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FADESA – FACULDADE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA

AMAZÔNIA

CURSO DE DIREITO

MARIA CLARA DE ARAÚJO LIMA

Relatório de Direito Minerário

Parauapebas
2024
Introdução

No Canadá, a legislação minerária remonta aos períodos coloniais, com a concessão de


direitos de exploração mineral pelo governo britânico e francês. Com o tempo, houve uma
evolução para um sistema mais formalizado de regulação, incluindo a promulgação de leis
provinciais e federais para governar a exploração e extração de minerais.

No Brasil, a história da legislação minerária remonta ao período colonial português, com a


extração de metais preciosos. A legislação formal foi estabelecida com o Código de
Mineração de 1934, que estabeleceu o regime de concessões e autorizações para exploração
mineral.

Evolução

No Canadá, a legislação minerária evoluiu para incluir preocupações ambientais, direitos


indígenas e o desenvolvimento de estratégias para garantir o suprimento de minerais críticos
para a transição energética. Isso inclui a introdução de políticas e estratégias específicas para
promover a exploração e desenvolvimento desses recursos.

No Brasil, houve uma série de revisões na legislação minerária ao longo do tempo, visando
modernizar o setor e atrair investimentos. No entanto, questões como a burocracia, a
morosidade nos processos de licenciamento e a falta de clareza regulatória têm sido desafios
persistentes.

Canadá vs Brasil

Historicamente, o Brasil, durante seu período colonial, foi marcado por uma forte intervenção
da Coroa Portuguesa com a imposição do tributo conhecido como "Quinto", onde um quinto
de toda riqueza mineral extraída era reservado à coroa. Com a independência e a evolução da
legislação, o Brasil endossou a soberania sobre seus recursos minerais. A Constituição de
1988 reforçou esses conceitos, mas foi com o Código de Mineração de 1967 que a estrutura
legal sobre a mineração foi solidificada, instituindo parâmetros que vigoraram por muitos
anos.

Por outro lado, o sistema minerário canadense se desenvolveu de maneira mais fragmentada,
com cada província e território estabelecendo sua própria legislação. A corrida do ouro de
Klondike foi um evento formativo, impulsionando o desenvolvimento de leis que regulassem
a exploração mineral, culminando na criação da Lei de Mineração do Canadá, que provê um
quadro para atividades em terras federais - embora deixando muito do controle e
regulamentação nas mãos das províncias.

Ao longo do tempo contemporâneo, o Brasil passou por um processo de modernização de seu


direito minerário, especialmente após as tragédias de Mariana e Brumadinho que colocaram
em evidência a necessária melhoria na segurança e na sustentabilidade ambiental do setor. Em
2017, surgiram mudanças substanciais com a criação da Agência Nacional de Mineração e
legislações focadas em responsabilidade ambiental e segurança. Essas evoluções mostram um
esforço em adaptar a legislação às novas realidades e desafios da mineração moderna.

O Canadá, mantendo sua estrutura descentralizada, continuou a evoluir suas leis de mineração
para abraçar questões como os direitos dos povos indígenas, o desenvolvimento sustentável e
a governança transparente. A abordagem canadense ao direito minerário se destaca por sua
capacidade de equilibrar a promoção da indústria com cuidados sociais e ambientais.

Quando comparamos o direito minerário brasileiro com o canadense, podemos observar um


contraste entre o modelo mais centralizado e regulatório do Brasil e o modelo liberal e
descentralizado do Canadá. O Brasil oferece um potencial grande devido à sua vasta riqueza
mineral, mas enfrenta críticas por um processo muitas vezes burocrático que pode
desencorajar investimentos externos e internos. Além disso, o país enfrenta desafios
consideráveis na fiscalização e na implementação de padrões ambientais e de segurança.

O Canadá, com sua abordagem mais open-market que favorece a entrada de empresas de
mineração por meio do sistema "Free Entry" e a autonomia provincial, é visto como mais
favorável ao investimento. Suas práticas promovem o envolvimento das comunidades locais,
especialmente dos povos indígenas, na tomada de decisões sobre novos projetos.

Por fim, enquanto o Brasil tem trabalhado em direção a fortalecer a regulação e a supervisão
do setor, o Canadá procura manter um ambiente atrativo para os investidores sem
negligenciar a responsabilidade socioambiental.

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