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25/05/2021 Eclipse visto há 70 anos em Bocaiuva ajudou a desenvolver tecnologia de mísseis americanos - Gerais - Estado de Minas

EclipseReceba
visto há 70 anos em Bocaiuva
as notícias publicadas pela equipe do
Jornal Estado de Minas
ajudou a desenvolver tecnologia de mísseis
americanos Não Sim
Documentos indicam que estudos sobre as distâncias intercontinentais para
aperfeiçoar lançamento de armas teleguiadas começaram no Norte de Minas

LR Luiz Ribeiro - Enviado especial (https://www.em.com.br/busca?autor=Luiz Ribeiro - Enviado especial)

postado em 15/05/2017 06:00 / atualizado em 15/05/2017 10:44

Os americanos montaram toneladas de equipamentos e


transformaram Bocaiuva em um quartel-general
(foto: José Medeiros/Arquivo O Cruzeiro/EM)

Bocaiuva – Mar mediterrâneo, madrugada de 6 de abril de 2017: os destróieres norte-


americanos USS Ross e USS Porter disparam mísseis teleguiados contra bases militares
na Síria, na Ásia Ocidental, atingindo alvos que eram quartéis-generais do ditador
Bashar al Assad; Bocaiuva, 9h34 da manhã de 20 de maio de 1947: depois de “invadir”
a cidade do Norte de Minas Gerais, um batalhão de cientistas e militares dos EUA
aponta seus equipamentos e objetivas em direção ao eclipse total do Sol, registrando
uma rajada de imagens e colhendo outra saraivada de dados durante os 3 minutos e 48
segundos que edurou
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Setenta anos, milhares de quilômetrosPROSSEGUIR


e um vertiginoso avanço científico separam os
dois eventos. Eles estão ligados, porém, por um precioso detalhe: as pesquisas sobre as
distâncias intercontinentais, visando aperfeiçoar a tecnologia do lançamento de mísseis
guiados, começaram a ser desenvolvidos em estudos como o feito na cidade norte-

https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/05/15/interna_gerais,868897/eclipse-visto-ha-70-anos-em-bocaiuva-ajudou-desenvolver-misseis-… 1/4
25/05/2021 Eclipse visto há 70 anos em Bocaiuva ajudou a desenvolver tecnologia de mísseis americanos - Gerais - Estado de Minas

mineira, considerada então o melhor local para se observar o evento astronômico. É o


Receba há
que indicam documentos inéditos, as notícias publicadas
até pouco tempopela equipe do como secretos pelo
classificados
governo dos Estados Unidos,Jornal Estado de Minas
cujo conteúdo o Estado de Minas teve acesso e revela com
exclusividade a partir de hoje, na série “À sombra do eclipse”.

Não Sim

Para contar o episódio que colocou para sempre Bocaiuva, Minas e o Brasil nos arquivos
da ciência mundial, a reportagem do EM mergulhou na história, vasculhou documentos
e retornou ao lugar onde antigos moradores relatam suas impressões sobre o episódio.
O planeta respirava o fim da Segunda Guerra Mundial quando as atenções se viraram
para o pequeno município fincado no interior das Gerais.

Do dia para a noite, a pacata cidade, em cuja sede viviam não mais que 4 mil pessoas,
com ruas empoeiradas em que rodavam três Ford Bigode, se tornou uma espécie de
Babel. Nela aterrissaram aviões militares, de onde desembarcaram toneladas de
equipamentos, dezenas de cientistas de diversas nações e um batalhão de jornalistas
falando diferentes línguas. O alvo de todos: o eclipse solar, depois que estudos
científicos apontaram Bocaiuva como o melhor ponto de observação do fenômeno, não
só pelas condições meteorológicas, mas também porque seria o local onde a observação
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Passadas sete décadas, agora se sabe que o governo dos EUA investiu nas observações
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do fenômeno em Bocaiuva e de outros eclipses solares com interesse militar. Na
ocasião, os Estados Unidos fizeram testes sobre distâncias intercontinentais para o
Programa de Mísseis Guiados – que viriam a contribuir para aprimorar as técnicas do
lançamento de artefatos militares com precisão sobre alvos específicos. Essa revelação
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/05/15/interna_gerais,868897/eclipse-visto-ha-70-anos-em-bocaiuva-ajudou-desenvolver-misseis-… 2/4
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é feita por intermédio de documentos secretos guardados no Arquivo Nacional dos


Estados Unidos, cujas cópias Receba
foramas notíciaspelo
obtidas publicadas
EM. Apela equipe do
documentação inédita foi
Jornal Estado de Minas
acessada pelo professor e pesquisador Heráclio Tavares, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), que levantou todo o histórico do eclipse total do Sol de 1947 em sua
dissertação de mestrado em história social.
Não Sim

Para isso, o estudioso fez pesquisas em Bocaiuva e também vasculhou centenas de


documentos no Arquivo Nacional norte-americano, no estado de Maryland. Tavares
lembra que os documentos sobre o uso de dados obtidos em estudos do eclipse para
fins militares foram mantidos em sigilo por décadas pelo governo americano, sob o
argumento de “proteção da segurança nacional” daquele país. Pela primeira vez, a
existência desses documentos confidenciais é revelada em uma reportagem.

Estrutura montada no Norte de Minas garantiu início dos


estudos que aperfeiçoaram lançamento de mísseis
teleguiados dos EUA
(foto: José Medeiros/Arquivo O Cruzeiro/EM)

Gigantes no ar, segredos e Einsten

Entre temerosos e fascinados, cidadãos da pequena Bocaiuva viram entrar por suas
ruas de terra,
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semelhantes demelhorar
1940,a ainda um ano
sua experiência antes
em nossos do eclipse
serviços, personalizarsolar, uma
publicidade e
expedição de cerca de 80 pessoas, incluindo, além 16 renomados cientistas de seis
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instituições, um grupamento militar, com integrantes do Exército e da Força Aérea
norte-americanos. A missão, organizada por duas instituições, a National Geographic
PROSSEGUIR
Society (NGS) e o National Bureau of Standards (NBS), envolveu investimentos de
milhões de dólares. Com eles, os americanos fizeram construir até um campo de pouso
para permitir a chegada dos gigantescos aviões Douglas C-47, que traziam estudiosos e

https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/05/15/interna_gerais,868897/eclipse-visto-ha-70-anos-em-bocaiuva-ajudou-desenvolver-misseis-… 3/4
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seus equipamentos, além de dezenas de fotógrafos e jornalistas brasileiros e


estrangeiros, com presenças Receba as notícias
de equipes publicadas pela
de importantes equipe do
veículos de comunicação dos
Jornal Estado de Minas
EUA, como a Revista National Geographic e a rede NBC.

Na bagagem, os americanos carregavam 75 toneladas de equipamentos e mantimentos.


Não Sim
Ao desembarcar, melhoraram as condições das estradas e reformaram pontes para
passagem dos seus jipes e caminhões, garantindo o acesso até a comunidade rural de
Extrema, o melhor ponto para a observação do eclipse, distante 24 quilômetros da sede
urbana. O local, até então inóspito, transformava-se repentinamente em um misto de
grande acampamento científico e quartel-general de militares dos EUA, que chegavam
com novidades como gerador de energia elétrica e purificadores de água. Com tanto
interesse envolvido, há registros de que observações do eclipse também seriam usadas
para testes com objetivo de comprovar aspectos da Teoria da Relatividade, do físico
Albert Einstein.

Porém, em uma época em que a Guerra Fria ganhava corpo, os militares americanos
demonstraram pouca ou nenhuma transparência sobre os reais motivos de tanto
investimento nas pesquisas em solo e espaço aéreo brasileiros. A missão enviada a
Bocaiuva foi liderada por Lyman Briggs, físico e um dos precursores do Projeto
Manhattan, responsável pelo desenvolvimento da bomba atômica norte-americana.
Apesar disso, na ocasião, oficialmente, nada foi informado a respeito do interesse
militar da operação. De tão secreto, o assunto não era ventilado nem mesmo entre os
integrantes da comunidade científica presentes na cidade mineira.

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