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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA JUVENTUDE E DESPORTOS

ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO


DESPORTO EM ANGOLA
(2014-2024)

Setembro- 2014

Rev 05-Nov-2014
Índice

LINHAS GERAIS ................................................................................................................... 4

FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA ........................................................................................ 13


Objectivos ......................................................................................................................... 13
1.1. Fundamentação ...................................................................................................... 13
1.2. Intervenção do Estado ............................................................................................. 14
1.3. Concertação no Desporto ......................................................................................... 15
1.4. Modelo de Apoio às Redes Desportivas ..................................................................... 17

EIXOS ESTRATÉGICOS ....................................................................................................... 19


Objectivos ......................................................................................................................... 19
2. Eixos Estratégicos e Medidas.................................................................................... 20
3. Enquadramento Económico e Social ......................................................................... 24

EIXO: PLANEAMENTO DO DESPORTO ................................................................................. 27


Objectivos ......................................................................................................................... 27
4. Medida 1: Carta Desportiva ...................................................................................... 28
5. Medida 2: Infra-estruturas Desportivas ..................................................................... 30

EIXO: GESTÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DESPORTIVAS ........................................................ 33


Objectivos ......................................................................................................................... 33
6. Medidas 3: Entidades Gestoras de Infra-estruturas .................................................... 34

EIXO: FORMAÇÃO DESPORTIVA.......................................................................................... 36


Objectivos ......................................................................................................................... 36
7. Medida 4: Mecanismo de Coordenação da Formação de Quadros do Desporto ............ 37
Modelo .............................................................................................................................. 40
Modelo de Formação .......................................................................................................... 40
I Contexto e Necessidades de Formação ..................................................................... 40
II Ensino Superior Público ........................................................................................... 41
IV Ensino Médio .......................................................................................................... 42
V Financiamento da Formação de Professores .............................................................. 42

1
EIXO: SAÚDE DESPORTIVA ................................................................................................ 43
Objectivos ......................................................................................................................... 43
8. Medida 5: Instituto de Medicina do Desporto ............................................................ 44
9. Medida 6: Autoridade Antidopagem .......................................................................... 46

EIXO: EXCELÊNCIA DESPORTIVA ........................................................................................ 47


Objectivos ......................................................................................................................... 47
10. Medida 7: Centros de Alto Rendimento ..................................................................... 48

EIXO: FINANCIAMENTO ..................................................................................................... 50


Objectivos ......................................................................................................................... 50
11. Medida 8: Receitas Próprias ..................................................................................... 52
12. Medida 9: Mecenato, Patrocínio e Publicidade ........................................................... 54
13. Medida 10: Apoio ao Voluntariado ............................................................................ 55
14. Medida 11: Fundo de Apoio da Juventude e Desporto ............................................... 56
Modelo .............................................................................................................................. 60
Modelo de Financiamento ................................................................................................... 60
I Publicidade, Mecenato e Patrocínio ........................................................................... 60
II Voluntariado ........................................................................................................... 60

EIXO: DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES ...................................................................... 62


Objectivos ......................................................................................................................... 62
15. Medida 12: Contratos Programa ............................................................................... 63
Modelo .............................................................................................................................. 66
Modelo de Apoio à Actividade Desportiva ............................................................................. 66
I Contratos Programa ................................................................................................ 66

EIXO: REDES DESPORTIVAS ............................................................................................... 70


Objectivos ......................................................................................................................... 70
16. Medida 13: Redes Desportivas ................................................................................. 72
Modelo .............................................................................................................................. 76
Modelo da Rede Desportiva ............................................................................................. 76
I Desenvolvimento da Prática Desportiva .................................................................... 76
II Iniciação Desportiva Obrigatória ............................................................................... 77
III Desporto na Escola e Desporto Universitário ............................................................. 80
IV Desporto na Comunidade ........................................................................................ 83
V Desporto de Rendimento ......................................................................................... 85

2
VI Participação da Mulher no Desporto ......................................................................... 88
VII Desporto para Pessoas Portadoras de Deficiência ...................................................... 89

EIXO: CONCERTAÇÃO DE VONTADES.................................................................................. 91


Objectivos ......................................................................................................................... 91
17. Medida 14: Conselho Superior do Desporto ............................................................... 92

EIXO: SUPERVISÃO E MONITORIZAÇÃO .............................................................................. 95


Objectivos ......................................................................................................................... 95
18. Medida 15: Supervisão e Monitorização .................................................................... 96

QUADRO ESTRATÉGICO - RESUMO ..................................................................................... 98

3
SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

LINHAS GERAIS

 Apresentam-se neste documento as orientações gerais que conduziram a


elaboração da Estratégia de Desenvolvimento do Desporto, assim como o
estabelecimento dos eixos e medidas para a sua implementação.Com a
estratégia ficam estabelecidas as condições materiais para o usufruto do direito
Exposição
ao desporto consagrado no artigo 79.º da Constituição da República de Angola
e cumpre-se a vontade do Executivo Angolano em realizar os objectivos do
Plano Nacional de Desenvolvimento 2013/2017.

Sinteticamente, a Estratégia procura ser o instrumento que, no desporto,


materializa os direitos sociais dos cidadãos e as responsabilidades do estado
quer em termos de fornecimento de bens públicos, quer no que diz respeito a
promoção de igualdades e oportunidades.

Objectivos

Com a elaboração da Estratégia de Desenvolvimento do Desporto 2014/2025


perseguem-se os seguintes objectivos:

1. Melhorar a eficiência e racionalidade dos recursos aplicados no desporto,


seleccionando-se os procedimentos, mecanismos e práticas adequadas
para a melhoria dos indicadores desportivos do país.

2. Orientar toda a acção do Estado Angolano em matéria do desporto, nos


aspectos referentes a planificação e execução de programas, por parte
de todos os actores do sistema desportivo nacional assim como nos
aspectos ligados à avaliação do seu desempenho.

3. Definir objectivamente as metas e as prioridades do desporto angolano a


médio e a longo prazo, permitindo assim alcançar melhores resultados
quantitativos e qualitativos quer do desporto de recreação quer do
desporto de rendimento.

4. Melhorar o sistema de informação estabelecendo novos e modernos


mecanismos de recolha que permitam a monitorização e avaliação
permanente do sistema desportivo, instituindo-se a carta desportiva
como o instrumento chave para o planeamento nacional do desporto
atendendo que a informação sistematizada permite retratar as regiões
nos seguintes aspectos:

4
SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

 Prática desportiva (género, idade, recreação, rendimento, etc.);


 Equipamentos desportivos;
 Recursos humanos (treinadores, médicos, gestores, etc.);
 Formação;
 Organização e gestão (associações, quadros competitivos,
eventos, etc.);
 Financiamento (público, privado);
 Outros.

A estratégia de desenvolvimento assenta em cinco objectivos específicos que


constituem os pilares do desenvolvimento desportivo:

1º Pilar: Infra-estruturas, Recursos Humanos e Capacidade de Gestão para


possibilitar a melhoria e o crescimento da prática desportiva.

2º Pilar: Generalização da Prática Desportiva através de uma adequada


promoção e organização competitiva.

3º Pilar: Suporte Técnico-científico para o Desenvolvimento do Potencial


Desportivo (Formação, Centros de Alto Rendimento, Apoio Técnico
personalizado para os Desportistas).

4º Pilar: Desenvolvimento de uma cultura de Fair-Play assente em regras,


princípios e ética desportiva.

5º Pilar: Salvaguarda dos direitos e dignidade dos atletas enquanto cidadão,


quer enquanto praticantes quer após o final das suas carreiras desportivas.

No processo da sua elaboração tiveram-se em conta o diagnóstico e os


princípios que, em face dos objectivos pretendidos, determinaram a dimensão e
abrangência deste documento estratégico.

Os eixos e medidas passarão a ser os elementos da estratégia que suportam a


preparação e execução de todos os programas, subprogramas e planos de
desenvolvimento das modalidades desportivas.

São ainda a garantia da generalização da prática do desporto e para o


desenvolvimento dos talentos desportivos do país. Pretende-se, criar um
quadro de referência estimulante para todos os cidadãos.

5
SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

Fruto da análise estratégica realizada e do estudo comparativo de programas


similares foram identificadas 5 grandes preocupações que nortearam a
elaboração deste documento:

 Identificação dos Eixos Estratégicos para o Desenvolvimento do Desporto;

 Organização de apoios para o Desenvolvimento das Redes Desportivas;

 Financiamento das Redes Desportivas;

 Formação de Técnicos capazes de liderar o Desenvolvimento do Desporto;

 Enquadramento Legislativo da Organização Desportiva.

A partir de um amplo mecanismo de consulta pública, que contou com a


participação de técnicos, desportistas, dirigentes, empresários do ramo,
associações desportivas, dos Departamentos Ministeriais, jornalistas e de outros
agentes directa e indirectamente envolvidos no fenómeno desportivo a
estratégia estabeleceu 10 eixos estruturantes que a seguir se enumeram:

1. Planeamento do desporto;
2. Gestão de Infra-estruturas;
3. Formação desportiva;
4. Saúde desportiva;
5. Excelência desportiva;
6. Financiamento;
7. Desenvolvimento de actividades desportivas;
8. Redes desportivas;
9. Concertação de vontades;
10. Supervisão e monitorização.

Para o desenvolvimento dos eixos foram estabelecidas 15 medidas que


conformam os eixos enumerados, pretende-se dar um suporte sólido para o
desenvolvimento do desporto no país e, com a sua implementação integral a
melhoria das redes desportivas quer em volume quer em qualidade.

Com a estratégia esperam-se alcançar os seguintes objectivos:

 Promover e Generalizar a Prática Desportiva da qual resulte:

- Benefícios para a saúde da população;

6
SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

- Redução significativa dos custos com a saúde;

- Alargamento da base de captação para o desporto de rendimento.

 Reorganização do Desporto de Rendimento da qual resulte:

- Organização da prática desportiva para todos os escalões etários e


género, com bases em padrões modernos e estabelecimento de
mecanismos de controlo do princípio da obrigatoriedade da sua
existência nos clubes;

- Renovação dos Quadros Competitivos e melhoria das Performances do


Desporto de Rendimento;

- Qualificação Técnica de Agentes Desportivos;

- Promoção e criação de condições que conduzam ao aumento de clubes


desportivos, como garantia do crescimento de praticantes, quer do
desporto de recreação quer do desporto de rendimento.

 Novo enquadramento para o financiamento do desporto, do qual resulte:

- Participação estruturante do patrocínio privado no desporto;

- Gestão eficiente do voluntariado.

 Reforço do sentimento de identidade nacional do qual resulte:

- Sensibilização do país para apoio efectivo às Selecções Nacionais das


várias modalidades quando engajadas em missões desportivas
internacionais;

- Consciencialização dos atletas do desporto de rendimento para a


importância da sua participação nas selecções nacionais como factor de
educação patriótica e de crescimento do orgulho da nação.

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SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

Metas Esperadas

A curto prazo:

A curto prazo, procurando o compatibilizar a Estratégia com o Plano Nacional


de Desenvolvimento 2013/2017, pretende-se alcançar as seguintes metas:

1 Crescimento do número de praticantes, para que 5% da população


esteja envolvida na prática desportiva regular.

2 Crescimento do número de praticantes do desporto de rendimento, de


modo que, aumentem na ordem de pelo menos 7% com relação aos
indicadores do último quadriénio.

3 Reabilitação e ou reconstrução de campos de futebol e pavilhões de


clubes desportivos, escolas, municípios, unidades militares e outros que
servem actualmente a prática do desporto;

4 Construção de instalações multidesportivas de média e pequena


dimensão em todas as capitais de província e Municípios;

5 Construção de um Centro desportivo de Alto Rendimento na província do


Huambo, que deve caracterizar-se como um dos centros de referência na
região da SADC e servir de base para a preparação dos atletas de Alto
Rendimento tendo em vista a participação em grandes eventos
desportivos internacionais.

6 Melhoria dos indicadores da educação física e do desporto na escola


promovendo-se a criação da Associação Angolana do Desporto na
Escola, como elemento preponderante para a reorganização dos seus
quadros competitivos.

7 Requalificação do sistema de formação académica de professores de


educação física e técnicos desportivos, através da criação de cursos
superiores na área da Educação Física e do Desporto em Universidades
Públicas.

8 Incentivar e a apoiar as Federações Nacionais na realização de cursos de


treinadores, no âmbito da formação promovida anualmente pelas suas
congéneres internacionais.

8
SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

A médio e longo prazo:

Pretende-se que, como resultado da implementação da estratégia, até ao ano


de 2024 se venham a realizar progressos significativos, a saber:

1 Generalização da prática desportiva, como cultura social, de forma que em


2024 pelo menos 25% da população esteja envolvida na prática
desportiva regular. Significa, que, após ser alcançada a meta de curto prazo
poder-se-á seguir uma dinâmica exponencial.

2 Melhoria do desempenho dos atletas de rendimento nas competições


internacionais, colocando Angola nas primeiras 5 (cinco) posições no ranking
de medalhas nos Jogos Africanos de 2023 e o 2º lugar nos Jogos da Zona V
do Desporto da União Africana que se realizarão em 2022.

3 Reforço da formação de professores de educação física e treinadores de


modo a capacitar 20 mil profissionais até 2025.

4 Melhoria das instalações desportivas.

5 Gestão eficiente das instalações desportivas quer em termos de actividades


quer em termos de manutenção.

As metas a médio e a longo prazo correspondem ao sentido das contribuições


obtidas durante o processo da consulta pública, foram estabelecidas seguindo o
princípio da racionalidade e sustentados pelas projecções demográficas e
económicas do país para os próximos 3 ciclos olímpicos.

Modalidades de referência

Em termos estratégicos, a objectividade e concentração de esforços em


modalidades com resultados promissores no desporto de rendimento foi
considerada indispensável.

Para a sua selecção foram considerados os seguintes critérios:

a) Número de medalhas em disputa nos Jogos Africanos e Jogos Olímpicos;

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SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

b) Fácil promoção e divulgação;

c) Investimento cuja natureza propicie benefícios para grandes franjas de


praticantes, por períodos superior a 10 anos;

d) Continuidade e sustentação das modalidades com tradição e em que o país


detém hegemonia continental;

e) Capacitação das instituições desportivas e quadros gestores das várias


modalidades, quer a nível do treino desportivo, quer a nível da
administração e gestão.

Com base nestes pressupostos a estratégia estabeleceu as seguintes


modalidades se como referência para o período 2014/2025:

Modalidades Colectivas:

- Futebol;
- Basquetebol;
- Andebol;
- Voleibol.

Modalidades Individuais:

- Atletismo;
- Modalidades de Combate;
- Natação;
- Canoagem.

Para todas essas modalidades devem ser elaborados planos de


desenvolvimento, devidamente estruturados e quantificados com períodos de
avaliação precisos.

Em particular, pela sua envolvente social, será prestada atenção particular no


estabelecimento do Plano Nacional de Desenvolvimento do Futebol.

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SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

Prioridades e Financiamento para 2014

Para o desenvolvimento do desporto e para o sucesso da implementação da


estratégia será necessário um financiamento equivalente a 2% do PIB
suportado pelo Estado através do OGE e pelo patrocínio privado através de
donativos.

O financiamento ao desporto será disponibizado às Redes Desportivas, usando


como principal instrumento os contratos-programa. O financiamento através do
novo modelo dos contratos-programa será aplicado a partir de 2015 prevendo-
se a conclusão dos trabalhos preparatórios ainda em 2014.

Para além dos mecanismos tradicionais de financiamento da actividade


desportiva, a estratégia avança com um novo instrumento. Prevê-se que,
através da reestruturação do "Fundo de Apoio da Juventude e Desporto", as
receitas para a actividade desportiva podem ser aumentadas com a
contribuição do sector empresarial. O processo da negociação das contribuições
será de responsabilidade do Executivo com a participação do Associativismo
Desportivo, a quem caberá também a liderança de todo o processo.

Prevê-se que a gestão das verbas destinadas verbas do Fundo destinadas ao


Desporto seja comparticipada contando, para além do Estado, com a
representação do sector empresarial e o associativismo desportivo.

O início das suas actividades deve ocorrer ainda em 2014 para se conformar
com o ciclo olímpico que vai até 2016, esperando-se que entre os principais
patrocinadores se encontrem as empresas com uma longa tradição de
responsabilidade social.

Formação

A implementação da Estratégia de Desenvolvimento do Desporto requer a


revisão dos programas de formação do curso médio existente e o aumento da
oferta em formação superior tendo por base as medidas políticas do Plano
Nacional de Formação de Quadros.

As principais acções da estratégia nesse âmbito são:

1 A Instituição de um Mecanismo de Coordenação da Formação de Quadros


do Desporto com capacidade de harmonizar e supervisionar todo o processo

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SECTOR DESPORTIVO
LINHA GERAIS

de formação técnica e actualização científica. Este Mecanismo deve integrar


os Departamentos Ministeriais da Educação, Ensino Superior, Trabalho e
Segurança Social e Juventude e Desportos além das Redes Desportivas e
das instituições académicas, públicas e privadas, do ramo.

2 Reforço dos actuais cursos leccionados nos Institutos Médios de Formação


de Professores adicionando aos seus programas, matérias específicas para o
ensino da educação física e do desporto.

3 Estabelecimento de parcerias público-privadas em regime de


comparticipação, com as instituições privadas na área das Ciências do
Desporto, nomeadamente com as Universidade Privadas.

4 Elaboração e aprovação do programa curricular do Curso de Educação Física


e Desporto adstrito às Universidade Públicas.

5 Instituição de um processo de acreditação profissional com base em


conhecimentos académicos estruturantes para o exercício das profissões
ligadas à educação física e ao desporto.

Conclusão

A estratégia terá um impacto profundo na actividade desportiva nacional a


curto, médio e longo prazo pelo que, a sua aprovação deve figurar nas
prioridades dos programas do executivo.

Acresce-se ainda um conjunto de ganhos significativos nas áreas da Educação e


da Saúde tais como a renovação dos equipamentos escolares, conferir maior
atractividade às escolas, redução do absentismo escolar e melhoria do
aproveitamento escolar, melhoria de alguns indicadores de saúde, promoção da
igualdade no género e desenvolvimento de uma nova mentalidade no seio da
juventude e demais cidadãos.

Paralelamente, a Lei do Desporto, a Lei das Associações Desportivas, o Estatuto


do Atleta de Alta competição, o Contrato de Trabalho e Formação Desportiva,
também foram reavaliados e, nesse quadro, representam-se instrumentos
jurídicos indispensáveis para a sustentação e regulação do Sistema Nacional do
Desporto.

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SECTOR DESPORTIVO
FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

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FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

Objectivos

 Neste capítulo pretende-se analisar:


A Intervenção do Estado na Actividade Desportiva

A Concertação com as Instituições Desportivas


Objectivos

 O Modelo de Apoio às Redes Desportivas

1.1. Fundamentação

 A República de Angola atribui ao desporto uma relevância social para o


desenvolvimento, para promoção da unidade nacional e para a cultura da paz.
Essa importância vem reflectida na Constituição da República que no número 1
do Artigo 79.º sob a epígrafe (Direito ao ensino, cultura e desporto) estabelece
Exposição
que "O Estado promove o acesso de todos à alfabetização, ao ensino, à cultura
e ao desporto, estimulando a participação dos diversos agentes particulares na
sua efectivação, nos termos da lei".

O cumprimento cabal dos objectivos constitucionais, das disposições contidas


na Lei do Desporto, no programa do governo e no enquadramento do Plano
Nacional de Desenvolvimento 2013/2017, conduziram à elaboração da
estratégia de desenvolvimento do desporto.

No diagnóstico realizado, no âmbito da elaboração desta estratégia,


destacaram-se quatro grandes grupos de bloqueios ao desenvolvimento:

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SECTOR DESPORTIVO
FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

 Insuficiente e/ou distribuição assimétrica dos equipamentos desportivos,


assim como dos serviços de apoio a prática do desporto.

 Estruturação inadequada das actividades desportivas na sua maioria


reflectindo ainda os padrões e as condições impostas pelo longo período
de vigência do conflito armado.

 Insuficiente número de profissionais de Educação Física e Desportos.

 Insuficientes recursos financeiros disponibilizados de maneira pouco


consequente e estruturada.

Na sequência, o Executivo angolano no âmbito das suas atribuições,


empenhou-se na definição de três elementos estruturantes do sistema
desportivo, nomeadamente:

 A elaboração da estratégia de Desenvolvimento do Desporto (2014/2024)


orientada para a melhoria e preservação das qualidades físicas, intelectuais
e morais dos cidadãos através da generalização da prática desportiva, do
desenvolvimento do desporto de rendimento, do reforço do associativismo
desportivo e estruturação sustentada do desporto de rendimento.

 O desenvolvimento de um modelo de financiamento apropriado, realista e


flexível, com regras claras para a aplicação de recursos, dos mecanismos de
fiscalização assim como dos procedimentos sancionatórios.

 Um Plano de Formação de Quadros para o Desporto para assegurar uma


liderança técnica para o desenvolvimento do desporto.

1.2. Intervenção do Estado

É através da materialização dos seus instrumentos de política (Constituição da


República, Lei do Desporto, Lei das Associações Desportivas, Programa de
Governação, Plano Nacional de Desenvolvimento) que o Estado estrutura o
Desenvolvimento do Desporto. A intervenção do estado no sistema desportivo
realiza-se através de cinco mecanismos fundamentais:

1) Regulamenta a actividade desportiva;


2) Providencia infra-estruturas e condições para a prática desportiva;
3) Disciplina as relações entre as Instituições Desportivas Privadas e Públicas
para promover a cooperação e reduzir o conflito;

14
SECTOR DESPORTIVO
FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

4) Promove a igualdade de oportunidades no âmbito do Desporto;


5) Assegura a representação nacional.

O Estado Angolano enquadra a sua intervenção no desporto no sentido da


redução das desigualdades através do fomento de políticas quer de (1)
redistribuição de rendimentos e quer de (2) promoção de igualdade de
oportunidades. O investimento na construção, reconstrução e modernização das
infra-estruturas desportivas figura como uma acção que pretende contribuir
para a equidade e usufruto das potencialidades nacionais.

O estado está ciente de que a prática desportiva produz inúmeros benefícios,


sobretudo em termos de saúde pública. Com a igualdade de oportunidades ao
nível do desporto o estado pretende contribuir:

i. Para uma melhoria da saúde e qualidade de vida da população;


ii. Para a redução dos custos da saúde cada vez mais elevados;
iii. Para a mobilidade social através do mérito.

Neste âmbito, cabe o maior acesso da mulher à prática desportiva. A mulher,


no quadro da Estratégia, terá de assumir um maior protagonismo, não apenas
como praticante e/ou dirigente, mas também pelo seu papel social como mãe e
educadora. A renovação do papel social da mulher terá um valor inestimável na
passagem de valores desportivos às novas gerações.

Por razões análogas o acesso ao desporto pelas pessoas com deficiência é


também um vector essencial da promoção da igualdade de oportunidades.

1.3. Concertação no Desporto

Embora as instituições representativas do Desporto reconheçam a necessidade


de cooperar para promover o desporto, na prática, as suas actuações têm sido
desarticuladas. A falta de entendimento tem reduzido a eficácia das acções e
prejudicado o desenvolvimento do desporto.

A falta de coordenação e controle é uma evidência com profundas


consequências negativas. De facto:

1) O Estado apoia as Federações e, em nome do interesse público, delega


nelas a responsabilidade de coordenar as actividades das modalidades que
tutelam;
2) Algumas Federações não cumprem os objectivos acordados;

15
SECTOR DESPORTIVO
FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

3) O Estado não consegue responsabilizar as federações porque estas


apresentam justificações que o Estado, por falta de informação, não tem
possibilidades de escrutinar;
4) O Estado não distingue as Federações empenhadas das restantes e trata-as
todas do mesmo modo;
5) As Federações empenhadas desmotivam-se e as restantes não corrigem os
seus comportamentos;
6) A estratégia desportiva vai acumulando insucessos.

Para se evitar que a estratégia tenha esse desfecho, o Executivo adopta quatro
instrumentos de concertação:

(1) Criação de fóruns de concertação;


(2) Institucionalização de Contratos Programas;
(3) Concessão de apoios e estímulos;
(4) Informação e avaliação.

Em geral, os desentendimentos resultam da insuficiência de concertação e


debate assim como do esforço para estabelecer consensos. O Conselho
Superior do Desporto deverá, neste quadro, constituir-se no principal órgão
consultivo para a formação da vontade desportiva e partilha de objectivos
comuns.

Por isso, o Conselho Superior do Desporto tornar-se-á, cada vez mais, no órgão
representativo do sistema desportivo nacional através do qual se concertam as
políticas desportivas e o desenvolvimento do desporto. No âmbito do Conselho,
entre outras entidades, deverão ser estar representados:

 O Governo;
 O Comité Olímpico Angolano;
 O Comité Paralímpico Angolano;
 As Federações Nacionais;
 A organização do Desporto Militar;
 A organização do Desporto na Escola;
 A organização do Desporto na Comunidade;
 Os Governos Provinciais;
 A organização dos Voluntários;
 A organização de Treinadores;
 A organização dos Atletas;
 As Universidades que leccionam o curso de Educação Física e Desportos;
 A comunicação social especializada;

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SECTOR DESPORTIVO
FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

 Os patrocinadores do desporto.

Idêntico mecanismo de concertação deve ser estabelecido ao nível de cada uma


das províncias do país para garantir que a representatividade seja também a
resultante da vontade da rede desportiva ao nível local.

1.4. Modelo de Apoio às Redes Desportivas

A decisão de apoiar o desporto decorre do relevo social que se atribui ao seu


desenvolvimento. Torna-se, por isso, necessário saber o que se entende por
desporto, isto é, saber o que se pretende apoiar. Para isso, a Estratégia
considera o que foi estabelecido na Lei do Desporto.

Alguns especialistas sustentam que o Desporto agrega 4 elementos essenciais:


(1) Exercício Físico; (2) Recreação; (3) Competição; (4) Organização
Institucional. No entanto, com esse critério a caminhada seria colocada fora do
âmbito desportivo embora sejam reconhecidos os seus efeitos positivos em
termos de saúde pública.

É evidente a dificuldade em caracterizar o desporto sobretudo porque o


propósito é o de gerir e apoiar o Desenvolvimento do Desporto.

O Executivo teve a preocupação de incluir no Desporto não apenas as


modalidades convencionais mas também outras actividades físicas que
melhoram a condição física e todo o acervo de jogos nacionais (tradicionais)
que fazem parte do património cultural do país.

Por essa razão, a Lei do Desporto consagrou no seu Artigo 13º o entendimento
de que "o desporto é toda a forma de actividade física, jogo, modalidades
desportivas, e a competição em todos os seus níveis, expressão corporal, jogos
tradicionais e actividades de manutenção e melhoria da condição física1”.

Em primeiro lugar, consagrou-se a importância da actividade física no


desenvolvimento do desporto.

Em segundo lugar, que a importância da organização de competições como


processo para promover a actividade física regular.

1
Conforme definição contida na proposta de Lei do Desporto

17
SECTOR DESPORTIVO
FUNDAMENTOS DA ESTRATÉGIA

A actividade desportiva não se esgota no quadro organizativo, mas explica a


importância das federações desportivas e o sucesso do modelo na execução e
organização da actividade desportiva. De facto, são as Federações Desportivas
que dão corpo e estruturaram as Redes Desportivas. São as Redes que
organizam a prática desportiva e promovem a competições entre clubes e entre
desportistas.

O Executivo preconiza o Desenvolvimento do Desporto através do apoio (1) à


criação de Redes Desportivas e, sobretudo, para (2) a participação em
competições organizadas pelas Redes Desportivas.

Além da Rede do Desporto de Rendimento, o Executivo preconiza a criação da


Rede do Desporto na Escola e Universitário, da Rede de Desporto Comunitário e
da Rede de Desporto das Forças de Defesa e Segurança, quaisquer delas
vocacionadas para o Desporto de Recreação e Manutenção da Condição Física.

Em particular, pretende-se que através da instituição da Associação Angolana


do Desporto na Escola se estruture uma Rede do Desporto na Escola e se
capacite o Desporto na Universidade (reforçando o papel institucional da
respectiva federação nacional), sendo o primeiro, um sistema de competições
entre clubes escolares e o segundo, de competições entre clubes universitários.

Na perspectiva do desenvolvimento, o apoio será orientado sobretudo para o


aumento da prática desportiva em volume assim como em qualidade.

18
SECTOR DESPORTIVO
EIXOS ESTRATÉGICOS

2
EIXOS ESTRATÉGICOS

Objectivos

 Neste capítulo apresentam-se:

 As Redes para o Desenvolvimento da Prática Desportiva

Objectivos  Os Eixos (Pilares) Estratégicos do Desenvolvimento do Desporto

 As Medidas de Acção visando a consolidação dos Eixos Estratégicos

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO
MONITORIZAÇÃO INFRAESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

19
SECTOR DESPORTIVO
EIXOS ESTRATÉGICOS

2. Eixos Estratégicos e Medidas

 O propósito da Estratégia do Desenvolvimento do Desporto é o de realizar, a


cada momento, o potencial desportivo do país procurando assegurar, com
equidade, uma oferta de condições para que os praticantes realizem o seu
potencial através do desporto, procurando melhorar a sua condição física, e
Exposição
consequentemente, a melhoria da saúde através do desporto.

Os agentes desportivos, ao longo do desenvolvimento desta estratégia,


manifestaram um consenso inequívoco de que a oferta desportiva deverá ser
maioritariamente assegurada através de redes organizadoras, nomeadamente,
a Rede do Desporto na Escola e na Universidade; a Rede do Desporto na
Comunidade; a Rede do Desporto das Forças de Defesa e Segurança; a Rede
do Desporto de Rendimento.

À Rede Escolar e Universitária cabe promover a iniciação desportiva de toda a


população escolar e universitária, para todos os que assim o desejem,
proporcionar condições para a prática do desporto de recreação e, quando
possível até, de apoio ao desporto de rendimento (também chamado de
desporto de competição). Os Clubes Escolares devem ser o instrumento
privilegiado para alargar a prática desportiva em contexto escolar.

A continuidade do desporto de recreação iniciada no contexto escolar deve ser


posteriormente assegurada pela oferta da Rede Comunitária Provincial e
Municipal. A cada Governo Provincial cabe assegurar à população uma oferta do
desporto de recreação articulando, sempre que possível, com os Clubes do
Desporto de Rendimento e do Desporto na Escola.

Ao Governo Provincial cabe ainda assegurar, no seu território, a existência de


infra-estruturas desportivas e demais condições para prática, quer para o
desporto de recreação quer para o desporto de rendimento. Simultaneamente
deve ser definido o regime de gestão dessas infra-estruturas nomeadamente a
responsabilidade pela sua manutenção, as regras de utilização e o plano de
rentabilização quer pelos Clubes de Rendimento quer pelos Clubes do Desporto
na Escola e Clubes Desportivos Universitários.

Aos profissionais das Forças de Defesa e Segurança coloca-se um caso especial


de exigência quanto a manutenção da condição física. Não se trata, para estas
forças, apenas de uma questão de saúde dos seus membros, mas sim, de
exigências físicas para o exercício profissional.

20
SECTOR DESPORTIVO
EIXOS ESTRATÉGICOS

Por essa razão, o Desporto das Forças de Defesa e Segurança deve ser
assegurado pela tutela dessas instituições.

O desporto de rendimento organiza-se, por excelência, em torno da oferta da


Rede do Desporto de Rendimento. Em particular, caberá aos Clubes de
Rendimento dar continuidade ao talento revelado pelos jovens nas competições
escolares e universitárias.

Um aspecto crítico desta estratégia é a insuficiente informação disponível sobre


os níveis da prática desportiva em Angola que terá de ser ultrapassada com a
elaboração da Carta Desportiva e implementação de mecanismos de recolha e
tratamento de informação. Sem ignorar esta fragilidade, importa sobretudo
promover na população uma nova mentalidade desportiva. A prática desportiva
reage, em primeira linha, aos benefícios reconhecidos (ou percebidos) pela
população. Importa, por isso, divulgar esses benefícios.

Para aumentar a prática desportiva é importante que a população reconheça os


benefícios intrínsecos que o desporto proporciona aos seus praticantes: prazer
lúdico, melhoria da saúde e da condição física e, até, prestígio. As Redes
Desportivas e os seus profissionais, devidamente apoiados, são os melhores
agentes dessa promoção. Em particular, é importante fazer sentir e apreciar
esses benefícios através de eventos e experiências positivas junto da
população.

Alguns benefícios extrínsecos são também indispensáveis para afastar os


obstáculos à prática desportiva e/ou obter elevado empenho dos profissionais.
Entre outros podem-se referir: transporte para os praticantes; acessos a infra-
estruturas a preços sociais e até, em alguns casos; bolsas pecuniárias para
compensar os custos de dedicação (bolsas para o alto rendimento).

No centro da estratégia destaca-se a concertação de vontades entre das


instituições, dos profissionais e dos praticantes. A concertação para garantir um
elevado empenho tem de acordar uma justa repartição dos encargos e
benefícios por todos os intervenientes.

A concertação é um ponto sensível da estratégia. Com efeito, constata-se que o


sistema desportivo envolve um número muito elevado de instituições, de
profissionais e de praticantes. Sabe-se que quanto maior for a dimensão mais
vulnerável o sistema se torna aos desequilíbrios na repartição de encargos e
benefícios. Com muitos intervenientes, é difícil investigar os responsáveis do
insucesso quando ele ocorre, assim como, as suas verdadeiras causas.

21
SECTOR DESPORTIVO
EIXOS ESTRATÉGICOS

O Estado, para garantir o alinhamento destas instituições com as orientações


da sua política de governação, além de usar a capacidade de concertação e
persuasão terá de ter ainda como base a distribuição justa e criteriosa de
apoios a todas as Redes.

O peso do Sector Associativo no Desporto, em Angola como na maioria dos


países, é historicamente elevado. Embora não se tratem de instituições de
mercado orientadas para o lucro, nem sempre os seus interesses estão
alinhados com o interesse público.

O sector associativo congrega, entre outras instituições, Clubes, Associações


Provinciais, Federações Nacionais, Comités Olímpico e Comité Paralímpico. São,
tradicionalmente, instituições que gozam do estatuto de utilidade pública. Em
regra, o Estado confere às Federações alguns poderes exclusivos para a
Organização Desportiva de uma dada Modalidade. O seu papel é
reconhecidamente determinante no Desporto de Rendimento. Por isso, a
concertação de vontades com o Sector Associativo é um ponto fundamental da
estratégia.

A concertação de vontades com a Rede do Desporto na Escola e Universitário,


com os Governos Provinciais e com as Forças de Defesa e Segurança é, em
teoria, mais simples uma vez que todos fazem parte da orgânica do Estado.
Contudo, o bom alinhamento dos objectivos carece de uma coordenação
partilhada entre o executivo e essas Redes.

Após a concertação de vontades e com os compromissos assumidos para a


execução da estratégia o Governo terá de celebrar contratos-programa para
efectivar deveres e obrigações acordados pelas partes.

Em todo o caso, o esforço para detalhar com minúcia as obrigações das partes
é indispensável para garantir o sucesso da estratégia. Uma especificação
minuciosa dos deveres e obrigações é indispensável não só por clarificar os
compromissos mas sobretudo porque assim se estruturam os mecanismos para
controlar e acompanhar a execução dos contratos.

O papel do Governo é simultaneamente estratégico e operacional. Ao nível


estratégico estão identificados os eixos (ou pilares) do sistema desportivo em
que intervém. Em paralelo, estruturou-se um conjunto de medidas para o
reforço desses pilares. Ao nível operacional tem de acompanhar e controlar a
execução dessas medidas quer sejam executadas por entidades externas

22
SECTOR DESPORTIVO
EIXOS ESTRATÉGICOS

através de contratos-programa quer sejam executadas directamente pelo


Governo.

Os eixos e as suas medidas são também um instrumento para assegurar


coerência e consistência das acções do Estado no propósito de desenvolvimento
da prática desportiva. Estruturalmente formam um todo que só em conjunto
dão coerência e consistência à acção do estado.

Os eixos estratégicos são estruturantes para o desenvolvimento do desporto,


quer para reconhecer as oportunidades quer para resistir às ameaças. Para
aproveitar as oportunidades, tem de articular todas as forças ou, em caso de
fraqueza, encontrar apoios e alianças. É propósito da estratégia congregar as
forças do Sector Desportivo e reduzir as suas fragilidades.

O Executivo organizou o seu plano de acção para o Desenvolvimento do


Desporto segundo 10 eixos estratégicos estruturantes e 15 medidas para o seu
reforço que se apresentam no quadro seguinte.

WO (Fraquezas; Oportunidades) SO (Forças; Oportunidades)


Medida 4: Medida 7:
Mecanismo de Coordenação da Formação Centros de Alto Rendimento
de Quadros do Desporto Medida 9: Medida 12:
Mecenato, Patrocínio e Publicidade Contratos Programa
Medida 11: Medida 13:
Fundo de Apoio da Juventude e Desporto Redes Desportivas

WT (Fraquezas; Ameaças) ST (Forças; Ameaças)


Medida 1: Medida 2:
Carta Desportiva Infra-estruturas Desportivas
Medida 3: Medida 14:
Entidades Gestoras de Infra-estruturas Conselho Superior do Desporto
Medida 5: Medida 15:
Instituto de Medicina do Desporto Supervisão e Monitorização
Medida 6:
Autoridade Antidopagem
Medida 8:
Aumento de Receitas Próprias
Medida 10:
Apoio ao Voluntariado

Este conjunto de 15 Medidas visa assegurar as condições necessárias para o


Desenvolvimento do Desporto, isto é, os Eixos (ou Pilares) do Desenvolvimento.

23
SECTOR DESPORTIVO
EIXOS ESTRATÉGICOS

Numa perspectiva de desenvolvimento o apoio é orientado sobretudo para a


participação em volume e em qualidade nos quadros competitivos.

3. Enquadramento Económico e Social

O desenvolvimento desta estratégia assumiu alguns pressupostos quanto ao


enquadramento económico e social.

A medida utilizada para calibrar o esforço financeiro necessário para o


desenvolvimento do sector, foi peso económico do sector desportivo no país,
medido pela percentagem da despesa do sector em relação ao PIB.

A avaliação desse esforço é necessária para ajustar o envelope financeiro às


ambições, mas sobretudo, para comparar com as performances de outros
países. A análise mostrou que para melhorar as performances desportivas seria
necessária uma despesa no sector entre os 0,7% e os 2% do PIB.

Conclui-se assim que o envelope financeiro para o desporto tem de crescer por
via da contribuição do Estado ou por via da contribuição das empresas e
particulares.

A comparticipação do Orçamento de Estado, em termos de comparações


internacionais, não poderá exceder os 0,8% do PIB. A contribuição do Estado
está balizada pelas políticas orçamentais sendo maior em países onde este
(Estado) assume maiores responsabilidades nas políticas sociais. Nesses países
o Orçamento do Estado tem um peso superior a 30% do PIB. Embora a política
orçamental em Angola tenha o perfil de um Estado Social a comparticipação do
Orçamento Estado para o Desporto ainda é inferir a 0,1% do PIB (0,2% do
Orçamento de Estado em 2012). É por isso previsível que, com resolução das
carências urgentes do país, essa comparticipação possa ter um crescimento
sustento dos próximos anos.

Assim, a Estratégia para o Desenvolvimento do Desporto requer um Plano


Sectorial de Investimento do Sector Desportivo.

No entanto, mais do que ter valores para a despesa do Desporto, importa


estabelecer prioridades para essa despesa, isto é, referenciar as infra-estruturas
e os programas onde devem ser aplicadas as verbas disponíveis desporto. Os
valores determinam o tempo para a concretização dos objectivos, as
prioridades garantem a boa aplicação de recursos, isto é, em estruturas e
programas que proporcionam resultados.

24
SECTOR DESPORTIVO
EIXOS ESTRATÉGICOS

Deverão ser considerados dois limites na programação da despesa do Desporto:

Em primeiro lugar, não é possível realizar previsões seguras para um horizonte


de 12 anos. Por essa razão, apenas se estabeleceram os referenciais em termos
da percentagem do PIB.

Em segundo lugar, o valor absoluto da despesa não pode ser orçamentado


ignorando o seu peso orçamental, cujo crescimento está muito dependente das
taxas de crescimento da economia, que para prazos superiores a 1 ano, é de
difícil previsão.

Finalmente, o envelope financeiro do desporto pode ser melhorado, quer


através de contribuições privadas, quer através do desenvolvimento do
voluntariado. Contudo, para estimular, tanto as contribuições privadas como o
voluntariado, ambas necessitam de um enquadramento legal específico para o
desporto.

Do ponto de vista social, o cenário demográfico de análise para o período de


2012 a 2024 assentou nas projecções realizadas pelas Nações Unidas em
20102. Estes dados foram distribuídos pelas 18 províncias tendo em conta os
dados do Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População (IBEP 2008-
2009) divulgados pelo INE em 2011.

Através desses dados procedeu-se ao dimensionamento das redes desportivas


e, em particular, a iniciação desportiva e o desporto na escola (ver o
desenvolvimento da Medida 13). Essas estimativas eram compatíveis com os
dados da população escolar3.

População 2010
Masc+Fem Masc Fem
(1000 Pessoas)
Total 19081 9450 9631
Idades 5-14 5509 2759 2750

2
Population Division of the Department of Economic and Social Affairs of the United Nations
Secretariat, World Population Prospects: The 2010 Revision (Scenario Mediano)
3
Os dados do Ministério da Educação sugerem que pouco menos de 5 milhões de alunos se encontravam
em 2011 a frequentar o ensino primário (até à 6 classe) o que é compatível com as projecções das Nações
Unidas de cerca de 5,5 milhões de residentes com idades entre os 5 e os 14 anos.

25
SECTOR DESPORTIVO
EIXOS ESTRATÉGICOS

A preferência pelas estimativas demográficas em relação às estatísticas da


educação justifica-se por três razões:

 Em primeiro lugar, as projecções demográficas dispõem de estimativas para


um período que cobre os próximos três ciclos olímpicos;

 Em segundo lugar, as projecções estão estimadas por escalões etários como


é conveniente para o planeamento do exercício físico e não apenas por
ciclos de estudo como acontece com os dados da educação;

 Em terceiro ligar, como as estatísticas da educação ainda estão perturbadas


pelo forte abandono e insucesso escolar, que ocorre sobretudo a partir do
2º ciclo do ensino secundário, seria um instrumento frágil tendo em conta
que irão ser feitos esforços para corrigir o abandono e o insucesso escolar.

26
SECTOR DESPORTIVO
PLANEAMENTO DESPORTIVO

3
EIXO: PLANEAMENTO DO DESPORTO

Objectivos

 O planeamento do desporto é efectuado com dois instrumentos:

 Carta Desportiva para inventariar e gerir as necessidades do sistema.

Objectivos  Carteira Sectorial de investimentos em Infra-estruturas Desportivas


que garante a sua coordenação global.

1 PLANEAMENTO
2 GESTÃO DE INFRA-
10 SUPERVISÃO E ESTRUTURAS
MONITORIZAÇÃO

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

27
SECTOR DESPORTIVO
PLANEAMENTO DESPORTIVO

MEDIDA 2:
MEDIDA 1:
INFRAESTRUTURAS
CARTA DESPORTIVA
DESPORTIVAS

PLANEAMENTO

4. Medida 1: Carta Desportiva

 WT (Fraquezas; Ameaças)

Medida 1: Carta Desportiva

Exposição
Fraquezas: Informação insuficiente

Ameaças: Descoordenação quer de investimentos e quer da programação de


actividades

O planeamento do desporto deve assentar num diagnóstico do sistema


desportivo vigente, isto é, num acervo de informação que permita conhecer as
necessidades de cada população alvo, os recursos, as infra-estruturas e a
capacidade de financiamento.

A primeira evidência constatada no decurso do desenho da Estratégia do


desporto foi a falta de informação sistematizada que permitisse caracterizar as
insuficiências quantitativas e qualitativas do sistema desportivo.

É unanimemente reconhecida a necessidade de informação para o planeamento


e desenvolvimento do sistema desportivo pois, sem suporte informativo, as
decisões nem sempre são as melhores e a experiência tem demonstrado que,
em muitos casos, têm comprometido o desenvolvimento a longo prazo.

28
SECTOR DESPORTIVO
PLANEAMENTO DESPORTIVO

A Carta Desportiva deve ser instituída como elemento de planificação nacional


estabelecida através de documento legal que a consagre no âmbito do Sistema
Nacional de Estatística, dado o interesse público da informação dela resultante.

A Estratégia propõe que a Carta Desportiva Nacional seja aprovada por um acto
legislativo e integre os instrumentos de planificação nacional. Dessa forma, dá-
se resposta a uma preocupação geral dos agentes desportivos e, asseguram-se
as condições para a implementação de uma verdadeira e coerente política
desportiva condizente com as reais necessidades do país e integrando as
grandes linhas do desenvolvimento nacional.

A Carta Desportiva tem como objectivo conhecer, com detalhe espacial, os


factores de desenvolvimento que condicionam o sistema desportivo
nomeadamente:

(a) Infra-estruturas desportivas;


(b) Espaços naturais de recreio e desporto;
(c) Associativismo desportivo;
(d) Hábitos desportivos;
(e) Condição física das pessoas;
(h) Enquadramento humano em termos de género e idade.

EIXO ESTRATÉGICO – PLANEAMENTO DO DESPORTO


MEDIDA 1 - ELABORAÇÃO DA CARTA DESPORTIVA DE ANGOLA

A Carta Desportiva é o instrumento chave do planeamento do desporto do


país, visando a racionalização dos investimentos e as actividades de
desenvolvimento.

A Carta Desportiva visa proporcionar informação actualizada sobre as Infra-


estruturas desportivas, a oferta desportiva, a procura desportiva, o potencial
desportivo e as fontes de financiamento do desporto.

A informação da Carta Desportiva é da responsabilidade do Governo. Para a


produção dessa informação o Governo vai organizar um Sistema de Recolha de
Informação e de Bases de Dados que assegure a compilação e consolidação da
informação do sistema desportivo junto das Redes Desportivas (escolas,
governos provinciais, administrações municipais e federações). Em particular,
deve conceber inquéritos para recolher a informação, e adoptar procedimentos
de controlo da sua qualidade.

29
SECTOR DESPORTIVO
PLANEAMENTO DESPORTIVO

A informação desportiva deve ser consolidada num Sistema de Informação


Geográfica de modo a proporcionar uma avaliação espacial conjunta.

5. Medida 2: Infra-estruturas Desportivas

ST (Forças; Ameaças)

Medida 2: Infra-estruturas Desportivas

Forças: Decisão do executivo em investir no Desporto


Ameaças: Descoordenação de Investimentos

O nível de investimento necessário para cobrir o país de Infra-estruturas


Desportivas é avultado e exige um enorme esforço criativo, organizativo e
financeiro por parte do Estado.

Esse facto obriga a que o investimento global seja criteriosamente planeado,


quer no sentido de satisfazer as diferentes regiões do país, quer no sentido de
dar resposta às diferentes modalidades desportivas, quer ainda para a sua
calendarização.

Para garantir a racionalidade, é indispensável que a implementação da Carta


Desportiva acompanhe o esforço de investimento para garantir que se oriente
para as zonas mais carenciadas.

Uma das fragilidades do Sistema Desportivo Angolano é a insuficiência de infra-


estruturas desportivas que é mais acentuada a medida se afasta do litoral.

O propósito de aumentar o volume e o nível de prática desportiva, a dimensão


da população e sua juventude justifica a necessidade de realizar consideráveis
investimentos em infra-estruturas desportivas.

O Executivo adopta como acção imediata a elaboração de uma carteira sectorial


de projectos de investimento desportivos (no quadro do Programa de
Investimento Públicos, regulado pelo Decreto Presidencial nº 31/10).

A carteira sectorial de projectos de investimento desportivos tem como


objectivo racionalizar a construção de infra-estruturas, tendo em conta os
seguintes vectores:

30
SECTOR DESPORTIVO
PLANEAMENTO DESPORTIVO

1- Coordenar as iniciativas de todas as entidades empenhadas na construção


de infra-estruturas desportivas, nomeadamente: os Governos Provinciais e
Administrações Municipais, que promovem a prática desportiva nas suas
regiões; o Ministério da Educação, que assegura a prática desportiva nas
escolas; e os clubes, que promovem a actividade desportiva.

2- Promover a partilha de Infra-estruturas de modo a proporcionar, com maior


coordenação e menor investimento, conferindo-lhes melhor qualidade e
aumentando a sua diversidade. Pretende-se ao mesmo tempo garantir o uso
racional das mesmas e adequado a demanda de praticantes.

3- Assegurar a consistência dos investimentos com a programação das


actividades desportivas a oferecer à população.

4- Adequar as infra-estruturas ao perfil demográfico das províncias (o número


de habitantes, a estrutura etária, a repartição por sexos), as modalidades
desportivas com maior tradição, as instituições desportivas existentes na
região (clubes e associações provinciais) e a sua capacidade para dinamizar
a actividade desportiva.

5- Fasear os investimentos, no tempo e no espaço, de acordo com uma


hierarquia de prioridades que melhor traduza a estratégia de
desenvolvimento delineada.

6- Validar o plano de investimento no contexto da Carta Desportiva. A


elaboração e a actualização da Carta Desportiva devem acompanhar a
necessidade de avaliar a suficiência e adequação das infra-estruturas.

Uma vez que o programa investimento global é plurianual, para acautelar as


alterações das circunstâncias, cada investimento, antes da execução, deve ser
revisto e precedido de um plano de pormenor concertado, com todos os
interessados.

31
SECTOR DESPORTIVO
PLANEAMENTO DESPORTIVO

EIXO ESTRATÉGICO – PLANEAMENTO DO DESPORTO


MEDIDA 2 - INFRA-ESTRUTURAS DESPORTIVAS

A construção de Infra-estruturas Desportivas é coordenada no âmbito da


Carteira Sectorial do Programa de Investimentos Públicos que procede à
programação, calendarização e localização espacial tendo em conta o perfil
demográfico das localidades (sexo, idade), a implantação das associações
desportivas, as modalidades com maior tradição e a capacidade dos agentes
locais para dinamizar a prática desportiva.

O Governo deve definir as normas, modelos e orientações metodológicas para


a construção, uso e gestão dos equipamentos desportivos, obedecendo aos
princípios estabelecidos na estratégia de desenvolvimento do desporto.

Essas normas permitem definir o nível da Carteira Sectorial de Projectos e


integra a criação de infra-estruturas desportivas para todas as províncias e
todos os municípios do país.

As autoridades provinciais e municipais para o planeamento de infra-estruturas


desportivas devem ter como referência um pacote mínimo constituído por três
equipamentos desportivos de base para uso pelas comunidades: um campo de
grandes jogos, um pavilhão desportivo e um centro desportivo comunitário.

32
SECTOR DESPORTIVO
GESTÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DESPORTIVAS

4
EIXO: GESTÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DESPORTIVAS

Objectivos

 As Entidades Gestoras das Infra-estruturas garantem:

 A manutenção e preservação das infra-estruturas desportivas

Objectivos  A organização e planeamento das actividades que nelas se vão realizar

1 PLANEAMENTO
2 GESTÃO DE
10 SUPERVISÃO E INFRA-ESTRUTURAS
MONITORIZAÇÃO

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

33
SECTOR DESPORTIVO
GESTÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DESPORTIVAS

MEDIDA 3:
ENTIDADES GESTORAS
DE INFRA-ESTRUTURAS

2 GESTÃO DE
INFRA-ESTRUTURAS

6. Medidas 3: Entidades Gestoras de Infra-estruturas

 WT (Fraquezas; Ameaças)

Medida 3: Entidades Gestoras de Infra-estruturas

Fraquezas: Deficiente manutenção de infra-estruturas e de planeamento de


Exposição
actividades

Ameaças: Desaproveitamento, no futuro, das infra-estruturas

Deve ser assegurada uma boa gestão das infra-estruturas mitigar a sua
degradação e para garantir uma boa programação de actividades nelas a serem
realizadas. Sem manutenção, e sem programação de actividades, as estruturas
não cumprem a função para que foram construídas. As infra-estruturas
constituem a manifestação clara da criação de condições para que as Redes
Desportivas possam desenvolver as suas actividades.

Assim, a Estratégia de Desenvolvimento do Desporto estabelece, como


condição para a inclusão na Carteira Sectorial de Projectos de Investimentos
Desportivos que os projectos para além de indicarem os fins a que se destinam,
as entidades utilizadoras da infra-estrutura indiquem ainda a Entidade Gestora
que vai assegurar a sua conservação, a sua manutenção e a organização
regular do programa de actividades.

34
SECTOR DESPORTIVO
GESTÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DESPORTIVAS

O Governo assegura através dos seus serviços a supervisão e controle das


entidades gestoras, a quem cabe optimizar a utilização das infra-estruturas para
a prática desportiva. No âmbito da supervisão o Governo pode, caso se
justifique, indicar uma nova Entidade Gestora de uma infra-estrutura a fim de
optimizar a sua utilização.

A Entidade Gestora obriga-se a concertar o Plano de Actividades com todas as


entidades utilizadoras das Redes Desportivas que a utilizem.

EIXO ESTRATÉGICO – GESTÃO DE INFRA-ESTRUTURAS DESPORTIVAS


MEDIDA 3 – ENTIDADES GESTORAS DE INFRA-ESTRUTURAS

Para cada instalação desportiva existente ou a construir, deve ser designada


uma entidade gestora (singular ou colectiva) com a responsabilidade de
assegurar a sua manutenção, de organizar a programação de actividades
integrando a programação das entidades utilizadoras. As entidades gestoras
estão sujeitas à supervisão e controlo do Governo que verifica a boa afectação
desses recursos.

35
SECTOR DESPORTIVO
FORMAÇÃO DESPORTIVA

5
EIXO: FORMAÇÃO DESPORTIVA

Objectivos

 O programa deformação pretende preparar profissionais para que:

 A actividade física seja orientada por técnicos credenciados.

Objectivos  Os técnicos tenham uma elevada qualificação técnica e científica


conferida pelo ensino superior, pelo ensino médio ou pela formação
profissional.

 Os conteúdos formativos sejam adequados para o exercício profissional.

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO DE INFRA-


MONITORIZAÇÃO ESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

36
SECTOR DESPORTIVO
FORMAÇÃO DESPORTIVA

MEDIDA 5:
Mecanismo de Coordenação
da Formação de Quadros do
Desporto

3 FORMAÇÃO

7. Medida 4: Mecanismo de Coordenação da Formação de Quadros do


Desporto

WO (Fraquezas; Oportunidades)

Exposição Medida 4: Mecanismo de Coordenação da Formação de Quadros do


Desporto

Fraquezas: Falta de dirigentes e técnicos qualificados para desenvolver o desporto.


Oportunidades: Jovens interessados na formação desportiva e à procura de
emprego.

O reduzido número de técnicos capazes de organizar e de programar a


actividade desportiva constitui um dos principais constrangimentos para o
desenvolvimento do desporto, pelo que urge dar sentido estratégico à formação
de técnicos.

É indispensável renovar as Redes Desportivas com dirigentes e técnicos que


sejam capazes, não só de desenvolver as actividades desportivas, mas também
de garantir a saúde dos praticantes e uma boa gestão de recursos.

O Executivo angolano, para garantir o desenvolvimento sustentado do desporto


e, tendo em conta os vários intervenientes no processo, nomeadamente o
Ministério da Juventude e Desportos, Ministério da Educação, Ministério do
Ensino Superior, Ministério da Administração Publica Trabalho e Segurança

37
SECTOR DESPORTIVO
FORMAÇÃO DESPORTIVA

Social, Instituições de Formação Académica (públicas e privadas) e as


Associações Desportivas, vai organizar o acompanhamento e avaliação do
processo de formação, assim como estabelecer os requisitos de natureza
académica e profissional que conferem a possibilidade de acreditação dos
cursos para o exercício das profissões do desporto.

Sem prejuízo do contributo da iniciativa privada o Executivo vai, numa iniciativa


coordenada pelos Departamentos Ministeriais com responsabilidade no ensino e
formação profissional, assegurar a organização de Cursos para o Sector
Desportivo quer para formação de novos técnicos quer para capacitação e
actualização dos técnicos actuais.

Em paralelo, deve ser reforçada a capacidade institucional dos serviços


responsáveis pela planificação e programação da Formação de Quadros dos
Departamentos Ministeriais integrantes do Mecanismo de Coordenação para
uma mais efectiva e permanente identificação das necessidades do sistema,
assim como para inventariar as profissões associadas ao desporto, as
respectivas competências e os necessários conteúdos formativos, processo esse
que se deve desenvolver em estreito alinhamento com os princípios e directivas
do Plano Nacional de Formação de Quadros.

Desta forma é possível estabelecer os parâmetros para assegurar uma


formação de base abrangente para técnicos desportivos visando a habilitação
de Professores de Educação Física, de Treinadores, de Árbitros, de Técnicos de
Fisioterapia, de Gestores Desportivos, etc. A especialização, que complementa
essa formação de base, é inserida na aprendizagem ao longo da vida (life long
learning) de acordo com o contexto em que o técnico exerce ou,
prospectivamente, pretenda no futuro exercer a sua actividade.

Alcança-se assim, não só uma sólida formação académica assegurada pelo


Sistema Formal de Ensino, mas também através de apoios às Redes
Desportivas para dinamizar e promover a formação profissional especializada
adequada ao contexto profissional e de interesse para os técnicos.

Actualmente verifica-se que uma grande parte dos técnicos, nomeadamente


dirigentes e treinadores, adquiriu as suas competências no exercício das suas
actividades desportivas, quer enquanto desportista, quer no exercício das suas
diversas actividades em Clubes, Escolas, Desporto das Forças de Segurança e
Defesa, Associações Provinciais e Federações. É um capital precioso que não
pode ser desperdiçado, sobretudo porque incorpora uma informação de
contexto que, em regra, não é transmissível em "sala de aula", nem num curto
espaço de tempo. São, por vezes técnicos, com prática profissional

38
SECTOR DESPORTIVO
FORMAÇÃO DESPORTIVA

especializada, mas que carecem de formação de base para sustentar essa


prática com conhecimentos e competências.

O modelo de formação deve contemplar percursos diferenciados quer para a


especialização de novos técnicos que sejam detentores de uma sólida formação
de base, quer para dar consistência científica aos conhecimentos profissionais.

A criação do Mecanismo de Coordenação da Formação de Quadros do Desporto


vem permitir integrar a formação de nível médio, a formação de nível superior e
orientar a formação especializada em contexto profissional. A sua função
estratégica, isto é, orientada para resolução das graves carências de técnicos
que só podem ser resolvidas no médio prazo. Ao mesmo tempo o mecanismo
pretende assegurar a consistência entre a formação académica e as
necessidades profissionais para permitir aos estudantes uma rápida e bem-
sucedida inserção no mercado de trabalho.

Para o cumprimento das suas funções, o Mecanismo é apoiado por um Grupo


Técnico, composto por técnicos de elevada competência, indicados pelos
Departamentos Ministeriais que o integram. O Grupo Técnico tem como
principal função assegurar a preparação da informação bem como de propostas
pertinentes para o funcionamento do Mecanismo.

No futuro pretende-se ainda que as instituições formadoras desenvolvam


capacidades de investigação aplicada para então apoiar as Redes Desportivas.
Pretende-se através do mecanismo lançar pontes para uma colaboração activa
nesse espaço entre as Instituições de Ensino e as Redes Desportivas.

EIXO ESTRATÉGICO – FORMAÇÃO DOS AGENTES DESPORTIVOS


MEDIDA 4 – MECANISMO DE COORDENAÇÃO DA FORMAÇÃO DE QUADROS
DESPORTIVOS
O Executivo deve instituir um Mecanismo de Coordenação da Formação de
Quadros Desportivos destinado a promover a harmonização de toda a
formação no âmbito do desporto.

Para a programação estratégica e planificação do processo deve ser reforçada


a capacidade institucional de coordenação dos Departamentos Ministeriais que
integram o mecanismo.

O Ministério da Juventude e Desportos é o responsável operacional do


Mecanismo estando a fundamentação científica e pedagógica a cargo dos
Ministérios com competências para o efeito.

39
SECTOR DESPORTIVO
FORMAÇÃO

 Modelo de Formação

I Contexto e Necessidades de Formação

Modelo São necessários pelo menos 20 mil profissionais em 2025, para nas escolas,
orientarem a prática de Desporto e Educação Física de um universo de cerca de
6 milhões de alunos4.

A capacidade formativa actual é insuficiente e aquém das necessidades do país,


uma vez que não consegue no conjunto colocar anualmente 50 profissionais no
mercado.

Para viabilizar a estratégia de desenvolvimento do desporto é necessário, em


primeiro lugar, que se alargue a capacidade quer de formação superior quer de
formação média em Educação Física e Desporto.

Adicionalmente torna-se ainda necessário acelerar a entrada destes


profissionais no mercado de trabalho, mesmo não tendo completado ainda a
totalidade da formação, mas com a garantia de reunirem as competências
necessárias. Para o efeito deve ser acautelada atenção especial no desenho dos
curricula e dos percursos de formação.

O profissional do desporto e educação física tem de dominar (1) os


conhecimentos estruturantes do desporto e a organização desportiva e (2) as
competências, para ser admitido na profissão de professor de educação física
ou treinador.

Assim, a admissão como profissional estagiário pode ocorrer logo que o


candidato reúna os requisitos definidos para o acesso à profissão, mesmo sem
a conclusão do curso. Como é usual, nesses casos, o acesso de pleno direito e
definitivo à profissão fica condicionado quer (1) à conclusão dos graus de
académicos requerido por lei quer (2) à aprovação no estágio profissional.

Parte-se do princípio que, o profissional estagiário assume, nesse caso, o


compromisso de concluir a formação académica já em contexto profissional e
que, estão asseguradas condições para a sua conclusão.

4
Ver adiante a dimensão da Rede Desportiva

40
SECTOR DESPORTIVO
FORMAÇÃO

II Ensino Superior Público

O Executivo está a promover a abertura de licenciaturas em Educação Física e


Desporto no ensino superior. Estas licenciaturas são decisivas para assegurar a
liderança técnica no processo de desenvolvimento do Desporto.

No entanto, dada a escassez de técnicos, é necessário que para além do


percurso académico regular vocacionado para os estudantes que acedem ao
ensino superior após a conclusão do ensino secundário, que também seja
organizado um percurso alternativo para profissionais que, embora se
encontrem a exercer a profissão, ainda carecem de conhecimentos
estruturantes desta área científica e, sobretudo, de uma visão integrada do
conhecimento científico e das competências profissionais do desporto.

A estrutura do percurso académico regular deve acompanhar o estado da arte


nesta área científica e os modelos adoptados em instituições de referência
internacional.

O percurso alternativo orienta-se pela mesma estrutura formal embora


operacionalizado com ajustamentos personalizados. Para cada candidato o
ajustamento é realizado através de um plano de curso tendo em conta: (1) a
creditação académica da experiência profissional, (2) o compromisso de
continuidade da actividade profissional no desporto, (3) a formação académica
anterior e (4) o ajustamento do calendário de formação à disponibilidade
profissional.

O percurso alternativo assegura ainda (1) a formação de módulo zero para


apoiar candidatos com insuficiências na formação académica e (2) a
concentração da formação académica de acordo com a actividade profissional.

Em condições normais os cursos devem admitir anualmente pelo menos 200


estudantes/ano no percurso regular e 200 estudantes/ano no percurso
alternativo. À prazo, devem ser colocados anualmente 400 profissionais no
mercado ou 1600 profissionais por ciclo olímpico.

A grande carência do sistema educativo e desportivo de professores de


educação física e técnicos desportivos constitui a garantia da absorção pelo
mercado de trabalho da maioria dos quadros formados.

41
SECTOR DESPORTIVO
FORMAÇÃO

Este plano de formação não responde à totalidade das necessidades do país no


primeiro ciclo olímpico. No entanto, considerando que são necessários 5 mil
profissionais com formação superior, reduzem 32% por ciclo olímpico e 96%
em três ciclos olímpicos.

IV Ensino Médio

Para preencher o inventário de necessidades de 20 mil profissionais os


restantes 15 mil profissionais do Desporto e Educação Física devem ser
assegurados pelas instituições do Ensino Médio. Preconiza-se uma taxa de
admissão de 1200 alunos por ano em todo o país. Deste modo ao fim de um
ciclo olímpico terão sido formados 4800 profissionais, isto é, 32% das
necessidades e 96% em três ciclos olímpicos.

Para este efeito deve de ser reforçada a capacidade das instituições do ensino
médio, por formas a que as mesmas possam admitir anualmente, em conjunto,
os 1200 alunos repartidos equilibradamente por diversas regiões e instituições.

V Financiamento da Formação de Professores

O Executivo, para suprir as carências actuais, elege como prioridade estratégica


a requalificação das pessoas com experiência no desporto de rendimento, dos
professores de educação física e, ainda, das pessoas com experiência no
desporto das forças de defesa e segurança.

A experiência confirma que são muitos os professores que, embora com


insuficiências na formação académica, têm realizado um trabalho notável nas
escolas, quer no Desporto na Escola quer na prática lectiva da Educação Física,
processo esse que merece ser continuado. Empenhamento idêntico pode ser
encontrado no Desporto de Rendimento. Em ambos os casos urge acrescentar
à experiência uma boa formação académica.

O Executivo através de Contratos Programa pode apoiar os planos de


qualificação académica desses profissionais nomeadamente no acesso ao
ensino médio ou superior nomeadamente através da comparticipação nos
custos da formação académica.

A concessão de apoios a estes profissionais deve depender: (1) da assunção do


compromisso futuro com a actividade desportiva, (2) da avaliação do
envolvimento anterior com a actividade desportiva.

42
SECTOR DESPORTIVO
SAÚDE DESPORTIVA

6
EIXO: SAÚDE DESPORTIVA

Objectivos

 A saúde dos praticantes é assegurada:

 Pelo rastreio ao praticante nos termos definidos pelo Instituto de


Medicina do Desporto. O rastreio indica se o praticante está sob qualquer
Objectivos contra-indicação médica para prática desportiva pretendida.

 Pelos testes da Autoridade Antidopagem para garantir que a prática


desportiva é realizada sem substâncias nocivas à saúde e sem alteração
fraudulenta da verdade desportiva.

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO DE INFRA-


MONITORIZAÇÃO ESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

43
SECTOR DESPORTIVO
SAÚDE DESPORTIVA

MEDIDA 5:
MEDIDA 6:
INSTITUTO DE
AUTORIDADE
MEDICINA DO
ANTIDOPAGEM
DESPORTO

4 SAÚDE
DESPORTIVA

8. Medida 5: Instituto de Medicina do Desporto

 WT (Fraquezas; Ameaças)

Medida 5: Instituto de Medicina do Desporto


Exposição
Fraquezas: Ausência de rastreio médico de desportistas, treinadores e árbitros.
Ameaças: Descredibilização (interna e externa) do desporto nacional.

A credibilidade do sistema desportivo angolano exige que a actividade


desportiva respeite a vida e a saúde dos seus agentes e praticantes. A simples
suspeita de negligência médica na morte de um desportista é susceptível de
abalar o prestígio desportivo do país, pelo que é de relevada importância a
criação e funcionamento quer de um Instituto de Medicina do Desporto, como
de uma Autoridade Antidopagem, para a promoção da saúde desportiva.

O nível de investimento e o custo da actividade das instituições acima


mencionadas são apreciáveis, pelo que o seu funcionamento, o desenho do
modelo de prestação de serviços e de gestão é uma etapa fundamental para a
sustentabilidade financeira.

A obrigação de rastreio médico anual de desportistas, treinadores e árbitros e o


regular controle antidoping no desporto de rendimento deve ser equilibrada
através de um mecanismo de comparticipação convencionado, quer para o
Instituto de Medicina do Desporto como para a Autoridade Antidopagem.

44
SECTOR DESPORTIVO
SAÚDE DESPORTIVA

O prestígio já alcançado pelo país no plano desportivo e organizativo exige que


seja feito um esforço para que, sem ignorar o seu custo, se credibilize também
o rastreio da saúde dos praticantes.

O Instituto de Medicina do Desporto e a Autoridade Antidopagem devem ser


considerados como instituições de indispensável importância para alinhar a
realização da competições e o estado de saúde das representações nacionais,
com os padrões de exigência das competições internacionais.

O Executivo, através do Instituto de Medicina do Desporto, formula orientações


no sentido de assegurar o rastreio e controlo médico de todos os praticantes
embora diferenciando de acordo com o perfil de prática desportiva, isto é, da
idade, da exigência (desporto de rendimento ou de recreação) e das
características da modalidade praticada.

A avaliação da condição física deve seguir o Protocolo de Avaliação Medica


Desportiva definido pelo Instituto de Medicina do Desporto que supervisiona a
saúde, quer no desporto de rendimento quer no desporto de recreação.

Por razões de custo e eficácia a avaliação da condição física para a prática do


desporto de recreação deve ser realizada pelos médicos do Sistema Nacional de
Saúde. No entanto, a avaliação da condição física para a prática do desporto de
rendimento deve ser realizada por especialistas em Medicina do Desporto sob
supervisão do Instituto respectivo.

O Médico, em função do diagnóstico, autoriza a prática desportiva e, quando


necessário, prescreve cuidados para a mesma. Além do rastreio anual o
Instituto promove ainda a vigilância, o diagnóstico e o tratamento dos episódios
ocorridos na prática desportiva.

EIXO ESTRATÉGICO – SAÚDE DESPORTIVA


MEDIDA 5 – INSTITUTO DE MEDICINA DO DESPORTO

O Instituto de Medicina do Desporto tem por função orientar o rastreio médico


dos desportistas, verificando se estes reúnem condições para tipo de prática
desportiva pretendida prescrevendo, se necessário, cuidados para a prática
desportiva. Além desta função cabe ainda vigiar, diagnosticar e tratar os
episódios ocorridos durante a mesma.

45
SECTOR DESPORTIVO
SAÚDE DESPORTIVA

9. Medida 6: Autoridade Antidopagem

WT (Fraquezas; Ameaças)

Medida 6: Autoridade Antidopagem

Fraquezas: Falta de controlo da verdade desportiva com riscos para a saúde dos
praticantes.
Ameaças: Descredibilização (interna e externa) do desporto nacional

A criação em 1999, da Agência Mundial Antidopagem e a aprovação, por


unanimidade em 2005 na UNESCO, da Convenção Internacional Contra a
Dopagem são dois marcos reveladores da importância atribuída à saúde dos
praticantes. A acção dessas entidades e a sua divulgação pública foi um marco
para a credibilização mundial do sistema desportivo.

De acordo com essas recomendações internacionais, cabe à Autoridade


Antidopagem elaborar, de acordo com as especificidades da modalidade, o
programa anual para o controlo de dopagem em competição e fora dela. A
acção da Autoridade Antidopagem visa a realização de três objectivos do
desporto: (1) defender a saúde dos desportistas; (2) de salvaguardar o jogo
limpo e (3) de garantir o futuro do desporto.

EIXO ESTRATÉGICO – SAÚDE DESPORTIVA


MEDIDA 6 – AUTORIDADE ANTIDOPAGEM

O Executivo deve definir o enquadramento legislativo para a Autoridade


Antidopagem e as competências necessárias para organizar o controlo da
dopagem no desporto.

46
SECTOR DESPORTIVO
EXCELÊNCIA DESPORTIVA

7
EIXO: EXCELÊNCIA DESPORTIVA

Objectivos

 Os Centros de Alto Rendimento destinam-se:

 A proporcionar condições para maximizar as performances competitivas


dos atletas de alto rendimento.
Objectivos

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO DE INFRA-


MONITORIZAÇÃO ESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

47
SECTOR DESPORTIVO
EXCELÊNCIA DESPORTIVA

MEDIDA 7:
CENTROS DE ALTO
RENDIMENTO

5 EXCELÊNCIA
DESPORTIVA

10. Medida 7: Centros de Alto Rendimento

 SO (Forças; Oportunidades)

Medida 7: Centros de Alto Rendimento


(Modalidades de Referência)
Exposição

Forças: Desportistas de Excelência e População Jovem


Oportunidade: Obter Marcas e Classificações em Competições Internacionais.

A excelência da prestação dos desportistas angolanos e das selecções nacionais


galvaniza o povo angolano como nenhuma outra actividade. As prestações
desportivas têm contribuído para aumentar o prestígio da nação, ao nível do
continente africano bem como ao nível internacional.

O desafio actual reside na consolidação e melhoria das performances


desportivas em competições internacionais que se traduzem na hegemonia
continental no basquetebol masculino e no andebol feminino, para além de
títulos continentais em outras modalidades, assim como o pódio em várias
disciplinas do atletismo paralímpico. O sucesso do país é explicado, em grande
parte, pelo peso da juventude no conjunto da população e pelo seu empenho
no desporto de alto rendimento.

Embora o empenho, as infra-estruturas e os processos de treino, sejam


indispensáveis para desenvolver o potencial dos desportistas, sabe-se, que hoje
tudo isto já não é suficiente para garantir as melhores performances.

48
SECTOR DESPORTIVO
EXCELÊNCIA DESPORTIVA

Torna-se necessário cuidar também dos mais ínfimos detalhes, para que os
desportistas se apresentem em competições internacionais, no máximo do seu
potencial. Em competições internacionais, as vitórias discutem-se ao milímetro,
ao centésimo de segundo e, essas marcas dependem das condições para o
aperfeiçoamento desses pequeníssimos detalhes.

Para consolidar a prestações dos desportistas angolanos, é indispensável que o


país disponha de Centros de Alto Rendimento, com maior particularidade para
as modalidades de referência, uma vez que estes centros são essenciais para
maximizar as performances desportivas dos praticantes.

A enumeração das modalidades de referência é um elemento estruturante da


estratégia. As performances atingidas, o potencial para obter resultados, a
popularidade e tradição das modalidades, o compromisso das federações e as
exigências financeiras são alguns dos indicadores a analisar para a definição
das modalidades de referência.

A racionalidade estratégica requer que os apoios sejam concentrados num


leque estreito de modalidades em que o país, com uma acção consistente, pode
estruturar e preparar o desempenho de excelência das selecções nacionais e
clubes em competições internacionais.

Deste leque merecem um destaque absoluto três modalidades pelas


possibilidades históricas demonstradas de obter lugares de pódio: o
Basquetebol, o Andebol Feminino e o Atletismo pela sua natureza universal.

EIXO ESTRATÉGICO – EXCELÊNCIA DESPORTIVA


MEDIDA 7 – CENTROS DE ALTO RENDIMENTO

O Executivo vai apoiar a construção de Centros de Alto Rendimento para as


modalidades desportivas que deles carecem para possibilitar prestações de
excelência das selecções nacionais e clubes.

Numa primeira fase devem ser construídos dois centros de alto rendimento:
em Luanda e no Huambo.

49
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

8
EIXO: FINANCIAMENTO

Objectivos


Os recursos financeiros das instituições desportivas têm origem em cinco
fontes:

 Receitas Próprias das Redes Desportivas: provenientes de actividades


desportivas, espectáculos desportivos e de publicidade;
Objectivos
 Donativos e outras Contribuições para as Redes Desportivas ao abrigo da
Lei do Mecenato, do patrocínio e da publicidade;

 Participação do Voluntariado Desportivo;

 Donativos e outras Contribuições de Empresas para Programas


Estruturantes do Desporto Nacional;

 Verbas do Orçamento do Estado para o Sector Desportivo.

São estimuladas através de um regime fiscal que visa apoiaras instituições


públicas e as instituições com reconhecido interesse público.

50
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO DE INFRA-


MONITORIZAÇÃO ESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

MEDIDA 9: MEDIDA 10: APOIO


MECENATO, AO VOLUNTARIADO
PATROCÍNIO E
PUBLICIDADE

MEDIDA 11: FUNDO


MEDIDA 8: DE APOIO DA
RECEITAS PRÓPRIAS JUVENTUDE E
DESPORTO
6 FINANCIAMENTO

51
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

11. Medida 8: Receitas Próprias

 WT (Fraquezas; Ameaças)

Medida 8: Receitas Próprias


(Financiamento)
Exposição

Fraquezas: Falta de organização e solidariedade na Rede Desportiva.


Ameaças: Fraca Rentabilidade da Actividade Desportiva agrava o Insuficiente
Financiamento.
(Actividades, Espectáculos, Apostas Desportivas, Publicidade).

A revisão do regime fiscal e económico que enquadra os apoios e benefícios é


indispensável para responder às necessidades de financiamento do sistema
desportivo. Pretende-se alargar a base de financiamento do desporto que, na
maioria dos casos, se tem limitado às transferências do Orçamento de Estado.

O ponto central para o surgimento de novas fontes de financiamento é a


revisão do regime legal que enquadra os apoios às redes desportivas. Nesse
âmbito o modelo avançado pelo presente documento deve ser reforçado por
estudos e aperfeiçoamentos contínuos para que o Executivo implemente
mecanismos de apoio ao desporto cada vez mais racionais e económicos. Esses
mecanismos devem também contemplar o apoio das famílias e das empresas
ao desporto. Esses benefícios só se justificam quando o apoio se destina a
associações e actividades de reconhecido interesse público como é o caso, do
desporto de recreação.

O desporto é uma actividade de interesse público e por isso conta com


importantes contribuições do Orçamento do Estado uma vez que, salvo raras
excepções, não se trata de uma actividade económica que possa sobreviver
através do lucro. O seu papel é especialmente determinante fruto do actual
estágio de desenvolvimento do sistema desportivo, ainda marcado pela
escassez de recursos físicos e humanos, restrições não só cerceiam o seu
desenvolvimento como o tornam pouco atractivo para o sector empresarial.

No entanto o actual modelo de financiamento assente apenas no Orçamento de


Estado, é insuficiente para se alcançarem as metas definidas quer para a
generalização da prática desportiva quer para a excelência do desporto de
rendimento.

52
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

Pretende-se assim que o envelope financeiro para o sector desportivo,


resultante das contribuições do Sector Público e do Sector Privado, represente
no futuro cerca de 2% do PIB reforçando significativamente as verbas actuais
que contam com apenas 0,2% do Orçamento do Estado.

As receitas próprias podem ser consideradas como a fonte natural de


financiamento, estas estão ligadas às actividades ou espectáculos desportivos
com notoriedade e interesse publicitário. São receitas que resultam da
capacidade de organizar, realizar actividades e de explorar a imagem e o
sucesso do desporto e da actividade desportiva. Essas receitas, dada a sua
fragilidade e a inércia da Rede Desportiva, têm uma expressão reduzida.

As receitas próprias estão ligadas à promoção da actividade desportiva, à


consciência social dos benefícios do desporto e raramente estão associadas a
actividades lucrativas. No entanto o aumento do interesse pelo desporto pode
contribuir para o crescimento das receitas próprias, principalmente pela via das
despesas das famílias em actividades desportivas.

O Executivo pretende estimular a realização de receitas próprias pelas Redes


Desportivas através da prestação de serviços desportivos ou conexos à
actividade desportiva. A concessão de isenções fiscais a essas entidades é
indispensável para viabilizar economicamente essas actividades. No entanto,
não é suficiente a atribuição dessas isenções fiscais, é também necessário que,
as Redes Desportivas tenham iniciativa e estratégias para aproveitar essas
isenções.

A venda das transmissões televisivas pode vir a ter um retorno global superior
se, em vez de uma negociação individual, se optar por uma estratégia de rede.

Em todo caso, a organização da actividade desportiva não tem como objectivo


imediato a obtenção do lucro, não proporciona lucros e carece de meios para a
sua sustentabilidade.

EIXO ESTRATÉGICO – FINANCIAMENTO


MEDIDA 8 – RECEITAS PRÓPRIAS
O Executivo pretende que as Redes Desportivas desenvolvam iniciativas para
melhorar o autofinanciamento. Para viabilizar essas iniciativas o Executivo deve
introduzir no enquadramento legal, benefícios fiscais para promover uma maior
captação de receitas próprias.

53
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

12. Medida 9: Mecenato, Patrocínio e Publicidade

WO (Fraquezas; Oportunidades)

Medida 9: Mecenato, Patrocínio e Publicidade


(Financiamento)
Fraquezas: Financiamento Insuficiente para a implementação da Política
Desportiva.
Oportunidades: Empresas com capacidade para apoiar o Desporto.

Para além das receitas próprias, as Redes Desportivas podem beneficiar de


donativos de terceiros (empresas e particulares). A apresentação de um plano
de actividades credível (e até de um projecto de investimento) ao doador é o
requisito de partida para se obter o financiamento de terceiros.

Afigura-se pertinente elaborar planos de actividades com solidez e argumentos


para conquistar o Mecenato, o Patrocínio ou mesmo a Publicidade. Este é o
primeiro requisito para o reforço destas receitas.

O segundo requisito para que ocorram esses donativos é o tratamento fiscal


favorável para os doadores. Em regra o enquadramento fiscal do mecenato
atribui isenções aos doadores de acordo com os donativos efectuados. O
propósito normativo é o de estimular a contribuição das empresas a actividades
de interesse público.

O Executivo, ciente do interesse do instituto do Mecenato para o


desenvolvimento do desporto deve promover, a divulgação (simplificada e
exemplificada) dos procedimentos exigidos pela lei do Mecenato bem como dos
benefícios concedidos.

EIXO ESTRATÉGICO – FINANCIAMENTO


MEDIDA 9 – MECENATO, PATROCÍNIO E PUBLICIDADE
Os doadores beneficiam, nos termos da lei do mecenato, de um regime fiscal
favorável em relação às contribuições realizadas para as actividades de
interesse social.

É indispensável a divulgação do enquadramento legal e fiscal para estimular


as doações às empresas e particulares às associações desportivas.

54
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

13. Medida 10: Apoio ao Voluntariado

WT (Fraquezas; Ameaças)

Medida 10: Apoio ao Voluntariado


(Financiamento)
Fraquezas: Financiamento insuficiente para o desporto.
Ameaça: Baixo nível do Voluntariado Desportivo.

O voluntariado desportivo possui importância económica pois permite reduzir


significativamente a factura do desporto. Os voluntários realizam muitas
actividades indispensáveis que, numa sociedade completamente mercantilizada,
teriam de ser pagas. As estimativas demonstram que o contributo do
voluntariado excede o valor do financiamento directo do Estado.

O motor do voluntariado desportivo é o entusiasmo dos voluntários para com as


actividades desportivas da sua comunidade. A característica evidente da sua
participação é o seu empenho como praticante ou como organizador.

O voluntariado inspira-se na cooperação organizada de comunidades


carenciadas para partilhar recursos e satisfazer interesses comuns. Muitas vezes
a cooperação e o voluntariado são a última estratégia a que recorrem essas
comunidades para garantir a sua sobrevivência.

Para prestarem a sua colaboração, os voluntários suportam na maioria das


vezes e sem qualquer benefício próprio, custos que penalizam a participação,
como, por exemplo, o custo de transporte até às instalações desportivas, que
pode ser significativo e esse facto pode ser suficiente para que um antigo atleta
deixe de participar no desporto comunitário.

É fundamental impedir que esses custos afastem os voluntários da actividade


desportiva. Para se evitar essa carga negativa, adopta-se como procedimento a
restituição das despesas ocorridas em actividades de voluntariado. Noutros
casos a participação pode exigir um consumo significativo de recursos e tempo.
Nesse caso, para aliviar a carga negativa, podem ser atribuídas bolsas de apoio
à actividade.

55
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

EIXO ESTRATÉGICO – FINANCIAMENTO


MEDIDA 10 – VOLUNTARIADO

O Executivo definirá o enquadramento legal do voluntariado desportivo e a


possibilidade de atribuir compensações. Pretende-se compensar os encargos e
os esforços decorrentes da actividade voluntária.

As compensações não podem mercantilizar o voluntariado, pelo que não


poderão ser remunerações pela participação em actividades desportivas.

14. Medida 11: Fundo de Apoio da Juventude e Desporto

WT (Fraquezas; Ameaças)

Medida 11: Fundo de Apoio da Juventude e Desporto


(Financiamento)

Fraquezas: Financiamento insuficiente para a implementação das políticas


desportivas.
Oportunidades: Empresas com capacidade para apoiar o Desporto.

A escassez de recursos e as inúmeras carências sociais de Angola requerem


significativos recursos financeiros. Este factor tem-se constituído como o
principal constrangimento para um maior financiamento ao Sector Desportivo.

É necessário um significativo reforço financeiro para a implementação desta


Estratégia, tendo como objectivo generalizar a prática desportiva na população,
nomeadamente a juvenil com a sua inserção em clubes, participação em
competições no âmbito do desporto na escola, atingindo-se a cifra das 30
semanas anuais de prática desportiva e procurando-se a cobertura de no
mínimo 35% da população alvo. Esta acção exige uma verba anual de cerca de
5 000 milhões de Kwanzas.

O reequipamento de apenas 25% dos municípios com um complexo desportivo


durante um ciclo olímpico exige anualmente 4000 milhões de Kwanzas.
Consagrando ainda uma verba de 10% do orçamento da prática desportiva
juvenil (500 milhões de Kwanzas) para o planeamento, promoção e formação
estima-se um reforço anual mínimo de 9500 milhões de Kwanzas para o
arranque da estratégia de desenvolvimento.

56
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

As prioridades das políticas sociais do Estado têm-se orientado tradicionalmente


para a Saúde, Educação e Assistência Social. Embora estejam cientificamente
reconhecidos os impactos positivos do Desporto na saúde das populações, o
esforço na promoção de estilos de vida saudáveis tem sido notoriamente
insuficiente.

Sem a possibilidade de, no imediato, aumentar significativamente o envelope


financeiro do desporto a solução tem de ser encontrada recorrendo a outras
vias de financiamento.

Assim, o Estado desempenha um papel determinante na abertura de novos


mecanismos para o financiamento do Desporto.

Há também a consciência de que o financiamento através do regime geral dos


impostos não esgota as soluções para apoiar actividades de interesse público e,
neste caso particular, para apoiar o Desporto.

Alguns contribuintes têm demonstrado a sua disponibilidade para participar


voluntariamente no financiamento do desporto na escola se tiverem garantias
de que, a sua contribuição adicional venha a ser aplicada exclusivamente no
desporto na escola.

Existem indicações seguras que muitas empresas aumentariam as suas


contribuições se, para além de garantir que a sua aplicação em áreas do seu
interesse, puderem participar na gestão dessas verbas resultantes das suas
contribuições. A Educação e o Desporto são exemplo de actividades que
beneficiam desse prestígio social.

Por outro lado, a insuficiente supervisão e monitorização justifica a repetida


dificuldade das redes desportivas para angariar receitas ao abrigo do mecenato,
patrocínio e publicidade. O Estado deve intervir para credibilizar as doações ao
sector desportivo.

Ciente da importância destes mecanismos o Executivo deve adoptar uma


política de atribuição de apoios financeiros às Redes Desportivas assente em
Contratos Programa (Medida 12) que definem regras para o seu bom uso. Em
simultâneo, devem ser implementados mecanismos de supervisão e
monitorização (Medida 15) para ajuizar a aplicação das verbas nos termos
previstos no Contrato Programa e cumprimento dos objectivos.

57
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

Pelas razões expostas justifica-se a reorganização do Fundo de Apoio da


Juventude e Desporto, prevendo-se o aumento da participação privada na sua
programação anual no que à actividade desportiva diz respeito. Essa
participação será materializada com o alargamento da composição do Conselho
Superior do Desporto (passando a integrar outros Departamentos Ministeriais
para além do MINJUD, as empresas parceiras do desporto e a representação
das famílias), estrutura que deverá deliberar sobre o Orçamento e sobre o
alinhamento da actividade desportiva com os objectivos da Estratégia.

A participação do sector privado deverá ainda ajudar na captação de recursos


adicionais ao OGE. O objectivo é o de conferir ao sistema desportivo poder de
iniciativa para, fora da esfera do Orçamento de Estado, angariar doações e
outras contribuições do sector público ou privado.

Tendo em conta a representatividade alargada do Conselho Superior do


Desporto, como órgão de concertação de vontades, e a sua participação na
gestão do Fundo, abre-se a possibilidade do Sistema Desportivo para:

- Propor a concessão de benefícios económicos e fiscais, numa base anual ou


plurianual (por exemplo para um ciclo olímpico), como contrapartida das
doações efectuadas por empresas e particulares para programas
estruturados de Desenvolvimento do Desporto.

- Propor a cobrança de contribuições obrigatórias às actividades económicas


ligadas ao álcool, ao jogo de sorte e azar e ao tabaco, que contribuem
negativamente para a adopção de estilos de vida saudáveis.

- Desenvolver parcerias com o sector da saúde para o desenvolvimento e


financiamento de programas de promoção e generalização da actividade
física.

- Atribuir, ao abrigo dos Contratos Programa, verbas do Fundo de Apoio da


Juventude e Desporto para apoio às actividades das Redes Desportivas.

58
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

EIXO ESTRATÉGICO – FINANCIAMENTO


MEDIDA 11 – Fundo de Apoio da Juventude e Desporto

O Executivo vai reforçar o papel institucional do Fundo de Apoio da Juventude


e Desporto, abrindo a possibilidade para que, empresas e particulares possam
participar quer na gestão quer no financiamento mediante o compromisso de
contribuições voluntárias para projectos estruturantes do desporto.

O Executivo vai rever as fontes de alimentação do Fundo, tendo em


consideração as percentagens devidas pela venda do tabaco, do álcool, assim
como dos jogos de sorte azar.

59
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO

 Modelo de Financiamento

I Publicidade, Mecenato e Patrocínio

Modelo Uma vez que as Redes Desportivas se dedicam a actividades de interesse


público podem, no âmbito dos mecanismos legalmente instituídos, beneficiar
dos donativos (em dinheiro ou espécie) efectuados a título de Mecenato ou
Patrocínio. O Mecenato refere-se a donativos efectuados por empresas ou
particulares direccionados para as actividades culturais ou desportivas sem
qualquer contrapartida económica directa para o doador.

O Patrocínio, ao contrário do Mecenas, pretende promover a imagem do


patrocinador e, para tanto, comunica ao público o seu patrocínio, usa o
desporto como veiculo para a promoção de uma marca, um produto ou um
serviço ainda que não envolva qualquer compromisso ao nível da prática
desportiva.

Assim deve ser adoptada uma acção global solidária para angariar donativos ao
abrigo do regime do Mecenato e do Patrocínio.

II Voluntariado

As actividades de voluntariado são actividades sociais, culturais ou desportivas


realizadas de livre vontade por particulares, a título gratuito ou com uma
pequena compensação financeira sem carácter de remuneração. Apenas o
intuito de atenuar uma sobrecarga excessiva, sem objectivos de
mercantilização.

O Executivo deve, por isso, clarificar o quadro legal para preservar e estimular o
Voluntariado nas Redes Desportivas através da atribuição de bolsas para apoio
a actividades de mérito.

60
SECTOR DESPORTIVO
FINANCIAMENTO
MODELO DE FINANCIAMENTO PARA O DESPORTO

INSTRUMENTO DE APLICAÇÃO DE FUNDOS


ORIGEM DE FUNDOS COMPROMISSO

ORÇAMENTO GERAL DO FORMAÇÃO


ESTADO
CONTRATO-
PROGRAMA INFRA-ESTRUTURAS
FUNDO DE APOIO DA
(Rede do Desporto na Escola, DESPORTIVAS
JUVENTUDE E
Rede do Desporto
DESPORTO (Empresas)
Comunitário, Rede do DESPORTO ESCOLAR E
Desporto Rendimento) UNIVERSITÁRIO
MECENATO E
PATROCÍNIO (Empresas)
DESPORTO COMUNITÁRIO

RECEITAS PRÓPRIAS DESPORTO DE RENDIMENTO


(Actividades, Publicidade, etc.) [Atletismo, Futebol, Basquetebol, …)
MONITORIZAÇÃO
(Executivo, Governos DESP. ALTO RENDIMENTO
VOLUNTARIADO Provinciais, Autoridades
(Alta Competição)
Locais)

61
SECTOR DESPORTIVO
DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

9
EIXO: DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

Objectivos

 Os Contratos Programa visam apoiar o desenvolvimento das actividades:

 Delegando a execução na Rede Desportiva

Objectivos  Contratualizando Objectivos e Resultados

 Controlando resultados e de indicadores de execução

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO DE INFRA-


MONITORIZAÇÃO ESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

62
SECTOR DESPORTIVO
DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

MEDIDA 12:
CONTRATOS
PROGRAMA

7 DESENVOLVIMENTO
DE ACTIVIDADES

15. Medida 12: Contratos Programa

 SO (Forças; Oportunidades)

Medida 11: Contratos Programa


(Desenvolvimento em Parceria)
Exposição

Forças: Federações empenhadas em dinamizar actividades


Oportunidades: População receptiva à prática desportiva (de recreação e de
rendimento)

A existência de um calendário regular de competições e de actividades


desportivas é essencial para explorar o potencial desportivo do país. Essas
actividades contribuem para a formação, desenvolvimento e aperfeiçoamento
dos desportistas e são organizadas pelas Redes Desportivas.

O valor e a importância dessas actividades (externalidades positivas) para o


desenvolvimento do desporto, é inegável e, por isso é indispensável o apoio do
Estado às Redes Desportivas tanto a nível financeiro, como a nível logístico.

O modelo das competições desportivas, herdado do período em que prevalecia


o conflito armado, não está adequado à realidade actual do país sendo um
obstáculo ao desenvolvimento do desporto uma vez que não assegura uma
regularidade e intensidade competitiva por todo o território nacional.

63
SECTOR DESPORTIVO
DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

Pretende-se um novo modelo de competições que envolva todo o país e


assegure regularidade, intensidade e volume competitivo indispensável para o
desenvolvimento do desporto de rendimento, modelo que deve respeitar as
seguintes linhas orientadoras:

a) Regularidade de competições femininas e masculinas, em todos os escalões


etários;

b) Organização das competições a nível comunal, municipal, distrital e


provincial sob responsabilidade das respectivas associações municipais,
distritais e provinciais;

c) Assegurar condições logísticas, técnicas e de higiene nos locais de


competição para os atletas, juízes e para o público;

d) Registo de todas as competições oficiais e das classificações de todos os


atletas no sistema de informação;

e) Organização das competições desde o nível municipal, provincial, nacional e


internacional de modo a proporcionar a todos os atletas condições de
progressão técnica e competitiva;

f) Nas modalidades colectivas deve ser estabelecido o número mínimo de


jogos por equipa, a contar desde a competição do nível da província até as
fases finais das competições nacionais;

g) Nas modalidades individuais devem ser estabelecidos os mínimos (tempo e


distâncias), para cada época desportiva, bem como o registo da
classificação, em função dos resultados obtidos, pelos atletas no conjunto
das provas de referência;

O apoio para essa organização desportiva e competitiva deve ser proporcionado


através de um Contrato ao abrigo dos programas de apoio às Redes
Desportivas.

O Executivo, no âmbito dos programas de apoio às Redes Desportivas, publicita


as prioridades do país e os critérios de avaliação para atribuição dos recursos
(financeiros e/ou materiais).

64
SECTOR DESPORTIVO
DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

As Redes Desportivas candidatam-se a esses apoios e financiamentos,


apresentando um programa de actividades ajustado às prioridades e aos
critérios enunciados.

Apreciado o mérito da candidatura são fixados os apoios a conceder e através


de um Contrato-Programa é formalizado o acordo com os inerentes direitos e
obrigações. Os apoios contratualizados são disponibilizados segundo o
calendário definido no contrato.

Neste alinhamento estratégico, o apoio dos governos provinciais e


administrações municipais aos programas do desporto comunitário, desporto na
escola e desporto de rendimento deve estar estritamente alinhado às metas e
objectivos da Estratégia e está sujeito a apreciação e avaliação regular do
Executivo Central.

EIXO ESTRATÉGICO – ACTIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO


MEDIDA 12 – CONTRATOS PROGRAMAS

O Executivo concederá apoios financeiros às Redes Desportivas mediante


Programas de Apoio (anuais/plurianuais) que devem ser estruturados de
acordo com as prioridades desportivas do país.

A disponibilização desses apoios carece de avaliação e aprovação da


candidatura e ainda da celebração de um Contrato-Programa entre o Executivo
com o Beneficiário.

Em particular, o apoio concedido para a organização de competições nacionais,


depende do cumprimento das linhas orientadoras para a organização de
competições.

65
SECTOR DESPORTIVO
DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

 Modelo de Apoio à Actividade Desportiva

I Contratos Programa

Modelo O financiamento do Estado às Redes Desportivas é realizado através de


Contratos-Programa anuais ou plurianuais. Os Contratos-Programa destinam-se
a financiar actividades das Redes Desportivas orientadas para a realização dos
objectivos nacionais quer (1) de generalização da prática desportiva, (2) para o
desenvolvimento do desporto de rendimento.

O financiamento através de contratos-programa orienta-se para a concretização


de objectivos e têm em consideração: (1) o programa de actividades aprovado
e acordado com o Governo (Central/Provincial) mas também (2) o nível de
realização dessas actividades quer em termos do número de participantes e
cobertura municipal, quer em termos da performance apresentada.

Os Contratos-Programa resultam da negociação dos programas de actividade


submetidos pelas federações nacionais, associações provinciais, municipais,
distritais e clubes para a realização dos objectivos nacionais da política
desportiva.

A negociação entre as Associações Desportivas e o Executivo ocorre em 4


(quatro) etapas:

Etapa 1: Apresentação do programa de actividades da Associação


Desportiva e do respectivo Orçamento.

Etapa 2: Avaliação do programa de actividades da Associação Desportiva


quer ao nível da consistência quer ao nível do contributo para o
Desenvolvimento do Desporto.

Etapa 3: Negociação de ajustamentos ao programa, especificação de


objectivos e dos indicadores de avaliação
Etapa 4: Celebração do contrato e libertação do financiamento de acordo
com o calendário previsto.

66
SECTOR DESPORTIVO
DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

Os Contratos-Programa referidos não antecipam e nem enumeraram todos os


pontos possíveis de falhas. No entanto, do ponto de vista do financiador, a
chave para minimizar o risco do insucesso está no reforço da capacidade
técnica de analisar detalhadamente os programas de actividades com objectivo
de serem determinados os seus pontos críticos.

Em função da análise anterior, torna-se necessário que sejam indicadas, no


âmbito dos contratos, as obrigações que devem ser cumpridas por parte das
Associações Desportivas.

No entanto, para salvaguarda de ambas as partes, o contrato deve ser


precedido de uma negociação detalhada para reduzir a ambiguidade e clarificar
as expectativas, constituindo-se assim na primeira garantia de cumprimento das
metas estabelecidas.

O modelo de contratualização deve garantir a associação do apoio financeiro ao


sucesso nos pontos críticos bem como estimular uma elevada performance. O
financiamento deve ser parcelado consoante a performance alcançada:

1) A primeira parcela associada a uma performance base;


2) A segunda parcela premeia percentualmente a performance excedida;
3) A última parcela premeia percentualmente a convergência em relação às
metas nacionais e regionais.

Devido ao grau de complexidade, a responsabilidade de análise do programa


deve pertencer a uma equipa conhecedora da modalidade desportiva, com
competências de gestão e conhecimento jurídico para avaliar o realismo,
identificar os pontos críticos e formalizar o contrato.

Para organizar os apoios às redes desportivas, devem ser elaborados pelo


menos 7 programas específicos como respectivo suporte financeiro:

1. Organização e Administração da Rede Desportiva.

2. Organização de Quadros Competitivos do Desporto de Recreação.

3. Organização de Quadros Competitivos do Desporto de Rendimento.

4. Organização e Apoio ao Alto Rendimento.

67
SECTOR DESPORTIVO
DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

5. Participação em competições provinciais

6. Participação em Competições Internacionais.

7. Formação Académica e Profissional de Técnicos Desportivos.

II Modalidades de Referência

As modalidades de referência merecem uma atenção acrescida, com vista ao


alcance das metas nacionais estabelecidas no seu marco temporal de vigência.
Para a escolha das modalidades de referência imperou o princípio estratégico
da concentração de recursos em acções e programas racionais e
realisticamente exequíveis. Para o efeito consideraram-se os seguintes critérios:

 Número de medalhas em disputa nos jogos africanos e jogos olímpicos;


 Facilidade de promoção da modalidade;
 Economia dos investimentos a realizar por formas afectar o maior número
possível de beneficiários;
 Continuidade e sustentação das modalidades com tradição e em que o país
detém a hegemonia continental;
 Capacitação das instituições desportivas e quadros gestores das várias
modalidades, quer a nível do treino quer a nível da administração e gestão
do desporto.

Com base nesses critérios, foram referenciadas as seguintes modalidades:

Modalidades Colectivas

 Futebol;
 Basquetebol;
 Andebol;
 Voleibol.

Modalidades Individuais

 Atletismo;
 Modalidades de Combate;
 Natação;
 Canoagem.

68
SECTOR DESPORTIVO
DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES

O referenciar dessas modalidades não deve significar que as demais deixem de


ter o apoio do Estado, mas somente o facto de que a elas passa a ser
consignado um significativo volume de recurso, para permitir que a sua
expansão e generalização ocorram de maneira sustentada e conformem o
quadro dos objectivos da Estratégia.

As demais modalidades continuam a beneficiar de apoios visando reestruturar a


sua base de implantação.

O procedimento assenta no estabelecimento de um modelo para a elaboração


dos programas de desenvolvimento de todas as modalidades que configuram o
quadro de prática desportiva do país.

Objectivamente, o Executivo reconhece que para os próximos ciclos olímpicos,


o aumento, a continuidade e melhoria da actividade desportiva no país
dependerá ainda de recursos do Estado, mas por outro lado não deve, de
maneira coerente e racional, deixar de estabelecer mecanismos objectivos do
repassar das verbas destinadas ao desporto. Por esta razão se justifica o
estabelecimento das modalidades de referência, priorizando a atribuição de
apoios a estas modalidades.

69
SECTOR DESPORTIVO
REDES DESPORTIVAS

10
EIXO: REDES DESPORTIVAS

Objectivos

 A actividade desportiva será suportada por várias Redes, das quais importa
destacar:

 A Rede do Desporto na Escola e Universidade, para a recreação da


população Jovem e Estudantil
Objectivos

 A Rede do Desporto Comunitário para a recreação desportiva da


população.

 A Rede do Desporto de Rendimento para os praticantes de talento

 A Rede do Desporto das Forças de Defesa e Segurança para desenvolver


a condição física dos seus elementos

O apoio do Estado à actividade desportiva será concebido para, através das


várias redes, alargar o espectro da prática desportiva a todas as províncias, a
todas as idades, às mulheres e aos homens.

70
SECTOR DESPORTIVO
REDES DESPORTIVAS

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO DE INFRA-


MONITORIZAÇÃO ESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

MEDIDA 13:
REDES DESPORTIVAS

8 REDES
DESPORTIVAS

71
SECTOR DESPORTIVO
REDES DESPORTIVAS

16. Medida 13: Redes Desportivas

 SO (Forças; Oportunidades)

Medida 13: Redes Desportivas


(Desenvolvimento em Parceria)
Exposição
Forças: Redes com capacidade de organizar a prática desportiva.
Oportunidade: População disponível para a prática desportiva.

O desenvolvimento do desporto para além das infra-estruturas, dos treinadores


e dos praticantes necessita de quadros competitivos que estimulem os
praticantes para desempenhos mais ambiciosos.

É necessário que os praticantes participem em competições exigentes: em


regularidade, em quantidade e em qualidade. Para desenvolver esses quadros
competitivos, de acordo com a Lei do Desporto, é fundamental que as
associações, clubes e praticantes se organizem em Redes Desportivas, geridas
por Federações: a Rede do Desporto de Rendimento, a Rede do Desporto na
Escola, a Rede do Desporto Comunitário, a Rede do Desporto das Forças de
Defesa e Segurança e outras criadas para aumentar a prática desportiva.

Formalmente, as Federações das Modalidades têm organizado o quadro


competitivo do Desporto de Rendimento, para os praticantes que ambicionam
atingir performances elevadas no desporto e asseguram a representação do
país em competições internacionais. O desafio é aumentar o seu nível
competitivo quer em competições internas quer em competições internacionais.

O Executivo, tendo em conta as idades da população escolar, reconhece ser


indispensável apoiar o crescimento do desporto na escola assumindo o princípio
de que a escola é um dos locais privilegiados quer para a promoção do
desporto (e de um estilo de vida saudável) quer para a detecção de talentos
que posteriormente poderão alimentar o desporto de rendimento.

Esta preocupação do Executivo tem encontrado eco positivo, quer ao nível da


escola, quer junto das comunidades locais que reconhecem o interesse em
desenvolver o desporto de recreação. São evidentes os benefícios para a saúde
e, por isso, a oportunidade de uma prática generalizada merece seguramente o
apoio público.

72
SECTOR DESPORTIVO
REDES DESPORTIVAS

A criação de uma Associação Angolana de Desporto na Escola apresenta-se


como um passo determinante para a promoção e apoio ao desporto na escola.
À Associação Angolana cabe agregar os Clubes Desportivos das Escolas numa
Rede de Desporto na Escola, desenvolver as modalidades desportivas e
organizar as respectivas competições. Forma deve-se proceder com as
universidades, sendo a acção imediata o reforço institucional da Federação
Angolana do Desporto Universitário.

O desporto nas escolas constitui uma via económica e promissora para o


desenvolvimento do desporto no país e apresenta três vantagens evidentes:

 Em primeiro lugar, dispõe de equipamentos de educação desportiva para a


disciplina de educação física que também serão utilizados para a recreação.

 Em segundo lugar, conta com a orientação competente dos professores de


Educação Física para orientar a prática desportiva e para assegurar a
conservação das infra-estruturas desportivas.

 Em terceiro lugar, os alunos estão da idade de maior a adesão à promoção


das actividades desportivas.

O sucesso da Rede de Desporto na Escola e Universitário depende do empenho


dos Professores de Educação Física. Os estímulos para apoiar o desporto na
escola, nomeadamente o empenho voluntário dos professores, constituem um
elemento decisivo para o sucesso da Rede.

Mais complexo é o envolvimento dos estudantes do ensino superior nas


actividades desportivas, pois a sua actividade é condicionada por vários
factores: (1) Não existe a disciplina de educação física nos curricula das
universidades; (2) Os estabelecimentos de ensino superior por vezes não
dispõem de infra-estruturas desportivas e, por último, (3) Uma parte
significativa de estudantes tem a condição de trabalhadores e, por conseguinte,
falta de disponibilidade para a prática desportiva.

A oferta de condições para a actividade desportiva no ensino superior deve


assentar em dois pilares estruturantes. Como ponto de partida, os
estabelecimentos de ensino superior terão de assumir o desporto como um
componente central do curriculum não formal dos estudantes. Para
operacionalizar a actividade desportiva terão de providenciar infra-estruturas
desportivas e orientação profissional para essas actividades.

73
SECTOR DESPORTIVO
REDES DESPORTIVAS

A articulação com as organizações estudantis é seguramente uma via


promissora para envolver os estudantes na prática desportiva e aumentar a
procura da actividade desportiva.

Por outro lado, a detecção precoce de talentos na escola e a prática desportiva


orientada permite alimentar a esperança de êxitos em competições
internacionais.

A visão de longo prazo assenta numa perspectiva de proporcionar a todos uma


oportunidade para praticar desporto ao longo do ciclo de vida, que vai da
infância a terceira idade. Espera-se que os jovens que actualmente praticam
desporto na escola venham a ter maior propensão para, na idade adulta,
continuarem a sua uma actividade desportiva. Esta visão é extensiva a todos os
cidadãos sem excepção, mulheres ou homens, jovens ou idosos, portadores de
deficiências ou não.

Quanto às pessoas com deficiência, cabe às Redes Desportivas, tanto ao nível


da recreação como ao nível do rendimento, reforçar a oferta para a prática
desportiva a eles dedicada. A Rede do Desporto de Rendimento, a Rede do
Desporto na Escola e na Universidade, assim como qualquer outra, deve criar
condições para a prática desportiva das pessoas com deficiência.

Se a Rede de Desporto na Escola proporciona condições para a recreação


desportiva na juventude também é necessária uma rede que sustente, por todo
o país, o desporto de recreação na idade adulta.

Por essa razão, o Executivo Central vai apoiar os esforços das administrações
locais para promover a prática desportiva nos municípios, nas comunas e
bairros, para desenvolver uma Rede Comunitária do Desporto de Recreação.

De modo semelhante, o Executivo irá apoiar qualquer outra rede de recreação


criada, no âmbito da Lei do Desporto, com o objectivo de desenvolver e alargar
a prática desportiva.

Neste âmbito merece uma atenção especial a Rede de Desporto das Forças de
Defesa e Segurança, uma vez que a actividade dos seus profissionais coloca
especiais exigências quanto à condição física.

Neste quadro que é equacionado o Desporto Militar quer, a nível nacional, no


Conselho Desportivo Militar (CODEM) quer, a nível internacional, no Conselho
Internacional do Desporto Militar (CISM), isto é, visa proporcionar aos militares

74
SECTOR DESPORTIVO
REDES DESPORTIVAS

uma condição física adequada para a participação nos esforços de paz e


segurança.

Sem prejuízo do apoio logístico do Executivo, os organismos dessas forças


gozam de autonomia para organizar e promover a manutenção da condição
física adequada dos seus profissionais.

EIXO ESTRATÉGICO – REDES DESPORTIVAS


MEDIDA 13 – REDES DESPORTIVAS

O Executivo vai apoiar, através de contratos programa, o desenvolvimento do


desporto, a organização da prática desportiva assim como de quadros
competitivos das redes desportivas. O Executivo apoia os esforços expressos
pelas Redes Desportivas:

 Do Desporto de Rendimento.

 Do Desporto na Escola e Universitário.

 Do Desporto Comunitário.

 Do Desporto das Forças de Defesa e Segurança.

75
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

Modelo da Rede Desportiva

 I Desenvolvimento da Prática Desportiva

Modelo
O Executivo desenvolveu o presente modelo da prática desportiva promovendo
a oferta desportiva em dois vectores: generalização da prática desportiva e o
desenvolvimento do desporto de rendimento.

A generalização da prática desportiva foi desenhada seguindo o modelo de ciclo


de vida do praticante, isto é, desde o seu nascimento até à morte. Pretende-se
que a prática desportiva acompanhe progressivamente a vida escolar na
juventude, a vida profissional no adulto e seja, para os idosos, um elo de
ligação à vida comunitária. Pretende-se afastar qualquer discriminação baseada
no sexo, na etnia e, neste caso, na idade. Devem ser asseguradas, em
particular, condições para a prática desportiva para todos os grupos: jovens,
adultos ou idosos embora adaptadas à sua idade e condição física.

Com o modelo do ciclo de vida para a generalização da prática desportiva a


diversificação da oferta assenta em três linhas:

1) Integração da iniciação desportiva no curriculum escolar;

2) Prática desportiva escolar visando a consolidação de hábitos desportivos na


juventude, e

3) Desporto comunitário de recreação para preservação de hábitos desportivos


em adultos e idosos.

Assim, a iniciação desportiva passa a fazer-se na escola, a partir dos 5 anos de


idade. A disciplina de Educação Física integra o curriculum escolar de todos os
níveis de ensino básico e secundário. Pretende-se desenvolver nos jovens
competências motoras mínimas e simultaneamente contribuir para a igualdade
de oportunidades na prática desportiva.

À iniciação curricular segue-se a prática nos clubes desportivos de âmbito


escolar e posteriormente a recreação no território comunitário: local, municipal,
distrital ou provincial.

76
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

O Desporto de Rendimento pretende oferecer oportunidades de


desenvolvimento para todos os praticantes que revelem desejo e talento.

O desenvolvimento do Desporto de Rendimento é da responsabilidade das


Federações Desportivas, assim como a continuidade do talento revelado pelos
praticantes no Desporto na Escola.

Numa perspectiva de desenvolvimento, importa clarificar o que se entende por


Desporto adoptando o conceito estabelecido na Lei do Desporto. Para o seu
desenvolvimento não bastam as infra-estruturas, o treino regular e a orientação
técnica. A existência de um quadro competitivo é, para as modalidades, crítico
quer para estimular os praticantes, quer para melhorar os seus níveis de
desempenho. O desporto, nesta acepção, presume uma organização em rede,
com clubes e praticantes inseridos num quadro competitivo.

A oferta desportiva deve, numa lógica de rede, assegurar a existência de


quadros competitivos quer para o Desporto na Escola quer para o Desporto de
Rendimento.

O propósito da estratégia é o de aumentar o número de praticantes e o seu


desempenho. As medidas do sucesso avaliam-se: pelo número de praticantes,
pelo nível de participação nos quadros competitivos e pelos níveis de
desempenho nas competições. Por essa razão a Estratégia define para o
desporto na escola, e para o desporto de rendimento, metas para a sua
avaliação.

A materialização dessas metas exige organização, profissionais competentes e


infra-estruturas adequadas.

Para realizar o dimensionamento da população desportiva foram consideradas


as Projecções da População Angolana para 2015, 2020 e 2025 realizadas pelas
Nações Unidas. A repartição dessa população pelas províncias foi efectuada
recorrendo às estimativas divulgadas pelo IBEP.

II Iniciação Desportiva Obrigatória

A iniciação desportiva é tradicionalmente realizada no âmbito da disciplina de


Educação Física e deve cobrir obrigatoriamente todos os jovens entre os 5 e os
14 anos que, em regra, estão a frequentar o Ensino Primário ou 1º Ciclo do
Ensino Secundário (até à 9ª Classe). Importa, no entanto, referir que não se

77
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

contabilizam neste âmbito as necessidades do 2º Ciclo do Ensino Secundário


que ainda inclui a disciplina de Educação Física.

De acordo com as Projecções da População frequentarão o ensino obrigatório


cerca de 6 milhões de alunos em 2015 (7 milhões em 2025), isto é, na iniciação
desportiva. Actualmente estão a frequentar estes níveis de ensino mais de 5
milhões de alunos (5495709 alunos).

Considerando apenas estes alunos e para um rácio de 1 professor de educação


física por cada 300 alunos5 serão necessários pelo menos 20 mil professores de
educação física em 2025 (23 mil em 2025) conforme se mostra no quadro
seguinte:

Alunos (em Milhões) Nº Professores


Alunos e Professores Necessários
0-4 5-9 10-14 15-19 5-14 (5-14)
Masculino 2015 1,816 1,602 1,477 1,229 3,079 10,263
Feminino 2015 1,793 1,591 1,470 1,231 3,061 10,203
Total 2015 3,609 3,193 2,947 2,460 6,140 20,467
Masculino 2020 1,933 1,724 1,570 1,457 3,294 10,980
Feminino 2020 1,906 1,711 1,561 1,452 3,272 10,907
Total 2020 3,839 3,435 3,131 2,909 6,566 21,887
Masculino 2025 2,026 1,843 1,689 1,546 3,532 11,773
Feminino 2025 1,995 1,826 1,678 1,540 3,504 11,680
Total 2025 4,021 3,669 3,367 3,086 7,036 23,453
Fonte: Estimativas baseadas nas projecções das Nações Unidas para Angola com repartição e
ajustamento realizado com os dados do IBEP (INE-Angola)

O processo da iniciação desportiva é determinante para que no futuro os jovens


incorporem a prática desportiva nos seus padrões de vida. Para o seu sucesso
três elementos são determinantes:

 A existência de professores competentes.


 Programas escolares consistentes.
 Infra-estruturas adequadas para o desporto na escola.

Actualmente a necessidade destes professores tem sido satisfeita recorrendo a


pessoas com algum conhecimento do desporto mas sem formação superior.

5
Considerando que 1 turma tem 3 horas semanais de Educação Física, que o professor tem um horário de
21 horas semanais cada professor leccionaria 7 turmas. O rácio de 300 alunos por professor significa que
cada turma terá, em média, mais de 40 alunos.

78
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

Dada a carência destes professores é indispensável um plano de formação de


modo a reduzir esse deficit quer em quantidade quer em qualidade.

Se a formação se realizar a um ritmo de 1000 professores/ano, num prazo de


12 anos, 50% das necessidades estarão cobertas. A formação é a chave para o
sucesso da iniciação desportiva.

A distribuição dos professores e dos recursos pelas províncias deve ter em


conta a distribuição da população escolar e a necessidade de garantir a
iniciação desportiva de todos os jovens.

2015 2020 2025


Mil Alunos
5-9 10 - 14 15 - 19 5-9 10 - 14 15 - 19 5-9 10 - 14 15 - 19
MAS 1602 1477 1229 1724 1570 1457 1843 1689 1546
ANGOLA
FEM 1591 1470 1231 1711 1561 1452 1826 1678 1540
MAS 29,9 30,4 24,9 32,2 32,3 29,5 34,4 34,7 31,3
Cabinda
FEM 29,7 30,2 24,9 31,9 32,1 29,4 34,1 34,5 31,2
MAS 31,9 25,9 18,7 34,3 27,6 22,1 36,7 29,7 23,5
Zaire
FEM 31,6 25,8 18,7 34 27,4 22 36,3 29,5 23,4
MAS 89,5 81 70,5 96,3 86,1 83,6 102,9 92,6 88,7
Uíge
FEM 88,9 80,6 70,6 95,6 85,6 83,3 102 92 88,3
MAS 430 422 378,6 462,8 448,6 448,9 494,7 482,6 476,3
Luanda
FEM 427,1 420 379,2 459,3 446 447,3 490,2 479,5 474,4
MAS 26,7 20,1 17,5 28,7 21,4 20,7 30,7 23 22
Kwanza Norte
FEM 26,5 20 17,5 28,5 21,3 20,6 30,4 22,9 21,9
MAS 117,3 81,1 71 126,2 86,2 84,2 134,9 92,7 89,3
Kwanza Sul
FEM 116,5 80,7 71,1 125,2 85,7 83,9 133,7 92,1 89
MAS 61,7 50,5 45 66,4 53,7 53,4 71 57,8 56,6
Malanje
FEM 61,3 50,3 45,1 65,9 53,4 53,2 70,3 57,4 56,4
MAS 52,7 50,6 39,3 56,7 53,8 46,5 60,6 57,8 49,4
Lunda Norte
FEM 52,3 50,3 39,3 56,2 53,5 46,4 60 57,5 49,2
MAS 151,3 153,6 121,4 162,9 163,3 143,9 174,1 175,6 152,7
Benguela
FEM 150,3 152,9 121,6 161,6 162,3 143,4 172,5 174,5 152,1
MAS 116,7 133,7 87,4 125,6 142,1 103,7 134,3 152,9 110
Huambo
FEM 115,9 133,1 87,6 124,6 141,3 103,3 133 151,9 109,6
MAS 92,8 77,6 65,7 99,9 82,5 77,9 106,8 88,7 82,6
Bié
FEM 92,2 77,2 65,8 99,1 82 77,6 105,8 88,1 82,3
MAS 43,3 38,3 31,9 46,6 40,7 37,8 49,8 43,8 40,1
Moxico
FEM 43 38,1 31,9 46,2 40,5 37,7 49,3 43,5 39,9
Kuando MAS 32,8 28,9 19,5 35,3 30,7 23,1 37,8 33,1 24,5
Kubango FEM 32,6 28,8 19,5 35,1 30,6 23 37,4 32,9 24,4
MAS 28,9 23,6 22,1 31,1 25 26,2 33,2 26,9 27,8
Namibe
FEM 28,7 23,4 22,1 30,8 24,9 26,1 32,9 26,8 27,7
MAS 181,2 161,4 137,9 195 171,6 163,5 208,4 184,6 173,5
Huíla
FEM 179,9 160,7 138,2 193,5 170,6 163 206,5 183,4 172,8
MAS 56,3 48,4 43,4 60,6 51,4 51,4 64,8 55,3 54,6
Cunene
FEM 55,9 48,2 43,4 60,1 51,1 51,2 64,2 55 54,3
MAS 32,1 27 17,1 34,5 28,7 20,3 36,9 30,9 21,5
Lunda Sul
FEM 31,8 26,9 17,1 34,2 28,6 20,2 36,5 30,7 21,4
MAS 27,1 22,8 17,3 29,2 24,3 20,5 31,2 26,1 21,7
Bengo
FEM 26,9 22,7 17,3 29 24,1 20,4 30,9 25,9 21,6

Fonte: Estimativas baseadas nas projecções das Nações Unidas para Angola com repartição e ajustamento
realizado com os dados do IBEP (INE-Angola)

79
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

Deve ser promovido, ao nível dos programas escolares, o alinhamento da


iniciação com as modalidades de referência para o desenvolvimento do
desporto. A experiência mostra a força dos êxitos desportivos e como estes
promovem a adesão dos jovens para a sua prática.

O diagnóstico prospectivo recomenda que a inventariação destas carências siga


uma tipologia de infra-estruturas que atenda às necessidades do desporto na
escola.

III Desporto na Escola e Desporto na Universidade

O Desporto na Escola e o Desporto na Universidade acima de tudo promovem o


gosto pela prática desportiva, o sentido de comunidade e o prazer da
competição.

A criação dos clubes escolares constitui o instrumento chave para a promoção


do desporto na escola inscritos na Associação Angolana do Desporto na Escola.

A Associação Angolana do Desporto na Escola organiza a competição, o


encontro de clubes escolares e, assegura um sistema de informação que
garanta o registo dos clubes escolares, dos seus alunos, dos professores
dinamizadores, dos seus dirigentes, das modalidades, das suas competições,
das infra-estruturas desportivas e dos recursos financeiros.

De modo análogo, a Federação do Desporto na Universidade organiza os clubes


universitários e, com as devidas adaptações, as competições desportivas
universitárias.

Para dinamizar o Desporto na Escola e na Universidade, urge incrementar nos


próximos dois anos o apoio logístico e financeiro do Executivo, no âmbito dos
programas de desenvolvimento do desporto, para a constituição de Clubes
Desportivos de âmbito Escolar e para a criação da respectiva Associação.

Os Contratos-Programa, de acordo com o projecto de actividades submetidos,


devem estabelecer um orçamento anual aos Clubes e às suas Federações
Nacionais para o desenvolvimento do desporto de recreação nas escolas, nas
universidades e para a organização das competições.

80
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

A constituição de Clubes Desportivos Escolares está sujeita a algumas


exigências prévias, nomeadamente:

 O compromisso e participação da Direcção da Escola e dos Professores


de Educação Física nos Órgãos de Gestão do Clube.

 A verificação da existência de infra-estruturas próprias ou cedidas para a


prática do Desporto na Escola.

 Princípios de funcionamento visando garantir a democracia e o direito de


todos os alunos poderem praticar, sem discriminação, actividades
desportivas.

Tendo em conta as referências internacionais do desporto juvenil, admite-se


que 35% da população escolar venha a participar voluntariamente em Clubes
Escolares. O desenvolvimento da prática desportiva tem impacto significativo na
redução do abandono escolar a partir do 1º Ciclo do Ensino Secundário e no
alargamento do ensino obrigatório para os 13 anos de escolaridade.

Com base nesse pressuposto foram fixadas as seguintes metas para prática do
desporto na escola que mobilizará cerca de 3 milhões de alunos em 2015 e
cerca de 3,5 milhões em 2025.

Alunos 0-4 5-9 10-14 15-19 Pop. Escolar Desporto na


(em Milhões) (5-19) Escola (35%)
Masculino 2015 1,816 1,602 1,477 1,229 4,308 1,508
Feminino 2015 1,793 1,591 1,470 1,231 4,292 1,502
Total 2015 3,609 3,193 2,947 2,460 8,600 3,010
Masculino 2020 1,933 1,724 1,570 1,457 4,751 1,663
Feminino 2020 1,906 1,711 1,561 1,452 4,724 1,653
Total 2020 3,839 3,435 3,131 2,909 9,475 3,316
Masculino 2025 2,026 1,843 1,689 1,546 5,078 1,777
Feminino 2025 1,995 1,826 1,678 1,540 5,044 1,765
Total 2025 4,021 3,669 3,367 3,086 10,122 3,543
Fonte: Estimativas baseadas nas projecções das Nações Unidas para Angola com repartição e
ajustamento realizado com os dados do IBEP (INE-Angola)

Estudos comparados permitem admitir que somente depois de 2024 será


possível executar a taxa de 100%. Admitindo uma taxa de execução de 50%
em 2015 e de 90% em 2024 considera-se ter alcançado uma meta para o
Desporto na Escola de 1,5 milhões de estudantes em 2015 e de 3,2 milhões em
2024.

81
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

A distribuição das metas do desporto na escola, tendo em conta a distribuição


da população, pelas 18 Províncias é apresentada na tabela seguinte.

2015 2020 2025


No Desporto na Escola
(mil alunos) 5-9 10 - 14 15 - 19 5-9 10 - 14 15 - 19 5-9 10 - 14 15 - 19
ANGOLA MAS 560,7 517,0 430,2 603,4 549,5 510,0 645,1 591,2 541,1

FEM 556,9 514,5 430,9 598,9 546,4 508,2 639,1 587,3 539,0

Cabinda MAS 10,5 10,6 8,7 11,3 11,3 10,3 12,0 12,1 11,0
FEM 10,4 10,6 8,7 11,2 11,2 10,3 11,9 12,1 10,9
Zaire MAS 11,2 9,1 6,5 12,0 9,7 7,7 12,8 10,4 8,2
FEM 11,1 9,0 6,5 11,9 9,6 7,7 12,7 10,3 8,2
Uíge MAS 31,3 28,4 24,7 33,7 30,1 29,3 36,0 32,4 31,0
FEM 31,1 28,2 24,7 33,5 30,0 29,2 35,7 32,2 30,9
Luanda MAS 150,5 147,7 132,5 162,0 157,0 157,1 173,1 168,9 166,7
FEM 149,5 147,0 132,7 160,8 156,1 156,6 171,6 167,8 166,0
Kwanza Norte MAS 9,3 7,0 6,1 10,0 7,5 7,2 10,7 8,1 7,7
FEM 9,3 7,0 6,1 10,0 7,5 7,2 10,6 8,0 7,7
Kwanza Sul MAS 41,1 28,4 24,9 44,2 30,2 29,5 47,2 32,4 31,3
FEM 40,8 28,2 24,9 43,8 30,0 29,4 46,8 32,2 31,2
Malanje MAS 21,6 17,7 15,8 23,2 18,8 18,7 24,9 20,2 19,8
FEM 21,5 17,6 15,8 23,1 18,7 18,6 24,6 20,1 19,7
Lunda Norte MAS 18,4 17,7 13,8 19,8 18,8 16,3 21,2 20,2 17,3
FEM 18,3 17,6 13,8 19,7 18,7 16,2 21,0 20,1 17,2
Benguela MAS 53,0 53,8 42,5 57,0 57,2 50,4 60,9 61,5 53,4
FEM 52,6 53,5 42,6 56,6 56,8 50,2 60,4 61,1 53,2
Huambo MAS 40,8 46,8 30,6 44,0 49,7 36,3 47,0 53,5 38,5
FEM 40,6 46,6 30,7 43,6 49,5 36,2 46,6 53,2 38,4
Bié MAS 32,5 27,2 23,0 35,0 28,9 27,3 37,4 31,0 28,9
FEM 32,3 27,0 23,0 34,7 28,7 27,2 37,0 30,8 28,8
Moxico MAS 15,2 13,4 11,2 16,3 14,2 13,2 17,4 15,3 14,0
FEM 15,1 13,3 11,2 16,2 14,2 13,2 17,3 15,2 14,0
Kuando Kubango MAS 11,5 10,1 6,8 12,4 10,7 8,1 13,2 11,6 8,6
FEM 11,4 10,1 6,8 12,3 10,7 8,1 13,1 11,5 8,5
Namibe MAS 10,1 8,3 7,7 10,9 8,8 9,2 11,6 9,4 9,7
FEM 10,0 8,2 7,7 10,8 8,7 9,1 11,5 9,4 9,7
Huíla MAS 63,4 56,5 48,3 68,3 60,1 57,2 72,9 64,6 60,7
FEM 63,0 56,2 48,4 67,7 59,7 57,1 72,3 64,2 60,5
Cunene MAS 19,7 16,9 15,2 21,2 18,0 18,0 22,7 19,4 19,1
FEM 19,6 16,9 15,2 21,0 17,9 17,9 22,5 19,3 19,0
Lunda Sul MAS 11,2 9,5 6,0 12,1 10,0 7,1 12,9 10,8 7,5

FEM 11,1 9,4 6,0 12,0 10,0 7,1 12,8 10,7 7,5

82
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

2015 2020 2025


No Desporto na Escola
(mil alunos) 5-9 10 - 14 15 - 19 5-9 10 - 14 15 - 19 5-9 10 - 14 15 - 19
Bengo MAS 9,5 8,0 6,1 10,2 8,5 7,2 10,9 9,1 7,6
FEM 9,4 7,9 6,1 10,2 8,4 7,1 10,8 9,1 7,6
Fonte: Estimativas baseadas nas projecções das Nações Unidas para Angola com repartição e
ajustamento realizado com os dados do IBEP (INE-Angola)

IV Desporto na Comunidade

A promoção da prática desportiva na população com mais de 20 anos de idade


requer colmatar alguns constrangimentos. Comparando com a população
escolar, a população na comunidade não está concentrada em
estabelecimentos escolares (ou espaços equivalentes), nem tem a mesma
disponibilidade mental ou de tempo para a prática. Por outro lado, a actividade
desportiva tende a diminui com a idade.

Cientes dos benefícios proporcionados pelo Desporto, almeja-se a preservação


ao longo da vida dos hábitos desportivos criados na juventude.

A promoção da prática desportiva nestes escalões etários não se pode desligar


dos compromissos profissionais e familiares. Este aspecto reveste-se de
especial relevo no caso da população feminina que, em geral, assume a
responsabilidade de muitas tarefas domésticas.

O Executivo reconhece o papel determinante que os Governos Provinciais e as


Administrações Municipais desempenham na generalização da prática
desportiva.

Pelas razões apresentadas, as administrações locais encontram-se numa


posição privilegiada para, no seu território, promoverem a generalização da
prática desportiva, pois através de uma boa gestão urbanística e uma vez que
cobre todo o território, e na proximidade da residência, poderem garantir o
acesso de toda a população à prática desportiva. Sendo entidades públicas, têm
por missão apoia toda a comunidade e não apenas um determinado grupo.

Considerando que os especialistas recomendam que a população adulta


dedique o período de uma hora diária à prática da actividade física com uma
regularidade de pelo menos 2 dias por semana foram estabelecidas metas
quantitativas para a generalização da prática de actividades físicas e

83
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

desportivas. As metas ambicionam, pelo menos, 15% da população adulta


ajuste a sua prática a este padrão mínimo.

Praticantes 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-+ Tota Metas
(Mil pessoas) l (15 %)
Masculino 2015 1000 824 674 542 426 344 277 214 160 246 4707 706,1
Feminino 2015 1016 846 689 552 436 360 299 240 185 304 4927 739,1
963
Total 2015 2016 1670 1363 1094 862 704 576 454 345 550 4 1445,2
Masculino 2020 1204 974 798 649 519 404 322 255 191 299 5615 842,3
Feminino 2020 1212 994 822 665 530 418 342 281 219 369 5852 877,8
114
Total 2020 2416 1968 1620 1314 1049 822 664 536 410 668 67 1720,1
Masculino 2025 1425 1170 943 769 621 492 378 297 228 364 6687 1003,1
Feminino 2025 1427 1184 966 793 637 506 397 321 258 448 6937 1040,6
136
Total 2025 2852 2354 1909 1562 1258 998 775 618 486 812 24 2043,7
Fonte: Estimativas baseadas nas projecções das Nações Unidas para Angola com repartição e
ajustamento realizado com os dados do IBEP (INE-Angola)

A decomposição provincial conduz-nos a metas indicativas por província


apresentadas no quadro seguinte. Estas metas, em conformidade com os
recursos disponíveis, são objecto de validação, negociação e ajustamento com
os Governos Provinciais e as Administrações Municipais.

2015 2020 2025


Praticantes 20 Ou (+) 20 Ou (+) 20 Ou (+)
(Mil pessoas) Anos Anos Anos
Cabinda Masculino 16,7 20,0 23,9
Feminino 17,6 20,9 24,7
Zaire Masculino 13,6 16,3 19,4
Feminino 14,5 17,2 20,3
Uíge Masculino 36,9 44,0 52,4
Feminino 38,9 46,1 54,7
Luanda Masculino 217,6 259,7 309,1
Feminino 225,3 267,7 317,3
Kwanza Masculino 13,8 16,4 19,6
Norte Feminino 14,5 17,2 20,4
Kwanza Sul Masculino 41,2 49,1 58,4
Feminino 42,9 51,0 60,6
Malanje Masculino 25,1 30,0 35,7
Feminino 26,5 31,4 37,3
Lunda Norte Masculino 27,7 32,9 39,2
Feminino 29,0 34,4 40,9
Benguela Masculino 70,3 83,7 99,7
Feminino 73,9 87,7 103,9

84
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

2015 2020 2025


Praticantes 20 Ou (+) 20 Ou (+) 20 Ou (+)
(Mil pessoas) Anos Anos Anos
Huambo Masculino 51,2 61,1 72,8
Feminino 54,2 64,4 76,3
Bié Masculino 36,2 43,2 51,5
Feminino 38,2 45,3 53,7
Moxico Masculino 18,4 21,9 26,0
Feminino 19,3 22,9 27,2
Kuando Masculino 13,6 16,3 19,3
Kubango Feminino 14,3 17,0 20,2
Namibe Masculino 13,1 15,6 18,5
Feminino 13,6 16,2 19,2
Huíla Masculino 67,3 80,3 95,6
Feminino 70,7 84,1 99,6
Cunene Masculino 19,4 23,2 27,7
Feminino 20,3 24,1 28,6
Lunda Sul Masculino 11,5 13,7 16,4
Feminino 12,1 14,4 17,0
Bengo Masculino 12,6 15,0 17,9
Feminino 13,4 16,0 18,9
Fonte: Estimativas baseadas nas projecções das Nações Unidas para Angola com repartição e
ajustamento realizado com os dados do IBEP (INE-Angola)

Para o desenvolvimento do Desporto de Recreação devem ser proporcionados


apoios, função da qualidade dos projectos apresentados, no quadro dos
Programas de Desenvolvimento do Desporto a nível provincial e municipal.

V Desporto de Rendimento

O desenvolvimento do Desporto de Rendimento é da competência das


Federações Nacionais e dos Clubes filiados.

O Desporto de Rendimento está vocacionado para os atletas que pretendem


atingir níveis elevados de desempenho só possíveis com grande esforço,
dedicação, talento e constante aperfeiçoamento. A representação do país em
competições internacionais é assegurada por praticantes com desempenho
execepcional designados por atletas de alto rendimento ou de alta competição.

Cada Federação Desportiva é responsável pela elaboração dos seus programas


de desenvolvimento, a médio prazo, do Desporto de Rendimento da sua
modalidade em todas as vertentes, género masculino e feminino, todos

85
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

escalões etários, bem como do desporto adaptado. O desenvolvimento do


Desporto de Rendimento pressupõe:

 A organização de um quadro competitivo nacional exigente para o desporto


rendimento em três vertentes: em volume, em regularidade e em qualidade.
Pretende-se um quadro competitivo com os praticantes a participarem num
número elevado de competições, durante todo o ano e com níveis de
desempenho elevados.

 A participação regular em competições internacionais para os atletas de alta


competição visando o aperfeiçoamento e aferição das suas performances
desportivas. Por isso, a organização, para efeitos de preparação, de circuitos
de competição internacionais personalizados de acordo com os objectivos de
cada atleta de alto rendimento é uma das atribuições fundamentais da Rede
de Rendimento.

Assume-se a meta da classificação nos 5 primeiros lugares dos Jogos Africanos


de 2023 como pressuposto para uma participação condigna do país nos Jogos
Olímpicos de 2024. Esta meta é exequível tendo em conta o perfil da população
(dimensão e juventude) e o nível de desenvolvimento económico do país (PIB
per capita).

Para o desenvolvimento do desporto de rendimento, as Federações devem


reunir duas condições essenciais:

 Alargar a base de atletas federados;

 Assegurar uma logística de treino e competição adequada.

Assumindo um cenário moderado de 3,5% da População Angolana a praticar


Desporto de Rendimento calcula-se que, em 2020, haverá mais de 800 mil
atletas no Desporto de Rendimento. Trata-se de um cenário moderado que não
considera o contributo do Desporto na Escola na detecção de talentos.

86
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

População Desporto de Desporto de Alto


(milhões de Rendimento Rendimento
pessoas) (mil pessoas) (unidades)
Masculino 2015 10,831 379,1 75,8
Feminino 2015 11,012 385,4 77,1
Total 2015 21,843 764,5 152,9
Masculino 2020 12,299 430,5 86,1
Feminino 2020 12,482 436,9 87,4
Total 2020 24,781 867,3 173,5
Masculino 2025 13,791 482,7 96,5
Feminino 2025 13,976 489,2 97,8
Total 2025 27,767 971,8 194,4
Fonte: Estimativas baseadas nas projecções das Nações Unidas para Angola com
repartição e ajustamento realizado com os dados do IBEP (INE-Angola)

Colocando um cenário moderado de 2 (dois) atletas de alto rendimento por


cada 1000 atletas de rendimento teremos mais de 170 (173,5) atletas de alto
rendimento (alta competição) em 2020. Este cenário perspectiva, para o futuro,
um crescimento significativo das representações olímpicas nacionais.

As maiores dificuldades na realização destas metas encontram-se na fragilidade


da organização desportiva, na ausência de um quadro exigente de competições
a nível nacional, na escassez de técnicos, na ausência de infra-estruturas, na
necessidade de uma participação regular em competições internacionais e,
também, nas dificuldades de financiamento. É indispensável, para se
ultrapassarem as fragilidades actuais, capacidade de liderança e de organização
das Federações.

A selecção das modalidades de referência atrás referidas é indispensável para o


impulso inicial na reorganização das modalidades desportivas. Este processo,
para ser efectivo, tem de ser acompanhado, no âmbito dos contratos
programas, pela avaliação da consistência dos programas destas federações e
do seu contributo para a realização das metas nacionais.

87
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

VI Participação da Mulher no Desporto

Um verdadeiro desenvolvimento do desporto presume uma grande participação


da mulher na prática desportiva. A participação da mulher no desporto não só
contribui para a melhoria da sua saúde como ainda mobiliza os filhos, a família
e a comunidade para a prática desportiva.

Os resultados alcançados nas melhores práticas internacionais não são muito


animadores. Existem costumes instituídos e hábitos consolidados cuja alteração
é muito lenta e não se resolvem apenas com decisões políticas, nem através de
simples actos legislativos.

Em países com boas práticas em termos de igualdade de género verifica-se que


em cada cinco atletas apenas um atleta é do sexo feminino. Assim, este grupo
apresenta um enorme potencial de crescimento se lhe forem proporcionadas
condições adequadas para conciliar a prática desportiva com as suas
responsabilidades sociais e familiares.

A orientação estratégica de aumentar a participação feminina em todos os


níveis do desporto desempenha um papel decisivo quer para a correcção das
desigualdades de género quer para as ambições futuras do país.

Foram assim, consagradas em todas as medidas o propósito de assegurar uma


representação mais equilibrada do género, isto é, quer na prática desportiva
quer no número de profissionais que orientam o desporto e a educação física.

Em particular, o Governo estimula uma política onde a mulher venha a assumir


a direcção do treino das equipas nacionais de elite.

Ainda que os resultados não sejam imediatos a sua importância mais do que
simbólica, é determinante para promover a mudança de mentalidades e para
mobilizar a comunidade para a prática desportiva.

Contudo, existem dois pontos centrais para que da estratégia de


desenvolvimento do desporto contribua para uma maior participação das
mulheres no desporto:

a) A Rede do Desporto na Escola e na Universidade, dado o papel que a escola


e a Universidade desempenham na mudança de mentalidades e na criação
de hábitos que, muitas vezes, perduram pela vida fora.

88
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

b) A ênfase na Rede do Desporto Comunitário que facilita a conciliação da


prática desportiva com as responsabilidades familiares e domésticas. Esta é
uma opção crucial porque ainda existem muitas mulheres donas de casa e
sem actividade profissional formal mas com uma forte inserção na
comunidade.

Para facilitar a prática desportiva das mulheres é determinante uma repartição


mais igualitária das responsabilidades familiares e domésticas, pois o êxito
desportivo só será conseguido com a cooperação e empenho de todos os
sectores sociais.

Com uma participação maior das mulheres na prática desportiva assegura-se,


pelo papel educador que as mães desempenham no seio da família, que as
novas gerações venham a ter uma maior participação na prática desportiva.

VII Desporto para Pessoas com Deficiência

O apoio ao desporto para as pessoas com deficiência e a sua promoção está a


cargo exclusivo do Comité Paralímpico. O envolvimento das Federações
Desportivas no desenvolvimento do desporto adaptado tem sido praticamente
inexistente quer ao nível do desporto de rendimento quer ao nível do desporto
de recreação.

O executivo, sem ignorar os aspectos específicos do desporto adaptado,


estabeleceu a orientação de que todas as federações ao apresentarem os seus
programas de desenvolvimento devem também incluir as linhas de
desenvolvimento do desporto adaptado e, em particular, as linhas de
articulação com o Comité Paralímpico.

Este propósito assegurara passos consistentes para que no final do actual ciclo
olímpico, pelo menos as modalidades de referência, apresentem planos
estruturados para o desenvolvimento do desporto adaptado.

O desporto adaptado possui várias dificuldades específicas, nomeadamente:

 Grande carência de informação sobre a população com deficiência;

89
SECTOR DESPORTIVO
PRÁTICA DESPORTIVA

 A promoção do desporto adaptado exige uma logística especializada em


termos de transporte, próteses (ou outras ajudas técnicas), cadeiras de
rodas, canadianas, e nas características dos recintos desportivos. A
articulação de esforços no plano operacional com o Comité Paralímpico é um
capital que não pode ser ignorado.

 Pelas razões expostas, o esforço financeiro para promover o desporto


adaptado é consideravelmente maior.

 No entanto, a experiência tem comprovado que os benefícios pessoais e


sociais compensam largamente este esforço, que devido à inerente inclusão
social e reforço da autonomia da pessoa portadora de deficiência.

Assim, para além do empenho solicitado às federações nacionais, torna-se


necessário articular as acções, partilhar a visão e promover a concertação entre
as federações e o Comité Paralímpico Angolano.

90
SECTOR DESPORTIVO
CONCERTAÇÃO DE VONTADES

11
EIXO: CONCERTAÇÃO DE VONTADES

Objectivos

 Preconiza-se a concertação de vontades como forma de:


Formar a vontade desportiva com a participação das redes desportivas

Participação de patrocinadores na execução da política desportiva


Objectivos

 Realizar compromissos com as Redes Desportivas

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO DE INFRA-


MONITORIZAÇÃO ESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

91
SECTOR DESPORTIVO
CONCERTAÇÃO DE VONTADES

MEDIDA 14:
CONSELHO SUPERIOR
DO DESPORTO

9 CONCERTAÇÃO DE
VONTADES

17. Medida 14: Conselho Superior do Desporto

 ST (Forças; Ameaças)

Medida 14: Conselho Superior do Desporto


(Desenvolvimento em Parceria/Concertação)
Exposição

Forças: Dimensão e vontade das redes desportivas e dos patrocinadores


institucionais
Ameaça: Não-alinhamento (sintonia) de Vontades (Políticas)

Um dos aspectos que caracteriza o Sistema Desportivo em quase todo o mundo


é o peso elevado das Federações Nacionais, Associações Provinciais, Clubes,
Comités Olímpico e Paralímpico organizados em Rede gozando de elevada
autonomia em relação ao Estado.

Desse facto, a política desportiva, é no geral, realizada com a colaboração das


associações desportivas, quer para a organização das competições do Desporto
de Rendimento, quer na estruturação das selecções nacionais.

A política desportiva, ao contrário da política educativa, que se executa com


escolas, ou da política de saúde, que se executa com hospitais, necessita de
uma grande concertação com as Redes Desportivas que se organizam através
de Federações que dinamizam o Desporto.

92
SECTOR DESPORTIVO
CONCERTAÇÃO DE VONTADES

Assim, muitos países adoptaram o Conselho Superior do Desporto (ou


organismos análogos) vocacionado para a Concertação de Vontades entre o
Estado, as Federações Desportivas, Patrocinadores e outros interessados no
desporto.

O Executivo através do Conselho Superior do Desporto toma conhecimento dos


problemas, planos e expectativas das Federações e tem a possibilidade de
concertar o interesse público com os interesses das Redes Desportivas.

Por razões operacionais o Conselho Superior de Desporto pode constituir


grupos de trabalho de âmbito mais restrito.

O Conselho Superior do Desporto é sobretudo uma sede e um instrumento


onde se alinham os programas da Rede Desportiva com a política do Executivo.
O Conselho Superior do Desporto deve ter uma composição representativa do
Sector Desportivo e, em particular, das Redes do Desporto de Rendimento, do
Desporto na Escola e Universitário e do Desporto Comunitário.

No Conselho devem ainda participar os patrocinadores institucionais a fim de


tomarem conhecimento da política desportiva, tendo em vista a viabilização de
meios financeiros para o desenvolvimento desportivo.

Para efeitos da fundamentação da política desportiva, o Conselho Superior do


Desporto conta com os Conselhos Provinciais do Desporto que desempenham
funções de órgãos consultivos dos respectivos Governadores. A composição dos
Conselhos Provinciais do Desporto deve assegurar a representação social da
comunidade, em particular, dirigentes e técnicos desportivos, atletas,
professores e associações de pais, empresas patrocinadoras, e técnicos de
saúde.

Paralelamente, o Conselho Superior do Desporto deve contar com apoio técnico


especializado, quer para a realização de estudos, quer para fundamentar as
decisões de Política Desportiva. Este apoio técnico especializado deve assegurar
ao Conselho informação sobre a evolução: do Desporto de Rendimento, do
Desporto na Escola e Universitário, do Desporto Comunitário e da Gestão de
Infra-estruturas.

O Conselho Superior do Desporto coordena também a Promoção do Desporto.


A Promoção está orientada para a adesão do cidadão ao desporto e assenta em
quatro vectores: o vector desportivo, o vector institucional, o vector diplomático
e o vector urbanístico/comunitário.

93
SECTOR DESPORTIVO
CONCERTAÇÃO DE VONTADES

O vector desportivo deve ser promovido através da experiência desportiva. O


vector institucional deve comunicar uma visão positiva do desporto reforçando
os seus benefícios e os seus êxitos. O vector diplomático deve prestigiar a
representação desportiva nacional e os seus resultados. O vector
urbanístico/comunitário deve colocar a prática desportiva na proximidade dos
praticantes.

De entre outras entidades, deverão ser estar representados no Conselho


Superior do Desporto:

 O Governo;
 O Comité Olímpico Angolano;
 O Comité Paralímpico Angolano;
 As Federações Nacionais;
 A organização do Desporto das Forças de Defesa e Segurança;
 A organização do Desporto na Escola;
 A organização do Desporto na Comunidade;
 Os Governos Provinciais;
 A organização dos Voluntários;
 A organização de Treinadores;
 A organização dos Atletas;
 As Universidades que leccionam o curso de Educação Física e Desportos;
 A comunicação social especializada;
 Os patrocinadores do desporto.

Idêntico mecanismo de concertação deve ser estabelecido ao nível de cada uma


das províncias do país para garantir que a representatividade seja também a
resultante da vontade da rede desportiva ao nível local.

EIXO ESTRATÉGICO – CONCERTAÇÃO DE VONTADES


MEDIDA 14 – CONSELHO SUPERIOR DO DESPORTO

O Conselho Superior do Desporto é o órgão consultivo que apoia o Executivo


na Concertação da Política Desportiva e na Promoção do Desporto.

A composição do Conselho Superior do Desporto deve ser revista para garantir


a representatividade das Redes Desportivas, dos Patrocinadores e de outros
interessados.

94
SECTOR DESPORTIVO
SUPERVISÃO E MONITORIZAÇÃO

12
EIXO: SUPERVISÃO E MONITORIZAÇÃO

Objectivos

 A supervisão e monitorização pretende:


Objectivos

 Garantir o cumprimento dos Contratos Programa.

 Assegurar informação actualizada do Sistema Desportivo.

1 PLANEAMENTO

10 SUPERVISÃO E 2 GESTÃO DE INFRA-


MONITORIZAÇÃO ESTRUTURAS

9 CONCERTAÇÃO DE
3 FORMAÇÃO
VONTADES

DESENVOLVIMENTO
DO DESPORTO
(EIXOS)

8 REDES
4 SAÚDE DESPORTIVA
DESPORTIVAS

7 DESENVOLVIMENTO 5 EXCELÊNCIA
DE ACTIVIDADES DESPORTIVA

6 FINANCIAMENTO

95
SECTOR DESPORTIVO
SUPERVISÃO E MONITORIZAÇÃO

MEDIDA 15:
SUPERVISÃO E
MONITORIZAÇÃO

10 SUPERVISÃO E
MONITORIZAÇÃO

18. Medida 15: Supervisão e Monitorização

 ST (Forças; Ameaças)

Medida 15: Supervisão e Monitorização


(Desenvolvimento em Parceria)
Exposição
Forças: Existência de um órgão de supervisão no Departamento Ministerial da
Juventude e Desportos.
Ameaça: Cumprimento deficiente (ou incumprimento) dos programas e/ou
contratos

A capacidade de supervisão e monitorização das acções previamente definidas


constitui o ponto central de uma política desenvolvida através de parcerias. A
execução da Política Desportiva é realizada com apoios do Executivo e com o
compromisso das Redes Desportivas, acordados em Contratos-Programa.

O Executivo, através dos órgãos competentes deve estabelecer os mecanismos


de supervisão e monitorização do cumprimento desses Contratos assim como
de outras obrigações conexas.

A monitorização estabelece a obrigação de, regularmente as Redes Desportivas


apresentarem informação da actividade desportiva, informação financeira e
informação sobre o acompanhamento dos programas.

96
SECTOR DESPORTIVO
SUPERVISÃO E MONITORIZAÇÃO

Aos órgãos competentes do Executivo cabe solicitar, organizar e analisar a


informação financeira, desportiva e as estatísticas do desporto, como suporte
fundamental para o conhecimento e monitorização da actividade desportiva.

EIXO ESTRATÉGICO – SUPERVISÃO E MONITORIZAÇÃO


MEDIDA 15 – SUPERVISÃO E MONITORIZAÇÃO

O Ministério da Juventude e Desportos é o departamento ministerial


responsável pela supervisão e monitorização das Redes Desportivas e Gestão
das Infra-estruturas.

97
SECTOR DESPORTIVO
QUADRO RESUMO

QUADRO ESTRATÉGICO - RESUMO

Assunto Ideias-Chaves

Objectivos:

1 - Generalização da Prática Desportiva


2 - Melhores Resultados no Desporto de Rendimento

Instrumentos:
 Estratégia Desportiva
Política Desportiva  Modelo de Financiamento
 Desenvolvimento  Plano de Formação
(estruturação)
Estruturação:
 Eixos Estratégicos
 Organização e Concertação
 Financiamento
 Formação
 Enquadramento Jurídico

1 -
Regulamentação da Actividade Desportiva
2 -
Provisão de Infra-estruturas e Condições
3 -
Relações entre Instituições Desportivas
Política Desportiva
4 -
Igualdade de Oportunidades, nomeadamente
 Responsabilidades do
 Para o Género Feminino
Estado
 Para a Pessoa com Deficiência
5 - Representação Nacional

As características do sector desportivo exigem a


estruturação de uma estratégia colectiva, isto é, nacional e
não apenas do Estado.

A Concertação é o ponto de partida da estratégia desportiva


Política Desportiva da qual decorrem as fases seguintes:
 Concertação
(1) Negociação;
(2) Contratualização;
(3) Atribuição de Apoios e Estímulos;
(4) Informação e Avaliação;

98
SECTOR DESPORTIVO
QUADRO RESUMO

Assunto Ideias-Chaves

As Redes Desportivas são organizadoras da prática


Política Desportiva desportiva. Por isso, o Executivo atribui os apoios (1) às
 Redes Desportivas Redes Desportivas e (2) para a Organização de Quadros
Competitivos.

Concertação com as Redes Desportivas: Escolar,


Comunitária, das Forças de Defesa e Segurança e de
Rendimento. A justiça na atribuição de apoios é um ponto
sensível na concertação.

Promoção do Desporto através da divulgação dos seus


Eixos Estratégicos e
benefícios intrínsecos (para a saúde) e extrínsecos (apoios
Medidas
públicos).

Identificação dos eixos estruturantes que criam condições


para que as redes possam realizar as suas actividades.
Desenvolvimento de Medidas para assegurar condições para
o desenvolvimento da prática desportiva

Medida 1- Carta Desportiva é a chave para o Planeamento


do desporto quer para a programação de actividades quer
para a racionalização de investimentos.
Planeamento Do
desporto Medida 2- As Infra-estruturas Desportivas serão objecto de
uma Carteira Sectorial de Projectos de Investimento para
racionalizar o investimento e assegurar a sua rentabilização.

Medida 3 – A gestão das infra-estruturas deverá ser


entregue a uma Entidade Gestora de Infra-estruturas para
Gestão de Infra-
garantir a sua conservação e um eficaz planeamento de
estruturas Desportivas
actividades.

Medida 4 – A instituição do Mecanismo de Coordenação da


Formação de Quadros Desportivos é indispensável para
assegurar liderança técnica das actividades desportivas
Formação Desportiva (serão necessários cerca de 20 mil professores de educação
física e técnicos desportivos de especialidades diversas em
2024).

99
SECTOR DESPORTIVO
QUADRO RESUMO

Assunto Ideias-Chaves

A coordenação entre as Instituições de Ensino Médio, as


Instituições do Ensino Superior e a Formação Profissional,
por um lado, e as Redes Desportivas, por outro lado, é
essencial para o sucesso do processo de formação de
Quadros para o Sistema Desportivo Angolano. Pretende-se
que os Quadros formados respondam às necessidades
sentidas pelo Sistema.

Medida 5 – A Criação do Instituto de Medicina do Desporto


é indispensável para assegurar, segundo os padrões
internacionais, que a prática desportiva não coloque em
causa a saúde dos praticantes.

Medida 6 – A criação de uma Autoridade Antidopagem,


Saúde Desportiva
segundo os padrões internacionais, é indispensável (1) para
assegurar a defesa da saúde dos desportistas; (2) para
salvaguardar o jogo limpo e (3) para garantir o futuro do
desporto salutar.

Medida 7 – O apoio à construção de Centros de Alto


Rendimento é fundamental para que os praticantes possam
Excelência Desportiva realizar prestações de excelência.

Medida 8 – O estímulo ao autofinanciamento e à


arrecadação de Receitas Próprias visa garantir a viabilidade
económica às entidades com utilidade pública desportiva.

Medida 9 – O regime de benefícios fiscais concedidos aos


doadores deve ser amplamente divulgado e compreendido
para aumentar as receitas de Mecenato, Patrocínio e
Financiamento
Publicidade.

Medida 10 – O enquadramento legal para o Voluntariado


desportivo deve assegurar algumas compensações de modo
a evitar a sobrecarga económica dos voluntários.

100
SECTOR DESPORTIVO
QUADRO RESUMO

Assunto Ideias-Chaves

Os benefícios fiscais e outros estímulos são habitualmente


usados para promover o mecenato, o patrocínio desportivo
e o voluntariado.

Medida 11 – O reforço da capacidade institucional do


Fundo de Apoio à Juventude e Desportos visa capacitar o
Sistema Desportivo para obter financiamento para o
Desporto sem onerar o Orçamento Geral do Estado, isto é,
através de doações para programas estratégicos.

Medida 12 – O apoio às Redes Desportivas para


desenvolvimento das actividades será concedido através de
Contratos Programas mediante a prévia: (1) apresentação
Desenvolvimento de do programa; (2) sua avaliação em conformidade com os
Actividades objectivos nacionais; (3) negociação e (4) contratualização
e concessão dos apoios.

Medida 13 – O apoio às Redes Desportivas será orientado


para o desenvolvimento de actividades e, em especial, para
Redes Desportivas a organização de quadros competitivos do desporto de
rendimento e de recreação.

Medida 14 – O Conselho Superior do Desporto será o


órgão de concertação de vontades representativo das Redes
Concertação de Desportivas, Patrocinadores e de outros interessados. O
Vontades Conselho Superior do Desporto apoia o Executivo na
definição da Política Desportiva e na Promoção do Desporto.

Medida 15 – A Supervisão e Monitorização da Estratégia é


indispensável para o seu sucesso na medida em que zela
Supervisão e
pelo seu cumprimento. Esta função será assegurada pelo
Monitorização
Ministério da Juventude e Desportos.

101

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