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GESTÃO DO PROGRAMA
DE CONTROLE DE
INFECÇÕES RELACIONADAS
À ASSISTÊNCIA À SAÚDE
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qualidade (Brasil, 2017a, p. 13). Com esse alerta mundial, muitas instituições e
organismos internacionais se voltaram para as discussões sobre segurança do
paciente.
A publicação da Anvisa (Brasil, 2017a, p. 13) aponta que, na 55ª
Assembleia Mundial da Saúde, foi adotada a Resolução 55/2018, “Qualidade da
atenção: segurança do paciente”, que solicitava urgência aos Estados Membros
em dispor maior atenção ao problema da segurança do paciente. Assim, em
resposta à Resolução n. 55.18, em outubro de 2004, a Organização Mundial da
Saúde realizou o lançamento da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente,
visando dar mais operacionalidade as ações de segurança do paciente à
Organização Mundial da Saúde e seus estados membros, na 57ª Assembleia
Mundial da Saúde.
A Organização Pan-Americana de Saúde, em conjunto com a Organização
Mundial da Saúde, desenvolveu ações conjuntas para enfrentar os desafios
globais da segurança do paciente, o Quadro 1 apresenta um resumo dessas
ações.
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nacional: o objetivo geral é contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em
todos os estabelecimentos de saúde do território nacional (Brasil, 2013). Os
objetivos específicos do PNSP, de acordo com o art. 3º da Portaria n. 529/2013,
são os seguintes:
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• Profissionais de Laboratórios de Saúde Pública, Universidades/Centros de
pesquisa;
• Profissionais que atuam em drogarias e farmácias;
• Profissionais das empresas detentoras de registro de produtos sob
vigilância sanitária (fabricantes, importadores e distribuidores);
• Profissionais de saúde liberais;
• Cidadãos – pacientes, familiares, acompanhantes, cuidadores e outros.
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quer dizer pacote, que é uma nova forma de perceber e de planejar as
intervenções para o alcance da segurança do paciente. A utilização da ferramenta
do bundle se popularizou, porém deve-se entender essa proposta. O primeiro
ponto do conceito não é apenas uma lista de atividades que representam uma
lista de boas práticas ou condutas.
A principal estratégia para gestão é promover a estruturação e melhoria dos
processos e os resultados dos cuidados para o paciente, para ajudar os
profissionais de saúde a realizarem o melhor cuidado possível, e da maneira mais
confiável, para pacientes submetidos a alguns tratamentos específicos com riscos
inerentes, com práticas baseadas em evidências científicas. Essas medidas
devem ser aplicadas em conjunto a todos os pacientes que estão sob o risco de
IRAS e que devem ser supervisionados de forma sistemática por toda a equipe
de saúde, por meio de vigilância de processo e intensas ações educativas.
Os gestores devem promover a implantação de bundles nos seus serviços
com o desenvolvimento de protocolos clínicos, com treinamento da equipe, com
vigilância epidemiológica (estruturação de coleta de dados, processamento,
definição de indicadores) e monitoramento de indicadores.
Para o desenvolvimento de ações de prevenção e controle das IRAS,
vamos lembrar as possibilidades de gestão e planejamento estratégico estudadas
nas primeiras aulas. Várias medidas de prevenção são propostas e possuem
evidência científica, então como devemos estabelecer prioridades? Utilizando as
ferramentas de gestão, a vigilância epidemiológica, o planejamento estratégico,
com estabelecimento de indicadores para monitoramento e acompanhamento
contínuo, rodar o PDCA.
A Anvisa destaca a importância do plano de segurança do paciente em
serviços de saúde que visam a prevenção e a mitigação dos incidentes, desde a
admissão até a transferência, a alta ou o óbito do paciente no serviço de saúde,
estabelecido num documento que aponta situações de risco e descreve as
estratégias e ações definidas pelo serviço de saúde para a gestão de risco (Brasil,
2017b), devendo estar alinhadas com os Procedimentos Operacionais Padrão e
com os protocolos.
Os profissionais que atuam no controle das IRAS bem como na
implantação de medidas de prevenção devem desenvolver estratégias
educacionais de acordo com práticas baseadas em evidências e que se adaptem
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às necessidades de aprendizagem de seu público e de suas instituições (Brasil,
2017b, p. 21).
Uma das principais medidas de prevenção gerais para IRAS é a
higienização das mãos. Vamos entender por que ela é tão importante. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que essa medida básica de
higienização das mãos, embora simples, continua sendo um problema em todo o
mundo pelo descaso que ainda acontece nos serviços de saúde. Para combater
essa problemática, a OMS lançou o Desafio Global para a Segurança do Paciente
2005-2006: “Uma Assistência Limpa é uma Assistência mais Segura”,
concentrando as ações na melhoria dos padrões e práticas de higienização das
mãos na assistência à saúde (OMS, 2005).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu as Diretrizes da
OMS sobre Higiene das Mãos em Serviços de Saúde baseadas em evidências
para auxiliar os serviços de saúde a melhorarem a higiene das mãos e assim
reduzirem as IRAS (OMS, 2009, p. 6). Para a divulgação e efetiva execução das
diretrizes, a OMS lançou um Guia de Implementação e um kit de ferramentas de
implementação relacionado que auxiliarão na elaboração de planos de ação locais
e na abordagem da melhoria e manutenção da higiene das mãos.
Saiba mais
Quer saber mais? Acesse o link a seguir:
OMS – Organização Mundial da Saúde. Guia para implementação: um
guia para a implantação da estratégia multimodal da OMS para a melhoria da
higienização das mãos a observadores: estratégia multimodal da OMS para a
melhoria da higienização das mãos. Brasília: Organização Pan-Americana da
Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2008. Disponível em:
<https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/higienizacao_oms/guia_de_im
plement.pdf>. Acesso em: 12 maio 2021.
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Quadro 2 – Regulamentação brasileira
Normativa Objetivo
RDC n. 42 de 25 de Dispõe sobre a obrigatoriedade de disponibilização de
outubro de 2010 preparação alcoólica para a higienização das mãos, nos
pontos de assistência, em serviços de saúde (Brasil,
2010)
RDC n. 36, de 25 de julho Institui ações para a segurança do paciente em serviços
de 2013 de saúde e a instituição dos Protocolos Básicos Nacionais
de Segurança do Paciente, incluindo o Protocolo de
Prática de HM (Brasil, 2013a)
Portaria n. 529 de 1 de Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente
abril de 2013. (Brasil, 2013b)
Portaria n. 1.377 de 9 de Aprova os Protocolos de Segurança do Paciente (Brasil,
julho de 2013. 2013c)
Nota técnica n. 1/2018 Orienta na implementação da estratégia multimodal da
Organização Mundial de Saúde como estratégia de
melhoria da higienização das mãos (Brasil, 2018)
Fonte: Brasil, 2018.
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A RDC n. 15, de 15 de março de 2012, dispõe sobre requisitos de boas
práticas para o processamento de produtos para saúde, que regulamenta os
Centros de Material e Esterilização – CME dos serviços de saúde públicos e
privados, civis e militares, e às empresas processadoras envolvidas no
processamento de produtos para saúde (Brasil, 2012).
A Central de Material e Esterilização é um grande fornecedor de todas as
áreas da instituição, disponibilizando materiais utilizados em variados
procedimentos realizados pela instituição, e sua missão é entregar todos os
materiais com segurança, por meio do processamento de qualidade para
atendimento eficaz aos clientes.
A totalidade dos processos são devidamente controlados e seguros. Os
produtos ofertados pelo setor são estéreis ou desinfectados, conforme sua
especificidade, garantindo a qualidade e contribuindo para a prevenção e o
controle da infecção hospitalar.
A CCIH colabora com a elaboração dos POPs – Procedimento Operacional
Padronizado junto com o setor CMA para melhoria de seus processos. Um dos
grandes fatores-chave é o controle da validade ou prazo de validade que define a
validade da esterilização, processo importante do setor. A manutenção do prazo
de validade de esterilização está relacionada a eventos, dependendo dos
seguintes fatores: qualidade da embalagem utilizada na esterilização; condições
de transporte dos pacotes e práticas de manuseio para produtos esterilizados.
A gestão do programa de controle de infecções relacionadas à assistência
à saúde deve monitorar esses processos contribuindo para manter a qualidade e
a segurança da assistência.
TEMA 3 – PNEUMONIA
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Diversos estudos indicam que a pneumonia associada à ventilação
mecânica deve ter vigilância com padrões bem definidos nas práticas da Unidade
de Terapia Intensiva, monitoramento de indicadores, como as taxas de PAV,
definição de medidas de prevenção, bem como treinamento da equipe (Brasil,
2017b, p. 21).
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risco, exigindo o envolvimento de toda equipe de atendimento (Chicayban et al.,
2017).
Silva et al. (2011) reportam que algumas medidas de prevenção analisadas
no estudo são atividades realizadas rotineiramente da equipe, e mesmo com
normas instituídas, nem sempre foram incorporadas à prática clínica, indicando a
necessidade de avaliação sistemática, processo educativo, supervisão e
gerenciamento do cuidado. Outro ponto descartado nesse estudo refere-se à
incorporação de indicadores como medida útil para avaliação da qualidade dos
serviços prestados, devido à facilidade de aplicação e de reprodução.
O Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas
à Assistência à Saúde (2016-2020) indica como protocolo básico as seguintes
medidas de prevenção de PAV: manter os pacientes com a cabeceira elevada
entre 30 e 45º; avaliar diariamente a sedação e diminuir sempre que possível; e
higiene oral com antissépticos (Brasil, 2016).
Chicayban et al. (2017, p. 33) concluem que a segurança do paciente
emerge da interação de componentes como conhecimento, habilidades, atitudes
e responsabilidade no cuidar, em que todos que compõem a equipe
multidisciplinar devem priorizar um tratamento benéfico à recuperação do paciente
e participar da prevenção de forma conjunta e simultânea. Os mesmo autores
ainda indicam que
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Saiba mais
Recomendamos que você acesse o link a seguir e leia o Caderno 4
produzido pela Anvisa da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços
de Saúde – Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
nas páginas 22 a 32 referentes às medidas e prevenção de pneumonias:
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção
de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: Anvisa, 2017. Disponível
em:
<http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2
BR0%3D>. Acesso em: 12 maio 2021.
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definição de critérios para indicações do uso de cateteres urinários; e orientações
para a inserção, cuidados e manutenção do cateter urinário (Brasil, 2016).
A Anvisa indica como medidas de prevenção as infecções do trato urinário
relacionada às IRAS: evitar inserção de sonda vesical de demora; fazer a remoção
oportuna do cateter vesical; lembrar-se das alternativas à cateterização; usar a
técnica asséptica para inserção do cateter urinário; treinar a equipe de saúde na
inserção, cuidados e manutenção do cateter urinário com relação à prevenção das
infecções do trato urinário; assegurar equipe treinada e recursos que garantam a
vigilância do uso do cateter e de suas complicações (Brasil, 2017b, p. 44).
Um bom exemplo é o estudado por Campos et al. (2016, p. 6) de técnica
de limpeza periuretral anterior à antissepsia no cateterismo vesical de demora. Os
autores concluem que a taxa de incidência de ITU no hospital, quando utilizados
água e sabão na limpeza periuretral, foi aproximadamente 4,6 vezes maior do que
no hospital que utilizou PVPI degermante e soro fisiológico.
Saiba mais
Recomendamos que você acesse o link a seguir e leia o Caderno 4
produzido pela Anvisa da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços
de Saúde – Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
nas páginas 37 a 46 referentes às medidas e prevenção de infecção do trato
urinário:
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção
de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: Anvisa, 2017. Disponível
em:
<http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2
BR0%3D>. Acesso em: 12 maio 2021.
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atribuída principalmente ao uso disseminado dos bundles de inserção (Brasil,
2017b, p. 49).
As infecções do sítio cirúrgico (ISC) são as complicações mais comuns
decorrentes do ato cirúrgico, que ocorrem no pós-operatório em cerca de 3 a 20%
dos procedimentos realizados, e há um crescente número de intervenções
cirúrgicas na assistência à saúde resultado do aumento das doenças
cardiovasculares, neoplasias e traumas, decorrentes da elevação da expectativa
de vida e da violência. As infecções do sítio cirúrgico são eventos adversos
frequentes, tendo um impacto significativo na morbidade e mortalidade do
paciente, resultando em dano físico, social e/ou psicológico do indivíduo, sendo
uma ameaça à segurança do paciente (Brasil, 2017b, p. 85).
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cateter de duas vias foram identificados como fatores de risco para
infecção de corrente sanguínea associada ao cateter central de inserção
periférica em neonatos. (Costa et al., 2016, p.167)
Saiba mais
Recomendamos que você acesse o link a seguir e leia o Caderno 4
produzido pela Anvisa da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços
de Saúde – Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
nas páginas 49 a 76 referentes às medidas de prevenção das infecções da corrente
sanguínea:
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção
de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: Anvisa, 2017. Disponível
em:
<http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2
BR0%3D>. Acesso em: 12 maio 2021.
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Saiba mais
Recomendamos que você acesse o link a seguir e leia o Caderno 4
produzido pela Anvisa da Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços
de Saúde – Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
nas páginas 85 a 98 referentes às medidas de prevenção das infecções do sítio
cirúrgico:
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de prevenção
de infecção relacionada à assistência à saúde. Brasília: Anvisa, 2017. Disponível
em:
<http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=pCiWUy84%2
BR0%3D>. Acesso em: 12 maio 2021.
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REFERÊNCIAS
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CHICAYBAN, L. M. et al. Bundles de prevenção de pneumonia associada à
ventilação mecânica: a importância da multidisciplinaridade. Biológicas & Saúde,
v. 7, n. 25, 30 nov. 2017.
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SILVA, L. T. R. et al. Evaluation of prevention and control measures for ventilator-
associated pneumonia. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão
Preto, v. 19, n. 6, p. 1329-1336, dez. 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
11692011000600008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 12 maio 2021.
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