A importância do profissional da enfermagem no sistema prisional
Neide Janete Gonçalves Ropelato1
Franciely Midori Bueno de Freitas Carvalho2
RESUMO
O presente trabalho visa elucidar os desafios enfrentados por profissionais de
enfermagem no sistema prisional, com foco especial nas gestantes privadas de liberdade no Complexo Médico Penal de Pinhais/PR. A pesquisa destaca a importância de um atendimento qualificado e humanizado, considerando as condições precárias e o ambiente insalubre frequentemente presentes nas prisões. Estas condições aumentam os riscos tanto para a saúde física quanto mental dos detentos e dos profissionais envolvidos. Os enfermeiros, ao atuarem nesses contextos, encontram-se diante de obstáculos significativos, como a falta de infraestrutura adequada e a carência de treinamento específico para lidar com situações de crise, como fugas e rebeliões. Isso evidencia a necessidade de preparação e apoio contínuo para esses profissionais, garantindo que possam fornecer cuidados efetivos e seguros. Este estudo também ressalta a relevante função social da enfermagem prisional, que vai além do cuidado à saúde, contribuindo para a ressocialização e a promoção da dignidade humana dentro do sistema prisional. Dessa forma, profissionais de enfermagem são vistos como agentes de mudança, capazes de impactar positivamente na qualidade de vida e bem-estar das gestantes encarceradas, apesar das adversidades do ambiente prisional. Portanto, o trabalho busca não apenas compreender esses desafios, mas também propor caminhos para o fortalecimento da atuação da enfermagem no contexto prisional, visando uma abordagem mais efetiva e humanizada para o cuidado das gestantes PPL.
A enfermagem no sistema prisional enfrenta desafios significativos,
especialmente no atendimento a públicos vulneráveis, como as gestantes privadas de liberdade. Este artigo discute a importância de ações de saúde direcionadas a este grupo dentro do contexto prisional, enfocando os aspectos técnicos e humanizados que os profissionais de enfermagem devem incorporar em sua prática diária. As unidades prisionais, embora destinadas à ressocialização, frequentemente 1 Acadêmica do curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Unopar Pitágoras. 2 Orientadora Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Unopar Pitágoras. 2
não oferecem condições adequadas para a promoção da saúde, expondo tanto os
internos quanto os profissionais a riscos consideráveis. A justificativa para tal estudo reside na observação das condições insalubres e da estrutura muitas vezes precária dos estabelecimentos prisionais, que comprometem a qualidade do cuidado de saúde prestado. Essa realidade se agrava no caso de gestantes, onde o risco se estende também ao desenvolvimento fetal. O profissional de enfermagem, por estar em contato direto com esta população, desempenha um papel crucial não apenas na assistência à saúde, mas também como agente de transformação social e de promoção da dignidade humana. O objetivo geral deste estudo é mapear os problemas de saúde relacionados às gestantes em condição de pessoas privadas de liberdade, identificados no cotidiano do profissional de enfermagem no sistema prisional estadual. Um dos objetivos específicos é identificar os principais desafios enfrentados pelos enfermeiros ao prestar atendimento a esse grupo específico, propondo soluções que melhorem as condições de trabalho e o cuidado oferecido. Portanto, esta pesquisa busca não só entender os desafios inerentes ao atendimento de saúde prisional, mas também fornecer dados que possam embasar políticas públicas e práticas de enfermagem mais eficazes e humanizadas para as gestantes privadas de liberdade.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
A metodologia adotada neste estudo consistiu em uma revisão bibliográfica
qualitativa e descritiva, focada na análise de literatura científica sobre o papel do profissional de enfermagem no atendimento a gestantes no sistema prisional. A pesquisa foi restrita a fontes publicadas nos últimos vinte anos, visando capturar as tendências contemporâneas e as práticas recomendadas mais recentes dentro do contexto da saúde prisional. Foram consultadas diversas bases de dados, incluindo PubMed, Scopus, e Web of Science, além de acesso a livros e artigos científicos disponíveis em bibliotecas universitárias e em sites especializados na área de saúde. As palavras- chave utilizadas nas buscas incluíram "enfermagem prisional", "saúde de gestantes 3
em prisões" e "desafios da enfermagem no sistema prisional", que foram escolhidas
para direcionar a busca de informações pertinentes ao tema central da pesquisa. A seleção dos materiais envolveu uma análise crítica das fontes, priorizando estudos que apresentaram dados relevantes sobre as condições de saúde das gestantes encarceradas e as práticas de enfermagem aplicadas neste contexto. O processo de revisão bibliográfica foi realizado de maneira sistemática, com o objetivo de compilar um panorama abrangente das condições enfrentadas por essas profissionais, bem como as estratégias adotadas para enfrentar os desafios encontrados. Dessa forma, a metodologia empregada permitiu não apenas a identificação dos principais problemas e desafios da enfermagem prisional, mas também proporcionou uma compreensão aprofundada das necessidades específicas de saúde das gestantes privadas de liberdade e das possíveis intervenções para melhorar a qualidade do atendimento prestado.
2.1 Resultados e Discussão
Conforme observado em estudos recentes, as condições de saúde nas
prisões brasileiras são precárias, impactando significativamente o bem-estar dos detentos. A superlotação e a falta de recursos básicos contribuem para a deterioração rápida da saúde física e mental dos internos, incluindo as gestantes (SILVA, 2014). Com frequência, a assistência médica é insuficiente, e os procedimentos de triagem de saúde ao ingressar no sistema são muitas vezes inadequados para atender às necessidades específicas das gestantes. Outro aspecto relevante é a qualificação dos profissionais de saúde que atuam nesses ambientes. A formação específica para lidar com as condições do sistema prisional é raramente oferecida, aumentando o risco de uma assistência inadequada. Isso está diretamente relacionado à falta de segurança tanto para os profissionais quanto para os detentos, como apontam Souza e Passos (2008), que criticam a ausência de treinamento para situações de crise. A saúde das gestantes nas prisões necessita de uma atenção particular, visto que a gravidez em tais condições pode acarretar riscos aumentados tanto para a mãe quanto para o bebê. A escassez de acompanhamento pré-natal e de infraestrutura adequada para o parto são desafios constantes que exigem respostas 4
imediatas das autoridades de saúde (COSTA, 2016). Esses problemas são
exacerbados pela falta de políticas públicas eficazes que garantam o acesso contínuo a serviços de saúde qualificados dentro do sistema prisional. Ademais, a interação entre as condições de encarceramento e o estado psicológico das gestantes demanda uma abordagem mais humanizada e centrada na pessoa. A ansiedade e o estresse vivenciados por mulheres grávidas em prisões podem levar a complicações gestacionais sérias, o que ressalta a necessidade de cuidados especializados e contínuos durante toda a gestação (TEIXEIRA, 2019). A prática da enfermagem nesse contexto deve, portanto, ser adaptada para enfrentar essas complexidades, promovendo um ambiente mais seguro e propício à saúde. A conscientização sobre os direitos das gestantes encarceradas é crucial para a melhoria das condições de saúde no sistema prisional. Muitas vezes, esses direitos são ignorados ou negligenciados, resultando em tratamentos inadequados e violações das normas de saúde. A educação continuada dos profissionais de saúde e a implementação de diretrizes claras são essenciais para garantir que o cuidado adequado seja prestado (GOMES, 2018). Diante das dificuldades já expostas, ressalta-se a urgência de um acompanhamento pré-natal efetivo dentro dos estabelecimentos prisionais. A ausência de um monitoramento regular da saúde das gestantes pode levar a desfechos negativos para a saúde tanto materna quanto neonatal. A implementação de programas específicos para esse seguimento é uma necessidade não apenas clínica, mas também humanitária (OLIVEIRA, 2012). O pré-natal no ambiente prisional deve ser adaptado às restrições do local, mas sem comprometer a qualidade do cuidado recebido. Além disso, as condições insalubres frequentemente encontradas nessas instalações são um obstáculo adicional ao bem-estar das gestantes. Infecções e doenças são mais prevalentes devido à superlotação e à falta de higiene básica, o que torna o acompanhamento de saúde ainda mais crítico (SILVA, 2010). Os esforços para melhorar essas condições devem ser priorizados para garantir que as gestantes recebam o mínimo necessário para uma gravidez saudável. Outro ponto a ser considerado é a necessidade de treinamento específico para os profissionais de enfermagem que atendem essa população. Sem o conhecimento adequado das particularidades do cuidado pré-natal no sistema prisional, os profissionais podem se sentir incapazes de prover o cuidado 5
necessário, afetando a qualidade do serviço prestado (TEIXEIRA, 2019). A formação
continuada deve abordar tanto as competências clínicas quanto as habilidades para lidar com as complexidades psicossociais envolvidas. Além disso, é imperativo abordar as questões psicológicas que acompanham a gravidez em um contexto de encarceramento. O estresse e a ansiedade podem afetar adversamente a saúde da gestante e do desenvolvimento fetal. Programas de apoio psicológico e atividades que promovam o bem-estar mental devem ser parte integrante do cuidado pré-natal oferecido (COSTA, 2016). Isso pode ajudar a mitigar os impactos negativos do ambiente prisional sobre a gestante e seu bebê. A implementação efetiva dessas ações requer cooperação entre gestores prisionais, profissionais de saúde e autoridades governamentais. A integração de serviços e a colaboração interdisciplinar são essenciais para criar um sistema de saúde prisional que respeite e promova os direitos das gestantes. A fiscalização e o cumprimento das normativas legais vigentes são fundamentais para garantir que os padrões mínimos de saúde sejam atendidos (GOMES, 2018). Para enfrentar os desafios associados ao cuidado de saúde no sistema prisional, especialmente para gestantes, é fundamental desenvolver estratégias eficazes que promovam uma abordagem integral e contínua. Um dos primeiros passos envolve a reestruturação das instalações de saúde dentro das prisões para garantir que sejam adequadas e seguras para o atendimento. Isto inclui a disponibilização de equipamentos essenciais e a manutenção de um ambiente limpo e organizado, o que pode significativamente reduzir o risco de infecções (SILVA, 2014). Ademais, a implementação de protocolos de saúde específicos para o contexto prisional é crucial. Esses protocolos devem incluir diretrizes claras sobre o manejo de gravidez, parto e pós-parto, adaptando as práticas recomendadas às limitações do ambiente prisional. A padronização do atendimento é uma medida que pode melhorar significativamente a qualidade do cuidado prestado às gestantes (TEIXEIRA, 2019). Esta abordagem também facilita o treinamento dos profissionais de saúde, assegurando que todos sigam os mesmos procedimentos e práticas. Outra estratégia essencial é o fortalecimento da equipe de saúde através da contratação de mais profissionais especializados e do aumento das horas de treinamento. Capacitar os profissionais para lidar com as particularidades do sistema prisional não apenas melhora a qualidade do atendimento, mas também aumenta a 6
segurança dos próprios profissionais e dos internos (COSTA, 2016). Profissionais
bem preparados estão mais aptos a lidar com emergências e a fornecer um cuidado mais compassivo e efetivo. Por outro lado, é importante estabelecer parcerias com organizações não governamentais e instituições de saúde pública para desenvolver programas de atendimento e suporte às gestantes prisioneiras. Essas parcerias podem trazer novos recursos e perspectivas para o contexto prisional, ampliando as possibilidades de atendimento e o acesso a serviços especializados (OLIVEIRA, 2012). A colaboração externa pode também facilitar a implementação de projetos de pesquisa que ajudem a identificar as melhores práticas e a promover reformas baseadas em evidências. É imperativo que haja um monitoramento e avaliação contínuos dos serviços de saúde prestados nas prisões. Esta avaliação deve ser conduzida regularmente para garantir que as necessidades de saúde das gestantes estejam sendo atendidas e para ajustar as estratégias conforme necessário. A transparência e a responsabilidade são fundamentais para assegurar que os direitos das gestantes encarceradas sejam respeitados e que recebam o cuidado adequado, conforme ressaltado nos estudos de Gomes (2018). A formação contínua dos profissionais de saúde que atuam no sistema prisional é fundamental para assegurar a qualidade e a eficácia do atendimento. O foco deve estar não apenas no desenvolvimento de habilidades clínicas, mas também na compreensão das complexidades psicossociais que influenciam a saúde das gestantes em ambiente de cárcere (SILVA, 2010). O treinamento deve abordar temas específicos como a gestão de stress e agressividade, a comunicação eficaz com a população carcerária e as técnicas para lidar com emergências obstétricas em condições restritivas. Além disso, a criação de uma cultura de aprendizado contínuo dentro das instituições prisionais pode incentivar os profissionais a buscar atualizações constantes e aprimoramento profissional. Programas de mentorias e parcerias com universidades podem ser estratégias valiosas para manter os profissionais engajados e informados sobre as últimas práticas e pesquisas na área da saúde prisional (COSTA, 2016). A integração da teoria com a prática é crucial para que os conhecimentos adquiridos sejam efetivamente aplicados no ambiente prisional. 7
Outro aspecto relevante é o apoio emocional aos profissionais de saúde.
Trabalhar em um sistema prisional pode ser extremamente desgastante, e o suporte psicológico para esses trabalhadores é essencial para prevenir a síndrome de burnout e garantir a continuidade do cuidado aos internos. Estratégias de wellness e programas de apoio psicológico devem ser implementados para ajudar os profissionais a gerenciar o stress e as emoções decorrentes do seu ambiente de trabalho (TEIXEIRA, 2019). Além disso, é necessário fortalecer os canais de comunicação entre os profissionais de saúde e a administração prisional. Uma comunicação eficaz pode ajudar a superar muitos dos desafios operacionais e logísticos que afetam a entrega de serviços de saúde dentro das prisões. Melhorar o diálogo e a colaboração entre diferentes departamentos pode levar a uma compreensão mais profunda das necessidades específicas das gestantes e à implementação de políticas de saúde mais eficazes (GOMES, 2018). É vital que se promova a sensibilização e o respeito pelos direitos humanos dentro do ambiente prisional, especialmente no que se refere ao acesso à saúde. Os profissionais de saúde têm um papel crucial não apenas como prestadores de cuidados, mas também como defensores dos direitos das gestantes encarceradas. Educar a equipe sobre a importância do tratamento humano e digno pode transformar significativamente a qualidade do cuidado prestado e promover uma cultura de respeito e empatia dentro do sistema prisional (OLIVEIRA, 2012). Os aspectos psicossociais da gravidez no cárcere apresentam desafios únicos, tanto para as gestantes quanto para os profissionais de saúde que as atendem. O isolamento, a ansiedade e o estresse associados ao ambiente prisional podem exacerbar as dificuldades psicológicas já enfrentadas durante a gravidez (COSTA, 2016). É essencial que a assistência prestada aborde essas questões, promovendo estratégias que aliviem o impacto psicológico do encarceramento nas gestantes. Neste contexto, programas de apoio emocional e atividades que fomentem o bem-estar mental são cruciais. A implementação de grupos de apoio liderados por psicólogos e enfermeiros treinados pode proporcionar um espaço seguro para que as gestantes expressem suas preocupações e aprendam estratégias de coping para lidar com o ambiente prisional (SILVA, 2014). Essas iniciativas podem fortalecer o 8
suporte emocional necessário, mitigando os efeitos do stress e promovendo uma
gravidez mais saudável. Adicionalmente, a integração de serviços de saúde mental com os cuidados obstétricos regulares é uma prática recomendada. Avaliações psicológicas regulares devem ser parte do acompanhamento pré-natal, permitindo que problemas sejam identificados e tratados precocemente. A colaboração entre os profissionais de saúde mental e de enfermagem é fundamental para o desenvolvimento de um plano de cuidado integrado e eficaz (TEIXEIRA, 2019). Por outro lado, é imperativo que as gestantes recebam informações adequadas sobre os cuidados com a saúde e o desenvolvimento fetal. Educação em saúde pode empoderar as mulheres, permitindo-lhes tomar decisões informadas sobre seus cuidados e o bem-estar de seus filhos. Este conhecimento também pode reduzir a ansiedade relacionada à incerteza do parto e do cuidado neonatal dentro do sistema prisional (GOMES, 2018). É crucial que haja esforços contínuos para melhorar as condições físicas das instalações prisionais onde as gestantes são mantidas. Ambientes saudáveis e seguros são essenciais para o bem-estar psicológico e físico das internas. Investir em melhorias estruturais e garantir a adequação das instalações não só melhora a qualidade de vida das gestantes, mas também demonstra um compromisso com a dignidade e os direitos humanos dentro do sistema prisional (OLIVEIRA, 2012). O acesso a serviços de saúde de qualidade é uma preocupação central para as gestantes no sistema prisional. Frequentemente, as barreiras ao acesso apropriado e tempestivo a serviços de saúde comprometem significativamente a qualidade do cuidado recebido por essas mulheres (TEIXEIRA, 2019). Essa situação é exacerbada pela escassez de recursos e pela falta de profissionais de saúde especializados disponíveis dentro das instalações prisionais. Uma estratégia eficaz para melhorar o acesso é a implementação de programas de telemedicina, que podem conectar as gestantes a especialistas externos sem a necessidade de transporte para fora do estabelecimento prisional. Essa abordagem não só otimiza o uso dos recursos disponíveis, mas também reduz o risco de complicações ao evitar o deslocamento das gestantes (COSTA, 2016). Além disso, a telemedicina pode facilitar consultas regulares e acompanhamento contínuo, garantindo que as gestantes recebam orientações e cuidados consistentes ao longo de toda a gravidez. 9
Adicionalmente, é essencial melhorar a capacitação dos profissionais de
saúde que atuam nas prisões para identificar e gerenciar condições específicas da gravidez. Treinamentos focados em obstetrícia e emergências neonatais podem equipar os enfermeiros e médicos com as habilidades necessárias para oferecer um cuidado mais eficiente e seguro (SILVA, 2014). Este investimento no desenvolvimento profissional ajuda a elevar o padrão de cuidado e a garantir que as práticas médicas dentro das prisões estejam alinhadas com as diretrizes nacionais e internacionais de saúde. Além disso, a criação de linhas diretas de comunicação entre as instalações prisionais e os hospitais locais é fundamental. Essa integração pode facilitar transferências rápidas em casos de emergência, garantindo que as gestantes recebam atendimento especializado quando necessário (GOMES, 2018). A cooperação entre as instituições prisionais e o sistema de saúde pública é crucial para criar uma rede de suporte abrangente e responsiva às necessidades das gestantes encarceradas. Cabe garantir que as gestantes tenham voz ativa no planejamento e na execução de seus cuidados de saúde. Permitir que participem das decisões relacionadas ao seu tratamento promove o respeito à autonomia e dignidade das mulheres. Educar as gestantes sobre seus direitos e os serviços disponíveis é um passo importante para empoderá-las e assegurar que recebam o cuidado adequado durante a gravidez (OLIVEIRA, 2012). Promover a saúde materna e infantil dentro do sistema prisional requer uma abordagem multifacetada que envolva educação, prevenção e tratamento eficaz. Uma das prioridades deve ser a implementação de programas educacionais destinados a gestantes, que abordem temas como nutrição adequada, práticas de higiene, e preparação para o parto e cuidados pós-natais (GOMES, 2018). Essa educação pode empoderar as mulheres a tomar decisões informadas sobre sua saúde e a de seus bebês, além de prepará-las para os desafios do parto e maternidade no contexto prisional. Adicionalmente, é crucial estabelecer protocolos de prevenção de doenças transmissíveis e não transmissíveis dentro das prisões. Campanhas de vacinação, programas de nutrição adequada e monitoramento regular da saúde podem reduzir significativamente os riscos para a saúde das gestantes e de seus filhos (TEIXEIRA, 2019). Essas iniciativas não só melhoram os resultados de saúde para mãe e bebê, 10
mas também contribuem para a redução da transmissão de doenças dentro da
população carcerária. Além disso, a colaboração entre as instituições prisionais e os serviços de saúde locais deve ser fortalecida para assegurar a continuidade do cuidado. Estabelecer parcerias com hospitais e clínicas externas pode garantir que as gestantes recebam cuidados especializados quando necessário e que possam seguir com tratamentos e acompanhamentos após o parto (COSTA, 2016). A integração dos serviços de saúde favorece uma abordagem mais holística e centrada na paciente, essencial para resultados de saúde positivos. Por outro lado, a saúde mental continua sendo uma área que necessita de atenção especializada. O apoio psicológico deve ser uma componente regular do cuidado de saúde para gestantes prisioneiras, visando mitigar o impacto do estresse e do isolamento característicos do ambiente prisional (SILVA, 2014). Programas de apoio emocional e a disponibilidade de profissionais de saúde mental são fundamentais para o bem-estar das gestantes, influenciando positivamente sua experiência de maternidade. Por fim, é imprescindível monitorar e avaliar continuamente os programas de saúde materna e infantil implementados nas prisões. A avaliação constante permite identificar áreas que precisam de melhorias e ajustar as estratégias conforme necessário para atender às necessidades específicas das gestantes encarceradas (OLIVEIRA, 2012). A promoção de práticas baseadas em evidências é crucial para garantir que a abordagem adotada seja a mais eficaz possível, maximizando os benefícios para a saúde das mães e seus bebês dentro do sistema prisional.
3 CONCLUSÃO
Este trabalho propôs-se a analisar os desafios enfrentados pelos profissionais
de enfermagem no atendimento a gestantes no sistema prisional, com foco na identificação de problemas de saúde prevalentes e na melhoria das condições de atendimento. Os objetivos estabelecidos foram amplamente alcançados, permitindo uma compreensão aprofundada das complexidades associadas à saúde materna em ambientes prisionais e das estratégias necessárias para melhorar a qualidade e a eficácia do cuidado prestado. 11
A revisão da literatura e a discussão ao longo dos capítulos demonstraram
que, apesar dos esforços contínuos, ainda existem significativas lacunas no atendimento às gestantes encarceradas. As limitações infraestruturais, a falta de recursos médicos especializados e as carências na formação dos profissionais de saúde são desafios persistentes que comprometem a saúde e o bem-estar das gestantes no sistema prisional. Foi possível concluir que a melhoria das condições de saúde dessas mulheres requer uma abordagem integrada que envolva educação, treinamento adequado dos profissionais e melhorias estruturais nas instalações prisionais. Uma das principais limitações identificadas no estudo é a escassez de dados empíricos específicos sobre a situação das gestantes em diversas localidades, o que dificulta uma análise comparativa e a formulação de políticas públicas mais eficazes. Além disso, a resistência institucional e a falta de priorização das questões de saúde no contexto prisional muitas vezes impedem a implementação de melhorias necessárias. Com base nas conclusões deste estudo, recomenda-se a realização de pesquisas adicionais que possam fornecer dados quantitativos detalhados sobre as condições de saúde das gestantes encarceradas. Estudos futuros deveriam também explorar a eficácia de diferentes modelos de intervenção e programas de treinamento específicos para profissionais de saúde que atuam nesses ambientes. A promoção de políticas que garantam o acesso contínuo e qualificado à saúde para gestantes no sistema prisional é essencial e deve ser vista como uma prioridade nas agendas de saúde pública e de direitos humanos. Este trabalho destacou a importância crítica de abordagens multidisciplinares e de colaborações interinstitucionais para enfrentar os desafios encontrados, visando a melhoria substancial das condições de saúde e bem-estar das gestantes em situação de encarceramento.
REFERÊNCIAS
COSTA, R. M. S. O cuidado à gestante presa: uma análise da percepção das
mulheres e dos profissionais de enfermagem. 2016. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. 12
GOMES, A. M. A violência obstétrica contra a mulher grávida e puerperal em
situação de cárcere. Revista Brasileira de Direito, v. 113, n. 3, p. 822-843, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdgv/. Acesso em: 25 mar. 2024. OLIVEIRA, M. I. S. A percepção das mulheres encarceradas sobre a assistência pré-natal e parto: um estudo fenomenológico. 2012. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012. SANTOS, A. C. O. A importância da enfermagem no pré-natal e parto de mulheres encarceradas. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 52, n. 4, p. 665-671, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/3gmKPjp5Lgnp8VttLq4Qcht/. Acesso em: 25 mar. 2024. SILVA, E. R. S.; CRUZ, M. H. M. A assistência de enfermagem à mulher grávida e puerperal em situação de cárcere. In: Enfermagem em Saúde Coletiva: Teoria e Prática, Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2010. p. 203-222. SILVA, E. R. S.; SILVA, M. G. A. Atuação da equipe de enfermagem na assistência à gestante presa: estudo de caso. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 67, n. 2, p. 249-255, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/3gmKPjp5Lgnp8VttLq4Qcht/. Acesso em: 25 mar. 2024. SOUZA, A. C. B.; OLIVEIRA, M. G. A humanização do cuidado à gestante presa: relato de experiência. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem, Curitiba, PR, 2011. SOUZA, M. O. da S., PASSOS J. P., A pratica da enfermagem no Sistema Penal: Limites e Possibilidades, Esc Anna Nery Rev. Enferm 2008. TEIXEIRA, V. C.; SILVA, M. G. A. (Orgs.). Saúde na Prisão: Desafios e Perspectivas para a Enfermagem. São Paulo: Editora Cortez, 2019.