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1 INTRODUÇÃO
A Constituição da República de 1988 (CR/88) trouxe importante inovação para o controle externo da
administração pública ao prever, em seu art. 71, IV, a competência do Tribunal de Contas da União
(TCU) para realização de auditorias operacionais (AOPs), a qual se estende aos demais TCs, em respeito
ao princípio da simetria1.
As AOPs visam examinar, entre outros critérios, a economicidade, eficiência, eficácia e efetividade de
organizações, programas e atividades governamentais, com a finalidade de avaliar seu desempenho e
de promover o aprimoramento e a transparência da gestão pública (NAGs, 2010).
O Programa de Modernização do Sistema de Controle Externo dos Estados, Distrito Federal e
Municípios Brasileiros (Promoex), que vigorou entre o segundo semestre de 2006 até o final de 2013,
representou um marco para a adoção das AOPs. O objetivo do programa era a modernização do
conjunto dos TCs subnacionais mediante, principalmente, capacitação de pessoal, introdução de
novos procedimentos e de sistemas organizacionais e investimentos em informática. A realização
de AOPs foi considerada uma das ações prioritárias do Promoex, tendo sido estabelecida como
uma das metas para sua primeira fase, relativa ao exercício de 2009, a capacitação em AOP dos
técnicos dos TCs, bem como sua implantação em pelo menos 75% dos referidos órgãos (Promoex,
2006).
No cenário brasileiro, verifica-se a grande preocupação da sociedade, em geral, com a qualidade dos
serviços públicos e com a boa e regular gestão dos recursos, o que coloca em evidência o papel dos
TCs, haja vista as competências constitucionais cominadas a tais órgãos.
Assim, destaca-se a realização das AOPs diante da possível contribuição destas auditorias para a
melhoria da gestão pública, com o aprimoramento de políticas e de programas, bem como para a
governança e para a accountability no setor público, conforme destacado por Britto (n.1, 2014) e por
Cobra (n. 4, 2014).
Com efeito, é inegável a importância de fazer com que a fiscalização não se limite à regularidade de
atos e procedimentos de modo a alcançar os resultados de órgãos, entidades, políticas e atividades
governamentais.
1
O princípio da simetria tem amparo no art. 75 da CR/88, que dispõe: “As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que
couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais
e Conselhos de Contas dos Municípios”.
3
A propósito, vale destacar a seguinte observação de Behn: “De fato, no governo, não importa muito se você está certo 99% do
tempo, porque a atenção será voltada para aquele 1% de tempo em que você esteve errado. É por isso que os Dez Mandamentos do
Governo são: Você não deve cometer erros. Você não deve cometer erros... Você não deve cometer erros.” (BEHN, n. 4, 1998, p. 14-15).
4
No tocante à falta de interesse político para a atribuição de metas e de indicadores claros e específicos às políticas e aos programas
públicos, Behn assinala: “Esclarecer os objetivos é gerencialmente correto, mas politicamente irracional. Pois ao esclarecer os
objetivos, os políticos devem optar entre bases eleitorais adversárias e valores conflitantes. Pela experiência, as autoridades eleitas
aprenderam que podem ganhar mais reconhecimento, apoio e votos sendo confusas a respeito dos resultados que irão produzir do
que sendo claras a esse respeito” (BEHN, n. 4, 1998, p. 31).
4 AUDITORIA OPERACIONAL
A auditoria configura um dos principais instrumentos de controle da gestão dos recursos públicos,
sendo caracterizada pela utilização de métodos, técnicas e procedimentos que permitam aos auditores
expressar uma opinião ou emitir comentários sobre a matéria examinada (NAGs, 2010).
O Office of the Auditor General of Canada — OAG (Escritório do Auditor-Geral do Canadá) destaca a
auditoria como importante instrumento para promoção da accountability, ao conceituá-la como ação
independente de um terceiro sobre uma relação de accountability, com o objetivo de expressar uma
opinião ou de emitir comentários e sugestões sobre como essa relação está sendo obedecida (ARAÚJO,
2001). Ao incidir na relação agente/delegado (gestores públicos) e principal/delegante (sociedade), a
auditoria permite verificar como a prática de accountability está sendo cumprida, conforme ilustra a
figura 1:
Figura 1 — Auditoria como ferramenta para a accountability
De acordo com o objetivo, as auditorias podem ser separadas em auditorias de regularidade, que
abrangem as auditorias de conformidade e financeira, e em AOPs. As auditorias de regularidade
Diversos aspectos diferenciam as AOPs das auditorias de regularidade. Ao contrário das auditorias
de regularidade que adotam padrões relativamente fixos, com critérios completa e previamente
definidos, as AOPs envolvem maior diversidade de temas, ampla seleção de métodos de avaliação
e de investigação de diferentes áreas do conhecimento; maior flexibilidade do auditor, imaginação
e capacidade analítica; maior abertura a julgamentos e interpretações e relatórios mais analíticos
e argumentativos (BRASIL, 2010). Por conseguinte, o planejamento da AOP se mostra mais criativo
e flexível, sujeito a alterações para atender ao escopo da auditoria, diversamente do planejamento
rígido, com procedimentos predefinidos, das auditorias de regularidade (ALBUQUERQUE, 2006).
5
EFS da Holanda, do Reino Unido, da Suécia, da Finlândia e da França.
Acrescente-se que a realização das AOPs requer que os órgãos e as entidades governamentais estejam
preparados para a fiscalização operacional. A fragilidade dos sistemas de controle interno quanto à
avaliação de resultados e dos impactos da atividade administrativa, com o predomínio do enfoque nos
processos, representa um dos fatores que mais dificultam a execução das AOPs, conforme constatado
em pesquisas realizadas no TCU (ALBUQUERQUE, 2006) e no TC do Estado de Pernambuco (MATOS,
2006).
6
O TCEMG conta com quatro vagas de conselheiro substituto, porém duas se encontram vagas, aguardando a realização de concurso
público para seu preenchimento.
7
Pesquisa executada no Sistema de Gestão e Administração Processual (SGAP), sistema utilizado no âmbito do TCEMG para o controle
da localização e da tramitação de processos.
8
As AOPs selecionadas envolveram o exame do desempenho da Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop) quanto
aos procedimentos adotados para a celebração de convênios com a finalidade de execução de obras e serviços de engenharia, o
exame dos resultados do programa “Assistência Jurídica” da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e dos seguintes programas
do governo estadual: “Desenvolvimento Profissional de Educadores”, “Saúde da Família”, “Farmácia de Minas”, “Saneamento Básico:
Mais Saúde para Todos”, “Unidades de Conservação de Proteção Integral” e “Travessia”.
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Para facilitar a identificação dos entrevistados, os analistas da Caop, os conselheiros e os conselheiros substitutos são denominados
“atores do TCEMG” e os representantes dos órgãos ou entidades envolvidos nos programas que atuaram como interlocutores junto
ao TCEMG, “interlocutores”.
Por outro lado, a maioria dos entrevistados destacou a importância da verificação não apenas
da regularidade dos atos administrativos, mas também de seus resultados. As respostas a seguir
expressam esse entendimento:
São duas funções que podem ser complementares. O controle de desempenho apoia o
controle de regularidade. (Trecho da resposta – Interlocutor 1).
Os gastos públicos devem ser justificados e comprovados em relação a sua correção e
obediência aos regulamentos, bem como no que se refere aos resultados pretendidos.
(Trecho da resposta – Ator 1 do TCEMG).
As formas ou modalidades de auditoria que a Constituição da República de 1988 prevê
para os Tribunais de Contas são múltiplas. O controle de legalidade e por desempenho
têm finalidades distintas. Pode haver outras limitações para a realização das auditorias
operacionais, que não se referem ao choque de culturas de controle. (Trecho da resposta
– Ator 2 do TCEMG).
No meu modo de ver, a cultura de controle baseada na verificação de irregularidades
e na responsabilidade dos gestores não deve ser considerada um obstáculo para
as auditorias operacionais, uma vez que cada modalidade de auditoria é indicada
para determinada finalidade que se pretenda atingir. Assim, embora as auditorias
operacionais sejam mais recentes e modernas, não há como abandonar por completo
as auditorias de conformidade e, muito menos, considerá-las um obstáculo para a
implementação da análise de desempenho das políticas públicas. (Trecho da resposta
– Ator 3 do TCEMG).
Interessa observar que todos os interlocutores apontaram que a preocupação dos gestores em não
serem responsabilizados por irregularidades faz com que ações ou procedimentos, ainda que mais
adequados para a obtenção de resultados, sejam alterados ou descartados. Vale dizer, ao mesmo
tempo em que entendem que o controle de regularidade não configura obstáculo para o controle
por resultados, eles reconhecem que o receio de eventual responsabilização interfere na atuação dos
gestores. A título de ilustração, alguns interlocutores afirmaram que:
Há o temor da responsabilização. O gestor se pauta pelas regras do processo da atividade.
Isso, com certeza, interfere no desempenho. Problema da autonomia para que sejam
alcançados os resultados. Para não ser responsabilizado, muitas vezes o gestor abre mão
dos resultados. (Trecho da resposta – Interlocutor 1).
Inferniza-se a vida de quem faz alguma coisa, incentivando-se a não fazer nada, a ser
omisso. Não há penalização para a omissão. (Trecho da resposta – Interlocutor 2).
Há o receio do gestor quanto à possível responsabilização, sendo observadas,
prioritariamente, as normas aplicáveis. Segue-se basicamente a lei. (Trecho da resposta
– Interlocutor 3).
A primeira postura do gestor é de se resguardar e a segunda de atuar dentro do campo
de ação. (Trecho da resposta – Interlocutor 4).
Uma explicação plausível para esse posicionamento, até certo ponto contraditório, é que, apesar de
considerarem complementares a accountability de regularidade e a accountability por resultados,
os interlocutores colocam a primeira em ordem de precedência. Entendem que a accountability
Cumpre destacar que, a despeito da importância atribuída à fiscalização operacional, a maioria dos
interlocutores (80%) defende que o foco do TCEMG deve ser o controle de regularidade. A título de
ilustração, transcrevem-se algumas respostas:
A AOP é uma evolução, mas a sociedade precisa do Tribunal de Contas para avaliar a
regularidade dos gastos públicos. (Trecho da resposta – Interlocutor 1).
Os Tribunais de Contas, em geral, não são muito preparados para examinar
especificidades. Há necessidade de focalização do controle. O foco deve ser o controle
de regularidade, mas deve ser aprimorado para que seja mais célere e menos formalista.
(Trecho da resposta – Interlocutor 2).
O controle de regularidade ainda precisa ser aprofundado. Há gargalos no Estado.
(Trecho da resposta – Interlocutor 3).
O Tribunal de Contas tem o papel primordial do controle de regularidade. Esta é a função
principal do Tribunal de Contas. É necessário ter um órgão para executá-la. (Trecho da
resposta – Interlocutor 4).
Da análise dos dados, constata-se que, segundo a percepção majoritária dos entrevistados, a
accountability de regularidade e a accountability por resultados se complementam, não sendo
ressaltados pontos de tensão ou de conflito. Para a maioria dos atores do TCEMG, a adoção da
accountability por resultados não requer a revisão do controle de regularidade, historicamente realizado
pelos TCs, devendo ser ampliados os instrumentos voltados especialmente para a accountability de
desempenho.
Quanto à formação profissional mais adequada para a execução das AOPs, a maioria dos atores do
TCEMG considerou que a equipe de auditoria deve ser composta por profissionais com conhecimentos
multidisciplinares, incluindo economia, ciências sociais, administração, gestão pública e, também,
direito, finanças e contabilidade, principais formações dos servidores dos TCs, predominantemente
requeridas para as auditorias de regularidade.
Além da consonância do objeto auditado com os conhecimentos exigidos para a realização de AOPs,
a percepção geral dos atores do TCEMG é de que, independentemente da formação profissional,
os auditores devem estar capacitados e abertos ao aprendizado de novos conhecimentos e ao
desenvolvimento de pesquisas. Nessa esteira, destacam-se as seguintes observações:
Para realizar auditoria operacional o mais importante não é a formação acadêmica ou
profissional do auditor, mas sim a sua disposição para a pesquisa constante, para o
trabalho em equipe e a sensibilidade no trato com pessoas de diversos níveis econômico-
sociais. (Trecho da resposta – Ator 1 do TCEMG).
Em princípio, pode-se dizer que os auditores que promovem auditoria de regularidade
devem possuir conhecimentos técnicos mais específicos, sendo indicado os com
formação em contabilidade e/ou direito. Os auditores que realizam auditoria operacional,
por sua vez, devem possuir conhecimentos de gestão, com capacidade para analisar o
programa governamental de modo geral, sem se ater unicamente aos detalhes. Mas,
nada impede que um profissional de qualquer área receba um treinamento adequado e
execute a função de auditor adequadamente em qualquer tipo de auditoria. (Trecho da
resposta – Ator 2 do TCEMG).
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Os atores do TCEMG foram questionados quanto ao principal papel desempenhado pelos auditores nas AOPs, sendo admitida a
colocação de mais de uma opção na mesma ordem de prioridade. O gráfico 1 apresenta a porcentagem dos respondentes que
mencionou cada uma das opções, considerando-se a primeira escolha em ordem de prioridade.
Legenda
A - Proferir julgamentos e decisões sobre questões
relacionadas ao programa auditado, tendo como
parâmetro de análise a correlação com a lei (juiz/
magistrado).
B - Produzir relatórios para ampliar a responsividade e a
transparência da administração pública, verificando se o
dinheiro público vem sendo gasto de maneira apropriada
e racional (contador público).
C - Criar novos conhecimentos e trazer novas informações
sobre o programa auditado, proporcionando explicações
a respeito do programa auditado, com rigor analítico e
metodologia adequada (pesquisador/cientista).
D - Oferecer ajuda e conselhos ou sugerir melhorias aos
entes públicos, a fim de contribuir para o aprimoramento
de sua atuação (consultor administrativo).
O gráfico 2 demonstra a percepção dos interlocutores sobre o principal papel desempenhado pelos
auditores nas AOPs, apresentando a porcentagem dos respondentes que mencionou cada um dos
papéis.
Gráfico 2 — Percepção dos interlocutores sobre o principal papel desempenhado pelos
auditores nas AOPs
Legenda
A - Proferir julgamentos e decisões sobre questões
relacionadas ao programa auditado, tendo como parâmetro
de análise a correlação com a lei (juiz/magistrado).
B - Produzir relatórios para ampliar a responsividade e a
transparência da administração pública, verificando se o
dinheiro público vem sendo gasto de maneira apropriada
e racional (contador público).
C - Criar novos conhecimentos e trazer novas informações
sobre o programa auditado, proporcionando explicações
a respeito do programa auditado, com rigor analítico e
metodologia adequada (pesquisador/cientista).
D - Oferecer ajuda e conselhos ou sugerir melhorias aos
entes públicos, a fim de contribuir para o aprimoramento
de sua atuação (consultor administrativo).
É interessante notar que os interlocutores assinalaram os mesmos papéis apontados pelos atores
do TCEMG. Porém aqueles manifestaram maior expectativa de que os auditores desempenhem o
papel de consultor administrativo para oferecer ajuda e conselhos ou sugerir melhorias aos órgãos
ou entidades. Uma explicação para essa diferença de posicionamento pode ser atribuída à cultura de
controle dos atores do TCEMG, fundamentada historicamente no controle de regularidade. Tal cultura
se contrapõe à identificação dos auditores a consultores administrativos.
Por sua vez, os interlocutores, em sua maioria, consideraram adequadas as metas dos programas
auditados e relativamente adequados os indicadores de desempenho, conforme retrata a tabela
2:
Tabela 2 — Percepção dos interlocutores sobre a adequação dos programas auditados, diante
da definição das metas e dos indicadores de desempenho
Relativamente adequadas 30 60
Inadequadas 0 0
Não soube ou não quis responder 10 10
Fonte: COUTO (2014, p. 139).
Gráfico 4 — Percepção dos atores do TCEMG quanto à principal dificuldade enfrentada nas
AOPs
Legenda
Suficiência das
Conhecimento da Número de Recursos
informações
equipe de auditoria servidores disponíveis
sobre o
para exame do participantes da para realização
programa
programa auditado AOP da AOP
auditado
(%) (%) (%)
(%)
Adequadas 50,00 58,33 58,33 8,33
Relativamente 33,33 41,67 41,67 50,00
Inadequadas 16,67 0,00 0,00 41,67
Fonte: COUTO (2014, p. 140).
Legenda
11
Os interlocutores foram indagados sobre as principais dificuldades das AOPs, por meio de questões abertas a fim de apreender a
percepção dos auditados sobre tais pontos.
Parte dos interlocutores incluiu entre as principais dificuldades a preparação do órgão ou entidade
para se submeter à AOP, tendo sido mencionadas:
a demanda excessiva do TC por documentos e informações e, ao mesmo tempo,
prazo escasso para cumprimento”, “a falta de conhecimento a respeito do objetivo
da AOP, tendo havido, inclusive, receio quanto a possível responsabilização futura”, “a
necessidade de preparar e mobilizar as pessoas, tendo em vista o tempo despendido,
procedimentos e atividades a serem realizadas pelo auditado.
Foi apontada, também, a cultura de controle dos auditores, tendo em conta “o viés teórico e burocrático
do controle exercido pelo TC” e “a falta de vivência/experiência dos auditores na prática de execução
de projetos e de programas”.
Quanto aos principais benefícios, a percepção majoritária dos atores do TCEMG é de que as AOPs
apresentam maior aptidão para contribuir para a melhoria do programa auditado e, em seguida, para
o controle social e para a transparência. O gráfico 6 retrata tais posicionamentos12:
Gráfico 6 — Posicionamento dos atores do TCEMG sobre aos principais benefícios das AOPs
Legenda
O gráfico 7 mostra que, de acordo com a percepção amplamente majoritária dos interlocutores, o
maior benefício das AOPs se refere à potencial contribuição para o aprimoramento do programa
auditado. Também foi ressaltado o poder de convencimento das informações produzidas por meio
das auditorias, tendo em vista “a possibilidade de utilização do relatório final para fortalecer processos”
e “demandas internas dos gerentes ou gestores do programa”13.
12
Perguntou-se aos atores do TCEMG qual (is) finalidade(s) as AOPs realizadas se apresentavam mais aptas a alcançar, sendo admitida
a colocação de mais de uma opção na mesma ordem de prioridade. O gráfico apresenta a porcentagem dos respondentes que
mencionou cada uma das opções, considerando-se a primeira escolha em ordem de prioridade.
13
Os interlocutores foram indagados, por meio de questão aberta, sobre o(s) principal (is) benefício(s) das AOPs. O gráfico 7 apresenta
a porcentagem de tais entrevistados que mencionou as opções destacadas.
Legenda
6 CONCLUSÃO
A partir dos dados apresentados e examinados no artigo, sem afastar o papel do TC para a
accountability de regularidade, verificou-se a importância conferida à adoção de instrumentos
aptos ao exame do desempenho de órgãos, entidades e atividades governamentais. Assim, foi
reconhecida a potencial contribuição das AOPs, especialmente para a melhoria dos programas
auditados, bem como para a transparência da administração pública e para o fomento do controle
social.
Porém as dificuldades assinaladas pelos entrevistados e o posicionamento desses com relação a
determinadas questões evidenciam obstáculos à realização das AOPs. Essa constatação indica a
necessidade de reflexão sobre aspectos que interferem na fiscalização operacional por meio de tais
auditorias, relacionados tanto aos órgãos ou entidades governamentais quanto ao TCEMG.
No tocante aos órgãos ou entidades, ressalta-se a preparação para serem submetidos à fiscalização
operacional. A ausência ou a insuficiência de informações sobre o desempenho dos programas no
sistema de controle interno retrata um dos maiores desafios para a accountability por resultados.
Isso porque o estabelecimento de metas e de indicadores que permitam avaliar dimensões
dos resultados e dos impactos de políticas se mostra crucial para a realização de tal forma de
accountability.
REFERÊNCIAS
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democrático de direito. Belo Horizonte: Fórum, 2006. 165 p.
Courts of auditors and accountability for results: a case study of performance audits
carried out by the Court of Auditors of the State of Minas Gerais
Abstract: The competence to carry out performance audits (AOPs), important performance
monitoring tool for agencies and government entities and public policies and programs,
strengthened the role of the courts of auditors (TCs) for accountability, especially to
accountability for results. However, the realization of AOPs poses challenges to TCs, since,
historically, its operations focused on accountability of regularity, that is, on the examination
of compliance with rules and procedures, with the possible responsibility of managers in case
of irregularities. From the AOPs case study carried out by the Court of Auditors of the State
of Minas Gerais (TCEMG), the article seeks to examine the difficulties in the performance of
such audits as well as the benefits arising from their realization, according to the perception
of TCEMG actors and agencies or government entities representatives. Eight audits were
selected, conducted from 2007 to 2012, which included the examination of performance
of certain secretary of State on procedures adopted for the conclusion of agreements with
municipalities of Minas Gerais State, the examination of the results of a legal assistance
program from the Public Defender of Minas Gerais State and programs related to different
areas of state government operations. For data collection, questionnaires were applied
from October 2013 to January 2014, in the domains of TCEMG, to the counselors, to the
counselors substitutes and to the analysts of Operational Audit Coordination Office, actors
considered strategic for the adoption and improvement of AOPs, and, in the external context,
to the interlocutors of the agencies or entities involved in the programs audited. The results
revealed the need for investments and enhancements in the implementation of AOPs, both
with regard to TCEMG, as well as the agencies and entities subject to such audits. Challenges
were also determined to conducting the AOPs, especially the resistance of the agencies or
entities representatives to be submitted to AOP and the fear about the possible negative
political repercussions of such audits findings. On the other hand, the potential of AOPs to
contribute to the improvement of public programs and to improve the accountability was
highlighted, in view of greater transparency in public management and the promotion of
social control.
Keywords: Court of Auditors of the State of Minas Gerais Performance audit. Accountability
of regularity. Accountability for results.