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um contraste e ntre sua obra e a de C risto .

Êle, João, podia batizar


com água, podia cele brar um rito m eram ente externo, mas àqueles
verdadeiram ente arrependidos, que nÊle confiassem . C risto podia
conceder uma renovação in te rio r, real, sobrenatural e e s p iritu a l.
O batism o com água, realizado pelo seu ara uto , era só um sím bolo
d o poder p u rific a d o r e tra n s fo rm a d o r de C risto .
Foi êste o testem unho de João Batista. Q uando a n a rra tiva
do seu m in is té rio , apresentada aqui p o r João, é com parada com
o que a respeito os o utro s evangelistas escreveram , nota-se que o
a u to r procura a tin g ir seu p rim e iro alvo especial, que é p ro v a r "q u e
Jesus é o C risto , o F ilho de Deus".
Não é mesmo verdade que o testem unho que hoje em dia
cum pre apresentar em fa v o r de C risto , adstringe-se, em sua p ró p ria
essência, à sua Pessoa d ivin a e à sua obra salvadora?

2. O TESTEMUNHO DOS PRIMEIROS DISCÍPULOS. Cap. 1: 35-51.

35. N o d ia s eg u in te estava J o ã o o u tr a v ez n a c o m p a n h ia
d e d o is d o s seu s d is c íp u lo s , 36. e, v e n d o Je su s p a ssa r, d is ­
s e : E is o C o r d e ir o d e D eus. 37. O s d o is d is c íp u lo s , o u v in d o -
o d iz er is to , s eg u ira m a Jesus. 38. E Jesu s, volt'an d o-se e
v e n d o q u e o s eg u ia m , d is se-lh es; Q u e b u s c a is ? D isse ra m -
lh e : R a b i (q u e q u e r d iz e r M e s tr e )), o n d e a s s is te s ? 39. R e s ­
p o n d e u -lh e s : V in d e, c v ê d e. F o ra m , p o is . e v ir a m o n d e Jesu s
estava m o r a n d o ; e fic a r a m c o m êle a q u e le d ia , sen d o m a is
o u m e n o s a h o r a d é c im a . 40. E ra A n d ré , o ir m ã o d e S im ã o
P e d ro , ura d o s d o is q u e tin h a m o u v id o o te st e m u n h o d e J o ã o
e s eg u id o a Jesu s. 41. Ê ste a ch o u p r im e ir o a o seu p r ó p r io
ir m ã o , S im ã o. a q u e m d is s e : A ch a m o s o M e ss ia s (q u e q u e r
d iz e r C r is to ), 42. e o le v o u a Jesu s. O lh a n d o Jesu s p a r a êle,
d is s e : T u és S im ã o , o filh o d e J o ã o ; tu se rá s c h a m a d o C e fa s
(q u e q u e r d iz e r P e d r o ).
43. N o d ia im e d ia to , r e s o lv e u Jesu s p a r tir p a r a a G aliléia,
e e n c o n tr o u a F ilip e , a q u e m d is s e : S eg u e -m e. 44. O ra, FUipe
era d e B ctsa id a , c id a d e d e A n d ré e d e P e d r o . 45. F ilip e e n ­
c o n tr o u a N a ta n ae l e d is se-lh e ; A ch a m o s a q u e le d e q u e m
M o is é s es cr ev eu n a le i, e a q u e m se r e fe r ir a m o s p r o fe ta s ,
Je su s, o N a z a re n o, filh o d e Jo sé . 46. P e rg u n to u -lh e N a ta n a e l:
D e N azaré p o d e s a ir alg u m a co u s a b o a ? R e sp o n d e u -lh e F i­
l i p e : V em , e v ê . 47. Je su s v iu N atan ael a p r o x im a r -s e e d is ­
se a seu r e s p e it o : E is u m v e r d a d e ir o isra e lita e m q u e m
n ã o há d o l o ! 48. P e rg u n to u -lh e N a ta n a e l: D o n d e m e c o n h e ­
c e s ? R e s p o n d e u -lh e J e s u s : A ntes d e F ilip e te c h a m a r, e u te
v i, q u a n d o estavas d e b a ix o d a fig u eira . 49. E n t ã o e x c la m o u
N atan ae l: M estre, t u é s o lã lh o de D eus, tu é s R e is d e I s r a e l!
50. A o qu e Jesu s lh e r e s p o n d e u : P o r q u e te d is s e q u e te v i
ft vo .i p fim e ir a . ' 's m a io re s c o u s a s d o qu e estas
v e rá s. 51. E a c r e s c e n to u : E m v e r d a d e , e m v e r d a d e v o s d ig o
q u e ve re is o céu a b e r to e o s a n jo s d e D eus su h in d p e d e s­
c e n d o s ô b r e o F ilh o d o h o m e m .

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Se as três grandes idéias dêste Evangelho são testem unho, fé
e vid a, e se a p rim e ira delas começa a apresentar-se com o tes­
tem unho de João B atista, a segunda é sem dúvida salientada nesta
n a rra tiva da chamada dos p rim e iro s discípulo s. Vemos que as
outras duas idéias em ergem tam bém dêste fa to , mas a ênfase
p a rtic u la r que se dá aí é à origem ou nascim ento da fé É da essência
da fé a aceitação de algum testem unho, razão p o r que êste parágrafo
se liga ao precedente pelo fa to de te r sid o o testem unho de João
Batista que granje ou para Jesus seus p rim e iro s discípulos. A fé,
e n tre ta n to , se to rn a v ita l e ativa quando leva alguém a te r contacto
pessoal com C risto . E então se segue o que a n arra tiva m ostra:
os que crêem estão p ro nto s a dar testem unho, ou seja, a fé se
e xte rioriza na vida.
Em a n a rra tiva do testem unho de João nenhum a alusão se faz
ao seu resultado; todavia com o que in s tin tiv a m e n te sentim os, aí,
a in credulidade carrancuda e silenciosa das autoridades judaicas,
pelo co ntra ste apresentado na fé p ro n ta , decidid a, de almas hones­
tas, sim ples e in q u irid o re s .
Os que p rim e iro se to rn a ra m discípulo s de C risto fo ra m A ndré
e Pedro, F ilipe e Natanael; e provavelm ente Tiago e João, o a u to r
dêste Evangelho.
Q uanto aos q u a tro expressam ente nomeados, é interessante
n o ta r com o, em cada caso, a fé é despertada p o r um testem unho
algo d ife re n te dos o u tro s. Todos eram provavelm ente discípulo s
de João Batista e, com o já dissemos, a n a rra tiva do testem unho
dêste é seguida logicam ente p or êste registro dos que p rim e iro
creram . A liás é de A ndré que se d iz te r sid o um dos dois discípulos
de João, que o o u v ira m declarar ser Jesus " o C o rd eiro de Deus",
e que, em v irtu d e dêsse testem unho, seguiram ao M estre. De sorte
que, através dos séculos, a p rim e ira fo rm a de testem unho que tem
conquistado discípulo s para C risto é essa de fa la r publicam ente;
em resposta a êsse testem unho a fé tem sido despertada no coração
dos ouvintes. O o fíc io de p ro fe ta nunca deixou de e x is tir. H oje
há fa lta de homens com o João B atista, os quais corajosa e consa-
gradam ente se levantem d ia nte das m ultid ões e declarem de C risto :
"Ê le é o F ilh o de Deus. . . Eis o C o rd eiro de D eus!"
Em v iv id o contraste, Pedro tornou-se d iscípulo quando ouviu
o testem unho que lhe deu "seu p ró p rio irm ã o ". O testem unho
pessoal mais d ifíc il é êsse de fa la r a parentes e aparentados. É
no e nta nto o mais o b rig a tó rio e o que mais fru to s produz. A
necessidade de mais fie l testem unho no la r e no recesso da vida
privada ainda hoje existe e nunca deixará de e x is tir.

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F ilipe tornou-se d iscípu lo em resposta a uma chamada d ireta
da parte de C risto . O caso vem narra do mais lacônicam ente do
que todos os o u tro s . Tem seu parale lo na vida moderna nesses
casos de conversão que se apresentam mais rodeados de m is té rio ,
não sendo contudo menos autênticas essas conversões. Tais são
os inúm eros crentes que se d ecidiram a seguir a C ris to p o r causa,
de um apêlo que o E sp írito lhes fêz d ire tam en te ao coração. O
e s p írito de F ilipe estava preparado pelo que já tin ha o uvid o dizer
de Jesus. Assim êsses crentes: já conhecem d'antem ão algo sôbre
o ca rá te r de C risto e seus d ire ito s ; mais adiante, estando a sós
com o Senhor, ouvem o apêlo fin a l e se decidem.
No caso de Natanael o interêsse fo i p rim e iro despertado pela
palavra de um am igo que, p ro fu n da m e n te convencido, te stifico u
de Jesus, indicando a Natanael o ca m in ho da fé com aquelas
m em oráveis palavras: "V e m , e v ê ". É esta a experiência pessoal
da m a io r p arte das pessoas crentes: exam inaram a C risto , com
a m ente aberta, e d escobriram p o r si mesmas o que Êle é e o que
a firm a de si.
Natanael era hom em de absoluta sinceridade. Quando lhe
disseram , com segurança, ser Jesus de Nazaré o Messias, apresentou
honestam ente uma d ific u ld a d e . Não quis d e s lu s tra r a cidade onde
Jesus re s id ira , como geralm ente se entende; e n tre ta n to sabia que
Nazaré não era o lugar onde, segundo a p rofecia, o Messias haveria
de nascer, e, surprêso, perguntou se tam anha personalidade podia
pro ceder de lá. Sentiu a d ific u ld a d e , todavia esta não o im o b iliz o u :
encam inhou-se à presença de C risto , para averiguar p o r si. Fala-lhe
Jesus e logo Natanael vê que o M estre, dotado de conhecim ento
p ro fu n d o e d iv in o , leu-lhe os p ró p rio s pensamentos d o coração, e
então exclam a, adorando-o: "M e s tre , tu és o F ilho de Deus, tu és
Rei de Is ra e l!"
Tais são algumas das várias form a s de testem unho, pelas quais
a fé se desperta nos corações. C um pre-nos ser in tim o ra to s , sinceros,
hum ildes; obedecer à cham ada d iv in a , q ualquer que seja o meio
pelo qual se faça o u v ir, e prosseguir cada vez mais certos da verdade
acêrca de C ris to e do seu poder.
É tam bém interessante n o ta r com o êstes q u a tro homens, tão
diversam ente cham ados, se to rn a ra m testem unhas de C ris to . João
sempre faz aparecer em cena atores que dão testem unho. As
palavras destes p rim e iro s discípulo s são arranjadas em ordem de
vibração crescente. P rim e iro cham am a C risto de M estre, sugerindo,
pelo menos, que desejam ser seus discípulos. Depois declaram -no
"M essias", e m ais, que fô ra o b je to de referências ta n to nos símbolos

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da " le i" , q uanto nos escritos dos "p ro fe ta s ". Finalm ente, Natanael
declara-o " o F ilho de Deus" e tam bém o Messias, o "R ei de Is ra e l".
A m a io r de itôdas as testemunhas é o p ró p rio C risto. Seu
testem unho alcança o p on to mais alto quando se chama a si mesmo
"o F ilho do h om em ". G eralm ente se considera esta expressão
com o oposta àqu e lo utra , " o F ilho de D eus", sig n ifica n d o a sim ples
hum anidade de C risto . Sem dúvida que q uer dizer o homem ideal,
verd ad e iro hom em , mas é um títu lo que se tom a de Daniel, designa-
tiv o do Messias que aparecería em g ló ria d iv in a , e a quem seria
dado um Reino universal e eterno.
O fa to de se torn a re m testem unhas de C ris to aquêles em c u jo
coração nasce a fé, sugere-nos a terceira grande verdade que assoma
à superfície das n arra tivas dêste Evangelho; a fé manifesta-se na
vid a. É o que João está sempre a m o s tra r e o que deseja conseguir
dos seus leitores. Escreve para que creiam os e, crendo, tenham os
vida. E quando Sim ão, fra co , im p u ls iv o , vo lú vel, apaixonado,
aproxim a-se de C risto , então ouve a promessa; "T u serás cham ado
C efas", pedra. Se alguém de fa to crê em C risto , o resultado será
uma com pleta tra nsfo rm a çã o do seu caráter; em lugar de fraqueza
haverá fôrça , coragem , paciência, verdadeira varo nilid ad e .
Natanael confessa a sua fé e ouve em resposta; "V e re is o céu
a berto e os anjos de Deus subindo e descendo sôbre o F ilh o do
h o m e m ."
Àquele que é sincero na procura da verdade é feita a promessa
de mais am pla visão e s p iritu a l. O que crê adquire a plena certeza
de que, em C ris to , há união entre o homem e Deus; m ediante Jesus
restaura-se a sociedade e ntre a te rra e o céu. Provavelm ente
Natanael estivera m editando na visão de Jacó, em Betei, e im agi­
nando com o e quando êle p ró p rio poderia ter uma experiência
ig ual, que ta n to desejava viesse resolver os problem as de sua vida.
Então ouve a promessa de que tu d o q ua n to p ro cura, pode alcançar
em C risto . Foi esta a mensagem repercutid a na frase de B ro w n ing
— "D ig o-te que o reconhecim ento de Deus em C risto , com o bene­
p lá c ito da razão, resolverá para ti tôdas as questões que existam
no m u ndo, ou fo ra d êle."

3. O TESTEMUNHO DO PRIMEIRO MILAGRE. Cap. 2; 1-11.

1. T rê s d ias d e p o is , h o u v e u m ca s a m e n to e m C aná d a
G aliléia, a ch an d o-se a li a m ã e d e Jesu s. 2. Jesu s ta m b é m f o i
c o n v id a d o , c o m o s seu s d is c íp u lo s , p a r a o c a s a m e n to . 3. T e n ­
d o a c a b a d o o v in h o , a m ã e d e Jesu s lh e d is s e : Ê les n ã o têm
m a is v in h o . 4. M as Jesu s lh e d is s e : M u lh e r, q u e te n h o eu

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