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Módulo 1

Introdução à vigilância de desastres

Aula 2

Marcos históricos e regulatórios


na gestão do risco de desastres
Autoria Coautoria

Isabella de Oliveira Campos Miquilin Thiago Basilio Mendonça

CBVD_M1A2.vMar2024
Revisão textual: Danielly Portes Schelle
Diagramação: Vinicius Chozo Inoue

Olá, cursista! Damos as boas-vindas à aula sobre “Marcos


históricos e regulatórios na gestão do risco de desastres”.
É um prazer ter você por aqui! Esta aula faz parte do
Curso Básico de Vigilância em Saúde dos Riscos
Associados a Desastres, vinculado ao Programa de
Formação em Emergências em Saúde Pública, o Profesp.

1
Objetivos da aula

Ao final desta aula, você será capaz de:

conhecer a linha do compreender os entender a relação entre


tempo dos principais aspectos principais os principais marcos,
marcos históricos e dos documentos regulamentos, estratégias e
regulatórios envolvidos produzidos ao longo outras iniciativas que
na evolução da gestão do desse período; influenciaram na evolução da
risco de desastres; gestão do risco de desastres.

Ao longo desta aula, apresentaremos os principais marcos


históricos que influenciaram a evolução da estratégia de
gestão do risco de desastres ao longo dos anos, até os
dias atuais. Serão abordadas as iniciativas mundiais, os
documentos produzidos e a relação destes com outros
esforços internacionais relacionados às emergências em
saúde pública e à gestão do risco. Ao final, esperamos que
você seja capaz de:
•conhecer a linha do tempo dos principais marcos
históricos e regulatórios envolvidos na evolução da gestão
do risco de desastres;
•compreender os aspectos principais dos documentos
produzidos ao longo desse período; e, por fim
•entender a relação entre os principais marcos,
regulamentos, estratégias e outras iniciativas que
influenciaram na evolução da gestão do risco de
desastres.

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Desastres e as Emergências em Saúde Pública

Desastres, independentemente de sua


tipologia, constituem um significativo desafio
para o campo da saúde pública:

Impacto do crescimento urbano, uso e


Fonte: https://news.un.org/pt/story/2023/05/1814597

ocupação do solo.

Desigualdades sociais e populações


vulneráveis.

Eventos com potencial para se


transformarem em Emergências em Saúde
Pública (ESP). Fonte: https://bit.ly/3SjvLFX
Fonte: Bento Rodrigues-MG-Brasil.
Após rompimento de barragem
de rejeitos de mineração. Acervo
pessoal – Isabella Miquilin, 2015.

Os desastres, de qualquer tipologia, têm ganhado


destaque no debate atual, uma vez que podem influenciar
no surgimento de eventos que se tornam emergências em
saúde pública, com grande impacto e elevados custos
sociais e humanos. Isso ocorre devido às alterações nos
perfis de morbimortalidade das populações e à
intensificação das vulnerabilidades locais e desigualdades
sociais preexistentes.

Diversos aspectos, como o crescimento urbano, distintas


formas de exploração e ocupação do solo, e as históricas
desigualdades sociais, impactam consideravelmente na
magnitude dos desastres, afetando principalmente grupos
populacionais mais vulneráveis.

3
Gestão do risco de desastres

“ [...] conjunto de decisões administrativas, de organização


e de conhecimentos operacionais desenvolvidos pelas
sociedades e comunidades para implementar políticas,
estratégias e para fortalecer suas capacidades, a fim de
reduzir o impacto das ameaças naturais e de desastres
ambientais e tecnológicos [...]

(EIRD, 2004, p. 18, tradução nossa) ”


SECRETARÍA INTERINSTITUCIONAL DE LA ESTRATEGIA INTERNACIONAL PARA LA REDUCCIÓN DE Gaveta com pertences de morador após
DESASTRES, NACIONES UNIDAS. Vivir con el riesgo: informe mundial sobre iniciativas para la
reducción de desastres. 2004, p. 18. Disponível em: http://www.unisdr.org/files/657_lwrsp.pdf rompimento de barragem de rejeitos de mineração

Fonte: Bento Rodrigues-MG-Brasil. Após rompimento de barragem de


rejeitos de mineração. Acervo pessoal – Isabella Miquilin, 2015.

Nesse contexto, as medidas adotadas pela estratégia de


gestão do risco de desastres são especialmente
importantes para a prevenção e a redução dos efeitos dos
desastres na população, considerando as vulnerabilidades
locais e regionais. De maneira geral, a gestão do risco
pode ser compreendida da seguinte forma.

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Principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

Organização das Nações Unidas (ONU)

Marcos Principais

Década Internacional para Redução


de Desastres Naturais.

Marco de Ação de Hyogo.

Marco de Sendai.

Fonte: Bento Rodrigues-MG-Brasil. Após rompimento de barragem de


rejeitos de mineração. Acervo pessoal – Isabella Miquilin, 2015.

Antes de aprofundarmos nossos conhecimentos sobre as


etapas e estratégias de gestão do risco no próximo
módulo, vamos explorar os principais marcos históricos e
regulatórios que influenciaram a gestão do risco de
desastres. Isso nos permitirá familiarizar com as diferentes
perspectivas que, ao longo do tempo, moldaram o
entendimento de que os riscos não são apenas resultados
das forças da natureza, mas estão intimamente ligados
aos modelos de desenvolvimento, processos produtivos,
alterações ambientais e organização da sociedade.

Ao longo do tempo, uma série de estratégias


desenvolvidas pela Organização das Nações Unidas, a
ONU, culminou em três grandes marcos principais: a
Década Internacional para Redução de Desastres Naturais;
o Marco de Ação de Hyogo e o Marco de Sendai. Vamos
explorar esses marcos e os eventos que ocorreram entre
eles.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

Década de 1960/1970
Atuação da ONU

Principais eventos:

ANO LOCAL EVENTO DESFECHO

1962 Irã Terremoto de Buyin-Zara 12.000 óbitos

1963 Iugoslávia Terremoto em Skopje 1.200 óbitos

1963 Região do Caribe Furacão Flora 8.000 óbitos


This ITOS 1 weather satellite image of the November 12,
1968 Irã Terremoto (Dasht-e Bayaz) 10.000 óbitos 1970 Bay of Bengal Tropical Cyclone was taken at 0956
UTC (Imagem de domínio público)
1970 Bangladesh, Índia Ciclone tropical de Bhola 500.000 óbitos Link da imagem:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb
1976 China Sismo de Tangshan 250.000 óbitos /6/66/BayofBengalTCNov1219700956UTCITOS1.png/220p
x-BayofBengalTCNov1219700956UTCITOS1.png

Iniciaremos nosso percurso histórico nas décadas de 1960


e 1970. Desde a década de 1960, a ONU vem atuando em
momentos críticos de desastres. Essas ações e medidas
evoluíram ao longo dos anos, à medida que a redução de
risco de desastres passou de uma disciplina estritamente
teórica para um movimento global, com foco no
desenvolvimento sustentável. Eventos marcantes desse
período impulsionaram discussões e mobilização
internacional para desenvolver estratégias mais eficazes
de gestão do risco de desastres. Veja no quadro alguns
dos principais desastres, sua localização e o número
aproximados de óbitos.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

1990
Início da Década Internacional para Redução dos Desastres Naturais
(DIRDN)

Ações internacionais coordenadas para redução das perdas humanas,


sociais, econômicas e outros dados causados pelos desastres.

Principais metas:
Fortalecer as capacidades nacionais para resposta a desastres.
Desenvolver diretrizes inclusivas. Roupas de moradores arrastadas

Fomentar pesquisa científica e desenvolvimento da engenharia. pela lama após rompimento de


barragem de rejeitos de mineração
Divulgar informações técnicas.
Fonte: Bento Rodrigues-MG-Brasil. Após rompimento
de barragem de rejeitos de mineração. Acervo
Desenvolver medidas personalizadas de avaliação, previsão,
pessoal – Isabella Miquilin, 2015.
prevenção e mitigação de desastres naturais.

Durante a Assembleia Geral realizada em 22 de dezembro


de 1989, a ONU considerou o ano de 1990 como o início
da Década Internacional para Redução dos Desastres
Naturais, a começar em primeiro de janeiro de 1990. Os
olhares voltaram-se para a necessidade de esforços
globais e nacionais para redução dos impactos de
desastres naturais, abrangendo todas as pessoas,
especialmente aquelas em países em desenvolvimento.
Os objetivos delineados para a década foram a redução,
por meio de ações internacionais coordenadas, das
perdas de vida, sociais, econômicas e outros danos
causados pelos desastres, especialmente em países em
desenvolvimento.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

1992
II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) (Eco-92 – Rio de Janeiro)
Conciliar desenvolvimento socioeconômico e preservação dos ecossistemas para sustentabilidade global.

Principais produtos:

Convenção

Convenção Internacional
Agenda
sobre de Combate à
Estratégica
Diversidade Desertificação
(Agenda 21)
Biológica e Mudanças
Climáticas Fonte:
Fonte: https://edisciplinas.
https://www.gov.br/ Fonte: usp.br/pluginfile.ph
mma/pt- https://www.planalto. p/528199/mod_reso
br/textoconvenopor gov.br/ccivil_03/decret urce/content/0/Age
tugus.pdf o/d2741.htm nda%2021.pdf

A Segunda Conferência das Nações Unidas sobre o Meio


Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio-92,
ocorreu de 5 a 14 de junho de 1992 na cidade do Rio de
Janeiro, reunindo 108 líderes de Estado dos países-
membros da ONU. O objetivo central da reunião foi
encontrar maneiras de equilibrar o progresso
socioeconômico com a preservação, resguardando os
ecossistemas do nosso planeta e discutindo os impactos
do processo de desenvolvimento mundial para a
sustentabilidade.
A Conferência resultou na elaboração de alguns
documentos oficiais que apresentam estratégias para
impedir ou reverter o processo de degradação ambiental
e perda da biodiversidade, na tentativa de conciliar os
modelos de desenvolvimento e processos produtivos com
a proteção dos ecossistemas.
Assim, o evento resul tou em alg un s produtos
importantes, sendo três deles os principais que fazem

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interface com as estratégias de gestão do risco de
desastres. Clique nas imagens para saber um pouco mais
de cada um:

Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB): * Objetiva a conservação da


diversidade biológica. * Promove o uso sustentável de seus componentes. *
Busca a repartição equitativa e justa dos benefícios derivados do uso dos
recursos genéticos. Referência Legislativa: Decreto Legislativo nº 2, de 3 de
fevereiro de 1994.
//
Convenção Internacional de Combate à Desertificação e Mudanças
Climáticas: acordo internacional que entrou em vigor em 1996. Ratificado pelo
Brasil e promulgado pelo Decreto nº 2.741, de 20 de agosto de 1998, este
tratado estabelece padrões de trabalho e metas internacionais convergentes
em ações coordenadas. O objetivo é buscar soluções qualitativas que
atendam às demandas socioambientais nos espaços áridos, semiáridos e
subúmidos secos, especialmente onde residem as populações mais pobres do
planeta.
//
Agenda 21 Global: assinada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) pelos países participantes, assume o
compromisso e o desafio de internalizar, em suas políticas públicas, as noções
de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável. A Agenda está dividida
em 4 seções: 1 - Dimensões sociais e econômicas. 2 - Conservação e
gerenciamento dos recursos para o desenvolvimento sustentável. 3 -
Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais, inclusive os minoritários.
4 - Meios de implementação

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

1994
I Conferência Internacional sobre redução de Desastres:
“Estratégia de Yokohama”

Aprovação da Estratégia de Yokohama e seu Plano de Ação.

Marco de orientação para a redução de risco de desastres.


Referência fundamental na busca pela redução do risco de
desastres.
Definição de princípios para a prevenção de eventos Fonte:
https://drmims.sadc
naturais catastróficos. .int/pt/documents/d
atabase/estrategia-
Apresentação de diretrizes para diminuir o risco e os danos de-yokohama-e-
plano-de-acao-para-
causados por desastres. um-mundo-mais-
seguro

De 23 a 27 de maio de 1994, ocorreu a Primeira


Conferência Internacional sobre Redução de Desastres,
realizada em Yokohama , no Japão. O produto da
Conferência foi a aprovação da Estratégia de Yokohama e
seu Plano de Ação, um marco de orientação para a
redução de risco de desastres, sendo uma referência
fundamental, pois definiu princípios para a prevenção de
eventos naturais catastróficos, o preparo para situações
de emergência e a minimização de seus efeitos, com o
objetivo de promover um mundo mais seguro.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

1998
Convenção sobre Procedimento de Consentimento
Prévio Informado para o Comércio Internacional de
certas Substâncias Químicas e Agrotóxicos Perigosos
(Convenção de Roterdã)

Aborda o controle do movimento transfronteiriço de


produtos químicos.
Decreto n.º 5.360,
de 31 de janeiro
Texto assinado e aprovado pelo Brasil por meio do
de 2005
Decreto Legislativo n.º 197, de 7 de maio de 2004.
Fonte:
Convenção promulgada no Brasil pelo Decreto n.º 5.360, https://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2004-
de 31 de janeiro de 2005. 2006/2005/decreto/D536
0.htm

É importante destacar, nesta linha do tempo, a Convenção


de Roterdã, que se refere ao “Procedimento de
Consentimento Prévio Informado para o Comércio
Internacional de Certas Substâncias Químicas e
Agrotóxicos Perigosos”. Adotada em setembro de 1998, a
Convenção entrou em vigor em fevereiro de 2004, após a
ratificação de 50 países.
Trata-se de um marco, por abordar o controle do
movimento transfronteiriço de produtos químicos
perigosos, levando-se em conta o princípio do
consentimento prévio dos países importadores, visando à
responsabilidade compartilhada desses produtos no
comércio internacional.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

1999
Estratégia Internacional para a Redução do Risco de
Catástrofes (ISDR)

Coordenar a Redução do Risco de Catástrofes.

Assegurar sinergias entre as atividades das Nações


Unidas e demais Organizações Regionais em torno da
Redução do Risco de Catástrofes.

Promover atividades nos campos socioeconômico e


humanitário. Link da imagem: https://bit.ly/3QD6zJe

Com o passar do tempo, o modelo do enfoque técnico-


científico no controle dos desastres foi amplamente
debatido na comunidade internacional. Os desastres não
eram mais compreendidos como ocorrências naturais ou
eventos fortuitos. Assim, aumentou a necessidade de
considerar os fatores subjacentes, como a vulnerabilidade
das populações e de grupos distintos.
Dessa forma, à medida que a Década Internacional para a
Redução de Desastres Naturais termina, o maior desafio
passa a residir na criação de uma cultura global de
prevenção.
Logo, em 1999, foi instituída a Estratégia Internacional de
Redução do Risco de Catástrofes. Implementada no
âmago da Organização das Nações Unidas, a I-S-R-D
pretende ser o Ponto Focal designado para Coordenar a
Redução do Risco de Catástrofes, assegurando esforços
conjuntos entre as atividades das Nações Unidas e demais
Organizações Regionais, visando a Redução do Risco de

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Catástrofes, além de promover atividades nos campos
socioeconômico e humanitário. Atualmente, a estratégia
também informa sobre o progresso na implementação das
Declarações de Hyogo e do Marco de Sendai, os quais
serão vistos mais adiante.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

2005
II Conferência Mundial sobre Desastres/Marco de Ação de Hyogo (2005-2015):
construindo a resiliência das nações e comunidades para desastres
Definir atividades e medidas políticas a serem adotadas para o decênio 2005-2015.
Aumentar a resiliência.

Marco de Ação de Hyogo — cinco prioridades de ação e medidas para redução das vulnerabilidades:
1. Garantir que a redução do risco de desastres seja uma prioridade nacional e local, fortalecendo as
bases institucionais para sua implementação.

2. Identificar, avaliar e monitorar os riscos de desastres e melhorar o alerta precoce.


3. Utilizar conhecimento, inovação e educação para fortalecer a cultura de segurança e resiliência em
todos os níveis.

4. Reduzir fatores de risco subjacentes.


5. Fortalecer a preparação para desastres, garantindo uma resposta eficaz em todos os níveis.

O Marco de Hyogo desempenhou papel importante no fortalecimento dos eixos de Fonte: https://fld.com.br/wp-
content/uploads/2019/07/mah_ptb_brochura.pdf
PREPARAÇÃO, VIGILÂNCIA e RESPOSTA às EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA.

Semanas após a ocorrência do tsunami do Oceano Índico,


que resultou no óbito de mais de 250 mil pessoas, a ONU
convocou, em janeiro de 2005, a segunda Conferência
Mundial sobre Redução do Risco de Desastres, realizada
em Hyogo , no Japão. Foram ressaltadas as trágicas
consequências e lacunas ainda existentes na preparação e
no conhecimento dos riscos associados aos desastres. A
Conferência revisou a Estratégia de Yokohama e seu
Plano de Ação, resultando na adoção, em 2005, do Marco
de Ação de Hyogo, 2005 a 2015: construindo a resiliência
das nações e comunidades para desastres.
O Marco de Hyogo define atividades e medidas políticas a
serem adotadas para o decênio de 2005 a 2015, sendo
um importante instrumento para a implementação da
redução de risco de desastres, com o objetivo de
aumentar a resiliência das nações e redução considerável
das perdas ocasionadas por desastres. O acordo foi
aprovado em consenso por 168 países e estabeleceu
medidas para a redução das vulnerabilidades e cinco

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prioridades de ação, conforme descritas a seguir.
O Marco de Hyogo foi crucial, especialmente para as
melhorias institucionais, legislações, preparação e
resposta para desastres. Essas orientações foram diretrizes
para a campanha Cidades Resilientes das Nações Unidas,
que visa o fortalecimento institucional e as capacidades
locais para redução de riscos de desastres.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

2005
Novo Regulamento Sanitário Internacional
(RSI – 2005)

Ampliar as capacidades básicas entre os países


quanto à detecção e resposta às doenças ou
agravos que podem se tornar emergências em
saúde pública.

Novas definições e ampliação do escopo do


primeiro regulamento, de 1969.
Fonte:

Convergência entre o Marco de Hyogo e o https://www.gov.br/anvisa/pt-


br/assuntos/paf/regulamento-
Novo RSI. sanitario-
internacional/arquivos/7179json-file-1

Também em 2005, foi aprovado o novo Regulamento


Sanitário Internacional, o RSI, com o objetivo de ampliar
as capacidades básicas entre os países quanto à detecção
e resposta às doenças ou agravos que podem se tornar
emergências em saúde pública. Além de outras
alterações, como a definição do conceito de Emergência
em Saúde Pública de Importância Internacional e o
estabelecimento da estratégia do ponto focal Nacional, o
Novo RSI considerou ocorrências de natureza química,
radionucleares ou decorrentes de desastres, ampliando o
escopo do primeiro regulamento de 1969, que se aplicava
apenas a enfermidades infecciosas.
O Marco de Hyogo e o Novo RSI convergem quanto à
necessidade de desenvolvimento de políticas voltadas à
redução do risco de desastres e à ampliação do
fortalecimento das capacidades básicas de vigilância e
resposta às emergências em saúde pública.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

2015
III Conferência mundial sobre a redução de riscos de
desastres: Marco de Sendai (2015-2030)
Estabelecimento de prioridades para a redução de riscos Fonte:
https://www.pnrrc.pt/index.php/dec
de desastres naturais e o fortalecimento da resiliência. laracao-de-sendai/
https://www.preventionweb.net/file
Apresenta sete metas, quatro prioridades e um conjunto s/43291_sendaiframeworkfordrren.
de princípios orientadores. pdf

Principais pontos

1. Adotar um Marco pós-2015 para Redução de Riscos.

2. Completar a avaliação do Marco de Ação de Hyogo 2005-2015.


3. Considerar Experiências Regionais e Nacionais.
Fonte:
4. Cooperação para implementação do Marco. https://www.preventionweb.net/file
s/43300_sendaideclaration.pdf
5. Revisão periódica da implementação.

O Marco de Sendai representa a maior convergência entre


as agendas relativas às mudanças climáticas e às
emergências em saúde pública e desastres. Estabelecido
no âmbito da Terceira Conferência Mundial sobre a
redução de riscos de desastres em Sendai, no Japão,
apresentou três mudanças importantes que merecem
destaque: a ampliação da definição de desastres,
incluindo aqueles envolvendo emergências em saúde
pública definidas no âmbito do RSI; o aumento no
reconhecimento do setor saúde, considerando suas
contribuições e benefícios para o setor diante da redução
de riscos de desastres; e o reconhecimento e a inclusão
do papel das mudanças climáticas como fatores que
ampliam e agravam os riscos de desastres. O documento
apresenta sete metas, quatro prioridades e um conjunto
de princípios orientadores. Clique na imagem do Marco
de Sendai para conhecer os quatro princípios:

--------------------------------------------

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Prioridade 1: Compreender o risco de desastres. Prioridade 2: Reforçar a
governança do risco de desastres para gerenciar o risco de desastres.
Prioridade 3: Investir na redução do risco de desastres para aumentar a
resiliência. Prioridade 4: Aprimorar a prontidão para desastres para uma
resposta eficaz e para "Reconstruir Melhor" na recuperação, reabilitação e
reconstrução.

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Linha do tempo: principais marcos históricos e regulatórios na evolução da gestão do risco de desastres

2015 2015
21ª Conferência das Partes (ou COP-21) – Paris Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento
Sustentável (Agenda 2030)

Link da imagem:
https://news.un.org/es/stor Link da imagem: https://www.unicef.org/brazil/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel

y/2016/04/1355561

Fonte: https://brasil.un.org/pt-br/
88191-acordo-de-paris-sobre-o-clima
Fonte: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Além do marco de Sendai, ocorreram dois outros eventos


em 2015 que visaram acordos e pactuações importantes
para a influência do modelo de gestão do risco: a Cúpula
das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e
a 21ª Conferência das Partes, ou “COP-21”.
Durante a Cúpula das Nações Unidas, foi adotada a
agenda mundial dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável para 2015 a 2030, os ODSs . A agenda é
composta por 17 objetivos e 169 metas a serem
alcançadas, de modo não vinculante, até 2030. A agenda
atua alinhando esforços contemplando objetivos
universais comuns. Ainda que todos os objetivos sejam
igualmente importantes, três ODSs abordam temáticas
que fazem interface mais estreita ao enfrentamento dos
desastres, os ODSs 1, 2 e 11. Clique em cada um para
saber mais.

A 21ª Conferência das Partes discutiu a estabilização das

15
emissões e concentrações de gases de efeito estufa na
atmosfera para um nível não perigoso à saúde humana e
sistemas climáticos, estabelecendo ações e compromissos
para a adoção de medidas de mitigação e adaptação,
promoção de tecnologias sustentáveis, comprometimento
dos países desenvolvidos na implementação de políticas
de redução de emissões e no apoio à adaptação e
fornecimento de recursos financeiros e tecnológicos; além
de ações conjuntas abrangendo pesquisa climática,
compartilhamento de dados e esforços para educar e
conscientizar a população sobre as mudanças climáticas. A
conferência resultou no Acordo de Paris. Clique no ícone
do documento para saber mais:

ODS 1 — Erradicação da pobreza: acabar com a


pobreza em todas as suas formas, em todos os
lugares.
ODS 2 — Fome zero e agricultura sustentável:
acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar
e melhoria da nutrição e promover a agricultura
sustentável. ODS 11 — Cidades e comunidades
sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos
humanos inclusivos, seguros, resilientes e
sustentáveis.

Texto sobre a COP-21.


Aprovado por 195 países. Objetivo: Reduzir
emissões de gases de efeito estufa no contexto do
desenvolvimento sustentável. Compromisso: Manter
o aumento da temperatura média global em menos
de 2°C acima dos níveis pré-industriais, com
esforços para limitar a 1,5°C.

15
Resumo da linha do tempo

Início da Década
Internacional para Estratégia
Redução dos I Conferência Internacional
Desastres Naturais Internacional para a Redução Novo
21ª Conferência
(DIRDN) sobre Redução de do Risco de Regulamento
das Partes
Desastres: Catástrofes Sanitário
(ou COP-21)
“Estratégia de (ISDR) Internacional
Yokohama” (RSI – 2005)

1992 1998 2015


Década de 2005 2015
1960/1970

1990 1999 2005


1994 2015
Cúpula das Nações
II Conferência Unidas sobre o
Ocorrência de
Mundial sobre Desenvolvimento
desastres Convenção Desastres: Sustentável (Agenda
naturais de de Roterdã Marco de Ação 2030)
grande II Conferência das
de Hyogo
magnitude. Nações Unidas
(2005-2015)
para o Meio
Destaque Ambiente e o III Conferência
para a Desenvolvimento Mundial sobre a
Fonte: Bento Rodrigues-MG-Brasil. Após
atuação da (CNUMAD) Redução de riscos de
rompimento de barragem de rejeitos de
ONU frente desastres: Marco de mineração. Acervo pessoal – Isabella
aos desastres. Sendai (2015-2030) Miquilin, 2015.

Agradecemos por nos acompanhar nessa caminhada na


linha do tempo. Vimos de forma geral os principais
marcos e eventos que influenciaram no modelo de gestão
de risco de desastres atual. Trata-se de um campo
dinâmico de discussão, em constante desenvolvimento
devido às mudanças nos conceitos e entendimentos sobre
desastres e seus impactos em populações diversas,
abrangendo diferentes momentos históricos, regiões e
contextos. Os marcos e acordos estabelecidos refletem os
esforços conjuntos das comunidades globais na redução
dos impactos dos desastres na população, visando à
minimização da morbimortalidade, bem como dos
impactos sociais e econômicos, influenciando a estrutura
dos modelos de gestão do risco de desastres ao longo do
tempo. Clique na linha do tempo para rever os principais
marcos abordados.

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Agradecemos pela sua atenção! Com isso, encerramos
esta aula. Aguardo você para conhecer mais sobre a
Vigilância em Saúde dos Riscos Associados a Desastres.
Até logo!

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