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Produção de Tomate Orgânico

Algumas Sugestões de Recomendações Técnicas


1- Análise de solos:
1.1- Calagem:
Prática indispensável em solos mais ácidos
Dosagem de calcáreo em função dos resultados da análise de solo; trabalhar na faixa ideal de
acidez, ou seja, pH 6,0 a 6,5
Análise de solos sempre e no mínimo 1 vez/ano

2- Adubação Verde:
Consiste na semeadura das leguminosas e/ou de gramíneas e/ou de uma mistura de
sementes de diversas espécies (coquetel), 60 a 90 dias antes do plantio das mudas de
tomate.
Sugestão de coquetel de sementes: misturar, em proporções iguais, sementes de crotalária, feijão
de porco, soja, nabo forrageiro, milho, feijão, aveia, mucuna e abóboras

3- Preparo das mudas, preparo da área de cultivo e transplantio:


Fazer a semeadura em bandejas de isopor ou de plástico de 72 ou 200 células, utilizando
substratos comprados ou fazendo o preparo in loco, utilizando como base o humus de minhoca
e/ou composto orgânico peneirado, enriquecido com termofosfato magnesiano a 1 a 2% (1 a 2 kg
de termofosfato para cada 100 kg de composto peneirado ou ou humus de minhoca)

O transplantio deverá ser feito 30 a 40 dias (varia em função do clima regional e do período do
ano) após a semeadura. O plantio das mudas pode ser feito em covas e/ou em sulcos

4- Cortina verde, plantas atrativas e barreiras de proteção:


Consiste no plantio de plantas em faixas e ao redor da cultura com o objetivo de servirem como
quebra vento e também como atrativas de insetos inimigos naturais. Ex: milho, sorgo, girassol,
feijão, feijão guandu, abóboras, cravo de defunto, citronelas, etc. O girassol é muito utilizados para
atrair abelhas (aumentando a polinização) e também como atrativo de insetos “pragas”
(vaquinhas, etc)

Algumas plantas servem como repelentes (Ex: capim cidreira, cravo de defunto, mentas, hortelãs,
citronela, arruda, alamandra, etc.) de insetos pragas e podem ser utilizadas também tanto como
atrativas de alguns insetos benéficos quanto para o preparo de macerados para a produção de
inseticidas repelentes

5- Colocação de lonas amarelas com colas incolores:


Consiste na colocação de lonas amarelas e com colas em pontos estratégicos da estufas para
atrair insetos pragas (vazio sanitário). Esta técnica é muito importante, principalmente antes do
plantio das mudas e durante o preparo da área de cultivo.

Plantio e Condução: Passo a Passo


1- Preparo das covas ou sulcos e adubação de plantio (variável em função dos resultados
da análise de solos) e altura dos postes e do tutoramento:

Análise de solos: caso necessário aplicar o calcáreo e fazer a sua incorporação

Gradear toda a área. Se necessário, deve-se grader duas vezes. O solo não pode ficar com
grandes torrões e deve ficar com uma profundidade mínima arada de 25 cm. Em casos de solos
compactados, deve-se subsolar antes de gradear

Covas e/ou sulcos: covar ou sulcar o solo em profundidade mínima de 30 a 35 cm e com largura
variando de 40 a 50 cm. Deve-se estar atento a isto. Caso necessário deve-se repassar o
sulcador ou refazer o coveamento. Torrões maiores devem ser retirados (ou devem ser
destorroados) dentro dos sulcos ou covas. A enxada rotativa do microtrator é ótima para
fazer este serviço

Altura dos Postes de Condução e Tutoramento: varia em função do interesse do produtor.


Recomenda-se postes de 3,0 a 5,0 m de comprimento

Espaçamento:
- Fileiras simples: 1,4 a 1,5 m entre linhas x 0,5 a 0,6 m entre plantas ou;
- Fileiras duplas: 1,4 a 1,5 m entre linhas x 0,5 a 0,6 m entre plantas e;
0,5 a 0,6 m entre fileiras simples

2- Sugestão de adubação de plantio (para cada planta) e de preparo dos sulcos/covas:

10 a 20 g de cal hidratada, colocado no fundo do sulco (ou covas) de plantio


1,0 kg de Bokahi Alternativo (á base de cama de frango e termofosfato magnesiano) (esta
quantidade de 1 kg pode varia em função da análise de solos)
5 a 9 Kg de composto orgânico (pode varia em função da análise de solos) (ou 6 a 10 Kg esterco
curtido, mas o composto é muito melhor)
10 g FTE BR 12
- Aplicação de Trichoderma (via solo) seguindo as recomendações do fabricante
misturar tudo com enxada/enxadão ou com a enxada rotaiva do microtrator, irrigar e plantar
as mudas 2 a 3 dias depois

3- Adubação de cobertura, pulverizações e manejo em geral:

2ª semana pós plantio das mudas (14 a 15 dias após o plantio das mudas):
- Deve-se fazer a primeira desbrota, eliminando os brotos deixando 1 a 2 brotos em cada muda.
- Neste momento recomenda-se fazer a amontoa (chegar terra mais o Bokashi Alternativo no
colo da planta) e deve-se fazer a primeira adubação de cobertura com 100 g de *Bokashi
Alternativo/planta e logo depois da amontoa, com 100 ml de biofertilizante diluído em água à
30% (100 ml bio/200 ml de água) = 300 ml de biofertilizante diluído, colocados próximos ao colo
da planta com o cuidado de não deixar molhar as folhas baixeiras das plantas
- Pulverização com Dipel ou Agree 1 x/semana (0,4 a 0,5 % = 40 a 50 g/10 l de água) (caso
necessário, 2x/semana = observação de ataques de pragas, sempre, diariamente)
- Pulverização com Detergente + Óleo de Cozinha (mais para o final da semana, intercalando de
vez em quando com óleo de Nim) (1% = 100 ml/10 l água)
- Iniciar a Liberação de Trichogrammas (Vespinhas/Cartelas)
- Pulverização com Calda Viçosa (se necessário – verificar presença inicial de doenças)
- Aplicação de Trichoderma (via foliar e via solo/colo da planta) seguindo as recomendações do
fabricante
- Aplicação da calda de água + cal (5 a 10%) + Zn (1%) + B (1%) + Mg (1%), via regador ou
fertiirrigação. Via regador tomar o cuidado de não molhar as folhas
- Colocação de colas entomológicas (Ex: Amarillos) ou de garrafas PET's pintadas de amarelo,
laranja ou azul, envolvidas por colas específica
- Colocação de iscas atrativas com feromônios específicos para atração de insetos pragas
- Aplicação semanal ou quinzenal de EM-4 via solo (30 a 40%) ou foliar (10%)

3ª semana pós plantio das mudas:


- Debrotas, sempre, 2x/semana (início e final da semana)
- Pulverização com Dipel ou Agree 1 x/semana (0,4 a 0,5 % = 40 a 50 g/10 l de água) (caso
necessário, 2x/semana = observação de ataques de pragas, sempre, diariamente)
- Se necessário, nova pulverização com Óleo de Nim (1% = 100 ml/10 l água)
- Liberação de Trichogrammas (Vespinhas/Cartelas)
- Se necessário, pulverização com Calda Sulfocálcica (1% = 100 ml/10 l água)
- Aplicação de Trichoderma (via foliar e via solo/colo da planta) seguindo as recomendações do
fabricante
- Aplicação da calda de água + cal (5 a10%) + Zn (1%) + B (1%) + Mg (1%), via regador ou
fertiirrigação. Via regador tomar o cuidado de não molhar as folhas
- Retirada de folhas baixeiras, secas e doentes, se necessário (observação)
- Aplicação semanal ou quinzenal de EM-4 via solo (30 a 40%) ou foliar (10%)
4ª semana pós plantio das mudas:
- Debrotas, sempre, 2x/semana (início e final da semana)
- 2ª e 3ª adubação de cobertura, ou seja, duas adubações de cobertura durante a semana,
com biofertilizante. Sugestão que uma seja feita na segunda feira e a outra na quinta ou sexta
feira: 200 ml de de biofertilizante diluído em água à 30% (200 ml bio/400 ml de água) = 600 ml de
biofertilizante diluído, colocados próximos ao colo da planta com o cuidado de não deixar molhar
as folhas baixeiras das plantas
- Pulverização com Dipel ou Agree 1x/semana (0,4 a 0,5 % = 40 a 50 g/10 l de água) (caso
necessário, 2x/semana = observação de ataques de pragas, sempre, diariamente)
- Pulverização com Detergente + Óleo de Cozinha (1% = 100 ml/10 l água) (mais para o final da
semana)
- Liberação de Trichogrammas (Vespinhas/Cartelas)
- Pulverização com Calda Viçosa (se necessário – verificar presença inicial de doenças)
- Aplicação de Trichoderma (via foliar e via solo/colo da planta) seguinda as recomendações do
fabricante
- Aplicação da calda de água + cal (5 a10%) + Zn (1%) + B (1%) + Mg (1%), via regador ou
fertiirrigação. Via regador tomar o cuidado de não molhar as folhas
- Retirada de folhas baixeiras, secas e doentes, sempre que necessário
- Aplicação semanal ou quinzenal de EM-4 via solo (30 a 40%) ou foliar (10%)

5ª semana pós plantio das mudas:


- Debrotas, sempre, 2x/semana (início e final da semana)
- 4ª e 5ª adubação de cobertura, ou seja, duas adubações de cobertura durante a semana,
com biofertilizante. Sugestão que uma seja feita na segunda feira e a outra na quinta ou sexta
feira: 300 ml de de biofertilizante diluído em água à 30% (300 ml bio/600 ml de água) = 900 ml de
biofertilizante diluído, colocados próximos ao colo da planta com o cuidado de não deixar molhar
as folhas baixeiras das plantas
- Pulverização com Dipel ou Agree 1x/semana (0,4 a 0,5 % = 40 a 50 g/10 l de água) (caso
necessário, 2x/semana = observação de ataques de pragas, sempre, diariamente)
- Pulverização com Detergente + Óleo de Cozinha (1% = 100 ml/10 l água) (mais para o final da
semana)
- Liberação de Trichogrammas (Vespinhas/Cartelas)
- Pulverização com Calda Sulfocálcica (1% = 100 ml/10 l água)
- Aplicação de Trichoderma (via foliar e via solo/colo da planta) seguindo as recomendações do
fabricante
- Aplicação da calda de água + cal (5 a10%) + Zn (1%) + B (1%) + Mg (1%), via regador ou
fertiirrigação. Via regador tomar o cuidado de não molhar as folhas
- Retirada de folhas baixeiras, secas e doentes, sempre que necessário
- Aplicação semanal ou quinzenal de EM-4 via solo (30 a 40%) ou foliar (10%)

6ª semana em diante, até o final da safra:


- Debrotas, sempre, 2x/semana (início e final da semana)
- 6ª e 7ª adubação de cobertura, ou seja, duas adubações de cobertura com biofertilizante,
durante a semana e assim por diante até o fim do ciclo da planta: 300 ml de biofertilizante
diluído em água à 30%(300 ml bio/600 ml de água) = 900 ml de biofertilizante diluído, em cada
aplicação, colocados ao redor da planta com o cuidado de não deixar molhar as folhas baixeiras
das plantas
- Pulverização com Dipel ou Agree 1x/semana (0,4 a 0,5 % = 40 a 50 g/10 l de água) (caso
necessário, 2x/semana = observação de ataques de pragas, sempre, diariamente)
- Pulverização com Detergente + Óleo de Cozinha (1% = 100 ml/10 l água) (mais para o final da
semana)
- Liberação de Trichogrammas (Vespinhas/Cartelas)
- Pulverização com Calda Viçosa (se necessário – verificação visual - verificar presença inicial de
doenças) (sempre alternando com a Calda Sulfocálcica = uma semana pulveriza com Calda
Viçosa e na outra com Calda Sulfocálcica) (1% = 100 ml/10 l água)
- Aplicação de Trichoderma (via foliar e via solo/colo da planta) seguindo as recomendações do
fabricante
- Aplicação de 1 litro/m linear da calda de água + cal (5 a 10%) + Zn (1%) + B (1%) + Mg (1%), via
regador ou fertiirrigação, semanalmente, até o final da safra. Via regador tomar o cuidado de não
molhar as folhas
- Retirada de folhas baixeiras, secas e doentes, sempre que necessário
- Aplicação semanal ou quinzenal de EM-4 via solo (30 a 40%) ou foliar (10%)

4- Adubações foliares:

Caso necessário, principalmente em tomates do grupo italiano (codillera, picolli, etc), recomenda-
se fazer as adubações foliares a cada 15 dias (após o pegamento das mudas) utilizando os
biofertilizantes líquidos, coados, à 10% (2 litros de bios/20 litros de água) enriquecidos com
micronutrientes e com urina de vaca à 5%

5- Outras recomendações técnicas:

1- Em solos mais pobres, com baixo teor de fósforo, potássio, magnésio e matéria orgânica,
recomenda-se aumentar a adubação orgânica em até 6 a 7 Kg de composto orgânico/cova no
plantio + 10 g FTE BR 12 + 10 g de sulfato de potássio e, adubações de cobertura semanais (de 7
em 7 dias) com biofertilizantes líquidos enriquecidos em fósforo, potássio (ex: sulfato de K),
magnésio (ex: sulfato de Mg) e micronutrientes, coados e previamente preparados

2- Plantio em solos muito ácidos: durante o preparo das covas e/ou sulcos de plantio, colocar um
pouco mais de cal ou calcário calcinado no fundo das covas (30g/cova) ou dos sulcos de plantio
(90 a 100 g/m linear) e aplicar um pouco mais de água de cal à 10%, em cobertura a cada 7 dias
(2 a 3 litros/m linear)

3- Água de cal: 10 a 20 kg de cal hidratada + 200 litros de água. Agitar bem e deixar decantar por
24 horas. Aplicar somente o sobrenadante, sem agitar a “borra” que fica decantada

4- Bokashi Alternativo (à base de cama de frango, munha de carvão, termofosfato e EM-4): vide
apostila/cartilha de agroecologia

5- Composto orgânico: vide apostila

Fernando Tinoco
Engenheiro Agrônomo
CREA: 55.758/D

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