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• Idade;
• Sexo;
• Predisposição genética;
• Estresse mecânico;
• Trauma; Classificação das artrites quanto à forma de apresentação.
CLASSIFICAÇÃO das dores articulares A artrite de uma única articulação deve ser avaliada
imediatamente, a fim de identificar a possibilidade de artrite séptica e
O padrão de envolvimento articular também é capaz de oferecer a necessidade urgente de tratamento (CARVALHO et al., 2019).
indicativos do diagnóstico; por isso, torna-se importante definir se as
articulações envolvidas são pequenas ou grandes, se esse padrão é A artrocentese, isto é, a retirada de líquido sinovial após punção
simétrico ou não, aditivo ou migratório, além de determinar o número articular, deve ser realizada em quase todos os pacientes com
de articulações envolvidas (CARVALHO et al., 2019). monoartrite e é obrigatória quando da suspeita de infecção. Pela análise
do líquido sinovial, pode-se obter importantes informações para
↠ Uma vez obtidos tais dados, deve-se identificar se o esclarecimento diagnóstico, como contagem total e diferencial de
paciente tem artrite e se esta representa uma doença da leucócitos, contagem de hemácias, exame bacterioscópico e cultura,
bioquímica e microscopia com luz polarizada para a pesquisa de cristais
articulação ou se faz parte de uma manifestação de
(CARVALHO et al., 2019).
doença sistêmica de origem reumática ou não
(CARVALHO et al., 2019). O envolvimento de mais de quatro articulações é
definido como poliartrite, presente em grande variedade de doenças
AGUDA X CRÔNICA inflamatórias e não inflamatórias (CARVALHO et al., 2019).
↠ A dor articular pode ser aguda (gota, bursite, artrite ↠ As possibilidades diagnósticas nos processos articulares
séptica) ou crônica (artrite reumatoide, artrose), em peso inflamatórios variam de acordo com o padrão do
(artrose) ou muito intensa (gota, artrite séptica) (PORTO; envolvimento articular. A história e o exame físico devem
PORTO, 2017). levar em conta fatores como: (CARVALHO et al., 2019).
As artrites podem ter início agudo, com pico de intensidade • o número de articulações envolvidas para definir
sendo atingido em algumas horas, mas também são consideradas monoartrite ou poliartrite;
agudas quando têm duração de 4 a 6 semanas; acima desse período, • se há acometimento axial;
definem-se como crônicas (CARVALHO et al., 2019). • se este é agudo ou não;
LOCALIZAÇÃO DA DOR • se existe algum envolvimento sistêmico.
A história clínica e o exame físico, auxiliados por provas
• Dor monoarticular; laboratoriais e exames radiológicos, representam elementos essenciais
• Dor poliarticular; para o diagnóstico. Por meio deles, pode-se classificar a artrite em
• Dor oligoarticular; algumas categorias: por distúrbios degenerativos, inflamatórios,
funcionais, infecciosos e de origem desconhecida (CARVALHO et al.,
2019).
Obesidade, que não só contribui por meio da sobrecarga Os condrócitos proliferam-se e sintetizam continuamente
mecânica em certas articulações como estabelece um estado pró- proteoglicanos, porém a doença se desenvolve quando a degradação
inflamatório que leva, muitas vezes, a OA de sítios sem carga, excede a síntese. Isso leva a alterações na composição de
demonstrada pela maior incidência de OA nas mãos de pacientes proteoglicanos à medida que a doença progride. Os condrócitos
obesos (RIBEIRO, 2020). também secretam metaloproteases da matriz (MMP), que degradam
a rede de colágeno tipo II. As citocinas e os fatores difusíveis
↠ As juntas mais frequentemente acometidas, além de provenientes dos condrócitos e das células sinoviais, particularmente
quadril e joelhos, são as das mãos, com predileção pelas TGF-β (que induz a produção de MMP), o TNF, as prostaglandinas e
interfalangeanas distais e proximais e da base do polegar, o óxido nítrico, também foram implicados na OA, e a inflamação
crônica de baixo nível contribui para a progressão da doença. A
coluna cervical e lombar e as primeiras
QUADRO CLÍNICO
QUADRO CLÍNICO
SÍNDROMES DE HIPERMOBILIDADE
↠ No sistema musculoesquelético, a síndrome pode
↠ A hipermobilidade articular (HA) define-se como um manifestar-se de diversas formas, desde lesões dos
aumento da amplitude dos movimentos articulares, e é a tecidos moles de qualquer localização, afetando tendões,
principal característica comum das chamadas doenças enteses, ligamentos, músculos ou a própria articulação;
hereditárias do tecido conjuntivo (DHTC). Deste grupo, instabilidade articular crónica, com luxações e subluxações;
em que se incluem a síndrome de Ehlers-Danlos, a dor crônica não inflamatória axial ou das articulações
síndrome de Marfan, a síndrome de hipermobilidade periféricas; alterações secundárias espondilóticas ou do
articular (SHA) é a entidade mais frequente e também a tipo osteoartrose (CUNHA et al., 2016).
menos severa (CUNHA et al., 2016).
↠ É típico o aumento da intensidade da dor ao longo da
↠ A hipermobilidade articular é considerada uma vida, e a perda de função, por descondicionamento
condição benigna na qual ocorre frouxidão ligamentar e muscular resultante da cinesiofobia (evicção de
das articulações, não associada a síndrome congênita ou movimentos que podem ser dolorosos) (CUNHA et al.,
anormalidade do tecido conjuntivo, fazendo com que a 2016).
pessoa realize facilmente movimentos acima da faixa
↠ Para além do sistema locomotor, há frequentemente
normal de amplitude da articulação, por exemplo, os
atingimento da pele, com diminuição da espessura da
contorcionistas, que apresentam grau acentuado de
derme, aumento da elasticidade cutânea, estrias e
hipermobilidade articular (SHINJO; MOREIRA, 2020).
compromisso da cicatrização (CUNHA et al., 2016).
↠ A HA é em grande parte determinada geneticamente,
↠ Outra componente desta síndrome, considerada até
como demonstrado num estudo efetuado numa
por alguns autores como uma das principais, é a
população de gêmeas, e pela diferente prevalência em
dismotilidade do sistema gastrointestinal, que se traduz por
populações geográficas distintas (mais frequente em
queixas como dispepsia, refluxo gastroesofágico,
asiáticos e afro-caribenhos) (CUNHA et al., 2016).
meteorismo, dor abdominal, obstipação e diarreia (CUNHA
A alteração na produção de colágeno é genética, ou et al., 2016).
seja, existe uma mutação no gene que codifica essa proteína. É
importante salientar que os pais podem ter os genes mas não DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é inteiramente clínico, uma
manifestarem a doença.
vez que não são conhecidos marcadores biológicos ou
A Síndrome da Hipermobilidade Articular imagiológicos da doença (CUNHA et al., 2016).
é bastante comum afetando de 10-20% das crianças e
↠ A HA é comprovada, mais frequentemente,
adolescentes, em articulações únicas ou em várias delas.
recorrendo à escala de Beighton, um score de 9 pontos
É mais comum no sexo feminino, em crianças e
introduzido na clínica em 1973 (CUNHA et al., 2016).
adolescentes, principalmente na Ásia e oeste da África e
tende a regredir com o aumento da idade, possuindo No entanto este é um sistema de tudo ou nada, que não oferece
também certa característica hereditária (Portal SBP). uma classificação de gravidade e que, por se focar apenas em cinco
áreas do corpo, pode não detectar hipermobilidade em determinados
↠ Denominamos síndrome de hipermobilidade articular indivíduos afetados. Além disso, não permite diagnosticar a síndrome
de hipermobilidade articular visto não incluir quaisquer sintomas
quando se associam dores articulares (principalmente em (CUNHA et al., 2016).
INFECÇÃO
↠ Todos os tipos de microrganismos podem se
estabelecer em articulações durante a disseminação
hematogênica. As estruturas articulares também podem
ser infectadas por inoculação direta ou por propagação
contígua a partir de um abscesso de tecido mole ou foco
de osteomielite. Como a cartilagem, diferentemente do
osso, tem uma capacidade regenerativa limitada, a rápida
destruição articular, quando ocorre, pode levar a
deformidades permanentes (KUMAR et al., 2023).
As infecções das articulações e ossos são verdadeiras
emergências reumatológicas, pois podem causar morbidade grave,
invalidez permanente ou até mesmo a morte. A introdução de
antibióticos mudou essa trajetória, mas apenas quando os
medicamentos forem ativos contra o microrganismo invasor e
administradas precocemente. Isso enfatiza os dois problemas mais
significativos: o diagnóstico precoce e o tratamento imediato e eficaz
(HOCHBERG, 2016).
ARTRITE VIRAL
Modelos experimentais de artrite induzida membrana sinovial à invasão do agente infeccioso, são
por alfavírus sugerem que a patogênese da evolução determinantes no desenvolvimento de uma artrite
para a cronicidade da febre chikungunya seja resultado piogênica. Lesão cutânea recente em área próxima a
de uma combinação de dano celular e tecidual direto, uma articulação pode servir como porta de entrada para
causado por reprodução viral, e indireto, por ativação da um agente bacteriano. Outras vezes, a infecção pode
resposta imune nos tecidos‐alvo. Porém, o principal ocorrer por via hematogênica de um foco a distância.
mecanismo aventado é uma desregulação dos Indivíduos com história de uso de substâncias intravenosas
mecanismos de controle do processo inflamatório, apresentam risco particular na inoculação de um agente
causado pela infecção persistente em macrófagos infeccioso pelo sangue, podendo desenvolver
teciduais – ou, ao menos, pela presença de RNA viral no simultaneamente endocardite e infecção articular
interior dessas células. As alterações histopatológicas (CARVALHO et al., 2019).
sinoviais observadas após infecção por CHIKV são
Virtualmente, qualquer organismo pode
semelhantes às encontradas em pacientes com artrite
infectar uma articulação, mas observam-se com mais
reumatoide (AR) ou outras artropatias inflamatórias
frequência: Staphylococcus aureus (60%), Neisseria
crônicas e incluem hiperplasia sinovial, proliferação
gonorrheae (a mais frequente nos adultos jovens) e
vascular e infiltração de macrófagos perivasculares
Streptococcus beta-hemolíticos (15%), entre outros de
(MARQUES et al., 2017).
menor incidência. Essas bactérias têm alta seletividade
O padrão de comprometimento articular crônico pode ocorrer para a membrana sinovial, provavelmente relacionada à
na forma de queixas persistentes (20‐40%) ou recidivantes (60‐ aderência e à produção de toxinas (CARVALHO et al.,
80%) e inclui a presença de oligo ou poliartralgia de intensidade
variável, geralmente simétrica, predomina em punhos, mãos,
2019).
tornozelos e joelhos, em associação com rigidez matinal e edema
↠ A apresentação clássica consiste no súbito
articular. Mesmo pacientes que apresentam melhoria significativa inicial
podem cursar com recidivas em até 72% dos casos, com intervalos desenvolvimento de uma articulação agudamente
que variam de uma semana a anos, com sintomas variáveis e com dolorosa e edemaciada, com restrição da amplitude de
comprometimento das mesmas articulações acometidas previamente movimento. É comum a ocorrência de febre, leucocitose
(MARQUES et al., 2017). e elevação da velocidade de hemossedimentação. A
ARTRITE BACTERIANA OU ARTRITE SUPURATIVA aspiração da articulação é diagnóstica quando se obtém
um líquido purulento no qual é possível identificar o
↠ As infecções bacterianas que causam artrite supurativa microrganismo infeccioso (KUMAR et al., 2023).
aguda, normalmente penetram nas articulações por
As articulações mais envolvidas, de maneira geral, são as dos
disseminação hematogênica a partir de locais distantes joelhos (40 a 50%) e coxofemorais (20 a 25%, sendo as mais comuns
(KUMAR et al., 2023). nas crianças) (CARVALHO et al., 2019).
anquilose fibrosa e obliteração do espaço articular. As desenvolvimento da gota. Os níveis elevados de ácido
articulações de sustentação do peso, particularmente úrico podem resultar da produção excessiva, da redução
quadris, joelhos e tornozelos, por ordem descendente de da excreção ou de ambas. Os níveis de ácido úrico são
frequência, são mais comumente afetadas (KUMAR et al., determinados por vários fatores: (KUMAR et al., 2023).
2023).
• Produção de ácido úrico. A síntese de urato
ARTRITE INDUZIDA POR CRISTAIS representa o produto do catabolismo das
purinas. As próprias purinas são o produto de
↠ As artrites microcristalinas, também chamadas de
duas vias interligadas: a via de novo, em que
doenças por deposição de cristais ou inflamação induzida
ocorre síntese de nucleotídios de purina a partir
por cristais, são consideradas as artrites inflamatórias mais
de precursores não purínicos, e as vias de
comuns em diferentes partes do mundo. São
recuperação, em que os nucleotídios são
caracterizadas, conjuntamente, pelas alterações
sintetizados a partir de bases de purina livres na
articulares e periarticulares secundárias à resposta
dieta e naquelas geradas pelo catabolismo de
inflamatória aos microcristais formados e/ou depositados
nucleotídios de purina.
nos tecidos (CARVALHO et al., 2019).
• Excreção de ácido úrico. No rim, o ácido úrico é
GOTA filtrado pelos glomérulos, porém é quase
totalmente reabsorvido pelo túbulo proximal. A
↠ É a artrite inflamatória desencadeada pela cristalização pequena fração de ácido úrico total presente na
de urato monossódico (UMS) nas articulações e nos urina é o resultado da secreção no néfron distal.
tecidos periarticulares e decorre da elevação crônica do
ácido úrico no plasma, além do seu ponto de saturação
(CARVALHO et al., 2019).
A incidência anual de gota é estimada em
2,68 a cada 1.000 indivíduos, enquanto sua prevalência se
mantém em torno de 1 a 4% da população geral. Nos
países ocidentais, ocorre com mais frequência no sexo
masculino (3 a 6%) do que no feminino (1 a 2%). Quando ↠ Na gota primária, a hiperuricemia é geralmente
se considera a população com mais de 80 anos, a causada pela redução da excreção. O mecanismo não é
discrepância entre os sexos torna-se ainda maior, 10% em conhecido, porém os estudos de associação genômica
homens e 6% em mulheres. Portanto, acomete o sexo ampla identificaram polimorfismos em genes, incluindo
masculino 2 a 6 vezes mais, com maior incidência durante URAT1, GLUT9 e KCNQ1, que estão envolvidos no
o climatério (decorrente do efeito uricosúrico dos transporte e na homeostasia do urato e de outros íons.
estrógenos) (RIBEIRO, 2020). Uma pequena fração de casos de gota primária é causada
pela superprodução de ácido úrico, devido a defeitos
enzimáticos identificáveis (KUMAR et al., 2023).
• Obesidade: aumenta a produção de purinas e diminui
a excreção de ácido úrico
↠ A gota secundária também pode ser causada pelo
• Dieta: maior ingestão de purinas, brutose e bebidas aumento da produção (p. ex., rápida lise das células
alcoólicas durante a quimioterapia para a leucemia) ou pela
• Fármacos que diminuem excreção renal de urato: diminuição da excreção (doença renal crônica) (KUMAR
ciclosporina, tacrolimo, tiazídicos, furosemida, ácido et al., 2023).
nicotínico, ácido acetilsalicílico (em baixas doses),
pirazinamida, etambutol ↠ A inflamação é desencadeada pela precipitação de
• Fármacos que causam hiperuricemia de mecanismo cristais de urato monossódico nas articulações, resultando
incerto: levodopa, teofilina, didanosina. na produção de citocinas, que recrutam os leucócitos. Os
macrófagos e os neutrófilos fagocitam os cristais de urato.
PATOGÊNESE: Isso ativa o inflamassomo e leva à secreção de citocinas,
incluindo IL-1, que promovem o acúmulo de mais
↠ A hiperuricemia (nível plasmático de urato acima de
neutrófilos e macrófagos dentro da articulação. Assim,
6,8 mg/dℓ) é necessária, porém não suficiente para o
surge um círculo vicioso à medida que as células
inflamatórias recém-recrutadas liberam citocinas, radicais ocorre uma resolução completa, seguida de um intervalo
livres, proteases e metabólitos do ácido araquidônico para assintomático, conhecido como período intercrítico.
recrutar um número ainda maior de leucócitos. A ativação Alguns indivíduos nunca apresentam outro ataque, porém
do complemento pela via alternativa também pode a maioria tem um segundo episódio agudo dentro de
contribuir para o recrutamento dos leucócitos. A ruptura meses a alguns anos. Na ausência de tratamento
dos fagolisossomos induzida pelos cristais de urato adequado, os ataques sofrem recorrência a intervalos
ingeridos pode causar a liberação adicional de proteases mais curtos e, com frequência, tornam-se poliarticulares,
e mediadores inflamatórios (KUMAR et al., 2023). acometendo outras partes do pé e, menos comumente,
o membro superior (KUMAR et al., 2023).
ARTRITE REUMATÓIDE
das mortes observadas em coortes internacionais predominantemente aquelas secretadas por células T
(RIBEIRO, 2020). CD4+ (KUMAR et al., 2023).
A AR é uma doença de patogênese ↠ As células T CD4+ ativadas liberam mediadores
complexa, com a participação de fatores genéticos, inflamatórios, que estimulam outras células inflamatórias,
hormonais e ambientais. Trata-se de doença em que há, levando à lesão tecidual. Embora muitas citocinas
desde a fase inicial pré-articular, perda da autotolerância e mediadoras possam ser isoladas das articulações
consequente autoimunidade, traduzidas por ativação inflamadas, as mais importantes incluem: (KUMAR et al.,
linfocitária e produção de autoanticorpos (CARVALHO et 2023).
al., 2019).
• A IFN-γ a partir das células Th1, que ativa os
macrófagos e as células sinoviais residentes.
• A IL-17 das células Th17, que recruta neutrófilos
e monócitos.
• O RANKL, que é expresso em células T ativadas
e estimula a reabsorção óssea.
• O TNF e a IL-1 de macrófagos, que estimulam
as células sinoviais residentes a secretar
proteases, que destroem a cartilagem hialina.
Destes, o TNF tem sido mais firmemente implicado na
patogênese da AR, e agentes biológicos anti-TNF revolucionaram o
seu tratamento (KUMAR et al., 2023).
Estima-se que 50% do risco de desenvolvimento de AR esteja ATENÇÃO: Na AR, a sinóvia frequentemente contém centros
relacionado com uma suscetibilidade genética herdada. O alelo HLA- germinativos com folículos secundários e plasmócitos abundantes.
DR4 está associado à AR positiva para ACPA. As evidências disponíveis Alguns desses plasmócitos secretam anticorpos que reconhecem
sugerem que um epítopo em uma proteína citrulinada, a vinculina, autoantígenos. Muitos desses autoanticorpos, que são produzidos em
mimetiza um epítopo em muitos microrganismos, podendo ser órgãos linfoides, bem como na sinóvia, são específicos para peptídeos
apresentado pela molécula HLA-DR4 de classe II (KUMAR et al., 2023). citrulinados (CCPs), em que os resíduos de arginina são convertidos
em citrulina após a tradução. São encontrados epítopos modificados
Os fatores ambientais que promovem a autoimunidade estão em várias proteínas presentes nas articulações, incluindo fibrinogênio,
envolvidos; entretanto, como no caso de muitas doenças autoimunes, colágeno tipo I , α-enolase e vimentina. Os anticorpos antipeptídeo
eles não foram claramente definidos. Por exemplo, a infecção citrulinado (ACPAs) são marcadores diagnósticos, que podem ser
(incluindo periodontite) e o tabagismo podem promover a citrulinação detectados no soro de até 70% dos pacientes com AR. Alguns dados
de autoproteínas, criando epítopos que desencadeiam a produção de sugerem que, em combinação com células T reativas contra proteínas
autoanticorpos (KUMAR et al., 2023). citrulinadas, os ACPAs impulsionam a persistência da doença. Em 80%
dos indivíduos, ocorrem autoanticorpos IgM e IgA, que se ligam às
↠ Na AR, a resposta autoimune é iniciada por células T regiões Fc da IgG. Esses autoanticorpos, coletivamente denominados
auxiliares CD4+. À semelhança de outras doenças fator reumatoide, podem depositar-se em articulações na forma de
autoimunes, a predisposição genética e os fatores imunocomplexos, porém não estão presentes em todos os pacientes
e podem ser detectados em alguns indivíduos sem AR (KUMAR et al.,
ambientais contribuem para o desenvolvimento, a 2023).
progressão e a persistência da doença. As alterações
patológicas na AR são mediadas por anticorpos dirigidos Normalmente, a AR afeta as pequenas articulações das
mãos e dos pés. A sinóvia torna-se visivelmente edematosa, espessa
contra autoantígenos e inflamação induzida por citocinas, e hiperplásica, transformando o seu contorno liso em contorno
coberto por delicadas vilosidades bulbosas. Os aspectos histológicos uma doença sistêmica, outros órgãos podem ser
característicos incluem: (1) hiperplasia e proliferação das células sinoviais; envolvidos, sobretudo nos pacientes com doença articular
(2) infiltrados inflamatórios densos (formando, com frequência, folículos
linfoides) de células T auxiliares CD4+, células B, plasmócitos, células
mais grave (CARVALHO et al., 2019).
dendríticas e macrófagos; (3) aumento da vascularização devido à
angiogênese; (4) exsudato fibrinopurulento nas superfícies sinovial e
↠ As articulações acometidas estão edemaciadas,
articular; e (5) atividade osteoclástica no osso subcondral, permitindo a quentes e dolorosas. Diferentemente da OA, a rigidez
penetração da sinóvia inflamada no osso e causando erosões articular matinal não desaparece com a atividade . O
periarticulares e cistos subcondrais. Em conjunto, essas alterações paciente típico apresenta aumento progressivo das
produzem o pannus, uma massa de sinóvia edematosa, células
articulações e diminuição da amplitude de movimento
inflamatórias, tecido de granulação e fibroblastos, que cresce e
provoca a erosão da cartilagem articular. Com o tempo, após a durante a evolução crônica de aumento e diminuição dos
destruição da cartilagem, o pannus une os ossos opostos para formar sintomas. Em uma minoria de indivíduos, particularmente
a anquilose fibrosa, que, por fim, ossifica e resulta em fusão dos ossos os que não apresentam ACPA e fator reumatoide, a
ou anquilose óssea (KUMAR et al., 2023). doença pode se estabilizar ou até mesmo regredir. Um
pequeno número de pacientes (cerca de 10%)
desenvolve AR de início agudo, com sintomas graves e
comprometimento poliarticular, que surge no decorrer de
vários dias (KUMAR et al., 2023).
QUADRO CLÍNICO:
↠ Manifesta-se por meio dos sinais cardinais de
inflamação e seu substrato anatômico mais característico
está sediado na membrana sinovial. Embora as
manifestações articulares sejam típicas, por se tratar de
6. Artrite psoriásica.
7. Outros: não preenche os critérios de 1 a 6 ou
preenche para mais de uma categoria.
.: A classificação do ILAR evita o termo “espondiloartropatia”, mas
reconhece a artrite relacionada com a entesite (que inclui a maioria
das crianças com diagnóstico de espondilite anquilosante juvenil pelas
classificações anteriores) e a artrite psoriásica (CARVALHO et al., 2019).
EXAME FÍSICO
GOTA: Os tofos, nódulos de cristais de urato de sódio, são .: Na artrite séptica, o líquido sinovial apresenta aspecto purulento,
com predomínio de neutrófilos, e o agente etiológico se define por
encontrados dentro da articulação, para-articulares ou na meio da cultura do líquido sinovial. Assim, coloração especial e cultura
superfície óssea, longe da articulação. As erosões ósseas para micobactéria e fungos devem ser realizadas. Mais de 100 mil
são causadas pelos tofos, por isso têm orla de esclerose leucócitos/mm3 são altamente sugestivos de infecção, até que se
e podem ser observadas também longe da articulação prove o contrário (CARVALHO et al., 2019).
(CARVALHO et al., 2019). Pacientes com monoartrite que persistem sem
diagnóstico após investigação clínico-laboratorial devem ser
submetidos à biopsia da membrana sinovial, visto ser esta a sede da
maioria das doenças inflamatórias articulares e, consequentemente, um
local para estudo histopatológico (CARVALHO et al., 2019).
Referências
Radiografia das mãos em anteroposterior. Artrite reumatoide em fase HOCHBERG, Marc C. Reumatologia. Grupo GEN, 2016.
tardia. Deformidades articulares com luxações dos dedos. Deformidade
de Boutonnière no quarto dedo esquerdo e “caroneiro” do polegar REZENDE, M. U.; CAMPOS, G. C. A osteoartrite é uma
(pontas de seta). Anquilose do carpo. Erosões extensas na ulna. doença mecânica ou inflamatória? Revista Brasileira de
Ortopedia, 2013.
Líquido sinovial
CUNHA et al. As perturbações de ansiedade e a Síndrome
↠ Pela análise do líquido sinovial, pode-se obter de Hipermobilidade Articular. Trabalho Final do Mestrado
importantes informações para esclarecimento diagnóstico, Integrado em Medicina, 2016.
como contagem total e diferencial de leucócitos,
contagem de hemácias, exame bacterioscópico e cultura, MARQUES et al. Recomendações da Sociedade Brasileira
bioquímica e microscopia com luz polarizada para a de Reumatologia para diagnóstico e tratamento da febre
pesquisa de cristais (CARVALHO et al., 2019). chikungunya. Parte 1 – Diagnóstico e situações especiais,
2017.
LOUZADA-JÚNIOR et al. Artralgia e artrite.