequer fazem uma
sustentação oral no tribunal. De modo geral, eles não botam procuração nos autos, não
escrevem. Na hora do julgamento, aparecem para entregar memoriais que eles nem
sequer escreveram. Quase sempre é só lobby.
Nós, magistrados, temos tendência a ficar prepotentes e vaidosos. Isso faz com que
o juiz se ache um super-homem decidindo a vida alheia. Nossa roupa tem renda, botão,
cinturão, fivela, uma mangona, uma camisa por dentro com gola de ponta virada. Não
pode. Essas togas, essas vestes talares, essa prática de entrar em fila indiana, tudo isso
faz com que a gente fique cada vez mais inflado. Precisamos ter cuidado para ter
práticas de humildade dentro do Judiciário. É preciso acabar com essa doença que é a
´juizite´.”