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Volume2
TEMAS EM EDUCAÇÃO
Olhares Interdisciplinares, Reflexões e Saberes – Vol. 2
AVALIAÇÃO, PARECER E REVISÃO POR PARES
Os textos que compõem esta obra foram avaliados por pares e indicados para publicação.
Recurso digital.
Formato: e-book
Acesso em www.editorabagai.com.br
ISBN: 978-65-5368-186-6
https://doi.org/10.37008/978-65-5368-186-6.01.02.23
R
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Cleber Bianchessi
Organizador
TEMAS EM EDUCAÇÃO
Olhares Interdisciplinares, Reflexões e Saberes – Vol. 2
1.ª Edição - Copyright© 2023 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Bagai.
O conteúdo de cada capítulo é de inteira e exclusiva responsabilidade do(s) seu(s) respectivo(s) autor(es). As normas ortográficas, questões
gramaticais, sistema de citações e referencial bibliográfico são prerrogativas de cada autor(es).
A presente obra reúne e abarca capítulos que abordam diversos temas edu-
cacionais e interdisciplinares com as diversas áreas do conhecimento e níveis de
escolaridade. Deste modo, integram os conhecimentos que contribuem esclarecer e
orientar, de modo aprofundado, os recursos de aperfeiçoamento tão necessários para
auxiliar no processo de ensino e aprendizagem tanto para os profissionais evolvidos
ou interessados em Educação. Assim, entende-se que a interdisciplinaridade é um
instrumento fundamental para promover a atuação conjunta de diversos campos do
saber, especialmente frutífero quando são aplicados na vivência escolar ou fora dela para
a construção dos conhecimentos e na obtenção dos resultados educacionais esperados.
Destarte, o primeiro capítulo expressa reflexões necessárias para compreender o
contexto atual e usufruir dos benefícios oriundos dos avanços tecnológicos em prol do
ensino. Na sequência, o segundo capítulo reflete a importância da utilização do Diário
de Bordo enquanto ferramenta interativa e de aprendizagem disposta em tecnologia
digital. Por sua vez, o terceiro capítulo apresenta uma revisão de literatura a partir
de estudos que discorrem sobre o uso das tecnologias digitais no contexto do ensino
médico com ênfase no game Kahoot®. O quarto capítulo, na sequência, por meio de
uma revisão de literatura e de análise documental, contextualiza o processo de está-
gio resultante de um sistema globalizado, neoliberal e voltado à uma visão da gestão
empresarial. No que lhe concerne, o quinto capítulo analisa as práticas pedagógicas
no ensino remoto e no retorno ao ensino presencial sob olhar de uma professora e dos
alunos pelos aspectos teóricos, metodológicos e epistemológicos.
Em continuidade, o sexto capítulo apresenta uma revisão sistemática
das experiências de interlocução entre filosofia e literatura como abordagem
didática. Por sua parte, o sétimo capítulo demonstra os rastros de memória na
sociedade parisiense a partir da participação ativa de homens e mulheres nos luga-
res de recreação, estudos e debates. Em continuidade, o oitavo capítulo analisa a
formação pedagógica no ensino superior e o nono capítulo destaca as normativas
curriculares e uma visão histórico-cultural para pensar as necessidades atuais da
educação física escolar.
Em prosseguimento, o décimo capítulo apresenta algumas reflexões acerca
das competências e habilidades desenvolvidas pelos alunos em relação à resolução
de problemas envolvendo a unidade temática “números” de acordo com a BNCC.
O décimo primeiro capítulo discorre sobre o uso das tecnologias no funcionamento
do Laboratório Morfofuncional no processo de ensino/aprendizagem para os
conteúdos de anatomia, histologia e patologia enquanto décimo segundo capítulo
identifica e analisa as influências de uma escritora na literatura e na política e como
essas representações influenciam na educação.
Isto posto, o décimo terceiro capítulo oportuniza refletir sobre as mudanças
de atitudes e comportamentos para inclusão de mulheres, negros e idosos diante do
estigma social em saúde mental. Já o décimo quarto capítulo expõe uma proposta
adventista para a promoção do estilo de vida e promoção da saúde e o décimo
quinto capítulo enfatiza a mediação da literatura indígena em sala de aula.
Em seguimento, o décimo sexto capítulo proporciona reflexões e perspecti-
vas dos adolescentes sobre o uso das redes sociais e suas implicações para a saúde
mental e o décimo sétimo capítulo destaca a educação psicomotora no processo
de aprendizagem infantil. Na sequência, o décimo oitavo capítulo apresenta uma
proposta de plano de aula com contos africanos e afro-brasileiros e o décimo nono
capítulo ressalta o atlas digital como ferramenta pedagógica.
Sendo assim, o vigésimo capítulo propõe algumas reflexões sobre o cinema novo.
Em prosseguimento, o vigésimo primeiro capítulo aponta aspectos sociais e culturais
refletidos nas denominações dos trabalhadores que se encontram em luta pela posse
de terras e o vigésimo segundo capítulo valoriza a formação de professores na edu-
cação a distância. O vigésimo terceiro capítulo, em síntese, ressalta o juiz boca da lei
- interpretação judicial do magistrado trabalhista após a lei 13.467/2017 e a tarifação
do dano moral, o vigésimo quarto capítulo oportuniza uma reflexão acerca da biogeo-
grafia e a metodologia de ensino de geografia, o vigésimo quinto capítulo averigua a
possibilidade das práticas integrativas e complementares sob a ótica da enfermagem
para ampliar o cuidado no SUS enquanto o vigésimo sexto capítulo expressa reflexões
sobre o impacto do isolamento social na saúde mental dos adolescentes.
Na sequência, vigésimo sétimo capítulo reflete os impactos da pandemia
com subjetividade na educação pela ótica dos trabalhadores uma fábrica e, por sua
vez, o vigésimo oitavo capítulo destaca o controle da qualidade têxtil com aspectos
subjetivos educacionais. Na sequência, o vigésimo nono capítulo salienta o uso de
textos líricos em sala de aula e o trigésimo capítulo descreve saberes educacionais
por meio prática pedagógica contextualizada.
Em continuidade, o trigésimo primeiro capítulo manifesta a importância
do uso de jogos didáticos digitais e físicos no ensino de ecologia. No que lhe con-
cerne, o trigésimo segundo capítulo destaca a importância da educação não sexista
e antirracista como mecanismos de enfretamento à violência contra meninas e
mulheres, o trigésimo terceiro capítulo analisa as cinco pedagogias de Paulo Freire
enquanto reflexões para esperançar a educação e, por fim, o trigésimo quarto capí-
tulo ressalta o perfil de docentes e os desafios na alfabetização e letramento digital.
Em face do exposto, esta obra tem como premissa um novo olhar sobre os
diversos temas em educação relacionadas com as diversas áreas do conhecimento.
Propõe uma mudança de atitude na construção do conhecimento, ou seja, esta-
belece uma aprendizagem integral e interdisciplinar rompendo com os limites
das disciplinas e fazendo com que os sujeitos compreendam a aplicabilidade dos
conteúdos em diferentes contextos da sociedade, estabelecendo um vínculo com a
realidade, ultrapassando uma abordagem puramente teórica e reducionista. Enfim,
a obra é um convite ao pensamento reflexivo, abrangente e contextual em torno
da necessidade real de análise dos diversos temas e aspectos educacionais.
Equipe editorial
SUMÁRIO
OS MEANDROS DO PERCURSO
1
Doutorado em Educação (PUC-Rio). Professora Adjunta IV (UEPA). CV: http://lattes.cnpq.br/6566132028659762
9
variadas fontes e o uso recursos tecnológicos; o modo de aprender, com a inserção
das novas tecnologias no espaço escolar, foi modificado, tanto na forma de acesso
ao conhecimento, bem como a maneira de compartilhá-lo.
A sociedade atual exige uma abordagem diferente da educação, na qual o
componente tecnológico não pode ser ignorado, afinal o grande e intenso aumento
da veiculação das informações no âmbito educacional suscita a inclusão de recursos
de aprendizagem inovadores, que promovam desafios e novas oportunidades. Nessa
perspectiva, o fácil acesso à informação induz a ressignificação da organização do
trabalho escolar, tornando imprescindível a especialização dos saberes, a colabo-
ração transdisciplinar e interdisciplinar e a consideração do conhecimento como
um valor precioso, de grande utilidade na vida social.
Nesta perspectiva e face às novas tecnologias, é renovado o paradigma edu-
cacional, bem como as posturas do professor e do aluno, no âmbito da interação
social e da mediação da aprendizagem pelo professor, da criação de ambientes
de aprendizagem centrados na atividade dos alunos e no desenvolvimento de um
espírito de colaboração e de autonomia nos alunos.
No contexto atual, torna-se necessário superar o tradicionalismo que ainda
permeia o paradigma educacional, embora sejam reconhecidas as presenças mar-
cantes da tecnologia na educação. Tais presenças são ratificadas pela utilização
de meios tecnológicos nas metodologias de ensino, que s entrelaçados propiciam
a adoção de processos de aprendizagem mais dinâmicos e eficientes, viabilizados
pela “digitalização” da comunicação, informação e comportamentos dos atores do
processo. Assim, o trabalho realizado teve como objeto de estudo o processo de ensino,
objetivando um refletir sobre a renovação dele, no contexto das práxis pedagógicas
mediadas pelos recursos tecnológicos.
Mas, abordar uma temática que envolva professor, ensino e tecnologia requer,
primeiramente, o reconhecimento da importância da informação, além de um retroagir
no tempo, para buscar a compreensão dos sentidos dos termos, que, juntos, constituem
o foco temático para, assim evitar o pensamento de que o envolvimento do professor
com as tecnologias é marca inconteste e única da sociedade atual, sem considerar o
fato de que, tempos atrás, as inovações também existiram, tendo-se como exemplos
delas, a escrita e a imprensa.
Dados estruturados, organizados, processados e inseridos em um determinado
contexto, são denominados de informações, ou de forma mais ampla, conhecimentos
existentes sobre um assunto, relevantes e úteis para os interessados. Os dados são
representados por fatos e quantitativos relativos a seres e coisas existentes dentro
e fora do contexto social, os quais, ao serem entendidos configuram-se em conhe-
cimento, saber. Nesta perspectiva, informação significa dados processados sobre
algo ou alguém, enquanto o conhecimento refere-se a informações úteis obtidas
10
via aprendizagem ou pelas experiências vivenciadas. A relação entre informação e
conhecimento encontra-se representada na figura a seguir:
Fonte: a autora
O termo tecnologia tem sua origem sediada no grego antigo, derivado da asso-
ciação de τέχνη (techné = arte, ofício e saber fazer) com λογία (logia = estudo), a qual
assume o significado de “o conjunto de técnicas, habilidades, métodos processos
usados na produção de bens ou serviços ou na realização de objetivos, tal como em
investigações científicas”. Nos “primeiros tempos” seu significado esteve envolvido
com a descoberta do fogo, a invenção da roda, a escrita, a prensa móvel, bem como
as invenções que possibilitaram a criação de armas e a expansão marítima.
Com o passar dos tempos, tal significado evoluiu e, atualmente, atrelado ao uso do
computador, da internet, ou de um outro conjunto de diversos dispositivos eletroeletrô-
nicos, passou a ser compreendido como conhecimento técnico e científico. Na verdade,
as tecnologias existiram no ontem e existem no hoje, pois representam o resultado
do desenvolvimento dos seres humanos, o qual tem seus efeitos repercutidos no
meio social, suscitando transformações na vida humana.
Nas sociedades antigas, as funções do ensinar e aprender já eram vivenciadas
por muitos, apesar de não existirem instituições escolares, tais como as conhecidas
atualmente. Havia pessoas responsáveis pelo ensinamento de habilidades especí-
ficas, sejam elas físicas ou intelectuais, àqueles que delas precisavam. Na época, a
oralidade, aliada a outros processos comunicacionais era predominante na trans-
missão de fatos importantes para as gerações vindouras. Nessa situação contextual,
emerge a figura do professor, assumindo o encargo e a responsabilidade de ensinar
e, consequentemente, contribuir para a formação do cidadão.
Tal contexto, motivou a realização de uma pesquisa bibliográfica, funda-
mentada nas ideias de autores como Garcia et al. (2011), Kubata et al. (2012),
Lapa e Pretto (2010), Mercado (1998), Rojo (2013) e Teles et al. (2018), os quais
discutem a inserção das tecnologia no espaço escolar, a formação e práxis docente
na era digital, o letramento e a educação a distância, considerando a pertinência
de investigar sobre a contribuição da tecnologia e da práxis pedagógica para o
processo de ensino-aprendizagem.
O capítulo foi estruturado em três tópicos. O primeiro sob o título de “os
meandros do percurso” apresenta, a temática e os objetivos traçados, como forma
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de situar o leitor no contexto do estudo. O segundo, intitulado “a expansão do
percurso” é subdividido em três subtópicos que abordam as questões inerentes às
informações e as tecnologias, a práxis pedagógica e o processo ensino e aprendizagem
na era digital e o terceiro apresenta informes sobre o ensino e a interatividade.
Seguem a eles as conclusões e referências.
A EXPANSÃO DO PERCURSO
A INFORMAÇÃO E AS TECNOLOGIAS
Uma distinção entre o ser humano e outros seres ocorre pelo fato do pri-
meiro ser dotado da capacidade de processar informações e transmiti-las para os
seus semelhantes, sendo válido ressaltar que a construção do conhecimento, seja
no âmbito do senso comum ou na área científica, tem por suporte as informações
existentes sobre pessoas, assuntos, fatos, acontecimentos, as quais, por serem res-
ponsáveis pela socialização dos conhecimentos, emoções e sentimentos, são de
importância vital para a sociedade, em seus diversos âmbitos.
Com os avanços da tecnologia, mais precisamente, no século XX, nos tem-
pos da pós-modernidade, surgiu o termo Sociedade da Informação, caracterizada
pela grande conexão com questões inerentes à informática e aos sistemas comu-
nicacionais. Como a sociedade da informação objetivava o alcance da agilidade e
eficiência dos processos de comunicação, a ela foram atribuídos o estabelecimento
de propósitos pertinentes à aquisição, o armazenamento, o processamento e a
disseminação das informações, bem como, a promoção de inovações tecnológicas.
Tudo em prol do desenvolvimento das instituições de ensino e os demais setores
da sociedade.
É impossível não reconhecer que no bojo do paradigma da sociedade da
informação encontrava-se sediada a possibilidade de avanços significativos na vida
de todos, seja no plano individual ou coletivo, se forem considerados a geração e
uso de conhecimentos, que viabilizam a liberdade de expressão, a diversidade, a
comunicação e muitos outros benefícios no âmbito cultural, social, econômico.
12
Na década de 1970, com a expansão das telecomunicações e informática,
houve um grande progresso no referente às melhorias no processamento de infor-
mação. Então, surge na década de 1990, a “sociedade do conhecimento” termo na
época definido como uma “sociedade baseada na capacidade de pesquisar, inovar
e produzir informação”, diferenciada da sociedade da informação, haja vista, que
informação apenas subsidia a construção do conhecimento, não sendo sinônimo
de conhecimento já estabelecido.
Nesse contexto, a internet é conceituada como a rede mundial de com-
putadores interligados, responsável, atualmente, pela conexão entre as pessoas,
sendo impossível não reconhecer a democratização da informação pela internet,
haja vista, que ela viabiliza a todos o acesso e compartilhamento das informações,
contribuindo assim para o desenvolvimento de cada um e, consequentemente, da
sociedade.
Tecnologias da informação e comunicação (TIC), conhecidas como o con-
junto de recursos tecnológicos constituem-se como presença constante no cotidiano
dos seres humanos. São recursos utilizados de forma integrada, em vários setores
da sociedade, com o objetivo de atender às necessidades das pessoas na busca dos
conhecimentos, tanto que, a interação entre elas mudou de forma significativa,
desde o surgimento e popularização desses recursos, em específico, das tecnologias
digitais da comunicação. Afinal, muita coisa mudou...
Graças a tecnologia, várias ferramentas foram e são disponibilizadas pela
internet revolucionando assim, as formas de comunicação, a execução de tarefas no
ambiente de trabalho, a otimização das estratégias produtivas, as relações sociais e
as formas de ensinar e aprender. Dentre elas destacam-se: as redes sociais, e-mail,
chat, inteligência artificial, fóruns, agenda de grupo online, comunidades virtuais,
webcam, além do desenvolvimento de hardwares e softwares.
São inúmeros os benefícios alcançados com a inserção da tecnologia na
educação. Os recursos tecnológicos podem ser grandes aliados dos professores,
em termos da otimização das aulas, tornando-as mais dinâmicas e atraentes, com
o uso de materiais visuais e de plataformas para a instrumentalização de conteú-
dos escolares. Para os alunos, tais recursos viabilizam a flexibilidade de tempo de
estudo e um aprender via dispositivos próprios, o acesso aos conteúdos de forma
mais rápida.
Assim, no meio educacional, a tecnologia assume grande importância, afinal,
os alunos da atualidade são nativos digitais, imersos em redes sociais, na internet
e no fluxo de informações, sendo então, responsabilidade da escola oferecer um
ensino adequado à era da informação. Afinal, vai longe o tempo em que a compo-
sição dos livros teve como suportes a gravação das letras do alfabeto em placas de
argila, cascas de árvore, pedra, madeira, barro, folhas de palmeiras, considerados
13
na época como inovações técnicas. Após surgiu a impressão dos textos, realizada
no papiro (planta resistente), em pergaminhos (pele de animal), códices (madeira),
folhas de papel, até alcançar a era digital dos livros eletrônicos.
Um novo ensino requer o formato de aulas online, a substituição dos livros
e materiais impressos por formatos digitais, a utilização de ambientes virtuais, o
uso de tablets, celulares, e-readers2, plataformas online, computadores e projetores,
tudo em prol de um desempenho satisfatório de seus estudantes.
A PRÁXIS PEDAGÓGICA
2
E-reader ou leitor de livro digital – dispositivo eletrônico destinado para a leitura de livros, revistas e quadrinhos. Dife-
rencia-se de um tablet ou outro aparelho eletrônico pela tecnologia de tela - e-Ink, a qual permite a simulação do papel.
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ções e construir conhecimentos. Os docentes, nesse contexto, não se encontram
ilesos, tanto que têm enfrentados inúmeros desafios, no tocante a implementação
de práticas inovadoras no espaço escolar, valendo ressaltar que tais práticas não
apenas se referem à inclusão de ferramentas tecnológicas nos processos de ensi-
no-aprendizagem, mas também e, principalmente, à necessidade de mudanças na
metodologia utilizada.
É inegável o fato de que dentre as competências dos docentes, ainda são
precárias as inerentes ao uso das tecnologias, situação corroborada pelo enunciado
de Lapa e Pretto:
..... essa instabilidade torna-se um momento potencial para a reflexão
sobre a educação, com a possibilidade de ressignificação do papel de
docente, proporcionando a transformação. (2010, p. 82)
Antunes (2002, p. 108) ratifica com a ideia ao afirmar que “não há mais
espaço para professores que trabalham apenas conteúdo específicos, pois esses
valores e sua fixação são responsabilidade de todos”. Nessa perspectiva, no con-
texto atual, é requerido do professor conhecimentos que ultrapassem os limites do
desenvolvimento do conteúdo a ser instrumentalizado e seu comprometimento
com a aprendizagem do aluno, de tal maneira que ao mesmo é proposto um olhar
mais acurado para o uso das tecnologias da informação.
O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC’s no espaço
escolar demanda que os docentes sejam dotados de competências que viabilizem
a incorporação da tecnologia nas estratégias de ensino e nas experiências de
aprendizagem dos alunos, bem como, subsidiem a seleção e criação de recursos
tecnológicos que possam dinamizar o processo ensino-aprendizagem.
É notória a importância das competências para o profissional da educação,
no exercício de suas funções, tanto que para Rojo (2013) um ensino eficiente deve
ser consoante a cultura inovadora, vivenciada nos tempos atuais, a qual exige do
profissional habilidades que possam subsidiar a aprendizagem dos discentes em
prol da atuação na nova sociedade; para Garcia et al. (2011), as competências,
sejam elas, concentradas no âmbito pedagógico ou profissional, são elementos
imprescindíveis para a integração da tecnologia no processo educativo e para
Kubata et al. (2012), os discentes da contemporaneidade, por serem bem ativos e
imersos no mundo digital, precisam da mediação do professor.
Professor, aluno, e as TIC’s, autores desse novo panorama da educação,
precisam ser “um todo integrado” e para tal o primeiro deve sempre buscar a
atualização de sua formação, tal como afirma Mercado:
A formação de professores sinaliza para uma organização curricular
inovadora que, ao ultrapassar a forma tradicional de organização
15
curricular, estabelece novas relações entre a teoria e a prática. Oferece
condições para a emergência do trabalho coletivo e interdisciplinar
e possibilite a aquisição de uma competência técnica e política que
permita ao educador se situar criticamente no novo espaço tecnoló-
gico. (1998, p. 04)
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do ensino, como também, na promoção da informação em conhecimento e no
desenvolvimento de habilidades não cognitivas, como a criticidade e acolaboração.
No meio educacional, atualmente, muito é discutido o aspecto da persona-
lização do ensino3, o qual não está, necessariamente, atrelado ao uso dos recursos
tecnológicos, haja vista que os professores, há muito tempo utilizam a tecnologia,
não as existentes no momento atual, mas as ferramentas mais simples, como o
livro. A personalização é norteada pela compreensão de que cada aluno possui
forma e ritmo de aprendizagem próprios, permeada pelo estímulo à autono-
mia do alunado e acata metodologias e abordagens diversas, ultrapassando os
limites do trabalho focado no desenvolvimento de habilidades com o apoio
de ferramentas variadas que possam auxiliar a aprendizagem do alunado, sem
esquecer que a internet, sendo a grande inovação tecnológica dos tempos
atuais, possibilita o acesso às informações e, consequentemente, viabiliza a
construção do conhecimento.
É inegável o fato de que mudanças educacionais, em muito, dependem dos
professores, em específico, de sua formação e da prática pedagógica que insere no
contexto escolar. A primeira deve ter continuidade e ser adequada aos novos tem-
pos do processo ensino e aprendizagem e a segunda pode ser ressignificada com
o acesso às tecnologias digitais, considerando o vivenciar de uma época permeada
de ferramentas digitais simples, mas também, de dispositivos e softwares cada vez
mais interativos e funcionais.
No contexto situacional, a principal habilidade requerida do professor é
a capacidade de inovar, utilizando a tecnologia de forma coerente, bem como,
metodologias adequadas às realidades dos espaços escolares, ou seja, ter um
novo olhar sobre como se aprende e se ensina. Desta forma, a tecnologia torna-se
uma aliada do processo ensino e aprendizagem, assumindo um papel importante
quando viabiliza formas de facilitar o aprendizado.
Em geral, os espaços escolares acatam turmas bastante numerosas, o que
dificulta o trabalho docente, pela diversidade apresentada no perfil do alunado.
Ao lado de alunos proficientes que apresentam autonomia nos estudos existem
alguns alunos com defasagem/lacunas nos estudos, precisando de atenção espe-
cial; outros apresentando dificuldades no âmbito de um caminho autônomo
de aprendizagem. O professor, por ser o mediador entre as informações e o
aluno, deve auxiliar os estudantes na superação das dificuldades, compartilhando
com eles as diferentes formas de obtenção das informações.
3
A personalização do ensino tem como principal objetivo o aprimoramento e estímulo das habilidades cognitivas de
cada estudante por meio do aprofundamento de conteúdos específicos, incluindo as competências socioemocionais.
19
ENSINO E A INTERATIVIDADE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
23
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24
TIPOS DE DISCURSO NO DIÁRIO DE BORDO DE UM
AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO
4
Doutora em Linguística (UFC). Professora (UFMA). CV: http://lattes.cnpq.br/9131343248468105
25
TRATO TEÓRICO
TIPOS DE DISCURSO
28
Há na sociedade uma quantidade infinita de atividades e ações de linguagem
realizadas por intermédio de um número considerável de gêneros textuais, sendo
que todos eles têm certa regularidade em sua construção, passíveis de serem sis-
tematizadas. Estas regularidades são características de alguns discursos, que por
ter configurações particulares de unidades e de estruturas linguísticas, em número
limitado, podem entrar na composição de todo texto. São os denominados tipos
de discurso (BRONCKART, 2007).
Considerado como uma contribuição original do ISD para o estudo dos
textos, os tipos de discurso consistem em
formas linguísticas que são identificáveis nos textos e que traduzem
a criação de mundos discursivos específicos, sendo estes tipos articu-
lados entre si por mecanismos de textualização e por mecanismos de
enunciação que conferem ao todo textual sua coerência sequencial e
configuracional (BRONCKART, 2007, p. 149).
Quando se trata do nível global do texto pertencente a um gênero, este pode
ter um só tipo de discurso, mas também pode ser constituído de vários tipos de
discursos intercalados. Ao se constituir em um todo, o texto pode ser identificado
por um tipo de discurso dominante, em que se destacam uma maior regularidade
em seus aspectos estruturantes.
Esses discursos estão organizados em dois eixos conforme Brockart (2007):
• Ordem do EXPOR: mundo discursivo do expor explicado e expor
autônomo – modo conjunto.
• Ordem do NARRAR: mundo discursivo do narrar implícito e narrar
autônomo – modo disjuntivo.
Apresentando quatro tipos de discurso, Bronckart (2007) divide-os em:
discurso interativo e discurso teórico (ordem do EXPOR); relato interativo e a
narração (ordem do NARRAR).
O discurso interativo se caracteriza pela presença de unidades que remetem
à própria interação verbal das formas dialogadas marcadas pelos turnos de fala,
tanto nos diálogos quanto nos monólogos, e pela presença de: numerosas frases
não declarativas; uso de tempos verbais (essencialmente pelo presente e pelo
pretérito perfeito do indicativo); dêiticos espaciais e temporais; nomes próprios,
verbos, pronomes e adjetivos; de pronomes indefinidos; de auxiliares de modo
(poder, querer, dever, ser preciso). Sua maior característica é a densidade verbal.
O discurso teórico é monologado e com ausência de frases não declara-
tivas. Também explora o mesmo subconjunto de tempos dos verbos do discurso
interativo (predominância das formas no presente). Há a ausência de dêiticos
espaciais e temporais, e de nomes próprios, pronomes e adjetivos. Há a presença
de: organizadores com valor lógico-argumentativo e do auxiliar do modo “poder”;
29
numerosas frases passivas, dentre outras. Caracteriza-se por uma densidade verbal
muito fraca, mas com uma densidade sintagmática elevada.
O relato interativo é caracterizado por ser a princípio, também, monolo-
gado, mas constituído de um mundo discursivo disjunto ao da interação, marcado
pela presença de: tempos verbais (pretérito perfeito e o imperfeito do indicativo,
às vezes ao mais-que-perfeito ou o futuro simples); de organizadores temporais
(advérbios, sintagmas prepositivos, coordenativos e subordinativos), presença de
anáforas pronominais, dentre outras. O relato interativo tem uma densidade verbal
similar à do discurso interativo.
A narração comporta apenas frases declarativas e se constitui também em um
mundo disjuntivo, pois explora os tempos da história ou tempos narrativos (pretérito
simples e o imperfeito para relatos de retroação, auxiliar do imperfeito + infinitivo para
relatos de projeção). Os organizadores temporais, como no relativo interativo, também
estão presentes. Há ausência de pronomes e adjetivos de 1ª e 2ª pessoas do singular e
plural. A narração tem uma densidade verbal que se situa entre a do discurso interativo
e a do discurso teórico, e sua densidade sintagmática também é média.
Relacionado ao eixo EXPOR, ainda é possível admitir um tipo de discurso
intermediário: é quando não conseguimos fazer uma diferenciação clara entre
discurso interativo e discurso teórico, o que Bronckart (2007, p. 192) denominou
de misto interativo-teórico, quando os dois tipos de discurso se fundem em um só.
O estudo deste teórico sobre tipos de discurso tem como base a língua fran-
cesa, mas também sua categorização e sistematização foram aplicadas em outras
línguas como forma de se constatar a equivalência de suas análises. No que se
refere às formas temporais é onde se encontram as maiores diferenças.
A partir de toda essa contribuição teórica de Bronckart (2007) sobre os
tipos de discurso, e considerando-se os objetivos deste trabalho, observaremos no
corpus em análise os tipos de discurso presentes e as possíveis articulações entre si.
Notando-se a complexidade de análise que o tema requer, observar-se-á
nesse caso, primariamente, a presença dos tipos de discurso no Diário de Bordo
sem, contudo se realizar uma exploração mais aprofundada do corpus que reque-
reria uma pesquisa mais ampla: analisar toda a arquitetura textual proposta por
Bronckart é bastante complexo.
Tentei enviar uma mensagem pra professora de EAD, mas não con-
segui. Amanhã, envio. (grifo nosso)
- apresenta monólogo:
Estudar... não estudei. Também não aconteceu nada de excepcional.
O que ontem parecia uma coisa importante, hoje já não é assim.
Infelizmente. Mas a vida continua. E o curso de ADM também.
Relatório revisado pela n-ésima vez. Apresentação quase terminada,
faltando ajustes. Pôster lindo. Agora só falta apresentar o tal trabalho.
Tou apavorada!!!!!!!!!
- organizadores temporais:
Só agora estou conseguindo começar a escrever. Estudar, por assim
dizer, foi uma coisa impossível nestes dias.
33
Ontem mandei a atividade III. O relógio do AVA está adiantado
alguns minutos e apareceu como se eu tivesse mandado a atividade
com atraso de 2 minutos
Não sei quando terminarei o trabalho de sociologia e os fóruns (ainda
faltam 3). Não vejo a hora de ter um tempo livre.
Ontem, isto é, hoje, mandei a atividade 2 de PD. O fórum 1 havia
postado ontem de manhã. Ou seria de tarde? (grifo nosso)
MARCAS DA NARRAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARRETO, Raquel G. As novas tecnologias e implicações na formação do leitor-professor. In: MARINHO,
Marildes (Org.). Ler e navegar: espaços e percursos da leitura. Campinas: Mercado de Letras; ALB, 2001.
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Machado, Maria de Lourdes Meireles et al. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 2006. (Coleção Idéias
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cursivo. 2. ed. Trad. Anna Rachel Machado, Pérciles Cunha. São Paulo: EDUC, 2007.
KOCH, Ingedore. V. Desvendando os segredos do texto. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2006.
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construção do sentido. 2.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
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FAEBA, v.12, no. 18, 2003. Disponível em: https://silo.tips/download/ambientes-virtuais-de-aprendiza-
gem-por-autorias-livres-plurais-e-gratuitas-i. Acesso em: 13 jan. 2023.
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VIEIRA, Iúta L. Leitura na Internet: mudanças no perfil do leitor e desafios escolares. In: ARAÚJO, Júlio
C. Internet & Ensino: novos gêneros, outros desafios. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
36
O USO DA PLATAFORMA KAHOOT COMO MODELO
DE GAMIFICAÇÃO NO ENSINO MÉDICO ATUAL
INTRODUÇÃO
5
Mestrando Ensino de Ciências e Matemática (Universidade Anhanguera-Uniderp).
CV: http://lattes.cnpq.br/1203981250820148
6
Doutorado em Ciências (USP). Docente do Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática (Universidade
Anhanguera-Uniderp). CV: https://lattes.cnpq.br/1863038815709816
37
o surgimento dos chamados “tecnopólos”. Estes, configuravam as regiões ao
redor do mundo onde centros de tecnologia se aliaram, por meio de associações
com universidades e centros de pesquisa, para avançar nos campos da robótica,
biotecnologia, bioprocessos e outras áreas que ganharam cada vez mais espaço e
poder econômico (COTRIM, 2005).
E, assim, chegamos ao momento da Quarta Revolução Industrial. O conceito
desta, também conhecida como Indústria 4.0, foi dado em 2016 por Klaus Schwab, fun-
dador do Fórum Econômico Mundial, em uma obra homônima. Schwab (2016) situa
o aparecimento da quarta revolução com o início do século XXI, caracterizando-a por
três individualidades, quais sejam, velocidade, escala e impacto.
Esse mesmo autor afirmou que, a partir dos anos 2000, a velocidade de
adaptação, difusão e desenvolvimento da tecnologia aumentaria exponencial-
mente e não linearmente, com efeitos drásticos em períodos cada vez mais cur-
tos. Enquanto comparativo com a primeira revolução industrial, esta demandou,
aproximadamente, 120 anos para difundir-se para fora da Europa, ao passo que
a internet permeou o mundo inteiro em menos de uma década, tornando prati-
camente impossível saber como será a sociedade em 50 anos. Dessa forma, tendo
um crescimento exponencial, as mudanças são mais amplas e profundas do que
as das revoluções anteriores e, para Schwab (2016), “nunca houve um momento
tão potencialmente promissor ou perigoso”.
A prova disso é que, nos últimos anos, as tecnologias digitais tiveram um
impacto considerável, tanto no mundo dos negócios, quanto na vida cotidiana. Para
exemplificar, conforme dados publicados na revistagq.com, o iPhone foi lançado
em 2007 e, no final de 2016, já existiam 900 milhões desses smartphones na posse
de pessoas de todo o mundo.
Em março de 2015, o estrategista de mídia Tom Goodwin escreveu um
artigo para o TechCrunch, onde afirmou que, para a atualidade existem várias
corporações que exemplificam que estar representado virtualmente hoje em dia
tem mais valor do que estar presente fisicamente. Ou seja, hoje a mais valia está
em conectar as pessoas para, somente depois, estabelecer o contato físico que foi
proposto. Entenda-se:
O Uber, a maior empresa de táxis do mundo, não possui sequer um
veículo. O Facebook, o proprietário de mídia popular do mundo, não
cria nenhum conteúdo. Alibaba, o varejista mais valioso, não possui
estoques. E o Airbnb, o maior provedor de hospedagem do mundo,
não possui sequer um imóvel (SCHWAB, 2016, p. 31).
DESENVOLVIMENTO
O estudo que compõe a fundamentação deste texto foi conduzido sob uma
vertente de caráter qualitativo alçado por meio de revisão bibliográfica e sustentada
pela característica narrativa.
Pensando-se na coleta dos textos e ideias e sem deixar de lançar mão das
tecnologias informacionais, bancos de dados foram selecionados para a devida
investigação, quais sejam as plataformas PubMed®; BIREME®/ BVS®; MEDLINE®;
LILACS® e SciELO®. Sabe-se que “Banco de dados” é um sistema capaz de
coletar, armazenar e prover informações de consulta de dados. Optou-se por esta
forma de busca uma vez que na era da transformação digital e com a ascensão da
Indústria 4.0, a tendência é que haja, cada vez mais, uma grande automação de
processos, com um maior volume de informações e um aumento da importância
dos bancos de dados. Eles são como um alicerce para o mundo das tecnologias
digitais! A verdade é, que o mundo digital só está de pé porque nos bastidores da
internet há inúmeros bancos de dados conectados e capazes de processar e prover
informações a todo momento.
Para a busca dos textos nas plataformas acima citadas foram utilizados os
chamados “descritores”, entendidos como termos padronizados ou palavras-chave
determinadas a partir de critérios e com a finalidade de identificar temas de artigos
científicos. Nesta busca, optou-se pela caracterização de dois grupos diferentes
de descritores. No primeiro, foram agrupados termos mais abrangentes a fim de
40
contextualizar revisões com a temática educação e gamificação: gamification and
“systematic review” and education. Já, para o segundo grupo, os descritores con-
textualizaram especificamente a plataforma Kahoot® e o ensino médico: Kahoot;
kahoot and “medical education”.
Tendo sido definido que as publicações deveriam ser dos últimos 5 (cinco)
anos, dentro do intervalo temporal de junho de 2017 a junho de 2022, foram iden-
tificadas 51 publicações, sendo que 33 delas derivaram das buscas com o primeiro
grupo de descritores e 18 publicações atendiam ao segundo grupo.
Após procedimento de análise do material apurado, quando da leitura por-
menorizada do título e resumo destes artigos, foram selecionados 3 (três) trabalhos
para o primeiro grupo de descritores (principalmente porque dois já contemplavam
o modelo de revisão sistemática) e 13 (treze) trabalhos para o segundo grupo, os
quais foram capazes de atender a temática segundo os critérios estabelecidos como
de inclusão e pertinentes à reflexão do tema em questão.
Após, realizou-se a leitura na íntegra, os devidos apontamentos destes mate-
riais e os fichamentos das leituras dos textos selecionados. A análise e reflexão das
leituras foram conduzidas em prol da síntese que será a seguir discutida, norteadas
pelos objetivos de definir gamificação, contextualizar o papel da gamificação no
ensino médico, enfatizar a plataforma Kahoot® como modelo de gamificação para
este contexto e descrever as vantagens e os desafios deste modelo de gamificação
no ensino médico à luz das evidências científicas da atualidade.
Da análise e reflexões a partir do material compilado apurou-se que, com o
advento da quarta revolução industrial e da educação 4.0, houve a necessidade de
reformulação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Medicina, a fim
de propiciar a formação de profissionais mais práticos, com uma visão histórico-so-
cial e humanística e lançando mão do uso de metodologias ativas (BRASIL, 2014).
Atendendo a estas premissas, tem-se na gamificação uma das estratégias de ensino
baseada neste tipo de metodologia centrada no aluno. Vale reiterar aqui a definição
de gamificação apresentada anteriormente, no intuito de desvelar as características
que a envolvem no contexto do protagonismo do estudante, uma vez que ela lança
mão de elementos de design de jogos, tão atraentes aos jovens da atualidade, mas que
não são compõe, propriamente, jogos. Diferentemente dos videogames tradicionais e
dos chamados “serious game”, quando ocorre uma mistura das principais plataformas
de videogames, tecnologias ou jogos reais vinculados a uma indústria, as chamadas
plataformas gamificadas precisam ter uma finalidade específica como, por exemplo, o
caráter educacional (WESTENHAVER et al, 2021).
Embora o termo “gamificação” tenha sido utilizado pela primeira vez em
2002, somente na última década acabou sendo incorporado como um complemento
41
às estratégias tradicionais de ensino no campo da educação médica. Esta “jovia-
lidade” do tema é agravada por um maior direcionamento nas áreas das ciências
sociais ou das engenharias e computação, refletindo em um número limitado de
artigos sobre o uso de gamificação em plataformas educacionais na área médica.
Ainda assim, esta revisão encontrou 16 artigos bem delineados e vincula-
dos a educação para médicos(as). Os resultados mostraram que faltam pesquisas
sobre o tema em outros idiomas. Dos 16 artigos revisados na íntegra, 15 estavam
publicados em inglês e somente 1 na língua portuguesa. A análise de conteúdo
mostrou que a motivação, a aprendizagem e o engajamento são os conceitos mais
importantes estudados em artigos na área de educação gamificada (NADI-RA-
VANDI; BATOOLI, 2022).
De acordo com Kalogiannakis et al. (2021) que realizaram uma revisão
sistemática de artigos relacionados à gamificação no ensino de ciências, o Kahoot®
apresentou-se como a plataforma de gamificação de aprendizagem mais utilizada
no mundo. Inclusive, a mais recente meta-análise sobre gamificação na educação,
apontou a revisão de Kalogiannakis et al como a de maior impacto de citação de
acordo com a metodologia Field Weighted Citation Impact - FWCI (NADI-RA-
VANDI; BATOOLI, 2022).
No que diz respeito a evolução histórica do Kahoot®, nenhum dos artigos
avaliados nesta revisão apresentou dados sobre a sua origem, mas conforme
informações obtidas do Wikipédia, o Kahoot!® foi fundado a partir de um projeto
conjunto entre Johan Brand, Jamie Brooker e Morten Versvik com a Universidade
Norueguesa de Ciência e Tecnologia em 2012. No ano seguinte, foi lançado com a
finalidade de ser um recurso didático escolar, no intuito de revisar o conhecimento
dos alunos, quer seja para avaliação formativa ou como uma pausa das atividades
tradicionais da sala de aula. Em setembro de 2017, o Kahoot® chegou aos domi-
cílios, lançando um aplicativo móvel para trabalhos de casa.
A partir de 2020, o impacto da pandemia de Covid-19 trouxe novos desa-
fios para os estudantes em geral, pela inserção no seu cotidiano da necessária
aprendizagem digital.
Para acomodar as regras de distanciamento social, novas adaptações para o
ensino digital ocorreram, como o aumento do uso de softwares e em especial do
Kahoot® (TORDA, 2020). Durante o pico da pandemia de Covid-19, quando as
aulas presenciais foram restritas, o Kahoot!® relatou um aumento de cinco vezes
no uso do mesmo para aprendizagem assíncrona remota e um aumento de três
vezes em jogadores cumulativos globalmente, gerando um crescimento de 220% na
42
receita em relação a 2020. Desde o seu lançamento em 2013, o Kahoot!® expandiu
em todo o mundo e foi jogado por mais de dois bilhões de jogadores em mais de
200 países, tornando- se, atualmente, uma das principais plataformas de gamifi-
cação em ensino no mundo (DONKIN; RASMUSSEN, 2021).
Quanto a jogabilidade, a plataforma do Kahoot!® é considerada simples e
intuitiva, permitindo que os professores criem quatro tipos diferentes de jogos
baseados em questionários, pesquisas, misturas e discussões em que os participantes
competem uns contra os outros. Os maiores pontuadores para cada questão são
revelados, e os vencedores são exibidos em um placar, no final da sessão (CUGEL-
MAN, 2013). Para participar da avaliação formativa basta o aluno baixar o apli-
cativo Kahoot!®, que está disponível, gratuitamente, na Play Store, para o sistema
operacional Android da Google® e na App Store, para o sistema operacional iOS
da Apple® (ISMAI et al, 2019).
Atendendo a outro tópico de análise da revisão, as principais teorias educacio-
nais identificadas para o uso do Kahoot!® foram a aprendizagem com metodologia
ativa, seguida pela teoria da aprendizagem social e a construtivista.
Em relação às informações sintetizadas quanto as vantagens do uso do
Kahoot!®, a maioria dos artigos revisados pontuaram resultados positivos na
percepção dos estudantes, incluindo a diminuição da ansiedade, uma melhor
aprendizagem colaborativa, melhor conhecimento do conteúdo, na assiduidade,
atitude e participação. No entanto, também existe uma parcela, ainda que menor,
de estudos que referem que a utilização do Kahoot!® teve pouca ou nenhuma
vantagem no desenvolver das atividades estudantis. (DONKIN; RASMUSSEN,
2021, WANG; TAHIR, 2020).
Para balizar as reflexões, verificou-se que os principais desafios menciona-
dos nos estudos, pelos alunos, incluíram problemas técnicos, como conexões de
internet, ditas não confiáveis, perguntas e respostas difíceis de ler em uma tela
projetada, não ser capaz de mudar a resposta após o envio, falta de tempo para
responder e medo de perder.
Sob a ótica dos professores, as dificuldades estavam em acertar o nível de
profundidade das perguntas, problemas relacionados à conectividade de rede,
pontuação com base na rapidez e não na reflexão com que os alunos respondiam,
o aumento do tempo de trabalho e maiores distrações devido ao uso de aparelhos
celulares. (DONKIN; RASMUSSEN, 2021, WANG; TAHIR, 2020).
Por fim, em analogia com outras plataformas, três publicações apresentaram
uma extensa comparação quanto ao layout das perguntas, nas características do
modo individual ou de grupo, feedbacks e requisitos técnicos (WANG; TAHIR,
43
2020, GOKSUN; GURSOY, 2019, KUCUK et al, 2020). As conclusões destes
estudos apontaram para a existência de uma diferença entre os resultados aca-
dêmicos pré-teste e pós-teste para todos os grupos de plataformas (Quizziz,
Kahoot!® e outras), o que seria de se esperar, na maioria dos estudos experimentais.
No entanto, a diferença mais significativa foi observada no grupo experimental
de Kahoot!® e tais dados corroboram a importância do Kahoot!® no contexto da
gamificação para a educação médica atual.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
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45
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Nota: parte do texto foi publicado em: 250 ENCONTRO DE ATIVIDADES CIENTÍFICAS, 2022,
Londrina. Anais do 250 Encontro de Atividades científicas. LONDRINA: UNOPAR, 2022. v. 3. p. 00-00.
ISSN 2447-6455.
46
DA GLOBALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO À POSSÍVEL
PRECARIEDADE DO ESTÁGIO
INTRODUÇÃO
7
Mestrando em Educação e Tecnologia (MPET). CV: http://lattes.cnpq.br/8176054753009139
8
Doutorado em Política Social (UCPEL). Professor no Programa de Pós-Graduação em Educação (MPET).
CV: http://lattes.cnpq.br/3514196639632121
9
Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa (UNESP). Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação
(MPET). CV: http://lattes.cnpq.br/0038767974020696
47
mais um instrumento de precarização do trabalho com desvio da finalidade prin-
cipal, prevista na legislação.
O CONTEXTO GLOBAL
49
A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO
50
Ao existir esse direito, o discurso neoliberal na educação e sua lógica mer-
cantilista possui, e se utiliza, de lobby10 sempre presente e se reinventando conforme
os interesses. Provoca uma formação alienada, por meio de currículos e atividades,
voltados às demandas de mercado, da produção, para formar trabalhadores empre-
gáveis, flexíveis, adaptáveis e competitivos, similar às premissas do modelo Toyotista
de produção, aparentemente mais atraente aos olhos de quem precisa. Assim, o
[...] neoliberalismo olha para a educação a partir de sua concepção de
sociedade baseada em um livre mercado cuja própria lógica produz
o avanço social com qualidade, depurando a ineficiência através da
concorrência. [...] os cidadãos estão igualmente inseridos nessa lógica e
seu esforço (mérito) define sua posição social. (FREITAS, 2018, p. 31).
10
O lobby seria “[...] a prática de buscar acesso aos agentes políticos e fazer com que eles saibam das demandas de
determinados segmentos da sociedade, usando pessoas (lobistas) e seus canais de contato junto aos órgãos de governos”
(GONÇALVES, 2012, p. 13).
51
confere-nos a importante tarefa de produzir elementos que promovam
a contra-hegemonia (SHIROMA; SANTOS, 2014, p. 42).
11
Utilizado no sentido de oferta e procura entre pessoas que buscam oportunidades de vagas/trabalho, e as que oferecem,
assim como as mercadorias.
52
Os limites entre o sistema público e o privado tendem a ser cada vez mais
indefinidos com a possibilidade da intervenção do setor privado na educação, das
mais variadas formas, visto a visão empresarial e gerencialista de que aquela é um
grande negócio (edu-business).
Para além do clássico financiamento público do ensino privado, outros
mecanismos mais sutis são observados: a compra pela rede pública
de material pedagógico produzido pela rede privada (apostilas, por
exemplo), bem como professores que acumulam cargos nas duas redes.
Trata-se, portanto, de analisar, de um lado, em benefício de quem
ocorre a indefinição dessas fronteiras; e, de outro, mostrar como ela se
constitui no principal mecanismo de manutenção das desigualdades
educacionais no Brasil (AKKARI, 2011, p. 70).
12
“Ao lado das demais formas de flexibilização, o fenômeno da pejotização tem sido discutido com bastante frequência
nos últimos anos. Trata-se de modalidade onde uma empresa, ou pessoa jurídica (PJ) é constituída para a prestação de
serviços, com contornos e características de relação de emprego” (REMEDIO; DONÁ, 2018, p. 70, grifo dos autores).
55
[...] definir o estágio como um “ato educativo escolar supervisionado”
e que, por isso, deve fazer “parte do projeto pedagógico do curso” de
maneira a permitir o “[...] aprendizado de competências próprias da
atividade profissional”, contraditoriamente, a mesma normativa indica
que o estágio deve preparar o estudante “para o trabalho produtivo.”
(BRASIL, 2008). Neste sentido, a lei mesma objetiva explicitamente
o ingresso do estudante no mercado de trabalho (HILLESHEIM,
2016, p. 164, grifos do autor).
57
ajudá-lo a ver o que ele precisa ver (DEWEY, 1974 apud SCHÖN,
2000, p. 25, grifos do autor).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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60
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: ATRAVESSAMENTOS E TRAVESSIAS EM
TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19
INTRODUÇÃO
14
Mestranda em Educação (UFSM). Professora (RMESM). CV: http://lattes.cnpq.br/7914443450548754
15
Doutorado em Educação (UFSM). Professora (UFSM). CV: http://lattes.cnpq.br/8144640957398714
61
CAMINHO PERCORRIDO
CONSIDERAÇÕES
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Santa Maria - RS, 2021.
68
A LITERATURA COMO RECUSO DIDÁTICO NO
ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
INTRODUÇÃO
16
Especialista em Literatura Contemporânea. Professora (SEEDPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9204-3758
17
Doutorado em Química. Professor do Magistério Superior (UTFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6295-1619
69
O estudo da filosofia na Educação Básica contribui para o desenvolvimento
de competências e habilidades relacionadas ao pensar e a dialogicidade entre
conhecimento, reflexão, análise e discernimento nas dimensões pessoal (do ser) e
social (ALENCAR et al., 2017). Por outro ângulo, a literatura propicia situações
de ampliação da visão crítico-reflexiva mediante a abordagens metafóricas nos
mais variados períodos históricos e culturais, que permitem a associação das obras
e produções com correntes e pensamentos filosóficos. Portanto, há de se intuir que
a aproximação entre ambas se coloca como estratégia profícua para a formação
dos estudantes.
Assim, propõem-se neste capítulo uma revisão sistemática objetivando-se
a exploração de experiências de interlocução entre filosofia e literatura como
abordagem didática no Ensino Médio.
Nessa direção, para Chauí (2000) “podemos dizer que a filosofia é o mais
útil de todos os saberes humanos”. O ensino de filosofia deve abarcar concepções
pedagógicas fundamentadas na construção de saberes que subsidiem aos educandos
70
condições de reconhecer e confrontar de forma crítica e consciente a sua realidade
(DIMENSTEIN, STRECKER e GIANSANTI, 2008).
Segundo Luz e Santo (2012, p. 315),
Enquanto disciplina obrigatória a filosofia enfrenta consideráveis
desafios no seu fazer educacional. Todavia, o primeiro desses enfrenta-
mentos seria responder a comunidade educacional o que seria filosofia?
E qual a sua utilidade na contemporaneidade? [...] a filosofia não
só na contemporaneidade, mais em toda a História da humanidade
afirma-se como saber útil e necessário para estabelecer reflexões
sérias e sistemáticas sobre toda e qualquer área do conhecimento
nos seus mais diversos graus de complexidade. [...] Assim, a filosofia
surge como perspectiva de contribuição acadêmica nas mais diversas
instituições de ensino médio para a formação crítica dos educandos,
preenchendo um hiato educacional, ético, estético, crítico, assim como,
para a compreensão da interrelação das áreas do saber enquanto
instrumento pedagógico de interação.
74
consideração a promulgação da Lei Federal 11.648 de 2008 que tornou obri-
gatório a filosofia enquanto disciplina no Ensino Médio.
Para tanto, na busca utilizaram-se os descritores “literatura”, “filosofia”,
“ensino de filosofia” e “estratégias de ensino” como parâmetros de pesquisa nos
títulos e palavras-chaves. Os artigos delimitados foram classificados por meio da
Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977) com a intencionalidade de compreender
e descrever a totalidade das informações obtidas.
Após leitura atenta das produções, realizou-se a desconstrução dos textos e a
estruturação de unidades de significados que consistiram em enunciados destacados
como frases, parágrafos ou partes maiores dos textos, seguindo a intencionalidade
de compreender as escolhas teóricas e metodológicas que orientaram a abordagem
da literatura como estratégia ou aproximação no ensino de filosofia.
Uma vez explicitadas a importância da Educação em literatura e filosofia, bem
como as formas de diálogo que ambas propiciam no campo educacional buscou-se
as publicações que retratam iniciativas e experiências escolares de aproximação
literato-filosóficas como estratégia de ensino (Quadro 1)
75
Título Etapa de Gênero e Tex- Tema Referência
Ensino to literário Filosófico
explorado
F A poesia como instrumento didático Ensino Médio Poesia: Conhecimento e SOUSA,
de reflexão no ensino de filosofia: O Mito da Alienação PRAXEDES
diálogo possível Caverna–Em e LIMA
cordel (Medeiros NETO
Braga) (2015)
G Memórias de uma prática de ensino Ensino Médio Romance: Justiça, MACHADO
filosófico Memórias do Vingança e ressenti- (2020)
subsolo (Fiódor mento
Dostoiévski)
H Filosofia para crianças: proposta de 2º Ano Ensino Bacon, o gato Identidade: Quem PEIXOTO,
uma Sequência didática literária Fundamental filósofo e o sou eu? RODRI-
sentido da vida GUES e
(Verusca Reis) LUQUETTI
(2021)
Fonte: Autoria própria (2023)
77
Desta feita, as discussões na seara filosófica referentes ao lixo produ-
zido pela tecnologia propiciaram aos alunos um repensar sobre suas
ações como sujeitos ativos no mundo, visto que muitos dos discentes
se mostraram capazes de reconhecer os malefícios que o e-lixo pode
causar à humanidade, o que de certo modo os faz repensar também
sobre qual seria seu papel nas mudanças necessárias para a melhoria
de sua qualidade de vida e de toda a comunidade da qual faça parte.
[...] além de uma análise na esfera linguística, a perspectiva literária
coloca o indivíduo na condição de sujeito-reflexivo, uma vez que a
subjetividade e a verossimilhança, dentre outros elementos literá-
rios, os conduzem a refletir sobre sua atuação no mundo (LIMA,
DAMASCENO e LIMA, 2016, p. 106).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
80
REFERÊNCIAS
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82
OS SALÕES LITERÁRIOS NA FRANÇA MODERNA:
MEMÓRIA E CULTURA NA PARIS DO SÉC. XVIII
INTRODUÇÃO
18
Mestrando em Letras (UESPI). CV: http://lattes.cnpq.br/3544256948816153
19
Doutora em Letras (PUCRS). Professora da graduação e do PPGL (UESPI).
CV: http://lattes.cnpq.br/3328981487813298
20
Estadista, orador e filósofo romano, Marco Túlio Cícero nasceu no ano 106 a.C. em Arpino, Itália, e morreu em 43 a.C.
em Formia, Itália. Cícero é considerado o primeiro romano que chegou aos principais postos do governo com base na
sua eloquência e no mérito que obteve nas suas funções de magistrado civil. É um dos maiores oradores e pensadores
políticos romanos.
83
Toma-se aqui os salões parisienses como “locais” de memórias, tais espaços
correspondem a uma invenção italiana do século XVI, que floresceu na França ao
longo dos séculos XVII e XVIII. A palavra “salão” apareceu pela primeira vez na
França em 1664, derivada da palavra italiana salone, ela, própria de sala, o grande
salão de recepção das mansões italianas. O primeiro salão de renome na França foi
o Hôtel de Rambouillet, não muito longe do Palais du Louvre, em Paris, adminis-
trado por sua anfitriã, a romana Catherine de Vivonne, marquesa de Rambouillet
(1588-1665), de 1607 até sua morte.
No primeiro e renomado salão, Catherine de Vivone estabeleceu regras de
etiqueta que se assemelhavam aos códigos anteriores da cavalaria italiana. Regras
que se replicaram nos salões parisienses, fazendo valer as práticas culturais de “refi-
namento francês”, que, mesmo sofrendo alterações, são mantidas até os dias atuais.
Cafés, restaurantes e, principalmente, os salões literários eram frequentados
essencialmente pela elite burguesa e pelos intelectuais da época para conversar,
estreitar laços, jogar, discutir política, fumar, jantar, ler jornais e recitar poemas.
Esses eventos ocorriam em ambientes reservados, em casas privadas, que na con-
cepção memorialística Bachelareana ser
algo fechado [que] deve guardar as lembranças, conservando-lhe seus
valores de imagens. [...] abriga o devaneio [...] protege o sonhador
[...] permite sonhar em paz, configurando-se como uma das maio-
res (forças) de integração para os pensamentos, as lembranças e os
sonhos do homem. [...] é graças à casa que um grande número de
nossas lembranças está guardado (BACHELARD, 1993, p. 25-27).
Sobre isso, Ecléa Bosi (2003) destaca que as memórias pertencentes aos
seres humanos privilegiam os questionamentos, sonhos e desejos que permeiam
o seu íntimo, refletem os aspectos subjetivos e estão em constante diálogo com as
ações desse indivíduo na sociedade. Para a estudiosa,
85
pela memória, o passado não só vem à tona das águas presentes,
misturando com as percepções imediatas, como também empurra,
“decola” estas últimas, ocupando o espaço todo da consciência. A
memória aparece como força subjetiva, ao mesmo tempo profunda
e ativa, latente e penetrante, oculta e invasora (BOSI, 2003, p. 36).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Letras e Artes) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.
92
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO SUPERIOR:
OBRIGATORIEDADE OU UMA NECESSIDADE?
INTRODUÇÃO
21
Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática (Universidade Anhanguera-Uniderp). Médica. Especialista em
Ginecologia e Obstetrícia. Docente do curso de medicina (Universidade Anhanguera-Uniderp).
CV: http://lattes.cnpq.br/4161971576212723
22
Doutorado em Oftalmologia (USP). Docente do curso de medicina e orientadora do curso de mestrado em Ciências
e Matemática (Universidade Anhanguera-Uniderp). Médica, Especialista em Oftalmologia.
CV: http://lattes.cnpq.br/1863038815709816
23
Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática (Universidade Anhanguera-Uniderp). Bióloga. Docente de ensino
superior (FAIS-UNIC). CV: http://lattes.cnpq.br/2331979196768593
24
Acadêmica do curso de medicina (Universidade Anhanguera-Uniderp). CV: http://lattes.cnpq.br/2582884454172857
93
por parte de diferentes membros integrantes das universidades sobre a prática de
docência propriamente dita.
Ainda que tenha havido um determinado despertar por parte educadores,
ainda assim, hoje existe uma certa ausência de compressão por parte de professores
e instituições educacionais com relação a necessidade de uma preparação especí-
fica para exercer a docência. Portanto, mesmo que exista a ciência de uma função
formativa, um número considerável de professores de instituições educacionais
de ensino superior não considera como necessário uma preparação pedagógica
para a arte de lecionar, deixando a cargo do exercício profissional, o endosso para
o bom desempenho docente (MASSETO, 2009).
Por conseguinte, segundo José Libâneo - educador brasileiro com formação
em filosofia, mestre na filosofia da educação e doutor em filosofia e história da
educação – (2011), o professor deve ter, antes de tudo, a formação na matéria que
leciona, além de uma formação didático-pedagógica em que se concretize uma
ligação entre as relações do ensino-aprendizagem e seus problemas específicos no
ensino de determinada matéria. Assim, uma vez que o ensino é o principal meio
e fator da educação, deve destacar-se como campo principal da instrução e edu-
cação, sendo centrado neste tópico o trabalho docente, assegurando a afetividade
da tarefa de ensinar e ocupar-se da didática.
Com efeito, o atual cenário do ensino superior tem sido vítima de uma “natu-
ralização” na docência, visto que tornou-se comum a dispensa de uma qualificação
pedagógica especializada e legitimadora, tendo havido o menosprezo do compo-
nente docente perante outras funções que caracterizam a atuação profissional em
nível do ensino superior ou, ainda, uma convicção generalizada de que o exercício
profissional é capaz de assegurar, sozinho, o processo de ensino-aprendizagem,
referenciando o processo da docência para a esfera das capacidades e inclinações
particulares e subjetivas de cada graduando (ALMEIDA, 2018).
Assim, ao problematizar a docência no ensino superior, enquanto prática
desprovida de uma preparação especializada na esfera pedagógica, torna-se inevitável
o levantamento de questões passíveis de estudos e pesquisa, a fim de buscar-se a
equiparação da formação pedagógica no ensino superior.
Para Zabalza (2017), diferentemente do ensino básico e médio no Brasil,
os docentes que lecionam no ensino superior, em sua grande maioria, possuem
o perfil de serem profissionais liberais com formação técnica por excelência, mas
desprovidos de formação pedagógica, de fato. Assim, esse tipo de aprendizado
possui a desvantagem de não possuir os princípios e quadros teóricos, proporcio-
nando em tese um acesso a um conhecimento superficial, assistemático e vago,
visto que o mesmo acaba por possuir maior determinação por crenças pessoais
do docente de determinada matéria do que por princípios teóricos consistentes.
94
Ademais disso, historicamente tem-se observado o progressivo aumento
da participação feminina em todos os setores, no intuito de diminuir o abismo e
as discrepâncias entre gêneros, o que é uma realidade também na área da saúde.
Segundo dados constantes na Demografia Médica no Brasil (2020) verifica-se
que, desde 1970, vem ocorrendo um aumento progressivo e constante do número
de mulheres graduadas em medicina, principalmente entre as mais jovens, que
representam 58,5% entre a população de médicos de até 29 anos.
Considerando-se as diferentes competências para o exercício da Medicina,
Baptista et al (2021) denotam que mulheres na docência são mais sociáveis,
aumentando a sua capacidade de compreender o estudante, por ser empática.
Gradativamente as mulheres foram vencendo barreiras para conseguir entrar
nas escolas médicas e na profissão, mesmo assim, Scheffer e Cassenote (2013),
afirmam que a necessidade de realizar o trabalho em tempo parcial para atender a
família perpetua o modelo que favorece aos homens, que não tem o compromisso
com os cuidados e afazeres do lar.
E, a partir dessas considerações, entendendo a diversidade e complexidade de
nuances que permeiam o universo da docência nos cursos superiores de graduação,
de forma mais destacada naqueles que não se destinam à licenciatura, partimos, para
desenvolver a escrita deste texto, com o objetivo de conhecer o perfil acadêmico
dos docentes de um curso de medicina de uma instituição privada, localizado na
região Centro-Oeste do País.
DESENVOLVIMENTO
95
Para o levantamento dessa prevalência, realizamos uma abordagem quan-
titativa, ao consultar dois documentos. O primeiro foi a planilha dos docentes
realizada pelas próprias pesquisadoras e, os segundos dados levantados partiram
das informações de Demografia Médica no Brasil 2020 que consta nos bancos
de dados do Conselho Federal de Medicina do Brasil (CFM).
A fim de contextualizar o ambiente de atuação dos professores da IES cola-
boradora, salientamos que a essa instituição de ensino atua no sentido de caminhar
ao encontro das diretrizes estabelecidas para uma formação profissional esperada,
a qual visa prover, ao egresso, uma sólida formação geral, com pleno domínio da
ciência médica e sua aplicabilidade, competente ao exercício profissional ético,
capaz de trabalhar com visão abrangente da atuação profissional integrada ao
processo saúde-doença, de modo a contribuir para resolutividade dos problemas
sociais. Ademais, tem o Projeto Pedagógico do Curso de Medicina caracterizado
por pressupostos baseados nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso
de Graduação em Medicina (DCNs), datada de 2014, o qual contém as políticas
acadêmicas institucionais com a função de delinear a funcionalidade da univer-
sidade em seus polos de atuação.
A exploração desses documentos se deu, a partir do relatado por Le Goff
(1996), que entende ser o documento como algo oficial, que pode ser examinado,
consultado e que pode servir como prova e por Cellard (2008), que corrobora
afirmando que um documento é toda fonte de evidência que possa ser verificada,
além disso. Baseadas em Richardson (1989), justificamos a abordagem quantitativa,
como sendo tudo o que pode ser mensurado, passível de uma análise estatística,
objetivando uma análise. Em tempos de desenfreado expansionismo digital, rei-
teramos que estes procedimentos seguiram os devidos trâmites éticos, orientados
pela Lei Geral de Proteção de Dados (2019), a qual se refere ao tratamento dos
dados pessoais disponibilizados em meio físico ou digital a fim de proteger os
direitos e privacidade dos cidadãos.
Depois de uma colheita exitosa, quando os olhares foram direcionados para
os resultados apurados observou-se que, diante de uma população total de 169
professores, ao considerar-se sua formação acadêmica, aproximadamente 62%
compunham o grupo de especialistas, 16% o de mestrado, 17% o do doutorado e,
tão somente, 1,6% estavam no grupo de pós-doutorado.
Vale assinalar que os dados encontrados para esta Escola de Medicina
apresentam-se em contraste com os dados dos docentes em exercício no Brasil,
de 2019, que demonstram que vem ocorrendo uma melhoria na qualificação dos
professores da graduação, ao encontrar-se que 45,9% possuem doutorado, 37,5%
possuem mestrado e 16,6% apresentam formação até especialização (BRASIL,
2019).
96
Uma vez que os dados encontrados neste estudo confrontam aqueles nacionais,
fica evidenciada a necessidade de investir na melhoria da formação de docentes,
anseio sustentado, não só pelos resultados encontrados, mas, também, pela meta
13 do Plano Nacional de Educação – PNE, que estipula
Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de
mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto
do sistema de educação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo,
35% de doutores. (BRASIL, 2001)
97
Comparativamente aos dados expressos por Demografia Médica no Brasil
(2020, p. 41), que aponta que a prevalência de médicas registradas no Conselho
Federal de Medicina, atualmente, é de 46,6%, observa-se que os dados estão coe-
rentemente alinhados e vem aumentando progressivamente ao longo da última
década, consolidando a tendência de feminilização da Medicina no Brasil.
Entretanto, em se tratando de dados específicos de mulheres no campo da
docência nos cursos de medicina, há limitação de produções na literatura vigente e
espaços a partir dos quais se poderias ampliar as informações que pudessem aumen-
tar o escopo de construção do perfil e do contexto de atuação dessas profissionais.
CONSIDERAÇÕES
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Nota: parte desse capítulo foi apresentado no 23° EAC 2021, em forma de resumo expandido, pelas pró-
prias autoras.
100
ESTUDO DE NORMATIVAS CURRICULARES
E UMA VISÃO HISTÓRICO-CULTURAL PARA PENSAR
AS NECESSIDADES HODIERNAS DA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR
INTRODUÇÃO
Este estudo buscou contribuir para discussão das finalidades e dos moldes
históricos da educação física escolar. O seu problema foi investigar como as legisla-
ções oficiais demarcaram o fazer da educação física nas escolas públicas no contexto
educacional. A relevância está no fato de que a educação física se inseriu inicialmente
no contexto das escolas numa condição de pouca sistematização de seus métodos e
de condições limitadas de desenvolvimento, para além da pouca consistência dos seus
objetivos formativos com os objetivos dos programas curriculares da educação escolar
mais ampla. Portanto, a discussão aqui se dá no sentido de ajudar na integração da
educação física nos processos formativos e humanos dos estudantes nas escolas.
Neste aspecto, o objetivo geral partiu do estudo de documentos oficiais
que regularam a educação física escolar no Brasil. Mais especificamente fizemos
pesquisas bibliográfica e documental com levantamentos, estudos e análises de
documentos oficiais e normativos reguladores da educação física, além do aporte
de pesquisas científicas acadêmicas que discutem a educação física escolar e as
suas normativas que orientaram o seu desenvolvimento nas escolas.
Para as análises utilizamos o método dialético, que na sua essência pretende
compreender a realidade distinguindo-a do objeto e do que é da ordem do pensa-
mento. Deste modo, a perspectiva dialética confronta os dados reais obtidos com
os dados concretos para poder pensar e elaborar construções teóricas a respeito do
objeto de estudo (DINIZ; SILVA, 2008). O aporte teórico de base para se pensar
os conceitos, reflexões e análises interpretativas de educação, educação física escolar
e processos de ensino-aprendizagem foram os pressupostos teóricos histórico-cul-
tural de Lev S. Vigotsky e dos seus seguidores da psicologia da educação russa.
O desenvolvimento do texto faz um recorte histórico das normativas da
educação física brasileira e na sequência discorre uma ideia de educação física
hodierna nas escolas numa visão histórico-cultural vigotsquiana.
25
Doutor em Educação (PUC-GO). Professor PPGE (UEG e PUC-GO). CV: http://lattes.cnpq.br/6833748026466876
101
RECORTE HISTÓRICO DAS NORMATIVAS DA EDUCAÇÃO
FÍSICA BRASILEIRA
Art 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
Sacristán (2005), ao dizer que “[...] esse modo de ser penetra em nossas
vidas, dá sentido ao modo de entendermos e de nos representarmos no mundo
cotidiano, isto é, dá conteúdo a nosso senso comum” (p. 11), nos chama a atenção
para o fato da naturalização do que nos rodeia, com o que nos cerca, como se a
familiaridade com algo significasse o inevitável de ser aceito, ou seja, a institucio-
nalização do institucional. Por esta senda, fica notória a existência de um conjunto
de fatores envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem, condicionando as
atitudes dos indivíduos e que muitas vezes escapam à percepção das pessoas, mas
que realmente orienta as diretrizes dos sistemas de ensino para as instituições
formativas, constituindo uma determinada cultura escolar ou instituindo uma
nova cultura para a escola, compatível com os interesses das elites dominantes.
Nessa discussão, pensar um caminho que oriente doravante o fazer pedagógico
da educação física escolar sugere que devemos assumir o seu papel fundamental
e formativo a partir da escola e consequentemente contribuindo para a formação
de conceitos e uma maior conscientização dos estudantes sobre as condições às
quais tem proporcionado a sua inserção nas escolas. Portanto, a nossa visão neste
106
estudo propõe pensarmos os conceitos de ensino e aprendizagem a partir dos
pressupostos da teoria histórico-cultural que Lev S. Vigotski inicialmente orga-
nizou. Nesta proposta, a educação escolar e o ensino são as formas universais da
promoção e apropriação do conhecimento humano, sendo que isto se dá por meio
da apropriação dos conhecimentos produzidos histórica e socialmente no campo
da ciência, da cultura e da arte (VYGOTSKY, 2007).
Para o pensamento histórico-cultural, a atividade de aprendizagem não é
espontânea, ou seja, antes envolve intencionalidade, em uma práxis pedagógica
que, por um lado é particular, individual, mas que é, ao mesmo tempo, social,
pois ocorre em contexto histórico-social que condiciona a prática individual
(DAVYDOV, 1986), logo,
A educação é uma prática social, materializada numa atuação efetiva
na formação e desenvolvimento de seres humanos, em condições
socioculturais e institucionais concretas, implicando práticas e proce-
dimentos peculiares, visando mudanças qualitativas na aprendizagem
e na personalidade dos alunos. Em minha opinião, este é o requisito
de legitimidade epistemológica de qualquer das chamadas “ciências
da educação”. (LIBÂNEO, 2009, p. 16)
Nesse sentido, o que se espera do papel das escolas, dos currículos escolares e da
atuação dos professores é que sejam capazes de viabilizar atividades na prática de ensino
que mobilizem melhor as competências intelectivas dos seus alunos, promovendo e
ampliando as formas mais eficazes de se desenvolver o pensamento, contribuindo para
o desenvolvimento da personalidade dos mesmos, por meio dos conteúdos científicos,
seja em qualquer área do conhecimento, a exemplo da educação física.
Nesta perspectiva, a educação física escolar no paradigma da teoria histórico-
-cultural precisa considerar como seu objetivo educacional a apropriação pelos alunos
dos conhecimentos e saberes socialmente e historicamente construídos e acumulados
pela humanidade. Para isso, faz-se necessário considerar as características sociais,
econômicas e culturais dos estudantes. Portanto, o professor(a) deve dominar muito
107
bem a matéria que ensina, bem como saber indicar e explorar os conhecimentos mais
significativos, abordando suas gêneses e suas lógicas. Mas, além disso, este professor(a)
precisa identificar no aluno as possibilidades de interação existentes na relação recíproca
de ensino-aprendizagem, diante das culturas que ele traz consigo. Espera-se com esta
didática poder ajudá-lo a apropriar-se de novos conhecimentos e contribuir, sobretudo,
na potencialização de sua capacidade de abstrair, compreender, comparar, diferenciar,
memória lógica e atenção deliberada (VYGOTSKY, 2007).
Bento (1987), ao se apoiar em referenciais de autores da teoria históri-
co-cultural como Rubinstein (1959), Wigotski (1964), Leontjew (1979), nos
levou a compreensão que a essência da aprendizagem constitui um processo
inscrito na esfera da socialização, ao contrário da maturação biológica. Contudo,
o desenvolvimento e a formação das habilidades motoras é um processo derivado
substancialmente do processo fundamental do desenvolvimento de cada ser, desde
o início até ao fim da sua vida, devendo ser, portanto, um processo organizado
e dirigido socialmente e influenciado diretamente pelo sistema educativo, pelo
modelo de homem e pelas condições gerais onde ocorre a atividade de ensino.
Assim, a atividade a ser desenvolvida para a aprendizagem do sujeito será tanto
mais transformadora quanto maior for o nível de confronto ativo e consciente,
encarnado na formação e resolução de contradições. Em síntese, neste contexto
podemos dizer que toda aprendizagem tem início na ação.
Destaca Rubinstein (1957) que a criança quando aprende a contar pelos
dedos, logo faz uma ligação entre as aprendizagens da leitura e da escrita. Mais
tarde, ela pelo pensamento e pela descoberta vai transformar estas ações em ope-
rações autônomas, interiorizadas, mas, ainda apoiadas na ação prática. Somente
num momento posterior a criança poderá apresentar como resultado destas
ações práticas uma atividade teórica peculiar. Isto, quando analisado no contexto
das metodologias de ensino de educação física escolar, cria de certa forma, uma
situação paradoxal quando percebemos que no âmago do desenvolvimento das
atividades de ensino há uma certa ênfase das aprendizagens verbal e intelectual
em detrimento da aprendizagem baseada na própria ação.
É possível que a justificativa deste fato notório se dê em função de
que no campo da educação física escolar e do Desporto não esteja
ainda bem consolidado o princípio da unidade de conhecimento e
ação, de consciência e atividade. Como enfatiza Bento:
Na opinião pública (de que os alunos e demais praticantes fazem parte!)
a aprendizagem é identificada com a aprendizagem intelectual. A Edu-
cação Física (tal como outras disciplinas estruturalmente idênticas) não
desempenha qualquer função neste processo; a sua preocupação seria até
a de desligar ou eliminar, com ajuda da automatização e robotização, a
função da consciência. Tudo isto revela claramente que a Educação Física
108
(o ensino e prática do desporto, em geral) é vista apenas como uma acção
composta de meros movimentos, como mero accionismo e praticismo
(BENTO, 1987, p. 71).
CONSIDERAÇÕES
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112
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: COMPETÊNCIAS E
HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS PELOS
ESTUDANTES DO QUINTO ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL NA UNIDADE TEMÁTICA “NÚMEROS”
INTRODUÇÃO
29
A partir de agora, quando nos referirmos a conteúdos, estaremos abordando, de maneira equivalente, objetos de
conhecimento.
114
No entender de Scolari, Bernardi e Cordenonsi (2007, p. 2), o pensamento
lógico contribui para que o aluno possa “pensar de forma mais crítica no que diz
respeito a opiniões, inferências e argumentos, dando sentido ao pensamento”.
Portanto, o ensino de Matemática nos anos iniciais não deve acontecer de forma
mecânica, mas com significado para os estudantes.
Para Nacarato, Mengali e Passos, (2009, p. 34) “a aprendizagem da Mate-
mática não ocorre por repetições e mecanizações, mas de uma prática social que
requer envolvimento do aluno em atividades significativas”. Ainda de acordo
com as autoras, os professores dos anos iniciais precisam priorizar no ensino da
Matemática dos anos iniciais, a contextualização dos conteúdos, levando em con-
sideração as experiências e os conhecimentos prévios que os estudantes trazem
para a sala de aula.
O antigo documento de referência curricular brasileiro, os Parâmetros Cur-
riculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1997), chamava-nos a atenção sobre sua
importância do papel da Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
De acordo com o documento:
É importante, que a Matemática desempenhe, equilibrada e indis-
sociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais,
na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo
do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e
atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhe-
cimentos em outras áreas curriculares. (BRASIL, 1997, p. 29).
METODOLOGIA DA PESQUISA
117
Assim, no presente capítulo, cujo foco é a Matemática dos anos iniciais do
Ensino Fundamental, buscamos compreendermos como a resolução de problemas
se apresenta no referido documento em relação às competências e habilidades a
serem desenvolvidas nos objetos de conhecimento envolvendo a unidade temática
“números” de acordo com a BNCC e alguns estudos desenvolvidos por pesquisa-
dores da área, conforme será apresentado na próxima seção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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representação semiótica. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 14439-14454, 2021.
124
LABORATÓRIO MORFOFUNCIONAL DO CURSO DE
MEDICINA: O USO DA TECNOLOGIA NA PRÁTICA
DOCENTE DIÁRIA
DESENVOLVIMENTO
O Brasil sai dos anos 90 com um quadro sanitário que onde persistem
grandes diferenças na distribuição dos fatores determinantes das
condições de saúde, no acesso e na qualidade dos serviços prestados
à população (Projeto Pedagógico– Medicina, 2000, p. 17).
130
A interação por meio dos chamados grupos de WhatsAppR, poderia alcan-
çar um nível de fórum de discussão e esclarecimento de dúvidas e não apenas
um repositório de fotos. Os alunos poderiam ser estimulados nessa atividade e
poderiam, inclusive, produzir um “caderno do morfo”, com o registro digital de
seu estudo autodirigido ou, até mesmo, a produção de um atlas fotográfico digital
de histologia, útil para todos os alunos. Para tanto, reitera-se que há uma neces-
sidade de planejamento estratégico por parte dos professores, pois, aquilo que se
iniciou de forma natural e intuitiva nas atividades didáticas, agora, pode e deve ser
incorporado na rotina, de forma pensada e sistematizada. Assim, entende-se que
...o uso linear, administrativo, inexpressivo e acrítico das tecnolo-
gias pode representar a dependência e a falta de uma manifestação
pedagógica crítico-argumentativa, em função da mera informação,
repercutindo em apropriações unívocas e vazias de sentido na esfera
educativa. (HABOWSKI, 2019, p. 5)
Ainda sobre as vídeo aulas, estas podem ser nas modalidades síncrona ou
assíncrona que, em linhas gerais, referem-se a modelos de comunicação, sendo a
primeira aquela que se dá de forma simultânea e rápida, como os telefonemas e
calls e, a segunda, é mais lenta, sendo que o emissor não interage imediatamente
131
com o receptor. De qualquer forma, essa ferramenta de comunicação deve se
caracterizar não só pela fluência digital do professor ou pelos recursos visuais do
material didático mas, também, pela versatilidade e capacidade de atrair a atenção
do aluno.
Assim como no ensino presencial, na EaD as relações/vínculos criados
entre professores e alunos fazem a diferença quando permeadas por
relações afetivas. Este fator se potencializa pelo fato desta modalidade
ser mediada pelas tecnologias, pela internet e ter uma característica
comunicacional, com interações síncronas e assíncronas, mediadas
pelo tutor, fazendo-se necessário, ainda mais, o desenvolvimento das
competências socioafetivas. Assim, motivação, apoio, encorajamento,
fortalecimento e superação, tornam-se palavras de ordem (CARVA-
LHO, 2015, p. 197).
132
sua prática docente diária são fatores definitivos para o sucesso dessa empreita,
que devem ser, sem sombra de dúvidas, considerados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Ademar Torres; MACIEL, Cristiano; SILVA, Danilo Garcia; A Fotografia Digital e Sua Uti-
lização em Práticas Pedagógicas no Ensino Médio: Relato de uma Experiência em Tecnologias Digitais e
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MEDICINA CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, MEC, 2001, atualizada em 2014.
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pectiva de Wallon The Importance of the affectivity in EaD: a perspective of Wallon Un importancia da
afetividade na EaD: uma perspectiva de Wallon. Revista EDaPECI São Cristóvão (SE) v.15. n. 1, p. 192-
205 jan. /abr. 2015.
HABOWSKI, Adilson Cristiano; CONTE, Elaine; TREVISAN, Amarildo Luiz; Por Uma Cultura Recons-
trutiva dos Sentidos das Tecnologias na Educação. Educ. Soc., Campinas, v.40, e0218349, 2019.
133
KENSKI, Vani Moreira; Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. Ed Papiros: Campi-
nas, SP, 2007.
MAMEDE, Silvia; PENAFORTE, Julio; Aprendizagem Baseada em Problemas: Anatomia de uma Nova
Abordagem Educacional. ed. Hucitec. Escola de Saúde Pública do Ceará: Fortaleza, 2001.
MEHANNA, SH; GARBELINI, MCL. Ensino de patologia no curso de medicina. Espac. Saúde. 2021;22:e786.
PAIVA, Monique Danyelle Emiliano Batista e cols. Construção do museu de ciências morfológicas da
Universidade Federal da Paraíba: morfologia, educação e arte. Saúde em Foco: Temas Contemporâneos -
Volume 1. Editora Científica. 2020.
UNIDERP-PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE MEDICINA – UNIDERP 1999, última
atualização 2020.
134
MARIA EUGÊNIA MACEIRA MONTENEGRO:
MEMÓRIAS LITERÁRIAS E POLÍTICAS (1962-1978)
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
Esta pesquisa traz uma análise sobre a história de Maria Eugênia Montenegro
que chegou a Região Vale do Açu nos idos de 1938 acompanhada de seu marido
Nelson Borges Montenegro filho do então Major Manoel Montenegro (figura
política bastante renomada na região). Natural de Lavras – Minas Gerais, Maria
Eugênia morou no município de Ipanguaçu no sítio Picada, onde posteriormente
iniciaria a vida política. Filiada ao partido Aliança Renovadora Nacional - ARENA.
Maria Eugênia se candidatou a prefeita do município em 1972 e nesse mesmo
ano foi empossada na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.
A conjuntura histórica destacada ambienta-se num campo de cunho polí-
tico-social configurada por indícios do coronelismo local, abrindo uma discussão
sobre o pioneirismo dessa mulher que atuou como política e membro da Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras (ANRL) e, principalmente literata no século
XX, atravessando as intempéries da cultura patriarcal e machista no interior do
Rio Grande do Norte.
Enfim, a abordagem da pesquisa possibilitará discutir sobre a atuação de Maria
Eugênia na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras (ANRL) e na política. Como
suas representações influenciaram aspectos da educação no município de Ipanguaçu/
RN? Desse modo, quais são as representações imbuídas nas ações poéticas e políticas
em torno da figura de Maria Eugênia? Como essas influências políticas e literárias de
Gena refletiram no processo da educação no município de Ipanguaçu?
Maria Eugênia nasceu em 7 de outubro de 1915 no município de Lavras
- Minas Gerais, local onde se formou para professora primária. Sua família é
composta de seis irmãos, seu pai Bernardino Maceira é natural de Portugal. Foi
engenheiro, desenhista, fotógrafo, agrimensor, jardineiro, matemático, hortelã e
sua mãe, Ricardina Amaral Maceira, responsável pela educação da família.
A história de Maria Eugênia Montenegro é destaque na literatura por meio
da escrita de nove livros de sua autoria, alguns lançados pela editora Fundação
José Augusto, pela Imprensa Universitária, pela Universidade Federal de Lavras,
pela Editora Cern e outros editados pela própria autora. Destacamos os livros:
‘Saudade, teu nome é menina: memórias de uma menina feia; Azul solitário, Alfar,
137
a que está só; Lavras, terra de lembranças: memória de mocidade; Andorinha
sagrada de Vila Flor; Lembranças e tradições do Açu; Porque Américo ficou lelé
da cuca; Lourenço, o sertanejo e Todas as Marias’.
Um dos destaques de suas obras é “Lembranças e Tradições do Vale do Açu”,
livro em que a escritora descreve figuras e acontecimentos relacionados ao folclore
do Assú, enfatizando as atividades dos homens do campo no qual foi testemunha
e, ainda descreve histórias de vaqueiros ou caboclos como bem menciona Franklin
Jorge na capa do livro da escritora.
Destacamos a produção literária de Gena iniciada em 1962 com “Saudade
teu nome é menina: memórias de uma menina feia”, no qual a autora relata suas
memórias da infância até a adolescência. Outro livro relevante na pesquisa é
“Lembranças e tradições do Açu” que apresenta a vivência com o povo do Vale
do Assú, observando uma série de tradições e costumes do povo da região.
Em uma das pesquisas de Castro e Morais (2001, p. 5) as autoras abordam
uma entrevista de Gena na qual a escritora e política relata suas memórias: “cons-
truímos escolas, fizemos um teatro naquele fim de mundo. O teatro se tornou o
cartão postal da cidade, os grupos teatrais de Natal se apresentavam lá. Foi fan-
tástico”. Desse modo, quais são as representações imbuídas nas ações poéticas e
políticas em torno da figura de Maria Eugênia? Como essas influências políticas e
literárias de Gena refletiram no processo da educação no município de Ipanguaçu?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
36
Luiz Gonzaga de Souza, natural de Ipanguaçu, que morreu no movimento contra os comunistas em Natal, em 1935.
Disponível em: http://oestepotiguarnoticias-ipanguacu.blogspot.com/2009/12/ex-prefeitos-de-ipanguassu.html.
37
Entrevista concedida por Maria Joaquina de Araújo no dia 12.02.2020.
139
A memória de Maria Joaquina tem marcas de saudosismo político: “ela lem-
brou da gente e mais ninguém, [...] alguns deram só promessa e não fizeram nada
[...] de prefeito que fez mesmo, para mim só foi ela”. Nesse contexto, a memória
da entrevistada é um grito de revolta, e também lembrar de seu pertencimento
de uma classe social desfavorecida ou ainda atrelada a um patrimônio material, a
antiga Escola Municipal Antônio Tavares que é um dos símbolos de resistência da
comunidade Pedrinhas, com memórias de um tempo que o processo de educação
do Ensino Fundamental era ofertado na própria comunidade. Ainda seguindo
a ideia de Bosi (1994, p. 441) acerca dos objetos, em destaque a antiga escola da
Comunidade de Pedrinhas (Ipanguaçu/RN), que faz parte da memória de Maria
Joaquina e dos moradores da comunidade: “se mobilidade e a contingência acom-
panham nosso viver e nossas interações, há algo que desejamos que permanece
imóvel, ao mesmo na velhice: o conjunto dos objetos que nos rodeiam”.
De certo, essas memórias não fluem sem reticências, sem silêncios e sem
esquecimentos. Há muitas memórias que são resguardadas ou contadas em parte.
Enfim, prefere-se a renegação e ao esquecimento. São memórias dolorosas para
muitos deles, em que pesa também uma defesa, um ponto de vista. Como usual-
mente encontramos nos discursos veiculados pela imprensa, há os momentos
inglórios que se pretende esquecer.
Os espaços arquitetônicos marcam as memórias dos Ipanguaçuenses acerca
da memória de Maria Eugênia, representado no teatro criado por ela e ainda conti-
nua em ativa no município, no qual foi encenado algumas peças dos livros escritos
por ela. As memórias são fontes significativas para a pesquisa como também as
fotografias, documentos escritos e os objetos possibilitam compreender em parte
como foi a vida de Maria Eugênia na política e na literatura. Como bem menciona
Bosi (1994, 453) que na memória política há inocorrência dos julgamentos: “O
sujeito não se contenta em narrar como testemunha histórica ‘neutra’. Ele quer
também julgar, marcando bem o lado em que estava naquela altura da história,
e reafirmando sua posição ou matizando-a”. Descrever tal cenário é também
contextualizar um cenário histórico que envolve questões de gênero, identidade
e também as marcas das influências coronelistas.
Posicionamentos também compartilhados por Louro (1997, p. 89) ao pon-
tuar que as construções culturais e sociais são refletidas por questões de gênero.
Portanto, é possível argumentar que, ainda que os agentes do ensino
possam ser mulheres, elas ocupam de um universo marcadamente
masculino - não apenas porque as diferentes disciplinas escolares se
construíram pela ótica dos homens, mas porque a seleção, a produção
e a transmissão dos conhecimentos (os programas, os livros, as estatís-
ticas, os mapas; as questões, as hipóteses e os métodos de investigação
140
“científicos” e válidos; a linguagem e a forma de apresentação dos
saberes) são masculinos.
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141
Entrevista concedida por Maria Joaquina de Araújo no dia 12.02.2020.
Entrevista concedida por Antônio Ricardo Neto no dia 01.05.2020.
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ma-dantas/. Acesso em: 22 fev. 2020.
142
MUDANÇAS DE ATITUDES E COMPORTAMENTOS
PARA INCLUSÃO DE MULHERES, NEGROS E IDOSOS
DIANTE DO ESTIGMA SOCIAL EM SAÚDE MENTAL:
RELATO DE ATUAÇÃO EM PROJETO DE EXTENSÃO
INTRODUÇÃO
38
Graduanda de Farmácia (UFRRJ). CV: http://lattes.cnpq.br/7110702111005459
39
Doutora em Farmacologia (USP). Professora Adjunta (UFRRJ). CV: http://lattes.cnpq.br/6033928296087157
143
De modo complementar, os negros, ainda apresentam as “marcas” propor-
cionadas pelo silenciamento e negligência de direitos humanos, os quais foram
privados de liberdade, saúde e educação. A escravidão foi um processo lucrativo e
atribuiu ao corpo negro a objetificação e desumanização, além da relação de que
as características físicas e psíquicas dos mesmos, levariam a uma predestinação de
certos indivíduos à criminalidade e, a transmissão de doenças. Embora este processo
esteja no pretérito, essa prática ainda exerce influência em nossa sociedade, com
o racismo e as desigualdades até hoje sofridas por este povo. Isto se afirma em:
Após a abolição o negro continuou sendo tão discriminado quanto
antes. Para fazer face às revoltas e para poderem continuar explorando
os negros, os brancos, por meio de suas elites intelectuais, forjaram
uma explicação para resguardar sua supremacia racial, inventou-se a
hierarquia biológica das raças e esta substituiu a hierarquia de sangue
da nobreza. (CORDEIRO, 2006, p. 82)
DESENVOLVIMENTO
41
É uma expressão usada na comunicação informal para descrever ou imitar uma pessoa que reclama. A expressão exibe
uma conotação pejorativa, pois é empregada para satirizar uma pessoa que reclama com frequência.
149
problemática ocasiona à saúde mental desta população. Para além disso, houve a
divulgação da pesquisa sobre “Saúde Mental e a Violência Sofrida pela População
LGBTQIAP+”, realizada pelo projeto parceiro intitulado: “Saúde mental e popu-
lações minoritárias: combate ao estigma social na população LGBTQIAP+ e o
reflexo no acesso à saúde pública no Brasil.” Embora o mês do orgulho represente
uma maior visibilidade em relação à comunidade LGBTQIAP+, é de extrema
significância discutir esta questão de modo recorrente, dado que, a vulnerabilidade
e os índices de violência contra esta população ainda são alarmantes.
O mês de julho inaugurou com recomendações de filmes que abordavam
o estigma social em populações vulneráveis, a saúde mental e as questões sociais
que perpassam o preconceito e intensificam estas vulnerabilidades. Em sua peda-
gogia, o cinema nos ensina maneiras de interpretar e compreender a sociedade,
influenciando nossas escolhas e hábitos (SILVA, 2019). Por isso, proporcionamos
esse tipo de conteúdo em nossas redes, para que o conhecimento alcançasse um
número ampliado de pessoas, representado por momento de lazer que favorece
o bem-estar.
Paralelamente, foi desenvolvido uma grande sequência informativa sobre
os diversos transtornos existentes na saúde mental, sendo estes: o “Transtorno
do Espectro do Autismo (TEA)”; “Transtorno de Déficit de Atenção e Hipera-
tividade (TDAH)”; “Transtorno de Personalidade Borderline” e o “Transtorno
Alimentar”. Essa construção provém da necessidade avaliada de expor a definição
e sintomatologia dos mesmos e, principalmente, desmistificar os estereótipos
existentes, a estigmatização e minimizar a exclusão social. Por outra perspectiva,
apontamos os desafios da “somatização”, uma vez que, muitas vezes este quadro é
descartado no diagnóstico, por suas causas nem sempre serem identificadas através
de exames laboratoriais.
Em suma, para a finalização dos materiais de julho, foram elaborados cards
contextualizando “quem foi” e “qual é a importância” de Marsha P. Johnson; além
de como as práticas integrativas e complementares se relacionam com a saúde
mental. Por fim, divulgamos material educativo sobre “esquizofrenia”, em virtude
de a estigmatização circundante deste transtorno agir como uma barreira, cau-
sando um atraso na procura de auxílio, na progressão do tratamento e fomentar
o isolamento e a exclusão social.
Para finalizar mais um ano do projeto, em agosto de 2022, continuou-se
com a divulgação de materiais educativos em saúde mental em todos os canais
de comunicação do projeto. Através do conteúdo sobre “Síndrome do Pânico e
Pandemia” recordamos as consequências que o novo coronavírus acarretou na
sociedade, em relação ao convívio social, ao medo pelo risco de adoecimento e
morte. Adiante, houve o planejamento de conteúdos acerca de duas campanhas
150
essenciais, uma celebrada no próprio mês em questão e, a outra elaborada para o
próximo mês, estas sendo, “Agosto Lilás” e “Setembro Amarelo”, respectivamente.
O “Agosto Lilás” é a campanha de conscientização pelo fim da violência
contra a mulher. Tal campanha foi criada após a sanção da Lei Maria da Penha
(Lei Federal n° 11.340/2006) assinada em 7 de agosto de 2006, que considera
crime de violência doméstica e familiar contra a mulher, definido como “qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (BRASIL SAÚDE AÇÃO
- BRASA). A campanha também objetivou divulgar os canais de denúncia, os
quais estão disponíveis no material divulgado em nossos canais de comunicação.
Por fim, preparou-se para o mês seguinte, a explanação sobre o “Setembro
Amarelo” no panorama da saúde mental, emocional. A campanha é marcada pela
conscientização sobre a prevenção ao suicídio. De acordo com a Organização
Mundial da Saúde, cerca de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano e é
quarta causa de mortalidade de jovens na população brasileira. O suicídio pode
afetar qualquer pessoa, no entanto, as populações mais vulneráveis: mulheres,
negros(as) e idosos (as) estão mais suscetíveis a esta problemática, diante dos
obstáculos e preconceitos sofridos frequentemente. Portanto, é mister o debate,
não só durante o mês da campanha, mas de forma periódica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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152
CREATION HEALTH: UMA PROPOSTA ADVENTISTA
PARA A PROMOÇÃO DO ESTILO DE VIDA E
PROMOÇÃO DA SAÚDE
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
C = Choice (ESCOLHAS)
Souza et al. (2014), apresenta a necessidade do fortalecimento e ampliação
das discussões e ações em torno de estratégias de empoderamento do indivíduo
voltadas à promoção da saúde, corroborando com Carvalho (2004), que sugere
a combinação entre escolhas pessoais e a responsabilidade social como ações
que visam a criação de hábitos futuros mais saudável, destacando a necessidade
da incorporação de ações voltadas a escolhas e empoderamento dos indivíduos,
produzindo assim, sujeitos autônomos e socialmente responsáveis.
R = Rest (DESCANSO)
Coelho e colaboradores (2010), realizaram um estudo a fim de verificar
a relação entre a qualidade de sono, depressão e ansiedade em universitários de
cursos da saúde, chegando à conclusão de que para esses indivíduos quanto pior
o sono, maiores são os níveis de depressão, bem como, a relação existente entre os
níveis de ansiedade e depressão, trazendo, portanto, a necessidade do cuidado e
atenção em relação ao sono. Corroborando, Lancel, Van Veen e Verbeek (2020),
155
destacam a importância do sono para a saúde psíquica no âmbito preventivo e
terapêutico, graças a influência desse fator em processos como processamento
de informações, cognição, emoções e comportamentos, além da influência em
aspectos fisiológicos como crescimento e desenvolvimento, equilíbrio energético
e sistema imunológico, contribuindo ainda para uma boa saúde cardiometabólica.
A = Activity (ATIVIDADE)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), a prática de
atividade física regular favorece a saúde do coração, corpo e mente, contribuindo
na prevenção e controle de doenças cardiovasculares, diabetes e câncer, além da
redução de sintomas da ansiedade e depressão, colaborando para a melhora do
bem-estar geral, podendo essa atividade ser realizada das mais diversas formas,
como parte do trabalho, esporte, lazer e/ou tarefas diárias e domésticas.
Corroborando, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2021), destaca a importân-
cia da prática de atividade física em diversos os momentos ao longo do dia e em
todas as fases da vida, contribuindo para a redução do comportamento sedentário
e melhoria da qualidade de vida e saúde.
T = Trust (CONFIANÇA)
Em estudo realizado por Cres et al. (2015, p. 248), constatou-se que há
associação entre religiosidade e estilo de vida, destacando ainda, a “importância
de ações educativas relacionando dimensões da religiosidade com o estilo de vida
para a promoção da saúde em uma perspectiva de integralidade”, a religiosidade/
espiritualidade exercem papel de influência sobre o estilo e qualidade de vida dos
indivíduos, podendo a partir dessa influência contribuir para potencializar estados
156
emocionais positivos e consequentemente refletir no bem-estar e saúde (OMAIS,
S.; SANTOS, M. A., 2022), sendo também apontadas como ferramentas alia-
das ao enfrentamento de doenças, gerando ressignificação e efeitos positivos ao
paciente, implicando na melhor qualidade de vida e enfrentamento das dificul-
dades, cabendo destacar que estas não substituem a prática médica (CARMO;
VIDAL; JACINTO, 2022).
O = Outlook (PERSPECTIVA)
Hoffmann e colaboradores (2005), chamam a atenção para a necessidade e
importância do cuidado integral à saúde, sem dissociação entre a mente e o corpo,
afirmação essa é reforçada por Cruz e Pereira Junior (2011, p. 63), ao destacar o
consenso acerca da “relação entre os aspectos cognitivos, emocionais e manifes-
tações somáticas, excluindo a possibilidade de uma completa separação funcional
entre mente e corpo”, destacando ainda a ligação entre processos emocionais e
alterações fisiológicas.
Rodrigues, Oliveira e Araujo (2022) vem apontar a necessidade da aceitação
das emoções e sentimentos, buscando propiciar soluções para ministra-las e dar
valia as necessidades internas procurando minimizar aspectos negativos a saúde
mental e contribuindo para o autoconhecimento e promoção da saúde.
N = Nutrition (NUTRIÇÃO)
A maior ingestão de alimentos de origem vegetal em detrimento aos ali-
mentos refinados, embutidos e industrializados, especialmente aqueles ricos em
gorduras, açucares e sódio são exemplos de mudanças comportamentais favoráveis
à promoção da saúde e incentivadas pelo novo Guia Alimentar para a População
Brasileira (BRASIL, 2014).
157
Ao realizar análise do inquérito de saúde do Munícipio de São Paulo, Ferrari
et al. (2017), constatou que em todas as faixas etárias estudadas (adolescentes,
adultos e idosos), o domínio consumo alimentar foi o principal responsável pelo
estilo de vida não saudável, destacando ainda a importância de manutenção e
desenvolvimento de estratégias voltadas ao controlo de estilo de vida saudável
onde a promoção da alimentação saudável seja apresentada como ponto central
de tais estratégias.
Corroborando, Susan e colaboradores (2021), ao destacarem a necessidade
e importância do cuidado com a boa nutrição como fator preponderante para o
envelhecimento saudável, longevidade e promoção de um estilo de vida saudável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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160
MEDIAÇÃO DA LITERATURA INDÍGENA EM
SALA DE AULA
INTRODUÇÃO
50
Graduando em Letras Língua Portuguesa (UEMASUL). Pesquisador PIBIC.
CV: http://lattes.cnpq.br/5981954571662437
51
Doutorando em Linguística e Literatura (UFNT). Bibliotecário. CV: http://lattes.cnpq.br/0393496205563360
52
Doutoranda em Linguística e Literatura (UFNT). Pedagoga. CV: http://lattes.cnpq.br/2670075062259458
53
Doutorando em Lingística e Literatura (UFNT). CV: http://lattes.cnpq.br/1445429014306551
161
Mata, de Graça Graúna. Ademais, propõem-se roteiros de estudo direcionados à
mediação da literatura indígena em sala de aula, podendo ser aplicados em variadas
disciplinas e séries da Educação Básica, haja vista a interdisciplinaridade dos temas
a serem explorados e os objetivos a serem alcançados. Ressalta-se, ainda, o alinha-
mento desta proposta à Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL,
2017), a qual orienta o trabalho pedagógico de modo a contemplar a produção
cultural e artística dos povos originários, numa perspectiva interdisciplinar. Este
trabalho se justifica por ele poder contribuir na desconstrução da hegemonia dos
currículos escolares, de forma a garantir uma formação mais ampla e culturalmente
sensível à diversidade étnica, racial e cultural brasileira.
Convém ressaltar que, ao se considerar a chegada de outros sujeitos (de
vivências e culturas distintas outras) à escola, deve-se fomentar, também, outras
pedagogias. As pedagogias outras têm de ir, pois, ao encontro das subjetividades
desses aprendizes outros, de modo que se sintam mais compreendidos e valorizados
no contexto escolar (ARROYO, 2014).
Nesta proposta, cumpre dizer, ainda, que focalizamos dois paradigmas do
ensino da literatura, baseados em Cosson (2020), a saber: o paradigma da formação
do leitor e o paradigma social-identitário. O primeiro, o paradigma da formação
do leitor, no sentido de mediar a literatura no processo educacional, com vistas
a motivar, principalmente, o prazer de ler literatura. O segundo, o paradigma
social-identitário, visto que os leitores, a partir do contato com obras e autores de
variadas etnias e vivências, consigam formular suas próprias concepções tanto sociais
como identitárias a partir dos textos literários que podem ser mediados na escola.
Pelo viés do paradigma social-identitário, trabalham-se, por exemplo, as ques-
tões voltadas a identidade(s), sejam individuais e coletivas, e a representatividade; e
quanto ao paradigma da formação do leitor, no sentido de oportunizar o encontro
com variados textos literários e fortalecer a consciência estética. Dessa forma, ao
adotar-se tais concepções do ensino da literatura, o aluno tornar-se-á capaz de
ler e construir sentidos, praticar a leitura de fruição, além de poder compreender
seu espaço na sociedade e refletir sobre escritas plurais.
Pretende-se, pelo exposto, apresentar aos professores, mais especialmente
aos que já atuam no Ensino Fundamental, estratégias de mediação da literatura
indígena em sala de aula, seguidas de sequências didáticas com base nas abras
literárias aqui apresentadas.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Jeguaká Mirim e Tupã Mirin são de etnia guarani e vivem na aldeia Krukutu,
localizada na região de Parelheiros – Zona Sul da cidade de São Paulo. Os irmãos
escritores, desde cedo, tiveram contato com as histórias antigas e os saberes ances-
trais, na aldeia. Além do mais, foram influenciados pelo pai (o escritor indígena
Olívio Jakupé), e a mãe Maria (contadora de histórias na aldeia). É, pois, nesse
contexto que os infantes foram iniciados na literatura nativa. Cumpre mencionar,
também, que Jeguaká Mirim, além de escritor, tem se destacado no cenário musical
brasileiro, mais especialmente, no gênero rap.
164
A obra Contos dos Curumins Guaranis, de autoria dos indígenas Jeguaká
Mirim e Tupã Mirin, trata-se uma série de contos54 produzida por eles ainda na
infância, quando tinham 9 e 10 anos, respectivamente. O livro tem como públi-
co-alvo crianças, quer pela idade dos escritores, que vai ao encontro dessa faixa
etária, quer pela linguagem simples e com ilustrações coloridas que acompanham
os nove contos. Os autores, desde o nascimento imersos na cultura guarani e em
contato direto com as histórias antigas, (re)contam esses mitos subsidiados no
imaginário infantil e versam sobre o dia a dia na aldeia, a espiritualidade guarani
e a relação dos povos indígenas com natureza, entre outros temas que podem ser
explorados pelo mediador da leitura.
Nesse sentido, a leitura dos contos proporciona aos indígenas e não indígenas
narrativas que, embora ficcionais, em virtude do gênero ao qual estão configura-
das, também integram o arcabouço de histórias e saberes antigos que transitam
entre os guaranis e é repassado de geração em geração, especialmente por meio
da tradição oral. Em O menino sonhador, por exemplo, narra-se a história de um
menino que sonhava voar pelo céu, uma vez que os pássaros despertavam nele o
desejo de alçar voo tal qual as aves. Na narrativa, embora o menino cultive o sonho
de voar, este é cerceado em decorrência diálogo estabelecido entre os pássaros e
o menino. Na conversa, aconselham as aves que o indigenazinho deve voltar para
casa, haja vista que cada ser desempenha funções distintas na natureza, e a dos
pássaros é a de voar pelo céu.
Acerca do conto em foco, pode-se mencionar a junção entre conto e fábula,
em relação à estrutura do texto. Isso dá pelo fato de que, além da interação humano
e aves, vê-se que os pássaros assumem comportamentos humanos, quando orientam
o menino, verá, tal qual ocorre no gênero textual fábula, no sentido de que há um
conselho/lição a ser apreendido.
No texto Guarani: Nossa Língua Materna, os autores abordam a educação na
ideia, mais especificamente a questão linguística, ao afirmarem que o português
não é primeira língua do povo guarani. Para eles, a língua guarani é a primeira a
ser adquirida, ainda na infância, e somente depois aprendem a língua portuguesa.
Na escola, por sua vez, as duas são ensinadas. É importante ressaltar, neste texto,
um pequeno índice de palavras em guarani seguidas da tradução em português, a
exemplo de uru avá (galo), tekoa (aldeia), jaguá (cachorro) etc.
De modo geral, a obra Contos dos Curumins Guaranis, como bem prefaciou
Heloisa Prieto, por ocasião da publicação do livro, pode ser considerada um portal
para a cultura guarani, haja vista a licença que os autores indigenazinhos dão a
54
A obra Contos dos Curumins Guaranis reúne nove contos escritos pelos indigenazinhos guaranis. No entanto, neste
trabalho, deu-se preferência a três, a saber: A transformação do Menino, O Menino Sonhador e Guarani: Nossa Lín-
gua Materna.
165
seus interlocutores de adentrarem a aldeia, em suas práticas diversas e saberes
ancestrais eternizados na memória dos guaranis. Sugere-se, pois, que os contos
de Jeguaká Mirim e Tupã Mirin sejam trabalhados com educandos entre 6 e 14
anos de idade55.
Sequência didática
Sequência didática
Nome da instituição de ensino
Data: ___/___/______ Turma:
Professor(a):
Discente:
Disciplina:
Fonte: elaborado pelos autores
169
1. Além de contemplar a da natureza e muito aprender com ela, Taynôh
também se coloca em posição de escuta, representando uma premissa
básica da educação indígena: a aprendizagem indígena se dá primeira-
mente pelo ouvir, para somente depois realizar as atividades. No tempo
da escuta, quais/como esses conhecimentos são transmitidos ao menino?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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171
THIÉL, J. Pele silenciosa, pele sonora: a literatura indígena em destaque. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
PACHAMAMA, A. R. Taynôh: o menino que tinha cem anos. Rio de Janeiro: Pachamama, 2019.
172
REFLEXÕES E PERSPECTIVAS DE ADOLESCENTES
SOBRE O USO DAS REDES SOCIAIS NA
CONTEMPORANEIDADE: UM QUESTIONAMENTO
REFLEXIVO PARA A SAÚDE MENTAL
INTRODUÇÃO
56
Doutor em Ensino (UNIVATES). CV: http://lattes.cnpq.br/0850235689773120
57
Especialista em Docência do Ensino Superior (UNINTER). CV: http://lattes.cnpq.br/8789638189091234
58
Mestranda em Ensino (UNIVATES). CV: http://lattes.cnpq.br/5588742033873111
59
Especialista em Administração Educacional. Professor (SEMED). CV: http://lattes.cnpq.br/1174947284582130
60
Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Educação Inclusiva (FAVENI).
CV: http://lattes.cnpq.br/8758994526468573
61
Especialista em Coordenação Pedagógica (IESAP). Professor. CV: http://lattes.cnpq.br/8201994470053686
62
Especialização em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional (FATECH). Professor.
CV: http://lattes.cnpq.br/0641379492183029
63
Acadêmico Licenciatura em Letras (UEAP). CV: http://lattes.cnpq.br/0208805025903622
173
feita pela Agência Emarketer, divulgada pela revista Forbes em 2017, revelou que
o Brasil é o país da América Latina com mais usuários que usam os smartphones
para se conectar as redes sociais, sendo um total de 97,8 milhões.
Baseado nesses dados, esta pesquisa norteou a seguinte questão: como os
jovens concluintes da II etapa do Ensino Fundamental se relacionam com as redes
sociais e se tal uso tem implicações para a sua saúde mental? Por compreender que
de acordo com Who (2016) o Brasil, segundo o relatório global da Organização
Mundial de Saúde, as estatísticas confirmam que a depressão atinge 5,8% de sua
população. De acordo com o mesmo relatório, nas complicações mais graves, a
depressão pode levar ao suicídio e cerca de 800 mil pessoas morrem a cada ano
sendo a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade de 15 a 29
anos, abrangendo grande parte dos adolescentes (WHO, 2016).
Para Miranda et al. (2014), a adolescência é o período de transição para a
idade adulta, repleta de alterações morfológicas e psicossociais. Cronologicamente,
esta fase corresponde ao período dos 11 aos 19 anos de idade.
A referida pesquisa envolve um contexto significativo por entender que
diante deste cenário, alguns fatores de riscos sobre as redes sociais são apresenta-
dos pela literatura, que podem potencializar ou são protetores para os sintomas
relacionados a saúdem mental e a dependência ao acesso à internet com uso de
meios eletrônicos, que afetam a integridade social dos adolescentes (BOTINO
et al., 2015).
O crescente uso das redes sociais (facebook, whatzap, Instagram entre outras)
cresceu e vem crescendo nos últimos anos. O padrão hegemônico de beleza bem
como a superficialidade das relações sociais tem modificado o modo de se rela-
cionar e corroborado para emplacar estimas e padrões socialmente estabelecidos.
Nos resta saber: como os jovens concluintes da II etapa do Ensino Funda-
mental se relacionam com as redes sociais e se tal uso tem implicações para a sua
saúde mental? Para responder este questionamento, objetivou-se compreender como
os (as) estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental da Escola Estadual de
Ensino Fundamental Irmã Santina Rioli se relacionam com as redes sociais, suas
percepções, implicações e modos de agir.
REFERENCIAL TEÓRICO
Contemporaneidade e a exposição pessoal nas redes sociais
METODOLOGIA
175
Público-Alvo
Tipo de pesquisa
RESULTADOS E DISCUSSÕES
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, F. B. P.; FARIAS, F. G.; MOTA, M. O. FREITAS, A. A. F. Curtiu, comentou, comprou. A mídia
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em: http://www.spell.org.br/documentos/ver/40212/curtiu--comentou--comprou--a-mídia-social-digital-
-instagram-e- o-consumo/i/pt-br, 2016. Acesso em: 09 set. 2022.
BOTTINO, S. M. B.; BOTTINO, C. M. C.; REGINA, C. G.; CORREIA, A. V. L.; RIBEIRO, W. S. Cyber-
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463-475, Mar. 2015. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2015000300463>.
http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00036114. Acesso em: 09 set. 2022.
DORNELLES, J. Planeta Terra, Cidade Porto Alegre: uma etnografia entre internautas. Dissertação (Mes-
trado em Antropologia Social)-PPGAS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
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lógica. In: SANTOS FILHO,José Camilo dos; GAMBOA, Sílvio Sanchez (Orgs.). Pesquisa educacional:
quantidade-qualidade. São Paulo: Cortez, 1995.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª edição. 5. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.
HAIR J., JOSEPH F. et al. Fundamentos de Pesquisa de Marketing. 3ª Edição. AMGH Editora, 2014.
MIRANDA. R, Culture, economic and sociological correlates of suicide rates: a cross-national analysis.
Applied Economics Letters, 3: 779-782, 2013.
181
MIRANDA VPN, CONTIMA, BASTOS RR, LAUS MF, ALMEIDA SS, FERREIRA MEC. Imagem
corporal de adolescentes de cidades rurais. Ciência & Saúde Coletiva, 19(6):1791-1801, 2014.
PIZA, M. V. O fenômeno instagram: considerações sob perspectiva tecnológica. 2012. 48f. Monografia
(Graduação) – Departamento de Sociologia, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Brasília, Brasília/
DF, 2017. Disponível em: <http://bdm.unb.br/handle/10483/3243>. Acesso em: 10 set. 2022.
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TOMAÉL, M. I.; MARTELETO, R. M. Redes Sociais: posições dos atores no fluxo da informação.
Encontros Bibli, Florianópolis, v. 11, n. 22, p. 75-91, 2006.
WHO, World Health Organization. Preventing suicide: A resource for media professionals. Geneva: World
Health Organization, 2016. (Em Inglês).
182
A EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM INFANTIL
65
Maestría en Ciencias de la Educación (Universidad Autónoma de Asunción – PY). Coordenadora Pedagógica (SME
- Careiro Castanho/AM). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4099-9600
183
De acordo com Fonseca (2004, p. 12):
A psicomotricidade constitui uma abordagem multidisciplinar do corpo
e da motricidade humana. Seu objeto é o sujeito humano total e suas
relações com o corpo, sejam elas integradoras, emocionais, simbólicas
ou cognitivas, propondo-se desenvolver faculdades expressivas do
sujeito, nas quais, por esse contexto, assume uma dimensão educacional
e terapêutica original, com objetivos e meios próprios que se destacam
de outras abordagens.
O estímulo motor é tão importante que quando ocorrem falhas nesse estí-
mulo podem acarretar falhas no aprendizado, essas falhas podem ser dificuldades
de leitura e compreensão, que pode acarretar problemas graves no processo de
alfabetização da criança.
O desenvolvimento motor é um processo de mudança no comportamento
motor, o qual está relacionado com a idade, tanto na postura quanto no movimento
da criança. Como também observamos que o desenvolvimento motor apresenta
características fundamentais sendo elas, as possibilidades de nosso corpo agir e
expressar-se de forma adequada, a partir da interação de componentes externos,
que é o próprio movimento, e através de elementos internos, que são todos os
processos neurológicos e orgânicos que executamos para agir.
De acordo com a Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP, 1980):
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem
através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno
e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é
a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada
por três conhecimentos básicos, o movimento, o intelecto e o afeto.
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concep-
ção de movimento organizado e integrado, em função de experiências
vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua
linguagem e sua socialização.
188
Cabe algumas reflexões que possibilitem outros olhares para a importância
da educação psicomotora da criança na educação infantil. Como apresentado
nesse capítulo, a psicomotricidade, se trabalhada no contexto escolar, auxilia no
processo de aprendizagem das crianças e, para que isso aconteça, é importante
que os professores sejam bem qualificados acompanhem passo a passo as etapas
corporais, afetivas e cognitivas do seu aluno de forma individual.
Também as atividades de psicomotricidade podem ser desenvolvidas com os
alunos e devem seguir uma ordem, uma sequência e uma sucessão de movimentos,
sendo planejadas e aplicadas de acordo com a evolução individualizada. Por meio
das atividades psicomotoras os alunos expressam suas emoções e, os alunos têm
a oportunidade de criar, interagir e experimentar as diferentes funções que seu
corpo realiza.
Os professores que se dedicam à psicomotricidade na escola podem assumir
como estratégia a escuta, como forma didática à aprendizagem e desenvolvimento
das crianças, conforme à disposição corporal que se ajusta à criança como forma
de interação e intervenção em atividades lúdicas. Isso qualifica o processo
de acompanhamento sistemático da evolução do aluno, no sentido de minimizar
ou sanar os possíveis conflitos que a criança possa apresentar por meio de ativi-
dades lúdicas.
Conclui-se que a psicomotricidade contribui de maneira significativa às
práticas pedagógicas, como metodologia, oferece teoria e prática à compreensão
das capacidades e habilidades dos fundamentos do movimento e suas relações
com diálogo tônico e a comunicação não verbal, ela é capaz de estimular o desen-
volvimento através de mecanismos de investimento e estratégias em vivências
psicomotoras que irão explorar os potencias simbólicos visando compreensão,
consciência e controle do próprio corpo.
Assim como, a relação entre a motricidade, mente e afetividade desem-
penham, em conjunto e através do diálogo tônico que são questões favoráveis ao
desenvolvimento de maneira integral e significativa para o aluno.
Por fim, foi possível concluir que as atividades psicomotoras para as
crianças na Educação Infantil, auxiliam o desenvolvimento global, sendo físico,
emocional e social da criança e também no seu processo de alfabetização.
Também a necessidade através da pesquisa que esse tema seja investigado.
Há ainda carência de referencial bibliográfico nessa área. Então, esse capítulo não
se esgota aqui, há um vasto campo de pesquisa que carece ser desbravado.
Pode-se finalizando, destacar que as referencias sobre psicomotricidade
corroboram com a importância da educação psicomotora no processo de apren-
dizagem das crianças na educação infantil.
189
Fica a disposição de continuidade, afinal, esse é um tema que não acaba
nessas linhas.
REFERÊNCIAS
ABP. Associação Brasileira de Psicomotricidade. Histórico da Psicomotricidade. Disponível em: Acesso em:
01 dez. 2020.
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aprendizagem, 8.ª ed., Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2011.
COLEVATI, Claudioni; PINHO, Ednaldo; SORROBOCHE, Eduardo. O corpo em movimento: uma relação
entre a psicomotricidade e a aprendizagem da escrita. Lins – SP/ 2009. Disponível em: Acesso em: 16 jan. 2014.
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FREIRE, P Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 2. ed. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 1997.
FONSECA, V. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004.
FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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FONTANA, Cleide Madalena. A importância da Psicomotricidade na Educação Infantil. 2012. Monografia.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Medianeira, 2012.
GALLAHUE, David L; OZMUN John C. Compreendendo o desenvolvimento motor de bebês, crianças,
adolescentes e adultos. 2. Ed. São Paulo: Forte, 2005.
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até 6 anos. Trad. por Ana Guardiola
Brizolara. Porto Alegre: Artes Médicas, 3ª. Ed., 1982.
MENDONÇA, Raquel. A importância da psicomotricidade na educação infantil. Rio de Janeiro – RJ/ 2003.
Disponível em: Acesso em: 28 jan. 2014.
OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: Um estudo em escolas com dificuldade em leitura e escrita. Tese de
Doutorado. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, 1994.
OLIVEIRA, Andreza; SOUZA, José. A importância da psicomotricidade no processo de aprendizagem
infantil. Revista Fiar: Revista do Núcleo de Pesquisa e Extensão Ariquemes / 2013. Disponível em: . Acesso
em: 10 set. 2013.
TAVARES, Micheline. A psicomotricidade no processo de aprendizagem. Rio de Janeiro – RJ/ 2007. Dispo-
nível em: . Acesso em: 19 set. 2013.
TAVARES, Helenice; MACHADO, Fernando. Psicomotricidade: da prática funcional á vivenciada. Uber-
lândia – MG/ 2010. Disponível em: Acesso em : 01 ago. 2013.
Nota: o presente capítulo é parte da tese de mestrado em Ciências da Educação intitulado A psicomotricidade
como ferramenta facilitadora no processo de ensino aprendizagem na educação infantil tem por objetivo
analisar de que forma a psicomotricidade pode auxiliar o desenvolvimento emocional, cognitivo e motor
das crianças do Ensino Infantil.
190
UMA PROPOSTA DE PLANO DE AULA COM CONTOS
AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS: “OLHOS
D’ÁGUA” E “MUTOLA”
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, relatamos uma proposta de plano de aula com base metodo-
lógica na obra Letramento Literário: teoria e prática, de Rildo Cosson (2021), além
de trazermos à tona outros teóricos, que deram subsídio para o desenvolvimento do
plano em questão. Vale ressaltarmos que ele foi desenvolvido no mês de novembro
de 2021 e teve relação com o “Dia da Consciência Negra” (20 de novembro), pois
apresentamos como temática principal a representatividade feminina em dois
contos de autoria feminina afro-brasileira e africana.
Os contos selecionados para o plano foram “Olhos d’água”, de Conceição
Evaristo, e “Mutola”, de Paulina Chiziane. Através das escritas dessas duas autoras
contemporâneas, podemos identificar um olhar afetuoso e delicado para descrever
asvivências de suas personagens. Olhares e escritas que se misturam ao contarem
histórias de mulheres que passam por suas dificuldades particulares, mas que não
sedeixam levar pelo sofrimento, continuando na busca de uma vida melhor e na
realização de seus sonhos. Consideramos que o trabalho com o gênero literário
contoé “[...] a porta de entrada para conquistar novos leitores e introduzi-los ao
estudo e leitura da literatura” (ECKERLEBEN; PAZ, 2016, p. 210).
Apesar de os dois contos não apresentarem como temática principal o preconceito
racial,é possível notar que estamos lendo sobre a história de duas personagens negras,
pois tanto em “Olhos d’água” (2016) quanto em “Mutola” (2019) percebemos as
origens africanas. No primeiro conto, a própria narradora-personagem diz: “eu
entoava cantos de louvor a todas as nossas ancestrais, que desde a África vinham
arando a terra da vida com as suas próprias mãos...” (EVARISTO, 2016, p. 18).
No segundo, há palavras que demonstram a origem moçambicana, tais como:
“Mutola”, “Chivambo” e “Zambeze”, por exemplo (CHIZIANE, 2019, p. 125).
Logo, selecionamos contos que se cruzam tanto por suas origens quanto pelos
temas sociais retratados por vozes de mulheres negras.
66
Graduanda em Letras (UFFS). CV: http://lattes.cnpq.br/6944005956636508
67
Doutor em Letras (PUCRS). Docente no Curso de Letras (UFFS). CV: https://lattes.cnpq.br/2272620373111968
191
DESENVOLVIMENTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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panhia das Letras, 2017.
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REZENDE, Neide Luzia.; JOVER-FALEIROS, Rita. (Orgs.).Leitura de literatura na escola. São Paulo:
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BRASIL. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, paraincluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura Afro-Brasileira’, e dá outras providências. Diário Oficial
da União, Brasília,10 jan. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.
htm. Acesso em: 20 Jun. 2022.
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basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_sit e.pdf. Acesso em: 20 Jun. 2022.
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COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2021.
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-oito-das-49-modalidades-terao-mais-homens-que-mulheres-em-toquio-2020.ghtml. Acesso em: Jul. 2022.
DALVI, Maria Amélia. Literatura na escola: propostas didático-metodológicas. In: DALVI, Maria Amélia.;
REZENDE, Neide Luzia.; JOVER-FALEIROS, Rita. (Orgs).Leitura de literatura na escola. São Paulo:
Parábola, 2013. p. 67-97.
ECKERLEBEN, Bruna Carolina; PAZ, Demétrio Alves. Violento e perigoso: Rubem Fonseca em sala
de aula. Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNEXT). v.3 Ed.Especial- XII EIE- Encontro sobre
Investigação na Escola, p. 209-214, 2016.
EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Fundação BibliotecaNacional, 2016.
GIARDINELLI, Mempo. Voltar a ler: propostas para construir uma nação de leitores.São Paulo: Nacional, 2010.
JOUVE, Vicent. Por que estudar literatura? São Paulo: Parábola, 2012.
LOURO, Guaraci Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós- estruturalista. 16. ed.
Petrópolis: Vozes, 2014.
PLAN INTERNATIONAL. Por ser menina: resumo executivo. Disponível em: https://plan.org.br/estudos/
resumo-executivo-pesquisa-por-ser-menina-no-brasil/.Acesso em: 05 Jul. 2022.
ROUXEL, Annie. Aspectos metodológicos do ensino da literatura. In: DALVI, MariaAmélia.; REZENDE,
Neide Luzia.; JOVER-FALEIROS, Rita. (Orgs). Leitura de literatura na escola. São Paulo: Parábola,
2013. p. 17-33.
TINOCO, Robson Coelho. Percepção do mundo na sala de aula: leitura e literatura. In: DALVI, Maria
Amélia.; REZENDE, Neide Luzia.; JOVER-FALEIROS, Rita. (Orgs).Leitura de literatura na escola. São
Paulo: Parábola, 2013. p. 135-151.
200
ATLAS DIGITAL COMO FERRAMENTA
PEDAGÓGICA PARA ESTUDANTES DE ENSINO
TÉCNICO INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO
INTRODUÇÃO
O ambiente escolar hoje, tem se mostrado cada vez mais atrativo nas suas
variadas formas. A introdução de rodas de conversa, o lúdico, aulas práticas,
computadores, maquetes, vídeos, mapas cartográficos e aulas de campo são alguns
exemplos de recursos que podem e devem ser utilizados pelos docentes.
Por exemplo, para o ensino de Geografia, Biologia ou disciplinas afins, os
mapas apresentam-se como recursos importantes para o processo de ensino e
aprendizagem, pois possuem um caráter didático no que se refere aos estudos de
determinadas populações, cidades, uso e ocupação do solo, distribuição de recur-
sos ambientais. Também, podem auxiliar no entendimento das divisões espaciais
de cidades, setores agroindustriais, e áreas de preservação ambiental. O uso de
geotecnologias e os seus mais diversos métodos de análise permitem uma vasta
aplicação nos ramos das ciências, sendo uma ferramenta muito útil no Ensino
de Geografia (AGUIAR, 2013). Ferramentas eficazes de acesso à informação
são fundamentais para conhecer o ambiente em que vivemos e exercemos nossas
atividades, em especial para o processo de formação dos discentes, para isto, o uso
de geotecnologias atreladas ao ambiente da web pode ser uma alternativa viável.
69
Especialização em Gestão Pública (FISIG). CV: http://lattes.cnpq.br/9734159547910365
70
Especialização em Metodologia do Ensino de Matemática e Física (UCAM).
CV: http://lattes.cnpq.br/2154963369346094
71
Mestranda em Ensino para a Educação Básica (IF Goiano). CV: http://lattes.cnpq.br/8709197082878907
72
Especialização em Informatica Educacional (UECE). CV: http://lattes.cnpq.br/6070362675354996
73
Mestrado em Matemática (SBM). CV: http://lattes.cnpq.br/7593172888646930
74
Mestrado em Master of Arts (M.A.) in General Management (SIBE - Alemanha).
CV: http://lattes.cnpq.br/5475699854920210
75
Mestranda em Ensino para Educação Básica (IF Goiano). CV: http://lattes.cnpq.br/9938914455857218
76
Mestrando em Ensino para a Educação Básica (IF Goiano). CV: http://lattes.cnpq.br/3668734531170718
201
O Atlas é um mapeamento completo e atualizado, alicerçado em tecnologia
de sistemas de informações geográficas, que permite grande avanço na transferên-
cia de conhecimentos por meio da internet. Segundo Delazari (2004), um Atlas
Digital possui interface mais fácil, porque o objetivo é a simples visualização
da informação, sem nenhum tipo de processamento ou ações mais complexas.
Nesse sentido o enfoque normalmente aplicado na área de ensino-aprendizagem
é a teoria de organização do desenvolvimento intelectual (PIAGET, 1967, apud
SANTOS, 2010).
A confecção do Atlas está atrelada a utilização de técnicas de Geoprocessa-
mento que irão possibilitar a espacialização das informações por meio de mapas.
De acordo com Câmara e Davis (2000) Geoprocessamento, é um conjunto de
técnicas de coleta, exibição, tratamento de informações espacializadas, utilizando
para tal a sua ferramenta, os denominados Sistemas de Informação Geográfica
(SIG), cujos módulos permitem coletar, manipular, analisar e apresentar a infor-
mação geográfica.
Com o presente capítulo objetivou-se apresentar os fundamentos teóricos
das teorias de aprendizagem que embasam a utilização do atlas como processo
alternativo pelos docentes em suas aulas com ênfase nas temáticas ambientais.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa foi realizada por meio de diversas bases de dados, dentre elas
SCIELO, BDENF e LILACS, por cruzamento dos seguintes descritores: atlas
digital, atlas geográfico digital, ferramentas pedagógicas, ensino técnico integrado
ao ensino médio e tecnologias da informação. Dentre os arquivos retornados, foram
selecionados trabalhos e publicações que possuíam embasamento nas teorias de
aprendizagem de Piaget e Vygotsky.
A coleta de dados foi realizada entre os dias 01 e 12 de julho do ano de
2021. Não houve delimitação de data para as publicações objetivando abranger
um maior número de publicações até então publicadas.
Após revisão de diversos periódicos, trabalho de conclusão de cursos (TCC),
dissertações, teses e livros. Foram selecionados 12 trabalhos, sendo feita a leitura
destes e os dados obtidos foram organizados por meio de fichamento, os quais
foram suficientes para a construção da revisão.
FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS
204
tório em pleno funcionamento, e só 31% dos professores usam computadores para
desenvolver atividades com os alunos (Época, 2017)”, (ALMEIDA, at. al., 20-?).
Este resultado demonstra que as escolas e os docentes possuem um enorme
potencial para aplicar metodologias mais intuitivas produzindo aulas que possam
instigar os educandos a uma melhor interação com estes recursos tecnológicos e
consequentemente um melhor aprendizado.
Para Santana (2020), nas aulas com a ajuda do atlas digital e de qualquer
outra ferramenta pedagógica o docente deve funcionar como orientador e auxiliar
o discente a encontrar e manipular os dados necessários para realização das ativi-
dades de maneira mais adequada. No entanto, o autor ressalta que nem sempre os
recursos tecnológicos serão apropriados para aplicação de determinado conteúdo.
Sendo assim, é necessário que os professores analisem os pontos positivos e nega-
tivos de cada ferramenta pedagógica ao desejar usá-las nas suas atividades. Dessa
forma, poderá usar de forma mais apropriada um recurso tecnológico específico
para determinada atividade.
Nesse sentido o docente na função de orientador vai atuar na zona de desen-
volvimento proximal do discente e Vygotsky (1977) apud Moreira (1999), define
que zona de desenvolvimento proximal é o local onde ocorre o desenvolvimento
cognitivo, ponto definido em que o aprendiz se encontra, o qual dista da Zona de
desenvolvimento real, situação em que o indivíduo já é detentor de determinados
conhecimentos e é capaz resolver situações sozinho, e da Zona de desenvolvimento
potencial, nesta o aluno é capaz de assimilar determinado conhecimento, no entanto
necessita do auxílio de outra pessoa (MOREIRA, 1999, p. 116).
ATLAS DIGITAL
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGUIAR, P. F. Geotecnologias como metodologias aplicadas ao ensino de Geografia: uma tentativa de
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208
JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE E O CINEMA NOVO
INTRODUÇÃO
77
Mestranda em Letras (UNIFESSPA). CV: http://lattes.cnpq.br/5413007248177063
78
Doutorado em Letras (UnB). Professor Adjunto C (UNIFESSPA). CV: http://lattes.cnpq.br/4386390848991888
79
Dispositivo capaz de obter e visualizar impressões cronofotográficas.
209
a companhia que mais desfrutou de reconhecimento nacional por meio de uma
receita de sucesso que transformava qualquer enredo em carnaval: as famosas
chanchadas eram o carro-chefe da Atlândida. Com tramas fáceis, de registro
popular, maniqueístas e superapelativas (DESBOIS, 2016), as chanchadas não
demandavam uma complexa estrutura de produção e eram consumidas facilmente
em todos os lugares em que estreavam. Dispondo ainda de dois grandes ícones da
época, Oscarito (1906-1970) e Grande Otelo (1915-1993), a companhia lançou
diversas comédias estreladas pela dupla que levou milhares de espectadores às
salas de cinema. Os dois personificavam de maneira única, na personalidade e na
cor, dois Brasis, um branco e outro negro (DESBOIS, 2016), em uma parceria
que dava ares de casamento perfeito. A longevidade da companhia é outro marco
importante na indústria cinematográfica no Brasil; ao todo, foram 21 anos de ati-
vidades que só cessaram em 1962 devido ao esgotamento gerado no público pela
mesma formula imutável das chanchadas que já não condiziam com as mudanças
sofridas pelo país nos últimos anos.
A companhia Vera Cruz apareceu no cenário paulista com o ideal de fazer
filmes inspirados na qualidade e tecnologia das películas europeias da época. Para
tanto, dispôs de uma equipe de técnicos e diretores, em sua maioria, estrangeiros,
que conflitavam com a sistemática de produção e consumo cinematográfico no
Brasil. Todavia, a companhia foi a primeira a lançar filmes nacionais que desfru-
tariam de reconhecimento internacional vencendo os mais importantes festivais
mundo a fora. O filme O Cangaceiro, de 1953 (vencedor da categoria Melhor filme
de aventura, do Festival de Cannes), de Lima Barreto, é um bom exemplo do
potencial da companhia porquanto ele trouxe, pela primeira vez, grande prestígio
internacional para uma obra realizada em território brasileiro. Caiçara (1950), de
Adolfo Celi, Tom Payne e John Waterhouse, anterior ao filme de Lima Barreto,
conquistou em 1951 o prêmio de Melhor filme sul-americano no Festival de
Punta del Este, no Uruguai. No Brasil, no entanto, o filme não foi bem recebido
tanto pelo público quanto pela crítica que alegou haver um excesso de “folclore”
na obra (DESBOIS, 2016).
Em seus cinco anos de existência, breves como quase toda empreitada no
cinema brasileiro, a Vera Cruz produziu dezoito longas-metragens que, no geral,
conseguiram redefinir as técnicas e o modo de fazer filmes no país removendo
a etiqueta de artesanal e barato dos filmes brasileiros no cenário internacional.
Entretanto, os altos investimentos da companhia nas produções desencadearam
uma crise interna e financeira na empresa levando-a à falência em 1954.
Apesar de todos os esforços das companhias nacionais no sentido de esta-
belecerem uma indústria cinematográfica de qualidade e de sucesso no Brasil, os
filmes estrangeiros, em especial os norte-americanos, impuseram primazia nas
210
salas de cinema do país desde o fim da Primeira Guerra Mundial. O pioneirismo
dos equipamentos, as técnicas mais avançadas, a narrativa linear de fácil acesso
e os altos investimentos da indústria americana na propagação de suas obras
fizeram com que as películas estrangeiras, legendadas ou dubladas, encontrassem
nas salas de projeção brasileiras terreno fértil para criarem raízes significativas até
hoje aqui encontradas. Entretanto, em determinados momentos da nossa história
cinematográfica, alguns movimentos contestaram e se opuseram à importação de
uma estética pré-moldada, como é o caso do Cinema Novo.
O Cinema Novo surge no fim da década de 1950 em um Brasil que, cine-
matograficamente, importava e promovia superproduções norte-americanas meta-
morfoseando cinema estrangeiro em comédia musical a exemplo das chanchadas
das décadas de 1940 a 1950. O Brasil desse período se inspirava culturalmente no
modo de ser e consumir dos Estados Unidos construindo no circuito internacional
a imagem de um país sem identidade nas produções cinematográficas. Para Pedro
Simonard (2003), podemos dizer que:
O Brasil era visto como um país colonizado culturalmente e esta
característica era muito marcante com relação ao cinema. A ideia
de uma cultura colonizada está intimamente subordinada às ideias
desenvolvimentistas, então em voga. Em nome do desenvolvimento
brasileiro, era preciso mudar uma atitude resignada para com a reali-
dade do país. Esta conjuntura não poderia ser transformada enquanto
não se alterasse a atitude das pessoas frente ao american way of life,
que moldaria o imaginário da burguesia e das camadas médias da
população brasileira e tinha no cinema americano um de seus mais
importantes instrumentos de difusão (SIMONARD, 2003, n.p.).
215
Entre todos os cinemanovistas, Joaquim Pedro foi quem mais se relacionou
com a literatura sobretudo com as obras modernistas admitindo sua aproximação
com o movimento da semana de 22. Filho de Rodrigo Mello Franco de Andrade,
que foi amigo próximo de várias figuras do movimento modernista e fundador do
SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual IPHAN),
Joaquim não renegou seus laços de berço com o movimento e a partir dele produziu
seis de suas treze produções. Entre transposições, documentários e referências, suas
obras relacionam-se com Manuel Bandeira (aliás, padrinho do diretor), Gilberto
Freyre, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Pedro Nava e Oswald
de Andrade no viés da construção de sentido da identidade brasileira ou melhor,
das identidades, assim como idealizou o movimento da década de 1920.
Mas Joaquim Pedro não caminha na via da simples transposição, passagem
de uma mídia a outra. Seu trabalho intelectual na construção de sentido entre uma
obra literária e uma obra cinematográfica revela seu complexo procedimento estético
e crítico à medida em que seus filmes vão tomando forma com montagens atonais
e intelectuais, planos abertos e fechados, enquadramentos que beiram o poético e
narrativas delineadas a partir de movimentos sutis entre câmera objetiva e subjetiva.
Tudo é intencional no cinema do diretor, até filmar o “infilmável”, adaptar o
inadaptável, como apontou Airton Paschoa (2004), já que suas escolhas literárias
fogem dos romances mais propensos à narrativa na tela. Joaquim “problematiza
textos em si já altamente problemáticos a qualquer empresa cinematográfica”
(PASCHOA, 2004, p. 147), como um poema ou um livro com a complexidade
de Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, por exemplo.
Desse exercício de “quase impossibilidade”, o diretor fez surgir, em 1981, O
homem do Pau-Brasil, filme hermético, junção de biografia com obra do escritor
modernista Oswald de Andrade e fruto de muita pesquisa e revisão bibliográfica
sobre o ícone modernista. O filme destoa de qualquer obra já produzida até então
no cinema brasileiro a começar pelo emprego de dois atores, Flávio Galvão e Ítala
Nandi, no papel do protagonista, neste caso, Oswald.
Importante ressaltar que, para levar a ideia a cabo, Joaquim arriscou e perdeu
um de seus produtores, que abandonou o projeto levando cerca de trinta por cento
do investimento da produção, além de ganhar uma enxurrada de críticas parti-
lhadas entre conservadores e liberais, amantes e críticos do escritor que tiveram
dificuldades em apreender as dimensões do projeto do cineasta. Seja como for, de
certo modo, Joaquim não ajudou muito na elaboração da construção de sentido
do filme se levarmos em conta a eleição de uma montagem descontínua na obra,
de cenas soltas e de uma narrativa irregular. O filme era oswaldiano em excesso e
não salvou Oswald da incompreensão uma vez mais.
Outra propensão significativa do cinema de Joaquim Pedro constitui-se a
tentativa de apreensão da identidade nacional por meio de documentários. Nes-
216
tes, figuras complexas do nosso imaginário foram interpretadas e ressignificadas
através das lentes do diretor por meio de trabalhos estéticos singulares. O Mestre
dos Apipucos, de 1959, aponta um certo senso irônico do cinemanovista ao filmar
o “cotidiano” do sociólogo Gilberto Freyre em sua casa-grande em Apipucos. O
Freyre de Joaquim Pedro desfruta enquanto sujeito-personagem, dos privilégios de
uma sociedade patriarcal e burguesa, de uma mulher serva e de serviçais prestativos.
Entretanto, tudo no sociólogo soa dissimulado, mecânico, tudo muito próprio de
uma classe favorecida e também rasa, revelando uma certa comicidade na obra.
Já em O Poeta do Castelo, do mesmo ano, Manuel Bandeira é quem permite
ter seu cotidiano filmado pelo diretor. Com uma narrativa muito mais poética,
Joaquim Pedro intercala cenas do modesto dia a dia do escritor com trechos de
seus poemas, compondo na tela uma obra onde literatura e cinema se fundem
gerando uma linguagem ímpar no ecrã.
Outro documentário relevante na cinematografia do diretor é Garrincha,
Alegria do povo, de 1962, no qual o jogador botafoguense Mané Garrincha figura
como o herói da narrativa. Para documentar a vida do jogador, Joaquim empregou
certas técnicas do cinema direto mesclando imagens de arquivo sobre a atuação de
Garrincha nos campos e cenas de seu ordinário cotidiano enquanto pai de família
e morador do Rio de Janeiro.
Vale ressaltar que foi esse o primeiro documentário sobre um jogador no
país, impactando vigorosamente o espectador brasileiro da época. Joaquim Pedro
fez, no entanto, um trabalho muito mais profundo com a figura do jogador do que
simplesmente mostrar sua genialidade com os dribles; o Garrincha que aparece
nas telas é humano, tem ao lado das filhas e dos amigos uma existência comum.
O herói brasileiro era do povo, era o próprio povo. Outro ponto importante do
documentário é a elaboração da ideia de paixão do brasileiro pelo futebol; Joa-
quim argumenta por meio de imagens dos torcedores nos estádios a concepção
do futebol como símbolo cultural. Em síntese, não é o futebol o objeto de análise
do filme e sim o efeito dele sobre o povo.
Brasília, contradições de uma cidade nova (1967) é mais um documentário que
testifica o olhar social do diretor através de uma performance sensível por trás
das câmeras, marca estética de Joaquim Pedro de Andrade. Brasília aparece no
documentário, então com pouco mais de um ano de inauguração, precocemente
dividida e igualando-se às demais capitais do país. O sonho de modernidade, de
superação dos empecilhos socioeconômicos que perseguiam as atrasadas metrópo-
les, mostrou-se utópico em meio aos traçados arquitetônicos de Oscar Niemeyer.
A apresentação da cidade se dá através da narração do poeta Ferreira Gullar,
há entrevistas com imigrantes, imagens do Palácio do Planalto e casas de madeira
construídas na zona periférica, Maria Bethânia cantando a canção “Viramundo”,
217
de Gilberto Gil e Capinan – isto é: várias perspectivas que ajudam a formar a
concepção de contradição da qual o diretor tanto gostava. Brasília, por Joaquim
Pedro, era a cidade nova que já nasceu nos moldes das velhas, apesar dos esforços.
Por meio de curtas e longas, documentários e muito trabalho bibliográfico,
Joaquim Pedro de Andrade foi uma das mentes criadoras e definidoras do Cinema
Novo e do Brasil enquanto “projeto estético-literário-cinematográfico-existen-
cial” (BENTES, 1996, p. 130) que impulsionou toda uma geração. Entretanto, ao
explanar sobre as produções do diretor, percebemos que o mesmo não estagnou
na prerrogativa de cinema “instrumento” do movimento de 1960. Podemos afir-
mar enfim, que, Joaquim Pedro se permitiu experimentar (nas últimas produções,
sobretudo) o cinema enquanto “objetivo”, desprendido de tudo e de todos. O
desprendimento, por certo, pode ser visto como uma das marcas principais do
diretor enquanto artista.
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nard_09.htm. Acesso em: 18 maio 2022.
218
ANÁLISE COMPARATIVA DAS DENOMINAÇÕES
ATRIBUÍDAS AOS QUE DISPUTAM A POSSE DE
TERRA NO SUDESTE DO PARÁ
INTRODUÇÃO
221
Nesse processo de transmissão de conhecimentos diversos, é comum iden-
tificarmos conceitos para determinadas situações e/ou grupos de pessoas que são,
muitas vezes, a forma como a sociedade, ou parte dela, os vê. Tais conceitos, no
âmbito da língua, são representados de forma especial pelo léxico, um verdadeiro
representante de aspectos inerentes à sociedade de que pertence.
Nesse enquadre epistemológico, Isquerdo (2003, p. 165) esclarece que:
Concebendo-se o léxico como o nível da língua que melhor docu-
menta o modo como um povo vê e representa a realidade em que vive,
podemos entender que o vocabulário de um grupo social atesta seus
valores, suas crenças e também a forma como nomeia os referentes
do mundo físico e do universo cultural em diferentes épocas da sua
história. Em vista disso, o repertório lexical de uma comunidade
lingüística renova-se, tranforma-se à medida que atuam sobre fatores
históricos, geográficos e culturais.
223
Salientamos que as UL selecionadas para esta análise se entrecruzam no
processo de nomeação dos sujeitos inseridos diretamente na disputa pela posse da
terra, configurando o sentido de pertencimento ao domínio do jurídico agrário,
o que confirma o já explicado por Biderman (2001, p. 13):
O léxico se relaciona com o processo de nomeação e com a cognição
da realidade[...] O léxico de uma língua natural constitui uma forma
de registrar o conhecimento do universo. Ao dar nome aos seres e
objetos, o homem os classifica simultaneamente. Assim, a nomeação
da realidade pode ser considerada como a etapa primeira no per-
curso científico do espírito humano de conhecimento do universo
(BIDERMAN, 2001, p. 13).
225
Quadro 3: Definições para a unidade léxica posseiro
Dicionário Verbete
posseiro (pos-sei-ro) a. 1 Jur. Que tem a posse legítima, legal, de alguma coisa s.m 2 Jur.
Aulete (2011) Aquele que tem essa posse 3 Bras. Indivíduo que ocupa terra devoluta ou abandonada para
cultivá-la.
POSSEIRO (pos-sei-ro). Sm pessoa que por ato individual toma posse de alguma
Borba (2011) propriedade: A expulsão dos posseiros foi cercada de cuidados para evitar mal-estar.
Houaiss (2011) pos.sei.ro adj. s.m. 1 que(m) tem a posse legal de (algo). s.m 2 aquele que ocupa terras
desocupadas ou abandonadas, a fim de cultivá-las [ETIM. Posse + -eiro].
Como se percebe pelo exposto no Quadro 5, não há uma entrada nos dicio-
nários como trabalhador rural, mas sim, trabalhador. Assim como em camponês,
depreende-se pelas acepções que trabalhador rural resulta do entendimento de sua
fundamentação com base ao contexto regional para se referir às pessoas que vivem
e trabalham no campo, sobretudo como empregados nas grandes fazendas. Nos
três dicionários consultados, verifica-se que para a UL camponês são registrados
praticamente os mesmos sentidos, com algumas variações textuais, com a diferença
de que no dicionário Aulete há também o sentido de trabalhador rural.
230
seja, um sujeito que cultiva a terra com o auxílio da família. Picolotto (2015, p.
69), sobre os agricultores familiares, explica:
[...] seriam certa camada de agricultores capazes de se adaptar às
modernas exigências do mercado, que se diferenciam dos demais
pequenos produtores incapazes de assimilar tais modificações. A ideia
central é a de que o agricultor familiar é um ator social da agricultura
moderna e, de certa forma, [...] que apostou nas explorações fami-
liares, seja por interferências na estrutura agrária, seja na definição
de políticas de preços e nos níveis de renda agrícola e no processo
de inovação técnica.
Pelo exposto, nota-se que o conhecimento dos sentidos que uma UL possui
nos proporciona o entendimento mais adequado do contexto social que determinada
lexia é mais utilizada. Por isso, como explica Rodrigues-Pereira (2020, p. 137), “o
conhecimento de diferentes aspectos de uma unidade léxica [em especial os seus
sentidos] torna-se essencial em diversas situações de comunicação, porquanto o
desconhecimento de uma ou de outra particularidade da léxica em questão pode
dificultar” o usuário da língua em sua atividade de comunicação.
Ainda em relação às consultas realizadas para agricultor e familiar, identifica-se
que a base de suas definições é tomada do sentido geral de agricultor familiar, pois
faz referência a um ator social que desenvolve a agricultura tendo como base de
seu desenvolvimento a família. Dessa forma, verifica-se que a base semântica do
léxico e da cultura do grupo social de agricultores sociais situa-se em convergência
com as demais unidades léxicas analisadas. Nota-se um processo ascendente no
contexto de mudança de sentido, evidenciado, portanto, pela mudança de nomes
para esses grupos de agricultores familiares, como se presencia, em especial, na
região sudeste do Pará.
Ademais, é possível compreender a expansão da linguagem em uso, nesse
processo evolutivo, em cenários de trabalhadores que no seu contexto de formação
predomina uma união de sujeitos de diversos espaços geográficos e com domínio
linguístico e culturais diversos. Essa constatação fica evidente quando:
O conjunto de vocábulos que integra o universo lexical de uma língua,
por reproduzir a visão de mundo, o patrimônio cultural dos falantes e
por testemunhar a vida, a história e a cultura de um grupo em dife-
rentes fases de sua história, fornece marcas da identidade desse grupo.
A forma de usar a língua, particularmente a de escolher as palavras,
revela aspectos da maneira de pensar e de agir de um indivíduo/grupo,
além de fornecer índices da origem geográfica e da classe social do
falante (ISQUERDO, 2003, p. 178).
231
As palavras da autora corroboram os resultados deste estudo, posto que as
análises evidenciam o reflexo de aspectos sociais e culturais dos sujeitos trabalha-
dores do Polígono dos Castanhais no léxico da língua portuguesa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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234
FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA: PERCORRENDO ESTE CAMINHO
INTRODUÇÃO
84
Mestrado em Ensino Tecnológico (IFAM). Coordenadora de ProduçãoTécnico Científica (CEPAN).
CV: http://lattes.cnpq.br/1946736308703939
85
Doutorado em História (PUCSP). Professora (IFAM). CV: http://lattes.cnpq.br/7472602272780097
235
Em sua metodologia este estudo utilizou um levantamento bibliográfico
de caráter qualitativo no qual percebeu-se que este novo contexto em que a EaD
se encontra requer de professores em formação o desenvolvimento de novas
competências, competências essas que irão fortalecê-los e capacitá-los a utilizar
a EaD de forma a contribuir com o processo de ensino e aprendizagem, em vista
de novos e crescentes desafios.
86
Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu , de modo a atingir a titulação
anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores.
237
No que concerne ao campo das políticas para a formação, Santos (2014, p.
19) identifica quatro premissas que servem de sustentação para as políticas e prá-
ticas que envolvem a formação continuada de professores. São elas: (i) a primeira
premissa diz respeito aos discursos produzidos sobre a melhoria da qualidade do
ensino, tendo o professor como protagonista dos projetos educativos - essa premissa
reitera a necessidade de desenvolvimento de políticas de formação continuada; (ii)
a segunda tem relação com a lógica pautada na defesa da qualificação profissional
como caminho para o professor adequar-se às transformações científicas e tecno-
lógicas requisitadas pela sociedade do conhecimento; (iii) a terceira relaciona-se
à dimensão epistemológica que define uma perspectiva de formação continuada
assentada na reflexão sobre a prática pedagógica - nessa premissa, vale destacar que
a reflexão é o caminho para reinvenção da prática docente e somente por meio da
formação o docente poderá chegar a essa consciência - nessa premissa as críticas
ao paradigma da racionalidade técnica, a qual tem propiciado um novo modelo
teórico, o qual possibilita pensar em uma nova formação para o professor que pro-
porcione ao professor ser mais reflexivo em sua prática; e a (iv) a quarta premissa
refere-se à formação continuada articulada a um forte discurso de valorização do
Magistério. Nesse sentido, percebe-se um discurso contraditório, uma vez que
apresenta-se a formação como algo que vai melhorar as práticas dos profissionais
e o professor, a partir dela, passará a ser protagonista no processo. No entanto, este
profissional não parece receber uma formação que atenda às suas necessidades, o
que tende a enfraquecer sua carreira.
A percepção da autora denota que essas quatro premissas destacam a impor-
tância de se formular os pressupostos de que “[...] as concepções e práticas de
formação continuada são estruturadas, organizadas e produzidas considerando-se
uma perspectiva de formação docente que enseja a reflexão sobre a prática peda-
gógica” (SANTOS, 2014, p. 23).
Nesse contexto de formação continuada de professores, vale destacar que a
formação de professores não é algo recente, apesar de seu reconhecimento como
política pública ter ocorrido há pouco mais de uma década no Brasil. A formação
continuada vem sendo discutida desde muitos anos em vários países; no contexto
educacional, devemos levar em consideração que a docência é uma profissão e,
como tal, o profissional que atua nessa profissão deve estar bem preparado e ter
as competências necessárias para o exercício do seu ofício.
De acordo com García (1999, p. 21): “[...] a formação apresenta-se como um
fenômeno complexo e diverso, sobre o qual existem apenas escassas conceptualiza-
ções e ainda menos acordo em relação às dimensões e teorias mais relevantes para
a sua análise”. Percebe-se com essa afirmação a necessidade de discutir a respeito
das formações de professores e sobre os processos formativos nas universidades.
Esse mesmo autor afirma que na formação de professores
[...] é necessário adaptar uma perspectiva que saliente a importância da
indagação e o desenvolvimento do conhecimento, a partir do trabalho
e reflexão dos próprios professores. Isso implica que os docentes sejam
238
entendidos não como consumidores de conhecimento, mas como
sujeitos capazes de gerar conhecimentos e de valorizar o conhecimento
desenvolvido por outro (GARCIA, 1999, p. 30).
Dessa forma, percebe-se o quanto é necessário a ação significativa, na forma-
ção do professor, de indagar o desenvolvimento do conhecimento ou gerar novos
conhecimentos, apesar de muitas vezes correr o risco de apenas mecanizar a prática
do professor e torná-los meros repetidores de teorias, sem conhecimentos reais
da prática docente e, assim, há o reforço, que em alguns programas de formação
desenvolvem, de forma muito tradicional, que é não estimular o professor para a
experimentação (FREIRE, 2011, p. 35).
Nesse aspecto, percebe-se a importância de uma boa formação e da for-
mação continuada para os professores, uma vez que na atualidade a produção do
conhecimento e as mudanças de forma geral ocorrem muito rápido, o acesso à
informação, o avanço tecnológico e a virtualização da sociedade, tudo isso incide
no fazer do professor, o qual tem como responsabilidade principal, propiciar o
desenvolvimento humano, cultural e científico e tecnológico de seus alunos. Dessa
forma, questiona-se sobre como fazer isso sem a formação adequada ou estando
o professor “mergulhado” no pensamento e prática tradicional?
Além do mais, é na formação continuada que o professor percebe a relação
existente entre teoria e prática, que “são “dois lados da mesma moeda”, que a
teoria o ajuda a compreender melhor a sua prática e a lhe dar sentido e, conse-
quentemente, que a prática proporciona melhor entendimento da teoria ou, ainda,
revela a necessidade de nela fundamentar-se. (FURTADO, 2020). Entende-se
com isso que o professor tem necessidade de fundamentar sua prática docente
para que não seja uma prática vazia.
Para Nóvoa (2012, p. 26), a formação de professores é
[...] provavelmente, a área mais sensível das mudanças em curso
no sector educativo: aqui não se formam apenas profissionais; aqui
produz-se uma profissão. Ao longo da sua história, a formação de
professores tem oscilado entre modelos acadêmicos, centrados nas
instituições e em conhecimentos “fundamentais”, e modelos práticos,
centrados nas escolas e em métodos “aplicados”. É preciso ultrapassar
esta dicotomia, que não tem hoje qualquer pertinência, adoptando
modelos professorais, baseados em soluções de partenaria entre as
instituições de ensino superior e as escolas, com um reforço dos
espaços de tutoria e de alternância.
Dessa forma, ressalta a dicotomia existente entre as universidades e os siste-
mas de ensino e a importância que tem uma formação voltada para a realidade. A
unificação deve existir para que se formem professores que conheçam a realidade
das escolas onde atuarão, para que se formem professores comprometidos com a
sociedade e conscientes do papel que exercem nela.
Santos (2014, p. 64) destaca que a formação é um instrumento para o
desenvolvimento profissional, nesse sentido, ele afirma que
239
[...] a formação continuada é o espaço de confrontação de conheci-
mentos, crenças e valores adquiridos e construídos na formação inicial
e as experiências pessoais e profissionais. É o espaço impulsionador da
dúvida, da curiosidade epistemológica e da ampliação e aquisição de novos
conhecimentos que possam ajudar o professor a conduzir seu trabalho [...].
Nota-se que a formação é a mola propulsora da docência e tem como fina-
lidade desenvolver profissionalmente e pessoalmente o professor. Não deve ser
confundida como uma simples atividade de atualização, reciclagem, treinamento ou
um momento de encher o professor de conteúdo, mas sim de instruir este sujeito
com os conhecimentos que possam suprir as necessidades da profissão.
Corroborando sobre a importância da formação, Santos (2014, p. 65) des-
taca que
[ ] a formação continuada emerge como uma necessidade do trabalho
docente, por isso ela é concebida como processo permanente, contínuo,
que ocorre durante toda a carreira profissional, desde a formação ini-
cial (habilitação para o exercício docente) até a formação continuada
(desenvolvimento profissional).
A EaD é uma modalidade que possui várias especificidades, que exige dos
profissionais formação específica e que envolve os processos necessários de pre-
paração para atuar na docência. Durante as formações pedagógicas para atuar na
EaD, um dos principais elementos que requerem atenção especial é em relação
ao planejamento e à seleção de conteúdos os quais precisam ser transpostos da
prática pedagógica do presencial para a EaD, além da linguagem dialógica ade-
quada e dos conhecimentos tecnológicos básicos para o uso das ferramentas das
plataformas (FILATRO, 2018).
Nesse sentido, a formação de professores para a EaD não pode ser baseada
apenas nas relações instrumentalizadas, mas deve considerar também as vivências
que são afetas a esses profissionais de educação, no ambiente escolar (GIOLO,
2008). Nessa perspectiva, a tecnologia não representa o elemento mais impor-
tante no processo educacional, mas sim o recurso que possibilita a interação entre
docente e alunos, esta sim é primordial para a qualidade do processo de ensino e
aprendizagem (BORGES, 2019).
Dentre os aspectos que corroboram diretamente para a qualidade da forma-
ção de professores para atuar na EaD, é conveniente destacar também a necessi-
dade de preparação adequada de que forma esses docentes para o trabalho nessa
vertente educacional. Tão importante quanto se preocupar com o processo de
aprimoramento da prática professoral no âmbito da EaD é o da verificação do
nível de preparação dos profissionais que formam esses docentes. Podemos dizer
que esse é um ponto crucial, não somente com relação a essa modalidade, mas a
educação numa visão geral. Ainda que esteja atuando num ambiente virtual, esse
professor terá como responsabilidade explanar os conteúdos necessários para que
o desenvolvimento de seus alunos possa ser obtido no decurso dos processos de
ensino e aprendizagem (BORGES, 2019).
Nota-se que a formação para atuar como docente nessa modalidade é
considerada imprescindível, e Silva (2012, p. 12) afirma sobre os conhecimentos
prévios necessários e das práticas que os professores trazem do ensino presencial
para a EaD:
Os professores aceitam lecionar em “cursos virtuais” sem ter garantida
sua inclusão digital, primeiro degrau da formação necessária para se
operar com a dinâmica das interfaces da web. Há uma enorme carên-
cia de cursos voltados para a didática online. Consequentemente, os
241
professores trazem para o cenário sociotécnico da cibercultura velhas
práticas de mediação da aprendizagem muitas vezes obsoletas até
mesmo na sala de aula presencial infopobre.
Assim, demonstra-se que um fator muito importante que precisa ser bem
explorado nas formações dos professores, antes de começarem a atuar na EaD,
é a usabilidade das tecnologias nos cursos. Saber usar de forma pedagógica esses
recursos tecnológicos faz toda a diferença na hora de planejar uma aula para EaD.
Silva (2015, p. 99) critica treinamentos que não promovem uma efetiva formação
aos professores e não contribuem para melhoria de suas práticas. No que se refere
ao uso das tecnologias, ele destaca que:
O uso das tecnologias sem uma visão crítica de seus resultados tem
exercido influência reducionista na educação, logo também na ação
docente. Mas há outro fator que traz alterações à ação: as tecnologias
digitais viabilizam novos caminhos para aprendizagem.
A utilização dos recursos tecnológicos propicia que a amplitude da EaD seja
expandida. Entretanto, para que os propósitos educacionais da EaD sejam cum-
pridos de forma plena, faz-se necessário não somente a infraestrutura tecnológica
e a existência de recursos eficientes que possam subsidiar a prática docente, mas
também é preciso que profissionais preparados para operacionalizar esses recursos
sejam devidamente formados para cumprir com as responsabilidades atinentes ao
seu trabalho como professor (COSTA, 2020).
Nesse cenário, que requer habilidade para saber usar de forma pedagógica as
tecnologias, e que o caminho para desenvolver essa prática é a formação docente,
Behar (2013, p. 153) apresenta uma proposta de inserção nos currículos escolares
afirmando que
As formações continuadas dos docentes vêm ao encontro das mudan-
ças tecnológicas que mostram a necessidade de se introduzir nos
currículos escolares considerações sobre EaD. Os professores devem
ter em mente que tais saberes são caminhos reais e possíveis para se
instaurar uma educação de qualidade, sintonizada com a realidade.
Sendo assim, destacamos que urge a preparação do professor para essas
mudanças de paradigma, onde não é necessário apenas dominar os conteúdos,
mas saber lidar com as necessidades emergentes, principalmente, em relação ao
uso pedagógico das tecnologias. Essa quebra de paradigma envolve as universi-
dades, as quais precisam contemplar em seus currículos formações que atendam
às necessidades dos professores e estejam em harmonia com as possibilidades que
EaD promove.
A falta de habilidade pedagógica com a tecnologia torna-se muito nítida
na EaD, por meio da postura de alguns docentes que não conseguem utilizar em
242
suas aulas toda a potencialidade disponível nas plataformas. Este é um problema
que pode decorrer devido ao fato destes docentes não possuírem a formação ade-
quada para tal, além de incluir formação digital ou letramento digital, bem como
conhecimento da usabilidade das ferramentas do Moodle. Com a ocorrência desse
problema, as tecnologias agregadas nos processos educacionais acabam não surtindo
os efeitos esperados, dentre eles: a) estímulo à interação e à relação dialógica entre
docente e alunos; b) fomento à autonomia e ao sentido de coletividade; c) despertar
da criatividade. Com isso, todo o potencial de formação que a EaD possui acaba
não sendo aproveitado na sua plenitude (LOPES, 2018).
Behar apud Benetti e colaboradores (2008) afirmam que o professor para ter
uma boa atuação na EaD precisa, além de conhecimentos tecnológicos, dominar
as técnicas no contato com os alunos, bem como o conteúdo que irá ministrar. O
domínio dessas temáticas é necessário para que, por meio do seu trabalho docente,
os professores consigam auxiliar os estudantes no cumprimento dos propósitos
da EaD, posto que o potencial de formação dessa vertente educacional é elevado
(LOPES, 2018). Em outras palavras, o professor precisa além de boa formação,
domínio do conteúdo e do uso pedagógico das ferramentas tecnológicas, além de
ser acessível, motivar seus alunos, instigá-los a pesquisar para que consigam sua
autonomia na aprendizagem.
A formação pedagógica deve orientar o professor a conhecer suas compe-
tências necessárias à docência em EaD, estimulando-o a desempenhar o papel de
mediador da aprendizagem, oferecendo uma prática orientadora, incentivadora da
pesquisa e da proatividade. No que concerne ao pedagógico, esse professor deve
ouvir o estudante, mostrar-se acessível para que ele não se sinta sozinho, nem des-
motivado para trazer suas dúvidas. Nos dizeres de Zabala (1998), a capacidade de
atendimento do docente aos seus alunos, sendo solícito e esclarecendo pontos que,
porventura, não tenham sido compreendidos, em sua totalidade, pelos estudantes,
é um dos pilares da atuação dos professores. Desse modo, se evidencia que esses
profissionais precisam ter consciência que a sua responsabilidade com a formação
dos alunos vai além da disponibilização de conteúdos, mas que se concretiza com
a aprendizagem efetiva e significativa dos estudantes (AUSUBEL; NOVAK;
HANESIAN, 1980).
A relevância do professor para o sucesso do processo de ensino e aprendi-
zagem se dá tanto na modalidade presencial como na EaD. Ainda que não haja
o contato físico do docente com seu respectivo alunado, há todo um trabalho que
abarca a programação das atividades a serem entregues nos AVAs, bem como no
que se refere ao contato com os estudantes por meio das ferramentas comuni-
cacionais, como os fóruns interativos. Além disso, com o advento da expansão
da EaD no Brasil, diversos profissionais, como: designers, redatores de material
didático e professores surgiram para suprir as demandas educacionais pertinentes
243
a esta modalidade. Todos os envolvidos no processo educacional, principalmente,
os professores, carecem de uma formação adequada, que lhes permita realizar, com
elevado grau de assertividade, suas atividades (ABREU; NOVAES; ZARRO, 2020).
Alves (2009, p. 48), destaca a importância do papel do professor na EaD e
a forma de atuação dele no ambiente, para ele
[...] o papel do professor enquanto dinamizador de um espaço de
aprendizagem, seja numa plataforma Moodle, seja num outro espaço
destinado a esse efeito, é fundamentalmente diferente do desempe-
nhado na sala de aula presencial. Nos espaços online, terá que poten-
cializar os processos de construção de significados em detrimento
dos processos de transmissão de conteúdos, assumindo um papel de
moderador e promovendo a criação de conhecimento por todos os
elementos do grupo.
244
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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246
O JUIZ BOCA DA LEI - INTERPRETAÇÃO JUDICIAL
DO MAGISTRADO TRABALHISTA APÓS A LEI
13.467/2017 E A TARIFAÇÃO DO DANO MORAL
INTRODUÇÃO
248
É inegavelmente um instrumento base para a busca de soluções dos pro-
blemas jurídicos. Por jurisprudência “(stricto sensu) devemos entender a forma de
revelação do direito que se processa através do exercício da jurisdição, em virtude
de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais”. (REALE, 2002, p. 167).
No caso do tema do presente estudo, a CLT é a lei a ser seguida pelo magis-
trado trabalhista, que em seu exercício de interpretação acaba por criar, através
de reiteradas decisões semelhantes, o que se denomina jurisprudência, “conjunto
uniforme de decisões judiciais sobre determinada indagação jurídica”. (NADER,
2017, p. 139).
A jurisprudência será mais ou menos influente em um ordenamento jurídico,
de acordo com seu sistema adotado, de Civil Law ou de Common Law. Em países
em que os costumes são fontes principais e, por conseguinte, os precedentes têm
grande importância na interpretação das normas e na aplicação diária do Direito, a
jurisprudência passa a ser uma das principais fontes jurídicas. No sistema jurídico
norte-americano, no qual as decisões da Suprema Corte se equiparam às leis e
à própria Constituição, os chamados precedentes judiciais são as mais estudadas
fontes do Direito.
Já nos sistemas jurídicos codificados, de Civil Law, a jurisprudência se
mostra menos icônica, sendo que alguns doutrinadores como Tércio Sampaio
Ferraz e Orlando Gomes não admitem a jurisprudência como fonte do Direito
nos sistemas de Civil Law.
Há que se ponderar, contudo, o disposto no artigo 4º da Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro, que prevê expressamente a possibilidade de o
magistrado valer-se da jurisprudência em caso de anomia jurídica. Por tal razão,
importante parcela da doutrina reconhece a jurisprudência como fonte do direito,
a qual se filiam André Franco Montoro, Maria Helena Diniz e outros.
Assim, para os doutrinadores que compreendem a jurisprudência como
fonte do Direito, parte deles a considera como uma fonte informal do Direito, vez
que sua função inicial não seria a de gerar normas jurídicas, mas de interpretação
das normas já existentes, momento no qual acaba por gerar novas compreensões
jurídicas, transformando-se em fonte do Direito.
A jurisprudência pode ser secundum legem, praeter legem e contra legem. A
chamada jurisprudência secundum legem (de acordo com a lei) é aquela que corro-
bora as regras definidas nas leis, encorpando com o entendimento esposado pelos
juízes o que está no ordenamento jurídico. A jurisprudência praeter legem (além
da lei) é aquela que vem para suprir uma lacuna legal. Trata-se de um mecanismo
para superar uma omissão legislativa. E a denominada jurisprudência contra
legem (contra a lei) é aquela que vem de encontro à lei, quando esta é considerada
inconstitucional, por exemplo, ou pela evolução social ganha novos contornos e
passa a ser interpretada como ultrapassada. Trata-se de uma interpretação judicial
249
de acordo com o compromisso do juiz com a justiça e não necessariamente com
o positivado na lei escrita.
Veja-se que o §2º do artigo 8º da CLT preconiza que “§ 2o Súmulas e outros
enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos
Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente pre-
vistos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei”. Trazendo inúmeras
dificuldades ao exercício interpretativo do juiz, seja seu entendimento praeter legem
ou contra legem. Em verdade, o dispositivo somente autoriza a jurisprudência
secundum legem, engessando a atuação do Poder Judiciário por determinação do
Poder Executivo, em verdadeira afronta ao pacto federativa.
O que é fonte do Direito é a jurisprudência, ou seja, um coletivo reiterado
de interpretações, e não decisões judiciais esposadas individualmente. Para que se
torne jurisprudência, como o conceito diz, é necessário que várias decisões judiciais,
formem um ‘conjunto uniforme de decisões’, a que se dá o nome de jurisprudência.
Importante ponderar o papel das súmulas neste processo. As súmulas são a
uniformização expressa da jurisprudência dominante em determinado tribunal.
Com o fito de evitar repetida manifestação dos tribunais superiores sobre
assuntos já enfrentados, o Novo Código, que preconiza que os enunciados sumu-
lados pelo Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional, e os enunciados
sumulados pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional,
passaram a ser de observância obrigatória pelos juízes de primeiro e segundo grau.
A Justiça do Trabalho de igual forma permeia seu dia a dia pelas súmu-
las sejam do Tribunal Superior do Trabalho, sejam dos Tribunais Regionais do
Trabalho, seja pelas Orientações Jurisprudenciais, que ao interpretar a legislação
modificaram sobremaneira a leitura da letra fria da CLT. Sendo o direito fruto de
lutas sociais, e nascendo quando deve nascer, na lição de Norberto Bobbio, sem-
pre haverá um delay entre o fato social e a norma jurídica, para o qual o julgador
não pode fechar os olhos, seguindo cegamente a letra da lei, mas deve, sobretudo,
interpretar a norma.
Não se pode crer que o Poder Judiciário entenda a norma estritamente,
analisando somente a validade e eficácia da norma e cumprindo positivamente
a letra da lei, sem refletir e interpretar seu conteúdo, sob pena de ser acusado de
perpetrar injustiças legalizadas.
Tal pecha já foi lançada aos positivitas do período da Segunda Guerra Mun-
dial. Sobre o tema Gustav Radbruch já enfrentava o que chamou de problema da
validade da lei injusta, defendida em seu artigo A Injusta Legal e o Direito Suprale-
gal, um estudo de caso do período nazista, no qual questiona como se deve julgar,
resultando na até hoje estudada Fórmula de Radbruch, a ser aplicada quando há
conflito entre justiça e certeza do direito.
250
A TARIFACAÇÃO DO DANO MORAL APÓS A LEI 13.467/17 E
A LIMITAÇÃO DO PODER DE DECIDIR DO MAGISTRADO
TRABALHISTA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da construção
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SINTRACON CURITIBA. Convenção Coletiva de Trabalho da Construção Civil 2018-2019. Disponível
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pdf> Acesso em: 20 jul. 2022.
256
A BIOGEOGRAFIA E A METODOLOGIA DE ENSINO
DE GEOGRAFIA: ANALISANDO A INTERSECÇÃO E A
APLICABILIDADE NO CURRÍCULO PAULISTA (2020-2022)
INTRODUÇÃO
A Geografia é uma subárea das Ciências Humanas que, por sua capacidade
multidisciplinar, é capaz de oferecer recursos e ferramentas de grande importância
didática ao ensino e debate tanto dentro, quanto fora da sala de aula. Isto acontece
porque esta ciência trabalha especificamente na construção espacial do humano
enquanto um ser social (CARNEIRO, 1993), já que, como lembra Saviani, o
homem é um componente ativo da sociedade que pode tanto aceitá-la quando
rejeitá-la em suas perspectivas naturais e culturais (SAVIANI, 1980).
No bojo da escola tradicional, as disciplinas que compõem as grades cur-
riculares, independentemente de sua estrutura ou de suas reformulações, em
tese, têm como função a construção de saberes sócio-científicos aos estudantes
(ALMEIDA; MARTINS; BORTOLOTI, 2016) e, no caso da ciência tratada
nos últimos parágrafos deste trabalho, a escola a recebe com a intenção de que
ela fomente a percepção humanística e espacial, alémda compreensão acerca do
território, do lugar, da região, da natureza, da paisagem e, também, da sociedade
(PABIS, 2012).
[...] a educação geográfica contribui para a formação do con-
ceito de identidade, expresso de diferentes formas: na compreensão
perceptiva da paisagem, que ganha significado à medida que, ao
observá-la, nota-se a vivência dos indivíduos e da coletividade; nas
relações com os lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa
memória social; na identidade cultural; e na consciência de que somos
sujeitos da história, distintos uns dos outros e, por isso, convictos
das nossas diferenças (BRASIL, 2018, p. 359).
89
Mestrando em Educação (UNESP). Jornalista. Geógrafo. CV: http://lattes.cnpq.br/1058264641736979
257
e as várias formas de vida e identidadeexpressas por meio da liberdade e com as
contribuições e ponderações do professoradoespecialista (PABIS, 2012).
O professor que ensina História ou Geografia tem a função de res-
significar a educação, entendendo-a num contexto social em movi-
mento. Com base nessa nova ação, o professor se torna um mediador,
um facilitador, que motiva, estimula, problematiza e ajuda os alunos
a interpretarem as informações, relacioná-las e contextualizá-las,
oferecendo uma orientação intelectual e pedagógica (MOREIRA,
COELHO, SANTOS, 2014, p. 151).
258
Estes estudos sobre os padrões de dispersão teriam surgido, segundo Nelson
e Platnick(1981), a partir da tentativa da entender os padrões de dispersão
de espécies animais evegetais e a relação delas com as áreas e as localizações
geográficas nas quais residiam, principalmente durante os séculos XVIII e XIX.
Por se tratar se uma vertente complexa, a Biogeografia integra saberes tanto geo-
gráficos quanto biológicos, ecológicos e geológicos, além de ser dividida em dois
principais momentos.
Podemos dividir a história da Biogeografia em dois períodos muito
distintos: 1) o período pré-evolutivo, no qual se acreditava no fixismo
das espécies, na constância eestabilidade da Terra, e em um centro de
origem e dispersão; e 2) o período evolutivo, que incorpora as ideias de
mudança tanto da biota (evolução) quanto da própria Terra às expli-
cações biogeográficas, resultando no paradigma vicariante que serviu
de base para a biogeografia histórica (NELSON; PLATNICK, 1981).
259
JUSTIFICATIVA
90
Estas habilidades podem ser consultadas no site: https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/
educacao-infantil-e-ensino-fundamental/materiais-deapoio-2/.
260
único para si. Esta vertente está fragmentada em tópicos principalmente nos 6ºs
e 7ºs anos do ensino fundamental II de 2021 e no 1º ano do ensino médio de
2020 e 2022.
No que se refere às suas alocações, seus conteúdos são dispersados principal-
mente entre as disciplinas de Ciências e Biologia, sobrando pouco à Geografia. Já
sobre a forma de redação, os conceitos desta área são trabalhados, discretamente,
sob as perspectivas das seguintes temáticas: os biomas, os ecossistemas, a biodi-
versidade, as transformações antrópicas no meio ambiente e nas sociedades, as
dinâmicas da natureza e suas mudanças antrópicas.
PROPOSTA DE ATIVIDADE
91
www.fyrebox.com.
92
Para fazer esta conversão, há a opção de usar gratuitamente o seguinte site: br.qr-code-generator.com.
261
Figura 01 – QR Code usado pelo pesquisador em um jogo criado como exemplo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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264
PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES,
SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM: AMPLIANDO O
CUIDADO NO SUS
INTRODUÇÃO
93
Graduação em Ciências Contábeis (UNAES). Graduanda em Enfermagem (UNOPAR).
CV: https://lattes.cnpq.br/0065313945739803
265
A RELEVÂNCIA DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
268
sos quanto o manejo da dor, ansiedade, manutenção da autonomia, redescoberta
do prazer no movimento, etc. (OMS, 2013).
Contudo o desenvolvimento desta medicina integrativa é feito no centro
de tratamento da dor, considerando a pessoa em sua totalidade e desenvolvendo
uma abordagem personalizada, combinando as práticas das duas abordagens, tendo
em conta a importância da relação terapêutica e o empoderamento dos pacientes,
promovendo a criação de ferramentas com intervenção diária na vida do paciente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente estudo pode ser observado que nas últimas décadas, as práticas
integrativas e complementares passaram por um processo de expansão no Brasil, inse-
rindo-se nos sistemas de saúde, atuando nas diferentes dimensões do cuidado, desde
a promoção da saúde e prevenção de doenças até o tratamento, reabilitação e cura.
As práticas integrativas são entendidas como práticas alternativas, com-
plementares às terapias presentes no atual modelo biomédico, que possuem uma
história e têm a capacidade de serem modificados pelos atores sociais, apresentando
continuidade teórica e prática entre passado e presente, isso os torna holísticos
em seu processo de ação/intervenção. As práticas integrativas como ação de
promoção da saúde contribuem para o cuidado integral, principalmente com o
aumento mundial das Doenças crônicas não transmissíveis. Embora as práticas
complementares enfatizem a promoção e o cuidado à saúde, as pesquisas nessa
área são dominadas pelos aspectos clínicos.
Os profissionais que os utilizam podem utilizá-los como um recurso de
saúde para aumentar o acesso da população a determinados serviços preventivos
integrados no sistema de saúde, mas torna-se relevante envolver uma colaboração
interprofissional no sentido de buscar quebrar os preconceitos e superar as dife-
renças na percepção de saúde e doença. A concepção de cuidado na perspectiva
integral considera tecnologias leves, empoderamento, corresponsabilização, acesso,
acolhimento, resolutividade, fatores fundamentais para garantir a humanização
das práticas de saúde.
No entanto, este é um longo caminho a percorrer, tendo em vista as barrei-
ras impostas pelo modelo biomédico, constituindo-se em um verdadeiro desafio
cotidiano para equipes, gestores e usuários, trabalhando na lógica da assistência
integral e universal. A integralidade sugere a ampliação e o desenvolvimento do
cuidado por diferentes profissionais de saúde, em uma perspectiva ampliada, con-
siderando o ser humano em sua multidimensionalidade, dotado de sentimentos,
desejos, aflições e racionalidades.
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complementares em saúde. 2020. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/down-
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274
O IMPACTO DO ISOLAMENTO SOCIAL NA SAÚDE
MENTAL DOS ADOLESCENTES CONSEQUÊNCIAS E
DESAFIOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
INTRODUÇÃO
O vírus tem ação direta no sistema nervoso central, o que de acordo com o
Ministério da Saúde, pode ser uma das causas do aumento dos sintomas psíquicos
e de transtornos mentais durante a pandemia, além disso, são responsáveis também
as experiências traumáticas como a perda dos entes queridos e a vivência da doença,
bem como o estresse causado pela brusca mudança de rotina, com o distanciamento
social e as consequências econômicas, pois muitas pessoas precisaram fechar as
portas, outras até perderam o emprego, enfim a rotina em geral foi alterada e os
padrões de comportamento da sociedade que é algo tão importante para a saúde
mental foram modificados (BRASIL, 2021).
Falando sobre o isolamento social, deve-se destacar alguns conceitos para
continuar com a pesquisa e o principal deles é que o isolamento social basicamente
276
é ficar dentro de casa tendo contato apenas com as pessoas que mora, trabalhando
em home office e buscando fora do domicílio apenas o que é extremamente neces-
sário. Dessa forma, as pessoas tiveram de se distanciar inclusive daquelas que
amam, familiares e amigos, o que acabou gerando depressão por estar longe de
quem amamos, desde a saudade de pessoas queridas, ansiedade e insegurança em
relação a tudo que poderia acontecer (PEREIRA et al., 2020).
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) realizou um estudo
com mais de 7,7 mil jovens e adolescentes em todo o Brasil, demonstrando que
grande parte deles teve a necessidade de buscar ajuda sobre saúde mental, porém
cerca de 40% deles não buscaram o mesmo apoio, sendo que esse tema continua
gerando preocupação no país (UNICEF, 2022).
No cenário atual, a que a sociedade acometida pela Covid-19 foi exposto,
muito se focou na saúde física e no combate ao vírus, sendo assim a obtenção de
cuidados com a saúde mental tornou-se ainda mais desafiadora, todavia, as reper-
cussões causadas na saúde mental não podem ser negligenciadas, já que o contexto
social que a pandemia trouxe e nos forçou a ser inseridos é terrenos fértil para o
sofrimento psíquico (SCHMIDT et al., 2020).
Vale dizer que uma pessoa pode ter sido exposta a diversos desses fatores
citados ao mesmo tempo, o que pode agravar um dano mental preexiste ou fazer
com que este passe a existir. Segundo pesquisa do instituto Ipsos cedida pela BBC
News Brasil 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou no
último ano, a pesquisa foi publicada em abril do ano passado e o ano de referência
da pesquisa é exatamente o primeiro ano da pandemia mundial (INSTITUTO
IPSOS, 2021).
Outros estudos como o publicado pela Fiocruz trazem dados preocupantes
a respeito da tristeza e da depressão, sendo que como resultado a pesquisa diz
que 40% da população adulta brasileira tem esses sentimentos frequentes e 50%
relatam ansiedade e nervosismo. Contudo, este não é um problema exclusivo do
Brasil, pois a média global demonstra que 45% dos entrevistados afirmam que
sua saúde mental piorou no último ano tendo em vista a vida sob a pandemia
(INSTITUTO IPSOS, 2021).
Após alguns meses do fim da pandemia diversos estudos apontaram o
aumento de depressão, estresse e ansiedade, bem como alteração no sono e o
aumento do uso de psicotrópicos, mas não só esses fatores são preocupantes, pois
quando o foco é levado para as consequências do isolamento social, principalmente
no que diz respeito aos adolescentes o destaque fica entre depressão e ansiedade,
por mais escassas que sejam as pesquisas voltadas a este grupo (FILGUEIRAS,
STULTS-KOLEHMAINEN, 2020).
277
De acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) instituído
pela Lei 8.069 de 1.990, são considerados adolescentes quem tem entre 12 e 18
anos. Já de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) a adolescência
está entre os 10 e 19 anos de idade e a juventude, ou seja, adultos jovens, se estende
de 15 aos 24 anos (BRASIL, 2007, p. 7).
Conforme Van Hoof (2020), a Covid-19 colocou a capacidade humana a
prova, no sentido de sofrimento e desafia a sociedade encarar seus piores monstros,
bem como já foi descrito como o “maior experimento psicológico do mundo”,
tanto no Brasil como em todo o planeta houve uma certa confusão da vida mental.
Como objetivo geral a presente pesquisa visa entender, por meio de revisão
de literatura, a relação do isolamento social com a degradação da saúde mental
dos adolescentes, porém, também visa como objetivo mais específico salientar os
obstáculos que sucedem em relação ao retorno presencial.
DESENVOLVIMENTO
Salienta-se que o isolamento social além de permeado por todos esses sen-
timentos acima relacionados também foi acompanhado do impacto econômico
em muitas famílias, o que por vezes pode aumentar o conflito dentro de casa e a
segurança emocional dos adolescentes ser ainda mais abalada, isto somado ao fato
de estares limitados ao núcleo familiar sem a possibilidade de relacionar-se com
seus pares, o que pode colaborar com a ausência de privacidade (MARQUES et
al., 2020).
Diante dos dados colhidos alguns dos fatores que ajudam a desencadear o
adoecimento nos adolescentes durante o isolamento social são: exposição exces-
siva a informação, ausência ou pelo menos diminuição da atividade física, (SÁ;
ROSA; TARDIVO, 2020) isso também decorre do fato de escolas e clubes estarem
fechados, alteração da dieta e no sono já que não tem mais aquele compromisso de
encontra-se com os amigos ou ir até o colégio, acabam com uma rotina desregulada,
280
juntos esses fatores podem estar relacionados intimamente com a vulnerabilidade
dos adolescentes ao quadro geral da pandemia (MARIN et al., 2020).
Com o retorno as atividades normais, isto é, após um longo tempo isolado,
já desacostumado com o convívio em grupo os adolescentes encontram alguns
desafios, nesse sentido, é importante que tanto a família quando a entidade esco-
lar se reúna a fim de montar uma frente com o objetivo de identificar e prevenir,
principalmente acolher e encaminhar os adolescentes com problemas relacionados
a saúde mental para tratamento especializado (TAVARES, 2022).
Não só a família deve estar atenta como os governos de forma geral pre-
cisam dar condições àqueles que não possuem acesso fácil a saúde, assim como
o excesso de informação pode ser prejudicial a ausência dela também é, logo é
importante normalizar o atendimento psicológico como necessário para todos e
não só algo para doentes mentais, isso seria a informação e dar condições para
que este atendimento aconteça é tarefa do SUS, ou seja, dos governos (CARTER
e MCGOLDRICK, 2001).
Outrossim, a introdução de novos mecanismos de aprendizagem nos mais
variados planos também pode auxiliar ao retorno mais leve dessa juventude a vida
após a pandemia, pois se durante a quarentena tiveram de ficar mais tempo em
casa, a inserção ao meio social precisa ser atrativa para que não caia na solidão.
(FRANÇA e DINIZ, 2020, p. 143) Incentivo à cultura, arte e esporte também
é uma forma de esporte e muitas vezes a maneira que o jovem melhor se comu-
nica, essas áreas do conhecimento tem o condão da proteção da saúde mental da
população como um todo, mas especialmente aos adolescentes.
Por fim, o retorno as atividades deve ser preferencialmente de forma grada-
tiva e acompanhando o adolescente em seus passos, cabe a família monitorá-los
e manter um diálogo aberto, cabe a escola e aos governos proporcionar atividades
legais em um ambiente agradável em que o adolescente se sinta confortável, pois
os conflitos virão independente da qualidade deste momento, mas se estiverem
acompanhados de pessoas aptas a auxilia-los não chegaram a doenças tão cruéis e
prejudicais a qualidade de vida como a ansiedade e a depressão supramencionadas
(DINIZ, 2020).
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
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284
IMPACTO DA PANDEMIA NO MERCADO DE
PANIFICAÇÃO: PELA ÓTICA DE UMA FÁBRICA
TERESINENSE
INTRODUÇÃO
96
Especializanda em Lean Production (FACIMIG). CV: http://lattes.cnpq.br/0788081923767165
97
Mestre em Administração (FUCAPE-MA). Docente e Coordenador no Curso de Business (UNIFACID WYDEN).
CV: http://lattes.cnpq.br/7998649187922719
98
Doutorando em Ciências da Computação e Matemática Computacional (USP).
CV: http://lattes.cnpq.br/0044476898873363
99
Mestrado em Engenharia Elétrica (UFCG). Professor (FACID WYDEN, CEUPI e UNIFSA).
CV: http://lattes.cnpq.br/4062066109529222
100
Mestrando em Ciência Política (UFPI). Mestrando em Biotecnologia e Atenção a Saúde (UNIFACID). Coordenador
e professor (UniFacid). CV: http://lattes.cnpq.br/0594387774564957
101
Doutorado em Zootecnia Tropical (UFPI). Professor. CV: http://lattes.cnpq.br/4409632577231607
285
-ÜNAL, 2002) que impacta no preço das commodities ocasionando aumento ou
redução de seu preço no mercado externo e interno, Covid (PREISS et al., 2020;
GRALAK et al., 2020; SALAZAR et al., 2020) que está causando um colapso
na economia mundial nas mais diversas áreas, desde o setor alimentício, passando
pelo setor de serviços e industrias e o IPCA (BOGDANSKI, TOMBINI e WER-
LANG, 2000; LIMA, ARAÚJO e SILVA, 2011; BIS, 2001; ROSENGREN,
2011) índice oficial da inflação no Brasil que reflete a alta de preços em diversos
segmentos entre eles vestuário, alimentação e saúde. Ressalta-se que segundo o
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação nos produtos pani-
ficados em 2022 foi de 11,73% (Abip, 2022).
Todavia a Abip (2020) avaliou que o setor conseguiu com destreza e cria-
tividade se reinventar e no ano de 2021 as vendas de produtos panificados obti-
veram um aumento (sem descontar a inflação) de 15,13% refletindo diretamente
no faturamento das empresas. No ano de 2022, o setor da panificação obteve um
crescimento de R$ 5,79 bilhões no seu faturamento considerando a análise com-
parativa frente ao ano anterior. Sendo que, 61,65% corresponde aos produtos de
produção própria e 38,35% de revenda (ABIP, 2022). Isso mostra que este setor
tem se fortalecido ano após ano no Brasil e obtido resultados crescentes para a
economia brasileira.
Visando abordar a problemática sobre a falta de trabalhos que mensurem o
impacto da pandemia para o mercado de panificação, a justificativa prática desta
pesquisa partiu da necessidade de fornecer dados e informações dos problemas
relacionados a ela que atingiu o setor econômico estudado no presente trabalho.
Nesse sentido, o objetivo geral dessa pesquisa é demonstrar como a pan-
demia impactou nas vendas de produtos junto ao setor de panificação. De forma
mais específica, buscou-se identificar a variação de preço dos principais insumos
utilizados no segmento, mensurar a variação dos principais itens demandados pelas
panificadoras e analisar as principais variáveis durante a covid-19 que afetaram
a atividade econômica.
METODOLOGIA
286
Para alcançar os objetivos propostos e melhor apreciação deste trabalho,
foi utilizada uma abordagem quantitativa, pois utilizou-se meios estatísticos
para apresentar os resultados dos dados analisados. De acordo com (BEUREN
et al., 2022, p. 32), as pesquisas quantitativas podem ser caracterizadas “[...] pelo
emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos
dados coletados”.
Para análise e interpretação dos dados realizou-se um corte transversal, tendo
como ponto de corte do segundo trimestre de 2020 até o terceiro trimestre de 2022.
O motivo do corte foi devido aos primeiros casos de COVID apesar de terem
sido relatados em março com base no DATA SUS (2020) ainda apresentava uma
amostra muito baixa e os dados internos da empresa em estudo são apresentados
somente de forma trimestral.
Por fim utilizou-se duas regressões, uma de forma a analisar o impacto das
commodities e casos por covid no faturamento da empresa e outra para analisar o
impacto das demais variáveis e casos por covid no faturamento da empresa. Para
análise dessa regressão inicialmente realizou-se um teste de Shapire-Wilker para
verificar a normalidade da variável dependente (DOMANSKI,1998; ROYS-
TON, 1983), em seguida eliminou-se as variáveis p-valor inferior a 0,5, por não
se mostrarem significantes, Cumming (2008) e por último o VIF que é realizado
para retirar as variáveis independentes com alta correlação entre si Chatterjee e
Hadi (2006). O software utilizado para rodar os dados foi o STATA versão 13.0.
DESENVENVOLVIMENTO
287
Tabela 1 - Matriz de Correlação das Variáveis do Estudo
Descrição Casos por covid Mortes por covid
Quantidade Vendida 0.56 0.49
Unitário Médio 0.87 0.89
Valor Da Venda 0.92 0.90
Lucratividade Valor 0.94 0.93
Mortes Por Covid 1.00 1.00
Casos Por Covid 1.00 1.00
Ipca -0.19 -0.18
Selic 0.80 0.78
Dólar -0.46 -0.45
Desemprego 0.49 0.49
Farinha De Trigo Ins 0.87 0.83
Ovos Ins 0.13 0.10
Açúcar Ins 0.93 0.94
Sal Ins 0.70 0.67
Fermento Ins -0.45 -0.48
Gordura/Óleo Ins 0.84 0.84
Fonte: Autores (2022).
288
Gráfico 1- Evolução dos casos de covid-19 e os aumentos de preços dos insumos
289
tivesse um poder de explicação de 99%. Sendo assim a equação da regressão acima
foi a seguinte, VLV = βo + β1*TRIG + β2* SAL + β3*AUC+ Ɛ.
CONSIDERAÇÕES
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292
CONTROLE DA QUALIDADE TÊXTIL: AVALIAÇÃO
DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE MALHAS DE
POLIÉSTER COM ELASTANO
INTRODUÇÃO
102
Doutora em Engenharia Química (UEM). Docente (UTFPR). CV: http://lattes.cnpq.br/4616131363496919
103
Engenharia Têxtil (UTFPR). CV: http://lattes.cnpq.br/0077249353681951
104
Doutor em Engenharia Têxtil (Universidade do Minho - POR). Docente (UTFPR).
CV: http://lattes.cnpq.br/0779732996690523
105
Doutor em Engenharia Química (UEM). Professor (UEM). CV: http://lattes.cnpq.br/7812749216431524
106
Doutora em Design (UNESP). Docente (UTFPR). CV: http://lattes.cnpq.br/4230970628482601
107
Doutor em Administração (USP). Professor (UTFPR). CV: http://lattes.cnpq.br/1431152400360710
108
Doutora em Engenharia de Produção (UNIMEP). Professora (UTFPR). CV: http://lattes.cnpq.br/2925821696721475
293
O processo de obtenção da fibra de poliéster irá definir suas característi-
cas físicas, tais como tenacidade e elasticidade. Assim, os poliésteres podem ser
divididos em três categorias: fibras cortadas, filamentos de média tenacidade e
filamentos de alta tenacidade (GUERRA, 2016).
Elastano é uma fibra sintética e pertence à classificação genérica das fibras
elastoméricas sendo descrita em termos químicos como um poliuretano seg-
mentado. Suas propriedades de alongamento e recuperação valorizam os tecidos
adicionando novas dimensões de caimento, conforto e contorno das roupas. Pode
ser esticado quatro a sete vezes seu comprimento, retornando instantaneamente
ao seu comprimento original quando sua tensão é relaxada. Resiste ao sol e água
salgada, e retém sua característica flexível no uso e ao passar do tempo (VAS-
CONCELOS, 2012).
Guerra (2016) explica que o título é um parâmetro atribuído ao fio que
compõe o tecido e representa a relação entre seu comprimento e massa, equivalente
a densidade linear (g/m). Esse atributo auxilia na escolha de qual fio utilizar no
momento da confecção. São abordadas duas formas de calcular o título de um fio:
forma direta Tex, desenvolvida e divulgada pelo The Textile Institute (Manchester,
Inglaterra) em 1945 e forma indireta Ne, abreviação para Título Inglês em jardas,
desenvolvido com referência a medição direta Tex para proporcionar comparação
entre os atributos ligados à densidade linear do tecido.
As estruturas de Malha Jersey são importantes porque oferecem várias vanta-
gens. Fisicamente, eles apresentam propriedades de conforto como alta elasticidade,
conformidade com a forma do corpo, mais macio e melhor toque e sensação de
conforto e outros. A porosidade é uma das propriedades físicas importantes que
têm uma influência no conforto e no aspecto de uso (BENLTOUFA et al., 2007).
Catarino (1998), explica que a estrutura Jersey simples é à base de todos os
outros tipos de malha. Consiste em laçadas de ponto de malha, todas elas entre-
laçadas na mesma direção, ou seja, a repetição da laçada normal na direção das
colunas e das fileiras. A laçada normal é entrelaçada pela frente através da laçada
previamente formada. Como resultado, temos os dois lados do tecido de malha
diferentes definidos como direito e avesso técnicos. O direito técnico é o lado
em que as pernas da laçada da agulha são visíveis, formando colunas e tomando
o aspecto de um V invertido. O avesso técnico é o lado em que se observam os
semicírculos interligados que são as cabeças das laçadas das agulhas e as bases
das laçadas das platinas.
A Estabilidade Dimensional trata diretamente com o comportamento do
tecido de malha quando submetido ao procedimento de lavagem, característica
comum a todos os tecidos utilizados comercialmente, estando essa malha sujeita
a essa situação.
294
Portanto, a estabilidade dimensional reflete a capacidade de uma malha
flexível manter as suas dimensões quando submetidas ao processo de lavagem.
Estabilidade dimensional resulta na análise da capacidade do tecido de, após a
lavagem, conseguir manter as suas dimensões, cita Guerra (2016).
Este estudo, teve como objetivo realizar a análise dimensional de malhas de
poliéster com diferentes percentuais de elastano, com o propósito de verificar a
influência do título do elastano nas propriedades das malhas, entendendo melhor
seu comportamento para ser feito melhorias na indústria têxtil e confecção.
DESENVOLVIMENTO
O estudo teve como propósito identificar nos tecidos de poliéster com dife-
rentes percentuais de elastano sua estrutura, gramatura, densidade, propriedades e
tração, elasticidade e alongamento. Por meio do método experimental, analisando
como elastano influencia as propriedades e características do tecido de malha.
Para analisar a estrutura da malha, seguiu-se a metodologia da ABNT NBR
13460 - Tecido de malha por trama - Determinação da estrutura, essa norma tem
como objetivo determinar a estrutura de tecidos de malha por trama. As malhas
também foram classificadas de acordo com a ABNT NBR 13462 - Tecido de
malha por trama - Estruturas fundamentais, que define os termos para as estru-
turas fundamentais do tecido de malha por trama. Nesta norma foram preparadas
amostras, desmalhadas com intuito fazer uma análise das evoluções que formam a
estrutura do tecido de malha, sendo representado graficamente. E então de acordo
com suas estruturas fundamentais foram feitas as classificações das malhas.
Para os testes de gramatura foi utilizada a norma ABNT NBR 10591
Materiais têxteis - Determinação da gramatura de superfícies têxteis. O objetivo
da norma foi prescrever o método para determinar a gramatura de malhas e teci-
dos planos. Conforme a norma, preparou-se 5 amostras medindo 100 cm² cada.
Pesou-se cada amostra e com os valores obtidos, calculou-se a média aritmética
e a conversão de g/cm² para g/m².
Os testes de densidade, foram realizados conforme os procedimentos con-
tidos na NBR ABNT 12060 Materiais têxteis - Determinação do número de
carreiras/cursos e colunas em tecidos de malha. Teve como objetivo prescrever
o método utilizado para determinar o número de carreiras/cursos e colunas, por
unidade de comprimento em tecidos de malha. Para execução do ensaio, foram
retiradas amostras com 50 cm de comprimento do tecido e então feita a contagem
de carreiras e colunas obtendo-se a média aritmética dos valores, onde a densidade
é demonstrada em número de carreiras/cm e número de colunas/cm.
295
Para a caracterização da NBR ABNT 13934 Têxteis - Propriedades de tração
de tecidos - Parte 1: Determinação da força máxima e alongamento à força máxima
utilizando o método de tira. O objetivo foi à realização de um procedimento para
determinar à força máxima e alongamento a força máxima de tecidos utilizando o
método de tira. De acordo com a norma, foram cortados em tiras de pelo menos
1 metro de comprimento e largura total da malha, onde o tecido não estivesse
com defeitos. Então foram cortados dois conjuntos de corpo-de-prova, um na
direção do urdume e outro na direção da trama. Logo em seguida as amostras
foram testadas no dinamômetro e os dados obtidos pelo mesmo e foram analisados.
A determinação da elasticidade, foi determinada pela NBR ABNT 12960
Tecido de malha. O objetivo foi realizar métodos de ensaio para determinar o
alongamento e elasticidade em tecidos de malha. Após fazer o corte das amostras,
então dobrou-se de forma que a aresta da dobra ficasse alinhada com as colunas
da malha, determinando o corpo-de-prova com o gabarito de aço, com os lados
menores paralelamente com a direção das colunas. Então recortou-se e costurou-se
o corpo-de-prova duplo. Com o peso de 1100 g, a amostra foi fixada no suporte
do equipamento, com o corpo-de-prova e permaneceu por 120 segundos sofrendo
ação da carga, e mediu-se novamente o comprimento. Após este tempo, retirou-se
o peso e deixou-se a amostra descansar por 5 e 10 min. Em cada tempo anotou-se
a medida. Em seguida calculou-se o alongamento e a elasticidade da malha.
Para os testes de Lavagem em máquina doméstica automática foi conside-
rada a norma NBR ABNT 10320 Materiais têxteis - Determinação das alterações
dimensionais de tecidos planos e malhas. É um método utilizado para determinação
das alterações dimensionais de tecidos planos e malhas, quando são lavadas repeti-
das vezes, em máquinas domésticas. Para esse teste, preparou-se 3 corpo-de-prova
cortados no tamanho de 380x380 mm e então marcou-se três séries paralelas
ao comprimento de 250 mm e três séries paralelas a largura do corpo-de-prova,
sendo que cada série de marcas foram feitas distantes por 50 mm das bordas e
afastada aproximadamente 120 mm uma da outra. Então realizou-se lavagens em
máquina doméstica em qualquer ciclo (normal, leve ou delicado). A secagem foi
feita com o corpo-de-prova pendurado por dois cantos, com sentido longitudinal
na posição vertical, deixando secarem em temperatura ambiente. Logo após, nos
corpos-de-prova foram realizadas as medidas da distância entre cada marca com
uma precisão de 1 mm. Realizou-se mais quatro vezes o ciclo de lavagem e assim
avaliou-se a estabilidade dimensional, correlacionando as propriedades físicas com
a composição das malhas com percentuais de elastano diferentes.
A análise estatística será realizada de forma descritiva aferindo os dados
obtidos pela média, desvio padrão e o coeficiente de variação da amostragem.
296
Comparando-os e discutindo os resultados entre as amostras, realizando uma
análise técnica.
RESULTADOS
Figura 2 - Elastano
Figura 3 - Gramatura
298
Ao medir a quantidade de carreiras e colunas por centímetro, verificou-se que
para cada uma das amostras de malhas investigadas, foi possível observar que os
resultados se apresentam inversamente proporcionais, ou seja, quanto mais grosso
o título do elastano, diminui a quantidade de colunas/cm, conforme se observa
na Figura 4. Isso se deve ao fato de que quanto mais grosso o elastano, maior é
o espaço ocupado pelo por ele, consequentemente diminuindo a quantidade de
colunas no mesmo espaço.
(A) (B)
Fonte: Autoria Própria (2022)
300
Analisando resultados foi possível observar que a força de tração aplicadas
no sentido das colunas é maior que a força aplicada na ruptura nos sentidos das
carreiras, para ambos os denier.
Para 20 Denier nota-se que a força de tração foi menor que 40 e 70 Denier,
conforme observado no sentido da coluna, sendo essa crescente, à medida que o
título engrossa, a mesma precisa de uma força maior para se romper. No sentido
da carreira conforme seu Denier aumenta, o mesmo também precisa de uma força
maior para sua ruptura.
Por conta das amostras de 20 Denier terem a menor densidade e serem mais
finas que 40 Denier e 70 Denier, essas com maior densidade e os fios serem mais
grossos, houve a necessidade de aplicação de uma maior força e maior alongamento
para as malhas atingirem o ponto de ruptura.
Com o intuito de observar a capacidade do tecido de alterar suas dimensões
sob a ação de uma carga e de recuperar suas dimensões ao formato original, o
teste de elasticidade e alongamento, sendo este, uma placa de madeira lisa, com
altura de 110 cm e largura de 42 cm, dois ganchos com a distância de 25 cm entre
eles, composto por uma haste de aço inox, cujo diâmetro é de 5 mm. A garra fica
afastada 2,5 do suporte. O peso utilizado é de 1100 g e tem formato de haltere.
Os cortes dos tecidos foram realizados com a ajuda do gabarito, feito de
material rígido com dimensões de 50,0 cm por 20,0 cm, e então costurados na
máquina reta. Cada amostra foi então testada no equipamento, ficando 120
segundos submetidos ao peso (Figura 13).
301
As medidas das amostras foram feitas antes, durante e após o teste respeitando
o tempo de repouso de 5 minutos para relaxação. Os resultados são apresentados
na Figura 7.
(1)
Sendo: E = alteração dimensional; A = dimensão inicial; B = dimensão final
(após lavagem e secagem).
A Figura 8 apresenta o gráfico da Alteração Dimensional.
302
Logo, podemos observar uma alteração dimensional acima de 1% para os
três diferentes Denier. Na amostra de 70 Denier é possível ver uma alteração maior
que 2%. Comparando com os testes do dinamômetro e de peso, onde percebe-se
uma maior alteração no comprimento da amostra e uma diminuição no tama-
nho da largura, para esse teste em lavagem de máquina doméstica essa alteração
acontece em toda a dimensão da amostra, onde ocorre o esgarçamento do tecido.
A diferença do teste no dinamômetro para o teste do peso é que, no caso
do dinamômetro a amostra esticou até ocorrer à ruptura, mesmo sendo tirado do
equipamento o material não voltou a seu estado original, ficou com um formato
ampulheta. E no caso do teste com o peso, teve alteração, mas o material não se
rompeu nem mesmo na parte da costura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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e Moda, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
304
POESIA EM SALA DE AULA: UMA EXPERIÊNCIA NO
PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA
INTRODUÇÃO
O presente capítulo tem como objetivo refletir sobre o uso de textos líricos
em sala de aula, a partir de atividades desenvolvidas na Universidade Federal
da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo, durante nossa participação
no Programa Residência Pedagógica (PRP). O Programa busca aperfeiçoar as
atividades de docentes em formação de diversos cursos, dentre eles, o Curso de
Letras - Português e Espanhol. Desta forma, o PRP surge como uma oportunidade
aos graduandos que, já tendo completado a primeira metade do curso, queiram
expandir as possibilidades de experiências junto a escolas públicas participantes do
Programa. Seja como bolsistas ou como voluntários, os residentes vivem cotidiana
e intensamente a realidade da educação pública brasileira.
Foi nesse contexto de ensino/aprendizagem que se desenvolveram as ativida-
des práticas pedagógicas que aqui se pretende relatar. As experiências vivenciadas
ocorreram junto ao 8º ano de uma escola estadual de educação fundamental loca-
lizada na cidade de Cerro Largo, no estado do Rio Grande do Sul, a qual, à época
da execução das atividades, contava com aproximadamente 300 alunos, oriundos
tanto de bairros adjacentes quanto de comunidades do interior do município. É
importante ressaltar que os eventos tiveram como pano de fundo a pandemia de
COVID-19 e, por isso, não ficaram isentos das adaptações e adequações que se
fizeram necessárias à superação de tal período.
Ao total, o PRP teve uma duração de 18 meses, período no qual os residentes
atuaram, em sua maioria, em dupla, não apenas junto a turmas do ensino fundamen-
tal, mas também junto a turmas do ensino médio. Nas atividades em sala de aula, os
textos literários sempre tiveram papel de destaque e a teoria utilizada como norte
das atividades de planejamento, preparação e aplicação foi o letramento literário.
Dentro de uma variedade de gêneros trabalhados, as experiências definidas como
objeto de pesquisa para este capítulo são aquelas que tiveram como característica
principal a utilização de textos literários pertencentes ao gênero lírico, tanto em
atividades de leitura, quanto de interpretação e produção de textos.
109
Graduando em Letras (UFFS). CV: https://lattes.cnpq.br/1595684088594516
110
Doutor em Letras (PUCRS). Docente no Curso de Letras (UFFS). CV: https://lattes.cnpq.br/2272620373111968
305
Estruturalmente falando, além desta introdução, o capítulo está dividido
em mais duas partes: desenvolvimento e considerações finais. A teoria gira em
torno do letramento literário e, além das citações teóricas, são expostos os pontos
de vista dos autores. Na seção destinada ao relato das práticas, os comentários são
realizados sempre tentando relacionar os eventos observados com a teoria estudada.
Para finalizar, nas considerações finais, é feito um balanço entre as expectativas
geradas e os resultados obtidos.
DESENVOLVIMENTO
309
dentro das próprias turmas tornou o trabalho de planejamento e elaboração das
atividades ainda mais desafiadores.
Devido ao contexto, o trabalho não poderia limitar-se apenas a elaborar
um material que viabilizasse atingir o objetivo geral e os objetivos específicos das
atividades. O planejamento deveria ser de tal forma que os três grupos de alunos
tivessem condições de aprender de maneira satisfatória, e a mais nivelada possível,
aquilo que se pretendia ensinar. Era necessário minimizar as disparidades de acesso
aos conteúdos e, ainda, produzir materiais mais explicativos para os alunos que
não tinham acesso à internet nem assistiam presencialmente as aulas.
Dentro das circunstâncias citadas, no que diz respeito às atividades propria-
mente ditas, levando em consideração o que dizem as orientações dos Parâmetros
Curriculares de Língua Portuguesa (PCNs) e a Base Nacional Curricular Comum
(BNCC), no sentido de que devem ser apresentadas ao estudante as diferentes
possibilidades de uso da linguagem oral e escrita, chegou-se à conclusão de que
seria trabalhado o gênero lírico. Para nortear o planejamento e execução das ati-
vidades, adotou-se a proposta do letramento literário, de modo que a leitura dos
textos se convertesse em um processo de construção e reconstrução de significados.
Tendo como objetivo geral propiciar o contato com o gênero lírico e, a
partir deste, desenvolver o aprendizado dos conceitos básicos de ritmo, estrutura,
sonoridade e cadência poética, foram estabelecidos como objetivos específicos
das atividades realizadas junto à turma: reconhecer o texto poético como uma
forma de manifestação artística com base na musicalidade; apresentar o gênero
lírico e suas características formais; compreender e identificar os elementos orga-
nizacionais e estruturais que compõem um poema; e, por fim, despertar o gosto
pela leitura poética, com o intuito de promover a aproximação da poesia e o seu
reconhecimento como forma de expressão da realidade.
Na aplicação prática em sala de aula, antes de iniciar com a motivação
propriamente dita, conversamos um pouco com os alunos sobre o conteúdo a
ser trabalhado naquela unidade e sobre a importância que teria para o resultado
final o interesse e a participação de todos, destacando o diálogo como a base para
realização de nossas atividades. Para Paulino e Cosson (2009, p. 69): “Antes de
mais nada, o letramento literário requer o contato direto e constante com o texto
literário. É, aliás, esse o sentido básico de letramento literário. Sem esse contato,
a vivência da literatura não tem como se efetivar”. Como ponto central da moti-
vação, elegemos o poema “Motivo”, da escritora brasileira Cecília Meireles, com
a finalidade de estabelecer um diálogo sobre a forma peculiar com que os poetas
costumam enxergar o mundo.
Como forma de estimular os alunos, assim como ter uma leitura como
referência, o primeiro texto foi lido em voz alta por um dos residentes. Nessa
leitura, buscou-se demonstrar as peculiaridades desse gênero literário, de modo
310
que pudessem compreender que o poema é possuidor de características especiais
e que não deve ser lido como um texto qualquer. Terminada a leitura, foram feitos
alguns questionamentos no sentido de instigar o diálogo e aprofundar os estudos
do poema. As perguntas iniciais foram bastante simples, tais como: vocês já leram
ou ouviram frases, contos ou poemas da escritora brasileira Cecília Meireles? Vocês
possuem alguma dúvida em relação ao sentido/significado de algum vocábulo do
poema? O que o título sugere ao leitor? Por que é um poema?
Após essa primeira leitura e série de perguntas e respostas, o plano de aula
foi dividido em dois momentos:
1º momento:
Fazendo-se uso de slides, foram abordadas as definições de verso, estrofe,
rima e ritmo. Do mesmo modo, foram abordadas e exemplificadas algumas figuras
de linguagem como anáfora ou repetição, antítese e metáfora.
2º momento:
Nessa etapa, voltamos ao poema “Motivo” para que os alunos pudessem
identificar a presença dos termos teóricos estudados anteriormente. Ainda nesse
sentido, foram trabalhados mais três poemas: “Ser Poeta”, da escritora portuguesa
Florbela Espanca; “O último poema”, de Manuel Bandeira; e, por último, “Os
poetas”, do escritor gaúcho Mario Quintana.
Após as leituras, os alunos foram instigados não apenas a identificar as
características estruturais e os recursos de linguagem empregados pelos autores na
escrita dos poemas. Foram realizadas diversas perguntas no sentido de pensar sobre
os efeitos que aqueles recursos traziam aos textos e ainda que mudança de sentido
acarretaria a respectiva supressão. No que diz respeito às interpretações, Paulino e
Cosson (2009, p. 67) consideram que “não há, assim, leituras iguais para o mesmo
texto, pois o significado depende tanto do que está dito quanto das condições e
dos interesses que movem essa apropriação”. Os alunos tiveram total autonomia
para buscarem sentidos nos textos, não receberam análises prontas, apenas foram
norteados e intermediados através de questionamentos, com a finalidade de que
pudessem refletir sobre os poemas e realizar a identificação dos versos, estrofes,
rimas e ritmo. Na sequência, foram lidos e debatidos poemas com diferentes estru-
turas entre si, principalmente com temáticas sociais, para que os alunos pudessem
perceber as diferentes manifestações e finalidades do gênero lírico.
Esgotados os trabalhos de leitura, reflexão, interpretação e identificação de
elementos característicos do gênero lírico, foi proposto aos alunos que escrevessem
um poema, atentando para as características do gênero e tendo como tema a pan-
demia do Covid-19. Os alunos tiveram a liberdade para escrever. Poderiam tanto
311
escrever sobre algo que havia mudado em suas vidas em virtude da pandemia, ou
o que em suas opiniões seria diferente após o término da situação ou ainda o que
gostariam que mudasse após superarmos o vírus.
A atividade de produção ficou como tarefa de casa. A primeira versão da
escrita foi entregue na aula seguinte em sala de aula. Os que acompanhavam a aula
de maneira remota entregaram suas produções via plataforma digital e aqueles que
não tinham acesso à internet entregaram as produções na escola. Após a correção
realizada pelos residentes, os alunos receberam suas produções com orientações e
sugestões de melhoria. Após reescrevê-las, foram realizadas as apresentações em
sala de aula por aqueles que lá estavam e via plataforma digital por aqueles que
assistiam à aula remotamente.
A experiência vivenciada foi de grande relevância no processo de formação
como futuro professor de Língua Portuguesa. A eleição do gênero por si só já se
mostrou muito desafiadora. Trabalhar com poesia com uma turma do 8º ano exigiu
um esforço no sentido de fazer com que o plano de aula não fosse algo massivo, algo
que tornasse as aulas enfadonhas ou que gerasse resistência por parte dos alunos.
Não há como não citar a influência que teve em todo o processo a situação
de estarmos em meio a uma pandemia mundial. O fato de nem todos os alunos
estarem nas mesmas condições certamente fez com que houvesse uma discre-
pância entre o nível de conhecimento adquirido entre os que estavam presentes
fisicamente em sala de aula e aqueles que a acompanhavam de forma remota ou
que apenas retiravam o material impresso na escola. Como já era esperado, o nível
de participação dos que estavam presentes em sala de aula foi bem superior aos
que assistiam on line.
Assistir à aula remotamente tem a desvantagem de estar o tempo todo
dependendo de uma boa conexão com o sinal de internet e as experiências viven-
ciadas demonstraram que isso nem sempre é possível. Às vezes percebíamos que
os alunos perdiam contato com a aula. Quanto aos alunos que apenas retiravam o
material na escola, ainda que durante o planejamento e preparação dos materiais
tentássemos compensar, deixando o material o mais explicativo possível, tiveram
uma grande desvantagem no sentido de não terem a interação com os professores
e com os próprios colegas.
Por outro lado, no período em que ocorreram essas aulas, já estávamos avançando
no combate ao Covid-19. Era o início do retorno às aulas presenciais após um longo
período em que ministrávamos as aulas apenas de maneira remota (vale destacar que
o PRP começou em plena pandemia). Voltar às escolas e poder interagir presencial-
mente com os alunos foi algo muito estimulante e demonstrou que, por mais que a
tecnologia avance, ainda são muito importantes as interações presenciais.
De um modo geral, os resultados foram muito positivos. Para chegar a esta
conclusão não levamos em consideração apenas as produções finais apresentadas
312
oralmente e entregues de maneira impressa pelos alunos. Analisando o todo, desde
a etapa inicial, que foi da eleição do conteúdo a ser trabalhado, passando pelas
orientações do coordenador, pelos encontros com a preceptora, pelo planejamento
e preparação do material a ser trabalhado para, finalmente, ser aplicado em sala
de aula, vimos que houve muitos ganhos ao longo desse processo.
Para trabalhar poesia de uma maneira que fosse assimilada com mais facili-
dade por alunos do 8º ano, foram essenciais as orientações recebidas do professor
orientador e da preceptora. O resultado positivo, verificado através dos poemas
elaborados pelos alunos, demonstra que os diversos gêneros podem ser trabalha-
dos na escola, mesmo aqueles que eventualmente possam ser considerados mais
difíceis ou que recebam certa resistência dos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
313
esperança de que, após este período, as pessoas pudessem refletir e contribuir para
a construção de um mundo melhor.
Seguindo o conceito do letramento literário (COSSON, 2009), as atividades
que foram objeto de pesquisa do presente trabalho foram planejadas de maneira
que pudessem, dentro da realidade em que nos encontrávamos, de maneira siste-
matizada e contínua, contribuir para o desenvolvimento da competência literária e
para a formação de leitores. Para que fosse propiciado o contato direto dos alunos
com os textos literários, além dos poemas lidos e trabalhados em sala de aula,
foram disponibilizados outros textos, os quais poderiam ser lidos em sala de aula
ou levados para casa para que realizassem uma atividade complementar de leitura.
As atividades de escrita contribuíram para a desmistificação de que para
produzir textos é preciso ser possuidor de um dom natural. Todos os alunos foram
capazes de, através de suas produções, expressar seus sentimentos e opiniões em
relação a um período de muitas dificuldades e restrições. As leituras em voz alta, as
apresentações das produções, a troca de opiniões, as interpretações e as discussões
serviram para estimular o gosto pela leitura e para demonstrar o importante papel
que ela pode desempenhar em relação à crítica e à reflexão em torno de problemas
sociais. Resumidamente, criar condições para o desenvolvimento da competência
da leitura e para a formação de futuros leitores são as principais tarefas da escola,
do ponto de vista do letramento literário.
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314
SABERES CONTEXTUALIZADOS ATRAVÉS DA
ANÁLISE SENSORIAL DA FARINHA DO CAROÇO
DA MANGA PARA PANIFICAÇÃO: UMA PRÁTICA
PEDAGÓGICA PELA PESQUISA
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
Caráter da Pesquisa
Os bolos foram produzidos a partir de uma receita tradicional, onde foi acres-
centado o suco de manga e a farinha do caroço da manga em dois dos três bolos.
Ingredientes:
• 3 ovos
• 3 xícaras de trigo
• 1 xícara de margarina
• 2 xícaras de açúcar
• 1 colher de fermento
• ½ colher de essência de baunilha
Neste teste, cada voluntário provou um de cada tipo de bolo (0% de farinha
do caroço da manga, 10% de farinha do caroço da manga e 20% de farinha do
caroço da manga). Os bolos foram identificados somente pelas letras A, B e C.
Corresponderam respectivamente:
• Bolo tipo A = Grupo controle (0% de farinha do caroço da manga)
• Bolo tipo B = 10% de farinha do caroço da manga
• Bolo tipo C = 20% de farinha do caroço da manga.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Bolos produzidos com farinha do caroço da manga
Foram utilizados caroços de mangas bem maduras para realçar o sabor, pois
nesta fase, de acordo com Oliveira et al. (2009), a quantidade de fibras, açúcares e
outros carboidratos estão presentes em maior quantidade nas frutas. As mangas
foram higienizadas com água corrente antes de serem descascadas.
Mapa Conceitual
322
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
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324
A IMPORTÂNCIA DO USO DE JOGOS DIDÁTICOS,
DIGITAIS E FÍSICOS, NO ENSINO DE ECOLOGIA,
BIOMAS
INDRODUÇÃO
Atualmente apenas as aulas expositivas e dialogadas não são mais uma fer-
ramenta que seja possível atingir todos os estudantes de uma forma efetiva. Por
isso, a utilização de métodos lúdicos, como jogos e dinâmicas, tem sido cada vez
mais necessário. Mas afinal, o que vem a ser o lúdico?
326
O termo “lúdico” vem do latim “ludus” que significa brincar. Para Gomes e
Sousa (2021), citando a pedagoga Tizuko Morchica Kishimoto (1999), explanam que
[...] tradicionalidade e universalidade dos jogos assentam-se no fato de
que povos distintos e antigos como os da Grécia e Oriente brincaram
de amarelinha, de empinar papagaios, jogar pedrinhas e até hoje as
crianças o fazem quase da mesma forma. Esses jogos foram transmi-
tidos de geração em geração através de conhecimentos empíricos e
permanecem na memória infantil. (KISHIMOTO, 1999, p. 15 apud
Gomes & Sousa, 2021)
Se observamos os acontecimentos na antiguidade, teremos o surgimento das
primeiras civilizações e com isso os conflitos por território. E a partir desse ponto
a necessidade de defesa, e devido a essa necessidade de defesa e ataque, gerou uma
ludicidade que formava o homem de guerra, ou seja, os jogos esportivos visavam
à preparação do corpo para o combate, sem contar as questões religiosa (como o
caso da origem das olimpíadas na Grécia antiga), padrão de beleza entre outros
fatores (Gomes e Sousa, 2021).
A filosofia antiga já indicava o brinquedo como algo inserido na educação,
podemos observar que a educação sensorial desse período orientou a utilização de
“jogos didáticos”, contudo somente na modernidade que esse método realmente
começou a ser utilizado na educação dos jovens e crianças (Gomes e Sousa, 2021).
Na idade média europeia o ensino lúdico opera no âmbito da repetição do
cotidiano dos adultos e a reprodução dos papéis dos sexos masculino e feminino,
onde as meninas brincavam de boneca, retratando o cuidado doméstico e a afeto
materno, e os meninos de espada, retratando o papel do homem guerreiro, protetor
da família ou da pessoa amada (Gomes e Sousa, 2021).
No período moderno, mas especificamente na colonização do Brasil, os
missionários católicos jesuítas, utilizavam jogos na educação e catequese, para
com isso atender as necessidades da colônia. Porém, em meados de 1758 quando
os jesuítas foram expulsos do Brasil pela coroa portuguesa, professores foram
enviados de Portugal e desempenharam um ensino positivista (SANT´ANA &
NASCIMENTO, 2011 apud Gomes e Sousa, 2021)
No Brasil republica com o avanço da revolução industrial, foi sendo necessário
o olhar de uma educação mais técnica e aos poucos um olhar mais especial para as
crianças e adolescentes. Nesse olhar o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente)
no artigo 53 diz que: “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando
ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1990, art. 53 apud Gomes e Sousa, 2021).
Gomes e Sousa (2021) nos apontam outro documento importante sobre o
contexto do ensino lúdico da criança, a “Declaração Universal dos Direitos das
Crianças”, cujo qual em seu 7º artigo estabelece que:
327
[...] A criança deve ter a oportunidade de participar de jogos e brinca-
deiras, dirigidos, sempre que possível, para a sua educação. A sociedade
e as autoridades devem se esforçar para promover o exercício deste
direito (UNICEF, 1959, VII)
Com isso podemos compreender que as brincadeiras, jogos, dinâmicas sempre
foram essenciais, dentro de seu contexto de época, para a educação e aprendizados
de crianças e jovens em toda a história da humanidade.
Esse jogo digital desenvolvido por Silva; Lima e Pimentel (2021) tem como
objetivo o estudo de dois biomas: Caatinga e Mata Atlânticas. O tem seu início
com um aluno desanimado por ter que realizar as provas da “Semana de Prova”
e ao ir dormir é “transportado”, em sonho, para um mundo cheio de desafios e
aprendizados, com a apresentação da fauna e flora das regiões visitadas.
No decorrer do jogo, o jogador irá contar com a ajuda de um “Mago” e de
um “Livro Magico”. Neste “Livro”, segundo os criadores do jogo, existe um resumo
criado a partir da pesquisa realizada por eles nos biomas em questão.
Após cumprir todos os desafios e etapas do jogo, o personagem acorda e vai
para a escola, onde realiza uma avaliação que contem dez questões de múltipla
escolha, ao termino da avaliação é apresentado sua pontuação.
MINECRAFT EDUCATION
CONSIDERAÇÕES
AMORIM (2021) relata que embora ainda exista muito preconceito e críticas
em relação aos jogos, em especial ao jogo digital, a discussão sobre a aprendizagem
baseada em jogos digitais tem ganhado força nas universidades.
O RPG, por exemplo, nos orienta a um outro olhar no aprendizado do mesmo
conteúdo, com o objetivo de despertar a curiosidade sobre o tema, trabalhado em
sala de aula, no aluno (Rocha, 2016 apud AMORIM, 2021).
330
Os jogos, sendo eles digitais ou não, são instrumentos que, quando utiliza-
dos na metodologia de aprendizagem, auxiliam no refinamento das habilidades
cognitiva dos estudantes. Este fato ocorre pelas singularidades da repetição de
ações, que refletem na análise e tomadas de decisões, elaboração de estratégias, na
retenção de informações para atingir uma meta, entre outros fatores cognitivos
(BARBOSA, 2021)
Essas “metas” abordada por Barbosa (2021) são bem observadas nos relatos
dos jogos estudados para o desenvolvimento desse artigo a começar pelo:
Jogo “Yume: jornada entre biomas”, que foi desenvolvido pelos alunos com
supervisão dos professores, que seu desenvolvimento passou por várias etapas como
levantar os elementos que deveriam estar presentes em um jogo digital, assistir a
tutoriais que explicavam as ferramentas do programa escolhido para criação do
jogo digita, momento que, segundo o autor, mostrou que alguns alunos conseguiam
desenvolver o programa e outros apresentavam mais dificuldades (Silva; Lima e
Pimentel, 2021).
Porém antes que houvesse um desânimo da parte dos estudantes, o profes-
sor propôs a leitura do artigo “Ensinando e aprendendo a fazer jogos quando os
alunos são os protagonistas” (LEITE et al., 2017 apud Silva; Lima e Pimentel,
2021), que mostrou para os alunos que cada um presenta sua própria habilidade
para o desenvolvimento do jogo, o que levou os estudantes, por conta própria a
procurarem novos programas para o desenvolvimento do jogo.
Silva; Lima e Pimentel (2021) também relatam que para poder criar o jogo, os
alunos precisaram de várias pesquisas sobre os biomas Caatingas e Mata Atlântica,
sempre verificando a fonte pesquisada, além de palestras sobre o assunto abordado.
Outro ponto importante relatado pelos autores foi que além dos alunos
compreenderem melhor a relação da fauna e flora dos biomas estudados, estes
se apropriaram de diferentes áreas do conhecimento, tanto do aspecto biológico
quanto tecnológicos, além de aprimorar habilidades de colaboração, iniciação à
pesquisa, soluções de problema, trabalho de equipe, entre outras.
Já em relação a Neto (2021) criador do jogo RPG “Distrito & Biomas: Semiárido
Nordestino”, diz que a Literatura Fantástica traz um novo horizonte, como um
operador cognitivo, para o pensar e discutir ciência. A trama presente no livro e
que foi, de certo modo transferido para o jogo, nos levanta a discussão na nossa
relação Humano-Mundo Natural.
Levanta o debate sobre como estamos tratando a natureza, nossos bio-
mas, fauna e flora apenas para satisfazer nosso ego em consumirmos mais que
o necessário. Também levanta a questão do respeitar a cultura pré-existente nas
tradições, como por exemplo, nas tradições indígenas. Por fim, é possível por em
331
discussão e reflexão, em sala de aula, os danos ambientais causados no Brasil e
como podemos reverte-los.
O jogo também nos recorda que não devemos esquecer da importância da
fragmentação das ciências, pois foi necessária para o desenvolver de forma mais
profunda cada uma delas. O estudo da ecologia, química, biologia entre outras
trouxeram importantes conhecimentos, como em um desenrolar de uma partida
de RPG, porém apenas quando juntamos todas as peças é que conseguimos com-
preender, um pouco melhor, o mundo natural (Neto, 2021)
Agora observando o terceiro jogo MINECRAFT EDUCATION, segundo
os dados observado pelo autor, o jogo tem um impacto maior nos alunos do
fundamental II do que nos estudantes do Ensino Médio (DECHAMPS, 2021).
Principalmente no desencadear da pandemia do Corona Vírus, onde saídas
de campo não eram possíveis, o desenrolar do jogo permite que os estudantes pos-
sam assimilar de forma dinâmica o conteúdo, em especial de biomas e educação
ambiental, trabalhado em sala de aula.
No ensino de ciências, passando por todas as subdivisões, biologia, ecologia,
química, física entre outras, os softwares podem ser utilizados na facilitação do
entendimento do conteúdo em mídias digitais, como simulações e jogos diádicos
(QUEIROZ, 2020).
De fato, as aulas expositivas e dialogas como eram apresentadas nas décadas
anteriores não causam mais os efeitos de aprendizagem que tínhamos no passado,
isso porque a tecnologia já está tão enraizada, principalmente na nova geração,
que se torna um empecilho não a utilizar.
Por isso, a utilização de jogos no ensino, não apenas de ecologia, mas em
todos os âmbitos, sendo de exatas ou humanas, sendo ele digital ou físico, vem ao
encontro dessa nova geração para facilitar o aprendizado além de possibilitar o
entrosamento social tão necessário nesses novos tempos.
E como escreveu uma vez William Feather:
Educação não é o que se guarda na memória, ou mesmo o quanto
se sabe. É ser capaz de distinguir entre o que se sabe e o que não se
sabe. É saber aonde ir para encontrar o que se precisa saber; é, enfim,
saber como usar a informação obtida.
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334
EDUCAÇÃO NÃO SEXISTA E ANTIRRACISTA COMO
MECANISMOS DE ENFRETAMENTO À VIOLÊNCIA
CONTRA MENINAS E MULHERES
INTRODUÇÃO
338
De igual forma, as meninas e mulheres indígenas, cuja história é invisibili-
zada pela cultura não indígena e pelo sistema estatal excludente que desconsidera
o idioma, o sistema de configuração interno de sua comunidade, o confinamento
geográfico. Para essas meninas e adolescentes o acesso à educação é um grande
desafio, sobretudo em sua língua materna.
Neste sentido, cabe citar que em 1996 foi elaborada a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação - LDB nº 9.394/1996 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental – PCN, documentos que abordam a igualdade de
gênero e garantem, ainda que textualmente, a eliminação das desigualdades entre
meninas e meninos no contexto educacional.
Pontua-se que os PCN´s, são propostas de conteúdos que devem orientar
a estrutura curricular de todo o sistema educacional do país, que abarca temas
transversais como ética, pluralidade cultural, meio ambiente, sexualidade e saúde,
contudo não são obrigatórios (BRASIL,1998).
Com isso, trabalhar com a temática mencionada em uma perspectiva dos
direitos humanos, da igualdade de gênero e com o de raça/etnia no espaço escolar
requer qualificar, apoiar e inspirar professoras e professores para poderem abordá-la
sob uma perspectiva transversal e alinhada ao currículo pedagógico. De acordo
com Saviani (2013, p. 74) é necessário “articular um tipo de orientação pedagógica
que seja crítica sem ser reprodutivista”.
Entretanto, os ínfimos investimentos na formação profissional e a ausência
de prioridade na prevenção à desigualdade de gênero propiciam que a educação
continue reproduzindo imagens estereotipadas e de submissão das mulheres.
Nos livros didáticos, por exemplo, elas aparecem cuidando da casa, alimentando
as crianças, reforçando a ideia de que o espaço doméstico e a função de cuidar é
o que lhes cabe.
Ressalta-se que os estereótipos são entendidos como imagens preconcebidas,
sobre determinadas realidades que surgem do senso comum, de algo que ouviu
falar e não de uma análise mais profunda da realidade de estipulado indivíduos e
grupos — uma visão simplista que geralmente tem efeito de poder e de dominação.
Na construção desses estereótipos, importante citar Lauretis (1984) impor-
tante autora da terceira onda do feminismo que cunhou o termo tecnologias de
gênero para se referir a produtos culturais que não apenas representam/retratam
os valores, estereótipos e performances de gênero, mas os reafirmam e reificam.
Neste sentido as tecnologias de gênero possuem caráter ativo no sentido de
ensinar meninas a se silenciarem e meninos a performarem a partir de masculini-
dades tóxicas. Na nossa cultura, as principais tecnologias de gênero são músicas,
filmes, desenhos animados, propagandas, entre outros.
339
As(os) próprias(os) educadoras(es) ainda reproduzem comportamentos de
diferentes valorações para o feminino e para o masculino, uma diferenciação entre
os sexos. De acordo com Barbosa (2019) as relações estabelecidas na escola são
interações que revelam um padrão de comportamento distinto imposto às meninas
e aos meninos. A autora pontua ainda que para o corpo docente, a avaliação sobre
o desempenho escolar está diretamente ligada ao gênero, ou seja, as(os) professo-
ras(es) tendem a traçar o perfil da boa/bom aluna(o) como sendo o de meninas e
o de mal aluna(o), o de meninos.
Essa distinção entre gênero/sexo também se observa nos momentos de socia-
lização, como nas confraternizações de sala, onde a menina se encarrega por trazer
salgado e o menino a bebida, prática antiga, que reforça os estereótipos de gênero.
Assim, é de suma importância estimular práticas contra hegemônicas que
enfrentem a lógica do currículo oficial de produzir identidades pertencentes a um
certo tipo de pessoa – classe média/alta, branca, que performam na heteronormati-
vidade e detenham e dominem certos conhecimentos científicos, desconsiderando
o “outro”, as diferenças e as pluralidades de uma sala de aula.
Ribeiro e Silva (2018) enfatizam que compartilhar as narrativas e memórias
invisibilizadas pela monocultura com outras(os) educadoras(es) colabora com o
projeto de construção de uma educação inclusiva e crítica. Acrescentam que por
intermédio dessa “nova” educação, o racismo, o sexismo, a homofobia, os conflitos e
os preconceitos de classe, deixam de ser um discurso vazio, de negação às diferenças.
Neste contexto, professoras(es) comprometidos com uma agenda educacional
antirracista, não-sexista e alinhada aos direitos humanos constrói um processo
de aprendizado muito potente por abordar tais temas de forma interseccional e
transversal, qualificando o processo de aprendizagem.
Enfatiza-se a necessidade das(os) professoras(es) apreenderem que referidas
questões podem ser discutidas e trabalhadas na instituição educativa usando práti-
cas pedagógicas, dialógicas, éticas, respeitosas e acolhedoras que possibilitem (re)
significar a formação identitárias de meninas e adolescentes ao fomentar práticas
educacionais que abarquem diferentes narrativas e opressões, como as vivenciadas
por mulheres negras, indígenas, empobrecidas e periféricas, utilizando artefatos
culturais (livros, cartilhas e filmes, produção cinematográfica), importantes recursos
para impulsionar o diálogo sobre direito das meninas e adolescentes, o respeito e
(re)conhecimento das diferenças e diversidades (XAVIER FILHA, 2016).
A ausência de espaço de diálogo e de formação qualificada no ambiente
escolar contribui, entre outras, para a manutenção da intolerância, das desigual-
dades, em especial de gênero, que resultam em práticas de violências.
Pontua-se que trabalhar com a temática de gênero, suas relações e intersec-
cionalidades no ambiente escolar – aqui entendido como a comunidade, não se
340
resume a conhecimentos a serem transmitidos aos estudantes, mas também um
arcabouço teórico capaz de transformar o clima escolar, a redução de incidência
de violência motivada por gênero e raça na escola.
No tocante às relações de gênero, a violência contra meninas e mulheres, a
mais perversa manifestação do machismo, adentra os lares e impacta diretamente
na vida da população feminina. Entendida como violação dos direitos humanos,
traz grande preocupação frente aos números alarmantes que crescem vertigino-
samente no Brasil: uma menina ou mulher é estuprada a cada 10 minutos, três
mulheres são vítimas de feminicídio a cada um dia e 26 mulheres sofrem agressão
física por hora125.
Mencionada temática traz bastante inquietação e debates entre diversos
segmentos da sociedade, “sobretudo quando novos sujeitos entram na arena de
discussões apontando a violência como resultado de relações sociais sustentadas
pelas desigualdades de classe, gênero e étnico-raciais” (LIMA et tal., 2020, p. 3).
O autor afirma que o espaço educativo é o cenário onde acontecem vários tipos de
violências, como, a institucional, entretanto, os relatos de meninas e adolescentes
vítimas de assédios por parte de professores, agressões ainda no namoro e violência
na internet, como a Revenge Porn126 estão cada vez mais frequentes.
O espaço escolar, a princípio apenas de aprendizagem, também se constitui,
na prática, uma porta de entrada para denúncia e espaço de acolhimento para
meninas e adolescentes vítimas (in)direta de violências praticadas na inviolabili-
dade do lar – lugar que há muito deixou ser de cuidado e cujos agressores, em sua
maioria são pessoas de seu convívio e confiança. A escola faz parte da Rede de
Proteção e atua como espaço de proteção, como constata-se a seguir:
A volta às aulas na rede municipal trouxe à tona denúncias, desabafos
e pedidos de ajuda que mostram o quanto escola é muito mais do que
ensinar conteúdo.[...] A Semed (Secretaria Municipal de Educação)
contabilizou do dia 26 de julho até o dia 5 de agosto, pelo menos, nove
denúncias de abuso (CAMPOGRANDENEWS/2021).
Marco na garantia dos direitos das mulheres, a Lei Maria da Penha traz em
seu escopo medidas integradas de prevenção à violência contra as mulheres por
intermédio de campanhas educativas voltadas ao público escolar e à sociedade
em geral e a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos
de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero
e de raça ou etnia.
125
Violência contra as mulheres em dados. Agência Patrícia Galvão. https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/
violencia-em-dados/.
126
Revenge Porn ou pornografia de vingança é a expressão usada para denominar o ato de expor, na internet, fotos ou
vídeos íntimos de terceiros, sem o consentimento dos mesmos.
341
Ademais, prevê nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, con-
teúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e
ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.
No enfrentamento à violência contra as mulheres foi sancionada a Lei
14.164/21, instituiu a inclusão nos currículos da educação básica a temática da
violência contra as mulheres e a Semana Escolar de Combate à Violência contra
a Mulher nas escolas públicas e privadas do Ensino Básico, que tem por objetivo,
entre outros, ampliar o conhecimento da Lei Maria da Penha e impulsionar a
reflexão crítica entre estudantes, profissionais da educação e comunidade escolar
sobre a prevenção e o combate à violência contra a mulher.
As citadas legislações ao preverem em seus preceitos a criação de espaços
para reflexão, no e além do chão da escola, possibilita a exposição de ideias, de troca
de informações e experiências sobre o tema, de desmistificação de estereótipos
de gênero, ações estas capazes de fomentar o conhecimento, de contribuir para
o empoderamento feminino, de alterar a concepção sobre o espaço das mulheres
na sociedade e, por conseguinte, reduzir gradativamente os índices de violência e
opressão contra meninas e mulheres em todos os ambientes (público e privado).
Ainda que muito motivada(o) para trabalhar com os temas relacionados às
temáticas do mundo contemporâneo, em especial dos direitos humanos, em uma
perspectiva transversalizada, as(os) docentes, de uma forma geral, não dispõem
de repertório em razão da formação, ainda academicista e muito distante do/para
além do chão da escola.
Não se pode deixar de mencionar, que a atual e perversa conjuntura política
(re)produz e naturaliza comportamentos misóginos, racistas, homofóbico, um
“continuum” de violências e retrocessos, dificultam — para não se dizer impedem,
debates sobre esses temas tão necessários.
Na política educacional, temos visto, a retirada sistemática da palavra gênero
de importantes documentos oficiais educacionais. Para Xavier (2016), a compreensão
do gênero para o atual governo está relacionada ao determinismo biológico, isto
é, reconhece apenas o sexo masculino e feminino. Ademais, concebe a heterosse-
xualidade como a única possibilidade aceitável.
A autora alerta que o conservadorismo atual afeta os estudos e práticas
pedagógicas, particularmente com as crianças, nos espaços escolares. Acrescenta
que “ideias equivocadas, reforçam ataques infundados às políticas públicas que
garantiram direitos às populações vulneráveis, como os de mulheres e os LGBT,
nos últimos anos” (XAVIER, 2016, p. 87).
342
CONSIDERAÇÕES
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344
AS CINCO PEDAGOGIAS DE PAULO FREIRE –
REFLEXÕES PARA ESPERANÇAR A EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO
Entre a leitura de bons autores, sugerida por De Masi, não podemos omitir
Paulo Freire e a sua visão do país, muitas vezes profética. Caro leitor, veja se não
podemos identificar o Brasil no seu estado de penúria generalizada e destruição
que vemos hoje, nas palavras do autor, escritas há vinte e cinco anos atrás:
É que a “democratização” da sem vergonhice que vem tomando conta
do país, o desrespeito à coisa pública, a impunidade, se aprofundaram e
se generalizaram tanto que a nação começou a se pôr de pé, a protestar.
Por outro lado, sem sequer poder negar a desesperança como algo
concreto e sem desconhecer as razões históricas, econômicas e sociais
que a explicam, não entendo a existência humana e a necessária
luta para fazê-la melhor, sem esperança e sem sonho. A esperança é
necessidade ontológica; a desesperança, esperança que, perdendo o
endereço, se torna distorção da necessidade ontológica.
346
Soma-se a isso o momento pós-pandêmico causado pelo coronavírus (SARS-
-CoV-2), descoberto em dezembro de 2019, e que trouxe consequências profundas
e ainda impossíveis de serem totalmente avaliadas.
A partir da declaração do surto da COVID-19 como pandemia,
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março de
2020, a realidade foi estarrecedora: escolas e universidades fechadas
em cerca de 190 países em todo o mundo, com aproximadamente
1,5 bilhão de estudantes em casa, distantes da educação formal, por
razões de segurança.
[... ] é um livro assim, escrito com raiva, com amor, sem o que não
há esperança. Uma defesa da tolerância, que não se confunde com a
conivência, da radicalidade; uma crítica ao sectarismo, uma compreen-
são da pós-modernidade progressista e uma recusa à conservadora,
neoliberal (FREIRE, 1997, p. 06).
Esses princípios do que é ensinar são complementados por mais nove, des-
critos no Capítulo 3, Ensinar é uma especificidade humana:
• Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade.
• Ensinar exige comprometimento.
• Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção
no mundo.
• Ensinar exige liberdade e autoridade.
• Ensinar exige tomada consciente de decisões.
• Ensinar exige saber escutar.
• Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica.
• Ensinar exige disponibilidade para o diálogo.
• Ensinar exige querer bem aos educandos.
A autonomia, tema central do livro, não pode prescindir da formação docente
de cunho progressista, em que o respeito à dignidade do aluno é eticamente
indispensável. Falamos de uma prática docente fundamentada na esperança, na
alegria, na liberdade, na dialogia.
350
INDIGNAÇÃO E ESPERANÇA, UM BINÔMIO POSSÍVEL
E conclui:
A matriz da esperança é a mesma da educabilidade do ser humano:
o inacabamento de seu ser de que se tornou consciente. Seria uma
agressiva contradição se, inacabado e consciente do inacabamento, o
ser humano não se inserisse num permanente processo de esperançosa
busca. Este processo é a educação. (FREIRE, 2000, p. 52)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
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Paz e Terra, 1997.
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Tolerância. São Paulo: UNESP. 2004.
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SARAMAGO, José. Esperanças e utopias. Outros cadernos do Saramago. 29 set. 2008. Disponível em
https://caderno.josesaramago.org/3855.html. Acesso em: 27 nov. 2022.
354
O PERFIL DE DOCENTES E OS DESAFIOS NA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DIGITAL
INTRODUÇÃO
128
Mestra em Ciências da Educação (UDS - PRY). CV: http://lattes.cnpq.br/1899635451956373
129
Pós-graduanda (UNIVESP). CV: http://lattes.cnpq.br/3788854845775515
130
Mestra em Ciências da Educação (UDS - PRY). CV: http://lattes.cnpq.br/7242052104982662
131
Pós-graduanda (UNIVESP). CV: http://lattes.cnpq.br/5284925550173200
132
Doutorado em Educação (PUC-SP). Orientador (a) da Pesquisa e docente do Curso de Especialização em Educação Digital
com ênfase na Ação gestora para uma atuação inovadora (UNIVESP). CV: http://lattes.cnpq.br/9653389289239837
355
A temática escolhida torna-se relevante, a partir da provocação de debates
entre os docentes sobre a importância dos cursos e formações continuadas, com
foco na cultura e letramento digital, grau de conectividade de internet e verifi-
cação de existência ou não de recursos tecnológicos em bom estado de uso e em
quantidade suficiente para atender a demanda local, bem como as opiniões dos
professores no que se refere a utilização das tecnologias.
Assim, a pesquisa dividiu-se em três fases. Na primeira buscou-se os refe-
renciais bibliográficos em diferentes fontes para exposição da temática, enfati-
zando o letramento digital e suas repercussões no âmbito escolar. A segunda fase
foi composta pela metodologia, descrevendo os participantes, a formulação do
instrumento utilizado, a coleta, tabulação e análise dos dados. Por fim, a terceira
fase traz os resultados obtidos.
LETRAMENTO DIGITAL
356
tantemente em consequência da própria participação que nele ocorre.
(THOMAS E BROWN (2011), apud GÓMEZ, 2015, p.18).
357
A educação digital ocorreu como possibilidade de manter as práticas educa-
cionais no conturbado período de isolamento social. Sobre o uso das tecnologias,
Bonfim, Oliveira, Politowski, Rosa, Santos e Silva (2017) afirma
Com as potencialidades das tecnologias digitais, o professor
poderá desenvolver metodologias que favoreçam o processo de cons-
trução do conhecimento a partir do suporte dos recursos (BONFIM;
OLIVEIRA; POLITOWSKI; ROSA; SANTOS; SILVA, 2017, p. 3).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
PARTICIPANTES
358
INSTRUMENTO
Após a coleta dos dados, elaborou-se uma planilha, sendo dividida em qua-
tro categorias, definidas a posteriori e correlacionada aos conteúdos presentes nas
entrevistas. A primeira categoria consiste na identificação (contendo sexo, idade
e anos de docência dos sujeitos da pesquisa), a segunda categoria apresenta sobre
a formação (identificação os cursos realizados pelos professores alfabetizadores e
quais foram apontados como sendo de maior relevância para a atuação), a terceira
categoria é sobre recursos tecnológicos laborais (visando identificar a existência ou
não de recursos tecnológicos em bom estado de uso e em quantidade suficiente) e
a quarta e última categoria, foi responsável por verificar o nível de utilização das
tecnologias digitais. A análise de cada categoria ocorreu após tabulação dos dados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CATEGORIA 1: IDENTIFICAÇÃO
CATEGORIA 2: FORMAÇÃO
361
Se tomarmos como referência temporal o Brasil redemocratizado,
podemos afirmar que as políticas públicas voltadas à alfabetização e
a formação de professores alfabetizadores começaram a ser criadas
em nosso país e ganharam força a partir da Constituição Federal de
1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) e
do Plano Nacional de Educação (2001-2010)
Quanto as professoras que declararam: sim tenho dificuldades para usar a tec-
nologia, explicando que as colegas e gestoras são solidárias em ajudá-las. Desse modo,
363
registra-se que em maior ou menor grau, todas estão inseridas no contexto do uso da
tecnologia educacional. Destacam que o planejamento compartilhado ajuda muito
no labor diário e que carga horária destinada ao planejamento, formação continuada
e docência contribui favoravelmente na realização das tarefas pedagógicas.
Ao serem questionadas sobre a crença que os professores mais jovens têm mais
facilidade com o uso dos recursos tecnológicos, as entrevistadas foram cautelosas, afir-
maram que é justo o público jovem ter mais facilidade no manuseio das tecnologias,
porém o planejamento em relação a canalizar o uso de forma favorável ao ensino é
atribuído aos veteranos, logo, são unânimes em afirmar que é preciso ter humildade
para ensinar e ousadia para aprender e que a segregação é prejudicial.
Na entrevista com a equipe gestora, obteve-se a afirmação de que as boas
relações no interior da escola resultaram em fortalecimento das aprendizagens.
Durante a pesquisa, por meio de observações, foi analisado se há conflitos
de geração, quando se trata do uso de recursos digitais na escola, pois o foco era
verificar se a idade cronológica dos docentes é empecilho na efetivação de práticas
eficientes e eficazes no cotidiano escolar. Constatou-se que não há segregação e
que agem de forma colaborativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Nota: pesquisa desenvolvida junto ao Curso de Especialização em Educação Digital com ênfase na Ação
gestora para uma atuação inovadora, da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP), como
exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação Digital.
366
SOBRE O ORGANIZADOR
CLEBER BIANCHESSI
Doutorando em Educação e Novas Tecnologias (UNINTER). Mestre em Edu-
cação e Novas Tecnologias (UNINTER). Especialização em Mídias Integradas
na Educação (UFPR); Especialização em Gestão Pública (UFPR); Especializa-
ção em Desenvolvimento Gerencial (FAE Business School); Especialização em
Interdisciplinaridade na Educação Básica (IBPEX); Especialização em Saúde para
Professores do Ensino Fundamental e Médio (UFPR). Graduação em Admi-
nistração de Empresas (UNICESUMAR). Graduação em Filosofia (PUC-PR),
Sociologia (PUC-PR) e História (PUC-PR).
E-mail: cleberbian@yahoo.com.br
367
ÍNDICE REMISSIVO
368
ISBN 978-65-5368-186-6
www.editorabagai.com.br /editorabagai
/editorabagai contato@editorabagai.com.br