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RESUMO ABSTRACT
Introdução: A prática do treinamento de força Strength training: neural factors and muscle
(TF) promove várias adaptações funcionais, force production
dentre as quais temos o aumento da força,
constatado em maior magnitude nos primeiros Introduction: The practice of strength training
meses de treinamento. Objetivo: Realizar um promotes several functional adaptations,
ensaio crítico sobre os possíveis mecanismos among which we have the increase of strength,
ligados ao sistema nervoso central e a found in greater magnitude in the first months
produção de força muscular. Materiais e of training. Objective: To perform a critical
Métodos: Foi realizada uma pesquisa de review on the possible mechanisms related to
revisão bibliográfica nas bases de dados: the central nervous system and the production
MEDLINE, SCIELO e Periódicos CAPES. A of muscular strength. Materials and Methods:
seleção dos artigos foi pautada na relevância A bibliographic review was carried out in the
ao tópico discutido. Adicionalmente, utilizou-se databases: MEDLINE, SCIELO and CAPES
livros sobre a temática publicados nos últimos Periodicals. The selection of articles was
7 anos. Resultados: Existe uma grande based on relevance to the topic discussed. In
influência do sistema nervoso central na addition, some books published in the last 7
produção de força muscular através dos years have been used. Results: There is a
mecanismos: “spillover”, irradiação motora, great influence of the central nervous system
inibição recíproca entre hemisférios, déficit on the production of muscular strength through
bilateral, educação de foça cruzada, the mechanisms: spillover, motor irradiation,
recrutamento de unidades motoras, frequência reciprocal inhibition between hemispheres,
de disparos, aumento da taxa de bilateral deficit, cross-force education,
desenvolvimento binário, bem como alterações recruitment of motor units, frequency of firing,
no córtex motor a nível cortical. Discussão: As increase of binary development rate as well as
evidências apontam para alterações agudas e there is no cortical to cortical motor.
crônicas do sistema neuromuscular em Discussion: The evidence points to acute and
decorrência da prática do TF. Fatores como chronic alterations of the neuromuscular
tipo de treinamento, volume, intensidade, system due to the practice of strength training.
fases da contração muscular podem Factors like type of training, volume, intensity,
influenciar não somente na magnitude de força phases of muscle contraction can influence not
produzia, mas também em alterações only the magnitude of force produced, but also
especificas de cada membro treinado. in specific changes in each trained member.
Conclusão: Os estímulos fisiológicos Conclusion: Physiological stimuli promoted by
promovidos pelo treinamento podem training can trigger neural changes in
desencadear alterações neurais em conjunto conjunction with the muscular system that
com o sistema muscular que afetam directly affect the magnitude of muscular force
diretamente a magnitude da produção de força production through various mechanisms and
muscular através de vários mecanismos e phenomena. Thus, to know such phenomena
fenômenos. Assim, conhecer tais fenômenos é is extremely important to improve the
extremamente importante para melhorar a prescription of training.
prescrição do treinamento físico.
Key words: Neural Adaptation. Muscular
Palavras-chave: Adaptação Neural. Força Strength. Neural Factors.
Muscular. Fatores Neurais.
1-Universidade Federal de Goiás (UFG),
Brasil.
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.12. n.77. p.757-766. Set./Out. 2018. ISSN 1981-9900.
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descarga das unidades motoras em 6,2% no substancialmente maior no grupo F+A. Esse
músculo vasto medial e 5,6% no músculo resultado demonstra que a ordem dos
vasto lateral. exercícios pode promover diferentes
Em contrapartida foi constatado um adaptações neurais, visto que as taxas de
aumento da resistência à fadiga apenas no descarga de unidades motoras podem diminuir
grupo que realizou treinamento aeróbio. A nos treinamentos aeróbios de baixa
velocidade de condução das unidades motoras intensidade (Vila-chã, Falla e Farina, 2010).
aumentou em ambos os grupos somente após Tal fator pode ter sido um dos
a terceira semana de treinamento, embora contribuintes para essa redução da atividade
sem diferença estatística entre os grupos. eletromiográfica do músculo vasto lateral.
Tais resultados corroboram com a Adicionalmente, no respetivo estudo
premissa que exercícios que exigem uma foi constatado um aumento similar na
maior produção de força máxima podem produção de força máxima e hipertrofia
proporcionar um maior recrutamento de muscular em ambos os grupos.
unidades motoras e promover um aumento na Wilhelm e colaboradores (2014),
taxa de descarga, o que não é constatado no reportaram que a desproporção entre a
treinamento aeróbio de baixa intensidade e de atividade eletromiográfica e a produção de
longa duração. força muscular, pode ser justificada pelo fato
Apesar de aumentos similares na de se ter avaliado a ativação muscular apenas
velocidade de condução, o treinamento de músculos específicos, faltando assim
aeróbio pode desencadear adaptações além justificativas concretas para correlacionar a
das neurais, e essas podem estar ativação muscular com a produção de força
relacionadas a resistência a fadiga. máxima.
Portanto, podemos constatar que a
resistência à fadiga não tem uma relação Exercícios unilaterais: educação de força
proporcional à taxa de descarga das unidades cruzada e déficit bilateral
motoras, bem como a velocidade de condução
dos impulsos nervosos necessitam de pelo A educação de força cruzada é
menos três semanas para demonstrar definida como a transferência de força para o
aumentos significativos decorrentes do membro contralateral não treinado (Adamson
treinamento, ficando claro que essa variável e colaboradores, 2008).
pode não ser a única responsável pelo Fimland e colaboradores (2009)
aumento da contração voluntária máxima no analisaram a transferência de força e atividade
grupo TF, visto que a mesma sofreu aumentos eletromiográfica do membro contralateral após
significativos neste período. quatro semanas de treinamento do músculo
Balshaw e colaboradores (2017) tríceps sural (gastrocnêmios e sóleo). Os
constataram que um dos fatores mais autores encontraram diferenças no ganho de
importantes para a produção de força força para os músculos do membro treinado
muscular é o aumento da atividade neural dos (40%, p<0,01) e do membro não treinado
músculos agonistas quando comparado com (33%, p<0,01).
as alterações morfológicas (hipertrofia Também foi reportado um aumento na
muscular e/ou diminuição do ângulo de atividade eletromiográfica do músculo sóleo do
penação do fascículo muscular) e com outros membro treinado (42 ± 17%) e do membro
fatores neurais (redução da co-ativação de contralateral não treinado (45 ± 43%). Os
antagonistas). autores justificam esse aumento de força e
Eklund e colaboradores (2015) atividade eletromiográfica devido ao aumento
dividiram um grupo de homens em dois da excitabilidade dos motoneurônios,
grupos: grupo que realizou o treinamento de mudanças na inibição pré-sináptica e
força e treinamento aeróbio (F+A), ocorrência do fenômeno “spillover” descrito por
respectivamente, e outro grupo que realizou o Mitchell, Feng e Lee (2007).
treinamento aeróbio e treinamento de força O “spillover” é considerado como uma
(A+F), respectivamente. possível transmissão do impulso nervoso
Após 24 semanas de treino foi destinado a determinados neurônios para
constatado um aumento na atividade neurônios vizinhos, o que pode favorecer a
eletromiográfica do vasto medial
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Conflito de interesses
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