Abrir portas onde se erguem

rguem muros Director: Dav

David Pontes Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • Ano XXXV • n.º 12.402 • Diário • Ed. Lisboa • Assinaturas 808 200 095 • 1,50€

E
Estabilidade Parkinson
Anticorpo abranda
G
Governo vê progressão motora da doença
em alguns pacientes
m
margem Ciência e Ambiente, 32
o
orçamental Tiago Rodrigues
re
reduzida a “A forma como vejo a política
e imagino o teatro é muito
8
800 milhões marcada pelo 25 de Abril”
Política, 10/11
Po Cultura, 28/29

Caso Sócrates FalsiƊcação associada

à casa de Paris prescreve em Agosto
Crime imputado ao antigo primeiro-ministro no âmbito da Operação Marquês voltou à fase de instrução
É quase certa a prescrição do crime primeiro-ministro José Sócrates seria evitável se, em menos de qua- ração Marquês, relativa aos 12 crimes Silva, foi invalidada em Ænais do
de falsiÆcação de documento por viveu entre Setembro de 2012 e tro meses, houvesse uma condena- pelos quais o juiz Ivo Rosa mandou mês passado pelo Tribunal da Rela-
causa do alegado arrendamento Æc- Julho de 2013. A extinção deste cri- ção, o que é praticamente impossí- julgar o antigo governante e o seu ção de Lisboa, tendo regressado à
tício da casa de Paris, onde o antigo me ocorre em Agosto deste ano e só vel. Isso porque esta parte da Ope- alegado testa-de-ferro Carlos Santos fase de instrução Sociedade, 14

MAJID ASGARIPOUR/REUTERS

Diferendos fiscais
Médio Oriente Pequenos
Ocidente pede contribuintes
vão ter apoio
contenção na gratuito
resposta de Economia, 24

Israel ao Irão
Destaque, 2 a 4 Entrevista
A única opção
é mudar, mais
do mesmo
não serve
António
Vitorino fala
uturo
sobre o futuro
da União
Europeiaa
Mundo, 20/21
ial
e Editorial

Direito de resposta
Funcionários
suspeitos de
viciar concurso
de 2,2 milhões
Sociedade, 16
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QUEBRAMAR.COM QUEBRAMAR.COM

ISNN-0872-1548
2 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Destaque Conflito no Médio Oriente
Ocidente
pede
contenção
na resposta
de Israel
ao Irão
Gabinete de guerra de Netanyahu voltou
a reunir-se para delinear retaliação
contra Teerão, mas Washington já Äxou
os limites do seu apoio
João Ruela Ribeiro
E
stá a intensiÆcar a pressão dos
países ocidentais sobre Israel
para que se contenha na res-
posta ao ataque lançado pelo
Irão no Æm-de-semana. O gabi-
nete de guerra do Governo
israelita voltou a reunir-se ontem,
embora até ao Æm do dia nada tenha
sido adiantado quanto à natureza da
retaliação contra o regime iraniano.
Fontes próximas das discussões,
citadas pelo Channel 12, disseram
que Israel quer responder ao ataque
inédito lançado por Teerão no sába-
do à noite, mas assegurando que se
evite a eclosão de uma guerra aberta
entre os dois países.
A mesma cadeia televisiva dava
conta da intenção das autoridades
israelitas em favorecerem acções em
coordenação com os EUA e os seus
aliados. Em cima da mesa, disseram
outras fontes citadas pelo New York
Times, permanecem várias opções,
que variam entre uma resposta
diplomática e um ataque idêntico
contra o Irão.
Permanece, portanto, a incerteza
quanto ao alcance e magnitude da
retaliação de Israel ao primeiro ata-
que da parte de um Estado soberano
em mais três décadas. Um responsá-
vel do gabinete de Netanyahu dizia à
NBC News no domingo que “Israel irá
consultar todos os seus parceiros”,
mas, acrescentou a mesma fonte,
“em última análise é a Israel que cabe
a decisão acerca da resposta”.
O Irão justiÆcou a ofensiva contra
Israel como uma retaliação pelo ata-
que israelita contra a embaixada ira-
niana em Damasco, no início do mês,
em que morreram nove dirigentes
iranianos, incluindo um importante
comandante dos Guardas da Revolu-
ção Islâmica.
Os próximos passos de Israel são
determinantes para a pergunta que
todos os líderes mundiais se fazem
desde o fatídico dia de 7 de Outubro:
será possível evitar um conÇito regio-
nal no Médio Oriente?
Nos dias que se seguiram ao lança-
mento de mais de três centenas de
mísseis e drones iranianos contra
vários alvos em Israel — as Forças de
Portugueses já estão a caminho de Lisboa
T
rinta e cinco dos 47
portugueses que optaram
por deixar o Irão após o
ataque a Israel no sábado
partiram para Istambul, onde,
ainda ontem, apanharam um
voo para Lisboa, segundo o
secretário de Estado das
Comunidades Portuguesas.
De acordo com José Cesário,
os restantes oito portugueses
deverão também chegar a
Istambul ainda hoje e depois
viajar para Lisboa.
Estes portugueses que
quiseram deixar o Irão estão a
regressar pelos seus meios, em
companhias aéreas comerciais,
não tendo sido necessário, para
já, a intervenção do Estado
português.
José Cesário sublinhou que a
situação em Israel “melhorou,
existem voos comerciais e as
escolas estão abertas”.
No domingo, o secretário de
Estado das Comunidades
Portuguesas garantiu que “está
tudo preparado se for preciso”
retirar portugueses expatriados
de Israel.
Em Israel “há uma
comunidade de cerca de 30 mil
cidadãos com nacionalidade
portuguesa” e “alguns
portugueses expatriados em
turismo ou a trabalhar”, estando
neste último caso referenciadas
13 pessoas.
O Governo está “atento à
evolução da situação”, estando
“tudo preparado se for preciso
uma evacuação”, havendo os
meios para o efeito, disse. O
governante sublinhou ainda que
o acompanhamento da situação
será feito em “articulação com
os parceiros da União Europeia”.
Defesa de Israel (IDF) disseram que
mais de 90% foram interceptados
pelo sistema de defesa antiaérea
conhecido como Cúpula de Ferro —,
o tom da generalidade dos aliados
ocidentais de Israel foi uma combi-
nação de condenações ao ataque de
Teerão e pedidos de contenção diri-
gidos a Israel. O principal objectivo
da comunidade internacional é impe-
dir que os dois países entrem numa
lógica de confronto imparável que
redunde numa guerra aberta.
Pressão ocidental
O primeiro-ministro britânico, Rishi
Sunak, pediu “a todos os lados” que
mostrem “contenção”, embora acu-
sando o Irão de ter “mergulhado o
Médio Oriente numa nova crise”.
“Iremos continuar a trabalhar em
conjunto com os nossos aliados para
apelar a que as cabeças calmas pre-
valeçam e a que haja uma redução da
tensão”, aÆrmou Sunak num discur-
so no Parlamento.
Mostrando preocupação com
uma “possível escalada” do conÇito
no Médio Oriente, o Presidente fran-
NotíciasFlix
O primeiro-ministro israelita,
Benjamin Netanyahu, prometeu
responder ao ataque iraniano
do fim-de-semana
cês, Emmanuel Macron, também
deixou apelos a Israel para que
adopte uma atitude moderada e dei-
xe o Irão isolado.
Palavras semelhantes foram usa-
das pelo alto-representante da União
Europeia para os Negócios Estrangei-
ros, Josep Borrell, que pediu “travão
e marcha atrás”. “Estamos à beira de
um precipício e temos de nos afas-
tar”, disse Borrell em entrevista à
rádio Onda Cero.
Mesmo os EUA, os principais alia-
dos de Israel e um dos grandes adver-
sários geopolíticos do Irão, deixaram
bem claro que o seu apoio às autori-
dades israelitas na resposta ao ataque
iraniano não contempla um ataque
directo que dê origem a uma guerra
entre os dois países.
Ontem, o Presidente dos EUA, Joe
Biden, disse que Washington “está
comprometido” com a defesa de
RONEN ZVULUN/REUTERS
Israel, durante um encontro na Casa
Branca com o primeiro-ministro ira-
quiano, Mohammed Shia al-Sudani.
O Governo israelita aparenta estar
dividido entre aqueles que defendem
uma resposta imediata e avassalado-
ra contra o Irão, que há muito é visto
como um dos principais inimigos de
Israel e uma ameaça séria à própria
existência do Estado judaico, e os que
preferem uma abordagem mais cau-
telosa, suÆciente para punir Teerão,
mas alguns patamares abaixo de um
limiar que pode conduzir a uma guer-
ra e a uma consequente perda do
apoio dos seus aliados ocidentais.
“Atacar o Irão sem o apoio dos alia-
dos de Israel, particularmente dos
Estados Unidos, seria irresponsável e
imprudente”, escreve em editorial o
diário progressista israelita Haaretz.
Washington, que já antes do ataque
iraniano vinha a distanciar-se de
Israel, pressionando o Governo de
Netanyahu a reduzir as operações na
Faixa de Gaza, espera que a identiÆ#
cação clara de uma linha vermelha
condicione a resposta que venha a ser
dada nos próximos dias ou horas.
Preços do petróleo
em queda
A
pesar do aumento da
tensão no Médio Oriente
com o ataque lançado no
sábado contra Israel pelo
Irão, os preços do petróleo
estão a reagir em sentido
contrário ao que se poderia
esperar.
As cotações caíram ontem,
com os agentes de mercado a
descontarem os riscos
associados ao ataque
orquestrado por Teerão,
depois de o Governo israelita
ter afirmado que os danos
foram limitados.
Nesta segunda-feira, o preço
do barril de WTI (a referência
norte-americana) estava a
recuar 1,26%, para 84,58
dólares, em Nova Iorque. No
caso do Brent, usado como
referência para as importações
europeias, o preço estava nos
89,43 dólares, a cair 1,13%.
O Irão lançou, no sábado à
noite, um ataque em grande
escala contra Israel, após a
operação israelita que, no
início do mês, matou 13
iranianos, incluindo dois
generais dos Guardas da
Revolução, num complexo
diplomático em Damasco, na
Síria.
Foram disparados cerca de
350 drones e mísseis balísticos
contra o território israelita que
foram interceptados e
destruídos por Israel com o
apoio dos países aliados –
Estados Unidos, Reino Unido,
Alemanha, Jordânia e França.
Antes deste ataque, os
preços do crude já haviam
terminado a semana em baixa
depois de a Agência
Internacional da Energia (AIE)
ter reduzido em 1% a sua
previsão de crescimento da
procura de petróleo para
2024, por considerar que irá
verificar-se um consumo
inferior ao esperado nos
países da OCDE devido a uma
quebra na actividade
industrial.
De acordo com os dados
divulgados na sexta-feira pela
agência sediada em Paris, a
procura de crude será inferior
em 130 mil barris por dia
(bpd), para um total de 1,2
milhões de bpd.
A AIE considera que já
terminou o período de
ajustamento da procura de
petróleo por parte da China,
depois de a gigante asiática
ter tido meses de restrições
com a política covid zero.
Ana Brito
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 3
Cisjordânia
Pelo menos seis
palestinianos mortos
desde sexta-feira
Marta Sofia Ribeiro
U
ma incursão militar israeli-
ta, em Nablus, na Cisjordâ-
nia ocupada fez, ontem, um
morto e três feridos, segun-
do o Ministério de Saúde
palestiniano. A vítima mor-
tal era Yazan Ishtayeh, um jovem de
17 anos. Uns quilómetros mais a sul,
em Aqrabah, dois palestinianos
foram mortos a tiro por colonos
israelitas, informou o Crescente Ver-
melho palestiniano.
Desde o início da guerra, a 7 de
Outubro, tornaram-se ainda mais
frequentes os ataques de colonos
israelitas a aldeias palestinianas,
segundo relatos das autoridades. Na
passada sexta-feira, dia 12, os ataques
intensiÆcaram-se após o desapareci-
mento de um adolescente israelita
de 14 anos, na Cisjordânia. As auto-
ridades de Israel culpam “terroristas
palestinianos” pelo assassinato do
jovem. O ministro da Defesa pediu
aos israelitas que “não façam justiça
pelas próprias mãos”, mas nem por
isso a violência parou. Yazan é pelo
menos o sexto palestiniano morto
pelas forças israelitas ou por colonos
armados desde esse dia, contabiliza
a Reuters.
Um porta-voz da Polícia de Fron-
teira israelita alega que polícias à
paisana, juntamente com o Exército
israelita, entraram em Nablus, no
Norte da Cisjordânia, com o objecti-
vo de prender um suspeito. Durante
essa busca, uma pessoa terá lançado
um explosivo contra as autoridades,
acabando por ser morta a tiro.
Também em Aqrabah, dois pales-
tinianos foram mortos. Tanto a
comunicação social palestiniana
como um agente de Israel dizem que
Funeral de Yazan Ishtayeh, em Nablus, na Cisjordânia
Desde Outubro,
terão morrido cerca
de 500 palestinianos
na Cisjordânia às
mãos das IDF, da
polícia ou em
ataques de colonos
quem vitimou os dois homens foram
colonos israelitas.
Casas e carros a arder, gás lacrimo-
géneo, pedras: têm sido assim os
ataques de colonos israelitas a cida-
des na Cisjordânia ocupada nos últi-
mos dias. Começaram na aldeia de
Mughayir, entre Ramallah e Nablus:
aí, pelo menos um palestiniano mor-
reu e 25 Æcaram feridos.
No domingo, um vídeo publicado
pela organização israelita Yesh Din,
que advoga pelo cumprimento dos
direitos humanos, mostra um grupo
de colonos mascarados que parece
ter incendiado um carro, sob a vigi-
lância de pelo menos três soldados
israelitas.
Na Cisjordânia, tornou-se cada vez
mais difícil distinguir colonos e sol-
dados. Não só o Governo distribuiu
milhares de armas pelos colonos,
como também realocou membros
que protegem os colonatos em algu-
mas unidades da IDF que estavam
desfalcadas devido à mobilização
para Gaza.
Para além dos 33 mil mortos em
Gaza, quase 500 morreram na Cis-
jordânia às mãos dos colonos ou do
Exército israelita, segundo o Minis-
tério da Saúde palestiniano.
ALAA BADARNEH/EPA
4 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Destaque Conflito no Médio Oriente
Na Jordânia, manifestantes empunham cartazes nos quais assumem o seu apoio aos palestinianos em Gaza
O papel da Jordânia (e não só)
Países árabes ajudaram a defender Israel
mas este apoio tem limites
Sofia Lorena
A colaboração árabe, com a
coordenação dos Estados
Unidos da América, foi
essencial na resposta ao
ataque iraniano
A
noite em que o Irão lançou
o seu primeiro ataque direc-
to contra Israel desde a fun-
dação da República Islâmica
foi a mesma em que vários
países árabes cruzaram uma
linha inédita, defendendo directa-
mente Israel. Apesar de só a Jordânia
reconhecer que os seus caças inter-
ceptaram drones e mísseis que se
dirigiam ao território israelita, é pos-
sível que também a monarquia saudi-
ta — sem relações oÆciais com Israel
— tenha participado no esforço para
frustrar as acções de Teerão.
De acordo com responsáveis gover-
namentais sauditas, norte-america-
nos e egípcios ouvidos pelo jornal The
Wall Street Journal, vários Estados do
Golfo, incluindo a Arábia Saudita e os
Emirados Árabes Unidos, partilharam
o que sabiam sobre os planos irania-
nos, “informações vitais” que garan-
tiram a intercepção de 99% dos cerca
de 350 projécteis disparados a partir
do Irão. Houve casos em que as forças
militares árabes assumiram um papel
activo e “forneceram as suas próprias
forças para ajudar”, adianta o Wall
Street, num plural que indica que a
Jordânia não foi o único país a dar este
passo.
Sublinhando o papel insubstituível
dos EUA nesta operação e lembrando
como, ao longo dos anos, “os vários
governos de [Benjamin] Netanyahu
sabotaram repetidamente as delica-
das relações de Israel com o reino” da
Jordânia, Noa Landau, chefe de redac-
ção do Haaretz, escreve no jornal
israelita que o primeiro-ministro “e
os seus apoiantes” devem “um pedi-
do de desculpas, não só a [Joe] Biden
como aos jordanos”.
AÆnal, a resposta coordenada da
noite de sábado e da madrugada de
domingo nunca teria sido possível
sem Joe Biden, incluindo os seus (con-
troversos) esforços para se reaproxi-
mar do príncipe herdeiro saudita,
Mohammed bin Salman. Em Jerusa-
lém, na véspera de voar para a monar-
quia (no pós-assassínio de Jamal Kha-
shoggi), em Julho de 2022, Biden
ouviu o então primeiro-ministro de
Israel, Yair Lapid, descrever essa via-
gem como fundamental para a futura
normalização de relações entre Israel
e a monarquia e para “tentar cons-
truir uma coligação mais moderada
[anti-Irão e pró-EUA] no Médio Orien-
te, há muito necessária”.
Biden foi o arquitecto do sistema
(informal) de defesa aérea regional (a
partir do contexto aberto pelos Acor-
dos de Abraão, promovidos pela
Administração de Trump), mas sem
o rei Abdullah essa rede nunca teria
o grau de eÆcácia demonstrada.
“A principal manchete em Israel
esta manhã é a intercepção pela For-
ça Aérea da Jordânia de drones a cami-
nho de Israel, o que é especialmente
notável para a geração de israelitas
que se lembra de se proteger de ata-
ques da Jordânia”, escreveu no
domingo, na rede X (antigo Twitter),
Mairav Zonszein, jornalista e analista
do think tank International Crisis
Group em Israel.
O reino de Abdullah é o país de
JEHAD SHELBAK/REUTERS
todos os riscos: tem uma enorme
população palestiniana, fronteiras
com Israel e com a Cisjordânia, outras
com o Iraque e a Síria (países com
vários grupos proxies do Irão) e é o
guardião dos locais santos muçulma-
nos em Jerusalém. Além disso, ao
contrário de Mohammed bin Salman,
a Jordânia tem de lidar com milhares
de pessoas que se manifestam há
várias semanas diante da embaixada
norte-americana em Amã (contra o
apoio dos EUA a Israel).
“Neste clima, a intervenção militar
do Æm-de-semana provocou a ira
interna na Jordânia, bem como entre
os seus vizinhos, com imagens nas
Ameaçado por
Teerão, Abdullah,
o rei jordano,
é tratado como
“traidor” por alguns
dos seus próprios
súbditos
redes sociais que retratam o rei
Abdullah como um ‘traidor’, vestido
com a bandeira israelita”, descreve
Patrick Wintour numa análise no diá-
rio The Guardian. “O rei jordano lan-
çou mísseis sobre os seus cidadãos
para proteger Israel”, escreveu um
utilizador da rede X, num post
“amplamente partilhado”, de acordo
com a emissora pública alemã
Deutsche Welle.
Membros do Governo e aliados do
rei repetem que a Jordânia agiu em
legítima defesa. O Irão ajudou um
pouco, com a agência semioÆcial Fars
a avisar que Amã será o “próximo
alvo” se “cooperar” com Israel. Em
resposta, o ministro dos Negócios
Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safa-
di, convocou o embaixador do Irão
para protestar contra interferências
nos “assuntos internos” do país.
“A resposta jordana visou mais evi-
tar uma escalada regional do que
estreitar qualquer aliança estratégica
com Israel”, defendeu Julien Barnes-
Dacey, director do programa para o
Médio Oriente e o Norte de África do
European Council on Foreign Rela-
tions, em declarações à Deutsche
Welle. E é precisamente por isso que
Amã não irá mais longe.
“A Jordânia, a Arábia Saudita e
outros países da região estão a tentar
equilibrar a sua estabilidade interna
com o alinhamento com os EUA e
com Israel”, resume no Haaretz o
analista Zvi Ba’rel, notando que a Jor-
dânia não está menos preocupada
com a ameaça do Irão do que Israel.
Agora, “a perspectiva de Israel atacar
o Irão pode dissuadi-los de aderir a
uma coligação” com os israelitas.
Enquanto a Jordânia assinou a paz
com Israel em 1994 — e os Emirados
e o Bahrein em 2020 —, Riad garante
que só o fará quando existir um Esta-
do palestiniano, ainda que, segundo
a imprensa árabe e norte-americana,
as negociações para um acordo de
normalização estivessem bem enca-
minhadas quando o Hamas mudou
tudo, a 7 de Outubro de 2023.
O ataque do movimento palestinia-
no contra os israelitas, de uma violên-
cia sem precedentes, levou Israel a
atacar Gaza com uma força inusitada
e baralhou os países de um Médio
Oriente que parecia decidido a inves-
tir da diplomacia. Isto no mesmo ano
em que sauditas e iranianos tinham
chegado à reconciliação, pondo Æm
a uma rivalidade que alimentara
vários conÇitos na região.
A operação iraniana contra Israel
— apesar de apresentada como reta-
liação pela operação israelita que
matou vários militares num complexo
diplomático de Teerão em Damasco
— voltou a provocar abalos. O Irão
“decidiu criar uma nova equação”,
disse o chefe dos Guardas da Revolu-
ção, o major-general Hossein Salami,
depois do ataque. Aos países árabes
resta continuarem a gerir o difícil
equilíbrio em que se encontram e
fazer tudo para evitar uma guerra
regional aberta.
 ENTRADA
LIVRE A PALAVRA
AAOS MÚSICOS
NNOS 50 ANOS
DDO 25 DE ABRIL
1 DE ABRIL
17
CASA DA MÚSICA,
C
PORTO
P

O PÚBLICO e a Casa da 10h30 | SESSÃO DE ABERTURA 16h00 | COFFEE BREAK

Música olham para os David Pontes (director do PÚBLICO)
caminhos que a música • António Jorge Pacheco (director artístico
trilhou desde 1974. da Casa da Música)
Será que a música cumpriu
todo o seu potencial?
Como nos 10H45 | KEYNOTE SPEAKER
Quim Albergaria
internacionalizámos
e que música temos
em 2024? 11h15 | ORGULHOSAMENTE MISTURADOS
A nova realidade da música portuguesa
Entrada livre,
Dino D’Santiago • Pedro Coquenão
mediante reserva em
• Marco Castro • Ana Lua Caiano
casadamusica.com
15h00 | SAIR, MAS COMO?
A projecção da música portuguesa
além-fronteiras. Como o fazer?
Qual a experiência de quem o faz?
Fernando Ribeiro • Júlio Resende
• João Barradas • Márcio Laranjeira
16h30 | APRENDER EM LIBERDADE
Como o ensino da música em Portugal
evoluiu nas últimas décadas.
Gabriela Canavilhas • André Neves (Maze)
• Pedro Neves • Nuno Alves
17h30 | MÚSICOS 360.º
O que é um músico em 2024?
Um artista ou também um marketeer
de si próprio, num mundo de TikTok,
Instagram e Spotify? O desafio de viver
da música num país com défice
de oportunidades.
João Soeiro • Ianina Khmelik
• PZ • Vanessa Pires
18h30 | SESSÃO DE ENCERRAMENTO
Raquel Castro

ORGANIZAÇAO: APOIO:
6 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024

Espaço público

Mudar por obrigação, decidir sob pressão

F
altam menos de dois meses
Editorial para as eleições para o
Parlamento Europeu, um
acto eleitoral que serve
também de barómetro
sobre a ligação dos europeus à
União Europeia. Em Portugal, por
Marta Moitinho Oliveira exemplo, a abstenção nas eleições
europeias supera habitualmente a
ausência de participação nos
restantes actos eleitorais. O que é
lido como um afastamento face à
Europa e uma deÆciente percepção
pública sobre a inÇuência que as
decisões tomadas em Bruxelas e
Estrasburgo têm no dia-a-dia em
Para que o projecto Lisboa, Bragança ou Vila Real de
Santo António.
europeu prossiga Lendo a entrevista de Teresa
e caminhe em direcção de Sousa a António Vitorino,
a um futuro melhor, antigo comissário europeu,
é necessário, além da percebe-se que o desafio que a
União Europeia tem pela frente é
vontade política, uma enorme. Mas simples de resumir, ao
ligação forte e sólida mesmo tempo. “A única opção é
dos cidadãos à UE mudar, porque mais do mesmo não
serve”, diz Vitorino, que enumera
“quatro coisas fundamentais”
de que precisamos — nós como um
todo — de fazer. O que impressiona
é que a primeira das tais quatro
coisas que Vitorino refere é um
regresso às origens. “Construir
uma potência geopolítica, o que
signiÆca garantir a segurança
e o bem-estar dos cidadãos
europeus, que foi precisamente
aquilo que os pais fundadores
quiseram, nos anos 1950, quando
criaram as Comunidades
Europeias.”
Para o antigo comissário, a
Europa tem ainda de alcançar a
liderança tecnológica, garantir a
coesão das várias comunidades e
assegurar os valores da
democracia.
Se, por um lado, este pode ser o
projecto futuro de uma Europa
que está a Æcar para trás, o
presente mostra-nos sinais de
protelamento que vêm de dentro
das instituições e das regras que as
regem, bem como da vontade
política. Ou antes, da falta dela. Na
semana passada, os
eurodeputados conÆrmaram o
apoio ao acordo político Ærmado
em Dezembro entre os
Estados-membros para regular o
funcionamento dos Çuxos
migratórios. Um pacto que serve
de resposta a um problema de
ontem e que se arrisca a entrar em
vigor sem garantias de que sirva as
necessidades da altura, já que as
suas regras só começam a ser
aplicadas em 2026. Uma reforma
que precisou de três anos para
estar fechada e que só viu a luz do
dia porque a UE vai a eleições.
Para que o projecto europeu
prossiga e caminhe em direcção a
um futuro melhor, é necessário,
além da vontade política, uma
ligação forte e sólida dos cidadãos
à UE. No dia 9 de Junho veremos
como está essa relação.

CARTAS AO DIRECTOR
Citações e ironias
A propósito da discussão do
Programa do Governo, vi coisas
muito curiosas. Vi o partido que
boicotou Saramago a citar
Saramago. Vi o partido que nos
quer trazer de volta a mocidade
portuguesa e as mulheres para a
cozinha a citar Camões (e cesse
tudo que a antiga musa canta).
Agora cito eu sem ironia António
Aleixo. “P’ra mentira ser segura/ E
atingir profundidade/ Tem que
trazer à mistura/ Qualquer coisa de
verdade.” Agora citando a minha
avó: galinha gorda por pouco
dinheiro ou é choca ou foi roubada.
Eu até baseado no que me ensinou
minha avó não comprei esta
galinha, mas muitos compraram,
agora aguentem-se.
Quintino Silva, Paredes de Coura
IRS: os “embusteiros”
e os “distraídos”
O PSD e o Governo foram
embusteiros, isso foram, mas
então não houve ninguém – talvez
bastasse um estagiário – que
tivesse dado pelo engano doloso
sobre o “choque Æscal” que,
artiÆciosamente, “pariu um rato”?
Os dois primeiros anunciaram o
“choque Æscal” no período
eleitoral e na bancada do
Governo, e somente numa
entrevista à RTP é que um
jornalista “destapou” o embuste,
numa pergunta ao ministro da
Finanças. Antes, nem jornalistas,
nem PS, nem deputados da AR
deram por nada! AÆnal, as
“contas” reportavam a 2023, o PS
nem de si próprio “cuidou”, no
período eleitoral e na véspera do
“escândalo”, quando o deputado
Bernardo Blanc, da Iniciativa
Liberal, denunciou a “tramóia”
numa pergunta a Miranda
Sarmento. Desatentos estavam
também todos os outros
deputados que “assobiaram para
o lado” no hemiciclo. E, já agora,
todos nós — mais os que votaram
AD — que comeram “gato por
lebre”. E os jornalistas que me
desculpem, mas não Æcaram bem
na “fotograÆa”. Uma vergonha
para todos (todos, todos) nós!
Fernando Cardoso Rodrigues, Porto
A arte de criar casos
Durante a campanha eleitoral, a
AD prometeu reduzir a carga Æscal
do IRS em 1,5 mil milhões de euros,
em comparação com a de 2023,
como tinha sido sua proposta,
chumbada pelo PS, na discussão
do Orçamento. Certo? Este valor
inclui a redução então aprovada no
Orçamento do Estado apresentado
pelo PS, o que é agora
“interpretado” pela oposição e
pelos sequiosos media como um
embuste, deslealdade e ocultação
da parte da AD. Mas então onde
estiveram os partidos da oposição
durante a campanha eleitoral que
não questionaram sobre a
“enorme” redução supostamente
proposta, exigindo uma
clariÆcação, nem denunciaram tal
“embuste”? Assim se está criando
mais um “caso” que ocupa longas
horas de debates e que visa o
desgaste de todos. Francamente,
estamos fartos destes “casos e
casinhos”, reais ou artiÆciais; o que
queremos é que o Governo
governe, que cumpra o que
prometeu e que proporcione
melhores condições de vida, de
saúde, justiça e habitação. Vamos
ao que interessa e deixem-se de
enredos inúteis.
Isabel Ribeiro, Lisboa
Ainda os 1500 milhões
Muitos remoques caem sobre o
actual Governo da República por
ter prometido aquilo que, aÆnal,
tinha sido oferecido pelo Governo
anterior. O espantoso choque Æscal
anunciado por Montenegro na
campanha eleitoral era, aÆnal,
uma duvidosa habilidade retórica.
Este canto de sereia terá levado
muitos eleitores a depositar a cruz
do seu voto na aliança de direita,
permitindo-lhe desse modo a
ligeira vantagem que lhe conferiu a
vitória nas urnas.
Ai Jesus, que Montenegro mentiu!
Que desfaçatez, Montenegro
enganou, ludibriou, foi habilidoso,
quase maquiavélico...; da esquerda
à direita parlamentar todos apupam
o primeiro-ministro. Como de
costume, o eleitor, o zé, o grande
povo português, é poupado à
reprimenda. Quem orienta o voto
tendo por base promessas
meramente económicas recebe de
troco, exactamente, aquilo que
merece. Quem acredita que “tempo
é dinheiro” e sabe que “não há
almoços grátis”, quem não é de
direita nem de esquerda, é pragmá-
tico ao ponto de actuar sem conhe-
cer, quem, enÆm, anda neste mun-
do por interesse não tem grande
moral para se queixar quando as
coisas não correspondem ao seu
sonho dourado.
Rui Silvares, Cova da Piedade
PÚBLICO ERROU
A notícia relativa ao impacto da
declaração Dignitas InÆnita
emanada do Vaticano, publicada na
edição de ontem (páginas 16 e 17),
refere-se no título a uma nova
doutrina do Vaticano, o que não
corresponde à realidade, dado que
se trata de uma declaração
doutrinal que recupera enunciados
antigos e não necessariamente
Æxadores de novas doutrinas. É um
lapso relativamente ao qual a autora
do artigo foi totalmente alheia.

As cartas destinadas a esta secção têm de ser enviadas em exclusivo para o PÚBLICO e não devem exceder as 150 palavras (1000 caracteres). Devem indicar o nome, morada e contacto
telefónico do autor. Por razões de espaço e clareza, o PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e editar os textos e não prestará informação postal sobre eles cartasdirector@publico.pt

ESCRITO NA PEDRA O génio das cidades
A palavra
deixou de ter Ainda ontem
conteúdo e de
ter qualquer
coisa dentro, é
pronunciada
C
com uma Miguel Esteves Cardoso
leviandade total ada vez que venho ao Porto,
chego na melhor hora do dia, e o
José Saramago tempo está sempre perfeito para
ver a cidade. “Teve sorte”,
dizem-me as pessoas, “ainda
ontem estava horrível.” Mas eu já
não acredito. Se calhar, fui eu que arranjei
O NÚMERO maneira de me esquecer da beleza do Porto,
249
para voltar a Æcar deslumbrado quando cá
chego.
Mas como? O Porto não é exactamente a
cidade mais esquecível do mundo. Ou será
que fica mais bonita enquanto eu cá não
estou? Aproveitará a minha ausência para ir
fazendo umas plásticas com um cirurgião top,
como gostam de dizer aqui?
Ainda bem que o Porto e Lisboa fazem
Nas praias portuguesas, foram parte do mesmo país, porque seria uma
salvas 249 pessoas em três dias crueldade ser obrigado a escolher entre as
(12 a 14 de Abril), de acordo com duas cidades. E eu sou de Lisboa — o que não
a Autoridade Marítima Nacional faria se fosse do Porto?
ZOOM JAPÃO
Lutadores de sumo participam numa sessão de treino antes do torneio cerimonial “Honozumo” no Santuário Yasukuni,
em Tóquio
Mas depois lembrei-me do Rio de Janeiro, e
de Viana do Castelo, e de Amarante, e de
Ponte de Lima, e de uma série de cidades que,
só pelo prazer de moderar absurdamente a
linguagem, são bem situadas.
Será que os portugueses têm o génio das
cidades? Será que não são as aldeias, tão
bonitas e tão cantadas, que mostram melhor a
nossa alma criativa, mas as cidades?
Se pensarmos em todas as cidades
portuguesas, é muito mais fácil fazer uma lista
das feias do que estar a queimar as pestanas
para completar a lista das bonitas. Sei que me
vão apedrejar, mas Lisboa e Porto não são
cidades muito diferentes — não tenho
coragem para ser mais taxativo.
Pensamos que as fozes se prestam à magia,
mas há muitas cidades horrendas que
conseguiram desperdiçar essa magia.
(jornalista de dados); Ruben Martins, Inês Rocha (áudio); Joana Bougard (editora
Acontece o mesmo com os rios. Que têm de
especial o Douro e o Tejo? É o que se faz com
eles que interessa.
(subeditor), Ana Sá Lopes, São José Almeida (redactoras principais), Ana Bacelar
Se calhar, isto de os lisboetas viverem de
costas para o rio tem que se lhe diga. Será
mais uma manobra para garantir o
deslumbramento? Digo que o Porto está
lindo, e os meus amigos portuenses pensam
Alexandra Campos, Ana Cristina Pereira, Ana Dias Cordeiro, Ana Henriques, Ana
que estou a dizer mal de Lisboa. Também esta
rivalidade, que é cada vez mais Ængida e mais
doce, tem a vantagem de concentrar a nossa
atenção.
ISSEI KATO/REUTERS
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Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 7
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8 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Espaço público
Donas de casa e chefes de família
A
Amílcar Correia
direita ultraconservadora
aproveitou a nova governação
para se manifestar nas ruas de 12
cidades do país, pela revogação
da eutanásia, e para preparar
um recuo no acesso à
interrupção voluntária da gravidez. A
eventual repetição de um referendo ou a
alteração da lei, como defendeu na campanha
eleitoral Paulo Núncio, líder da bancada do
CDS, faz parte dos objectivos.
Este afã em restringir o direito ao aborto
contrasta com o que acontece noutros países
europeus. Polónia e França são bons
exemplos.
Até há pouco tempo um dos bastiões do
ultraconservadorismo europeu, a Polónia
está mais próxima do que nunca de uma lei de
liberalização do aborto (uma comissão
parlamentar vai debater quatro propostas de
lei nesse sentido) e da revogação da legislação
herdada do PiS, que limita o recurso ao aborto
a casos de violação, incesto ou apenas quando
a saúde da mulher está em risco.
Em França, Emmanuel Macron fez com que
aquele país se tornasse o primeiro do mundo
A Maçonaria, antes e depois de Abril
Q
Armindo Azevedo
uando Adelino da Palma Carlos,
famoso advogado e
assumidamente maçon, tomou
posse a 16 de Maio de 1974 no
cargo de primeiro-ministro do I
Governo Provisório, a Maçonaria
encontrava-se, paradoxalmente, à beira da
extinção. Palma Carlos era um entre apenas
uma centena de maçons em todo o país,
número exíguo esse fruto da publicação a 21
de Maio de 1935 da lei que ilegalizava e
dissolvia as alegadas “associações secretas” e
que levou Fernando Pessoa a defender
publicamente a Maçonaria.
Embora a Maçonaria se classifique como
“uma associação discreta” e não secreta,
tendo os seus membros toda a liberdade para
assumirem publicamente a condição de
maçons, foi alvo da perseguição permanente
a inscrever o direito ao aborto na
Constituição, por entender que o “corpo das
mulheres lhes pertence e ninguém tem direito
a dispor dele em vez delas”, e porque assim
garante que aquele direito não pode ser posto
em causa pelo primeiro reaccionário
misógino que se lembre disso.
Em sintonia com o caso francês e ciente das
crescentes restrições, o Parlamento Europeu
aprovou a inclusão de todos os direitos
sexuais e reprodutivos das mulheres, com o
direito ao aborto incluído, na Carta dos
Direitos Fundamentais da União Europeia.
Falta que o Conselho Europeu aprove a
recomendação dos eurodeputados. Mas nem
todos os governos reconhecem esses direitos,
e o português é um deles.
O primeiro-ministro está contra esse
reconhecimento porque, ao contrário do
Presidente francês, não acha que o corpo das
mulheres lhes pertença. Montenegro acha
que a “consagração como direito
fundamental da interrupção voluntária da
gravidez traz um desequilíbrio no
ordenamento jurídico, porque signiÆca que
dos dois direitos que estavam em conÇito
[direito à autodeterminação da mulher e o
direito à vida do nascituro], no Æm, vai
prevalecer integralmente apenas um, o que
signiÆca o desaparecimento do outro.”
Há uma direita misógina e retrógrada,
alimentada pelo fundamentalismo católico,
que se sente incentivada a sair das catacumbas
e que reúne parte do PSD, CDS e Chega. É essa
direita que defende a pertinência de criar o
estatuto legal e Æscal para a “mulher dona de
por parte da ditadura que via no modelo de
reunião e de fraternidade maçónico uma
ameaça para o regime autoritário. O Estado
corporativo de Salazar não era compaginável
com a existência de uma Maçonaria social e
proÆssionalmente transversal, tolerante,
igualitária e — por isso mesmo — disruptiva
aos olhos de um ditador desconÆado e avesso
a plataformas de diálogo, interno ou externo.
O longo período de opressão, sob Salazar
primeiro e Marcello Caetano depois, obrigou,
pois, ao “abater de colunas” das lojas
maçónicas, à paralisação das iniciações e a
reuniões clandestinas por parte dos poucos
maçons que ainda persistiam em juntar-se de
forma ativa, sob um manto de sigilo e perigo,
sendo muitos outros forçados ao exílio
fugindo à PIDE, que exercia uma vigilância
constante sobre os suspeitos de atividades
maçónicas, considerando-os inimigos do
regime.
O 25 de Abril de 1974 marcou assim uma
viragem decisiva para o renascimento das
cinzas da Maçonaria. O golpe de Estado que
derrubou a ditadura libertou o país de
décadas de repressão e permitiu que a
Maçonaria retomasse as suas atividades
abertamente, reconstruindo lojas e iniciando
novos membros. Se a Maçonaria existe, tal se
casa”, porque as mulheres são “mais
propensas” a estar em casa, porque efectuam
“actividades insubstituíveis” e porque, além
disso, a “maternidade é reservada às
mulheres”. Não tarda nada e estará a propor
que as mulheres não conduzam, assim como
não podem conduzir uma homilia, com o
argumento de serem mais propensas à
sinistralidade rodoviária. E que tal uma polícia
dos costumes?
Quem defende o estatuto legal da “dona de
casa” bem pode defender a
institucionalização da Ægura do chefe de
família e a dependência da mulher casada face
ao respectivo marido e, porque não?, sugerir,
até, o regresso ao Código Civil do Estado Novo.
Seria coerente com quem aÆrma, com
desfaçatez, que não gosta do 25 de Abril. Por
outras palavras, as de André Ventura, na
semana passada, no Parlamento, “já ninguém
quer saber do 25 de Abril”. E dos direitos das
mulheres?
Estes movimentos querem trocar a
Quem defende o estatuto
da ‘dona de casa’ bem
pode defender que se
institucionalize a Ägura
do chefe de família
deve às liberdades de associação e de
expressão recuperadas nessa madrugada de
há 50 anos, que agora tão justamente
celebramos através de múltiplos eventos e
homenagens.
Desde então, a Maçonaria em Portugal tem
vivido um período de crescimento e
renovação. Com mais de 3500 maçons
regulares espalhados por todo o território
nacional, demonstramos agora uma
vitalidade e uma relevância que não devem,
no entanto, fazer esquecer o período de
obscuridade e perseguição. Como os Irmãos
ucranianos, obrigados ao exílio com a
invasão russa, nos lembram, o totalitarismo
é nosso vizinho, à espreita, intolerante e
opressor.
Mesmo hoje, em democracia, sendo as lojas
maçónicas não mais do que locais de
encontro para homens de diversos estratos
sociais, unidos pelo desejo de se melhorarem
a si mesmos e à sociedade em que se inserem,
a Maçonaria enfrenta ainda preconceitos e
desconÆanças. Cinquenta anos após a
reconquista da liberdade, persistem visões
deturpadas sobre as atividades e os propósitos
da Maçonaria, alimentadas por estereótipos e
desconhecimento. Tais perceções ignoram o
papel construtivo que desempenhou e
cidadania pelo catolicismo e impor um
conceito de família redutor e repressivo, que
não é mais do que a limitação do papel e
direitos das mulheres e a exclusão de toda a
família que não encaixa no binómio da
heterossexualidade normativa. Fazem-no sem
embaraço, desonestamente.
Até a diocese de Leiria-Fátima se associa à
falsidade da conversão sexual de
homossexuais, que foi criminalizada com os
votos contra do PSD e Chega, como fez neste
Æm-de-semana, num congresso com o tema
“Homens e Mulheres de Verdade”, com base
na crença de que a homossexualidade é uma
perturbação psicológica.
Esta direita reage bem aos apelos de Pedro
Passos Coelho, porque responde bem ao
ressentimento, o que só pode assustar quer
Luís Montenegro, quer André Ventura. O
primeiro vai tentar o equilibrismo entre a
agenda conservadora com que se candidatou
e a agenda que aqui e acolá quer resgatar à
direita ultraconservadora. O segundo pode
ser relegado a um segundo plano pela entrada
em cena do ex-primeiro-ministro.
Passos Coelho tem tudo a seu favor para,
por pragmatismo ou ideologia, juntar a direita
que nos governa e a outra num processo de
reconÆguração, com a beatice da guerra
cultural contra os adversários da família e a
emancipação da mulher como
denominadores comuns. A regressão dos
direitos começa pela negação dos direitos das
mulheres. E tudo o resto vem a seguir.
Jornalista. Escreve à terça
continua a desempenhar na promoção de
valores éticos, na defesa da liberdade, da
tolerância e na luta pela justiça social.
Como escreveu A. H. de Oliveira Marques,
“estudar a Maçonaria do nosso país é o
mesmo que estudar a História de Portugal,
pelo menos a partir de 1817.” De um período
marcado pela perseguição e pelo medo até à
nossa aÆrmação como uma fraternidade
vibrante, a Maçonaria demonstrou sempre
uma capacidade notável para se adaptar,
mesmo nas circunstâncias mais adversas.
Representa, assim, um testemunho da força
dos ideais da liberdade, da igualdade e da
fraternidade, que sustentaram tanto o
espírito do nosso 25 de Abril, como da
Revolução Francesa ou da norte-americana.
O nosso legado e ação — internamente nos
nossos trabalhos ou solidariamente juntos da
sociedade civil — reÇetirão sempre as
qualidades de um país que aprendeu, com
Abril, a valorizar a diversidade das vozes na
riqueza do diálogo construtivo para o
desenvolvimento da cidadania e o assegurar
desse valor precioso que será sempre, acima
de todos os outros, o da liberdade.
Grão-mestre da Grande Loja Legal de
Portugal/Grande Loja Regular de Portugal

Elogio da sombra
Pedro Norton
Nesta comédia de enganos,
a tática do Governo para
este início de legislatura
começa a ficar
cristalinamente clara
1.
Não é todos os dias que acordo a
pensar que me revejo nas palavras
de Mariana Mortágua. Para já é só,
sosseguem, um ténue sinal. Mas se
o sintoma persistir um de nós dois
terá mesmo de se preocupar.
Espero, egoisticamente, que seja ela que está
a deixar encantar-se pelas muitas
virtualidades do liberalismo político. O que
sei de ciência certa é que a deputada tem
inteira razão: politicamente, vivemos num
“jogo de sombras”. E é disso que quero
verdadeiramente falar.
2. Nesta comédia de enganos, a tática do
Governo para este início de legislatura
começa a Æcar cristalinamente clara: os olhos
estão postos no próximo Orçamento do
Estado e no drama anunciado de uma crise
política. Não haverá, evidentemente,
qualquer retiÆcativo. Até porque a ideia, para
já, não é, verdadeiramente, governar. Não é a
hora das reformas ou das estratégias. O plano
é, tão-só, chegar a outubro com a simpatia
acrescida de alguns dos grupos mais
descontentes da sociedade (professores,
forças de segurança, jovens), com a conÆança
restaurada junto dos grupos mais céticos e
mais avessos a mudanças (pensionistas,
funcionários públicos) e sobretudo com a
imagem de um executivo que tenta dialogar,
fazer pontes e que se esforça para que o
deixem trabalhar. É nesta tática que se
inscreve a ideia — simbolicamente
interessante, mas não mais do que isso — de
acolher 60 medidas da oposição no
programa de Governo. É neste sentido que se
inscreve o afã de distribuir rapidamente as
poucas benesses para que haverá margem. É
também nesta tática que se inscreve uma
interpretação muito peculiar do que é o
sentido político das abstenções do PS nas
moções de rejeição e a tentativa do seu
condicionamento. O país Æca, por ora,
adiado.
3. Mas desenganem-se se acreditam que o
PS de Pedro Nuno Santos, por trás das
proclamações grandiloquentes e dos
arrebatamentos tonitruantes, joga um jogo
que possa ser considerado minimamente
transparente e sincero. O seu horizonte tático
é exatamente o mesmo. A sua única
preocupação é, em contraponto com a do
Governo, a de mitigar o custo político de uma
decisão que — espantosamente — já foi
proclamada avant la lettre: o chumbo do
Orçamento do Estado (o anúncio prematuro
dava aliás um tratado sobre sectarismo, mas
não é esse agora o ponto). Para isso, é preciso
dar sinais de responsabilidade e é preciso
Ængir disponibilidade para diálogos
construtivos. A ideia de desaÆar o Governo
para fazer passar, com o seu apoio, um
orçamento retiÆcativo à la carte, recheado de
boas notícias para os portugueses, mas
magicamente insulado das medidas menos
populares que serão sempre necessárias para
as viabilizar, é bem exempliÆcativo de quão
longe o PS parece estar disposto a ir neste
extraordinário jogo de sombras. E, já agora, é
ilustrativo da consideração que tem pela
nossa inteligência e capacidade de
discernimento.
4. Como se tudo isto não bastasse, eis que,
do nevoeiro, reemerge o fantasma de Pedro
Passos Coelho. Bem sei que o país passou a
semana a fazer debates acalorados sobre o
lugar da família tradicional e exegeses
profundas sobre a evolução do pensamento
político do ex-primeiro-ministro. Nem uma
coisa nem outra, confesso, me põem o
coração a palpitar ou me estimulam
particularmente o intelecto. Interessa-me,
sim, o sinal político então dado. E esse é
claríssimo: Pedro Passos Coelho não acredita
na sobrevivência do Governo, corre em pista
própria (o que dirão agora todos quantos
viram uma cínica articulação com
Montenegro nas declarações no Algarve?) e
quer liderar, depois da próxima crise que
acredita estar ao virar da esquina, uma
federação de direitas que não exclua o Chega
O que pensarão os
portugueses disto tudo?
Serão assim tão
distraídos que não
conseguem ver para
além do nevoeiro
e perceber o jogo
de sombras?
(ao contrário do que se possa pensar, a ideia
não pode ser do agrado de Ventura).
Também para ele (Passos) o horizonte parece
ser o Orçamento do Estado. Também ele
elegeu a tática de curto prazo como critério
de orientação política. Também ele escolheu
entrar no jogo de sombras. As conversas em
família são mero pretexto. A ideia é fazer
prova de vida. A ideia é poder vir a dizer: eu
avisei, estou aqui, e estou disponível para um
caminho alternativo.
5. Há duas maneiras de olhar para isto
tudo. A primeira é fazê-lo no tradicional
plano de análise política. Nesse comprimento
de onda não há como negar que todas estas
movimentações são divertidas e fascinantes.
Há, dos vários lados deste tabuleiro de xadrez
movediço, muita intuição e inteligência
tática. Luís Montenegro surpreende muitos
dos que o desconsideraram e move as peças
de forma disciplinada e coerente. Sabe
exatamente o que faz e executa com rigor um
plano bem delineado. Pedro Nuno Santos,
acossado e ainda a habituar-se a um papel
que é novo, dá sinais de que saber ler com
sagacidade as jogadas do adversário. Tenta
diminuir-lhes os efeitos e responder-lhes por
antecipação. Pedro Passos Coelho, que
apostou com mestria na gestão do silêncio,
tira agora pleno partido do efeito surpresa
das suas aparições. Só parece não ter
percebido que, inadvertidamente, elevou
Montenegro, que agradece, à condição de
grande defensor dos moderados.
Mas será que podemos e devemos
comprazer-nos nestas elucubrações
intelectuais? Por mais inteligentes e
soÆsticados que estes raciocínios e análises
nos façam parecer? É que se olharmos para
tudo isto com a preocupação exclusiva de ver
defendida a credibilidade e a solidez de um
regime demoliberal em que as negociações e
a busca de consensos não são mera
performance, mas são o próprio âmago do
regime, tudo parece, convenhamos,
francamente menos excitante. O que
pensarão os portugueses disto tudo? Serão
assim tão distraídos que não conseguem ver
para além do nevoeiro e perceber o jogo de
sombras? Não haverá aqui o risco de levar
este cinismo ensaiado longe demais? Não
haverá aqui o risco de os vários atores
políticos aparecerem cada vez mais, aos
olhos dos cidadãos, como entes plastiÆcados
que os tomam por tolos? Não se sentirá em
demasia o primado da tática e a ausência de
estratégia? Não será precisamente esta a
praxis que progressivamente afasta os
eleitores dos eleitos e silenciosamente vai
minando a conÆança no regime?
(*) Desta feita roubei o título a Junichiro
Tanizaki que, na imensidão particularíssima
da minha cabeceira, só encontra um rival à
altura em Yasunari Kawabata. O seu Elogio da
Sombra é um fascinante ensaio de 1933 sobre o
papel da sombra na estética tradicional
japonesa. Tenho bem consciência de que,
descrita assim, a obra parecerá francamente
indigesta. Mas vão por mim: é um livrinho
fundamental para (tentar) perceber um pouco
melhor esse lugar muito estranho que é o Japão.
Gestor
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 9
Há-de
aparecer
Fábrica
de Criadas
L
Afonso Cruz
embro-me de a minha mãe se ter
agarrado a mim a chorar, tinha eu
que idade? quatro ou cinco anos,
não tinha mais, de certeza que
não, pois aos seis fui para o asilo,
logo a seguir à morte dela. A minha
mãe tinha sabido nesse dia que a minha irmã,
a Esperança, não convidava os amigos para as
suas festas de aniversário com vergonha da
pobreza da casa, e a minha mãe, quando
percebeu isso, chorou agarrada a mim,
disse-me que ia ser rica, vou ser rica,
Sãozinha, ninguém vai ter vergonha de mim,
de nós, da nossa casa, mas morreu pouco
tempo depois, na praia, que situação tão
triste. Lembro-me bem de nesse dia à noite,
na cama, ouvir os passos dela pela casa, ela
também tinha diÆculdade em dormir, pudera,
a vida era muito difícil, e depois o mar levou-a
e ela nunca pôde ser rica, o que não seria fácil,
a pobreza é ciumenta, não gosta que a deixem
só, faz o possível por manter os seus pobres
debaixo da asa, a pobreza é uma mãe-galinha.
Devemos ser parecidas, eu e a minha mãe,
embora eu me tenha tornado uma mulher
independente e ela ter sido sempre o
contrário disso. Não sou rica como ela disse
querer ser, obviamente que não, muito longe
disso, mas já não sou como as mulheres
daquele tempo, e a minha Ælha muito menos,
até se licenciou, quem diria, como tudo isto
mudou!
A Alexandra ligou à São para saber se a Ana
estaria com ela, não, não está, respondeu a
São, o que se passa? Não sei, disse a
Alexandra, não vem a casa já há alguns dias e
ninguém sabe dela, nem os amigos nem os
colegas. Há-de aparecer, disse a São, e,
quando disse isto, a perna esquerda começou
a tremer. A frase “há-de aparecer” era a sua
forma de rejeitar a ideia duma tragédia,
empurrando-a, afastando-a de vista, há-de
aparecer, repetiu ela. Com o ex-namorado,
disse a Alexandra, também não consigo falar,
até fui à escola onde dá aulas, disseram-me
que está de baixa já há meses, se calhar ele e a
Ana juntaram-se outra vez, talvez tenham ido
viajar, mas porque não haveria ela de dizer
qualquer coisa, avisar-nos, em vez de
deixar-nos nesta ralação. Vou ligar à polícia,
aos hospitais... Há-de aparecer, interrompeu a
São, desligando o telefone.
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de Criadas os textos lidos pelo autor.
AFONSO
CRUZ
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10 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Política Programa de Estabilidade
Joaquim Miranda Sarmento
é ministro de Estado e das
Finanças
Governo vê
Sérgio Aníbal
Depois do excedente de 1,2% do pro-
duto interno bruto (PIB) conseguido
margem em 2023, o saldo orçamental positivo
este ano e no próximo já está reduzi-
do, num cenário em que não são
consideradas quaisquer novas medi-
orçamental das, a apenas 0,3% do PIB. As contas
são feitas no Programa de Estabilida-
de aprovado ontem e mostram que
reduzida
o Governo apenas está a contar com
uma margem de cerca de 800
milhões de euros para adoptar medi-
das que reduzam receita ou aumen-
a 800 milhões
tem a despesa.
Nos programas de estabilidade
apresentados no passado, os gover-
nos apresentavam as suas projecções
de euros
económicas e orçamentais tendo
como base as medidas que planeja-
vam adoptar ao longo dos quatro
anos seguintes. Este ano, contudo, o
documento é diferente.
Tendo em conta a circunstância de
entrarem em vigor este ano novas
regras orçamentais europeias, que
prevêem que os governos da União
Europeia (UE), incluindo o português,
Programa de Estabilidade projecta terão de passar a apresentar planos
orçamentais estruturais de médio
que, mesmo sem novas medidas, prazo até ao Ænal de Setembro, a
Comissão Europeia indicou aos vários
o excedente orçamental já cai de 1,2% governos que no Programa de Estabi-
lidade deste ano poderiam apenas
em 2023 para 0,3% do PIB em 2024 avançar com estimativas económicas
e orçamentais feitas num cenário de
políticas invariantes, isto é, sem que
sejam incluídas quaisquer novas
medidas.
A apresentação de um Programa
de Estabilidade sem novas medidas
já tinha sido assumida pelo ministro
da Presidência, António Leitão Ama-
ro, no momento da apresentação do
Programa do Governo no passado dia
10 de Abril. Deste modo, no docu-
mento ontem entregue ao Parlamen-
to, o Governo liderado por Luís Mon-
tenegro limita-se a traçar aquele que
seria o cenário para a economia por-
tuguesa e para as suas Ænanças públi-
cas, caso o executivo se limitasse a
fazer uma gestão corrente sem quais-
quer novas medidas.
Isto permite perceber qual é a mar-
gem com que o Governo está a contar
para poder aplicar novas medidas
com impacto orçamental sem que o
saldo das contas públicas caia em ter-
reno negativo, um objectivo assumi-
do pelo novo executivo.
300
milhões de euros é o valor
aproximado que o Governo
projecta ter de margem
orçamental em 2026
RUI GAUDÊNCIO
Assim, tanto para 2024 como para
2025, a projecção feita pelo Governo
é a de que o excedente orçamental
seja, num cenário de políticas inva-
riantes de 0,3% do PIB, uma percen-
tagem que corresponde, em montan-
te do PIB de 2024, a cerca de 800
milhões de euros.
Para 2026, a margem orçamental
prevista é ainda mais curta, de apenas
0,1% do PIB desse ano, o que repre-
senta um valor próximo de 300
milhões de euros.
O que isto signiÆca é que o Governo
não se vê com muito espaço de mano-
bra para, nos primeiros anos da legis-
latura, ir muito longe nas medidas
prometidas em campanha eleitoral e
que implicam aumentos de despesa,
como as actualizações salariais adi-
cionais para professores, proÆssio-
nais de saúde ou agentes de seguran-
ça, ou reduções da receita, com o
corte de taxas de imposto.
Logo neste ano, com 800 milhões
de euros de margem, o Governo está
a ponderar um corte adicional nas
taxas de IRS que não deverá ir muito
além dos 200 milhões de euros,
decepcionando quem estava à espera
que o corte de 1500 milhões de euros
anunciado por Luís Montenegro não
incluísse aÆnal o corte de 1300
milhões já introduzido pelo anterior
Governo no OE 2024. O montante
exacto do corte a realizar agora no

IRS será anunciado na sexta-feira a
seguir ao Conselho de Ministros em
que essa proposta será aprovada pelo
Governo para ser enviada para o Par-
lamento.
No Programa de Estabilidade, a
margem orçamental assumida pelo
Governo é menor do que a que foi
estimada pelo Conselho das Finanças
Públicas (CFP) num exercício seme-
lhante realizado na semana passada.
O CFP está a apontar para que, sem
novas medidas, se registe um exce-
dente este ano e no próximo de 0,5%
e 0,6% do PIB, respectivamente.
No que diz respeito à dívida públi-
ca, a projecção agora realizada é a de
que, sem medidas, o rácio em relação
ao PIB mantenha uma trajectória des-
cendente, a um ritmo próximo de
quatro pontos percentuais ao ano,
passando-se de uma dívida pública
de 99,1% do PIB em 2023 para 79,8%
em 2028.
O Programa de Estabilidade projec-
ta ainda que, no que diz respeito ao
crescimento da economia, Portugal
se Æque, num cenário de políticas
invariantes, por uma variação do PIB
de 1,5% este ano, um valor idêntico ao
projectado no OE 2024, acelerando
em 2025 para 1,9% e em 2026 para
2%, mas mantendo-se depois em valo-
res de crescimento inferiores a 2%.
Recorde-se que a AD, no seu pro-
grama eleitoral, antecipa que as medi-
das que serão tomadas pelo Governo
vão colocar a economia portuguesa
a crescer a um ritmo próximo de 3,5%
em 2028, acreditando que, por essa
via, será possível baixar impostos sem
pôr em causa as metas de consolida-
ção das Ænanças públicas.
Só em Setembro
No entanto, para se saber exactamen-
te o que é que o novo executivo vai
assumir como objectivos para a evo-
lução da economia portuguesa e das
suas Ænanças públicas — neste caso já
com o impacto das novas medidas
que pretende implementar —, será
preciso esperar mais de cinco
meses.
Será só no Ænal do próximo mês de
Setembro que o Governo entregará,
após negociar com Bruxelas os limites
para a evolução da despesa e da recei-
ta que permitem ao país cumprir as
novas regras orçamentais europeias,
o seu plano orçamental estrutural de
médio prazo. Nesse plano, para além
de estar limitado pela intenção, já assu-
mida, de manter uma situação orça-
mental equilibrada, o Governo será
também forçado pelas novas regras a
cumprir um limite anual de crescimen-
to da despesa primária líquida.
Este é o indicador de referência nas
novas regras orçamentais europeias,
que retira ao valor da despesa pública
as despesas com juros, as despesas de
carácter extraordinário e os investi-
mentos co-Ænanciados pela UE, des-
contando-se as alterações na receita
que sejam motivadas por medidas
tomadas pelo Governo, como um
corte das taxas dos impostos.
Liberais pedem que programa inclua medidas da AD
Partidos querem ver promessas eleitorais no plano
de estabilidade e Iniciativa Liberal força votação
Maria Lopes
Oposição critica
Montenegro por não ter
incluído no programa que
vai enviar a Bruxelas o
cenário macroeconómico
À direita e à esquerda, o Programa de
Estabilidade ontem entregue na
Assembleia da República motiva crí-
ticas, que vão do “irrelevante” à “fal-
ta de transparência”, passando pela
“falta de ambição” e fuga “à calenda-
rização e às contas”. Em suma, por-
que se trata de uma replicação do
programa elaborado pelo PS sem que
o novo ministro das Finanças, Joa-
quim Miranda Sarmento, incluísse no
documento o cenário macroeconó-
mico com que a AD se apresentou às
legislativas de Março. Apenas o CDS-
PP elogiou o facto de o Governo ter
mostrado “respeito” pela lei de
enquadramento orçamental e pelo
Parlamento ao entregar um docu-
mento quando, aÆnal, diz o partido,
não estava obrigado a fazê-lo. Três
partidos anunciaram a apresentação
de projectos de resolução e o da IL
recomenda a inclusão do cenário
macroeconómico da Aliança Demo-
crática.
Em declarações aos jornalistas, o
líder parlamentar centrista Paulo
Núncio realçou que, com a alteração
das regras orçamentais europeias, “o
Governo poderia ter-se limitado a
apresentar, à Comissão Europeia, as
duas tabelas de execução do PRR,
não um programa de estabilidade”.
“Este é um programa em políticas
invariantes; não inclui ainda qualquer
medida do actual Governo, porque
só iniciará em Junho as negociações
com a Comissão Europeia para a apli-
cação das novas regras orçamentais
a Portugal. E só em Setembro apre-
sentará à Comissão um programa
actualizado com o novo cenário
macroeconómico e as medidas do
Governo.”
O deputado do CDS-PP destoou do
resto da direita. A líder parlamentar
da Iniciativa Liberal (IL) Mariana Lei-
tão lamentou que o documento ape-
nas incorpore as políticas do PS em
execução. E questionou se a falta de
incorporação das medidas do novo
Governo foi “por falta de tempo”, por
“uma questão de impreparação”, se
Luís Montenegro passou “a conÆar
nas medidas do PS que tanto criticava
em vez de conÆar nas suas” e tam-
bém se o agora ministro das Finanças
perdeu a conÆança no cenário
macroeconómico que o próprio fez
para o programa eleitoral. A deputa-
da liberal anunciou que a IL vai apre-
sentar um projecto que recomenda
que seja incluído no documento o
cenário macroeconómico que a AD
apresentou no seu programa eleito-
ral.
André Ventura acompanhou as
críticas e aÆrmou que, por isso, o pro-
grama “tem pouco relevo político”.
Mas salientou que o plano “acaba por
rever em baixa quer os níveis de exce-
dente orçamental para os próximos
anos quer as metas do crescimento
económico previstas no programa
eleitoral da AD (2,5% para 2025). O
Governo revela menos ambição que
o desejado e esperado”. Além disso,
o presidente do Chega diz que se
“assume um cenário optimista na
inÇação que não se sabe se se vai con-
cretizar devido ao contexto interna-
cional, com a escalada do conÇito no
Médio Oriente, e a previsível subida
do preço dos combustíveis, que terá
efeitos a jusante sobre a economia”.
PS analisa o seu programa
O secretário-geral Pedro Nuno Santos
disse que o PS ainda precisa de “tem-
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 11
po para analisar” o documento por-
que “os últimos dias mostram ser
preciso todo o cuidado com tudo o
que o Governo apresenta. Pode-se ser
surpreendido mais à frente”. “O Pro-
grama de Estabilidade nem sequer
Os últimos dias reÇecte o que era o Programa do
mostram ser Governo (...), nem o que apresentou
na campanha ou o que quer fazer.”
preciso todo o Pelo PCP, o deputado António Fili-
cuidado com tudo pe classiÆca o documento de “relati-
vamente irrelevante”, uma vez que
o que o Governo terá de ser substituído por outro
apresenta. Pode-se pouco antes da proposta do Orça-
mento do Estado para 2025. “O pro-
ser surpreendido grama aponta para um crescimento
mais à frente anémico da economia à custa da fal-
Pedro Nuno Santos ta de resolução dos grandes proble-
Secretário-geral do PS mas, de um investimento público
diminuto, e representa a continua-
ção da submissão às exigências da
União Europeia”, acrescentou o
comunista.
O deputado António Filipe (PCP) O deputado do Livre Paulo Mua-
fala num plano “relativamente cho defendeu que parte dos exce-
irrelevante” e a líder da bancada dentes orçamentais previstos devem
da IL, Mariana Leitão, criticou ser “usados para diminuir a dívida
ausência das medidas — e as novas regras europeias tam-
do Governo no programa bém o prevêem em pelo menos 1
DANIEL ROCHA
ponto percentual ao ano, mas é pre-
ciso que o Governo, a Assembleia da
República e fora dela, se promova
esse debate”.
Por isso, o Livre vai reapresentar
um projecto de resolução para um
compromisso de equidade de inves-
timento, em que o Governo tenha
critérios claros sobre como usar o
excedente nas infra-estruturas, ferro-
via, hospitais e escolas públicas, ser-
viços públicos, recuperação do poder
de compra dos portugueses e na
modernização da administração
pública.
O bloquista Fabian Figueiredo cri-
tica a falta de “calendários e contas”
e o facto de não concretizar as pro-
messas eleitorais a professores, médi-
cos, oÆciais de justiça. Para além de
RUI GAUDÊNCIO
o programa laborar “no equívoco” de
que a produtividade precisa de
aumentar para os salários poderem
aumentar, lembrando um estudo da
OCDE que aÆrma que os salários
nacionais “crescem menos que a pro-
dutividade” há muito anos.
Pelo PAN, Inês de Sousa Real
lamenta que não estejam previstas
quaisquer mudanças na “qualidade
de vida dos portugueses” e que o
documento seja “muito pouco ambi-
cioso em matéria ambiental”, já que
nem inclui “as recomendações do
Tribunal de Contas para o cumpri-
mento da Agenda 2030 para o Desen-
volvimento Sustentável”.
O PAN vai propor projectos de
resolução com propostas para refor-
çar o programa.
12 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Política
Especialistas dividem-se entre “problema
político” e “habilidade” no anúncio do IRS
Liliana Borges
Sem “estado de graça”,
Governo sob escrutínio
depois de o “choque fiscal”
ter sido desinsuflado até
pela própria direita
Com menos de uma semana em “ple-
nitude de funções”, o executivo de
Luís Montenegro “não usufruiu de
estado de graça”. Depois de a propos-
ta do Complemento Solidário para
Idosos (CSI) ter gerado dúvidas ainda
antes da campanha eleitoral, a dimen-
são da redução do IRS também se
revelou pouco clara e tornou-se ter-
reno fértil para as primeiras críticas
ao Governo. O PÚBLICO falou com
dois especialistas em comunicação
política, para quem estamos perante
um “problema político” ou uma mera
“habilidade”. Embora nenhum fale
numa “intenção” declarada, o dia-
gnóstico ao arranque da comunica-
ção do executivo não é positivo. Mas
há receitas para melhorar.
A confusão no IRS não é um caso
isolado. No congresso do PSD, Mon-
tenegro anunciou que, “até 2028, o
rendimento mínimo garantido dos
pensionistas portugueses” passaria
“a ser de 820 euros”. Um dia depois
os sociais-democratas esclareceram
que a medida não se aplicava aos dois
milhões de pensionistas que ganham
abaixo desse valor, mas apenas aos
130 mil que já recebem o CSI.
Já a discussão em torno do IRS sur-
giu depois de, na semana passada,
durante a discussão do Programa do
Governo, o primeiro-ministro Luís
Montenegro ter falado num corte de
IRS de 1500 milhões de euros face a
2023. Depois, a Iniciativa Liberal
questionou o ministro das Finanças
sobre a questão, mas Joaquim Miran-
da Sarmento foi evasivo. Miranda
Sarmento esclareceu depois, em
entrevista à RTP, que em causa está
um corte de 200 milhões de euros a
somar aos 1300 milhões que o ante-
rior Governo já tinha aprovado no
Orçamento deste ano. Seguiu-se um
comunicado do Governo a garantir
que a descida do IRS anunciada por
Montenegro “é factualmente verda-
deira e indesmentível”.
A generalidade da oposição falou
num “embuste”, mas Æca a dúvida
sobre se estará em causa sobretudo
um problema de comunicação de um
primeiro-ministro que tem primado
pelo silêncio. Uma das estratégias
deste Governo tem sido “não comu-
nicar muito”, analisa Felisbela Lopes,
professora de Jornalismo na Univer-
sidade do Minho. “Tem sido parco na
Um líder deve
ser um bom
gestor de
expectativas.
Foi exactamente
o que falhou
Rui Calafate
Consultor de comunicação
IRS
Corte foi aumentando com despique entre PS e PSD
As contas em torno do IRS são ante-
riores à campanha e já sofreram
vários ajustes, com PS e PSD a com-
petirem para ver quem tinha a maior
redução Æscal. Se o plano inicial de
Fernando Medina apresentado em
Abril de 2023 consistia num “desa-
gravamento Æscal” a rondar os 2000
milhões de euros até 2027, António
Costa dizia, até à discussão do Orça-
palavra com os jornalistas”, nota a
investigadora. “É uma estratégia de
que nos demos conta desde a tomada
de posse até ao Programa [do Gover-
no]. Não houve muitas declarações.”
E se isso pode ser “natural” por parte
de ministros, não é “tão expectável
por parte do primeiro-ministro”.
Para Felisbela Lopes, tendo em
conta o “equilíbrio precário” no Par-
lamento, era necessária “uma comu-
nicação mais presente e regular do
que foi até então”. Porém, a estratégia
“é contrária”.
“Pôr o melhor a falar”
Apesar de o ministro da Coesão Ter-
ritorial, Manuel Castro Almeida, ter
admitido “ambiguidade” na forma
como a mensagem foi transmitida,
Felisbela Lopes considera que a situa-
ção é “má” porque se trata “da deci-
mento do Estado deste ano, que,
nesse total, estava previsto um
impacto de 525 milhões em 2024.
Em Agosto, no Pontal, Luís Mon-
tenegro propôs a redução das taxas
de IRS em oito dos nove escalões,
reduzindo o IRS em cerca de 1200
milhões de euros, com efeitos ainda
em 2023, o que levou o Governo a
refazer as contas. A proposta foi
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
são principal” a tomar pelo Governo
e, portanto, devia ter sido “explicada
da melhor forma possível, até porque
houve oportunidade de ter uma expli-
cação mais detalhada”. As perguntas
vindas da bancada da IL, uma banca-
da “amigável”, foram “uma oportu-
nidade que não foi aproveitada” e
mostraram que o problema “está a
montante do que é a comunicação”.
É “um problema político”, avalia.
E isso poderá ser perigoso num
contexto em que “o interruptor que
está na bancada do PS e do Chega
pode ser accionado a qualquer
momento e o Governo cai”. Para já,
os dois partidos apresentaram, res-
pectivamente, um pedido de debate
de urgência e um requerimento para
uma comissão de inquérito. Ainda
assim, vinca Felisbela Lopes, foi “a IL
que fez o maior estrago”, quando o
debatida em Setembro no Parlamen-
to, mas foi chumbada pelo PS. Sema-
nas depois, na apresentação do
Orçamento, o Governo duplicou a
dimensão da redução que tinha pre-
vista: do corte de 525 milhões passou
para 1327 milhões de euros.
Na campanha eleitoral, a AD pro-
meteu um “choque Æscal”, com Luís
Montenegro a referir “1500 milhões
deputado Bernardo Blanco pergun-
tou se a “grande descida de IRS que o
Governo vai fazer são apenas 173
milhões, em relação ao que o PS já ia
fazer”. O ministro das Finanças não
respondeu directamente, dizendo
apenas que a prioridade do Governo
era a redução da carga Æscal.
Rui Calafate, especialista em comu-
nicação política e ex-adjunto de Pedro
Santana Lopes, considera que um
Governo que é “instável politicamen-
te tem de pôr o melhor da sua comu-
nicação a falar”. Uma das soluções,
aponta, seria recorrer ao ministro dos
Assuntos Parlamentares, Pedro Duar-
te, e pô-lo ao lado do ministro da Pre-
sidência, António Leitão Amaro, nos
briefings do Conselho de Ministros.
Para Calafate, o erro de Montene-
gro foi desanimar os portugueses.
“Um líder deve ser um bom gestor de
expectativas. Foi exactamente o que
falhou”, resume. Calafate recorre a
um adjectivo repetidamente usado
pelo PSD para atacar António Costa
ao dizer que “o Governo foi habilido-
so”. No entanto, foi uma “habilidade
que caiu por terra”, admite.
Com este arranque, “o Governo
Æca manco aos olhos dos portugue-
ses”, diz Calafate. Em alternativa,
“bastava ter dito, de forma clara, cris-
talina, que para lá do corte de 1327
milhões de euros, o PSD iria fazer um
corte adicional de mais 200 milhões”.
Com esta percepção, “as pessoas Æca-
vam satisfeitas”, acredita Calafate.
“Criou-se o cenário contrário.”
Os dois especialistas concordam
que, doravante, o Governo deverá
“ter mais disponibilidade para comu-
nicar com os jornalistas”, até porque
o executivo ainda está “a montar a
sua equipa” e há gabinetes de comu-
nicação incompletos. Nas palavras
deste antigo adjunto político de um
ex-primeiro-ministro social-democra-
ta, “o pecado original do PSD a gover-
nar é a comunicação”.
de euros” de alívio Æscal face a 2023,
sem referir que acumulava com o
corte já em vigor. O mesmo que refe-
riu na apresentação do Programa do
Governo. No texto lê-se apenas:
“Redução do IRS para os contribuin-
tes até ao 8.º escalão, através da redu-
ção de taxas marginais entre 0,5 e 3
pontos percentuais face a 2023, com
enfoque na classe média.” L.B.

“Precisamos de um programa de emergência
Ɗscal que baixe os impostos”
Entrevista
Luciano Alvarez
Inês Sousa Real Porta-voz
do PAN diz que país não
pode “desperdiçar votos”
e insiste na criação de um
círculo de compensação
Inês Sousa Real, porta-voz do PAN,
vai insistir nesta legislatura na
criação de um círculo eleitoral de
compensação nacional que
aproveite os votos que não servem
para eleger nenhum deputado.
Acredita mesmo que este círculo
garantirá uma “representação mais
robustecida daquilo que é o sentir
e a vontade dos eleitores”.
Em entrevista ao PÚBLICO, a
deputada única defende a
premência de um programa que
baixe a carga fiscal e salienta ser
preciso responder às reclamações
das forças de segurança. Aposta
ainda como prioridades para esta
legislatura a ferrovia, encontrar
soluções para melhorar os sectores
da saúde e habitação e a protecção
animal. Sobre as críticas internas de
que tem sido alvo, diz que fazem
parte da vida partidária.
Na eleição legislativa de 10 de
Março, o PAN tinha como
objectivo aumentar o número de
deputados. Voltou a ter só um
deputado. Que explicação tem
para este facto?
O PAN Æcou muito perto de
conseguir eleger um grupo
parlamentar. Ficámos a 800 votos
de, no Porto, conseguir eleger a
Anabela Castro como deputada e
assim conseguirmos um grupo
parlamentar. Efectivamente, seja
por força da diminuição da
abstenção, seja também pela forma
como está o nosso sistema eleitoral
construído, não obtivemos um
grupo parlamentar, apesar de
termos tido mais de 126 mil votos.
É por isso que o PAN defende a
criação um círculo de
compensação, que “aproveite”
os votos que não elegem?
É absolutamente fundamental ter
um círculo de compensação. O PAN
defende, e já tinha apresentado na
legislatura passada essa mesma
proposta, porque não podemos
continuadamente ter milhares de
votos que são, de alguma forma,
desperdiçados e que não
contribuem para a eleição de
nenhum deputado, não havendo
assim uma representação mais
robustecida daquilo que é o sentir e
a vontade dos eleitores. A verdade é
que nós sabemos que, sobretudo, os
grupos parlamentares com menor
representação teriam uma
representação mais equilibrada e
justa, mais próxima da vontade dos
eleitores, e isso permitiria, acima de
tudo, dar mais força às causas que
representamos na Assembleia da
República.
Que expectativas tem para esta
legislatura?
Temos mais do que uma guerra às
portas da Europa, seja agora com a
Não podemos
continuadamente
ter milhares
de votos que são,
de alguma forma,
desperdiçados
Dialogar
com a oposição
é dialogar
com o país
situação que se vive na Faixa de
Gaza, seja na Ucrânia, e que está a
ter um impacto na qualidade de
vida das pessoas muito danoso, seja
no aumento do custo de vida, seja
no aumento da inÇação, das taxas
de juros. É por isso que para o PAN é
fundamental conseguirmos,
mesmo neste contexto de
instabilidade política, fazer avançar
medidas, como um programa, por
exemplo, de emergência Æscal, que
baixe os impostos, algo que já vimos
a propor há dois anos, quando
começou a galopar a inÇação.
Além desta medida, que outras
considera fundamentais aprovar
nesta legislatura?
Precisamos de garantir este
programa de emergência Æscal,
precisamos de garantir, também,
uma regulamentação da Lei de
Bases do Clima e articulá-la com as
várias dimensões da governação,
porque não podemos continuar a
ter uma agricultura que não anda de
mãos dadas com o combate à crise
climática.
É também preciso uma
mobilidade e uns transportes
públicos em que as pessoas
consigam ter qualidade de vida no
seu dia-a-dia. Porque precisam
desses transportes para [se
deslocarem para] o seu trabalho e
ganhar tempo e qualidade de vida.
Mas também não estamos a
descarbonizar a economia. Por
outro lado, não devemos centrar as
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 13
RUI GAUDÊNCIO
discussões da mobilidade e das
infra-estruturas em aeroportos, e
falarmos de ferrovia, de
ordenamento do território, isto
tudo na dimensão da
regulamentação da Lei de Bases do
Clima. Numa matéria que é muito
cara ao PAN, precisamos de garantir
a protecção animal.
Temos um Governo sem maioria
absoluta e um Parlamento muito
diverso em termos partidários.
Acredita que este Governo tem
condições para chegar até ao
final da legislatura?
Acho que, acima de tudo, cabe a
Luís Montenegro garantir que tem
essas condições e recordo que o
PAN apelou e desaÆou Luís
Montenegro para ser dialogante e
não se fechar sobre o seu monólogo.
Dialogar com a oposição é dialogar
com o país.
Onde era prioritário aplicar o
famoso excedente orçamental?
Temos de garantir a valorização das
carreiras e também, por exemplo,
olhar para reivindicações de forças
como a GNR, a PSP, os bombeiros,
relativamente aos subsídios de risco
e de missão, ou até mesmo para a
reforma antecipada. Por outro lado,
é fundamental apostarmos mais
fortemente na ferrovia e no plano
nacional ferroviário, para
garantirmos que, por exemplo,
quando estamos a falar dos apoios
sociais às famílias, o passe gratuito,
que é uma medida absolutamente
Política
estruturante para combater as
alterações climáticas e garantir
maior qualidade de vida para as
famílias. E tem de se apostar na
saúde e na habitação, quer do ponto
de vista da oferta pública,
garantindo que o património do
Estado é colocado ao serviço da
população, quer no mercado de
arrendamento acessível.
Nos últimos tempos, o PAN viu
vários militantes deixarem o
partido ou manifestarem críticas
às políticas por si seguidas.
Como é que explica esta situação
que o PAN está a viver?
Nós já vimos esse fenómeno
também noutros partidos, em que
as pessoas saíram zangadas com as
suas forças políticas e até
integraram depois outras forças
políticas que até criticavam antes.
Faz parte da democracia interna
dos partidos em que nem todos
partilham a mesma visão, mas essa
saída só denota a falta de
compromisso que tinham com o
próprio projecto político. O que não
deixa de ser lamentável,
considerando que o PAN, sob a
égide da minha direcção, enquanto
porta-voz, mas também enquanto
deputada única, foi de facto a força
política que mais conquistas tem
conseguido na Assembleia da
República.
A aliança que o PAN fez com o
PSD na Madeira contribuiu
também para algum
descontentamento no partido?
Aquilo que o PAN fez foi
precisamente garantir que os
portugueses não estavam reféns
nem de uma maioria absoluta, nem
de alianças com forças políticas
antidemocráticas. Fizemos avançar
as nossas causas. Não aceito que
haja esse tipo de críticas que são
manifestamente infundadas.
Vamos ter eleições antecipadas
na Madeira. Voltava a repetir um
acordo pós-eleitoral com o PSD?
As circunstâncias actuais são
completamente diferentes. Este
mandato foi interrompido, como
sabemos, pela investigação criminal
que está em curso, o que faz com
que as circunstâncias sejam
completamente diferentes. Essa
avaliação terá de ser feita pela
estrutura a nível regional, num
contexto pós-eleitoral, e tendo em
conta aquilo que seja o programa do
governo regional, mas também,
como bem sabemos, daquilo que
também seja a composição
parlamentar e tendo presente
aquilo que são as causas que o PAN
representa.
14 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024

Sociedade Julgamento da Operação Marquês

Caso Sócrates: prescrição da falsiƊcação

associada à casa de Paris é quase certa
Crime imputado ao antigo primeiro-ministro extingue-se em Agosto. Esta parte do processo voltou
à instrução. Evitar prescrição implicava nova instrução e julgamento com condenação em quatro meses
RODRIGO ANTUNES/EPA

Mariana Oliveira
É quase certa a prescrição do crime
de falsiÆcação de documento por cau-
sa do alegado arrendamento Æctício
da casa de Paris, onde o ex-primeiro-
ministro José Sócrates viveu entre
Setembro de 2012 e Julho de 2013. A
extinção deste crime ocorre em Agos-
to deste ano e só seria evitável se, até
lá, houvesse uma condenação, o que
é praticamente impossível.
Isso porque esta parte da Operação
Marquês, relativa aos 12 crimes por
que o juiz Ivo Rosa mandou julgar
José Sócrates e o seu alegado testa-de-
-ferro Carlos Santos Silva, foi invalida-
da em Ænais do mês passado pelo
Tribunal da Relação de Lisboa e vol-
tou à fase de instrução.
Ou seja, um novo juiz de instrução
terá de analisar esta parte do caso e
decidir se há indícios suÆcientes
para levar os dois arguidos a julga-
mento (mas apenas quanto a estes
12 crimes: cada um, por três crimes
de falsiÆcação de documento e
outros três de branqueamento de
capitais). Só depois disso, e se o Tri-
bunal Central de Instrução Criminal
decidir que Sócrates e Santos Silva
devem ser julgados por esses crimes,
é que se passa à fase seguinte: o jul-
gamento. Depois seria necessário
uma condenação em tempo recorde. Antigo primeiro-ministro rumou a Paris para estudar, em 2011
Para evitar a prescrição seria neces-
sário que tudo isto acontecesse em Segundo a tese do MP, os 232 metros -primeiro-ministro rumou a Paris, atrasos da remodelação. A tensão Presidente Wilson. A 3 de Fevereiro
menos de quatro meses. quadrados do primeiro direito do nº. primeiro para fazer uma pós-gradua- decorria do facto de SoÆa Fava e o Ælho de 2014, o português dá conta ao cole-
Várias pessoas ligadas ao caso con- 15 da Avenida Presidente Wilson, a ção e de seguida o mestrado no Insti- estarem a viver desde Ænal de Agosto ga francês de que o arrendamento
Ærmaram ao PÚBLICO que a prescri- escassos 500 metros da Praça do Tro- tuto de Estudos Políticos de Paris num aparthotel. A ideia era que as terá início a 1 de Janeiro do ano ante-
ção desta falsiÆcação de documento cadero, que Æca em frente à Torre (conhecido como Sciences Po). obras acabassem o mais rapidamente rior e terminará a 31 de Julho de 2013.
ocorre em Agosto porque o crime é Eièel, em Paris, foram comprados por Segundo a acusação, a 31 de Agosto possível para se poderem instalar no Ou seja, o contrato estava a ser redi-
punido com uma pena de prisão até Sócrates no último dia de Agosto de de 2012 Sócrates estaria em Paris e apartamento perto da Torre Eièel. gido para um período que já tinha
três anos, o que condiciona o prazo 2012. Apesar de a acusação sustentar gastou 7000 euros numa única loja No entanto, tudo terá mudado a 3 passado. O valor da renda do aparta-
de prescrição. que Sócrates era o dono do aparta- de artigos de decoração. Nas duas de Janeiro quando uma jornalista do mento rondaria os 5000 euros men-
Há mais outros dois crimes de fal- mento, o mesmo Æcou em nome do semanas seguintes despenderia mais Correio da Manhã contactou Sócra- sais, precisava igualmente. Passados
siÆcação em risco de prescrição. Um seu amigo Carlos Santos Silva, que for- 73.700 euros, essencialmente em tes para o confrontar com o facto de dois dias, Gonçalo Ferreira informa o
é relativo aos contratos — simulados, malmente foi quem desembolsou os mobiliário. Antes disso, já pagara 30 o jornal ter tido conhecimento de advogado francês de que o inquilino
na versão do Ministério Público (MP) 2,6 milhões que a habitação custou. mil euros aos antigos donos da casa que o seu amigo Carlos Santos Silva é José Sócrates e envia os respectivos
— assinados entre o professor univer- Sócrates, que nessa altura já vivia por alguns móveis que Æcaram no havia comprado três imóveis à sua dados. Já o valor da renda desce, em
sitário Domingos Farinho e a mulher em Paris, ocupou de facto a casa apartamento. mãe Maria Adelaide, incluindo o apenas dois dias, para 3000 euros.
deste com uma empresa de Santos logo a seguir à escritura. Mas insiste Em Abril de 2013, Sócrates terá apartamento da rua Braamcamp, a “Muito embora as minutas tenham
Silva para o docente ajudar na redac- que foi apenas um empréstimo. decidido fazer obras no imóvel. Terá sua residência em Lisboa. Sócrates sido enviadas em 05.02.2014, confor-
ção e revisão da tese de mestrado de Recorde-se que, ainda em 2011, o ex- sido o ex-primeiro-ministro a reunir- terá tido receio, segundo a versão do me combinado entre os arguidos
Sócrates. Este ilícito prescreve em -se várias vezes com o arquitecto res- MP, de que se descobrisse a compra Carlos Santos Silva, José Sócrates e
Abril do próximo ano. ponsável pela reabilitação da casa e a da casa de Paris e desistiu de regres- Gonçalo Trindade, foi aposta no con-
O outro crime de falsiÆcação dirá
Há mais dois sua ex-mulher, que foi viver com o sar àquele imóvel. trato, pelas razões já expostas, uma
respeito a dois contratos Æctícios assi- crimes de Ælho mais novo para Paris, a Æscalizar É já em Ænal de Janeiro de 2014 que data da celebração do mesmo que
nados com a mesma Ærma, a RMF o andamento das obras. um colaborador de Santos Silva, o não corresponde à realidade: ‘Feito
Consulting, um com o autor do blo-
falsiÄcação em O regresso a Paris no início de 2014 advogado Gonçalo Trindade Ferreira, em Paris em 30.12.2012’”, lê-se na acu-
gue Câmara Corporativa que prestaria risco de prescrição fora amplamente discutido entre troca vários emails com um advogado sação. O MP diz que o objectivo deste
serviços ao ex-primeiro-ministro e Sócrates, a ex-mulher e Santos Silva, francês, pedindo-lhe, entre outras contrato Æccionado era impedir que
outro com o Ælho deste, um ilícito que
— em Abril e em já que os dois primeiros se mostravam coisas, que elabore um contrato de a comunicação social associasse a
prescreve em Julho do próximo ano. Julho de 2025 muito incomodados com os alegados arrendamento do imóvel da Avenida casa de Paris a Sócrates.

Professores têm mais dois dias
para se candidatarem ao concurso
Cristiana Faria Moreira
Ministério confirmou
“um elevado acesso”
à plataforma de
candidatura e onde têm
sido detectadas falhas
O Ministério da Educação, Ciência e
Inovação (MECI) acedeu ao pedido
feito pelos sindicatos e prolongou o
prazo de candidaturas aos concursos
interno e externo de docentes por
mais 48 horas. Os professores têm,
assim, até às 18h de quinta-feira, 18
de Abril, para apresentarem a sua
candidatura.
Devido aos “diversos problemas
técnicos” com que os professores se
têm deparado na plataforma onde se
candidatam aos concursos de docen-
tes, a Federação Nacional da Educa-
ção (FNE) e a Federação Nacional dos
Professores (Fenprof ) escreveram
ontem à tutela para que alargasse o
prazo para esse procedimento, uma
vez que terminava já hoje.
Em comunicado, o MECI conÆr-
mou “um elevado acesso à platafor-
ma da Direcção-Geral da Administra-
ção Escolar”. “Num quadro em que
este ano são aplicadas novas regras
para os concursos de colocação de
professores, o Ministério da Educa-
ção tem como prioridade assegurar
a tranquilidade no arranque do pró-
ximo ano lectivo”, frisou o ministério
liderado por Fernando Alexandre.
No ofício enviado à tutela, a
Fenprof pedia que o prazo fosse
estendido, pelo menos, até 19 de
Abril, “sob pena de poderem ser
excluídos do concurso milhares de
docentes que pretendem concorrer,
alguns dos quais poderão estar legal-
mente obrigados a tal, para mais
num momento em que se vive um
problema de falta de professores”.
Por sua vez, a FNE dava nota de
que, desde domingo, os professores
têm registado problemas técnicos
ao tentarem candidatar-se aos con-
cursos para educadores de infância
e professores dos ensinos básico e
secundário.
Têm encontrado mensagens como
“Esta página não está a funcionar”,
“Ocorreu um erro na aplicação”,
“Erro na aplicação” ou “Software
caused connection abort”, revelado-
ras de falhas da plataforma.
“São várias as mensagens que
revelam as falhas da plataforma,
gerando ansiedade e insegurança
entre os docentes, uma vez que o
prazo para candidaturas termina
pelas 18h (hora de Portugal conti-
nental) do dia 16 de Abril”, notava
esta plataforma sindical com comu-
nicado.
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 15
“A informação precisa é crucial
para que os candidatos realizem a
sua candidatura, reÇectindo-se no
elevado número de docentes que
todos os dias se dirigem aos sindica-
tos membros da FNE, solicitando
apoio e informação”, alertava ainda
no ofício enviado ao MECI.
Os professores fazem a sua candi-
datura através do Sistema Integrado
de Gestão de Recursos Humanos na
Educação (SIRGHE) da Direcção-Ge-
ral da Administração Escolar
(DGAE). Este ano, o prazo para apre-
sentação iniciou-se a 10 de Abril e
terminaria hoje, dia 16, às 18h. Ago-
Concursos de professores têm quase 30 mil vagas
Matrículas para o próximo
ano lectivo arrancaram ontem
A
s matrículas para o ano
lectivo 2024/2025
iniciaram-se ontem e
prolongam-se até dia 15 de
Maio. Estas inscrições
destinam-se aos alunos que vão
ingressar no ensino pré-escolar
ou no 1.º ano do 1.º ciclo do
ensino básico. As renovações
para os restantes anos escolares
arrancam apenas nos meses de
Junho e Julho.
De 6 a 12 de Julho, os
encarregados de educação dos
alunos que vão frequentar o 2.º,
3.º, 4.º, 5.º anos do ensino
básico deverão realizar a
matrícula. Os alunos dos
restantes anos do ensino básico,
assim como do 11.º ano, podem
Sociedade
O 25 DE ABRIL
ra, os professores terão mais 48
horas para o fazer.
No Ænal de Março, ainda antes da
DE 1974 NÃO
TROUXE SÓ
entrada em funções do novo Gover-
A LIBERDADE.
no, foi publicada a portaria que deÆ#
ne as vagas, prevendo a abertura de
20.853 lugares em quadros de agru-
pamentos de escolas e escolas não
agrupadas. E mais 7077 vagas para
quadros de zona pedagógica (QZP),
que se destinarão aos docentes que
reúnam os requisitos para se vincu-
larem por via da chamada “norma-
travão” e da “vinculação dinâmica”.
No ano passado, Æcaram vinculados
A ALGUMAS
cerca de 8000 nestas condições.
PAULO PIMENTA
PESSOAS
DEVOLVEU
TAMBÉM
O PRÓPRIO
NOME.
Clandestinos
uma série semanal,
em podcast.
Do mergulho na
clandestinidade
ao “dia inteiro e limpo”
em que puderam
reclamar o seu
nome e a sua luta.
Semanalmente,
às quartas-feiras.
inscrever-se de 22 de Junho a 2
de Julho, e os 10.º e 12.º anos de
escolaridade de 15 a 20 de Julho.
Recorde-se, contudo, que a
renovação automática se aplica
aos 2.º, 3.º, 4.º, 6.º, 8.º, 9.º e 11.º
anos de escolaridade, desde
que não haja transferência de
escola, alteração do
encarregado de educação ou de
curso, nem necessidade de
escolher disciplinas.
O processo de renovação de
matrícula deve ser feito online,
através do Portal das Matrículas,
que, no ano passado,
apresentou algumas falhas. Ao Disponível em publico.pt/podcasts
longo do dia de ontem, o e em todas as plataformas de podcasts
funcionamento também esteve
lento e intermitente. C.F.M.
16 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Sociedade
Gasto com análises clínicas baixou
para 136 milhões de euros em 2022
Daniela Carmo
Custos do Estado com
o sector convencionado
tinham disparado em 2021.
São o meio de diagnóstico
mais prescrito e usado
Os encargos do Serviço Nacional de
Saúde com a realização de meios
complementares de diagnóstico e
terapêutica (MCDT) no serviço con-
vencionado baixaram em 2022,
totalizando 136 milhões de euros,
depois de terem disparado em 2021.
Este é o valor mais baixo registado
desde 2019, antes da pandemia de
covid-19, de acordo com uma publi-
cação da Entidade Reguladora da
Saúde (ERS).
Foram gastos menos 78 milhões
de euros em 2022 face ao ano ante-
rior (quando estes custos chegaram
aos 214 milhões de euros), ou seja,
menos 57% do que se despendeu
em 2021. Os dados constam da
publicação Informação de Monitori-
zação do Sector Convencionado de
Análises Clínicas, divulgada ontem
pela ERS, que inclui dados desde
2019 até ao primeiro semestre de
2023. Nesses primeiros seis meses,
as requisições já representavam 32%
do total anual de 2022.
De acordo com o regulador da saú-
de, “os exames laboratoriais são os
meios complementares de diagnós-
tico mais frequentemente prescritos
e realizados pelos utentes, e consti-
tuem a segunda maior despesa do
Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
Dos estabelecimentos não públi-
cos, mais de 95% tinham convenção
com o SNS para a realização de aná-
lises clínicas. “Adicionalmente, veri-
Æcou-se também que os encargos
com o sector convencionado em Por-
tugal continental apresentaram uma
variação negativa entre os anos de
2020 e 2022, tendo a redução sido
mais signiÆcativa entre 2021 e 2022
(36,5%), contrariando o aumento
expressivo veriÆcado entre 2019 e
2020 (de 41,5%), associado à pande-
mia de covid-19”, descreve a ERS.
Além disso, todas as regiões de
saúde exibiram decréscimos nos
encargos com o sector convencio-
nado de análises clínicas em 2022
em relação ao ano anterior, com
destaque para a maior variação
registada nas regiões de saúde do
Alentejo e Centro.
No que respeita à distribuição dos
encargos pelas cinco regiões de saú-
de de Portugal continental, a ERS
conclui que as regiões de Lisboa e
Vale do Tejo e do Norte assumiram
Gasto com exames laboratoriais é o mais baixo desde o período anterior à pandemia
Juntas médicas
com mais acesso
O
s médicos que integram as
juntas médicas podem
desde ontem ter acesso
directo à informação
clínica do utente, que deixa de
precisar de ir ao médico de
família pedir o relatório
médico. A Direcção Executiva
do Serviço Nacional de Saúde
(DE-SNS) refere, em
comunicado, que a
desburocratização das
verificações de baixas médicas
pode melhorar o acesso dos
doentes aos cuidados de
saúde.
Segundo a DE-SNS, o pedido
recorrente de relatórios
actualizados ao médico de
família, feito pelo utente,
“gerava idas evitáveis deste à
sua unidade de saúde e
consumo desnecessário de
consultas de Medicina Geral e
Familiar”. “São
aproximadamente 500.000
consultas que ficarão
disponíveis para doentes que
necessitem realmente de
avaliação pelo seu médico de
família, aumentando o acesso
em tempo útil ao SNS”,
sublinha. Lusa
as maiores percentagens – 45% e 36%
do total, respectivamente –, enquan-
to as regiões de saúde do Alentejo e
do Algarve registaram os menores
valores – 2% e 5%, respectivamente.
Uma “conclusão expectável face ao
número de habitantes dessas regiões
de saúde”, refere o regulador.
O relatório adianta também que
em Outubro de 2023 estavam regis-
tados 3381 estabelecimentos na área
das análises clínicas e patologia clí-
nica (entre eles 251 laboratórios e
3130 postos de colheitas, dos quais
34 são unidades móveis) em Portugal
continental. São números que tradu-
zem um aumento na oferta, repre-
sentando um crescimento de 0,4%
em relação a 2022 e de 8,9% face a
Setembro de 2015.
Relativamente à procura, a publi-
cação indica que, em 2022, se reali-
zaram 6518 actos por mil habitantes
em Portugal continental, que cor-
respondem a um aumento de 10,5%
face ao ano anterior e de 51,3% em
relação a 2020. Foi na região centro
que se veriÆcou o maior rácio de
actos aceites por mil habitantes,
correspondente a 7824.
Quanto à análise da evolução dos
preços praticados no âmbito das
análises clínicas, não se veriÆcou
quaisquer alterações de valores face
a 2022. Os encargos por mil habitan-
tes em Portugal continental totali-
zaram 13.834 euros em 2022, adian-
ta o regulador, precisando que,
entre 2021 e 2022, a despesa em
NELSON GARRIDO
análises clínicas diminuiu 7961
euros por mil habitantes, menos
3271 euros quando comparados os
anos de 2019 e 2022.
Nos primeiros seis meses do ano,
o valor dos encargos por mil habitan-
tes representou 12.423 euros, Æcando
aquém do rácio observado no Ænal
do ano completo de 2022, tendo a
região de saúde do Algarve apresen-
tado o maior valor.
Três operadores dominam
O estudo revela ainda que 26% dos
laboratórios clínicos (14 operado-
res) realizaram 90% das análises no
primeiro semestre de 2023 e alerta
que a concentração de mercado no
Norte e no Algarve pode suscitar
preocupações de concorrência no
sector.
“Constata-se que os três maiores
operadores englobam cerca de 50%
das requisições aceites, e 14 opera-
dores (26%) representam cerca de
90% da totalidade de requisições
aceites em Portugal continental no
primeiro semestre de 2023, sendo
certo que a mesma percentagem de
requisições tinha sido apresentada,
em 2022, por 28,6% dos operado-
res”, sublinha o documento.
O regulador veriÆcou também
que, à semelhança do que constatou
em 2022, o operador com maior
representatividade a nível nacional
só corresponde ao maior grupo den-
tro de uma região de saúde, a do
Norte. com Lusa
DIREITO DE RESPOSTA
“Funcionários suspeitos
de viciar concurso de
2,2 milhões”, publicado
a 16 de Março 2024
1. A propósito de um concurso
limitado por prévia qualiÆcação
lançado em 2016 para a aquisição,
pela Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa, de uma nova plataforma de
contact center, alude-se a pretensas
suspeitas de que o programa
concursal terá sido por mim
elaborado, enquanto colaboradora
Accenture, em alegado conluio
com funcionários da SCML e com a
Ænalidade de favorecer a entidade
que acabaria por vencer o
concurso.
2. É um facto que, em 2015, a
SCML, cliente Accenture, solicitou
colaboração na preparação da parte
técnica das peças do procedimento
concursal pretendido lançar pela
SCML, para aquisição de uma nova
plataforma de contact center.
3. A colaboração solicitada, e a
concretização de requisitos
técnicos identiÆcados por cliente,
aconteceu por a SCML ser
conhecedora da experiência e know
how que eu havia acumulado em
projetos similares ao longo de mais
de 20 anos.
4. No decurso da colaboração
com a SCML ocorreram diversas
reuniões com colaboradores da
SCML e também com terceiras
entidades, o que evidencia a total
transparência e isenção da minha
atuação.
5. Os requisitos técnicos que
viriam a constar do caderno de
encargos e do programa de
concurso foram enunciados e
aprovados pela SCML,
correspondendo a requisitos
objetivamente genéricos, razão pela
qual foram aparentemente várias as
propostas apresentadas por outros
concorrentes.
6. Da minha colaboração
proÆssional não resultou qualquer
benefício pessoal e/ou proÆssional,
seja a que título for, não tendo
aquela colaboração assumido
qualquer relevância causal em
relação à entidade que veio
posteriormente a vencer o
concurso.
7. É, pois, falso que eu tenha
participado em qualquer tipo de
conluio ou concertação de
vontades, com as supostas
Ænalidades referidas na notícia
publicada.
Susana Cristina Marques Casimiro
Rodrigues Ferreira da Silva
Nota da Direcção:
Os factos relatados pela jornalista
Sónia Trigueirão na notícia em
causa constam do mandado de
busca.

Doente com leucemia crónica acusa Hospital
Lusíadas de “ignorar” doença durante anos
Sofia Neves
Miguel Pinto era
acompanhado há quase dez
anos. Alega que médico
nunca o informou da
doença. Caso está na justiça
Uma leucemia linfática crónica detec-
tada em 2021 por “mero acaso”. É
assim que Miguel Pinto, um jornalista
de 59 anos, descreve a “surpresa” que
sentiu quando foi fazer análises a
outro hospital que não “o do costu-
me”. Quando completou 50 anos, e
por ter familiares com problemas car-
díacos e historial de colesterol, deci-
diu que devia começar a fazer um
check-up anual. Recorreu na altura ao
hospital Lusíadas do Porto. Depois de
quase uma década a ser seguido nes-
te hospital privado, não esperava “dar
de caras” com uma doença que alega
ter sido “ignorada durante anos”.
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'HGHPDU©RDGHDEULOGH
&RILQDQFLDGRSRU
“Por curiosidade, abri as análises
que Æz. Reparei que eram mencionadas
sombras nucleares de Gumprecht”,
recorda. Para Æcar “mais descansado”,
foi a uma consulta no Hospital Santos
Silva, em Gaia, e depois de alguns exa-
mes foi conÆrmado que tinha leucemia
linfática crónica. “Isto não pode surgir
de um dia para o outro, subitamente.
Todos os anos tinha feito análises. O
médico recebia os resultados, dizia-me
que não tinha nenhum problema de
saúde. Ele mostrava muita proactivida-
de e ser bastante zeloso.”
Miguel decidiu ir consultar as análi-
ses anteriores e percebeu que tinha os
valores dos linfócitos superiores ao
normal e “sempre a subir” desde, pelo
menos, 2017. Os linfócitos, que são um
tipo de célula do nosso sistema imuni-
tário (também conhecidos como “gló-
bulos brancos”), são produzidos em
maior quantidade quando existe uma
infecção, daí serem um bom indicador
do estado de saúde do paciente.
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$%(57$6
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HVWHVDSRLRVHP
ZZZSGUSW
ÈzX 0È« ¨0X
&% ! Ĉ
 $   2
!%)  :2
De 2021 até agora, Miguel pediu
uma reunião ao hospital para tentar
resolver a situação, apresentou uma
reclamação no portal das denúncias
do próprio hospital à qual nunca teve
resposta e, por Æm, decidiu envolver
um advogado para “tentar resolver
as coisas entre as duas partes sem
Utente pede uma
indemnização
de 40 mil euros:
27 mil por danos
morais e
12 mil por danos
patrimoniais
recorrer à justiça”. Ao Æm de mais de
dois anos sem resposta ou progres-
sos, acabou por avançar para tribunal
para ser ressarcido “do que perdeu
em benefícios Æscais” durante o tem-
po em que não foi diagnosticado.
Segundo consta da acção cível, Miguel
teria direito à boniÆcação no crédito
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 17
à habitação, à isenção no pagamento
de quaisquer taxas moderadoras e,
consoante o grau de incapacidade
(que, no caso, é de 60%, valor que
consta no atestado multiusos que lhe
foi entretanto concedido), a outros
benefícios em sede de IRS, como a
redução do rendimento tributável.
Fazendo contas ao que perdeu,
pede uma indemnização de cerca de
40 mil euros: 27 mil referentes a danos
morais e dada a “gravidade e intensi-
dade dos prejuízos afectos ao estado
saúde e psicológico” e 12 mil euros
referentes a danos patrimoniais.
Na contestação, os advogados do
grupo Lusíadas respondem que não
existem razões para indemnizar o
paciente, já que este não sofreu “qual-
quer dano de ordem patrimonial ou
não patrimonial”. Referem também
que o doente nunca teve qualquer
queixa do médico que o acompanhou
ou dos serviços do hospital durante
os dez anos em que ali foi seguido — e
Sociedade
que foi “com grande espanto” que
receberam a reclamação. “É impos-
sível determinar, com segurança e
certeza, desde quando é que se
encontra afectado por esta doença.
Na verdade, apenas é certo que o
autor evidenciava os sintomas de lin-
focitose entre 2017 e 2019, atentos os
valores nas análises de rotina”.
É dito também que Miguel não tem
direito a ser indemnizado, porque foi
diagnosticado “numa fase inicial e
precoce da doença, sem qualquer
indicação para tratamento”. “Todos
estes ‘tormentos’ por que o autor ale-
ga ter passado não têm qualquer rela-
ção com o atraso no diagnóstico, mas
sim com o diagnóstico propriamente
dito. É a própria doença que pode,
porventura, causar desgostos e tris-
tezas e nunca um eventual atraso no
seu detectar, uma vez que não Æcou,
de modo algum prejudicado na sua
saúde, tanto que nem sequer realiza
tratamentos, apenas monitoriza.”
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18 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Local Proposta vai ser votada amanhã em reunião do executivo
Câmara de Lisboa quer Samuel Alemão
A Câmara Municipal de Lisboa prepa-
duplicar valor da taxa
ra-se para propor a duplicação do
valor da sua taxa turística, passando
o mesmo, se aprovado, a ser de qua-
tro euros por cada pessoa, em vez dos
turística de dois
actuais dois euros, numa permanên-
cia até sete noites. Essa é a importân-
cia estabelecida na proposta de revi-
são das tabelas, a ser colocada ainda
para quatro euros
a consulta pública, e cujo procedi-
mento será levado a discussão e vota-
ção na reunião de vereação de ama-
nhã. De acordo com a mesma, o valor
para a taxa aplicada a quem chegue à
capital por via marítima será de dois
euros, representando também uma
duplicação do montante estabelecido
em 2014, que era de um euro. Mas, na
prática, esses dois euros já estão a ser
cobrados aos turistas que aportam à
cidade, tendo a colecta começado no
Mantendo-se as visitas de 2023, a actualização pode render início deste mês.
A alteração do valor das taxas
anualmente mais de 80 milhões de euros. Verbas serão cobradas, que, a conÆrmar-se, colo-
gastas em higiene urbana e também em mobilidade e cará Lisboa entre as cidades euro-
peias com os valores mais elevados
infra-estruturas. Mas não só (Paris cobra cinco euros), é justiÆca-
da pela autarquia com a necessidade
de compensar os “impactos negati-
vos causados pela própria dinâmica
turística, de modo mais ou menos
directo”. Um argumento que já vinha
sendo defendido, nos últimos meses,
pelo presidente da Câmara de Lis-
boa, Carlos Moedas (Novos Tempos),
dando assim resposta às crescentes
críticas dos que entendem que a
cidade não estará a receber as devi-
das compensações pela crescente
procura turística. “Seria bom para o
turismo aumentar a taxa turística e
preciso desses recursos para limpar
a cidade”, disse o autarca, há mês e
meio, durante uma visita à Bolsa de
Turismo de Lisboa (BTL).
Essas declarações surgiam já
depois de, nos primeiros dias do ano,
Moedas ter dado a entender que esse
seria, quase inevitavelmente, o cami-
nho a seguir. “O turismo é importan-
te para a cidade, mas deve contribuir
para a qualidade de vida e, em par-
ticular, para a sua limpeza, através
de canalização de verbas da taxa
turística”, aÆrmou, a 8 de Janeiro, à
margem da inauguração da Unidade

DANIEL ROCHA
Só nos três primeiros meses
de 2024, o número de dormidas
subiu 5% em relação a 2023
7,38
milhões de dormidas. É o
número do registo dos primeiros
três meses do ano passado,
na capital
7,79
milhões de dormidas. É o
número do registo deste ano, até
ao mês de Março. Em relação ao
mesmo período de 2023, há
mais 409 mil dormidas
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 19
de Higiene Urbana de Belém. Subli-
nhando a importância do dinheiro
vindo dessa fonte de receita para
garantir que o sector turístico não
fosse visto com maus olhos pela
generalidade dos cidadãos, o presi-
dente da edilidade referiu então que,
no ano passado, a taxa turística já
tinha contribuído com cerca de oito
milhões de euros para tais Æns.
Contribuição que a autarquia
deverá conseguir aumentar de forma
expressiva, se se conÆrmar o aumen-
to de 100% na Taxa Municipal Turís-
tica de Dormida e de Chegada por
Via Marítima proposto pelo executi-
vo camarário. Em 2023, Lisboa foi a
cidade portuguesa que mais receita
arrecadou através desta fonte, com
uma verba a rondar os 40,2 milhões
de euros. Um montante que repre-
sentou uma subida de 22% na
cobrança em relação a 2022 e de 12%
quando comparado com 2019. Um
valor no qual não se incluía ainda a
taxa aos visitantes chegados através
de cruzeiros, que apenas começou a
ser cobrada a 1 de Abril, depois do
acordo Ærmado, em Dezembro pas-
sado, entre a câmara e a Administra-
ção do Porto de Lisboa.
Se se mantiverem, nos próximos
anos, os níveis de procura do ano
passado, isso signiÆca que Lisboa
poderá colectar anualmente um
valor superior a 80 milhões de euros
com a sua taxa turística. Isto embo-
ra a fundamentação técnica da
actualização das taxas tivesse como
base os valores de visitas registados
em 2022, os quais permitiriam, com
as novas tabelas, conseguir uma
receita estimada superior a 54
milhões de euros.
Uma verba que não deverá ser
difícil de obter, tendo em conta a
tendência geral observada no pri-
meiro trimestre deste ano. De acor-
do com os dados da Câmara Muni-
cipal de Lisboa, a capital portugue-
sa conheceu um acréscimo global
nas dormidas de 5,55%, quando
comparados os três primeiros meses
deste ano com igual período de
2023. No ano passado, até Março,
registaram-se 7.380.743 dormidas,
enquanto este ano foram já
7.790.630. Ou seja, mais 409.887.
Gastos crescentes
Essa subida na receita obtida através
da taxa turística será a forma encon-
trada pela edilidade para cobrir os
crescentes custos decorrentes do
notável crescimento da actividade. Só
no ano passado, e de acordo com o
documento que estabelece a funda-
mentação económica que sustenta a
revisão dos valores desta taxa, o sec-
tor foi responsável por encargos para
a cidade de aproximadamente 61,4
milhões de euros, divididos por duas
grandes áreas: “serviços e manuten-
ção da cidade”, que obrigaram a um
dispêndio de 18,8 milhões de euros,
mas também “turismo e cultura”,
com gastos de 42,5 milhões.
As duas “categorias de custeio”,
sustenta o estudo de fundamentação
económica da Taxa Municipal Turís-
tica de Dormida (TMTD) e da Taxa
Municipal de Chegada por Via Marí-
tima, deverão continuar a obrigar à
OBRIGADO POR
assunção de despesas. E, no fundo,
justiÆcam o valor da subida. “Sendo
um factor distintivo na competitivi-
dade da cidade e um motor de cres-
ACABAREM COM
cimento económico e social, a acti-
vidade turística tem fortes impactos
ao nível da intervenção pública para
a manutenção de adequados níveis
O FOMO.
de resposta”, argumenta-se na pro-
posta que agora é levada a votação,
defendendo a “necessidade de deÆ#
nição de políticas de regulação” e de
E COM A FOME
“intervenção pública directa, para
garantir a sustentabilidade de Lisboa
em termos económicos, sociais e
ambientais, e minimizar as externa-
lidades negativas”.
DE INFORMAÇÃO.
Por isso, devido aos “numerosos
desaÆos em presença”, aponta-se
para a imprescindibilidade de revi-
são das taxas, com “o objectivo de
as ajustar ao dispêndio actual de
recursos do município”. No que se
refere ao turismo e à cultura, a
Câmara de Lisboa espera uma cana-
lização das verbas arrecadadas para
a elaboração de planos sectoriais,
campanhas promocionais, bem
como “sinalética, a dinamização de
“microcentralidades de carga turís-
tica”, investimentos em “equipa-
mentos de fundamental vocação
turística e sua programação”, bem
como a cultura e a animação da
cidade, incluindo, concertos, espec-
táculos de rua e “grandes eventos
culturais e desportivos”.
A outra vertente relaciona-se com
os tais “serviços e manutenção”, aos
quais Moedas tem dado mais relevo,
através das declarações feitas nos
últimos tempos. O objectivo é que,
com recurso às receitas da taxa
turística, se gaste no “reforço de
bens e serviços públicos urbanos,
face ao nível eu seria necessário
para servir a população residente”.
Em concreto, propõe-se que as ver- Graças ao apoio dos nossos parceiros, o projecto
bas cobradas sejam gastas em “segu- PSuperior disponibilizou assinaturas digitais
rança e protecção civil, por cone- do PÚBLICO a alunos do ensino superior,
xão, desde logo, às zonas de forte proporcionando o acesso a notícias exclusivas
pendor turístico, à mobilidade,
incluindo infra-estruturas viárias,
e a artigos de opinião. Juntos, promovemos
a literacia mediática e combatemos
redes viárias e transportes públicos,
ao ambiente e espaço público, com o FOMO (Fear Of Missing Out).
destaque para a limpeza e urbana e
os espaços verdes”.
Além de propor a actualização COM O APOIO DE:
dos valores, a Câmara de Lisboa
prepara-se também para proceder
a “algumas melhorias adicionais”
relacionadas com a cobrança das
suas taxas turísticas. Entre elas con-
ta-se a “inserção dos parques de
campismo e dos barco-hotel e simi-
lares como entidades responsáveis
pela cobrança da TMTD ou ainda a
introdução de duas novas isenções:
as relativas a estudantes que ingres-
sem no ensino superior da cidade e
ainda nas declarações de emergên-
cia no âmbito da protecção civil ou
da emergência social.
20 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Mundo O futuro da Europa
“A única opção é mudar,
porque mais do mesmo
não serve”
António Vitorino O mundo coloca a Europa perante
uma questão crucial: quer ser ou não quer ser uma
potência geopolítica
Entrevista
Teresa de Sousa Texto
Daniel Rocha Fotografia
O pretexto para esta entrevista é o
relatório apresentado em Bruxelas,
a 25 de Março, por um grupo de
personalidades ligadas às
instituições da União Europeia que
se reuniram em Cascais, em
Novembro, para debater o futuro
da Europa. O resultado é um
documento de 38 páginas: “Europa
2040 — o futuro é já hoje”, uma
proposta para “construir uma
potência global, sustentável e
responsável”.
António Vitorino, um dos
coordenadores deste trabalho, foi
comissário europeu e dirigiu até
recentemente a Organização
Internacional para as Migrações.
Não vimos chegar esta crise
tremenda em que estamos
mergulhados. Só tomámos
consciência dela a partir da
invasão russa da Ucrânia.
Fomos imprudentes?
Bom, há uma parte que é
imprevisível. A pandemia foi
imprevisível, embora possível,
como se viu. Mas creio que a
pandemia reconciliou a União
Europeia com os cidadãos. Mas,
claro, a invasão russa da Ucrânia
não estava no radar.
É isso que muda tudo?
Altera completamente o quadro
geopolítico. E se acrescentarmos a
pandemia, a crescente tensão entre
os EUA e a China e a incerteza
sobre o próprio sistema político
americano, tudo isto altera
completamente o quadro
geopolítico e coloca a União
Europeia perante uma questão
crucial: quer ou não quer ser uma
potência geopolítica.
Ao nível das outras?
Ao nível das outras. Uma das
primeiras observações do
documento que apresentámos,
ainda muito genéricas, é que isso
exige rever os tratados e mudar as
mentalidades.
O que é muito difícil. A União
Europeia está perante a
necessidade de mudar
completamente de paradigma,
de prioridades, de maneira de
actuar?
É mais do que isso. Estamos
perante um desaÆo existencial à
própria União Europeia. E a única
opção é mudar, porque mais do
mesmo não serve.
E o que é preciso fazer?
Quatro coisas fundamentais.
Primeiro, construir uma potência
geopolítica, o que signiÆca garantir
a segurança e o bem-estar
dos cidadãos europeus, que foi
precisamente aquilo que os pais
fundadores quiseram, nos anos
1950, quando criaram as
Comunidades Europeias.
Em segundo lugar, a liderança
tecnológica. A Europa está a Æcar
para trás em matéria tecnológica,
em matéria de inteligência
artiÆcial e os valores europeus,
também eles, estão a Æcar para
trás. Em terceiro lugar, a coesão
das nossas comunidades. A luta
contra as desigualdades e a
garantia dos “public goods”, aquilo
que a Europa pode dar aos
cidadãos. O exemplo da pandemia
foi um exemplo excelente. E, em
quarto e último lugar, a
democracia.
Que é um grande desaÆo, neste
momento, para a União
Europeia.
Infelizmente, estamos a ver,
mesmo na Europa, um retrocesso
do Estado de direito, um retrocesso
da liberdade dos meios de
comunicação social, um retrocesso
de pilares fundamentais da
democracia no mundo inteiro.
Quando refere o
enquadramento internacional,
o documento dá relevo a duas
coisas: a ameaça russa; o
apagamento dos EUA na
fotograÆa do mundo.
Começando pela ameaça russa,
a Europa deixou de poder
contar apenas com o seu soft
power?
Começaria pelas opiniões públicas.
Creio que a invasão russa da
Ucrânia criou uma mudança na
europeia, e que, hoje, a
compreensão de se combinar soft
power com hard power é mais
aceite. É o primeiro requisito, sem
o qual não se pode fazer nada. Em
segundo lugar, creio que, em
matéria de defesa, temos de ser
realistas. Recuperar as capacidades
militares não se faz do dia para a
noite. O ministro da Defesa alemão
falou em oito a dez anos de
transformação. Mas há prioridades
e essas são, sem dúvida alguma,
fortalecer a base da indústria de
defesa.
Com que dinheiro?
Há que fazer um investimento
signiÆcativo, o que coloca a
questão dos recursos próprios da
UE. Um parêntesis que não é
propriamente menor: nós,
europeus, gastamos em conjunto,
cerca de 211 mil milhões de euros
em defesa por ano. Os EUA gastam
mais de 800 mil milhões por ano.
A China está mais ou menos ao
nível da UE e a Rússia, que está em
estado de guerra, gasta 6% do seu encomendas são investimento que União Europeia até aos 35 ou 36
produto interno, mais ou menos não é aproveitado pela capacidade Estados-membros.
150 mil milhões. Portanto, isto produtiva europeia. Todos mais pobres.
signiÆca que vai ser necessário O documento concluiu que é E todos os que vão entrar, a
aumentar o investimento em preciso pôr o dinheiro nas começar pela Ucrânia, que está
defesa, tanto nos orçamentos novas prioridades da União devastada pela guerra, mas
nacionais como no orçamento Europeia. Na hora da verdade, também os países dos Balcãs
europeu. Mas isso signiÆca ninguém quer pagar. ocidentais, são claramente países
também alterar algumas das regras Este relatório confronta os mais pobres. Isso signiÆca que
de Ænanciamento da UE. Desde Estados-membros com esse dilema temos de encontrar outras fontes
logo, por exemplo, clariÆcar que e com a necessidade de o resolver. de recursos próprias. Pode ser a
queremos um pilar de defesa Se queremos mais segurança, taxa sobre as grandes digitais, a
europeu dentro da NATO. precisamos de investir na defesa. taxa sobre as emissões de carbono,
Mas a guerra já resolveu esse Se queremos ter um papel o recurso ao mercado da dívida,
problema, com o reforço da liderante na revolução digital, como aconteceu agora com o PRR.
ligação transatlântica. designadamente na inteligência A Alemanha, a mais relutante e
Não quero ser pessimista. A artiÆcial, em que estamos muito a mais importante, está a
possibilidade da reeleição do atrás em relação à China e aos atravessar um período difícil de
Donald Trump nos Estados Unidos Estados Unidos, temos de investir. confronto com uma realidade
pode recolocar o problema. Por Se queremos assumir a liderança que não esperava. Há aqui uma
isso essa opção tem de ser clara. nas alterações climáticas e se interrogação?
E a indústria? queremos garantir o futuro das Os iates são mais fáceis de
Nos próximos dois anos, os países nossas democracias, temos de manobrar do que os
europeus, incluindo público e mudar de paradigma nas fontes de transatlânticos. Por isso, temos de
privado, têm encomendas à Ænanciamento da União Europeia. compreender também as
indústria de defesa americana no Como? diÆculdades alemãs. Mas o seu
valor de 160 mil milhões, porque a Não podemos depender modelo económico está em crise.
Europa não produz o exclusivamente das contribuições Já não é uma máquina de produzir
suÆciente. Mas signiÆca também dos Estados-membros. Sobretudo, riqueza. A Alemanha tem o direito,
que há uma dimensão económica se quisermos ser sérios sobre o mas também tem a obrigação de
muito importante. Estas novo alargamento, que vai levar a pensar como é que vai reformular

o seu modelo económico perante
este ambiente geopolítico.
Disse que a opinião pública
percebeu o que signiÆcava a
invasão russa da Ucrânia. Mas,
Os europeus, por exemplo, em Portugal e
outros em idênticas
gastam, em circunstâncias, quando as
conjunto, cerca prioridades da Europa forem
mais defesa e menos fundos,
de 211 mil milhões como é que a opinião pública
de euros em defesa vai reagir? É uma questão de
liderança?
por ano. Os EUA Sem dúvida. De liderança, de
mais de 800 mil clareza nos propósitos, mas não
tem de ser um jogo de soma
milhões por ano negativa. Não nos devemos
entrincheirar nas políticas
clássicas. Precisamos de
Penso que compreender que o mundo mudou
totalmente, não apenas do ponto
os imigrantes de vista da segurança, mas
são apresentados também do ponto de vista do
funcionamento das economias
como o bode globais. E o investimento na
expiatório de um defesa, na ciência, na tecnologia,
na digitalização da economia têm
conjunto de outros impacto económico. Produzem
males sociais riqueza.
Com o novo alargamento, há
duas políticas que vão ter de ser
revistas profundamente: a Política
Agrícola Comum e a política de
coesão. Com novos critérios. E aí
Portugal tem de estar na linha da
frente da reforma, para que o novo
Ægurino dessas políticas não
prejudique os interesses
portugueses.
Temos um dilema. Por um lado,
a forma como funciona o
mercado único para preservar
as regras de uma concorrência
justa. Por outro, os subsídios do
Governo americano a alguns
sectores da economia para
reindustrializar e acelerar a
transição ambiental atraem
investimento europeu.
Em primeiro lugar, creio que essa
questão varia muito de sector para
sector da economia. No caso que
referiu e noutros, a Europa tem
interesse em ter empresas com
capacidade de concorrência global
e não apenas no mercado interno.
Essa perspectiva tem de estar
presente e temos de aceitar que
algumas empresas estão mais bem
preparadas para isso. Mas não
podemos deixar nenhuma
empresa de fora dessa iniciativa e,
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 21
consequentemente, temos de
apostar também na capacidade de
internacionalização de empresas
mais Çexíveis, de menor dimensão,
mas que estão em sectores
estratégicos. Na ciência e
tecnologia, por exemplo, não é
possível não termos uma única
plataforma digital europeia.
São todas americanas ou
chinesas. Temos um atraso
grande em relação à China e
sobretudo aos EUA. Mais um
dilema?
Nós não somos líderes na inovação
tecnológica desde a telefonia
móvel, há 30 anos. Isso é
dramático. O investimento na
defesa pode também ter esse
efeito.
Como tem nos Estados Unidos.
Ou na China. Não tenhamos
nenhuma dúvida de que a
investigação em matéria de
inteligência artiÆcial está
essencialmente no sector militar e
nos produtos de duplo uso.
Os EUA não têm qualquer
problema em gastar dinheiro,
em endividar-se. Nós temos os
limites do PEC.
Em relação aos Estados Unidos, é
preciso lembrar que eles têm o
dólar e que o seu endividamento é
muito menos problemático. O euro
não é comparável com o dólar.
Depois, há questões de
produtividade. A Europa é um
continente em envelhecimento
acelerado.
O documento diz que a questão
da imigração tem de ser tratada
na perspectiva das políticas
económicas e demográÆcas. Só
que as pessoas não o aceitam.
Que é utilizada pelos eurocépticos
como a grande arma de
propaganda, é verdade. Mas as
sondagens às opiniões públicas
europeus mostram uma
preocupação com a imigração
muito relativa. Surge em 5.º lugar.
Mas alimenta esses partidos.
Mas a nossa obrigação é tomar as
coisas na sua devida proporção.
Alimenta os eurocépticos e nós
vamos atrás a correr? Muitos
partidos de centro-direita e até de
centro-esquerda pensam que a
melhor maneira de combater os
argumentos da extrema-direita é
subscrever os seus argumentos. O
que só pode produzir maus
resultados. Se as pessoas são
sensíveis ao argumento, preferem
o original. Mas temos de ter em
conta que essa reacção aos
imigrantes tem de ser tratada pelo
que ela signiÆca.
Como?
Penso que os imigrantes são
apresentados como o bode
expiatório de um conjunto de
outros males sociais. É fácil
apontar o dedo àquele que é
diferente de nós. E quanto ao
argumento económico, dos
estudos que conheço, os menos
optimistas, o efeito económico da
imigração é neutro. Na maioria, o
efeito é positivo. No caso
português, é obvio com a sua
contribuição para segurança social.
Depois, há o problema cultural e
identitário para o qual o
argumento económico não conta.
Se eu lhe disser que, em 2023,
chegaram a Lampedusa 200 mil
pessoas e que chegaram à fronteira
sul dos EUA 3 milhões, isto dá-lhe
uma ideia da proporção. Se há uma
“invasão”, não é na Europa. Mas a
percepção que os europeus têm…
É de que são 3 milhões.
O que é preciso é enfrentar essa
questão com coragem, com
liderança, removendo-os da sua
função de bode expiatório e
explicando que as questões têm de
ser resolvidas por políticas
públicas.
De integração.
De integração. Custa dinheiro,
exige boa vontade de um lado e de
outro, mas também exige que os
imigrantes se preparem para se
integrar numa nova sociedade com
hábitos e valores por vezes
diferentes, que têm de aceitar.
Ou seja, a integração passou a
ser a grande questão.
E termos de discuti-la.
Infelizmente, a política de
imigração da UE tem estado mais
virada para o controlo das
fronteiras ou a externalização dos
controlos do que para a integração.
Mesmo em relação aos
muçulmanos, há 14 milhões na
Europa. A ideia da “grande
substituição” é ridícula. Mas as
pessoas em geral não podem
abdicar de conhecer os factos antes
de se pronunciarem sobre eles.
As eleições para o PE são já em
Junho. As sondagens dizem que a
extrema-direita vai subir
bastante. Em que medida é que
esta nova conÆguração do PE
pode ter impacto nos equilíbrios
das outras instituições
europeias?
Impacto terá seguramente, se esse
cenário se conÆrmar. Basta
recordar que a presidente da
Comissão foi eleita há cinco anos
com uma vantagem de 12 votos e
tinha o apoio do PPE, dos
socialistas, dos liberais e de parte
dos verdes. Em segundo lugar, há
divisões dentro desses grupos que
não devemos subestimar. A
questão da Ucrânia divide-os. Há
os putinistas e os que apoiam a
Ucrânia. Podem convergir numa
luta pelo poder institucional, mas
dividem-se em algumas políticas
substantivas. Há uma área política
particularmente vulnerável, que
também divide o PPE
[centro-direita] que é o combate às
alterações climáticas. Se
acrescentarmos a isso a
possibilidade de os Estados Unidos
terem um novo-velho Presidente,
aí temos um problema sério.
22 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Mundo
Julgamento histórico de Trump
arranca após recurso de última hora
Alexandre Martins
Juiz responsável pelo
processo deu início ao
primeiro julgamento
criminal de um antigo
Presidente dos EUA
O julgamento de Donald Trump em
Nova Iorque num caso relacionado
com o pagamento pelo silêncio de
uma actriz de Ælmes pornográÆcos
— o primeiro na história dos Estados
Unidos em que o arguido é um antigo
Presidente norte-americano — come-
çou ao início da tarde de ontem, em
Manhattan, pouco depois de o juiz
responsável pelo caso ter rejeitado
uma derradeira tentativa da defesa
para anular a acusação.
Poucos minutos depois das 15h
(hora em Lisboa, 10h em Nova Ior-
que), o juiz Juan Merchan anunciou a
rejeição de um segundo pedido da
defesa com vista ao seu afastamento
do processo. Segundo os advogados
de Trump, o facto de a Ælha de Mer-
chan trabalhar numa empresa que
presta serviços a candidatos do Par-
tido Democrata constitui um conÇito
de interesses para o juiz. Este argu-
mento, que a defesa já tinha usado
uma vez durante a preparação para
o julgamento, não convence a gene-
ralidade dos especialistas citados nos
media norte-americanos, e voltou,
ontem, a não convencer Merchan.
Norm Eisen, um advogado e antigo
conselheiro da Casa Branca para
questões éticas na Administração
Obama, disse na CNN, num artigo
publicado na semana passada, que “a
ocupação proÆssional dos Ælhos de
um juiz não é motivo para um inci-
dente de recusa, desde que os Ælhos
não estejam envolvidos directamente
num processo”.
Segundo Eisen, queixas e recursos
como o que foi ontem rejeitado inse-
rem-se numa estratégia da defesa de
Trump para reforçar a ideia, junto de
potenciais jurados que simpatizem
com o ex-Presidente dos EUA, de que
o processo está a ser manipulado pela
Administração Biden.
“Ataque sem precedentes”
À chegada ao tribunal, Trump dirigiu-
se aos jornalistas para aÆrmar que o
julgamento “é um caso de persegui-
ção política como nunca se viu”.
Através da rede social Truth Social,
Trump voltou a aÆrmar que o julga-
mento em Nova Iorque “podia ter
começado há muitos anos, e não no
meio de uma campanha presidencial”
— uma aÆrmação que é contrariada,
segundo os críticos do ex-presidente
dos EUA, pelo facto de os advogados
de defesa terem feito todos os possí-
veis para adiarem o início do julga-
mento. “É um ataque Çagrante contra
o opositor político de Joe Biden, feito
em coordenação com a Casa Branca
e que não pode continuar”, disse
Trump.
O primeiro dia do julgamento foi
preenchido pelo início do processo
de selecção dos jurados que vão deci-
À chegada ao tribunal, Trump voltou a dizer que está a ser vítima de perseguição política
Invasão do Capitólio
Supremo dos EUA analisa queixa contra algumas condenações
Alexandre Martins
Os juízes do Supremo Tribunal dos
Estados Unidos vão começar a ana-
lisar, hoje, um processo que pode
culminar com a anulação de senten-
ças aplicadas a centenas de apoian-
tes de Donald Trump que invadiram
o Capitólio a 6 de Janeiro de 2021, e
que pode também enfraquecer a
acusação no caso em que o ex-Presi-
dente norte-americano é acusado de
tentativa de subversão dos resulta-
dos da eleição de 2020.
Os advogados de alguns dos con-
denados e os procuradores do
Departamento de Justiça dos EUA
vão apresentar os seus argumentos
perante os nove juízes do Supremo
Tribunal norte-americano, em
dir, nas próximas seis a oito semanas,
se Trump é ou não culpado dos cri-
mes de que foi acusado pelo gabinete
do procurador de Manhattan, Alvin
Bragg. Neste processo, Trump é acu-
sado de ter cometido 34 crimes de
falsiÆcação dos registos da sua empre-
sa, a Trump Organization, com o
objectivo de esconder um outro cri-
me — o de interferência na eleição
presidencial de 2016 através do paga-
Washington D.C., e a decisão deverá
ser anunciada até Ænais de Junho,
antes de os juízes irem de férias.
Em causa está uma lei de 2002 que
foi usada pelo Departamento de Jus-
tiça, com sucesso, para obter a con-
denação de centenas de pessoas por
obstrução de um procedimento oÆ#
cial — neste caso, da cerimónia de
leitura dos votos do Colégio Eleito-
ral, que foi interrompida pela multi-
dão que invadiu o Capitólio.
Agora, os apoiantes de Trump que
foram condenados por obstrução
pedem a anulação dessas condena-
ções, com o argumento de que a lei
de 2002 não abrange os aconteci-
mentos de 6 de Janeiro de 2021.
Na semana passada, alguns juízes
federais anunciaram a libertação
mento pelo silêncio de uma antiga
actriz de Ælmes pornográÆcos, Stormy
Daniels. O ex-Presidente nega ter
cometido qualquer crime e declarou-
se inocente de todas as acusações.
Se for considerado culpado, Trump
poderá ser condenado a um máximo
de quatro anos de prisão por cada um
dos 34 crimes — uma sentença que, a
acontecer, deverá ser reduzida a um
máximo de quatro anos no total, devi-
EDUARDO MUNOZ/REUTERS
antecipada, em Maio, de um grupo
de pessoas condenadas por obstru-
ção. Segundo os juízes, o facto de o
Supremo Tribunal ter aceitado ana-
lisar a queixa é um indício de que a
decisão poderá beneÆciar a defesa.
Caso o Supremo Tribunal decida
a favor da acusação, as pessoas que
vão ser libertadas mais cedo poderão
ser obrigadas a regressar à cadeia
para cumprirem o resto das penas a
que foram condenadas.
Uma decisão
favorável aos
queixosos pode
beneficiar Trump
na acusação de
subversão da
eleição de 2020
do ao facto de o ex-Presidente dos
EUA não ter antecedentes criminais.
Selecção de jurados
Nos próximos dias, e pelo menos até
ao Æm desta semana, os três princi-
pais intervenientes no julgamento — o
juiz, os advogados de Trump e os pro-
curadores — vão questionar centenas
de habitantes de Manhattan que
foram convocados para participar no
processo de selecção de jurados.
Depois de uma fase inicial que ser-
virá para eliminar a grande maioria
dos potenciais jurados (com base
numa comprovável indisponibilidade
para estarem presentes em Nova Ior-
que durante o julgamento, ou numa
declarada incapacidade para decidi-
rem de forma isenta), o juiz irá sub-
meter ao grupo restante um questio-
nário com 42 perguntas, construídas
para reduzir ainda mais as escolhas.
O julgamento propriamente dito
irá começar após a escolha de 12 jura-
dos efectivos e de um número mais
reduzido de suplentes, num processo
que deverá demorar vários dias, ou
mesmo duas semanas, devido às diÆ#
culdades inerentes a um julgamento
em que o arguido é uma das persona-
lidades mais conhecidas — e uma das
que desperta mais paixões, a favor e
contra — em Manhattan e no país.
Na fase Ænal do julgamento, Trump
só poderá ser considerado culpado
se todos os jurados estiverem de acor-
do e validarem os argumentos e as
provas que vão ser apresentados pela
acusação.
Uma eventual decisão favorável à
defesa por parte do Supremo Tribu-
nal — constituído por uma maioria
conservadora de 6-3, incluindo três
juízes nomeados por Donald Trump
— poderá também beneÆciar o ex-
-Presidente dos EUA.
Trump foi acusado de quatro cri-
mes, dois deles relacionados com
obstrução de um procedimento oÆ#
cial, no processo-crime que decorre
em Washington D.C. sob a liderança
do procurador especial Jack Smith;
se o Supremo Tribunal decidir a
favor da defesa no caso que vai come-
çar a ser analisado hoje, as duas acu-
sações contra Trump com base na lei
de 2002 também correm o risco de
serem anuladas pelo Departamento
de Justiça.

Promotores solares criticam impacto da
tarifa social na rentabilidade dos parques
Tarifa social vai custar mais de cem milhões de euros aos comercializadores de electricidade, que podem
transferir o custo para os clientes, e 49,7 milhões aos produtores, incluindo algumas centrais solares
Ana Brito
Financiar a tarifa social de electrici-
dade vai custar cerca de 101 milhões
de euros a 36 comercializadores de
electricidade, que provavelmente
serão reÇectidos nas facturas dos seus
clientes. Do lado dos produtores, o
encargo com este desconto para os
clientes economicamente vulneráveis
será de 49,7 milhões de euros. Alguns
promotores de centrais solares (sem
tarifas garantidas ou que paguem
contrapartidas ao sistema eléctrico),
que passaram a estar incluídas neste
modelo de Ænanciamento, demons-
tram algum desconforto com a medi-
da e queixam-se da perda de rentabi-
lidade dos parques. Na consulta
pública conduzida pelo regulador da
energia sobre o modelo de repartição
de custos, o desconforto dos promo-
tores dos projectos fotovoltaicos Æcou
evidente e alguns queixam-se mesmo
da perda de rentabilidade dos par-
ques.
A aplicação da tarifa social (TS)
para o período Ænal de 2023 (18 de
Novembro a 31 de Dezembro de 2023)
e ano de 2024 terá um custo total de
151 milhões de euros, mas a este mon-
tante são acrescidos juros referentes
ao ano de 2023. Com isto assegura-se
um desconto de 33,8% sobre as tarifas
de venda a clientes Ænais considera-
dos elegíveis e que, em Março, totali-
zavam cerca de 759 mil contratos.
Segundo o relatório da consulta
pública, divulgado há dias pela ERSE,
a associação que representa os pro-
dutores de energias renováveis, a
Apren, defendeu na consulta que é
injusta “a imputação do custo com a
TS a novos produtores”, pois isso
“causará uma redução imprevista na
sua remuneração”. No caso da ener-
gia solar, os pagamentos mensais,
calculados consoante a potência ins-
talada dos centros electroprodutores,
podem ir até aos 17 mil euros, de acor-
do com os dados da ERSE.
Alguns promotores, como a Edi-
sun, Smart Energy e Solaria, referi-
ram que o “modelo implica uma vio-
lação da conÆança legítima (quanto
à estabilidade e previsibilidade do
ordenamento jurídico) criada nos
produtores que passam a ser abran-
gidos pelo novo modelo [de Ænancia-
mento]” e sustentaram que a “altera-
ção impacta signiÆcativamente a sua
rentabilidade”.
A espanhola Solaria, umas das
empresas que ganharam lotes nos
Centrais solares juntam-se às
centrais hídricas e térmicas no
financiamento da tarifa social;
e Pedro Verdelho, líder da ERSE
Consumidores
em baixa tensão
normal do
mercado regulado
irão ter impacto
tarifário de 0,93%
Tarifa social da electricidade Economia
NUNO FERREIRA MONTEIRO
leilões solares de 2019, defende “que
o regime de Ænanciamento introduz
condições mais lesivas do que as ini-
cialmente acordadas no processo
concorrencial e é contrário ao princí-
pio da irretroactividade”.
A Smart Energy “reforça que a alte-
ração do modelo de Ænanciamento
cria instabilidade no sector e afecta a
credibilidade do país”, além de que
“será dissuasora da realização de
investimentos na área das energias
renováveis em Portugal”.
Outros comentários, de empresas
como a Acciona e Goldenergy/Axpo,
também defendem que os “comercia-
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 23
NUNO FERREIRA SANTOS
lizadores de energia a partir de fontes
renováveis deveriam ser discrimina-
dos positivamente” e destacam “o
impacto da produção renovável nos
preços de energia eléctrica”.
Não foram apenas os produtores
de energia solar a queixar-se do paga-
mento obrigatória. A Iberdrola, que
explora o centro electroprodutor do
Tâmega, também defendeu na con-
sulta que as centrais hídricas com
bombagem também não deveriam
pagar tarifa social, “à semelhança do
que ocorre com os titulares do arma-
zenamento por baterias”, já que ofe-
recem capacidade de reserva.
A ERSE sustenta que, do ponto de
vista prático, a introdução de isen-
ções à bombagem é “inexequível” e
“implicaria um acréscimo no mon-
tante a Ænanciar pelos comercializa-
dores”, sem existir “um suporte legal
claro a esta decisão”. “São as regras
introduzidas pelo Decreto-Lei n.º
104/2023, de 17 de Novembro, que a
ERSE tem de operacionalizar”, refere
a entidade reguladora presidida por
Pedro Verdelho.
Várias empresas consideraram que
os Ænanciadores “não devem ser res-
ponsabilizados, através do pagamen-
to de juros sobre os valores de 2023”,
pelo atraso na operacionalização des-
te modelo de Ænanciamento. A Apren
critica a existência de “efeitos retroac-
tivos” e o facto de não se ter permiti-
do “às entidades Ænanciadoras acau-
telar as medidas necessárias para
minimização do impacto”. E a
Iberdrola defende mesmo que a
cobrança de juros “é ilícita por não
ter existido previamente um acto de
liquidação dos montantes de Ænan-
ciamento”.
Quanto à ERSE, sustenta que “os
juros aplicados não são juros de mora,
mas sim juros regulatórios que actua-
lizam os valores de 2023 para 2024”
e que a sua aplicação “é a única forma
de assegurar a neutralidade Ænancei-
ra para todos os agentes, incluindo os
operadores de rede”, que continua-
ram a suportar o desconto atribuído
aos clientes economicamente vulne-
ráveis enquanto o modelo de repar-
tição não Æcou fechado.
Decisão do comercializador
“Um conjunto de comentários” na
consulta “salientou que o modelo é
discriminatório para os produtores,
porque não lhes é possível repercutir
o custo nos consumidores da mesma
forma que os comercializadores”,
mas isso dependerá do que for a capa-
cidade do comercializador de absor-
ver parte do custo ou a estratégia que
opte por seguir.
De acordo com os cálculos do con-
selho tarifário da ERSE (o órgão que
aprecia as propostas da ERSE e que é
composto por representantes do
Governo e da Direcção-Geral do Con-
sumidor, dos comercializadores e dos
operadores de rede, entre outros), há
“um potencial impacte [aumento]
máximo nos preços médios do mer-
cado livre na ordem dos 1,38%”.
Para os consumidores em baixa
tensão normal (as famílias e pequenos
negócios), estima-se um impacto tari-
fário de 0,93% para os clientes do
mercado regulado e, no caso dos
clientes do mercado livre, o impacto
será “entre 0% e 1,13%, dependendo
da decisão de repercussão de cada
agente”, lê-se no relatório.
A ERSE refere que o impacto do
Ænanciamento da tarifa social é de
cerca de 2,9 euros por megawatt hora
(MWh) em 2024, para os comerciali-
zadores e conÆrma que o impacto nos
consumidores, “dependerá do res-
pectivo comercializador, nomeada-
mente da sua estratégia comercial”.
“Fazendo parte da sua estrutura de
custos, será decisão do comercializa-
dor qual a margem a repercutir aos
seus clientes”, acrescenta a ERSE.
24 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Economia
Pequenos contribuintes vão ter mediação
gratuita nos diferendos com o Ɗsco
Ana Brito
Governo quer eliminar
barreiras à actividade
económica, simplificando
licenciamentos e revendo
regimes de insolvência
O executivo de Luís Montenegro pro-
põe-se manter o espírito de uma das
bandeiras da governação socialista,
o Simplex, com a promessa de “sim-
pliÆcação geral de processos adminis-
trativos e licenciamentos nas diferen-
tes áreas para os cidadãos e empre-
sas”. Entre as várias medidas do
Programa do Governo, já discutido
na Assembleia da República, a coliga-
ção PSD/CDS propõe várias iniciativas
que prometem “transformar custos
de contexto em oportunidades” e
“eliminar barreiras e constrangimen-
tos à actividade económica”.
Entre elas, o novo promete promo-
ver “apoio jurídico e mediação gra-
tuita para a defesa de pequenos con-
tribuintes junto da administração
tributária” nas situações em que estão
em causa diferendos relativos a dívi-
das de pequenos montantes relacio-
nados com a cobrança de “impostos
ou outros tributos e/ou execuções
Æscais de pequeno valor”. O progra-
ma não esclarece, contudo, se a medi-
da se aplica a contribuintes singula-
res, pequenas empresas, ou ambos.
Tesla reduz 10% da força laboral em todo o mundo
Ana Brito
A diminuição das vendas no primeiro
trimestre deste ano e o aumento da
concorrência pelo preço no segmen-
to dos veículos eléctricos estão a ser
usados como justiÆcações para um
corte do número de trabalhadores na
Tesla. A empresa fundada por Elon
Musk vai dispensar 10% da força labo-
ral, segundo noticiaram vários meios
de comunicação como a Reuters,
citando um email enviado pelo
empresário aos trabalhadores.
O site especializado Electrek refe-
re que estão em causa 15 mil postos
de trabalho. Num email enviado
aos trabalhadores, que o Electrek
reproduziu, o patrão da Tesla, Elon
Musk, começa por relembrar que a
empresa expandiu-se rapidamente
a nível mundial, com a abertura de
diversas fábricas.
“Com este rápido crescimento,
O Governo promete ainda “simpli-
Æcar os procedimentos de resolução
alternativa de conÇitos no âmbito de
causas de pequeno valor e de grandes
litigantes, libertando os tribunais
cíveis, e garantindo uma justiça mais
rápida e eÆciente”.
A ser bem-sucedida, a medida per-
mitiria, por exemplo, aliviar os tribu-
nais dos inúmeros casos que envol-
vem dívidas incobráveis em sectores
como a energia e em particular as
telecomunicações, em que as grandes
empresas não prescindem da litiga-
ção, mesmo para montantes muito
reduzidos.
A reforma dos regimes de insolvên-
cia e recuperação de empresas tam-
bém está na agenda do novo executi-
vo liderado por Luís Montenegro, que
se propõe facilitar acordos de reestru-
turação e de conversão de dívida em
capital, atribuindo aos credores
maior poder de negociação nestes
processos.
Na mesma linha, o Governo tam-
bém quer rever o regime dos avales
pessoais exigidos pelas instituições
Ænanceiras para aprovarem créditos.
Estas exigências, “na prática, des-
troem a responsabilidade limitada
das empresas (e/ou a sua capacidade
de Ænanciamento e tomada de ris-
co)”, aÆrma o documento.
No licenciamento das actividades
económicas, o Governo quer encur-
tar o número de interacções necessá-
tem havido uma duplicação de
papéis e funções em determinadas
áreas. À medida que preparamos a
empresa para a nossa próxima fase
de crescimento, é extremamente
importante analisar todos os aspec-
tos para reduzir custos e aumentar
a produtividade”, refere o email assi-
nado por “Elon”. Musk diz que hou-
ve uma “análise exaustiva da orga-
nização” e que a gestão tomou “a
difícil decisão” de reduzir o número
de funcionários “em mais de 10% a
nível global. Não há nada que eu
deteste mais, mas tem de ser feito.
Isto permitir-nos-á ser enxutos, ino-
vadores e ansiosos pelo próximo
ciclo da fase de crescimento.”
Agradecendo aos que vão sair, o
multimilionário deixou a garantia a
quem Æca que a empresa está a
“desenvolver algumas das tecnolo-
gias mais revolucionárias nos secto-
res automóvel, energético e da inte-
Apoio jurídico passará a estar previsto para dívidas de baixo valor
rias do proponente com a administra-
ção pública.
Se, por um lado, pretende “consa-
grar o ponto único de entrada para
licenciamentos complexos”, para
evitar a submissão de pedidos a múl-
tiplas entidades administrativas, por
outro quer proibir as entidades públi-
cas de “solicitarem documentos e
informações que estão na posse de
outras entidades públicas”.
Além disso, o executivo admite que
as regras e exigências burocráticas
vão passar a expirar “no Ænal de
determinado prazo ou na ausência de
uma clariÆcação relativa a um proces-
so”. Para isto, terá de existir um
Grupo liderado por Elon Musk
pode despedir 15 mil pessoas
NUNO FERREIRA SANTOS
“mapeamento público e claro da tra-
mitação dos processos administrati-
vos e sua digitalização integral”, pro-
mete o Governo.
Nesta tentativa de agilizar procedi-
mentos, o licenciamento também
deverá “evoluir para uma orientação
geral de substituição do controlo pré-
vio por Æscalização a posteriori”. E,
nos regimes de controlo prévio, o
deferimento tácito será a “regra geral,
sustentado em termos de responsa-
bilidade dos autores dos projectos,
mas sem prescindir da responsabili-
zação pública pelo silêncio ou omis-
são de análise”.
Os organismos do Estado deverão
ligência artiÆcial”. A Tesla anunciou
este mês que as vendas caíram 8,5%
no primeiro trimestre deste ano
(entregou 386.810 veículos) face aos
três meses anteriores, um desem-
penho que não se veriÆcava desde
o segundo trimestre de 2020 e que
foi pior do que o previsto em Wall
Street. Em reacção ao anúncio dos
despedimentos e das demissões, os
títulos da Tesla estiveram ontem à
tarde a cair mais de 4%, na bolsa de
Nova Iorque.
Foi através da rede social X, contro-
lada por Musk, que chegou a público
mais uma evidência do momento
tumultuoso que se vive na companhia
automóvel: o vice-presidente da
empresa, Drew Baglino, o principal
engenheiro da Tesla e responsável
pelo desenvolvimento das baterias,
anunciou a sua demissão.
Paralelamente, a Bloomberg noti-
ciou que outro vice-presidente da
ainda beneÆciar de “incentivos ao
‘aconselhamento para a aprovação’
(em vez da atitude de ‘rejeição à
partida’ por receios de responsabi-
lização por ilegalidade)” e o Gover-
no compromete-se a “fazer avalia-
ções regulares da execução dos
mecanismos de simpliÆcação de
licenciamento existentes (por exem-
plo, licenciamento urbanístico) e
futuros”.
SimpliÄcar a propriedade
Outra das medidas previstas dá con-
tinuidade a um processo iniciado
pelo anterior executivo, quando
apresentou o novo regime jurídico
do cadastro predial, de modo a criar
um inventário nacional para centra-
lizar a informação sobre os terrenos
e outros imóveis privados ou públi-
cos e evitar a dispersão de dados
entre as várias entidades da adminis-
tração pública.
No documento discutido quinta e
na sexta-feira passadas no Parlamen-
to, a coligação PSD/CDS diz querer
simpliÆcar os processos de registo de
propriedade, “combinando o registo
de âmbito notarial e Æscal, e dimi-
nuindo os custos de transacção”, em
particular quando estão em causa
propriedades rústicas de pequena
dimensão. Isto contribuirá “para uma
menor pulverização da propriedade
e uma mais rentável gestão do terri-
tório”, acredita o novo executivo.
empresa, Rohan Patel, com o pelouro
da política pública e do desenvolvi-
mento de negócio também decidiu
abandonar o cargo. Segundo o Elec-
trek, Baglino foi um dos primeiros
trabalhadores da Tesla, sendo próxi-
mo de JB Straubel, outro co-fundador,
até este deixar a equipa executiva, em
2019. Na publicação no X, Baglino não
explica por que motivo sai da compa-
nhia automóvel, refere apenas que
tomou “a difícil decisão de deixar a
Tesla, ao Æm de 18 anos”.
A saída destes dois executivos de
topo “sinaliza que a fase de maior
crescimento da Tesla enfrenta sérios
obstáculos”, aÆrmou à Reuters
Michael Ashley Schulman, da casa de
investimentos Running Point Capital
Advisors. Segundo este responsável,
a saída dos dois gestores é o “sinal
mais negativo” do dia de ontem,
mais até do que o corte de postos de
trabalho.
 DA
TA
EN
M
AU
E

Acontinua
REVOLUÇÃO
A
ST
VI
RE
ÃO
IÇ
ED

dentro de momentos
O diálogo entre um fotógrafo que viveu de perto a Revolução de 1974 e o seu filho serve de mote a este livro de BD para
explicar de forma simples, mas rigorosa, os antecedentes deste marco histórico e as portas que o 25 de Abril abriu.
Reedição revista e aumentada 25 anos depois da sua criação, quando se comemoravam os 25 anos do 25 de Abril.
No 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, este livro mantém a sua actualidade e pertinência,
tal como o momento histórico de que fala.
Um caminho que deve continuar a ser trilhado por todos,
neste tempo de ameaças aos direitos conquistados por Abril.
Uma revolução interior em contínuo.

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26 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024

CLASSIFICADOS Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
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De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H

EDITAL
ROCHA NEVES, Presidente do Conselho de Deontologia do Porto
da Ordem dos Advogados Portugueses, em cumprimento do
disposto nos artigos nº.s 142.º e 202.º do Estatuto da Ordem dos
Advogados, aprovado pela lei 145/2015, de 9 de setembro, com as
EXTRACTO alterações introduzidas pela lei 6/2024, de 19 de Janeiro;
Faz saber publicamente que, por Acórdão do Conselho de
EDITAL
ROCHA NEVES, Presidente do Conselho de Deontologia
do Porto da Ordem dos Advogados Portugueses, em
cumprimento do disposto nos artigos 174.º e 202.º do
Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei O Iscte – Instituto Universitário
145/2015, de 9 de setembro;

Certifico, para efeitos de publicação que, nesta data, foi lavrada, no Cartório Deontologia do Porto de 10 de setembro de 2021, ratificado, nos
termos do disposto no artigo 140.º, n.º 2 do Estatuto da Ordem dos
Faz saber publicamente que, por Acórdão do Conselho
de Deontologia do Porto de 17 de novembro de 2023, foi de Lisboa pretende recrutar
Notarial no Barreiro do Dr. Carlos José Albardeiro Barradas, a folhas Advogados, por Acórdão do Conselho Superior de 10 de setembro de aplicada ao Sr. Dr. Luís Paiva Adães, Advogado, portador
setenta e um, do Livro Cento e vinte e sete - C, de escrituras diversas, uma 2022 e confirmada por decisão da 2ª Secção do Conselho Superior da cédula profissional n.º 2941P, com domicílio profissional
na Rua Alves Roçadas, 147, 2º, em Vila Nova de Famalicão,
Técnico(a) Superior em
escritura de justificação, tendo por justificantes: da Ordem dos Advogados, foi aplicada ao Sr. Dr. Manuel Adolfo
a pena disciplinar de suspensão pelo período de 10 (dez)
João Miguel de Brito da Fonseca Augusto, NIF 209277491, natural da
Grancho Peixoto Bourbon, que usa o nome abreviado de Manuel
Grancho Bourbon, Advogado inscrito pela Comarca de Braga, meses, por violação do disposto nos artigos 88.º e 91.º, al. regime de Contrato Individual
freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa e mulher Raquel portador da cédula profissional n.º 50424P, a pena disciplinar de e) do Estatuto da Ordem dos Advogados e do disposto nos
Galinha Roque, NIF 223878430, natural da freguesia de São Domingos de
Benfica, concelho de Lisboa, casados sob o regime da separação de bens,
Expulsão, por violação do disposto nos artigos 88.º, 89.º, 90.º, n.º 1
e n.º 2, als. a), d), e) e g) e 91º, al. a) todos do Estatuto da Ordem dos
artigos 37.º, n.º 2, al. a), 39.º, n.º 1 e 40.º do Regulamento
913-C/2015, de 23 de dezembro.
de Trabalho.
Advogados atualmente em vigor (lei 145/2015, de 9 de setembro). O cumprimento da presente pena teve o seu início a 7 de
com residência habitual e domicílio fiscal na Rua 5 do Bairro do Alto da O cumprimento da presente pena teve o seu início a 29 de fevereiro
março de 2024, findo o prazo previsto no artigo 173.º, n.º 1
Ajuda, número 1, Ajuda, Lisboa, de 2024, findo o prazo previsto no artigo 173,º, n.º 1 do Estatuto da
do Estatuto da Ordem dos Advogados (Lei 145/2015, de 9 Para mais informações consultar no dia
Ordem dos Advogados atualmente em vigor (lei 145/2015, de 9 de
Que, nessa escritura, os justificantes declararam: setembro), desde a data em que o aludido Acórdão do Conselho de de setembro), desde a data em que o aludido Acórdão do útil seguinte:
Que são donos e legítimos possuidores, em comum e partes iguais e com Deontologia do Porto, ratificado nos termos legais pelo Acórdão do Conselho de Deontologia do Porto, formou caso resolvido
exclusão de outrém, do prédio urbano, composto de moradia unifamiliar Conselho Superior, formou caso resolvido na ordem jurídica interna na ordem jurídica interna da Ordem dos Advogados. https://www.iscte-iul.pt/conteudos/
T três, com três pisos, destinada a habitação, com piscina e logradouro, da Ordem dos Advogados. Porto, 5 de abril de 2024 iscte/quem-somos/trabalhar-no-
Porto, 12 de abril de 2024
situado no Bairro Económico do Alto da Ajuda, Rua 5 do Bairro do Alto Rocha Neves Margarida Santos Rocha Neves Margarida Santos iscte/1393/concursos
da Ajuda, número 1, freguesia de Ajuda, concelho de Lisboa, descrito na Presidente do Conselho de Deontologia Chefe de Serviços Presidente do Conselho de Deontologia Chefe de Serviços
Conservatória do Registo Predial de Lisboa sob o número dois mil e trinta e
nove, da citada freguesia, com aquisição a seu favor pela apresentação mil TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL
seiscentos e dez, de vinte e nove de abril de dois mil e dezanove, inscrito na DA COMARCA DA COMARCA
matriz sob o artigo 3571, da freguesia da Ajuda, com EDITAL EDITAL DE LISBOA NORTE DE LISBOA NORTE
o valor patrimonial tributário de € 461.400,00. ROCHA NEVES, Presidente do Conselho de Deontologia do Porto ROCHA NEVES, Presidente do Conselho de Deontologia do Porto da
Juízo Local Cível de Loures - Juiz 2 Juízo Local Cível de Loures - Juiz 2
Processo: 10236/23.0T8LRS Processo: 6304/22.4T8LRS
Que da declaração para a modificação da inscrição na matriz resulta que da Ordem dos Advogados Portugueses, em cumprimento do Ordem dos Advogados Portugueses, em cumprimento do disposto nos
o mesmo prédio tem a área total de duzentos e cinquenta e cinco vírgula disposto nos artigos nº.s 142.º e 202.º do Estatuto da Ordem dos artigos 174.º e 202.º do Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado ANÚNCIO ANÚNCIO
Advogados, aprovado pela lei 145/2015, de 9 de setembro, com as pela Lei 145/2015, de 9 de setembro; Acompanhamento de Maior Acompanhamento de Maior
quarenta e sete metros quadrados, correspondendo-lhe a superficie alterações introduzidas pela lei 6/2024, de 19 de Janeiro; Faz saber publicamente que, por Acórdão do Conselho de Deontologia Requerente: Ministério Público Requerente: Ministério Público
coberta de setenta e sete metros virgula setenta e nove metros quadrados Faz saber publicamente que, por Acórdão do Conselho de do Porto de 11 de março de 2022, foi aplicada ao Sr. Dr. Jorge Rocha Comarca de Loures Beneficiária: Inez Fernandes
Deontologia do Porto de 10 de setembro de 2021, ratificado, nos e Silva, atualmente com a inscrição como Advogado suspensa e que, Requerido: José Fernandes Pina Silva
e descoberta de cento e setenta e sete vírgula sessenta e oito metros termos do disposto no artigo 140.º, n.º 2 do Estatuto da Ordem enquanto com a inscrição ativa, foi portador da cédula profissional n.º Amaral Faz-se saber, que nos autos
Faz-se saber, que nos autos
quadrados. dos Advogados, por Acórdão do Conselho Superior de 10 de 6367P, com último domicílio pessoal conhecido na Rua Álvares Cabral, de Acompanhamento do
de Acompanhamento do
setembro de 2022 e confirmada por decisão da 2ª Secção do 465, Valongo, a pena disciplinar de suspensão pelo período de 5 (cinco) Maior, acima identificados,
Que, porém, da referida descrição predial apenas consta a área coberta de Maior, acima identificados,
por sentença já transitada em
Conselho Superior da Ordem dos Advogados, foi aplicada ao Sr. anos, acrescida da sanção acessória de restituição ao participante da por sentença já transitada em
setenta e sete metros virgula setenta e nove metros quadrados e descoberta Dr. Francisco Pedro Grancho Peixoto Bourbon, que usa o nome quantia de €34.535,00, por violação dos deveres previstos nos artigos julgado, foram decretadas as julgado, foram decretadas as
de cento e dezasseis vírgula cinquenta e quatro metros quadrados, não se abreviado de Pedro Grancho Bourbon, Advogado inscrito pela 83.º/1/2, 85.º/1/2 al. a) e g), 86.º/a e 92.º/1/2 do Estatuto da Ordem dos medidas de acompanhamento medidas de acompanhamento
Comarca de Braga, portador da cédula profissional n.º 11140P, a Advogados em vigor à data dos factos – Lei 15/2005, de 26 de janeiro – a de José Fernandes Amaral, a Inez Fernandes Pina Silva,
encontrando registada a área descoberta de sessenta e um vírgula catorze com residência em domicílio: com residência em Rua Ary dos
pena disciplinar de Expulsão, por violação do disposto nos artigos que correspondem os deveres previsto nos artigos 88.º, 90.º/2 al. a) e g),
metros quadrados. 88.º, 89.º, 91º, al. a), 97.º, 99.º, n.º 3, 100.º, n.º 1, al. a) e d) e 101º, 91.º/a e 97.º do Estatuto da Ordem dos Advogados em vigor.
Rua Diogo Silves, 2, Bairro do Santos, N.º 15, R/c Dt.º, Quinta
Tazim, 2660-508 São Julião do da Fonte, 2680-304 Apelação,
Que, assim, não se encontra registada na identificada Conservatória a área n.º 1 e 2 todos do Estatuto da Ordem dos Advogados atualmente em O Acórdão do Conselho de Deontologia do Porto, formou caso resolvido Tojal, tendo sido nomeado seu tendo-lhe sido nomeado
total de sessenta e um vírgula catorze metros quadrados, a confrontar, do vigor (lei 145/2015, de 9 de setembro). na ordem jurídica interna da Ordem dos Advogados em 20 de outubro de acompanhante Maria Leonor acompanhante Jacira Andreia
O cumprimento da presente pena teve o seu início a 29 de fevereiro 2023 e o cumprimento da presente pena teria o seu início findo o prazo Cardoso Fernandes do Amaral Silva da Costa.
norte com João Miguel de Brito da Fonseca Augusto e Raquel Galinha de 2024, findo o prazo previsto no artigo 173,º, n.º 1 do Estatuto da previsto no artigo 173.º, n.º 1 do Estatuto da Ordem dos Advogados (Lei Marques.
N/ Referência: 160591587
Roque, do sul com domínio público, do nascente com herdeiros de Luiz da Ordem dos Advogados atualmente em vigor (lei 145/2015, de 9 de 145/2015, de 9 de setembro). Porém, encontrando-se o Sr. Dr. Jorge N/ Referência: 160577197
setembro), desde a data em que o aludido Acórdão do Conselho de Rocha e Silva suspenso por motivos não disciplinares, nos termos do Loures, 11-04-2024 Loures, 12-04-2024
Luz Querido e o poente com herdeiros de Carlos Alberto da Silva Santos, já Deontologia do Porto, ratificado nos termos legais pelo Acórdão do artigo 173.º, n.º 3 do Estatuto da Ordem dos Advogados (Lei 145/2015, A Juíza de Direito,
A Juíza de Direito,
participada na referida matriz. Conselho Superior, formou caso resolvido na ordem jurídica interna de 9 de setembro), o cumprimento da presente sanção apenas terá início em regime de estágio, em regime de estágio,
Que, de facto, a área correta da totalidade do prédio é a que consta da da Ordem dos Advogados. no dia imediato ao levantamento da suspensão. Dra. Mariana Barreiro Dra. Mariana Barreiro
Porto, 12 de abril de 2024 Porto, 5 de abril de 2024 A Oficial de Justiça A Oficial de Justiça
declaração matricial e o identificado imóvel, tem de facto a área constante Rocha Neves Margarida Santos Rocha Neves Margarida Santos Carla Sofia Fonseca M. Silva Carla Sofia Fonseca M. Silva
dessa declaração matricial, ou seja, a superficie coberta de setenta e Presidente do Conselho de Deontologia Chefe de Serviços Presidente do Conselho de Deontologia Chefe de Serviços Público, 16/04/2024 Público, 16/04/2024
sete metros virgula setenta e nove metros quadrados e descoberta de
cento e setenta e sete vírgula sessenta e oito metros quadrados, estando TRIBUNAL JUDICIAL

✝
devidamente demarcado e individualizado dos prédios confinantes há mais DA COMARCA
de quarenta e cinco anos. DE LISBOA NORTE
Que, quer os mencionados anteriores possuidores, quer os atuais Juízo Local Cível de Loures - Juiz 2
Processo: 3177/24.6T8LRS
possuidores e proprietários sempre possuíram aquele prédio, com a
superficie coberta de setenta e sete metros virgula setenta e nove metros ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
quadrados e descoberta de cento e setenta e sete vírgula sessenta e oito Requerente: Maria Manuela Pina

OFEREÇA
metros quadrados, o mesmo nunca sofreu qualquer ampliação pelo menos Igreja Soares
desde o ano de mil novecentos e setenta e sete. Beneficiária: Isabel Maria Igreja
Borges Soares

CULTURA
Que, assim, somando a posse dos anteriores possuidores à posse que os FAZ-SE SABER que foi distribuído
aqui justificantes vêm exercendo desde a sua aquisição, conforme o permite neste tribunal, o processo de
o disposto no número 1, do artigo 1256° do Código Civil, a verdade é que Acompanhamento de Maior em
que é requerido Isabel Maria
há mais de vinte anos que vêm possuindo - não só a área do imóvel que se
encontra registada na Conservatória, mas também a demais parcela com a
área total de sessenta e um vírgula catorze metros quadrados - como um
Dra. MARIA MADALENA DIENER Igreja Borges Soares, domicílio
na Praceta Marquesa D´Alorna,
N.º 1 R/C Esq.º, Odivelas,
EDIFÍCIO
único prédio, em nome próprio e que vêm exercendo os poderes inerentes
ao direito de propriedade, procedendo, quer os atuais proprietários, quer
ROSA DE OLIVEIRA MIRANDA 2675-226 ODIVELAS, com vista
à determinação de medidas
adequadas.
DIOGO CÃO
os anteriores, como donos e legítimos possuidores, sem a menor oposição N/ Referência: 160600311
de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceram Loures, 12-04-2024
DOCA DE ALCÂNTARA
sem interrupção e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente, com FALECEU A Juíza de Direito,
em regime de estágio,
NORTE, LISBOA
ânimo de quem exerce direito próprio, sendo por isso uma posse pública,
Dra. Mariana Barreiro
(JUNTO AO
pacifica, contínua, pelo que adquiriram a mencionada parcela com sessenta O Oficial de Justiça MUSEU DO ORIENTE)
e um vírgula catorze metros quadrados, - que passaram a usar como Marido, filhos, noras, netas e sobrinhos participam o seu José Pacheco Brazão
HORÁRIO:
logradouro, estacionando carros, plantando árvores no jardim e também
onde, em parte foi construída uma piscina -, por usucapião, não tendo falecimento. Será celebrada missa de corpo presente hoje, dia Público, 16/04/2024
2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H
assim, documentos que lhe permitam fazer prova da aquisição pelos meios 16 de Abril, às 14h00 na Basílica da Estrela e o seu funeral SÁBADO: 11H – 17H
extrajudiciais normais.
Está conforme.
seguirá depois para o Cemitério dos Prazeres.
Barreiro, 12 de abril de dois mil e vinte e quatro Agência Funerária Barata
O Notário, Dr. Carlos Barradas 800 204 222 - servilusa.pt
il t
Conta registada sob o n° 2/2680/2024 loja.publico.pt INFO: 210 111 010
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única organização
em Portugal, de âmbito nacional, constituída há mais de 30 anos especificamente para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de Alzheimer,
promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamento.
Contactos: Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org • Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00 • Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel
Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org • Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org • Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato
n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org • Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL - Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org • Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114
Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org • Núcleo do Algarve da Alzheimer Portugal: Urbanização do Pimentão, lote 2, Cave, Gabinete 3, Três Bicos, 8500-776 Portimão - Telemóvel: 965 276 690 - E-mail: geral.algarve@alzheimerportugal.org

Contratação de Pessoal
Investigador (M/F)
Foi publicado no Diário da República nº 74, 2.ª Série, de 15 de abril de
2024, o Aviso n.º 7907/2024/2, relativo ao concurso Ref.ª CI-CTTI-38-
SGRH/2024 de âmbito internacional, para recrutamento na modalidade
de contrato de trabalho por tempo indeterminado celebrado ao abrigo
do Código de Trabalho, de 1 (um) posto de trabalho de Investigador
Principal em regime laboral (3867,03€), na área científica de Biologia,
subárea de Ecologia e Biodiversidade, área de especialização em
Ornitologia, visando o desenvolvimento de funções de investigação
na área de Ornitologia, nomeadamente nas respostas dos indivíduos
e populações às alterações globais, conetividade e conservação de
sistemas migratórios e Interações tróficas em zonas húmidas, no âmbito
do Laboratório Associado CESAM e financiadas ao abrigo do Contrato
LA/P/0094/2020.
2 - O requerimento de candidatura deverá ser elaborado nos termos do
edital antes referido, publicitado no seguinte endereço eletrónico: https://
www.ua.pt/pt/sgrh/pessoal-investigador-novos-concursos-e-ofertas.
3 - O prazo de candidaturas é de 30 dias úteis, contados a partir da data
da publicação do aviso no Diário da República.
Aveiro, em 6 de fevereiro de 2024
O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira
ASSOCIAÇÃO DE SOCORROS MÚTUOS DOS
EMPREGADOS NO COMÉRCIO E INDÚSTRIA
INSTITUIÇÃO PARTICULAR SOLIDARIEDADE SOCIAL
PESSOA COLECTIVA N° 500032424
SEDE SOCIAL: RUA DA PALMA, 237
TELEFS. 218843120 - FAX 218843129
1100-391 LISBOA
E-mail: asmeci.ruapaima@gmail.com www.asmeci.pt
ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
CONHEÇA Aviso Convocatório
A NOSSA De acordo com os preceitos estatutários, convoco a
Assembleia Geral a reunir-se em sessão ordinária no dia 30
SELECÇÃO DE de Abril de 2024, pelas 17:00 horas na sede da Associação,
Rua da Palma n° 237, em Lisboa, em primeira convocação,
com a presença da maioria dos sócios e com as seguintes:
VINHOS
ORDENS DE TRABALHOS
Ponto 1 - Apreciação e votação do Relatório e Contas da
Direção referentes ao ano de 2023 e respetivo Parecer do
Conselho Fiscal.
Ponto 2 - Eleição dos Corpos Sociais para o quadriénio
2024/2028.
De acordo com os preceitos estatutários a(s) lista(s)
concorrentes deverão ser apresentadas ao Presidente
da Mesa da Assembleia Geral, até 15 dias antes da data
marcada para a Assembleia Eleitoral, i.e., até 14/04/2024.
Não havendo número legal de presenças à hora indicada
a Assembleia realizar-se-á, em segunda convocação, no
mesmo local e dia pelas 18:00 horas, com as mesmas
Ordens de Trabalhos e com qualquer número de presenças.
Lisboa, 08 de Abril de 2024
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral
a) Dr. Gustavo Clemente Leal Galvão
NOTA:
De acordo com os Estatutos, os livros e documentos contabilísticos
loja.publico.pt encontram-se patentes na Secretaria a partir de oito dias antes da
reunião da Assembleia Geral, das 09 às 12 horas, como manda a
INFO: 210 111 010 alínea b) do Art° 37, n° 2 dos Estatutos.
CONHEÇA A NOSSA
SELECÇÃO DE
PRODUTOS LIFE&STYLE
EDIFÍCIO
DIOGO CÃO
DOCA DE ALCÂNTARA
NORTE, LISBOA
(JUNTO AO
MUSEU DO ORIENTE)
HORÁRIO:
2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H
SÁBADO: 11H – 17H
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
Universidade do Minho
Unidade de Serviços de Recursos Humanos
ANÚNCIO M/F
Torna-se público que se encontra aberto processo de recrutamento para a contratação de um
Técnico Superior, na modalidade de Contrato de Trabalho por Tempo Indeterminado, ao abrigo
do Código do Trabalho, na Universidade do Minho, sob Ref.ª CTI-PTAG-66/24-EMED (1).
REQUISITOS DE ADMISSÃO:
a) Possuir grau de Licenciatura em Engenharia Biológica, Economia, Gestão, Psicologia ou
áreas científicas afins;
b) Não estar vinculado à Universidade do Minho através de um contrato de trabalho por tempo
indeterminado, ao abrigo do Código do Trabalho, na mesma carreira.
O prazo para a apresentação das candidaturas decorre no período de 16/04/2024 a 18/04/2024.
O texto integral do processo de recrutamento e seleção encontra-se disponível em
https://intranet.uminho.pt/Pages/Documents.aspx?Area=Procedimentos%20Concursais.
A Diretora de Serviços, Aleida Lopes Vaz Carvalho
AVISO
Para os devidos efeitos, torna-se público que estão abertos,
até ao dia 18 de abril de 2024, procedimentos concursais para
preenchimento dos seguintes postos de trabalho:
A. 1 posto de trabalho de Técnico/a Superior, para a
Direção – Referência A
B. 1 posto de trabalho de Técnico/a Superior, para a Divisão
de Resíduos Urbanos – Referência B
C. 6 postos de trabalho de Assistente Operacional
(Cantoneiro - UOR) – Referência C
Os referidos procedimentos foram abertos por aviso publicado
na 2.ª Série do Diário da República, n.º. 67/2024, de 04 de abril
de 2024 (Aviso – extrato n.º 7294/2024.2), podendo consultar-se
a publicação integral da oferta na Bolsa de Emprego Público, em
www.bep.gov.pt e também na página da Plataforma Eletrónica
dos SMAS de Torres Vedras, https://recrutamento.smastv.pt/.
Para esclarecimentos adicionais ou marcação de atendimento
presencial poderá contatar a Secção de Recursos Humanos através
do n.º tlf. 261 336 500 ou do e-mail recrutamento@smastv.pt.
O atendimento presencial será efetuado em dias úteis das
10h00 às 12h00 ou das 14h30 às 15h30.
Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Torres
Vedras, 04 de abril de 2024
Por delegação de assinatura
(Despacho n.º I01764-202110-ADM)
A Diretora Delegada
(Em regime de substituição)
Sandra Pedro
Público ClassiÄcados • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 27
EDUCAÇÃO
Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares
Agrupamento de Escolas de Alcoutim
Aviso n.º 7862/2024/2
Sumário: Abertura de procedimento concursal prévio à eleição do diretor.
Abertura de procedimento concursal
prévio à eleição do diretor
Nos termos do disposto nos artigos 21.º e 22.º do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, com a redação
que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho, torna-se público que se encontra aberto
pelo prazo de 10 (dez) dias úteis a contar do dia seguinte ao da publicação do presente aviso no Diário
da República, o concurso para provimento do lugar de Diretor do Agrupamento de Escolas de Alcoutim,
doravante designado por AE de Alcoutim.
1 – Todas as orientações relativas ao concurso para provimento do lugar de Diretor do AE Alcoutim
constam do Regulamento criado para o efeito, podendo ser consultado na página eletrónica do AE
Alcoutim (www.agrupamento-alcoutim.com) ou na secretaria da escola sede do AE de Alcoutim.
2 – Podem ser opositores ao concurso para o lugar de Diretor, os docentes de carreira do ensino
público ou professores profissionalizados com contrato por tempo indeterminado do ensino particular e
cooperativo, em ambos os casos com, pelo menos, cinco anos de serviço e qualificação para o exercício
de funções de administração e gestão escolar, nos termos do número seguinte.
3 – Consideram-se qualificados para o exercício de funções de administração e gestão escolar, os
docentes que preencham uma das seguintes condições:
a) Sejam detentores de habilitação específica para o efeito, nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do
artigo 56.º do Estatuto da Carreira Docente dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos
Básico e Secundário;
b) Possuam experiência correspondente a, pelo menos, um mandato completo no exercício dos cargos de
diretor, subdiretor ou adjunto do diretor, presidente ou vice -presidente do conselho executivo, diretor
executivo ou adjunto do diretor executivo ou membro do conselho diretivo e ou executivo, nos termos
dos regimes aprovados respetivamente pelo Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, com a redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 137/2012,
de 2 de julho, pela Lei n.º 24/99, de 22 de abril, pelo Decreto-Lei n.º 172/91, de 10 de maio, e pelo
Decreto-Lei n.º 769-A/76, de 23 de outubro;
c) Possuam experiência de, pelo menos, três anos como diretor ou diretor pedagógico de estabelecimento
do ensino particular e cooperativo;
d) Possuam currículo relevante na área da gestão e administração escolar, como tal considerado, em
votação secreta, pela maioria dos membros da comissão do Conselho Geral criada para o efeito.
4 – As candidaturas apresentadas por docentes com o perfil a que se referem as alíneas b), c) e d) do
número anterior só são consideradas na inexistência ou na insuficiência, por não preenchimento de
requisitos legais de admissão ao concurso, das candidaturas que reúnam os requisitos previstos na alínea
a) do número anterior.
5 – A formalização da candidatura é efetuada através de apresentação de requerimento, em modelo
próprio, disponibilizado em (www.agrupamento-alcoutim.com) ou nos Serviços Administrativos da
escola sede do AE de Alcoutim, dirigido à Presidente do Conselho Geral do AE de Alcoutim, devendo
ser entregue, em envelope fechado, nos Serviços Administrativos da escola sede do Agrupamento,
ou remetido por correio registado, com aviso de receção, expedido até ao termo do prazo fixado para
apresentação das candidaturas, para Agrupamento de Escolas de Alcoutim, Rua Portas do Laborato,
8970-280 Martim Longo.
6 – O requerimento deverá ser acompanhado, sob pena de exclusão, da seguinte documentação:
a) Curriculum Vitae detalhado, atualizado, datado e assinado, acompanhado de prova documental dos
seus elementos, com exceção daqueles que se encontrem arquivados no respetivo processo individual
existente no agrupamento de escolas onde decorre este procedimento;
b) Projeto de intervenção relativo ao Agrupamento, contendo identificação de problemas, definindo
a missão, as metas e as grandes linhas de orientação da ação, bem como a explicitação do plano
estratégico a realizar no mandato;
c) Declaração autenticada do serviço de origem onde consta a categoria, vínculo e o tempo de serviço;
d) Fotocópia de documento comprovativo das habilitações literárias;
e) Fotocópia dos certificados de formação profissional realizada.
6.1 – Os candidatos podem, ainda, indicar quaisquer outros elementos considerados relevantes para
apreciação do seu mérito, desde que devidamente comprovados.
7 – Os métodos de avaliação das candidaturas são os seguintes:
a) A análise do Curriculum Vitae, de cada candidato, designadamente para efeitos de apreciação da sua
relevância para o exercício das funções de diretor e o seu mérito;
b) A análise do Projeto de Intervenção no Agrupamento, de cada candidato, visando, designadamente,
apreciar a coerência entre os problemas diagnosticados e as estratégias de intervenção propostas;
c) O resultado da entrevista individual realizada com os candidatos, visando apreciar, numa relação
interpessoal objetiva e sistemática, a capacidades com o perfil das exigências do cargo a que o
candidato se candidata.
8 – As listas provisórias dos candidatos admitidos e dos candidatos excluídos do concurso serão
divulgadas, na página eletrónica do Agrupamento (www.agrupamento-alcoutim.com) e em local
apropriado da escola sede do AE de Alcoutim, nos 3 (três) dias úteis após a data-limite de apresentação
das candidaturas, sendo esta a forma de notificação dos candidatos.
18 de março de 2024
A Presidente do Conselho Geral, Patrícia Isabel Pires Correia
28 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Cultura Apresentada em mais de 120 países, peça chega agora à Culturgest
“O teatro não é
política. A luta
trava-se na
arena cívica”
Tiago Rodrigues O encenador estreia
em Portugal Na Medida do Impossível,
peça sobre a (muito actual) ajuda
humanitária em contextos de guerra
Entrevista
Mariana Duarte
À boleia das celebrações dos 50
anos do 25 de Abril, Tiago
Rodrigues apresenta a estreia
nacional de Na Medida do
Impossível, na Culturgest, em
Lisboa, em dois rounds: entre
amanhã e domingo, depois entre
os dias 23 e 25. É o remate de uma
digressão internacional iniciada em
2022, de uma peça “documentada
mas não documental” germinada a
partir de três dezenas de
entrevistas a trabalhadores e
trabalhadoras de ajuda
humanitária do Comité
Internacional da Cruz Vermelha e
dos Médicos Sem Fronteiras.
Apresentado em mais de 120
países, este espectáculo retrata os
bastidores e os proÆssionais, tantas
vezes invisíveis, dos cenários de
guerra, do “lado do impossível”,
para nos falar sobre a
complexidade, as entorses
democráticas, a luz e a sombra de
um mundo “cada vez mais”
atropelado por conÇitos — mas que
também é mais do que isso.
Na Medida do Impossível é mais
um capítulo do compromisso do
encenador e dramaturgo
português, agora residente em
França, em olhar o teatro como um
acto de elucidação. Sempre num
exercício “de imaginação” e
“questionamento”, endereçando
os direitos humanos, a justiça, a
procura pela liberdade como uma
luta constante. Ainda este ano, no
Festival de Avignon, um dos mais
importantes festivais de teatro do
mundo que dirige desde Setembro
de 2022, estreará outro
espectáculo ligado à temática da
guerra, numa reescrita de Hécuba,
de Eurípedes. Num confuso e
CHRISTOPHE RAYNAUD DE LAGE
convulso mundo, Tiago Rodrigues
diz olhar com inquietação para “o
futuro da democracia portuguesa”,
a partir de um país em que a
extrema-direita de Marine le Pen
está perto do pódio. No entanto, a
luta continua. No teatro — “com
subjectividade poética, emocional
e questionadora”, não “como
manifesto político” — e “na arena
cívica”.
Na apresentação de Na Medida
do Impossível, ambos irão cruzar-se
na Culturgest. No dia 23 haverá a
conversa Cuidar em Estado de
Emergência, com Susana Gouveia,
investigadora associada do
Observatório do Trauma do Centro
de Estudos Sociais da Universidade
de Coimbra e colaboradora da
Cruz Vermelha Portuguesa. A 24
regressa-se a Catarina e a Beleza de
Matar Fascistas (2020), espectáculo
quase-profético de Rodrigues,
etapa marcante do seu percurso,
com o lançamento do livro sobre a
peça, editado pela Tinta-da-China,
numa sessão em que estarão
presentes o encenador, o jornalista
do PÚBLICO Gonçalo Frota,
“co-autor” desta publicação, e Pilar estiveram em situações que talvez casos. E nada impede que Portugal República Democrática do
del Río. nos parecessem menos próximas não volte a viver no impossível, Congo, que, neste último caso, é
“Somos como guarda-chuvas ou urgentes, como é hoje o conÇito nem que seja na falta de acesso a um genocídio que derrama em
diante de um tsunami”, diz-se israelo-palestiniano ou a Guerra na liberdades e direitos. parte de um outro genocídio, o
no espectáculo. Hoje, essa frase Ucrânia, mas que para eles eram Depois há outras zonas do do Ruanda. Nunca pensou em
poderia ser substituída por uma de uma enorme proximidade. Há mundo — penso na Palestina, mas actualizar a peça?
ainda mais catastrófica: “É uma ainda um pouco a imagem da ajuda também no Afeganistão — em que a Depois da estreia em Genebra,
questão de tempo até humanitária como um movimento presença de ajuda humanitária é a Æzemos a peça em Rennes
morrermos todos”, como de inspiração cristã, que se forma resposta a uma urgência crónica. É [França], dois dias depois do início
afirmou um trabalhador na Europa e vai depois para outros muito interessante ouvir estes da guerra na Ucrânia. O público
humanitário em Gaza, na continentes. Já não é essa a testemunhos a falar da necessidade teve uma reacção completamente
sequência da morte de colegas realidade. E é por isso que usamos de continuar a procurar justiça, diferente, porque estava a ser
no ataque de Israel contra os os termos “possível” e “impossível” mas com a consciência de que são, confrontado com o regresso à
veículos da World Central para a geograÆa, nunca referindo como dizia, guarda-chuvas. guerra na Europa. Isso também
Kitchen. Como é levar a palco as regiões. Para relembrar de que A peça estreou-se pouco antes demonstra a que ponto a cultura é
uma peça sobre ajuda onde hoje nos parece ser o possível do início da Guerra na Ucrânia um termómetro das liberdades e
humanitária neste contexto — ou seja, países e sociedades onde e, durante a sua digressão, viu da qualidade de vida do possível, e
actual, não só a Palestina, mas há acesso aos bens e às liberdades nascer catástrofes humanitárias como o nosso público raramente
também a Ucrânia? essenciais —, rapidamente pode não só na Palestina, mas se sente próximo do impossível.
Para fazer Na Medida do Impossível passar a ser o impossível. Ou voltar também em Cabo Delgado Achámos que era importante não
falámos com pessoas que a sê-lo. A Ucrânia é um desses [Moçambique], no Sudão, na transformar a peça, porque o

teatro tem essa dimensão: quando
vemos a Antígona, de Sófocles, o
seu gesto continua a signiÆcar
coisas para nós, de forma diferente
do que signiÆcou para os
atenienses há 25 séculos.
No espectáculo aflora-se o
conflito interno destes
profissionais, ao terem
consciência de que os
financiadores das instituições
de ajuda humanitária são
muitas vezes os mesmos países
que põem em marcha as
guerras que levam à
intervenção humanitária. Por
exemplo, os Estados Unidos são
um dos países fundadores da
ONU e, ao mesmo tempo, um
dos principais fornecedores de
armas a Israel.
Temos de conseguir criticar estas
instituições e, ao mesmo tempo,
reconhecer a sua importância em
contribuir para a transformação. O
posicionamento de António
Guterres [secretário-geral da ONU]
em relação à forma como o
Governo israelita reagiu ao bárbaro
ataque terrorista do Hamas a 7 de
Outubro — uma reacção que violou
o direito internacional e promoveu
o massacre da população de Gaza
— mostra a necessidade de manter
a lucidez para compreender a
complexidade dos fenómenos e
para se criticar administrações
políticas sem que isso implique
criticar os povos e os seus credos.
No Festival de Avignon haverá
espectáculos que abordam a
guerra. Um é Mothers. A Song for
Wartime, de Marta Górnicka,
com 21 mulheres e mães
ucranianas, polacas e
bielorrussas. Esta escolha
programática foi influenciada
pela situação na Ucrânia?
Foi directamente inÇuenciada na
medida em que Marta Górnicka
quis fazer este espectáculo. Ela
regressou à Polónia para poder
trabalhar com mulheres que
escaparam à guerra [na Ucrânia]
em campos de refugiados,
mulheres que tiveram a
possibilidade de se exprimir
através do teatro, e ter uma
dimensão de vida activa num
momento de exílio e sofrimento.
Esse processo foi-se transformando
e tornámo-nos co-produtores. É
um espectáculo em que estas
mulheres nos fazem um apelo
concreto: o de continuarmos a
olhá-las, de não cedermos àquilo a
que se chama “fadiga da empatia”.
Essa “fadiga da empatia” está,
de alguma forma, conectada à
ascensão da extrema-direita?
Estamos há muitos anos assim.
Também a houve [fadiga da
empatia] em relação ao Iraque ou
ao Afeganistão. E há ainda
relativamente aos lares de idosos,
aos hospitais, às casas de
acolhimento de crianças autistas
severas. Existe uma polarização
nas sociedades que poderá estar
ligada a esta fadiga, mas está
também ligada a uma expansão
despudorada da demagogia e dos
populismos, nomeadamente de
extrema-direita, usando como
ferramenta a desinformação e o
discurso predatório contra o
estrangeiro e a alteridade. Basta
vermos a ascensão do Chega e um
discurso manipulador e mentiroso
sobre a comunidade cigana ou a
imigração, quando todas as
estatísticas provam o contrário. É
um discurso de inspiração fascista,
embora não se possa apelidar este
movimento de fascismo, seria uma
incorrecção cientíÆca e histórica.
O uso correcto ou incorrecto do
termo fascismo para descrever
os actuais movimentos da
direita radical tem sido alvo de
discussões. A sua utilização, em
termos globais, aprofunda a
polarização política e
entrincheira o diálogo?
É possível reconhecer valores que
são partilhados e uma mesma
ameaça aos valores e ao
funcionamento democráticos. Por
outro lado, o termo fascista não se
usa somente no contexto do
discurso histórico ou cientíÆco.
Usa-se também informalmente. E
usa-se talvez como a última forma
de insulto político que resta
quando o discurso mediático
normaliza a extrema-direita.
Consigo compreender, por
exemplo, que possa ser utilizado
no campo da Æcção, das artes ou
do teatro. Como, aliás, eu utilizo
num espectáculo que Æz e onde
tem uma função provocatória.
Refere-se a Catarina e a Beleza
de Matar Fascistas. A
personagem de Catarina
argumenta que é preciso falar
com aqueles que acabam por
votar na extrema-direita e que
isso não significa que sejam
fascistas. Isto remete-nos para
os 1,1 milhões de votantes no
Chega. Alinha-se com a posição
de Catarina?
A Catarina faz perguntas. É uma
peça sobre a dúvida, muito mais do
que sobre a violência, como muitas
vezes deu jeito dizer a quem
atacava a peça antes de a ter visto.
Perante a dúvida, o extremo
oposto do jogo democrático é uma
acção violenta. Mas nesta peça é
sobretudo a dúvida sobre a
ascensão da extrema-direita.
Quando nos estreámos havia um
deputado de extrema-direita na
Assembleia da República (AR). O
espectáculo, de uma forma que eu
julgava distópica e não profética,
dizia que em 2028 seriam 117
deputados. Em Portugal passámos
de um para 50 deputados.
Mas é preciso dizer que, até hoje, a
extrema-direita em Portugal só
perdeu. E que a esmagadora
maioria da sociedade portuguesa
opõe-se a essa extrema-direita e faz
parte de um debate que foi o que
levou a que esta peça tivesse
extravasado o espaço cultural.
Estou muito inquieto com o futuro
da democracia portuguesa, a partir
de um país, França, onde o futuro
da democracia está também em
risco, com a ascensão avassaladora
da extrema-direita.
O teatro pode ter efectivamente
algum impacto ou continua
numa bolha, a pregar aos
convertidos?
O teatro tem uma dimensão
política, desde sempre — desde
Eurípedes, desde Sófocles —, mas
não é política. A luta trava-se na
arena cívica. Não julgo que
Penso numa dívida
de gratidão em
relação a quem
fez o 25 de Abril
e muitas vezes
ajo em função
dessa gratidão
DOUGADOS MAGALI
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 29
Catarina e a Beleza de Matar
Fascistas pregue aos convertidos,
no sentido em que a cena Ænal, e
não só, perturba todo o espectro
político. Não acho também que o
teatro se dirija a uma bolha. Hoje
há uma representatividade muito
maior da sociedade portuguesa nas
salas de teatro do que havia há 20
anos. Se o serviço público de teatro
tivesse o apoio que merece para
estar no centro da cidadania, se
houvesse políticas culturais
consequentes de longo prazo e
apoiadas orçamentalmente,
haveria uma capacidade ainda
maior de descentralização, de
ligação entre o teatro e o sistema
educativo, de abertura das
instituições a novos públicos.
Enquanto ex-director artístico do
Dona Maria II, que conhece bem as
instituições portuguesas, faz-se um
trabalho exemplar num contexto
de enorme precariedade. Mas é
uma das grandes conquistas de
Abril ainda por cumprir: o lugar
central da cultura e das artes na
democracia portuguesa como bens
essenciais. Estamos muito longe
disso. Eu estou numa espécie de
camarote privilegiado em França.
Apesar de ter havido recentemente
cortes no orçamento para a
Cultura, é um país que há 80 anos
beneÆcia de um pacto de regime
que defende a cultura e as artes no
centro da sociedade.
Governos mais conservadores
na Europa têm vindo a
desinvestir na cultura, como é o
caso de França e do Reino
Unido. O que espera do Governo
da Aliança Democrática?
A indicação de Dalila Rodrigues
para ministra da Cultura
surpreendeu-me pela positiva. Em
qualquer democracia,
independentemente das nossas
convicções ideológicas, a
expectativa está lá. Não me
esqueço de que, embora me deÆna
e tenha sempre participado
civicamente à esquerda, fui
nomeado para o D. Maria II por um
Governo de direita.
Não podemos traçar uma linha
directa entre um governo de
direita e o desinvestimento
público na cultura e a sua
secundarização?
Seria precipitado fazê-lo porque
seria um preconceito ideológico. A
experiência diz-me que um
governo de esquerda não é
necessariamente o garante de
prioridade para as políticas
culturais em Portugal, ou em
qualquer outro país.
Antes de terminar o mandato, o
ex-Governo aprovou a proposta
de Pedro Adão e Silva para
incentivar o investimento
privado na cultura. Como vê
esta questão?
O mecenato não pode ser usado
como álibi para diminuir o
Ænanciamento público na cultura,
porque é este que permite
perseguir políticas culturais e
valores sufragados em eleições.
Neste Festival de Avignon vai
estrear um espectáculo
assinado por si, Hécube, pas
Hécube, com a Comédie
Française, que tem como pano
de fundo a Guerra de Tróia. A
guerra na Ucrânia e o genocídio
na Palestina infiltraram-se, de
alguma maneira, na reescrita
desta tragédia de Eurípedes?
Não. A relação que me interessa
explorar é a personagem de uma
actriz que está a encenar a Hécuba
de Eurípedes e que, ao mesmo
tempo, está a atravessar um
processo em tribunal porque
apresentou uma queixa contra o
Estado por causa de maus tratos ao
seu Ælho, com autismo profundo,
numa casa de acolhimento do
Estado. A Hécuba faz uma espécie
de prenúncio do direito
internacional: mesmo em tempos
de guerra, quando perdemos
tudo, há uma réstia de dignidade
humana que merece justiça.
Enquanto filho de Abril, como é
apresentar Na Medida do
Impossível pela primeira vez em
Portugal nas comemorações dos
50 anos da Revolução?
A forma como vejo a política e a
sociedade em geral, que
certamente inÇuencia a forma
como vejo e imagino o teatro, é
muito marcada pelo 25 de Abril.
Tendo nascido em 1977, marcou a
minha infância e a minha
formação. Penso numa dívida de
gratidão em relação a quem fez o
25 de Abril e muitas vezes ajo em
função dessa gratidão.
Há um perigo de se normalizar a
extrema-direita que decorre do
facto de essa extrema-direita ter
representatividade política depois
das eleições. E, num sistema
democrático, a legitimidade da
representatividade dos votos é
sagrada. Apesar disso, não
devemos confundir o respeito por
essa legitimidade com a
normalização de antidemocratas
que, pelos métodos mais tortuosos,
demagógicos e mentirosos,
conseguiram captar esses votos.
Esse é um dos paradoxos da
democracia. Até onde é que
devemos tolerar, e isso está no
centro daquilo que é Catarina e a
Beleza de Matar Fascistas. Vejo com
muita preocupação expressões
como as de Pedro Passos Coelho,
com um discurso — não quero
empregar termos insultuosos, para
não correr o risco de ser
processado — absolutamente
inaceitável em democracia e em
pleno século XXI. Mas quero
repetir isto em voz alta: a maioria
dos eleitos em Portugal é
democrata, o que signiÆca que a
maioria dos portugueses é
democrata. Somos suÆcientes para
combater a extrema-direita.
 30 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Cultura
Carta aberta: Defender a Bienal
no Mosteiro!
Opinião
Ex.mo Sr. Primeiro-Ministro, Dr.
Luís Montenegro,
Ex.ma Sra. Ministra da Cultura,
Doutora Dalila Rodrigues,
Ex.mo Sr. Ministro da
Economia, Dr. Pedro Reis,
Ex.mo Sr. Presidente da Câmara
Municipal de Coimbra, Doutor
José Manuel Silva,
Os/as artistas, representantes de
estruturas de criação,
programadores/as culturais,
académicos/as, trabalhadores/as
da cultura, estudantes e públicos
da cidade de Coimbra vêm por
este meio manifestar a
necessidade de construção de
uma solução que permita a
permanência da Bienal Anozero
no Mosteiro de Santa
Clara-a-Nova. Deverão ser
consideradas condições que
permitam o desenvolvimento e
aprofundamento do seu projeto
neste espaço, substancialmente
diferentes das apresentadas no
despacho conjunto dos
Ministérios das Finanças e
Economia, no âmbito do
programa Revive, que tornariam
este projeto inviável, seja do ponto
de vista do tempo de ocupação ou
das áreas consagradas para espaço
expositivo.
Desde 2015, a Bienal Anozero
afirmou-se no contexto nacional e
internacional de programação de
arte contemporânea, com forte
impacto na cidade e no país,
Tutores chegam a quase 15 mil programando e desafiando
alunos, mas nem todas as escolas espaços e instituições da cidade
em programas de convergência e
garantem apoio a quem precisa
produção de pensamento sobre o
Alunos com histórico de retenções podem ter professores tutores. território local e global e a sua
aioria das escolas mobiliza este apoio, mas 22% das que tinham necessária transformação. Tem
estudantes elegíveis não o disponibilizaram.
construído um programa sólido de
mediação e acesso de públicos, de
todas as idades e contextos
Newsletter Educação socioeconómicos, à arte
Todas as semanas, os temas
que interessam aos professores.
Receba toda a informação sobre o tema, Morreu Rico Wade, um arquitecto do rap
pela mão dos jornalistas do PÚBLICO
Andreia Sanches, Clara Viana e Samuel Silva.
Foi na cave da mãe de Rico Wade, em
Subscreva já para a receber no seu email. Atlanta, na Geórgia, que se fundou o
TODAS AS QUINTAS-FEIRAS colectivo Dungeon Family, que ao
longo dos anos foi envolvendo nomes
como OutKast, Goodie Mob, Killer
Mike, Janelle Monáe ou Future, uma
família do hip-hop que ajudou a aÆr-
Suscreva esta newsletter mar o Sul dos Estados Unidos como
e muitas mais em o terceiro grande pólo do hip-hop
publico.pt/newsletters americano, a seguir a Nova Iorque e
Los Angeles. Wade, que morreu aos
contemporânea, e contribuído
decisivamente para a
ressigniÆcação do património
material e imaterial de Coimbra.
Neste trabalho, a programação
do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
devolveu este espaço à cidade,
tornando-o epicentro e local
simbólico de criação artística, de
desaÆos de união das duas
margens reais e metafóricas da
cidade. Este espaço, hoje cidade a
partir deste projeto, é estratégico
para a Bienal, e a relação
simbiótica entre ambos é
estratégica para a cidade. São
inúmeros os exemplos das cidades
que se aÆrmam e desenvolvem a
partir dos seus festivais, bienais ou
mostras de arte. O Mosteiro é
Bienal Anozero e Coimbra é, cada
vez mais, Bienal Anozero.
Nós, fazedores/as e públicos,
reivindicamos uma solução,
construída por um diálogo, que
permita que a Bienal Anozero
solidiÆque a relação da arte com a
vida desta cidade a partir deste
espaço.
A. Nunes Martins (arquiteto e
professor universitário); Abílio
Hernandez (professor universitário
aposentado); Adelaide Martins
(comunicação cultural); Adelino
Gonçalves (professor,
departamento de Arquitetura,
Universidade de Coimbra); Adelino
Gonçalves (professor universitário);
Adérito Araújo (professor); Adolfo
Caboclo (artista, curador,
investigador); Adriana Ávila
(produtora cultural); Adriana
Campos (atriz); Afonso Abreu (ator);
Afonso Farinha (estudante); Afonso
Nuno Martins (arquiteto e professor
universitário); Albertina Costa
(assistente social aposentada);
Albino Rodrigues (reformado);
Alexandra Santos (professora);
Alexandra Silva (assistente técnica,
atriz); Alexandre Barros (professor e
músico); Alfredo Campos
52 anos — a notícia foi avançada por
Killer Mike nas redes sociais e conÆr-
mada pela família ao New York Times
—, era um terço da unidade de produ-
ção Organized Noize, que foi respon-
sável, não só dentro do rap, por êxitos
de TLC — Waterfalls — ou En Vogue —
Don’t let go (love) —, além de Ludacris
ou Bubba Sparxxx..
“O mundo perdeu um dos arqui-
tectos mais inovadores da música e
(sociólogo); Alice Pinto (estudante);
Álvaro Garrido (professor
universitário); Amanda Guapo
(técnica de serviços educativos);
Amílcar Cardoso (professor
universitário); Ana Bastos
(professora); Ana Batista
(estudante); Ana Bem-Haja
(estudante); Ana Botelho
(fotógrafa); Ana Carolina Gomes
(antropóloga); Ana Castro
(estudante); Ana Daniela Gonçalves
(professora); Ana Ferreira
(estudante); Ana Filipa Folgado
Laranjeira (engenheira informática);
Ana Isabel Strindberg
(programadora e distribuidora de
cinema); Ana Jaleco (facilitadora);
Ana Leonor Mamede (estudante);
Ana Margarida Serra Ferreira
(conservadora de museus); Ana
Mariano (produtora cultural); Ana
Marques (reformada); Ana Marques
Trindade (música); Ana Marta Caio
(escritora, tradutora e revisora);
Ana Patrícia Vidal (professora do 1.º
ciclo); Ana Pires (geógrafa); Ana
Raposo (bióloga); Ana Seguro
(gestora); Ana Targino (estudante);
Ana Valentine (produtora); Anabela
Marisa Azul (investigadora e
docente do ensino superior); Anaís
Oliveira (estudante); André Filipe
Neto Parra Rodrigues da Costa
(gestor); Andreia Almeida
(advogada); Aníbal Rodrigues
(assessor de comunicação);
António Abrantes (informático);
António Alves (enfermeiro),
António Ferreira (cineasta);
António Henrique Gamboa Pires
(técnico superior, cooperante da
Bonifrates); António Olaio (artista
plástico e professor); António
Santos (enfermeiro); Aristóteles
Cantalice (artesão); Artur Costa
(professor); Artur Pinho Maria
(maestro)
A lista final de signatários pode ser
consultada em https://tinyurl.com/
BienalNoMosteiro. Este apelo continua
a receber assinaturas até hoje ao final
do dia no link supracitado.
nós perdemos um amigo inestimá-
vel”, pode ler-se numa publicação
dos Organized Noize e Dungeon
Family no Instagram. Os Organized
Noize estiveram na origem do movi-
mento Dirty South, nome tirado do
disco e single homónimos dos Goo-
die Mob, a banda de Cee-Lo Green,
que mais tarde se notabilizou ele
próprio como produtor e cantor de
renome. Rodrigo Nogueira
 Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 31

Poesia Pública Por Daniel Maia-Pinto Rodrigues

Free Colours
Vinham longe os meus problemas com a Solange,
via eu em ‘70
os imponentes Plymouth Superbird
energeticamente pintados de Vitamina C Orange.

Vinha bem longe a micocas tecnologia Nano,

acelerava eu em Mustangues tecnologia Nando.

Vi Corvettes pintados de Plum Crazy

na lazy light das longas rectas.
Metas?! nada disso.
... lazy light das longas rectas.

Em Cheves Camaros Yellow Midas

levei as Mary’s Lou’s às modas.

Anos mais tarde

estampei-me um par de vezes em Lancias Betas.
Tratava-se de um carro perigoso,
sujeito aos ventos laterais.

Aprendi algumas lições, levei algumas injecções.

Hoje estou mais velho e mais sossegado.

... Vi Corvettes Plum Crazy

na lazy light das longas rectas ...
Metas?
lazy light… … free…

Daniel Maia-Pinto Rodrigues nasceu no Porto, em 1960. Publicou, até à data, vinte e dois livros (poesia, novela e romance). Está representado em mais de
quarenta antologias poéticas, a maioria das quais editada pelas principais editoras portuguesas. Ao livro A Próxima Cor foi atribuído o 1.º Prémio Nacional
Foz-Côa-Cultural e a Menção Honrosa/Novos Valores da Cultura, pelo Ministério da Educação e Cultura, segundo parecer do júri constituído por Fiama Hasse
Pais Brandão, Vasco Graça Moura e José Fernando Tavares. O seu livro Dióspiro — Poesia Reunida (1977-2007) foi considerado, pela Universidade do Minho, o
melhor livro de poesia editado em Portugal no ano de 2007. Turquesa, Poesia Reunida — 1977/2017, com prefácio de Rui Lage, editado em 2020 pela Imprensa
Nacional-Casa da Moeda, foi recomendado para integrar o Plano Nacional de Leitura 2027. O seu livro mais recente, Amo sobretudo às Vezes, foi publicado
pela Officium Lectiones, com selecção e organização de José Rui Teixeira, em Fevereiro de 2024.

Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda, com o apoio media do PÚBLICO. Ao longo de 50
dias publicaremos 50 poemas inéditos de 50 autores sobre revolução. Veja mais em publico.pt
32 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024

Ciência e Ambiente Doenças neurodegenerativas

Anticorpo abranda progressão motora

da Parkinson nalguns doentes
Descoberta foi anunciada numa análise dos dados de um ensaio clínico publicada na Nature Medicine.
Agregação da proteína alfa-sinucleína no cérebro é uma característica distintiva da doença de Parkinson
DANIEL ROCHA

Filipa Almeida Mendes

O prasinezumab, um anticorpo
monoclonal comercializado pela far-
macêutica Roche, mostrou reduzir os
sinais de deterioração motora em
indivíduos com Parkinson que apre-
sentam progressão rápida da doença.
A descoberta foi anunciada numa
análise exploratória dos dados de um
ensaio clínico de fase II publicada
ontem na revista Nature Medicine.
Um resumo do estudo divulgado
pela revista destaca que, actualmen-
te, não existem tratamentos que
abrandem a progressão da doença de
Parkinson, “uma doença neurodege-
nerativa caracterizada pelo agrava-
mento dos sintomas motores e não
motores ao longo do tempo”, sendo
a agregação da proteína alfa-sinucleí-
na no cérebro uma característica dis-
tintiva da doença — aliás, frisa o resu-
mo, “vários estudos pré-clínicos
sugeriram que esta patologia [a agre-
gação dessa proteína] é um factor-
chave da progressão da doença”.
“O prasinezumab é o primeiro anti-
corpo monoclonal terapêutico expe-
rimental concebido para se ligar à A Parkinson é uma doença
alfa-sinucleína agregada, permitindo neurodegenerativa que afecta
a sua degradação”, refere o resumo. cerca de 20 mil portugueses
Este anticorpo foi recentemente
investigado em 316 doentes com
doença de Parkinson em fase inicial
num ensaio clínico de fase II chamado o tratamento com prasinezumab tes com doença de Parkinson de pro- de progressão rápida”. “Os resultados “No entanto, a subpopulação de pes-
Pasadena, não se tendo veriÆcado reduziu o agravamento dos sintomas gressão rápida tratados com este desta análise pré-especiÆcada impli- soas tratadas com inibidores da
“qualquer efeito signiÆcativo na pro- motores em todas as subpopulações anticorpo. É, no entanto, necessária cam que numa população de progres- monoamina oxidase B [MAO-B] repre-
gressão da doença neste grupo”. “No de progressão rápida após 52 sema- mais investigação para determinar se são mais rápida, em que o grau de senta cerca de 40% de toda a popula-
entanto, os participantes no ensaio nas, em comparação com os sintomas o prasinezumab pode ser eÆcaz em agravamento ao longo do tempo é ção, e o uso de inibidores da MAO-B
tiveram uma progressão da doença motores das pessoas tratadas com um doentes com uma progressão mais maior, existe uma maior probabilida- na linha de base foi incluído como um
muito variável”, acrescenta. placebo. Este efeito não foi observado lenta da doença após períodos mais de de um potencial efeito do trata- factor de estratiÆcação na randomi-
A equipa envolvida neste estudo nas subpopulações tratadas caracte- longos de tratamento — algo que está mento. Esta análise também indica zação”, realça.
analisou os efeitos potenciais do pra- rizadas como de progressão lenta. já a ser explorado numa fase alargada que, para populações com progres- Pagano nota ainda que “não exis-
sinezumab na progressão motora em A avaliação dos sintomas motores do ensaio clínico Pasadena. são lenta, podem ser necessários tem terapêuticas modiÆcadoras da
quatro subpopulações que apresen- foi efectuada com a ajuda da Escala São também necessários mais ensaios com duração superior a um doença aprovadas que retardem ou
tavam sintomas motores de progres- UniÆcada de Avaliação da Doença de ensaios clínicos para conÆrmar estes ano para detectar potenciais efeitos parem a progressão da doença de
são rápida da doença de Parkinson Parkinson da Sociedade Internacional efeitos em doentes com doença de do prasinezumab”, acrescenta. Parkinson” e que “as terapias actual-
no ensaio Pasadena de fase II. das Doenças de Parkinson e do Movi- Parkinson de progressão rápida, o Gennaro Pagano sublinha que “o mente disponíveis — incluindo o
Estes subgrupos foram deÆnidos mento, que é a ferramenta de avalia- que está actualmente a ser investiga- estudo Pasadena é o primeiro estudo medicamento Madopar da Roche,
de acordo com diversos factores, ção clínica usada geralmente. do num outro grande ensaio clínico de prova de conceito de fase II que lançado há 50 anos — têm sido bem-
incluindo a utilização de inibidores Os resultados sugerem que a eÆcá- de fase II intitulado Padova. testa se a ligação da alfa-sinucleína sucedidas no tratamento dos sinto-
da monoamina oxidase B (psicofár- cia clínica do prasinezumab só é agregada no terminal C da proteína mas motores, mas não têm impacto
macos) no início do estudo, o estadia- observada ao Æm de um ano em doen- Uma terapia inovadora com um anticorpo monoclonal é uma na doença subjacente de modo a
mento da doença de acordo com a Gennaro Pagano, director médico da abordagem terapêutica relevante em retardar a sua progressão”. O objec-
Escala de Hoehn e Yahr (uma escala Roche e professor associado da Uni- doentes com doença de Parkinson tivo é, portanto, “travar a progressão
de avaliação da incapacidade dos
Terapias têm sido versidade de Exeter (Reino Unido), em fase inicial”. clínica para a incapacidade nas pes-
indivíduos com doença de Parkin- bem-sucedidas em principal autor do estudo, diz, em O cientista admite que “os resulta- soas com Parkinson, através do des-
son), a presença de perturbação do resposta ao PÚBLICO por email, que dos destas análises devem ser inter- envolvimento de tratamentos que
sono com movimento rápido dos
tratar os sintomas o prasinezumab mostrou “um efeito pretados com cautela, dada a sua visem a causa biológica e os factores
olhos (REM) ou a presença de “fenó- motores, mas não numérico no abrandamento da pro- natureza exploratória, as pequenas de neurodegeneração”. A equipa des-
tipos malignos difusos” desta doença gressão motora no estudo Pasadena”, dimensões das amostras da maioria te estudo inclui Paulo Fontoura, vice-
neurodegenerativa.
na progressão tendo o efeito sido “maior em subpo- das subpopulações e a falta de correc- presidente e director de desenvolvi-
Os investigadores veriÆcaram que da doença pulações de indivíduos com doença ção para múltiplas comparações”. mento clínico da Roche.

Camões e Outros Contemporâneos, de Helder
Macedo, numa edição revista e aumentada
Do professor catedrático jubilado do King’s College,
onde foi titular da Cátedra Camões até 2004, chega
às livrarias pela Editorial Presença uma edição
revista e aumentada do livro que recebeu em 2018 o
prémio literário D. Dinis. Conta com um novo ensaio.
Sugestões
Uma mãe
na cidade
Neste Terceiro Andar sem
Elevador — Notas de Lisboa, num
capítulo sobre vislumbres, Susana
Moreira Marques coloca como
hipótese: “Talvez toda a escrita de
viagem seja um adiamento de
escrevermos sobre os outros que
vivem mesmo junto de nós.”
A autora de Agora e na Hora da
Nossa Morte (traduzido para
inglês, francês e espanhol), de
Quanto Tempo Tem Um Dia e
ainda de Lenços Pretos, Chapéus
de Palha e Brincos de Ouro
reflecte neste seu novo livro sobre
como as suas filhas e ela própria
vivem o bairro de Arroios, em
Lisboa. Mas não só. Susana
Moreira Marques é uma mãe na
cidade, sempre atenta aos
pormenores. Até para a ausência
de música vinda da casa da
vizinha de baixo.
“De certeza que, no restaurante
Entre Cravos e
Cardos —
Portugal aos
olhos de
um estrangeiro
que se tornou
português
Autoria: Thomas
Fischer ; (Ed.: Edições 70; 388
págs; 22,90€. Já nas livrarias)
“Um golpe militar podia ter
encanto? Podia e pode, basta
recordar aquele que foi, muito
provavelmente, o golpe militar
mais bonito de que há memória,
aquele que se deu precisamente
em Portugal”, escreve o jornalista
e escritor alemão, que esteve em
Portugal no Verão Quente de
1975 (veio num carocha com a
namorada), vive aqui desde 1983
e tem nacionalidade portuguesa
desde 2020. “Infelizmente,
Portugal parece um país algo
bipolar. Quando é para inglês,
francês ou alemão ver, sabe
surpreender com pontualidade e
perfeição. Quando os eventos ou
problemas não têm a mesma
projecção internacional, já não
há tanta pressa em ter tudo
pronto e cultiva-se, muitas vezes,
a mediocridade em vez do
mérito”, escreve no livro que
retrata, com um olhar de alguém
vindo de fora, o país onde
escolheu viver.
italiano de indianos que existe na
minha rua, há uma história
extraordinária. No bar que tem
sempre a porta fechada mas tem
sempre as luzes acesas, haverá
mulheres como as que
encontraria depois de viajar
milhares de quilómetros. Há
também o senhor do talho, que
Democracia
Autoria:
Alexandre
Andrade
(Ed.: Relógio
d’Água;
464 págs; 22,64€.
Já nas livrarias)
O professor na Faculdade de
Ciências, autor de um blogue
sobre kleist e de Aqui Vem o Sol
(Quasi) ou de Descrição
Guerreira e Amorosa da Cidade
de Lisboa (Relógio d’Água), está
de regresso. Democracia
começa assim: “Sim. Lembro-me
de tudo. (…) No ecrã da televisão
está um homem a discursar,
de três quartos, enquadrado
do peito para cima. Usa óculos
de aros grossos. A testa é
ampla e encimada por alguns
cabelos escassos, penteados
para trás. Fala com energia e
gravidade. Ouço isto: ‘O Senhor
Presidente da República
resolveu, no seu alto critério e
segundo as normas
constitucionais, designar-me
para a presidência do Conselho
de Ministros.’ Ouço isto: ‘O País
habituou-se durante largo
período a ser conduzido por um
homem de génio; de hoje para
diante, tem de adaptar-se ao
governo de homens como os
outros.’”
MARIA ABRANCHES
Terceiro Andar
sem Elevador —
Notas de Lisboa
Autoria: Susana
Moreira Marques
(Ed.: Companhia
das Letras; 136
págs; 15,45€.
Já nas livrarias)
Biografias no
Feminino —
Mulheres
Escritoras —
Retratos com
Sombras —
Dispersos e
Inéditos
Autoria: Maria Ondina Braga
(Ed.: INCM — Imprensa Nacional
Casa da Moeda; 544 págs; 24€.
Já nas livrarias)
O segundo volume das Obras
Completas de Maria Ondina
Braga, com coordenação de
Isabel Cristina Pinto Mateus e José
Cândido de Oliveira Martins, tem
edição e prefácio de Isabel
Cristina Pinto Mateus e de Claire
Williams. O livro reúne as
biografias Mulheres Escritoras
(irmãs Brontë; Colette; Jane
Austen; Irene Lisboa, Virginia
Woolf, etc.) e Retratos com
Sombras (publicado pela primeira
vez, com textos sobre Anaïs Nin,
Ana Plácido, Maria Archer, etc.), e
também vários textos diversos
publicados em revistas femininas
e jornais que “trazem à luz facetas
menos conhecidas” da escritora
autora de Vidas Vencidas “ou
descobrem o seu papel como
mulher e cidadã comprometida
com a mudança da sociedade,
antes e depois da Revolução”,
como explicam no prefácio.
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 33
leituras
raramente faz férias e não tem
oportunidade de conhecer o
mundo. No entanto, em vez de me
dirigir a eles e escrever sobre as
suas histórias, continuo a fantasiar
sobre as pessoas que iria
conhecer nas minhas grandes
viagens por realizar.”
Quase como notas de um diário,
estes pequenos textos são
retratos de instantes vividos na
cidade, pequenos ensaios,
memórias, reflexões e também
curiosidades da vida nas cidades,
por alguém que já viveu em várias
— Matosinhos, Nova Iorque,
Londres ou Amesterdão — e
habita há mais de uma década
“terceiros andares, todos eles,
claro, sem elevador.”
A escritora tem memória dos
tempos em que regressava do
estrangeiro a Lisboa e a cidade
lhe parecia estar sempre igual.
Mas agora, mãe de duas filhas,
sabe que “há um dia em que a
cidade de que nos lembramos já
não corresponde à cidade onde
O Fim da
Vergonha —
Como a direita
radical se
normalizou
Autoria: Vicente
Valentim
(Ed.: Gradiva
168 págs; 13€. Hoje nas livrarias)
“Até à data, a análise mais
cuidadosa da forma como os
cidadãos e os políticos repensam
o que é aceitável na política e
como isso altera o
comportamento político”, na
opinião de Daniel Ziblatt,
professor de Ciência Política da
Universidade de Harvard. Esta
obra de Vicente Valentim,
doutorado em Ciência Política
pelo Instituto Universitário
Europeu, em Florença, resulta da
adaptação para português da
obra The Normalization of the
Radical Right, que será publicada
em inglês pela Oxford University
Press em Setembro. Grande parte
das pessoas que expressam
actualmente o seu apoio à direita
radical já tinha antecipadamente
essas ideias em privado, mostra
neste seu primeiro livro o cientista
político na Universidade de
Oxford. Não tinham era até agora
à-vontade para o manifestarem
em público por causa da pressão
social.
Guia
publico.pt/leituras
vivemos”. No entanto, Lisboa
continua a ser uma cidade onde
ainda se vêem muitas mulheres à
janela, “normalmente, nos
andares mais altos, com as suas
cabeças grisalhas a olharem cá
para baixo, sem terem vertigens”,
e se encontram jovens rapazes à
janela, a fumar e a olhar para o
telemóvel.
Terceiro Andar sem Elevador
começou a tornar-se livro durante
uma residência que a escritora fez
na Art Omi, em Nova Iorque.
Antes disso, o ponto de partida
foram as crónicas que a antiga
colaboradora do PÚBLICO
escreveu para o jornal digital
Mensagem de Lisboa na rubrica
Caderno Azul. “Grande parte dos
textos deste livro foram
publicados inicialmente online,
embora noutra forma”, explica. A
obra, que chegou ontem às
livrarias, será apresentada por
Carlos Vaz Marques na Casa do
Comum, em Lisboa, a 2 de Maio,
às 18h30. Isabel Coutinho
Catarina e a
Beleza de Matar
Fascistas
Autoria: Tiago
Rodrigues
(Ed.: Tinta-
-da-China; 224
págs; 16,90€.
Quinta-feira nas livrarias)
Esta peça, do actual director do
Festival d’ Avignon, estreou-se no
Centro Cultural Vila flor, em
Guimarães, em Setembro de
2020. Recebeu o Prémio de
Melhor Espectáculo Estrangeiro
em França e em Itália. Catarina faz
parte de uma família que mata
fascistas. Quando chega à sua
altura de matar o seu primeiro
fascista, a jovem recusa-se a
fazê-lo e o conflito instala-se na
família. “Há lugar para a violência
na luta por um mundo melhor?
Podemos violar as regras da
democracia para melhor a
defender?”, lê-se na contracapa
do livro que tem posfácio de
Gonçalo Frota, colaborador do
PÚBLICO, que acompanhou o
processo criativo. Este é “um
texto acerca da construção de um
espectáculo, mas também, antes
de mais, um texto debruçado
sobre a forma como cada um de
nós não é — ou não pode ser —
espectador passivo daquilo que
acontece à nossa frente”, explica.
34 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Guia
Cinema
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, 100. T. 214221030
SOS - Salvem a Escola 13h15, 17h25;
A Zona de Interesse M12. 13h15; Anatomia
de Uma Queda M12. 16h45; A Sala de
Professores M12. 19h15; Dune - Duna:
Parte Dois M12. 21h15; A Flor do Buriti
M12. 19h20; Retrato de Família com Teatro
de Marionetas M12. 19h45; Evil Does Not
Exist - O Mal Não Está Aqui 19h40; Parece
que Estou a + M12. 15h15; Uma Vida
Singular M12. 14h35, 17h30, 21h40; O Hotel
Palace 15h25; Back to Black 21h45;
Lupin III: O Castelo de Cagliostro M12.
13h25; Revolução (sem) Sangue M12. 15h,
21h45; Vincent Tem de Morrer 17h
Cinema City Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 214221030
O Rapaz e a Garça M12. 19h35; Patos! M6.
13h15 (VP); Dune - Duna: Parte Dois M12.
17h50, 19h50, 21h25; O Panda do Kung
Fu 4 M6. 13h20, 15h25, 17h30, 19h35
(VP); Caça-Fantasmas: O Império do
Gelo M12. 15h35; Godzilla x Kong: O Novo
Império M12. 15h55, 19h10; Os Gigantes de
La Mancha M6. 13h50, 15h50 (VP); Homem
Macaco M12. 22h; O Génio do Mal: O
Início M16. 19h40; Uma Vida Singular M12.
15h15, 17h25; A Minha Fada Traquina M6.
13h40 (VP); O Hotel Palace M12. 13h35,
17h50, 19h55; Back to Black M14. 13h30,
15h20, 19h, 21h30; Os Três Mosqueteiros:
Milady M12. 13h10, 15h25, 17h40,
21h55; Lupin III: O Castelo de
Cagliostro M12. 13h20, 21h40; Revolução
(sem) Sangue M12. 15h35, 17h35, 22h
Cinema Fernando Lopes
Cp. Grande. T. 217515500
How to Have Sex - A Primeira Vez M14.
19h; Vincent Tem de Morrer 21h30
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
A Flor do Buriti M12. 15h; Retrato de Família
com Teatro de Marionetas M12. 17h15,
21h15; Ryuichi Sakamoto - Opus M12. 15h
Cinemas Nos Alvaláxia
R. Francisco Stromp. T. 16996
Dune - Duna 13h35, 17h05, 21h05, 23h30;
O Panda do Kung Fu 4 M6. 13h25, 16h05,
18h25 (VP); Godzilla x Kong Atmos - 13h20,
16h, 18h30, 21h10; Imaculada M16. 14h10,
16h30, 18h40, 21h; Sleeping Dogs
- A Teia M12. 13h45, 16h15, 18h45,
21h25; Homem Macaco M12. 13h40, 16h40,
19h20, 22h; O Génio do Mal: O Início M16.
13h55, 16h35, 19h15, 21h55; Uma Vida
Singular M12. 13h30, 15h50, 18h20,
20h50; Amor em Sangue M16. 20h55; Back
to Black M14. 13h15, 15h55, 18h35, 21h15;
Os Três Mosqueteiros: Milady M12. 13h50,
16h20, 18h50, 21h20; Avó M14. 14h, 16h10,
19h; Lupin III: O Castelo de Cagliostro M12.
19h; Revolução (sem) Sangue M12. 14h05,
16h25, 18h55, 21h35; Vincent Tem de
Morrer 21h40
Cinemas Nos Amoreiras
C.C. Amoreiras. Av. Engº Duarte Pacheco.
Bob Marley: One Love M12. 18h40; Dune
- Duna: Parte Dois M12. 13h20, 16h50,
20h30; O Panda do Kung Fu 4 M6. 14h,
16h30 (VP); Retrato de Família com Teatro
de Marionetas M12. 13h40, 15h50; Godzilla
x Kong: O Novo Império M12. 21h; Uma Vida
Singular M12. 13h50, 16h20, 18h50,
21h30; O Hotel Palace M12. 21h20; Back
to Black M14. 13h10, 15h50, 18h30,
21h10; Os Três Mosqueteiros: Milady M12.
13h30, 16h10, 19h, 21h40; Revolução
(sem) Sangue M12. 13h10, 15h30, 18h,
20h40; Vincent Tem de Morrer 18h20
Cinemas Nos Colombo
Edifício Colombo, loja A203. Av. Lusiada.
Dune - Duna: Parte Dois M12. 13h10, 16h30,
20h, 23h30; O Panda do Kung Fu 4 12h40,
15h, 17h10, 19h20 (VP); Caça-Fantasmas: O
Império do Gelo M12. 13h20, 16h; Godzilla x
Kong: O Novo Império M12. 14h, 17h, 20h30,
Back to Black
Estreias
No Interior do Casulo Amarelo
De Thien An Pham. FRA/SIN/
ESP/Vietname. 2023. 179m.
Quando recebe a notícia da morte
da cunhada, em Saigão
(Vietname), Thien Æca encarregue
de cuidar do sobrinho de apenas
cinco anos, e assume a
responsabilidade de levar o corpo
de volta à aldeia onde foram
criados.
Retrato de Família
com Teatro de Marionetas
De Philippe Garrel. FRA/SUI.
2023. 96m. Drama. M12.
Os irmãos Louis, Martha e Lena
criam espectáculos de marionetas
sob a orientação do pai, o
habilidoso dono da trupe; e da
avó, responsável pela confecção
dos bonecos. Juntos, eles foram
encantando plateias com as suas
histórias. Mas tudo muda quando
o patriarca morre de ataque
cardíaco.
Revolução (Sem) Sangue
De Rui Pedro Sousa. POR. 2024.
103m. Drama, Histórico. M12.
Com realização de Rui Pedro
Sousa, um drama inspirado em
factos reais que tenta reconstruir
as vidas das cinco pessoas que
morreram durante a Revolução
dos Cravos, em Abril de 1974.
Vincent Tem de Morrer
De Stéphan Castang. FRA/BEL.
2023. 115m. Comédia Dramática.
Vincent tinha uma vida
perfeitamente normal até se dar
conta que se tornou vítima de
constantes tentativas de
assassinato. O mais estranho em
tudo isso é que os ataques surgem
de pessoas aleatórias que, sem
razão que o justiÆque, se sentem
compelidas a matá-lo.
Lupin III: O Castelo
de Cagliostro
De Hayao Miyazaki. JAP. 1979.
100m. Animação, Aventura. M12.
Realizada em 1979, esta é a
primeira longa-metragem de
Hayao Miyazaki, o mestre japonês
da animação, e segue as aventuras
do ladrão Arsène Lupin III e de
Jigen Daisuke, seu parceiro no
crime.
O Amor Louco
De Jacques Rivette. FRA. 1967.
250m. Drama. M12.
Uma experiência radical de
Rivette, usando os 16mm e os
35mm para os dois “mundos“ que
Ælma,ligando-os de forma
perfeita.
SOS - Salvem a Escola
De Carine May, Hakim Zouhani.
FRA. 2022. 94m. Comédia. M12.
Numa comunidade suburbana de
Paris, onde a população se debate
com a pobreza, a directora Zahia
e a professora Marion unem
esforços para salvar uma escola
da ameaça da gentriÆcação.
Avó
De Matthew J. Saville. 2021.
94m. Drama. M14.
Ruth é alcoólica e, devido a uma
fractura, está dependente dos
cuidados de outros. Um dia, o
neto é expulso do colégio onde
Cartaz, críticas, trailers
e passatempos em
cinecartaz.publico.pt
estudava e enviado para sua casa
para lhe fazer companhia. Num
primeiro momento, o
temperamento difícil de ambos
vai criar entraves à convivência.
Até compreenderem que há muita
coisa a ligá-los.
Back to Black
De Sam Taylor-Johnson. GB/
EUA/FRA. 2024. 122m. Drama,
Musical, Biografia. M14.
Com a sua voz única e estilo
musical onde se mistura o soul,
o jazz ou o R B, Winehouse
alcançou fama internacional.
Mas, apesar de seu enorme
talento e reconhecimento dos
fãs, ela debateu-se com graves
problemas com drogas e
álcool.
Os Três Mosqueteiros: Milady
De Martin Bourboulon.
ESP/BEL/ALE/FRA. 2023.
115m. Acção, Aventura. M12.
Seguindo o ponto de vista de
Milady, esta aventura tem como
base o mais célebre romance de
Alexandre Dumas (1802-1870)
que se inspira em personagens
reais e segue factos importantes
ocorridos em França no século
XVII, durante o reinado de Luís
XIII.
Sleeping Dogs - A Teia
De Adam Cooper. EUA/Austrália.
2024. 110m. Thriller. M14.
Russell Crowe dá vida a um
ex-detective de homicídios com
graves problemas de memória,
obrigado a revisitar um caso que
não consegue recordar.
23h10; Imaculada M16. 13h, 15h10, 17h20,
19h40, 22h, 00h10; Sleeping Dogs - A
Teia M12. 18h40, 21h10, 23h50; Homem
Macaco M12. 00h20; O Génio do Mal:
O Início M16. 18h20, 21h, 24h; Uma Vida
Singular M12. 13h15, 15h50; Back to
Black M14. 13h30, 16h10, 19h, 21h50,
00h30; Revolução (sem) Sangue M12.
13h40, 16h20, 18h50, 21h20, 23h40;
Pearl Jam - Dark Matter M12. Sala Atmos -
21h; Dune - Duna: Parte Dois M12. Sala
Imax - 18h10, 21h40; Godzilla x Kong: O
Novo Império M12. Sala Imax - 12h50,
15h30
Cinemas Nos Vasco da Gama
C.C. Vasco da Gama, Parque das Nações.
Dune - Duna: Parte Dois M12. 17h, 21h10;
O Panda do Kung Fu 4 M6. 13h20, 15h45,
18h15 (VP); Caça-Fantasmas: O Império
do Gelo M12. 13h30, 16h10, 19h; Godzilla x
Kong: O Novo Império M12. Sala Atmos -
13h10, 16h, 00h15; Imaculada M16. 21h40,
24h; Os Gigantes de La Mancha M6. 13h50
(VP); O Génio do Mal: O Início M16. 20h45,
23h30; Back to Black M14. Sala Atmos -
13h25, 16h30, 20h30, 23h20; Revolução
(sem) Sangue 14h, 17h30, 21h10,
23h50; Pearl Jam - Dark Matter Atmos - 21h
Medeia Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213142223
Nome: Carmen M12. 12h; Amar um
Desconhecido 19h30; Evil Does Not
Exist - O Mal Não Está Aqui 17h30; Back
to Black M14. 21h30; No Interior do
Casulo Amarelo 14h
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 213801400
Pearl Jam - Dark Matter M12. 21h15; Pobres
Criaturas M16. 15h55; Vidas Passadas
M12. 13h35; A Sala de Professores M12.
13h25; Dune - Duna 15h50, 21h45; Godzilla
x Kong 13h30, 21h55; Imaculada M16.
13h35; Ryuichi Sakamoto - Opus M12.
16h15, 18h35; Evil Does Not Exist 14h15,
19h15; Homem Macaco M12. 16h10,
19h10; O Génio do Mal 13h40; Parece que
Estou a + M12. 13h45, 18h40; Uma Vida
Singular M12. 13h55, 16h20, 18h50,
21h15; Miller’s Girl - A Favorita M14. 16h45,
21h35; Anjos na Terra M12. 14h10; O Hotel
Palace M12. 16h55, 19h20, 21h40; Back to
Black M14. 13h50, 16h30, 19h10, 21h50;
Os Três Mosqueteiros: Milady M12. 16h35,
21h50; Avó M14. 16h25, 21h20; Lupin III:
O Castelo de Cagliostro M12.
19h20; Revolução (sem) Sangue M12.
14h05, 16h35, 19h05, 21h35
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
R. Sérgio Malpique 2.
T. 16996
Bob Marley: One Love M12. 13h50; Dune
- Duna: Parte Dois M12. 14h, 17h40, 21h10;
O Panda do Kung Fu 4 M6. 12h30,
15h10, 17h30, 19h45 (VP/2D), 14h
(VP/3D); Caça-Fantasmas: O Império
do Gelo M12. 13h30, 16h05, 18h45,
21h50; Godzilla x Kong: O Novo
Império M12. Sala Atmos - 12h50, 15h40,
18h20, 21h30; Imaculada M16. 12h55, 15h15,
17h25, 19h35, 22h; Sleeping Dogs
- A Teia M12. 19h10, 21h40; Homem
Macaco M12. 13h15, 16h10, 18h45, 21h35;
O Génio do Mal: O Início M16. 22h20; Uma
Vida Singular M12. 12h40, 15h30, 18h10,
20h50; A Minha Fada Traquina M6. 13h20,
15h35 (VP); O Hotel Palace M12. 13h40,
18h05, 20h20, 22h40; Back to Black M14.
Sala Atmos - 13h, 15h50, 18h30, 21h20;
Os Três Mosqueteiros: Milady M12.
13h10, 15h45, 18h25, 21h15; Avó M14.
16h; Revolução (sem) Sangue M12. 16h15,
18h40, 21h; Pearl Jam - Dark Matter M12.
21h; Godzilla x Kong: O Novo Império M12.
4DX - 12h20, 14h50, 17h20, 19h50, 22h30
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
Estrada Nacional nº. 7 - Alcabideche.
Dune - Duna 12h30, 16h30; O Panda
do Kung Fu 4 M6. 13h, 15h15, 17h30
(VP); Godzilla x Kong 12h45, 15h30, 18h15,
21h15; Imaculada M16. 20h; Homem
Macaco M12. 14h, 16h45, 19h30; O Génio
do Mal 22h10; Uma Vida Singular M12.
20h15; Back to Black M14. 13h15, 16h, 18h45,
21h30; Os Três Mosqueteiros: Milady M12.
14h15, 17h, 19h40, 22h15; Revolução (sem)
Sangue M12. 13h30, 16h15, 19h, 21h45; Pearl
Jam - Dark Matter M12. 21h; Dune - Duna
Imax - 17h15, 20h45; Godzilla x Kong:
O Novo Império M12. Sala Imax - 14h30
Sintra
Castello Lopes - Alegro Sintra
Dune - Duna: Parte Dois M12. 16h45, 20h;
O Panda do Kung Fu 4 M6. 13h10, 15h20,
17h30 (VP); Caça-Fantasmas 14h20,
16h55; Godzilla x Kong: O Novo
Império M12. 14h20, 16h45, 19h10,
21h35; Sleeping Dogs 14h35, 19h20,
21h40; Homem Macaco M12. 14h35, 16h55,
19h15, 21h35; O Génio do Mal: O Início
M16. 14h, 16h30, 19h, 21h30; Miller’s Girl
- A Favorita M14. 19h40, 21h40; Back
to Black M14. 14h, 16h30, 19h, 21h30
 Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 35

Guia

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Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios

EXPOSIÇÃO Cruzadas 12.402 Paulo Freixinho

Ventos de Liberdade — A
Revolução de Abril pelo Olhar
de Ingeborg Lippmnan e Peter
Collis
LISBOA Museu do Oriente.
De 16/4 a 19/5. Terça a domingo,
das 10h às 18h (sexta encerra às
20h). Grátis
Inaugurada no âmbito do
programa 50 Anos do 25 de Abril,
alinhavado pela Fundação Oriente
para mostrar “os diferentes
olhares e perspectivas” da mesma
revolução, a nova exposição reúne
as imagens captadas por Ingeborg
Lippmnan e Peter Collis,
fotojornalistas estrangeiros que
acompanharam esse momento
histórico. Retratos de “um país em
transe”, nota a folha de sala, de
lente apontada também às
mulheres, ao país rural e à
“paisagem humana no Alentejo no
contexto da Reforma Agrária”.
Comissariada por Fátima Lopes
Cardoso e Pedro Marques Gomes.
palavrascruzadas@publico.pt
HORIZONTAIS: 1. Margarida (...), ministra da Administração Interna. Extremidade
da âncora. 2. Dividir proporcionalmente. Cheiro. 3. Sangue dos deuses. Ajaezar.
4. Ordem dos Advogados. Post-scriptum (abrev.). Aguenta. 5. (…) Queta,
primeiro português a jogar na liga masculina da NBA. 6. Procedo. Aparece na
poesia como flúmen. Elas. 7. Conjunto de cartas jogadas em cada lance e que
são recolhidas pelo parceiro que ganha. “O que para uns é (...), para outros é
fel”. 8. Armada Portuguesa. (...) Alexandre, ministro da Educação, Ciência e
Inovação. 9. Velo. Decifrei. Inspirado por Deus. 10. Misturar com iodo. Espreitar.
11. Intensidade. Não frequente.
VERTICAIS: 1. Pundonor. Aprecia o merecimento de. 2. Substância usada para a
fixação de penteados. O país do sol nascente. 3. Ligo. Fruto seco. Símbolo de
decigrama. 4. Linha de ornato, em forma de serpente. Bafejar. 5. Cálcio (s. q.).
Ente. Malhadouro. 6. Interjeição que designa dúvida ou menosprezo. Gemer
(pop.). 7. Traço de luz. Também não. 8. A (...), a 9.ª edição deste festival vai
acontecer este ano no Convento de Santo António dos Capuchos, em Leiria.
Alastrar-se pouco a pouco. 9. Despedida. Ingressa. 10. Dar som ou tom forte.
Dividir em aldeias. 11. Mestre ou patrão de embarcação. Riqueza.
Solução do problema anterior
HORIZONTAIS: 1. Melo. Rabeca. 2. Amorfo. Apre. 3. Ni. Allen. ID. 4. Tri. Bisso. 5. Durar. AT. 6. Par.
Voaria. 7. Júdice. Piar. 8. Are. CE. Nu. 9. Cr. Ziraldo. 10. Oito. Usar. 11. Baia. Harare.
VERTICAIS: 1. Manto. Jacob. 2. Emir. Púrria. 3. Lo. Idade. TI. 4. Ora. Uri. Zoa. 5. Flor. Cai. 6. Rol. Ave.
Ruh. 7. Ebro. Casa. 8. Bani. Apelar. 9. EP. Sari. Dra. 10. Cristiano. 11. Aedo. Aru. Te.
João Fanha © Alastair Chisholm 2008
Bridge fanhabridge.pt Sudoku www.indigopuzzles.com

MÚSICA Dador: Este

Vul: Todos
corta de Ás, joga ouro para o Ás,
corta um ouro na sua mão e joga
Problema 12.570 (Fácil) Solução 12.568
Bem Gil & Moreno Veloso trunfo. Qualquer que seja o
adversário que tenha o Rei de
LISBOA Teatro Tivoli BBVA. NORTE
Ƅ Q72 copas, vai ter que voltar corte e
Dia 16/4, às 21h. M/6. 20€
Ɔ Q9754 balda ou na fourchette de paus,
Vindos de famílias com lugar assegurando ao carteador o seu
Ƈ A7
reservado na história da música ƅ KJ4 contrato.” Brilhante! Obrigado
popular brasileira — Bem Gil é Ælho Ricardo Maissa por estas
OESTE ESTE
de Gilberto, Moreno Veloso de pérolas!
Ƅ 106 Ƅ AKJ954
Caetano —, os músicos juntam-se ƆK Ɔ-
em palco para dar corpo a um Ƈ K109632 Ƈ Q854 Considere o seguinte leilão:
espectáculo intimista, pensado ƅQ762 ƅ985 Oeste Norte Este Sul
para celebrar a música, mas SUL 1Ƅ 3ƅ ?
também a amizade que os une. Ƅ 83 Solução 12.569
Ɔ
Graça, leveza, sensibilidade e AJ108632
O que abre em Sul com a
técnica são algumas das notas nas ƇJ seguinte mão?
pautas deste encontro, que passa ƅA103 Ƅ J82 Ɔ AJ64 ƇAQJ105 ƅ7
por vários palcos lusos à boleia de
uma digressão europeia. Próximas Resposta: Marque 3Ƈ. Aproveite
paragens: Casa Varela de Pombal Oeste Norte Este Sul a oportunidade para mostrar o
seu bom naipe de ouros antes
(dia 19 de Abril) e Auditório de 1Ƅ 2Ɔ
de explicar que também tem
Espinho (dias 20 e 21). passo 4Ɔ Todos passam
apoio a espadas. O parceiro fica-
Problema 12.571 (Difícil)
rá com uma boa ideia da sua
Leilão: Partida livre ou Equipas
CONVERSAS (IMPs). mão e saberá avançar para che-
leme com a mão certa. Meteorologia
Tito Lívio no Janelão Carteio: Saída: 10Ƅ . O adversá-
LISBOA São Luiz Teatro rio em Este toma a vaza com o A página de
Municipal. Dia 16/4, às 19h. Valete e prossegue com o Ás e meteorologia não
Grátis Rei de espadas. Como deve jogar se publicará até
O jornalista Tito Lívio senta-se à o carteador? ao dia 28 de Maio
conversa com Maria do Céu e é substituída pela
Solução: Ainda da mesma revista
Guerra. Figura importante no iniciativa Poesia
de ontem, de 1989, mais um pro-
mapa do teatro nacional — em 1976 Pública, com
blema intemporal. “Se corta é
fundou a companhia A Barraca, evidente que Oeste recorta e a publicação de
ainda em actividade — tem créditos que, voltando ouros, obriga-o a 50 poemas inéditos
acumulados nas tábuas, mas adivinhar a posição da Dama de nos 50 anos do 25
também no cinema e na televisão. paus para ganhar o seu contrato. de Abril.
Um percurso aqui recordado na Existirá uma linha de carteio mais
primeira pessoa, cortesia do ciclo segura? Certamente, e trata-se
de entrevistas mensais. de um endplay elementar: Sul
36 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024
Guia
CINEMA
Gravidade
Hollywood, 16h30
Numa importante missão espacial,
a inexperiente Dra. Ryan Stone e o
veterano Matt Kowalski são
surpreendidos por uma explosão
que os lança no espaço. Sem
contacto com a equipa de
controlo, lutam pela sobrevivência
enquanto lidam com traumas e se
reinventam num cenário que
deixa pouco lugar à esperança.
George Clooney e Sandra Bullock
dão vida às únicas personagens
deste intenso thriller psicológico,
dirigido por Alfonso Cuarón e
musicado por Steven Price.
Conquistou sete Óscares.
O Corpo da Mentira
Hollywood, 23h20
Ex-jornalista ferido na Guerra do
Iraque, Roger Ferris (Leonardo
DiCaprio) é recrutado pela CIA
para descobrir um líder terrorista
que opera na Jordânia. Para se
inÆltrar na rede, tem de
conquistar os apoios do agente
veterano da CIA Ed Hoèman
(Russell Crowe) e do chefe das
Informações da Jordânia, que
pode não ser tão honesto quanto
parece. Poderá Ferris conÆar nos
seus aliados sem pôr em risco toda
a operação e a sua própria vida?
Um thriller de acção realizado por
Ridley Scott.
O Rio
AMC, 1h01
Sendo o Ælho mais velho de uma
família pobre e numerosa, Aslan é
incumbido de cuidar dos irmãos
mais novos e fazê-los cumprir as
tarefas atribuídas pelo pai. Mas
tem diÆculdade em fazer valer a
sua autoridade. Tudo se agrava
quando outro rapaz chega à aldeia
e lhes mostra o seu tablet e jogos
de computador. Fascinados com a
tecnologia, os mais pequenos
sentem-se atraídos pelo novo
amigo e tornam-se cada vez mais
desobedientes às ordens de Aslan.
Essa circunstância,
aparentemente banal, dará origem
a uma tragédia. Estreado em 2018,
O Rio é o Ælme de Emir Baigazin
que completa a trilogia iniciada
com Lições de Harmonia (2014) e
continuada em The Wounded Angel
(2016), em que o realizador
cazaque se debruça sobre as
diÆculdades das populações das
zonas rurais do seu país.
SÉRIE
Prisão e Redenção
RTP2, 22h01
Chega à RTP2 a série antológica
ambientada no sistema prisional
britânico. Criada por Jimmy
McGovern e saída dos estúdios da
BBC, ganhou dois Baftas e
Televisão Os mais vistos da TV
Domingo, 14
RTP1 8,1% arrancou elevadíssimas notas da
crítica. Na primeira temporada, os
Big Brother
% Aud. Share
TVI 10,6 20,4
RTP2 0,5 louvores recaíram sobretudo
Big Brother - Os Grupos TVI 10,4 25,7 SIC 13,5 sobre as prestações dos actores
que a protagonizam: Sean Bean na
TVI
Jornal da Noite SIC 8,9 18,0
Isto é Gozar com Quem... SIC 8,7 17,4 15,2 pele de um recluso corroído pela
Cabo
Big Brother - Nomeações TVI 8,1 35,0 culpa e Stephen Graham na farda
FONTE: CAEM
43,7 de um agente prisional consumido
por um dilema. A sua história
desenvolve-se em três episódios,
TVCINE TOP
RTP1 RTP2 para ver diariamente até
17.25 Nas Margens 19.05 Mundo quinta-feira.
6.00 Bom Dia Portugal 10.00 Praça 6.32 Repórter África 7.00 Espaço Zig Jurássico: Domínio 21.30 Uma Noite em
DOCUMENTÁRIOS
da Alegria 12.59 Jornal da Tarde Zag 10.51 Folha de Sala 10.55 Miami 23.30 Todas as Formas de Amor
14.21 Escrava Mãe 15.05 A Nossa Inspirando o Futuro - SingularityU 1.05 Terror na Pradaria
Tarde 17.30 Portugal em Directo Portugal 11.16 No Dia em Que... 12.10
19.06 O Preço Certo Charité 13.01 Mulheres Que Contam Histórias Amaldiçoadas
13.22 Afazeres do Mês 13.29 Da Ilha e STAR MOVIES História, 22h15
de Mim 13.53 Folha de Sala 14.00 17.35 Destino Infernal 19.15 Hellboy Estreia. O suposto feitiço de uma
19.59 Telejornal Sociedade Civil 15.02 A Fé dos 21.15 Hércules 22.56 Ben-Hur 1.02 múmia da Idade da Pedra, os
Homens 15.36 Raízes Sonoras 16.11 Rastejantes gritos que parecem vir de uma
Natureza Extraordinária 17.05 Espaço cidade afegã abandonada, o rasto
21.01 Joker Zig Zag 20.43 Castle Howard ao macabro de um diamante raro, a
Longo das Épocas HOLLYWOOD protecção sinistra dos túmulos
18.00 Elektra 19.40 Predadores 21.30 egípcios... Até as ossadas de
22.00 É ou Não
ão É? - Contágio
C 23.20 O Corpo da Mentira Shakespeare entram nestas
O Grande Debate
bate 21.30 Jornall 2 1.30
1 Blade Histórias Amaldiçoadas, uma série
de meia dúzia de episódios, para
ver à terça, sempre aos pares.
23.40 Ao Largo
go 22.01 Prisão
o AXN
A
e Redenção o 117.11 S.W.A.T.: Força de Intervenção 17.57 Nadia
TThe Rookie 19.29 Mentes Criminosas RTP2, 23h
221.06 Hudson & Rex 22.00 The Rookie De refugiada afegã a estrela do
23.47
2 Alert: Unidade de Pessoas futebol feminino, esta é a história
Desaparecidas 23.40 Bad Boys para de Nadia Nadim, contada num
0.32 S.W.A.T.: Força de Intervenção Sempre
S 1.46 The Rookie documentário realizado por
Anissa Bonnefont. Nadia saiu do
22.52 Folha de Sala 23.00 Nadia país natal, ainda menina, com a
1.58 A Vida Privada dos Livros 0.28 Eurodeputados 0.58 Sociedade STAR CHANNEL mãe e as irmãs, em fuga dos
Civil 2.00 Sei Quem És 3.47 Músicas 17.10 Investigação Criminal: Los Angeles taliban que executaram o seu pai.
d’África 4.44 Volta ao Mundo 4.59 18.40 Magnum P.I. 20.27 Hawai Força Na Dinamarca, o seu país
2.11 Escrava Mãe Nha Terra Nha Cretcheu Especial 22.15 Velocidade Furiosa 9 adoptivo, viria a singrar na sua
0.57 Mad Max: A Estrada da Fúria paixão, o futebol. Assim que
conseguiu a nacionalidade
SIC TVI DISNEY CHANNEL
dinamarquesa, tornou-se a
primeira imigrante a jogar pela
6.00 Edição da Manhã 8.15 Alô 6.15 Diário da Manhã 9.55 Dois às 10 17.15 Miraculous - As Aventuras de selecção. Actualmente, aos 36
Portugal 9.45 Casa Feliz 12.58 TVI Jornal 14.00 TVI - Em Cima
12. Ladybug 17.40 A Maldição de Molly anos, alinha pelo AC Milan, depois
12.59 Primeiro Jornal da Hora 15.00 A Sentença 15.50 McGee 18.30 Vamos Lá, Hailey! 18.55 de ter passado por clubes como
14.45 Linha Aberta
erta AHHerdeira 16.30 Goucha 17.45 Big Monstros: Ao Trabalho! 19.15 Hamster & Manchester City ou Paris
16.20 Júlia Brother
Bro Gretel Saint-Germain. Fora das quatro
linhas, formou-se em medicina,
ambiciona ser cirurgiã e é activista
18.00 Era Uma Vez 19.57 Jornal Nacional
19. DISCOVERY pela educação e emancipação de
na Quinta 17.12 Mestres do Restauro 18.09 meninas e mulheres. Em 2018, foi
Criaturas Misteriosas com Forrest considerada pela Forbes a 20.ª
21.20 Big Brother
21. Galante 19.06 Aventura à Flor da Pele Ægura feminina mais poderosa do
21.00 Restauradores ao Resgate desporto a nível mundial.
18.45 Morde & Assopra 21.57 Mestres do Restauro 0.48
COMÉDIA
22.05 Cacau Restauradores ao Resgate
19.56 Jornal da Noite
23.00 Festa É Festa HISTÓRIA Jimmy Carr:
17.27 Ficheiros Alienígenas Reabertos Natural Born Killer
22.10 Senhora do Mar 18.16 Impérios da Antiguidade 20.06 Netflix, streaming
23.40 Big Brother Mistérios no Gelo 22.15 Histórias Estreia. Controlo de armas,
Amaldiçoadas 0.05 Mistérios no Gelo religião, cultura do cancelamento
23.30 Papel Principal - A Vingança e consentimento. Eis os temas
0.05 Papel Principal 1.55 Autores elencados na sinopse do novo
ODISSEIA especial de stand-up de Jimmy
17.48 O Grande Festim do Oceano Carr, humorista britânico para
0.25 Travessia 2.50 O Beijo do Escorpião 18.50 Viver em Território Extremo 19.53 quem nenhum assunto é
Austrália: Caçadores de Serpentes demasiado sensível. É mestre em
20.17 Reis da Dor 20.57 Caçadores de one-liners, exímio na entrega
1.00 Era Uma Vez na Quinta 2.00 3.30 Deixa Que Te Leve Lagostas 22.30 Clima Extremo Viral deadpan e especialista em “refutar
Passadeira Vermelha 3.45 Terra Brava 0.06 Caçadores de Lagostas a ideia de que, hoje em dia, não se
pode brincar com nada”.
 Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 37

Final caricato da corrida está a ser investigado Desporto

Lebres mal identificadas ou fraude?

O caso da meia-maratona de Pequim
Prova que decorreu na capital da China, no domingo, terminou de forma estranha, com três atletas
africanos a abrandarem o ritmo perto da meta e a convidarem o chinês He Jie a ganhar a corrida
REUTERS

Nuno Sousa
A meia-maratona de Pequim, na Chi-
na, é uma das muitas provas de longa
distância que vão decorrendo ao
longo do ano no calendário do atle-
tismo. Não tem especial estatuto
nem projecção mediática. Mas a edi-
ção de 2024 acabou por saltar para
as notícias pela desconÆança que
gerou nos metros Ænais, quando um
trio de atletas africanos abriu alas ao
triunfo do chinês He Jie. Um episódio
que levou a organização da corrida
a instaurar um inquérito.
As imagens da recta Ænal desta
meia-maratona, que decorreu no
domingo, foram amplamente divul-
gadas nas redes sociais. Nos últimos
metros da prova de 21km, aproxima-
-se da meta um quarteto de atletas,
composto pelos quenianos Robert
Keter e Willy Mnangat, pelo etíope
Dejene Hailu e pelo chinês He Jie. Os
quatro vão lado a lado e qualquer um
parece ter condições para ganhar a
corrida, mas, antes da aceleração
Ænal, Mnangat faz um gesto a Jie
como que a dizer-lhe para passar
para a frente. E é o que acontece,
depois de alguma insistência. Keter
faz o mesmo, enquanto dá sinal para
Hailu se deixar Æcar para trás.
Com a “passadeira estendida”, Jie
passa então para a frente do quarte-
to e termina em primeiro lugar, à
frente dos três africanos, que não
forçaram o ritmo para tentarem
ganhar. O chinês cumpriu a distância He Jie já nos últimos metros, de marcar o ritmo da prova. citado pela agência noticiosa AFP. enquanto decorrer a investigação,
em 1h03m44s, Æcando com o prémio em Pequim, depois de o trio de “Não sei por que razão puseram No mesmo sentido foi a reacção da não faremos comentários.”
de 5500 dólares, enquanto os restan- adversários ter abrandado o meu nome no dorsal em vez de Xstep, marca desportiva chinesa que He Jie, de 25 anos, é considerado
tes três terminaram com mais um colocarem a referência de lebre. A patrocinou não só a corrida, como um dos mais promissores fundistas
segundo que Jie. minha missão era marcar o ritmo e tem um contrato assinado com He asiáticos da actualidade. Ele é o
No local, o jornal South China Mor- ajudá-lo a ganhar, mas infelizmente Jie. “A situação ainda está a ser con- recordista chinês da maratona, com
ning Post questionou Mnangat sobre ele não alcançou o objectivo, que Ærmada e veriÆcada por múltiplas um tempo de 2h06m57s, marca
se tinha deliberadamente deixado Jie era bater o recorde nacional”, acres- partes. Daremos mais informações alcançada na maratona de Wuxi, em
ganhar e a resposta do queniano foi centou Willy Mnangat, citado pela assim que possível”, adiantou, citada Março passado.
tão surpreendente como contunden- BBC Sport Africa. pelo jornal estatal The Paper. De resto, têm proliferado as pro-
te: “Sim”, atirou. “Ele vem ao Qué- Num comunicado enviado à BBC, vas de atletismo na China, especial-
nia, eu fui lebre dele na maratona de “Estamos a investigar a World Athletics (federação interna- mente na Primavera. Só no último
Wuxi, ele é meu amigo.” Seja qual for a explicação válida, não cional de atletismo) reconheceu que Æm-de-semana de Março, foram cer-
Horas mais tarde, de acordo com é suÆciente para evitar a abertura de é necessário esclarecer o que acon- ca de 40 as maratonas que tiveram
o mesmo órgão de imprensa, Mnan- A integridade do nosso um inquérito, até porque têm vindo teceu, mas reservou mais comentá- lugar no país, ritmo que deverá
gat — que rejeitou ter recebido qual- desporto é uma prioridade, a acumular-se reacções de reprova- rios para quando terminarem as manter-se em Abril. E para termos
quer recompensa Ænanceira — terá
alterado o teor das declarações, ale-
mas, enquanto decorrer ção e de desconÆança em relação à
prova. “Estamos a investigar e anun-
investigações: “Sabemos que há ima-
gens a circular da meia-maratona de
uma ideia da adesão que têm gera-
do, aqui Æca um número: tanto a
gando que actuou como lebre, mas a investigação, não ciaremos a conclusão ao público Pequim e sabemos que está a decor- maratona de Wuxi (província de
a verdade é que usou o mesmo tipo
de colete que He, sem indicação de
faremos mais comentários quando for conhecida”, resumiu um
funcionário da cidade de Pequim
rer uma investigação pelas autorida-
des locais. A integridade do nosso
Jiangsu) como a de Wuban (provín-
cia de Hubei) registaram mais de
que correra com o estrito objectivo World Athletics responsável pelo sector do desporto, desporto é uma prioridade, mas, 260 mil inscrições.
38 • Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024

Desporto

O líder Sporting viaja hoje no tempo I Liga

Jornada 29
Gil Vicente-Sporting
Vitória SC-Farense
FC Porto-Famalicão
0-4
1-1
2-2
Estoril-Sp. Braga 0-1
E. Amadora-Rio Ave 2-2
MIGUEL A. LOPES/LUSA
Portimonense-Casa Pia 2-2
nunca dá nada por garantido. Apesar Arouca-Boavista 2-1
Marco Vaza
de assumir o título como objectivo e Benfica-Moreirense 3-0
Mais de dois meses depois ter deixado cair o discurso do “jogo a Vizela-Desp. Chaves 0-1

do adiamento do jogo por jogo”, o técnico sportinguista só fes- J V E D M-S P

teja quando tiver razões para festejar. 1 Sporting 28 24 2 2 83-27 74
falta de polícia, os “leões” “Sabemos que é possível sermos cam- 2 Benfica 29 22 4 3 65-23 70
voltam a Famalicão para peões, mas importante é também a 3 FC Porto 29 18 5 6 53-23 59
ficarem mais perto do título esperança que tiramos aos adversá- 4 Sp. Braga 29 18 5 6 61-40 59
rios. Queremos muito ganhar, já esti- 5 Vitória SC 29 17 6 6 45-29 57
No início de Fevereiro, à entrada vemos do outro lado, queremos 6 Moreirense 29 12 7 10 30-33 43
para a 20.ª jornada, o Sporting matar as esperanças dos adversá- 7 Arouca 29 13 4 12 50-39 43
seguia na frente da Liga com uma rios”, alertou Amorim. “Xeque ao 8 Famalicão 28 8 11 9 31-35 35
vantagem mínima sobre o BenÆca. título? Não vou dizer isso. Se dissesse 9 Casa Pia 29 8 8 13 29-41 32
Os “leões” jogavam em Famalicão, o que acabava o campeonato aqui, teria 10 Farense 29 8 7 14 38-41 31
BenÆca recebia o Gil Vicente, mas só um problema no jogo a seguir. Só 11 Rio Ave 29 5 15 9 31-37 30
o jogo da Luz aconteceu — triunfo quando estivermos com a taça na 12 Boavista 29 7 8 14 34-55 29
“encarnado”. A norte, um protesto mão é que é xeque ao título.” 13 Estoril 29 8 5 16 43-50 29
das forças de segurança fez com que Do lado do Famalicão, muita coisa 14 Gil Vicente 29 7 7 15 36-48 28
não houvesse policiamento para No jogo da primeira volta, o Sporting bateu o Famalicão por 1-0 mudou desde esse início de Feverei- 15 Estrela Amadora 29 6 10 13 31-45 28
garantir a segurança do evento e esse ro. O técnico João Pedro Sousa saiu a 16 Portimonense 29 7 6 16 32-62 27
jogo Æcou adiado até haver uma Sporting teve sempre o tal asterisco sobre os “encarnados” e 15 sobre os meio de Março e deu lugar a Arman- 17 Desp. Chaves 29 5 7 17 28-60 22
aberta no calendário. Mais de dois de menos um jogo disputado em “dragões”. Uma vitória aumenta essa do Evangelista, que recolocou a for- 18 Vizela 29 4 9 16 28-60 21
meses depois, esse dia chegou, mas relação aos rivais. Mas, enquanto vantagem para sete e 18, respectiva- mação minhota num lugar mais tran-
terá uma carga bem diferente da que estes iam deixando cair pontos em mente, garantindo, desde logo, que quilo (8.º lugar, com 35 pontos), com Próxima jornada Rio Ave-Arouca,
Moreirense-Gil Vicente, Sp. Braga-Vizela,
tinha: o Famalicão-Sporting de hoje todo o lado (o BenÆca perdeu oito, o não irá baixar do segundo posto, e duas vitórias e um empate nos seus
Boavista-E. Amadora, Casa Pia-FC Porto,
(20h15, SPTV1) pode bem ser o que FC Porto perdeu 15), entre a 21.ª e a uma margem de erro maior para o três primeiros jogos, sendo que esse Famalicão-Portimonense, Farense-Benfica,
a equipa de Rúben Amorim precisa 29.ª jornadas o Sporting perdeu ape- que resta do campeonato — cinco empate foi no Dragão, frente ao FC Desp. Chaves-Estoril, Sporting-Vitória SC
para escancarar as portas de um títu- nas dois (empate com Rio Ave) e che- jornadas que incluem recepção ao Porto. “Temos uma estratégia para
lo cada vez mais anunciado. ga a este jogo para acertar calendário Vitória SC e visita ao Dragão. contrariar o jogo ofensivo do Spor-
Durante mais de dois meses, o com quatro pontos de vantagem Sempre cauteloso, Rúben Amorim ting. Espero que funcione”, frisou. II Liga
Jornada 29
Belenenses-Ac. Viseu 1-0
U. Leiria-Länk Vilaverdense 3-1

Dois golos que nascem de decisões erradas na Luz

Análise
Pedro Henriques
Os três principais candidatos ao
título entraram em campo na
sexta-feira, sábado e domingo, em
jogos com incidências diversas. O
jogo entre BenÆca e Moreirense
acabou por ser aquele cujas
decisões da equipa de arbitragem
mais impacto tiveram no resultado.
BenÄca-Moreirense
Minuto 18: no início da jogada que
originou o primeiro golo do
BenÆca, a recuperação da bola por
parte de João Mário deu-se através
de uma infracção. Não obstante ter
tocado no esférico com o pé
esquerdo, com a outra perna
varreu, em tackle e em “tesoura”, a
perna esquerda de Ofori. Por ter
sido no início da jogada e na mesma
fase de ataque, o VAR deveria ter
revisto o lance a partir desse
momento e feito a intervenção no
sentido de reverter o golo.
Benfica B-AVS 0-1
Tondela-Penafiel 0-1
P. Ferreira-Nacional 1-1
Mafra-Feirense 0-0
FC Porto B-Oliveirense 0-1
Leixões-Torreense 1-1
Marítimo-Santa Clara 0-0
Minuto 29: não houve infracção, Minuto 54: não há motivo para de forma correcta, sancionada com J V E D M-S P
nomeadamente penálti cometido penálti sobre Taremi. É o avançado o cartão vermelho directo. 1 Santa Clara 29 17 9 3 39-17 60
por Samuel Soares. Foi Mingotti iraniano quem, de forma 2 AVS 29 19 2 8 43-28 59
quem, ao tentar chegar à bola para deliberada, abre a sua perna Gil Vicente-Sporting 3 Nacional 29 16 8 5 51-31 56
a disputar, com o seu pé esquerdo esquerda e provoca o contacto por Minuto 11: no golo de Diomande, 4 Marítimo 29 14 9 6 42-24 51
pontapeou o pé esquerdo do trás na perna direita de Enae não há falta atacante de Gyökeres 5 Tondela 29 11 12 6 41-36 45
guarda-redes do BenÆca. Mihaj, que estava a tentar sobre Zé Carlos. Foi este quem, ao 6 Paços Ferreira 29 12 8 9 34-26 44
Minuto 45: Carreras rematou e a interceptar a bola. sentir o avançado leonino nas suas 7 Torreense 29 11 8 10 35-30 41
bola desviou de forma clara e Minuto 55: sempre que um costas, se deixou cair sem que 8 FC Porto B 29 11 7 11 44-37 40
evidente no calcanhar direito de guarda-redes tem a bola agarrada algum empurrão ou carga 9 Mafra 29 10 9 10 33-32 39
Tiago Gouveia, e não em Ponck. O entre as mãos, está na posse da incorrecta tivesse acontecido. 10 Ac. Viseu 29 8 14 7 31-30 38
árbitro e o assistente deram bola, e, assim sendo, nenhum Minuto 20: após o cruzamento 11 Benfica B 29 10 7 12 36-38 37
pontapé de canto em vez de baliza jogador a pode ir disputar correndo feito por Zé Carlos, a bola foi bater 12 União Leiria 29 9 9 11 38-35 36
e, deste recomeço errado, nasceu o o risco de, ao fazê-lo, ser punido na mão direita de Esgaio, que 13 Penafiel 29 10 4 15 26-34 34
segundo golo dos “encarnados”. por falta atacante. Foi exactamente estava numa acção de rotação e de 14 Leixões 29 6 13 10 23-32 31
Minuto 67: Arthur Cabral jogou a o que aconteceu no lance entre protecção, tendo o braço dobrado, 15 Oliveirense 29 7 9 13 29-43 30
bola com o seu pé esquerdo e esta Francisco Conceição e Júnior Reis. encostado e junto ao corpo, numa 16 Feirense 29 7 5 17 25-42 26
foi bater na mão esquerda de Alan, Minuto 85: o pisão de sola, com o posição natural e sem ganho de 17 Belenenses 29 5 8 16 22-48 23
que estava deitado no chão com o pé direito, de Zaydou Youssouf volumetria extra. Lance legal e 18 Länk Vilaverd. 29 6 3 20 24-53 21
braço apoiado no solo, numa sobre o pé direito de Nico González sem motivo para a marcação de
pontapé de penálti. Próxima jornada Feirense-Leixões,
posição e num movimento em que foi claramente uma acção de
Penafiel-P. Ferreira, Torreense-U. Leiria,
não podia evitar o contacto. Lance carácter negligente e que era Minuto 38: no autogolo de Santa Clara-Tondela, Länk Vilav.-Marítimo,
legal e sem motivo para penálti. passível da exibição de cartão Andrew, na construção da jogada Oliveirense-Belenenses, Ac. Viseu-Mafra,
amarelo. Na ocasião, seria o no corredor esquerdo, quando a Nacional-Benfica B, AVS-FC Porto B
FC Porto-Famalicão segundo, pelo que se impunha a bola é passada de Gonçalo Inácio
Minuto 9: no primeiro golo de consequente expulsão. para Pedro Gonçalves, este estava MELHORES MARCADORES
I Liga
Cádiz, este, ao cabecear, não Minuto 90+3: a cabeçada de em posição regular, não havendo, 22 golos Viktor Gyökeres (Sporting)
cometeu qualquer infracção sobre Evanilson na cara de Enea Mihaj, portanto, qualquer infracção ao 21 golos Simon Banza (Sp. Braga)
Otávio, que estava na sua frente, dentro da área do Famalicão, nível do fora-de-jogo. II Liga
pois não se apoiou, carregou ou enquadra-se na chamada conduta 23 golos Nenê (AVS)
empurrou o defesa do FC Porto. violenta (sem disputa de bola) e foi, Ex-árbitro de futebol 15 golos Wendel Silva (FC Porto B)

Mykolas Alekna bate o mais antigo
recorde masculino do atletismo
Lituano venceu a prova do
lançamento do disco, nos
Estados Unidos, com 74,35
metros, superando a marca
que vigorava desde 1986
O jovem lituano Mykolas Alekna, de
21 anos, bateu o recorde do mundo
no lançamento do disco, com um
arremesso a 74,35 metros, em Ramo-
na, nos Estados Unidos, superando,
assim, a mais antiga melhor marca
do atletismo masculino.
Alekna melhorou em 27 centíme-
Bronze para
Portugal na Taça
das Nações de
ciclismo de pista
Os portugueses Iuri Leitão e Ivo Oli-
veira conquistaram, no domingo, a
medalha de bronze em madison das
Taça das Nações de ciclismo de pista,
em Milton, no Canadá, prova que
fechou o período de qualiÆcação
para os Jogos Olímpicos Paris2024.
Com 46 pontos, fruto de uma vol-
ta ao pelotão e pontos conquistados
em sprints, a dupla portuguesa ter-
minou na terceira posição numa
corrida vencida pelos belgas Lindsay
De Vylder e Robbe Ghys, com 67
pontos. Em segundo, com 50 pon-
tos, Æcaram os neerlandeses Jan-Wil-
lem van Schip e Yanne Dorenbos.
“Fizemos uma prova muito boa,
sempre atentos ao desenvolvimento
da corrida. Não conseguimos manter
o segundo lugar no sprint Ænal, mas
estou muito satisfeito com o desem-
penho da equipa”, resumiu o selec-
cionador luso, Gabriel Mendes.
Na prova de omnium feminino,
Daniela Campos foi 15.ª, depois de
ter sido 17.ª no scratch, 15.ª na corri-
da de ritmo e 17.ª na eliminação,
entrando para a corrida por pontos
em 20.º lugar — subiu cinco.
O ranking olímpico foi divulgado
ontem e Portugal está em posição de
apuramento nas disciplinas de madi-
son (masculino) e omnium (masculi-
no e feminino), mas aguarda ainda a
conÆrmação da parte da União Ciclis-
ta Internacional (UCI), que deve
acontecer a 22 de Abril.
tros o anterior recorde do mundo
(74,08m), que estava há quase 38
anos na posse do alemão Jürgen
Schult, mais concretamente desde 6
de Junho de 1986. Schult dominou a
modalidade na segunda metade des-
sa década, tendo-se sagrado cam-
peão do mundo em Roma (1987) e
campeão olímpico em Seul (1988),
antes de obter a medalha de prata
nos Jogos de Barcelona (1992).
Agora, 37 anos e nove meses depois,
vê Mykolas Alekna bater a sua marca.
O registo do lituano, obtido na com-
petição de lançamentos em Ramona,
Oklahoma, foi inicialmente medido
PSG e Dortmund optimistas ante
Barcelona e Atlético na Champions
Augusto Bernardino
A edição 2023-24 da Liga dos Cam-
peões de futebol avança, imparável,
rumo à grande Ænal de Wembley,
com os dois primeiros semiÆnalistas
a serem revelados ao Ænal da noite
(20h). Barcelona e Atlético Madrid
— dois dos três emblemas espanhóis
em prova — partem em vantagem
para os jogos da segunda mão dos
quartos-de-Ænal, que decorrerão na
Cidade Condal, em Montjuic (com os
franceses do PSG), e em Dortmund,
com o Borussia.
Se a formação de Diego Simeone
está obrigada a defender o “curto”
2-1 do Metropolitano no estuante
Signal Iduna Park, já os catalães,
também com um golo de vantagem
(2-3) conseguido no Parque dos Prín-
cipes, recebem os parisienses em
condições teoricamente mais favo-
ráveis, mesmo sem o Camp Nou
como pano de fundo. Nada que frus-
tre o optimismo de PSG e Borussia.
Luis Enrique reencontra os “blau-
grana”, equipa que em 2014-15 con-
duziu ao quinto e último título “culé”
na Champions, depois de ter ultra-
passado precisamente o PSG nos
“quartos”, com claro 5-1 nos dois
jogos. O treinador espanhol, que na
Ænal com a Juventus lançou Xavi — o
maestro do “tiki-taka” — a 12 minutos
do Æm, defronta agora o ex-compa-
nheiro e pupilo com a mesma fé ina-
balável com que em 2016-17 anulou,
com um incrível 6-1, em Camp Nou,
Mykolas Alekna
melhorou em
27 centímetros
o anterior
recorde do
mundo (74,08m),
de Jürgen Shult
em 74,41m, mas revisto em baixa mais
tarde, segundo a World Athletics.
No Æm-de-semana, os lançadores
gozaram de condições meteorológi-
cas muito favoráveis e Alekna deixou
a concorrência em sentido logo des-
de início, com um lançamento a
72,21m, a que se seguiram arremes-
a “sentença” ditada pelos franceses
nos oitavos-de-Ænal, com rotundo
4-0 em Paris. Luis Enrique até prefe-
ria jogar em Camp Nou, de que guar-
da boas recordações e onde acredita
poder “dar a volta” à eliminatória em
que garante saber exactamente o
que é preciso fazer.
Movido pelos mesmos ideais, Xavi
Hernández ultima o possível regres-
so do Barcelona à antecâmara de
uma Ænal da Champions. Cenário
que não se veriÆca desde 2018-19,
ano em que os catalães caíram (4-0)
A importância de evitar erros no Iduna Park
S
em Samuel Lino (suspenso)
e Haller (lesionado), dois
dos autores dos golos da
primeira mão (De Paul abriu
as contas do 2-1 de Madrid),
Atlético e Borussia discutem, na
Alemanha, uma vaga nas
meias-finais e o direito de jogar
com Barcelona ou PSG.
Os alemães, vencedores em
1996-97 (com Paulo Sousa na
equipa) e finalistas em 2012-13,
estão pela quarta vez nos
“quartos”, desde a final com o
Bayern Munique, dispostos a
desafiar o destino. Para isso,
precisam de duas coisas: “Evitar
os erros da primeira mão” e
repetir a segunda parte de
Público • Terça-feira, 16 de Abril de 2024 • 39
sos a 70,32m, a 72,89m, a 70,51m e,
Ænalmente, a 74,35m, antes de fechar
o concurso com 70,50m.
Alekna, medalha de prata nos
Mundiais de Oregon (2022) e de
bronze em Budapeste (2023), tinha
como melhor marca pessoal 71,39m,
tendo registado uma progressão tre-
menda. Em 2022, por exemplo,
sagrou-se campeão europeu, em
Munique, com um arremesso a
69,78m, que constituiu o recorde dos
campeonatos. E há quase um ano, a
29 de Abril de 2023, em Berkeley, na
Califórnia, tornou-se o mais novo
lançador do disco da história a ultra-
em Liverpool, depois de terem ven-
cido (3-0) os “reds” (grandes vence-
dores dessa edição) em casa.
A despedir-se do único clube que
representou antes da transição, no
Qatar, da carreira de futebolista para
a de treinador, Xavi quer devolver o
entusiasmo, o “barcelonismo” e as
“noites mágicas”, ainda que no anti-
go estádio do rival Espanyol, mos-
trando “carácter e personalidade”,
de forma a não desperdiçar “esta
grande oportunidade de seguir em
frente”.
Madrid, como admite o técnico
Edin Terzic. Já Diego Simeone
procura levar os “colchoneros” à
sexta meia-final da prova, a
quarta com o argentino ao leme,
garantindo uma equipa
“confiante”, preparada para o
“Iduna Park”, onde o técnico
espera um bom jogo, com
desfecho igual ao de 2016-17.
Desporto
passar a barreira dos 70 metros, com
71,00m, nova marca de referência
sub-23 a nível europeu.
Com este recorde mundial, o litua-
no “empurra” o pai, Virgilijus Alekna,
bicampeão olímpico (em Sydney
2000 e em Atenas 2004), para o ter-
ceiro lugar do ranking de sempre na
disciplina, com os 73,88m de 3 de
Agosto de 2000, em Kaunas.
O mais antigo recorde do atletismo
mundial continua a ser o dos 800
metros femininos, da ainda imbatível
checa Jarmila Kratochvilova, que cor-
reu as duas voltas à pista em
1m53,28s, a 26 de Julho de 1983.
Xadrez: Gukesh e
Nepomniachtchi
lideram o torneio
de candidatos
Iniciada a segunda volta do torneio
de candidatos ao título mundial de
xadrez, que se está a realizar em
Toronto, no Canadá, o indiano
Gukesh e o russo Nepomniachchi, a
jogar com as cores da federação
internacional, comandam a prova,
contabilizando 5,5 pontos dos nove
possíveis.
Se a liderança do russo não sur-
preende, uma vez que foi o vencedor
das duas últimas edições, já a de
Gukesh, o mais jovem dos partici-
pantes, com apenas 17 anos, é notá-
vel e a confirmação, se dúvidas hou-
vesse, do seu enorme talento.
Na terceira posição, a meio ponto,
segue outro dos prodígios indianos,
Praggnandhaa, de 18 anos, e só
depois aparecem os dois norte-ame-
ricanos apontados como grandes
favoritos, Fabiano Caruana e Hikaru
Nakamura, que partilham o quarto
posto com o terceiro indiano presen-
te, Vidit Guradjit e que foi o carrasco
de Nakamura, a quem venceu as
duas partidas.
A principal desilusão, até agora,
está a ser a prestação do franco-ira-
niano Alireza Firouzja, penúltimo
classificado, com 3,5 pontos, tendo
já sido derrotado por três vezes e
alcançado apenas uma vitória. Na
última posição encontra-se o azer-
baijano Nijat Abasov, o jogador
menos cotado dos oito participantes,
com três pontos. Jorge Guimarães
Terça-feira, 16 de Abril de 2024

BARTOON LUÍS AFONSO

Luís Montenegro aprendeu umas coisas com António Costa

ANTÓNIO COTRIM/LUSA
1500 milhões de euros no IRS que,
O respeitinho aÆnal, é só um corte extra de 200
não é bonito ou 300 milhões? Sejamos
piedosos: tecnicamente, não
mentiu — foi apenas
escandalosamente vago e omisso.
Ainda assim, não vale a pena ser
demasiado duro para com
receita Montenegro: prometam a
cada miúdo 150 euros. Os avós dão
130 e vocês só têm de acrescentar
20. Esta técnica faz maravilhas
pelas contas domésticas. Tal como
fez maravilhas pelo déÆce e pela
dívida pública portuguesa.
Se a dupla Costini & Centini teve

C
João Miguel Tavares
omo bom liberal que
sou, gostava muito de
ter menos carga Æscal,
investidores privados
com os bolsos cheios e
uma economia tão
dinâmica como a da Coreia do Sul
há 30 anos — sempre um excelente
exemplo para mostrar como um
capitalismo bem calibrado produz
verdadeiros milagres económicos
no intervalo de uma geração. Só
que as casas não se começam a
construir pelo telhado. Um corte
brutal da receita no actual
contexto político teria como única
consequência dar cabo da saúde
das contas públicas, que sempre
está melhor do que a saúde dos
portugueses. Seria uma
irresponsabilidade imperdoável.
Portanto, vejam as coisas pela
positiva: antes 200 do que 1500.
Não há choques fiscais sem
controlo da despesa pública e um
esforço genuíno para diminuir o
peso do Estado na economia. Ora,
com o PSD empatado com o PS em
número de deputados, Governo e
oposição até podem chegar a
acordo na hora de gastar mais —
com polícias, com professores,
com pensionistas, com tudo —,
mas jamais chegarão a qualquer
acordo na hora de poupar, de
reestruturar ou de reformar.
Cruzes canhoto. Donde, desatar a
cortar nos impostos num contexto
em que foi prometido o aumento
da despesa pública primária é
andar a brincar ao José Sócrates de
2009. Não, obrigado.
Mas será que Luís Montenegro
mentiu ao apregoar um corte de
Montenegro. AÆnal, ele viveu os
últimos oito anos em Portugal, e
alguma coisa terá aprendido com
António Costa e Mário Centeno. Eu
próprio, após ultrapassar — com
diÆculdade — o choque de 2015 e
2016, passei vários anos a
divertir-me com a dupla de
prestidigitadores Costini & Centini,
os homens que viravam a página
da austeridade enquanto batiam
recordes de receita Æscal através
de impostos indirectos e
inventavam orçamentos que
nunca saíam do papel.
Há que admitir que esta é uma
receita ganhadora, mesmo em
ambiente doméstico. Aprendam
Porque não hão-de com António Costa e
Luís Montenegro e experimentem aí em casa: na hora
de darem a mesada aos vossos
Joaquim Miranda Ælhos, anunciem que eles passam a
Sarmento ensaiar receber 400 euros mensais. Só que
340 Æcam cativados pelos pais.
a constituição de Assim, os vossos Ælhos passarão a
uma nova dupla — ter a melhor mesada de todo o
grupo de amigos mesmo que
Montenegrini & continuem a receber 60 euros por
Sarmentini? mês. Já no Natal, experimentem a
o sucesso que se conhece, porque
não hão-de Luís Montenegro e
Joaquim Miranda Sarmento
ensaiar a constituição de uma nova
dupla — Montenegrini &
Sarmentini —, para mais num
ambiente político tão adverso,
onde necessitam de dotes de
prestidigitação como de pão para a
boca? António Costa aguentou-se
oito anos com falsas narrativas.
Neste momento, Montenegro só
aspira a oito meses. Querem
frontalidade e transparência?
Procurem no Portugal de 2014,
porque no Portugal de 2024 não há
condições para isso. Este é só mais
um dos muitos problemas das
linhas vermelhas: com um governo
com pouquíssimas condições de
governabilidade, tudo passa a ser
táctica, omissões cirúrgicas, areia
para os olhos ou jogos de sombras.
Os governos fracos inventam
muito. Habituem-se.
Colunista
jmtavares@outlook.com

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