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Formulário para Apresentação de Projetos de Pesquisa


MÁXIMO DE 10 PÁGINAS
1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
A - Titulo do projeto Código FUNADESP
Representações Sociais: a reinserção psicossocial na ótica
de apenados que cometeram crimes contra a vida.
Instituição proponente Código FUNADESP
Centro Universitário Newton Paiva
2. INFORMAÇÕES BÁSICAS DO PROJETO
(A) Curso(s) a que está vinculado

PSICOLOGIA

(B) Resumo (10 Linhas)


O presente projeto visa investigar a construção das Representações Sociais sobre a
reinserção psicossocial de apenados, autores de crimes contra a vida. Pretende-se compreender as
possíveis articulações/desarticulacões existentes entre as Representações Sociais, em um primeiro
momento, construídas pela Penitenciária José Maria Alckmin (Universo Reificado), sobre a
reinserção psicossocial e sua operacionalização por meio de seus programas e projetos. Em um
segundo momento, os processos de ancoragem e objetivação, bem como ações realizados pelos
apenados autores de crimes contra a vida (Universo Consensual).
Será utilizada uma abordagem metodológica qualitativa, numa perspectiva que
permita compreender o apenado como um agente que interpreta o mundo à sua volta,
significando-o e propondo ações no período de sua reclusão, bem como seus projetos após
cumprimento da pena.
(C) Palavras-chave (até 5):
* Representações Sociais
* Penitenciária
* Reinserção psicossocial
* Crimes contra a vida
(D) Natureza do projeto
[ ] Ensino [X] Pesquisa [ ] Extensão [ ] Outro/Especificar:
E)Área de conhecimento (Tabela CNPq) 7.07.00.00-1
F)Linha de pesquisa a que o Projeto está vinculado
[ ] Pesquisas em Direito, Direitos Humanos e Políticas de Inclusão
[ ] Pesquisas Históricas, Culturais e Educacionais
[ ] Pesquisas Gerenciais e Tecnológicas
[ ] Pesquisas em Saúde: Tecnologias e Políticas Públicas
[X] Pesquisas em Qualidade de Vida e Saúde Mental

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G)Modalidade
[ ] Pesquisa Isolada [X] Pesquisa em Grupo
H)Área de atuação
[ ] Nacional [ ] Regional [ ] Estadual [X] Municipal
[ ] Outra (especificar):

Total de recursos solicitado Da Instituição Outras fontes (se houver)


para o Projeto Especificar a natureza das parcerias com outras
instituições
R$ 7.000,00 R$ 7.000,00 Zero – Secretaria de Defesa Social do Estado de
Minas Gerais (Declaração, em anexo)

Prazos de Execução
Data de início Previsão de término Data de envio do relatório à Funadesp
01/08/2008 31/07/2009
3. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO PROJETO
Informar com clareza os campos: descrição do tema e do problema, justificativa, objetivos, discussão
teórica, metodologia, cronograma, orçamento e referências bibliográficas
(A) Tema e problema
Este projeto, pretende discutir a questão das representações sociais e as possibilidades de
reinserção psicossocial, em apenados que cometeram crimes contra a vida, tendo em vista a
realidade do Sistema Penitenciário Brasileiro. Modelo de aprisionamento que remonta práticas
seculares, que encontraram na exclusão uma forma de punir/responsabilizar aqueles que cometeram
crimes. Segundo Pedroso (1997), a primeira prisão brasileira foi criada em 1769, no Rio de Janeiro,
com objetivo de corrigir aqueles que cometiam crimes. Nesta época, já era possível perceber a
inadequação desses estabelecimentos, que apresentavam internos maltrapilhos e desnutridos.
No decorrer da história brasileira, as práticas de repressão à criminalidade foram afetadas
pelos diversos acontecimentos e transformações sociais, como a Abolição da Escravatura e a
Proclamação da República, no final do século XIX. Diversas comissões foram constituídas para
discutir a questão das penitenciárias, buscando responder aos anseios da sociedade por instituições
mais justas e eficientes. Para que o cumprimento das penas atingissem seu fim último, algumas
inovações foram criadas como a progressão de regime (fechado, semi-aberto e aberto), criação de
estabelecimentos tipo industrial ou agrícola, onde os detentos poderiam trabalhar, livramento
condicional para penas menores que dois anos, execução individualizada das penas, dentre outros.
Estas modificações tinham como fundamento a ressocialização e não a punição como está previsto
na Lei de Execuções Penais (BRASIL, 1984) que preconiza a humanização das penas.
Mas, apesar da legislação buscar aplicar sanções de forma a possibilitar a reinserção social,
o que encontramos, na atualidade, é um aumento progressivo tanto da criminalidade, quanto das
instituições destinadas ao cumprimento das penas. Os dados do IBGE 1 não revelam apenas o
crescimento das taxas de encarceramento, mas estima-se também que a média de reincidência em
atos fora da lei seja por volta de 75%. As instituições prisionais, da forma que se organizam
atualmente, não possibilitam o que nomeamos neste projeto de reinserção psicossocial. Diante deste
quadro, faz-se necessário ampliar os estudos e constituir novas estratégias para o combate à
criminalidade.
A Penitenciária José Maria Alkimin, instituição escolhida para a pesquisa, apresenta em sua
estrutura institucional os avanços descritos anteriormente. Os três regimes, aberto, semi-aberto e
fechado, instalações agrícolas para produção de alimentos realizada pelos apenados, oficinas para
profissionalização, um centro de apoio médico e pericial, dentre outros. Mas, mesmo contando com
este aparato, não possui estatísticas muito diferentes das apresentadas. Conforme Gonçalvez (2004),
sua criação data de 1924 quando o Município de Contagem disponibilizou uma área de,
aproximadamente, 1000 hectares para a construção da Penitenciária Agrícola, hoje conhecida como
José Maria Alckmin. Sua construção inicia-se efetivamente em 1926 e, em 1938, é inaugurada.
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Estatisticas do século XX – IBGE www.ibge.gov.br/seculoxx/estatisticas_populocionais.shtm

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Nesta época, essa Penitenciária era considerada uma das mais modernas da América Latina. Um
modelo na recuperação e reeducação de presos pela via do trabalho, essencialmente adaptada ao
meio rural, característica predominante da região em que foi construída. Era vista, também, como
um espaço especializado na construção de sujeitos mais adaptados ao meio social.
A construção da Penitenciária Agrícola José Maria Alckmin foi uma iniciativa do Governo
do Estado de Minas Gerais, sob a supervisão da Secretaria da Agricultura. Segundo Gonçalvez
(2004), apesar de não haver qualquer registro da vontade do poder público local de instalar a
Penitenciária na região de Ribeirão das Neves, a mesma trouxe grandes benefícios para seus
moradores, tais como o aumento da oferta de emprego, reforço na atividade econômica da região,
que era quase incipiente, aumento da população e, presença maior do Estado, garantindo a
segurança, principalmente em torno da Penitenciária.
Neves, nesse período, estava vinculado enquanto distrito ao Município de Contagem. Em
1943 é anexado ao município de Pedro Leopoldo e teve seu nome alterado de Neves, para Ribeirão
das Neves. Somente em 12 de dezembro de 1953, pelo decreto de Lei 1.039, que Ribeirão das
Neves tornou-se município, sendo anexado a ele o distrito de Justinópolis, e o povoado de Areas.
Segundo Teixeira e Sousa (2004), a concentração populacional do município de Neves, na década
de 1950, estava em torno da Penitenciária. Dos 2.732 habitantes, 1.915 viviam de empregos gerados
pela Penitenciária ou eram detentos da José Maria Alckmin.
A relação do município de Ribeirão das Neves com a Instituição apresentou e apresenta sua
vocação principal: a cidade das penitenciárias. Não existia uma distinção clara entre a constituição e
crescimento do Município e a construção da Penitenciária, parecendo haver uma interdependência
entre ambas. Havia certa interação entre detentos, suas famílias e a comunidade.
Esta articulação era fruto de uma série de atividades produzidas pelo Diretor da
Penitenciária e os detentos. Festas juninas com a participação de grandes cantores da música
popular brasileira como Clara Nunes, jogos de futebol aos domingos à tarde, nos quais despontavam
jogadores de reconhecimento nacional, como Wilson Piazza. Alguns nomes importantes da cultura
brasileira também tiveram sua origem vinculada à Penitenciária. Henfil e Betinho, por exemplo,
passaram alguns anos da suas vidas convivendo bem de perto com a realidade da Penitenciária. O
pai deles trabalhava na José Maria Alckmin e moravam nas casas construídas para abrigar os
funcionários, principalmente do primeiro escalão (TEIXEIRA e SOUZA, 2004).
A produção agrícola também se destacava entre as diversas atividades realizadas pela
população carcerária. O destino de quase toda produção era comercializada no CEASA, mas,
pequena parte ficava para o consumo da população local.
A relação penitenciária/comunidade, de certa forma harmoniosa, durou em torno de três
décadas, mas a necessidade de ampliar o número de apenados, devido o crescimento da
criminalidade no Brasil, mudou as características dos internos. A população carcerária, que antes
era composta por pessoas que cometeram delitos leves e se originava do meio rural ou de pequenas
cidades de Minas, passou ter detentos com um envolvimento mais grave com a criminalidade. A
inclusão desses novos detentos obrigava a mudanças profundas na organização da Penitenciária.
Direitos que eram usufruídos por muitos detentos foram cortados em detrimento da segurança. E,
nesse momento, aconteceu a primeira grande rebelião, em meados da década de 1980, quando quase
tudo foi depredado e destruído. Segundo Golgalvez (2004) a relação de tranqüilidade, que até então
se estabelecia entre a Penitenciária e a população de Neves, foi quebrada.
O que se encontra, hoje, é a constituição de várias associações e Ongs que trabalham em
prol da desconstrução do estigma de “cidade das penitenciárias”, com ações que visam a
diminuição dos altos índices de violência e de criminalidade. A Penitenciária que antes se abria para
receber a comunidade, se fecha cada vez mais, atendendo a demanda social de manter seus internos
bem longe dos espaços públicos. Anseio que justifica-se pela colocação de Ribeirão das Neves,
entre uma das cidades mineiras mais violentas, com uma taxa de 109,1 homicídios a cada 100 mil
habitantes segundo pesquisa realisada pela Organização dos Estados Ibero-Americanos2.
(B) Justificativa
2
http://www.oei.org.br/mapadaviolencia.

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De acordo com Goffman (1987), as prisões funcionam como instituições totais organizadas
com o objetivo de proteger a sociedade contra àqueles indivíduos que romperam com o laço social,
por meio do crime. A lógica que rege o sistema prisional caracteriza-se pelo processo disciplinar e
de assujeitamento do preso, extraindo-lhe o poder de escolha e de seu modo de viver, controlando a
conduta de todos aqueles que lá habitam e estabelecendo mecanismos de controle social.
O sistema prisional brasileiro possui uma população carcerária de aproximadamente 262.000
detentos e apresenta um déficit prisional da ordem de 63.000 vagas. Segundo o Departamento
Penitenciário Nacional - DEPEN (2006)3, em 1992, a taxa de reclusão era equivalente a 0,7% da
população brasileira; em 2003, esse valor aumentou para 17%. Isso significa que, durante dez anos,
a população prisional aumentou de 114.337 para 308.304 reclusos. É o quarto país do mundo no
quesito crescimento carcerário. De 1990 até 2008 o aumento populacional penitenciário foi de
500% e deve contabilizar no ano de 2008, segundo algumas estimativas, cerca de 500.000 presos4.
A situação dos presídios é caótica, com condições estruturais precárias e superlotação
preocupante; que trazem à tona questões sobre a eficácia das penas e da reinserção social dos
apenados (DEPEN, 2006)5. Para Pinto e Hirdes (2006), o índice de reincidência tem ultrapassado a
casa dos 80%6, devido às condições de encarceramento que não valorizam a formação profissional e
educacional dos detentos e funcionando, na prática, como um autêntico aparato de reprodução da
criminalidade. Verifica-se ainda, conforme Barreto (2006), que a experiência de encarceramento
traz conseqüências irreparáveis na vida do sujeito, não se limitando ao presídio, mas, sobretudo,
após a sua libertação, quando passa por dificuldades em se adaptar à vida social.
Nessa perspectiva, a discussão sobre a reinserção psicosssocial do apenado deve considerar
as contingências encontradas nos presídios, ou seja, como elas são assimiladas e partilhadas na
cultura prisional, como uma forma de adaptação ou até mesmo de sobrevivência. A pesquisa
justifica-se, assim, pela necessidade de uma melhor compreensão da realidade que muitos detentos
vivenciam, acarretando num alto custo social e psicológico, tanto para o apenado, quanto para a
sociedade em geral. A perspectiva de recuperação e de reintegração social do infrator deve estar
dirigida para oportunidades reais e com a cidadania respeitada. Maiores conhecimentos sobre as
representações sociais dos apenados, além de significar a valorização dos sujeitos que compõem e
participam do espaço prisional, poderá oferecer importantes subsídios teórico-práticos para a
realização de projetos, no interior da penitenciária, voltados para a formação pessoal, profissional e
educacional mais humanizadores do presidiário e que minimizem a reincidência criminal.
(C) Objetivos
Objetivo geral: Analisar as Representações Sociais sobre as possibilidades de reinserção
psicossocial de apenados, autores de crimes contra a vida, na Penitenciária Agrícola José Maria
Alckmin.
Objetivos específicos:
1. Compreender, de forma aprofundada, o conceito de Representações Sociais, sua história e
teoria.
2. Verificar as teorizações/significados de reinserção psicossocial propostas pela Penitenciária
Agrícola José Maria Alckmin.
3. Cotejar as estratégias/ações viabilizadoras dessas teorizações/significados de reinserção
psicossocial de apenados, autores de crimes contra a vida, no contexto da Penitenciária
Agrícola José Maria Alckmin.
4. Investigar os processos de ancoragem e objetivação sobre a reinserção psicossocial
elaborados pelos autores de crimes contra vida, no contexto da Penitenciária Agrícola José
Maria Alckmin.
3
DEPEN: Departamento Penitenciário Nacional. Sistema penitenciário no Brasil-dados consolidados. Ministério da
Justiça, 2006.
4
http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto.asp?id=11001
5
DEPEN: Departamento Penitenciário Nacional. Sistema penitenciário no Brasil-dados consolidados. Ministério da
Justiça, 2006.
6
Já, em recente declaração, o Ministro da Justiça afirmou que "de cada dez detentos postos em liberdade sete voltam à
prisão por novos delitos". In: Jornal Estado de São Paulo, 25/01/08, p. C4.

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5
5. Estabelecer as possíveis articulações/desarticulações entre as apropriações das
Representações Sociais sobre a reinserção psicossocial, elaboradas e partilhadas, no
contexto da Penitenciária Agrícola José Maria Alckmin, e a operacionalização das mesmas,
pelos apenados autores de crimes contra a vida.

(D) Resultados/produtos esperados


Informações e reflexões teóricas que forneçam subsídios aos estudiosos do assunto, em geral, e que
permitam aos profissionais da saúde, das ciências sociais e aos gestores de políticas de segurança
pública com vistas a qualificar seus trabalhos nos programas de atenção/educação aos apenados e
egressos do sistema prisional. Publicações de artigos sobre a pesquisa realizada, em revistas
científicas. Divulgação do trabalho em Congressos, Seminários, Encontros etc.

(E) Beneficiário Social da Pesquisa


A sociedade, de uma forma ampla, para a qual é endereçada de maneira abrangente a
contrapartida oferecida pela pesquisa universitária em seu compromisso de ordem social e com a re-
invenção de reflexões que visem contemplar as demandas sociais.
Os órgãos de Segurança Públicos voltados para as diversas práticas de defesa social,
responsáveis pelo sistema prisional.
Os programas e projetos que visem à redução da criminalidade, bem como a reinserção
psicossocial dos egressos.

(F) Discussão Teórica


O conceito de representação social tem suas origens na Sociologia e na Antropologia. É um
termo cunhado por Serge Moscovici em sua obra “A representação social da Psicanálise”
(“Psychanalyse: son image et son public”), de 1961, na qual o autor elaborou um estudo que
objetivava a compreensão da apropriação e ressignificação da Psicanálise pelos grupos populares.
Serge Moscovici, para a construção da teoria das representações sociais, buscou
contribuições no conceito de representações coletivas, formulado por Durkheim, que apresentavam
razoável estabilidade e um relativo estancamento, no que diz respeito às representações individuais.
As representações coletivas poderiam ser compreendidas como um grande guarda-chuvas sob o
qual se abrigavam crenças, mitos, imagens, idioma, tradições etc. No entanto, tal abrangência
tornava o conceito pouco operacional, como nos demonstra Arruda (2002). Assim, Moscovici
operará uma espécie de remodelagem e uma re-atualização do conceito durkheimiano, trazendo-o
para um contexto da sociedade contemporânea marcado pela divisão do trabalho, a presença de
“experts” e da velocidade da informação.
No contexto brasileiro, a discussão da teoria das Representações Sociais atrela-se ao modelo
de fazer Psicologia Social Latino-Americano, nascido e desenvolvido nas décadas de 60-70. Este
modelo caracteriza-se por uma posição crítica e questionadora do “status quo” da classe dominante
do mundo capitalista, que explora e domina as classes trabalhadoras, em proveito próprio. É
também uma forma de resistência e inovação ao modelo de Psicologia Social norte-americana,
marcadamente positivista, que dominou o panorama dos estudos da Psicologia Social até esta data.
(ARRUDA, 2002).
As Representações Sociais podem ser compreendidas como “teorias” sobre os saberes
denominados populares ou do senso comum, que são elaboradas, partilhadas e difundidas de forma
coletiva. Seu objetivo precípuo é a construção e interpretação da realidade e trabalha com o
pensamento social. Têm caráter dinâmico e por isso promovem ações e inter-relações dos sujeitos
com os contextos nos quais se inserem, inter-relações estas que, por sua vez, promovem
modificações em ambas as partes (sujeito/contexto). Denise Jodelet 7, citada por Oliveira e Werba
(1998, p. 106) define as representações sociais como “uma forma de conhecimento, socialmente

7
JODELET, Denise. Représentations sociales: un domaine em expansion. In______. (Ed). Les représentations sociales.
Paris: Presses Universitaires de France, 1989.

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elaborada e partilhada, tendo uma visão prática e concorrendo para a construção de uma realidade
comum a um conjunto social”.
Assim, podemos pensar, como Thompson (1980), que no espaço das penitenciárias este
saber elaborado e partilhado pelos apenados se constitui como uma certa aculturação ou ainda no
termo “prisionização”, que se explicita nos códigos e ações que permitem a convivência no interior
deste espaço. Estes códigos e ações proporcionam que os apenados criem formas de transformar
aquilo que é considerado não familiar/desconhecido em familiar/conhecido, segundo a teoria das
Representações Sociais. Este movimento visa a manutenção de um bem-estar e o evitamento da
experiência de caos, que, se muito prolongada, pode tornar-se insuportável para os humanos. Para
operar a transformação do não familiar para o familiar dois processos fundamentais são necessários:
a Ancoragem e a objetivação. Antes porém, torna-se necessária a definição de dois outros termos
com os quais estes dois processos se articulam que são: os Universos Reificados (da ciência) e os
Universos Consensuais (do senso comum), dois tipos de universos de pensamento, que não são
necessariamente hierarquizados entre si, mas diferentes, pois tem propósitos diversos.
Os Universos Reificados caracterizam-se por serem mundos restritos, nos quais circulam as
ciências ou as teorizações abstratas, com seus cânones de linguagem e hierarquia interna, neles a
sociedade é vista como um sistema de diferentes classes e papéis, sendo que seus membros possuem
posições desiguais (no caso deste Projeto compreendido como o saber produzido pelos especialistas
do Direito, e seus diversos agentes de divulgação, sobre o que seria a reinserção psicossocial de um
apenado, que cometeu crime contra a vida). Já os Universos Consensuais constituem-se pelas
teorias do senso comum, com práticas interativas cotidianas, se constituem na conversação informal
e é local de produção de Representações Sociais. Neste espaço a sociedade é compreendida como
um grupo de pessoas que tem os mesmos direitos e liberdade, não tendo, nenhum membro uma
competência exclusiva (no caso deste Projeto compreendido como o saber produzido pelos
apenados, autores de crime contra a vida, sobre o que seria a reinserção psicossocial, a partir de um
discurso oficial) Ambos os universos são eficazes e indispensáveis à vida humana.
Neste panorama a geração do não familiar se dá dentro dos Universos Reificados e precisam
ser transferidos para o cotidiano dos Universos Consensuais, cabendo tal tarefa a inúmeros canais
tais como divulgadores científicos, professores, especialistas de diversas ordens, os grandes meios
de comunicação de massas. A eficácia desta divulgação será possibilitada pelo processo de
Ancoragem que se define como aquele através do qual o sujeito busca classificar, encaixar de
alguma forma em seus referenciais o não familiar, para que este não tome um caráter
excessivamente ameaçador. A Ancoragem implica, assim, em um juízo de valor pois se classifica
“uma pessoa, idéia ou objeto com isso já o situamos dentro de alguma categoria que historicamente
comporta essa dimensão valorativa“. (OLIVEIRA; WERBA, 1998, p. 109). Este processo é
constante no dia-a-dia de todos os sujeitos, inclusive aqueles que se encontram nas penitenciárias,
pois auxilia no enfrentamento das dificuldades de compreensão dos fenômenos de uma forma geral,
e desta nova realidade, em particular, que é a vida em reclusão. A Ancoragem, no interior das
Penitenciárias, pode ser explicitada pelo processo de aculturação, “prisionização” que se traduz na
“[...] adoção, em maior ou menor grau, dos usos, costumes, hábitos e cultura geral da prisão”
(FONSECA, 2006, p 534). Um dos melhores exemplos para este processo também é fornecido por
Jodelet 8, citada por Oliveira; Werba (1998, p. 109)
[...] Ao abrirem as portas do manicômio e colocarem os doentes mentais em contato com os
aldeões na rua, aqueles foram imediatamente julgados pelos padrões convencionais e
comparados a idiotas, vagabundos, epiléticos, ou aos que, no dialeto local, eram chamados
de maloqueiros. Quando determinado objeto, ou idéia, é comparado ao paradigma de uma
categoria, ele adquire características dessa categoria e é reajustado para que se enquadre
nela. Neste exemplo, a idéia destes aldeões sobre os idiotas, vagabundos ou epiléticos, foi
transferida , sem modificações aos doentes mentais.
Já o processo de Objetivação se dá através do movimento de tornar concreta e visível uma
determinada realidade. Procura-se aqui fazer a aliança entre um conceito e uma imagem. O exemplo
capital oferecido por Moscovici (1978) refere-se a religião, na qual ao se nomear “pai” a Deus,
8
Op. cit.

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7
objetiva-se, nesta imagem (pai) outra jamais visualizada (Deus), facilitando, desta forma, a idéia do
que seja Deus. No caso específico das Penitenciárias podemos conjecturar nas várias formas que
podem ser utilizadas, pelos apenados, para tornar esta aculturação/prisionização algo menos
ameaçador.
O conceito de Representações Sociais é assim marcado por uma dinamicidade e
historicidade específicas. Associam-se, então, às práticas culturais e reúnem, ao mesmo tempo, a
história e a tradição com a flexibilidade da realidade em jogo. As Representações Sociais são
estruturas simbólicas delineadas tanto pela manutenção quanto pela inovação e transformação, o
que as diferenciam da Ideologia que está a serviço das relações assimétricas, da desigualdade social
e de formas de dominação. A Representação Social só será ideológica se criar ou reproduzir
relações de dominação.
A importância do estudo das Representações Sociais para o campo da Psicologia, e em
especial o da Psicologia Social, pode ser assim descrita: a) é um conhecimento construído e
partilhado entre as pessoas, saberes específicos à realidade social, que surgem na vida cotidiana no
decorrer das comunicações interpessoais, buscando a compreensão de fenômenos sociais; b) elas
elevam os saberes do senso comum à uma categoria científica, valorizando o conhecimento popular,
bem como tornando possível a sua investigação.
Segundo Arruda (2002, p. 133), as dimensões que envolvem a teoria das Representações
Sociais reabilitam o conhecimento compreendido como concreto, a experiência vivida e reconhece
a possibilidade de diversas racionalidades. Estes aspectos são importantes pois oportunizam a
expressão e conhecimento das multifacetadas sociedades e grupos do mundo contemporâneo, bem
como formas de lidar com saberes diferentes sobre um mesmo objeto – destacando que tais saberes
não implicam, necessariamente em desigualdades, mas sim em diferenças. “[...] Sociedades nas
quais é preciso entender a diferença como especificidade, como nos ensinam os movimentos de
grupos minoritários”, como podemos pensar no caso dos apenados dos quais pouco se dá vez de
escutar sua voz, pois estes são colocados em um lugar de segregação/marginalização que implica na
também imputação deste silêncio.
(G)) Metodologia utilizada no Desenvolvimento do Projeto
Considerando que o enfoque centrado no conceito de Representações Sociais informa
teórica e metodologicamente a pesquisa, induz, assim, à adoção de uma abordagem metodológica
qualitativa, numa perspectiva que permita compreender o presidiário como um agente que interpreta
o mundo à sua volta, com uma atitude que contém intenções e, portanto, projetos de ação. Nesse
sentido, a dimensão qualitativa da pesquisa privilegiará a profundidade das informações, em
detrimento da sua extensão.
Para esta investigação, é importante que nas Representações Sociais do apenado esteja
formado um processo de aculturação ao sistema penitenciário, ou, no dizer de Thompson (1980), a
prisionização. Por isso, optou-se pela amostra de apenados autores de crimes contra a vida 9, que
estejam cumprindo sentença na Penitenciária José Maria Alckmin, há pelo menos 5 anos.
A condição inicial fundamental para que o preso seja escolhido, para ser entrevistado, será a
sua disponibilidade e disposição para a concessão da entrevista. Será adotado, em todos os casos, o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), devidamente autorizado por meio de
assinatura. Para os casos de analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de necessidades especiais
que impossibilitem a leitura ou a assinatura, solicitaremos a presença de uma pessoa de confiança,
indicada pelo entrevistado, que certifique a ele o teor e seja testemunha, assinando o termo, de
acordo com o modelo anexo.
Para a coleta de dados, serão realizadas entrevistas semi-estruturadas aplicadas a uma
amostra, que obedecerá ao princípio de saturação das respostas, de acordo com a metodologia de
pesquisas qualitativas. As entrevistas serão gravadas, e posteriormente transcritas. Para garantir que

9
De acordo com o Código Penal Brasileiro, o crime contra a pessoa é todo aquele cuja compreensão se estende ao
crime contra a vida; de lesão corporal; de periclitação da vida e da saúde; de rixa; contra a honra; e contra a liberdade
individual, com pena de reclusão que varia de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Disponível em:
http://www.dji.com.br/codigos/1940_dl_002848_cp/cp121a128.htm

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dados essenciais de interesse da pesquisa sejam tratados na entrevista semi-estruturada, serão
selecionados alguns tópicos que devem ser abordados, tais como: perfil sócio-demográfico;
definições sobre as funções da pena; relação com a família antes e depois do encarceramento; vida
antes do encarceramento; o cotidiano na penitenciária; visão dos projetos de reintegração social
propostos pela Penitenciária José Maria Alckmin (Universo Reificado); visão de reinserção
psicossocial e projeto particular após cumprimento da pena (Universo Consensual). Essa etapa
deverá envolver o pré-teste, necessário para os ajustes da entrevista semi-estruturada, a fim de que
os tópicos, acima citados, se tornem de fácil entendimento e melhor adaptados à realidade cultural
dos apenados.
Além disso, serão coletados dados sobre a estrutura e funcionamento da Penitenciária José
Maria Alckmin, bem como examinados os projetos e programas de reinserção social propostos pela
mesma, com vistas à contextualização dos dados resultantes das entrevistas semi-estruturadas e para
possíveis articulações/desarticulacões existentes entre as Representações Sociais dos apenados.
(H) Plano de trabalho dos bolsistas
Professores Bolsistas: 1) elaborar o plano estratégico e protocolos de coleta dos dados; 2) preparar
informações para pesquisa bibliográfica; 3) estabelecer vínculo com a instituição a ser visitada; 4)
preparar os alunos para a realização das coletas dos dados e de entrevistas semi-estruturadas,
trabalho que será realizado ao longo das reuniões semanais de estudos da metodologia qualitativa,
incluindo-se a prática de pré-entrevistas com supervisão dos professores orientadores; 5)
acompanhar e supervisionar os alunos na elaboração dos dados encontrados; 6) acompanhar e
supervisionar as atividades de campo, tanto de coleta de dados, visita à instituição, e entrevistas
semi-estruturadas; 7) acompanhar e supervisionar a análise dos dados coletados e das entrevistas
realizadas; 8) acompanhar, supervisionar e participar da elaboração do relatório final, 9) preparar
material necessário para a divulgação dos resultados parciais e finais da pesquisa em eventos e
publicações científicas; 10) atestar o rendimento do orientando, sobretudo em casos de pedidos de
prorrogação da bolsa; 11) elaborar relatórios trimestrais e relatório final dos resultados da pesquisa;
12) participar do seminário anual de iniciação científica, acompanhando as exposições dos alunos.
Alunos Bolsistas: 1) realizar coleta dos dados; 2) realizar pesquisa bibliográfica; 3) realizar entrevistas semi-
estruturadas, bem como o seu pré-teste; 4) participar da elaboração do relatório final; 5) apresentar relatório
final de pesquisa, por escrito, e expor oralmente seus resultados em seminários, painéis e debates; 6)
participar do seminário anual de Pesquisa e Iniciação Científica; 7) participar de eventos científicos e de
divulgação da pesquisa sempre que solicitado pelo orientador ou pelo Centro Universitário Newton Paiva .
(I) Cronograma das Principais Atividades / Etapas do Projeto
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Revisão Bibliográfica do tema X X X X X X X X X X X
Levantamento dos projetos/programas de reinserção X X X
social propostos pela Instituição pesquisada
Estudo e análise dos projetos/programas de reinserção X X X
social propostos pela Instituição pesquisada
Definição amostral X X
Realização do pré-teste das entrevistas X
Realização de entrevistas semi-estruturadas X X X
Definição das categorias analíticas X X X
Análise das entrevistas. X X X
Redação do relatório final. X X X
(J) Orçamento detalhado/ Definição da utilização dos recursos de acordo com a modalidade do Projeto
Número Meses Valor unitário Valor total
MATERIAL PERMANENTE

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9
Livros 20 12 35,00 700,00

MATERIAL DE CONSUMO

Papel A4 5 pct 500 12 13,90 69,50

Disquete 2 cx 12 10,30 20,60

Cd re-gravável 1 cx 12 17,00 17,00

Cartucho de Tinta para impressão 4 12 98,00 360,00

Xérox de artigos, relatório, textos. 2000 12 0,08 160,00

Pasta Arquivo 3 12 15,00 45,00

SERVIÇOS DE TERCEIROS

Participação em seminários 16 12 1200 2400,00

Passagens 1291 12 2,50 3227,90

Total 7.000,00

(K) Referências bibliográficas (normas da ABNT)


BRASIL. Lei n.º 9.394. Brasília, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf acesso em 15/04/2008.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de dados Cidades. Disponível em


http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php acesso em 15/04/2008.

GONÇALVES, Nadja Maria Oliveira. Ribeirão das Neves: uma questão de Segurança Pública.
Monografia (Curso de Especialização em Estudos de Criminalidade e Segurança Pública). Centro
de Estudos de Criminalidade e Segurança Publica. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2004.

TEIXEIRA, João Gabriel & SOUZA, José Moreira. Espaço e Sociedade na Grande BH.
CEURB/FAFICH/UFMG. Belo Horizonte: Puc Minas, 2004.

PEDROSO, Regina Celia. Utopias penitenciárias, projetos jurídicos e realidade carcerária no Brasil.
Revista de História. Departamento de História da Universidade de São Paulo, nº 136, p. 120-137,
1º semestre de 1997.

BRASIL. Lei nº 7210, de 11-07-1984 – Lei de Execução Penal. Diário Oficial da Repúplica
Federativa do Brasil, Brasília.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica. Estatíticas do Século XX. Disponivel em :


www.ibge.gov.br/seculoxx/estatisticas_populocionais.shtm acesso em 20/04/ 2008.
Prefeitura de Ribeirão das Neves. História de Ribeirão das Neves. Disponível em:
www.neves.mg.gov.br/ribeiraodasneves/templates/interna_noticia?id_sessao=7&id_noticia=32
aceso em 19/04/2008.

Página 9 de 12
10
DEPEN: Departamento Penitenciário Nacional. Sistema penitenciário no Brasil-dados
consolidados. Ministério da Justiça, 2006.

PINTO, Guaraci e HIRDES, Alice. O processo de institucionalização de dententos: perspectivas


de reabilitaçãop e reinserção social. Esc. Anna Nery, dez. 2006, vol.10, no.4, p.678-683. ISSN
1414-8145.

BARRETO, Mariana Leonesy da Silveira. Depois das grades: um reflexo da cultura prisional
em indivíduos libertos. Psicol. cienc. prof., dez. 2006, vol.26, no.4, p.582-593. ISSN 1414-9893.

MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

THOMPSON, A. F. G. A questão Penitenciária. Rio de Janeiro: Forense, 1980.

Autorização e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


Centro Universitário Newton Paiva - Penitenciária José Maria Alckmin
A Penitenciária José Maria Alckmin e o Centro Universitário Newton Paiva estão
começando um trabalho de pesquisa com presidiários. Para isso estamos realizando um
levantamento de dados com o objetivo conhecer o dia a dia dos presos e os seus projetos de vida
após cumprimento da pena.
Gostaríamos de convidá-lo a participar deste estudo. A sua participação consiste em
responder a uma entrevista dirigida pela equipe de Psicologia com perguntas sobre o seu cotidiano
na penitenciária e seus projetos de reintegração social.
A sua participação é voluntária, ou seja, você só participa se quiser. Não haverá nenhum
prejuízo caso você não queira participar. Também não tem problema nenhum se você começar a
responder a entrevista e pular algumas perguntas ou parar de respondê-las.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa
para esclarecimento de eventuais dúvidas. O investigador responsável por esse contato é o Dr.
Mauro Giffoni de Carvalho, que pode ser encontrado no Centro Universitário Newton Paiva nos
seus horários de trabalho ou pelo telefone (31) 3516 2614, em horário comercial.
Além disso, você também poderá entrar em contato com a Comissão de Ética e Pesquisa
(CEP) do Centro Universitário Newton Paiva para esclarecer qualquer dúvida a respeito desta
pesquisa, ou de sua participação nela. O telefone do CEP é: 3516 2647, e o endereço é: Rua
Marechal Foch, n. 15, andar -2.
As informações obtidas nesta entrevista serão analisadas em conjunto com outras, não sendo
divulgada a identificação de nenhum entrevistado.

 Você não receberá qualquer pagamento para participar dessa pesquisa. A sua
participação não vai lhe trazer nenhum benefício pessoal, a não ser a satisfação de poder
contribuir com este trabalho.
 O seu nome jamais aparecerá na divulgação dos resultados da pesquisa.

Desde já, agradecemos sua colaboração.


Mauro Giffoni de Carvalho / Fabrício Ribeiro/Renata Flecha
(Pesquisadores responsáveis)

________________________________,___ de ___________ de 2008

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11
Eu li e entendi as informações acima, e quero participar da pesquisa:

_____________________________________________________
Nome Data de nascimento

_____________________________________________________
Assinatura da Participante

_____________________________________________________
Assinatura de Testemunha
(no caso de analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de deficiência auditiva ou visual)

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12

EQUIPE DE PESQUISA
Título da pesquisa

Professor responsável

Professor Mauro Giffoni de Carvalho

Titulação/Área de conhecimento (Tabela CNPq) Doutorado: 7.07.00.00-1

Telefones para contato – 96890061/25355092

E-mail – maurogiffoni@yahoo.com.br

Cursos em que leciona – Psicologia

Assinatura

Equipe de pesquisadores

Professor Fabrício Junio Rocha Ribeiro

Titulação/Área de conhecimento (Tabela CNPq) Mestrado: 7.07.00.00-1

Telefones para contato 32456417 – 99116417

E-mail – fabrícioribeiro@hotmail.com

Cursos em que leciona – Psicologia

Assinatura

Professor: Renata Dumont Flecha

Titulação/Área de conhecimento (Tabela CNPq) Mestrado: 7.07.00.00-1

Telefones para contato 3335-9059/8733-9683

E-mail –rflecha@uai.com.br

Cursos em que leciona – Psicologia

Assinatura

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