Você está na página 1de 9

Geografia do Urbanismo

Influência dos factores naturais, políticos e económicos na localização das cidades

A localização das cidades é influenciada por uma série de factores naturais, políticos e
económicos, que podem variar dependendo da região e do contexto histórico.

A influência dos fatores naturais, políticos e econômicos na localização das cidades é


um tema importante no estudo da geografia urbana e do planejamento urbano. Aqui
estão algumas das principais influências desses factores na localização das cidades:

1. Fatores Naturais:

- Recursos naturais: A disponibilidade de recursos naturais, como água, solo fértil,


minerais e energia, pode influenciar a localização das cidades. Cidades costeiras podem
se desenvolver devido à proximidade de portos e acesso ao comércio marítimo.

- Topografia: A geografia física, como montanhas, rios e vales, pode afetar a localização
das cidades. Cidades em planícies ou vales podem ter mais espaço para expansão urbana
do que aquelas em áreas montanhosas.

- Clima: O clima pode influenciar a localização das cidades devido à disponibilidade de


recursos naturais, como agricultura e pesca, e à capacidade de adaptação às condições
climáticas extremas.

2. Fatores Políticos:

- Políticas governamentais: Decisões políticas, como incentivos fiscais, investimentos


em infraestrutura e regulação do uso do solo, podem influenciar a localização das
cidades. Zonas industriais ou parques tecnológicos podem ser criados por meio de
políticas governamentais específicas.

- História e cultura: Fatores políticos, como a história e a cultura de uma região, também
podem influenciar a localização das cidades. Cidades históricas podem se desenvolver
em locais estratégicos devido a eventos passados ou tradições culturais.

3. Fatores Econômicos:
- Acesso a mercados: A proximidade a mercados consumidores e fornecedores pode
influenciar a localização das cidades. Centros urbanos próximos a rodovias, ferrovias ou
portos podem ter vantagens econômicas.

- Custo da terra e mão-de-obra: Os custos associados à terra, mão-de-obra e


infraestrutura podem influenciar a localização das cidades. Cidades com custos mais
baixos podem atrair indústrias e empresas.

- Setores econômicos dominantes: A especialização econômica de uma região, como


agricultura, indústria ou serviços, pode influenciar a localização das cidades. Centros
urbanos especializados em setores específicos podem se desenvolver ao redor dessas
atividades econômicas.

Esses fatores naturais, políticos e econômicos interagem de maneira complexa na


determinação da localização e do desenvolvimento das cidades, refletindo a diversidade
e a dinâmica das áreas urbanas em todo o mundo.

Por muitas pessoas migaram em busca de melhor qualidade de vida, fazendo com que
eles concentrem uma alta densidade populacional, o que requer um planejamento
adequado para atender as necessidades da população.

Na visão de alguns autores, a influência dos fatores naturais, políticos e econômicos na


localização das cidades pode ser interpretada de maneiras específicas:

1. Fatores Naturais:

Harvey (2006), destaca a importância da geografia física e dos recursos naturais na


formação das cidades. Ele argumenta que a localização das cidades está intrinsecamente
ligada à disponibilidade de recursos naturais e à capacidade de adaptação às condições
ambientais.

Por sua vez Jacobs(1961), enfatiza a interação entre os fatores naturais e a vida urbana.
Ela defende a ideia de que as cidades devem ser planejadas levando em consideração a
topografia, o clima e a ecologia local para promover um ambiente urbano saudável e
sustentável.

2. Fatores Políticos:
Lefebvre (1991), analisa a relação entre poder político e organização do espaço urbano.
Ele argumenta que as decisões políticas, como o planejamento urbano e as políticas de
desenvolvimento, têm um papel fundamental na determinação da localização e da
configuração das cidades.

Castells (1996), destaca a importância dos processos políticos na formação das cidades
globais. Ele discute como as relações de poder, as políticas governamentais e as
estratégias de desenvolvimento influenciam a localização e a competitividade das
cidades em um contexto globalizado.

3. Fatores Econômicos:

Sassen (2001), analisa a relação entre economia global e urbanização. Ela explora como
os fluxos de capital, investimentos estrangeiros e atividades econômicas impactam a
localização e o desenvolvimento das cidades em um mundo cada vez mais
interconectado.

Florida. (2002), urbanista e economista, discute o papel da criatividade, da inovação e


do empreendedorismo na formação das cidades criativas. Ele argumenta que as cidades
que promovem um ambiente favorável à economia criativa têm vantagens competitivas
no cenário econômico global.

Esses autores oferecem perspectivas distintas sobre como os fatores naturais, políticos e
econômicos influenciam a localização e o desenvolvimento das cidades, contribuindo
para uma compreensão mais ampla das dinâmicas urbanas contemporâneas.

Referências bibliograficas

Castells, M. (1996). The Rise of the Network Society. Blackwell Publishers.

Florida, R. (2002). The Rise of the Creative Class: And How It's Transforming Work,
Leisure, Community and Everyday Life. Basic Books

Harvey, D. (2006). Spaces of Global Capitalism: Towards a Theory of Uneven


Geographical Development. Verso Books.
Caracterização das primeiras cidades quanto a organização, administração e
economia

Caracterização das primeiras cidades quanto a organização

A cidade antiga funcionava como foi descrito por Rolnik(1988), como um ímã; ela
surgiu em volta de templos chamados de Zigurates, com imensas construções e
arquitectura variada. A cidade produzia não só monumentos, mas também formas
definidas, o que são como uma escrita.

Com o aumento das populações e dos impérios, as cidades passaram a ter mais uma
função, a política e passou a ser chamada de civetas. Com seu desenvolvimento e
aumento das populações, em diversas regiões mundiais, a economia escravista foi
perdendo o sentido, a economia ficou diversificada e mais intensa, colocando um fim no
modo de produção escravista; após inúmeras transformações económicas, políticas e
sociais foi sendo configurado o modo de produção feudal.

1.Caracterização das primeiras cidades

A origem das cidades, em geral, remete a períodos da antiguidade, sendo que as


primeiras cidades teriam surgido entre quinze a cinco mil anos, dependendo das
diversas interpretações sobre o que delimita exactamente um antigo assentamento
permanente e uma cidade. As primeiras verdadeiras cidades são por vezes consideradas
grandes assentamentos permanentes nos quais os seus habitantes não são mais
simplesmente fazendeiros da área que cerca o assentamento, mas passaram a trabalhar
em ocupações mais especializadas na cidade, onde o comércio, o estoque da produção
agrícola e o poder foram centralizados. Sociedade que vivem em cidades são
frequentemente chamadas de civilizações. O ramo da história direccionada ao estudo da
natureza histórica das cidades e do processo de urbanização é a história urbana.

1.1.Organização

De acordo com Childe (1950), as primeiras cidades eram caracterizadas por uma
organização social complexa, com uma estratificação de classes distintas e funções
especializadas. Ele argumenta que a urbanização surgiu como resultado da necessidade
de coordenação económica e social em sociedades agrárias complexas. Nas primeiras
cidades, havia uma divisão clara do trabalho, com artesãos, comerciantes, agricultores e
governantes desempenhando funções específicas.

As primeiras cidades frequentemente surgiram como centros de poder político, religioso


e econômico. Elas eram cercadas por muros para proteção contra invasões e eram
frequentemente organizadas em torno de um templo ou palácio central, que servia como
o ponto focal da comunidade.

A estrutura social era hierárquica, com uma elite governante, sacerdotes, artesãos e
camponeses. Essa hierarquia era frequentemente sustentada por sistemas religiosos e
políticos.

1.2.Organização social

Em qualquer comunidade, certos padrões de comportamento precisam ser cumpridos


para o bem-estar e a manutenção da paz e da ordem. Uma pessoa respeitava outros
membros da comunidade e esperava em troca ser respeitado. A organização social de
povos neolíticos era simples. Cada família cultivava seu alimento e fabricava suas
roupas e ferramentas. Líderes em geral não existiam, ou possuíam pouco poder na
comunidade. Os homens ajudavam a combater o inimigo caso fossem atacados. Todos
decidiam a punição que devia ser aplicada a um membro que infringia uma regra da
comunidade.

Avanços tecnológicos permitiram que cada vez mais pessoas deixassem de trabalhar na
agricultura. Estas pessoas passaram a trabalhar em outras áreas, especializando-se nelas,
como artesãos, costureiros, ferreiros e mineiros. Eles trocavam seus produtos entre si, e
com fazendeiros em troca de alimentos, originando assim o comércio. Posteriormente,
isto levaria à criação do dinheiro. Eventualmente, pessoas de uma dada vila começaram
a comerciar com outras vilas. Outras pessoas tornaram-se soldados, administradores
públicos e líderes políticos e religiosos.

O crescimento populacional das vilas neolíticas passou a obrigar a instalação de um


governo central, que responsabilizava-se pelo fornecimento de certos serviços como
defesa, comércio organizado e eventos religiosos, por exemplo. Gradualmente, o
número de trabalhadores empregados directamente pela administração da cidade
cresceu.
1.3.Administração

Na administração das primeiras cidades, Nissen et al. (1993) argumentam que elas eram
governadas por uma elite política e religiosa, que exercia controle sobre os recursos e
decisões importantes da comunidade. Estudiosos destacam a presença de palácios reais
e templos religiosos como centros de poder e administração, onde leis eram
promulgadas e disputas resolvidas.

para Weber (1921), argumenta que as cidades antigas muitas vezes eram governadas por
uma elite política, que exercia controle sobre a população por meio de instituições
administrativas e legais. A autoridade do governante era legitimada por crenças
religiosas ou sistemas de valores compartilhados pela sociedade.

1.4.Economia

A economia das primeiras cidades era baseada principalmente na agricultura, com


comunidades agrícolas circundantes fornecendo alimentos para os habitantes urbanos.

Além da agricultura, as cidades também se tornaram centros de comércio, onde bens e


produtos agrícolas eram trocados por outros bens, como cerâmica, metais, tecidos e
joias. A introdução de moedas em algumas civilizações antigas facilitou o comércio e a
transação de bens.

Essas características variavam dependendo da localização geográfica, recursos


disponíveis e influências culturais de cada civilização antiga. No entanto, em geral, as
primeiras cidades compartilhavam esses elementos básicos de organização,
administração e economia.

Bibliografia

Weber, M. (1921). Economy and society: An outline of interpretive sociology.


University of California Press.

Childe, V. G. (1950). The urban revolution. Town Planning Review, 21(1), 3-17.
Tradução
1.Influência da indústria na urbanização

O processo de urbanização refere-se ao crescimento das cidades em virtude do aumento


populacional. O aumento da população nas grandes cidades está associado ao êxodo
rural, ou seja, ao fato de a população deixar a zona rural para dirigir-se aos centros
urbanos. O processo de urbanização ocorre segundo fatores atrativos, como a
industrialização, e fatores repulsivos, como a modernização do campo.

A influência da indústria na urbanização é um fenómeno crucial na história do


desenvolvimento urbano, especialmente desde o advento da Revolução Industrial no
século XVIII. A ascensão da indústria não apenas transformou as economias locais, mas
também moldou a forma e a função das cidades em todo o mundo.

Segundo Smith (2002), a industrialização desempenhou um papel central na


concentração de população nas áreas urbanas, atraindo trabalhadores em busca de
emprego e oportunidades económicas.

A relação entre industrialização e urbanização encontra-se no fato de que é o processo


industrial que dinamiza as sociedades e atua no sentido de modernizá-las. Mas este fato
não ocorre isoladamente.

A industrialização intensifica a urbanização das sociedades e gera condições para o


êxodo rural, que é a migração em massa da população do campo para as cidades, pois
atrai essa migração justamente para as áreas mais industrializadas, onde há mais
empregos direta e indiretamente produzidos pelas indústrias.

É errôneo pensar que a industrialização é o único fator que condiciona o processo de


urbanização. Afinal, tal fenômeno está relacionado também a outros eventos, que
envolvem dinâmicas macroeconômicas, sociais e culturais, além de fatores específicos
do local. No entanto, a atividade industrial exerce uma influência quase que
preponderante, pois ela atua tanto no espaço das cidades, que apresentam crescimento,
quanto no espaço rural, que vê uma gradativa diminuição de seu contingente
populacional em termos proporcionais.

No meio rural, o processo de industrialização interfere com a produção e inserção de


modernos maquinários no sistema produtivo, como tratores, colheitadeiras, semeadeiras
e outros. Dessa forma, boa parte da mão de obra anteriormente empregada é substituída
por máquinas e técnicos qualificados em operá-las. Como consequência, boa parte dessa
população passa a residir em cidades, por isso, elas tornam-se cada vez maiores e mais
povoadas.

Além disso, a industrialização das cidades faz com que elas se tornem mais atrativas em
termos de migrações internas, o que provoca o aumento de seus espaços graças à maior
oferta de empregos, tanto na produção fabril em si quanto no espaço da cidade, que
demandará mais trabalho no setor comercial e também na prestação de serviços.

A industrialização não apenas molda a paisagem urbana, mas também influencia a


governança e o planejamento urbano. Segundo Logan e Molotch (2007), as indústrias
exercem poder económico e político sobre as autoridades locais, influenciando decisões
sobre zoneamento, infra-estrutura e políticas de desenvolvimento. Isso pode resultar em
conflitos de interesses entre os sectores público e privado, impactando directamente na
qualidade de vida dos habitantes urbanos.

Portanto, é evidente que a indústria desempenha um papel fundamental na urbanização,


influenciando tanto a forma quanto a função das cidades. No entanto, é essencial
considerar os impactos socioeconómicos e ambientais dessa relação para garantir um
desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo.

A influência da indústria na urbanização é um fenómeno crucial na história do


desenvolvimento urbano, especialmente desde o advento da Revolução Industrial no
século XVIII. A ascensão da indústria não apenas transformou as economias locais, mas
também moldou a forma e a função das cidades em todo o mundo. Segundo Smith
(2002), a industrialização desempenhou um papel central na concentração de população
nas áreas urbanas, atraindo trabalhadores em busca de emprego e oportunidades
económicas.

1.1. Concentração Populacional:

A indústria tende a atrair uma grande quantidade de trabalhadores, resultando em uma


concentração populacional significativa em áreas urbanas próximas às fábricas e
instalações industriais (Smith, 2002). Esse influxo populacional maciço levou a um
rápido crescimento das cidades, caracterizado pela expansão de bairros operários e a
necessidade de infra-estrutura urbana adequada para acomodar a crescente população
(Clark, 2008).

1.2. Crescimento urbano

O desenvolvimento industrial frequentemente serviu como um motor para o crescimento


urbano, impulsionando a expansão das áreas urbanas para acomodar a mão-de-obra
crescente e os serviços relacionados à indústria (Clark, 2008). Cidades como
Manchester, na Inglaterra, e Pittsburgh, nos Estados Unidos, experimentaram um rápido
crescimento durante a Revolução Industrial devido à proliferação de fábricas e
indústrias (Hobsbawm, 1968).

1.3. Mudança na Estrutura Económica

A urbanização industrial frequentemente levou a uma mudança na estrutura económica


das cidades, com uma ênfase maior na manufactura e no comércio em detrimento das
actividades agrícolas (Hobsbawm, 1968). Isso resultou na diversificação económica e na
criação de novas oportunidades de emprego em sectores relacionados à indústria, como
transporte, construção e comércio (Smith, 2002).

1.4. Impactos Sociais e Ambientais

A industrialização e a urbanização associada também tiveram uma série de impactos


sociais e ambientais, incluindo condições de trabalho precárias, poluição do ar e da
água, pobreza urbana e desigualdades socioeconómicas (Clark, 2008). Esses problemas
levaram a movimentos sociais e reformas políticas destinadas a melhorar as condições
de vida nas cidades industriais (Hobsbawm, 1968).

No geral, a influência da indústria na urbanização foi profunda e multifacetada,


deixando um legado duradouro na forma e função das cidades modernas (Smith, 2002).

Referências bibliográficas

Clark, G. (2008). A urbanização da população mundial: História e perspectivas. Journal


of Economic History, 68(1), 275-333.

Você também pode gostar