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Coordenação

Reinhard Hirtler

Tradução
Daniel Soares

Revisão e edição de texto


Daniel Soares e André Matias

Capa
José Carlos S. Junior

Projeto Gráfico e Diagramação


José Carlos S. Junior

Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem permissão por escrito,
exceto para breves citações, com indicação da fonte.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram
extraídas da Bíblia King James Atualizada, 2ª edição, da Sociedade Ibero-
Americana, ©. Todos os direitos reservados.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP-Brasil)


Hirtler, Reinhard
Todos podem profetizar / Reinhard Hirtler
Brasília: Priint Impressões Inteligentes, 2016
ISBN (em suporte de papel): 978-85-5963-035-0
1. Vida Cristã. 2. Espiritualidade I. Título

Reinhard Hirtler Publicações ©


Primeira edição - Novembro de 2013
Segunda edição - Maio de 2015
Terceira edição - Novembro de 2016
Quarta edição - Abril de 2018
Todos os direitos reservados por RH Publicações ©
Para fazer pedidos da RH Publicações:
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(62) 99699-1399
www.rhlivraria.com.br
No ano de 2014, Reinhard e Debi em viagem pelo nordeste do
Brasil se depararam com a realidade das crianças em situação de
vulnerabilidade social. Desde então, movidos pelo coração de Deus,
resolveram dedicar suas vidas para mudar essa realidade.
Fundaram a Brasilian Kids Kare, uma ONG que tem como missão,
transformar a vida de crianças carentes e abandonadas do Brasil,
dando a elas valor, esperança e futuro, através de um encontro com
o amor de Deus.
Temos o propósito de construir 100 abrigos e creches no Brasil,
com o intuito de contribuir na mudança do destino e futuro dessa
nação. Também queremos inspirar e auxiliar outros a fazerem o
mesmo; entregar suas vidas e recursos para mudar o futuro dessas
crianças. Reinhard destina 100% da renda arrecadada com a venda
de seus livros para a construção, manutenção e abertura de novos
projetos no Brasil. Hoje temos abrigos, creches e projetos sociais
em alguns estados do nordeste Brasileiro.
Você pode conhecer nossos projetos através do site:
http://www.braziliankidskare.org
Sumário
APRESENTAÇÃO – Primeira Edição
APRESENTAÇÃO – Segunda Edição
APRESENTAÇÃO – Terceira Edição
INTRODUÇÃO – EQUIPANDO A IGREJA NO MINISTÉRIO
PROFÉTICO
1. Ferramentas, e não brinquedos
2. Ouvindo a voz de deus
3. Comunicação
4. Descansando em Sua presença
5. Aprendendo a orar
6. Desenvolvendo a habilidade
7. Maneiras pelas quais Deus fala
8. Obstáculos para se ouvir a voz de deus
9. Os profetas do Velho Testamento
10. Quem pode profetizar?
11. Quem irá profetizar?
12. Como alguém pode ser usado no dom de profecia?
13. Duas coisas que entristecem o Senhor
14. Uma palavra de advertência
15. O elemento da fé
16. Guarde suas motivações
17. Como testar a profecia
18. A estrada da contradição
19. Aborto Espiritual
20. Os três elementos da profecia
21. Importantes verdades
CONCLUSÃO
APRESENTAÇÃO – P
E
Este livro é um verdadeiro tesouro para aqueles que têm encargo
pelo ministério profético e pelo fluir do dom profético de forma
espontânea na vida da Igreja. O autor, de uma forma simples e
clara, remove todas as obscuridades que rondam o universo da
profecia. Com humildade, compartilha sua experiência de 30 anos
no ministério profético para encorajar os principiantes e, aos
profetas experientes, mostra-lhes que é possível a todos, no Corpo
de Cristo, profetizarem.
O pastor Reinhard não é somente um profeta; ele foi pastor local
durante muitos anos, plantando diversas Igrejas na Europa.
Atualmente, tem percorrido o Globo com um ministério itinerante,
abençoando centenas de Igrejas. Como poucos, flui nos dons
espirituais e tem tido o encargo de treinar e de equipar os santos
para profetizar. Esse é o alvo deste livro.
Pessoalmente, fiquei muito feliz por ter a oportunidade de
participar deste projeto como tradutor e colaborador. Tenho viajado
com o pastor Reinhard para traduzi-lo e posso garantir que ele é o
tipo de pessoa que supera nossas expectativas.
Realmente, para mim, ele tem sido um modelo de consagração,
de santidade, de ousadia, de desprendimento e de disposição para
edificar o reino de Deus. Como ele mesmo diz: “Um profeta, muitas
vezes, mais do que entrega palavras proféticas, faz de sua vida uma
mensagem profética”.
A vida desse irmão é essa mensagem radical e profética que nos
constrange e nos motiva a ir a níveis mais altos em Deus. Como
profeta, amigo e tradutor, meu desejo é que este livro possa
impactar sua vida, assim como o pastor Reinhard tem impactado a
minha.
A A A. F 1
1 Supervisor da Vinha e pastor da Igreja Videira em Ribeirão
Preto, SP.
APRESENTAÇÃO – S
E
Esgotada a primeira edição, eis o desafio da segunda. Talvez esta
apresentação não seria necessária, uma vez que a primeira edição,
por si, apresenta o Todos podem profetizar com a autoridade devida.
De fato, este é um livro que dispensaria esse tipo de protocolo.
Todavia, vamos a ele, pois esta edição recebeu acréscimos e
pequenas alterações no texto. O autor, ao publicar este livro em
inglês, posterior à edição em português, viu a necessidade de falar
um pouco mais, deixando este material mais completo e mais
específico para o treinamento dos santos. Por essa razão, esta
segunda edição necessitou alterar, também, a tradução.
Buscamos deixar o texto o mais literal possível, para o leitor não
perder, em momento algum, a mensagem escrita pelo autor.
Construída a partir de diálogos, essa segunda tradução foi tanto
influenciada pelo próprio autor quanto pela tradução feita à primeira
edição.
Vale ainda destacar que foram usados tanto os manuscritos
quanto o livro editado e publicado em inglês para essa tradução.
Dessa forma, quem ganha é o leitor, pois ele pode aprofundar no
texto sob perspectivas diferentes e dinamicamente construídas,
atentando à linguagem e às adequações próprias da língua.
Nesta tradução, também, houve uma reorganização dos capítulos
para cooperar com a leitura de todos. Essa nova organização fez
dos subtítulos, capítulos e, por essa razão, o número destes
aumentou, todavia, o tamanho de cada um diminuiu, sem alterar em
nada o conteúdo do livro.
Ainda, acrescentamos notas de rodapé para situar o leitor quanto
às impossibilidades de tradução ou para explicar escolhas de
versão. Essas notas servem como apoio de leitura e podem
contribuir com o entendimento do livro.
Sem dúvida alguma, o trabalho de tradução e edição deste texto
nos impactou muito. Voltar a esses escritos e receber diretamente
das experiências postas nestas páginas, certamente, nos permite
testemunhar o quão radicalmente o Espírito Santo trabalhou em nós
nesses dias.
Por assim ser, estamos certos de que Todos podem profetizar
edificará, de igual modo, a vida de cada um que se dispor a ler este
livro e a aplicar suas palavras às suas vidas.
O 1

1 André Augusto de Moraes Matias e Daniel Aldo Soares,


Inhumas, GO.
APRESENTAÇÃO – T
E
Todos Podem Profetizar é, sem dúvida, um dos livros
indispensáveis para a igreja. A abordagem neotestamentária sobre
o dom profético e a profecia possibilita ao crente a compreensão
necessária para seu fluir no Espírito enquanto instrumento do
Senhor.
Esgotadas as primeira e segunda edições deste livro, Reinhard
Hirtler apresenta, então, sua terceira edição; um tanto mais madura
e mais completa. Nesta, sete novos capítulos foram acrescentados,
como resposta às questões levantadas pelas primeira e segunda
edições. Estes novos capítulos têm a função de ampliar e esclarecer
muito do que foi exposto nas edições anteriores, o que faz da
terceira edição uma releitura obrigatória a todos os leitores de
“Todos podem profetizar”.
Nada do que foi posto nas edições anteriores foi mudado,
tampouco a tradução, como havia acontecido da primeira para a
segunda edição. Todavia, todo acréscimo contém ensino mais
apurado e testemunhos mais precisos e esclarecedores. Acredito
que a terceira edição deste livro apresenta, portanto, um novo livro,
apesar de ter mantido o nome e capítulos das edições anteriores.
Convido, então, a todos os leitores de Todos podem profetizar a
não deixarem de ler este livro, visto que, certamente, será mais
preciso quanto a um instrumento de edificação da igreja.
D A S
T /E
INTRODUÇÃO – EQUIPANDO A
IGREJA NO MINISTÉRIO
PROFÉTICO
Neste livro, iremos aprender como começar e como se tornar
eficaz no ministério profético. Cada crente deveria se tornar ativo
neste ministério importante para ser usado, regularmente, no dom
de profecia. É relevante entender que o dom de profecia não é um
brinquedo, mas é uma ferramenta para equipar, para edificar e para
abençoar a Igreja.
Segundo Efésios 4, a profecia é um desses cinco dons
ministeriais e, como creio que cada crente deveria fluir em todos
esses diferentes ministérios, creio que todos podem profetizar.
E Ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e
outros como evangelistas, e outros como pastores e
mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério, para edificação do corpo de
Cristo. (Efésios 4:11-12)
Esses cinco ministérios têm um propósito muito específico. Por
tamanha especificidade, temos que a principal tarefa do profeta do
Novo Testamento não é a de profetizar, apesar de isso ser parte de
seu ministério. O principal propósito do profeta do Novo Testamento
é o de equipar2 os crentes para profetizar e, uma vez que isso for
feito efetivamente, a Igreja inteira será edificada e construída3.
Se todos os cinco ministérios equiparem a Igreja, todos os
cristãos fluirão nesses cinco dons, e a Igreja se tornará um corpo de
crentes fortes e vitoriosos. Creio que, quando o corpo de Cristo
aprender a se ativar no ministério profético e usá-lo
apropriadamente, alcançaremos mais com menos energia.
O verdadeiro ministério profético irá transmitir graça às pessoas,
liberando-as para se tornarem o que Deus deseja que se tornem.
Isso dará esperança à Igreja e mostrará a ela o caminho em que
deve seguir. Espero que através deste livro, os santos sejam
equipados e aprendam a mover no caminho saudável e equilibrado
do ministério profético.

2 Esta é uma tradução literal da palavra usada em inglês “equip”.


Na Bíblia em português, geralmente, encontramos a palavra
“treinar”.

3 Em inglês foram usadas as palavras “edify” and “build up”,


ambas são comumente traduzidas por “edificar”, por ser o termo
mais apropriado ao se tratar da Igreja. Todavia, como em inglês
foram usadas essas duas palavras, optamos por não traduzir
somente uma e desprezar a outra. Portanto, traduzimos ambas
literalmente, o que resultou a presença dos verbos “edificar” e
“construir”. Ressaltamos que estas palavras referem-se a uma
construção espiritual, e não natural. “Edificar”pode ser entendida
como uma ação abstrata, uma vez que somente edificamos algo
depois de este ter sido construído, ou seja, edificamos vidas depois
de tê-las construído em Cristo. Assim, “construir” vem como uma
concreta, ligada ao trabalho de formação da Igreja. Em cada
geração, a Igreja é construída pelo trabalho de evangelização e,
depois de suas pessoas se tornarem discípulos, inicia-se a
edificação.
1
F ,
Estou envolvido no ministério profético há mais de 35 anos.
Nessas décadas servindo Jesus, já viajei e preguei em incontáveis
igrejas em muitas diferentes nações do mundo. Deus,
graciosamente, permitiu-me ensinar e treinar muitas pessoas no
ministério profético, o que considero uma graça especial e um
privilégio do Senhor para mim. Já vi todo tipo de extremos, abusos
e, também, medo em relação ao ministério profético que alguém
possa imaginar.
Aproximadamente 25 anos atrás, viajava de volta para casa de
uma das igrejas que havíamos plantado no sul da Áustria. Gastei
mais de 3 horas dirigindo sozinho, orando e tentando vencer minha
decepção própria quanto ao ministério profético. Na Áustria, as
igrejas eram muito pequenas e quase todas delas eram
extremamente religiosas e legalistas, e o ministério profético,
basicamente, não existia quando as começamos. Éramos jovens e
fui jogado a esse ministério sem desejá-lo e sem pedi-lo. Na
verdade, preferiria não ter tido nenhum envolvimento com o
ministério profético, seria bom o suficiente ser um bom pastor e
plantador de igrejas. Mas senti que não tinha escolhas e, se
quisesse obedecer a Deus, tinha de abraçar aquele chamado. É
claro, tive a escolha de ser desobediente ao chamado; plantávamos
igrejas após igrejas, todas repletas de novos convertidos.
A primeira cidade onde fomos tinha aproximadamente 22 mil
habitantes e não havia um único crente que pudesse ser encontrado
naquela cidade. Assim que as pessoas foram salvas, iniciei um
treinamento profético com elas. Nossas igrejas eram conhecidas
pela atividade constante e dinâmica da operação do dom profético
entre nós. Tais manifestações proféticas eram tão comuns em nosso
meio quanto o louvor e a adoração por meio de músicas nos cultos
à noite. Entretanto, enquanto voltava para casa naquele domingo,
dirigindo solitariamente, disse ao Senhor que estava disposto a
abandonar o ministério profético e ser, simplesmente, um pastor
plantador de igrejas.
Sentia-me profundamente desestimulado e frustrado com o que
via em nossas igrejas, nas mesmas em que havia treinado no
ministério profético. Os membros das igrejas começaram a
manipular outras pessoas em caminhos diferentes e abusavam do
“dom de profecia”. Um casal de noivos recebeu a profecia de outro
membro da igreja que não concordava com o relacionamento deles,
dizendo que havia tido uma visão em que anéis de casamento
sendo quebrados; disse ainda que Deus estava falando a eles que,
de modo algum, deveriam se casar, caso contrário, tudo terminaria
em divórcio. Toda sorte de abusos começaram a acontecer. Como
explicarei num capítulo posterior, vi muitas pessoas abortando suas
profecias.
Eu não era o pastor da igreja, porque depois de plantá-la,
designamos um pastor para cada igreja; todavia saí tão frustrado e
responsabilizado pela bagunça, pois, ao plantar a igreja, fui aquele
que treinou as pessoas. Sabia que o abuso não era minha culpa,
mas eu amava as pessoas e podia ver a dor que o dom ensinado
por mim, para eles fluírem no Senhor, estava causando àqueles
irmãos. Disse ao Senhor que nunca mais iria profetizar, pois
encerrava ali meu ministério profético. Em minha luta com o Senhor
dirigindo de volta para casa, Ele começou a falar ao meu coração.
Ele disse-me que não deveria desistir daquele ministério, mas
deveria ensinar e instruir as pessoas a maneira apropriada de lidar
com a profecia.

FERRAMENTAS, E NÃO BRINQUEDOS


Uma das coisas que comecei a compreender foi que o dom de
profecia é como uma faca. Você pode usar uma faca para matar as
pessoas, mas isso não significa que a faca é algo ruim totalmente.
Na verdade, as facas não matam as pessoas; mas as pessoas que
abusam das facas quem matam. Você pode usar uma faca
corretamente e cortar um belo pedaço de carne, logo após ser
grelhado. Como poderemos saborear nosso belo churrasco sem
aquela maravilhosa ferramenta que é a faca? Até mesmo
ensinamos as criancinhas a usarem a faca corretamente, apesar de
facas ainda serem usadas para matar pessoas. Nenhum pai
responsável iria jogar as facas fora, simplesmente porque alguém,
em algum dia, usou uma faca para matar outra pessoa. Apesar
disso, encontrei-me com pastores em vários lugares do mundo que
simplesmente fizeram assim com o dom de profecia. Eles viram o
abuso do dom e pararam com o fluir do dom em suas igrejas. Quase
tornei-me um desses pastores. A profecia não é um brinquedo para
brincarmos com ela, mas uma ferramenta desesperadamente
necessária ao corpo de Cristo.
Tenho visto esse dom ser usado como uma ferramenta e
transformado milhares de vidas em todo o mundo. Tenho visto
igrejas inteiras sendo mudadas por essa preciosa ferramenta, como
também visto as vidas das pessoas sendo salvas da morte e da
destruição. Não é o dom de profecia que é o problema, mas, sim,
como usá-lo. Ele tem sido usado como uma ferramenta ou como um
brinquedo para se brincar, ou para impulsionar nosso ego e ferir as
pessoas com seu mal uso, simplesmente pois, ao brincar, perde-se,
totalmente, o seu controle. Esta ferramenta deve sempre ser vista
unicamente como ferramenta, e ser usada humildemente e com
amor. Sempre precisamos desejar ser corrigidos ao fluirmos nesse
dom.

DIRETRIZES BÍBLICAS
Há uma diretriz bíblica muito simples que, se ensinada e seguida,
toda igreja poderá sentir-se segura com esse dom. Muitas igrejas
abandonaram as diretrizes bíblicas e, então, jogaram fora o bebê
com a água suja da banheira. Por retirarem a profecia da igreja, eles
roubaram muitas bênçãos tremendas de muitas pessoas, e
impediram o crescimento e a edificação da igreja. Falaremos mais
tarde sobre essas diretrizes claramente, mas somente para você
compreender melhor, as mencionarei rapidamente. Foi nos dito em I
Coríntios 14:3 que a profecia é para edificar, exortar e confortar o
homem. “Mas o que profetiza fala para edificar, exortar e confortar o
homem”.
Aqui há três palavras claramente ditas e, em todo Novo
Testamento a profecia deve conter essas três coisas ou, pelo menos
uma delas, e nunca ir contra essas diretrizes. Essas três palavras
tem o significado para edificar, para encorajar e para confortar. Se
compreendermos isso, todo medo de abuso da profecia parará de
existir.

AS TRÊS FONTES
Há somente três fontes para o dom de profecia: o diabo, nossa
carne ou o Espírito de Deus. Deixe-me fazer uma simples pergunta
para você: O diabo, em algum momento, vai querer edificá-lo,
encorajá-lo ou confortá-lo? A resposta é, claramente, NÃO! Ele
sempre tentará fazer o oposto, então, ele pode ser desconsiderado
como a fonte de toda profecia do Novo Testamento, caso nos
agarremos às diretrizes para profetizar. A próxima questão seria:
pode ser pela nossa carne? A resposta é, claramente, SIM! É claro
que poderíamos profetizar crendo que seja pelo Espírito de Deus,
ainda que tudo seja fruto de nossa mente. Outra vez, se formos fiéis
às diretrizes de I Coríntios 14:3, então, ninguém ficará machucado,
porque edificação, encorajamento e conforto não fere ninguém.
Cada um saberá, em seu espírito, que não foi uma palavra de Deus,
mas, sim, da mente ou da alma. É assim que aprenderemos:
praticando. Todos têm o direito de testarem as profecias recebidas.
Explico isso mais detalhadamente num capítulo posterior.

NÃO COLOQUE A PROFECIA NA PRATELEIRA


Por último, não coloque a profecia que você recebeu em uma
prateleira ou em uma gaveta, deixando-a ficar empoeirada enquanto
você a ignora. Deus fala conosco por um propósito. Ferramentas
servem para serem usadas, não escondidas como o homem na
parábola que tinha um talento e o escondeu. Recebi muitas
profecias em minha vida e sempre as encaro com seriedade.
Quando Deus fala, escrevo suas palavras; tenho o costume de
carregá-las em meu coração como Maria, a mãe de Jesus fez
(Lucas 2:19). Regularmente, leio essas profecias e alinho minha
vida de acordo com o que Deus tem falado comigo e, em oração,
peço ao Espírito Santo para ajudar-me a aplicar essas profecias.
Deus nunca desperdiça qualquer uma das palavras que Ele fala,
sejam as faladas pela Bíblia sejam as ditas pela profecia. É claro
que você deve certificar-se que, de fato, eram palavras de Deus. Ele
nos chamou para sermos cooperadores com Ele em seu reino, e
profecias têm um grande papel em seu grande plano.
2
O
Antes de olharmos o que a Bíblia fala sobre profecia e sobre quem
pode profetizar, precisamos entender que profetizar é falar o que
Deus diz. Sendo assim, precisamos ouvi-lo para podermos
profetizar e, por essa razão, aprender a ouvir a voz do Pai torna-se
imprescindível.
Portanto, antes de tudo, precisamos fazer a seguinte pergunta:
“como podemos aprender a ouvir a voz de Deus?” É fato que sem
ouvir a voz de Deus não seremos capazes de profetizar, por isso,
eis a importância de ouvi-lo bem, pois somente poderemos falar o
que Deus diz se aprendermos a ouvir sua voz acuradamente.

1. O DESEJO DE DEUS DE COMUNICAR


Deus sempre desejou falar e se comunicar com seus filhos.
Através da Bíblia, vemos que Deus falava com seu povo. Quando
estudamos a Bíblia, vemos que Deus sempre falou com os seus: Ele
falou com Noé e José no livro de Gênesis; em Êxodo, Ele falou com
Moisés na sarça ardente e com os filhos de Israel em sua jornada
no deserto. Ele falou com Josué, no livro de Josué.
Através do Velho Testamento, vimos que Deus falou
constantemente com seu povo. Em Êxodo, Deus deu uma instrução
clara e detalhada para Moisés construir um Tabernáculo para Ele,
pois queria habitar entre o povo de Israel. Deus sempre desejou
estar próximo de seus filhos para se comunicar com eles.
E me farão um santuário, para que eu habite no meio
deles. (Êxodo 25:8)
Muitas das metáforas que a Bíblia usa para falar do
relacionamento entre nós e Deus sugerem, claramente, uma
comunicação ativa entre o Senhor e nós. Ele é nosso noivo, nosso
Pai; nós somos seus colaboradores, seus soldados, e tudo isso
indica uma comunicação constante e clara.

2. A GRANDE MENTIRA
Alguns cristãos acreditam que Deus fala somente com algumas
pessoas com um chamado e uma unção especial. Eles creem que
somente essas “pessoas especiais” podem ouvir claramente de
Deus, enquanto o restante dos crentes, os comuns, têm de buscar e
encontrar “tais especiais” para receberem uma palavra de Deus ou
uma profecia. Isso, além de ser completamente antibíblico, é uma
mentira; ao lermos a Bíblia, vemos que ela ensina completamente o
oposto.
Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido, para que anuncieis as
grandezas daquele que vos chamou das trevas para a
sua maravilhosa luz. Vós que outrora nem éreis povo, e
agora sois de Deus; vós que não tínheis alcançado
misericórdia, e agora a tendes alcançado. (I Pedro 2:9-
10)
Esse texto foi escrito para toda Igreja, e não para algumas
pessoas especiais. Cada membro da verdadeira Igreja de Jesus
Cristo, nascido de novo, faz parte de um sacerdócio real muito
especial. Os diferentes membros e ministérios têm diferentes
funções, mas ninguém, para Deus, é mais especial que o outro. Nós
todos somos seu povo especial.
Alguns cristãos acreditam que eles não são dignos de ouvirem a
voz de Deus por pensarem que, primeiramente, precisam receber
ou fazer algo muito especial. É urgente que a Igreja entenda que
não nos tornamos dignos ou aptos para a obra de Deus por causa
de alguma coisa que fazemos ou que um dia faremos; o que nos
dignifica é a obra consumada de Jesus Cristo na cruz do Calvário,
pela qual somos salvos através da fé.

3. AS PALAVRAS DE JESUS
Em João 10:2-3, o próprio Jesus disse que suas ovelhas ouvem
sua voz.
Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A
este o porteiro abre; e as ovelhas ouvem a sua voz; e ele
chama pelo nome as suas ovelhas, e as conduz para
fora. (João 10: 2-3)
Se somos as ovelhas de Jesus, ou seja, se Ele é nosso Pastor,
isso significa, então, que somos capazes de ouvir sua voz. Contudo,
como cristãos, cometemos o grande e terrível erro de tentar explicar
ou ignorar a Bíblia sempre que ela não se encaixa com qualquer
uma de nossas experiências; o pior ainda acontece quando
tentamos adaptá-la às nossas vidas, como se fosse possível.
Deveríamos, na verdade, adaptar nossas vidas à Palavra de Deus.
Assim, uma vez que entendêssemos a clara afirmação de Jesus que
suas ovelhas seriam capazes de ouvir sua voz, compreenderíamos
que todos os seus têm a habilidade de ouvir a voz de Deus.
Veja que Jesus não restringiu sua voz a alguns especiais; Ele não
disse que suas ovelhas maduras ouviriam sua voz; Ele não afirmou
que somente as ovelhas que haviam se desenvolvido e se tornado
bons líderes poderiam ouvir sua voz; Jesus simplesmente disse que
suas ovelhas seriam capazes de ouvir sua voz. Assim entendemos
que cada crente tem a habilidade de ouvir a voz de Deus e,
portanto, todos podem profetizar.

4. JESUS: A PALAVRA SE TORNOU CARNE


Em João 1:14, a Bíblia diz que quando Jesus veio a esta terra,
Ele não somente falou as palavras de Deus, mas Ele era, na
verdade, a própria Palavra de Deus que havia se tornado carne por
nós. Isso mostra claramente o desejo de Deus em se comunicar
conosco. Ele não somente enviou Jesus para falar ao seu povo,
mas, também, enviou a Palavra do céu e a fez tomar a forma
humana, tamanho era seu desejo de comunicar seu coração ao
povo.
É muito importante, ao aprendemos a profetizar e a ouvir Deus,
não ficarmos somente em busca de informações, mas precisamos
sentir e entender o coração de Deus. Deus ama falar conosco, mas
Ele não quer somente nos dar informações, Ele quer comunicar seu
coração conosco. Verdadeiras pessoas proféticas, as que
amadureceram em seus dons, irão sempre comunicar o coração de
Deus ao povo.
Na Década de 80, quando comecei a ser usado por Deus no
ministério profético, senti Deus falando comigo que nunca me daria
uma profecia somente para gerar uma atmosfera agradável na
reunião e me fazer parecer “o bom” ou “o especial”; Ele disse que
me daria uma profecia porque Ele ama seus filhos e sua Igreja.
Com isso aprendi que, como profeta, sempre devo desejar
comunicar o coração de Deus, uma vez que, dessa forma, a Igreja
pode ser edificada com o dom profético.

5. COMO OUVIR A VOZ DE DEUS


Como em qualquer outro relacionamento, a comunicação entre
nós e Deus precisa ser desenvolvida. Há alguns princípios
importantes que, uma vez observados, nos ajudam a desenvolver a
habilidade de ouvir a voz de Deus melhor.
Observe que eu disse “desenvolver a habilidade”, pois ouvir a voz
de Deus não é uma habilidade que aprendemos, mas uma
habilidade que desenvolvemos.
Uma vez que todos nascemos de novo, nosso espírito está vivo e
é capaz de se comunicar com nosso Pai celestial. Nós
comunicamos através de nosso espírito, e esta é uma habilidade
que precisamos desenvolver. Para tanto, nossos ouvidos espirituais
devem estar abertos e sensíveis à voz do Espírito Santo; eles
precisam estar livres de qualquer coisa que possa impedi-los de
ouvir a voz de Deus. Frequentemente, nossa alma pode interferir
nesse processo de comunicação espiritual. Às vezes ela é tão
dominante e eloquente em nós que chega a entorpecer4 nos
ouvidos.
Todavia, uma vez que temos a habilidade de ouvir Deus para nos
comunicarmos com Ele, precisamos desenvolvê-la. É fundamental
investirmos em nosso relacionamento com Deus continuamente
acima de toda e qualquer coisa; precisamos tirar tempo e
desenvolver um forte relacionamento de amor com nosso Pai
celestial.
4 Em inglês foi usada a palavra “dull” que traduzimos por
“entorpecidos”. Todavia, ressaltamos que o significado desta palavra
é mais amplo. “Dull” pode ser compreendida por falta de vida, falta
de intensidade, fraqueza intelectual ou, ainda, algo não claro ou
insensível.
3
C
Se você ler as palavras que seguem com uma atitude religiosa ou
com os olhos da lei ou da antiga aliança, essas palavras não lhes
ajudarão em nada, pelo contrário, trarão muito mais prisão que
liberdade. O ensino que trago aqui não é um caminho para
impressionar Deus nem para convencê-lo a amá-lo ou para usá-lo
mais poderosamente. Não falo sobre algo legalista, mas trago um
convite para respondermos sua maravilhosa graça e seu profundo
amor por nós, que nos levará a uma vida de grande intimidade e de
um relacionamento de amor profundo por Ele, para sempre
podermos ouvi-lo e distinguir sua voz rapidamente e claramente de
qualquer outra voz que, constantemente, inundam nossas vidas.
Jesus não morreu para nos dar uma religião; Ele morreu para
restaurar nosso perfeito relacionamento de amor com o Pai, uma
vez que Ele é amor.
Desde criança, não somente tenho amado ao Senhor, mas tenho
tido um profundo desejo de ativar um relacionamento de amor com
Ele. Persigo esse tipo de relacionamento de amor com Deus desde
criança. Naturalmente, se você deseja estar em um relacionamento
de amor com alguém, precisa-se saber que a comunicação é uma
parte significativa deste relacionamento. Não se pode ter um bom
relacionamento se não houver boa comunicação. Pense sobre
qualquer um de seus relacionamentos. Se este lhe for significativo,
certamente, haverá uma boa e aberta comunicação, em que cada
uma das pessoas envolvidas nesse relacionamento possam ouvir
um ao outro e receber, um do outro, total atenção.
No início de nosso casamento, estávamos tão ocupados no
serviço ao Senhor Jesus que minha esposa e eu tínhamos muito
pouco tempo um com o outro. Minha esposa não estava contente
com a situação; ela queria passar mais tempo comigo, e não
somente alguns poucos momentos. Foi quando ela e eu estipulamos
um tempo em que estaríamos somente nós dois; neste tempo, nem
as crianças participariam. Ao falar comigo sobre o assunto, sentei-
me e a ouvi atentamente; pelo menos foi o que pensava que estava
fazendo, todavia, minha mente e coração estavam noutro lugar. De
repente, minha esposa disse: “Você não está me ouvindo!”
Respondi que a ouvia atentamente e, por causa da minha boa
memória, repeti precisamente, palavra por palavra, as três últimas
sentenças que ela havia falado. Mas ela insistiu dizendo: “mas
mesmo assim você não está me ouvindo!” Eu queria discutir com
minha esposa, mas o Espírito Santo me repreendeu e disse: “você
está ouvindo somente as palavras dela, mas não seu coração.” Tal
situação mudou nossa comunicação até os dias atuais. Entendi que
Debi queria um relacionamento com o coração, e não somente que
se ouvisse suas palavras.

REMOVENDO AS DISTRAÇÕES
Não foram somente meu relacionamento com minha esposa e
minhas habilidades comunicativas que não mudaram, mas, também,
meu relacionamento com Deus foi profundamente modificado. O
Senhor continuou a falar comigo e disse o quão desagradado estava
por eu ouvi-lo somente com parte do meu coração, e não de todo o
coração. Deus não queria que eu entrasse na presença dele com
um comportamento de adolescente, unicamente para receber
alguma coisa dEle e, depois, deixá-lo.
Seu amor por nós nunca irá mudar; ele é o caminho para
aprofundar nossas mentes em sua verdade e, assim, arrebatá-la
para nós. Ainda, Ele sempre nos ama profundamente e
incondicionalmente, visto que há coisas em nossa vida que o
agrada, mas, também, há coisas em nossa vida que o desagrada.
Uma das coisas que o desagrada é justamente o fato de não
darmos a Ele nossa total atenção quando entramos em sua
presença.
Boa parte do ministério profético e do dom de profetizar
concentra-se na habilidade de ouvir. Estar preparado para ouvir a
Deus verdadeiramente, implica em retirar toda distração de nossas
vidas. Vivemos em um mundo regido por um compasso acelerado, o
que faz a maioria das pessoas a viverem nessa aceleração,
obrigando-as a terem muitas coisas para serem feitas. Nunca houve
tantas pessoas trabalhando tão poucas horas, todavia todas tão
estressadas e tão cheias de pressa. Algo aconteceu errado em
algum lugar no passado. Há duas gerações atrás, quando meus
avós trabalhavam, uma semana de trabalho comum teria
aproximadamente 60 horas. Se voltarmos à geração anterior,
quando nossos pais trabalhavam, teremos que seus ofícios os
tomavam mais de 50 horas por semana. Atualmente, uma semana
de trabalho hoje é muito menor; entendo que as pessoas trabalham
em horas extras, mas meus pais e avós também.
O que tudo isso tem a ver com o profético e, especialmente, com
o ouvir a voz de Deus? Tem tudo a ver. Uma das razões que
achamos tão difícil ouvir é pelo fato de que ouvimos tantas outras
vozes costumeiramente. Estamos ligados com o mundo por meio da
tecnologia e das redes sociais vinte e quatro horas, sete vezes por
semana. Temos milhares de amigos, mas, geralmente, não temos
tempo para desenvolvermos uma amizade e uma comunicação com
o Espírito Santo. Se, de fato, quisermos mover no dom profético e
nos tornar sensíveis à voz do Espírito Santo, precisamos retirar as
distrações de nossas vidas, pelo menos durante o tempo em que
passamos em sua presença.
Lembro-me de uma vez em que orava, disse ao Espírito Santo
sobre o meu desejo de tê-lo como meu melhor amigo.
Imediatamente Ele replicou: “Eu sou, e também desejo que você
seja meu melhor amigo. Isso atingiu meu coração como se fosse um
raio. Desde então, pedi ao Espírito Santo, centenas de vezes, para
ajudar-me e ensinar-me sobre como pudesse me tornar seu melhor
amigo. Esse fato iniciou uma jornada em minha vida que,
provavelmente, é a mais difícil e, ao mesmo tempo, a mais
maravilhosa de minha vida cristã. Essa prática trouxe as mais
drásticas e significantes mudanças à minha vida que qualquer outra
experiência já tida com Deus por mim.
Digo que tem sido uma das mais difíceis coisas em minha vida,
visto que sou muito ocupado e tenho tantas coisas para fazer. É
impossível desenvolver um relacionamento profundo com alguém, a
menos que separemos um tempo específico para tal alguém.
Quando você é guiado por Deus, como eu, torna-se muito difícil
gastar horas em silêncio na presença de Deus.
Minha experiência em tornar-me o melhor amigo do Espírito
Santo tem sido maravilhoso a presença dEle é a mais doce e mais
revigorante experiência de minha vida. Na presença do Senhor, todo
cansaço físico, espiritual, emocional e frustrações desaparecem. A
presença do Senhor muda nosso caráter efetivamente. Quando a
voz dEle permeia nosso espírito, cada fibra de nosso ser é afetada.
Há muitas coisas que se envolvem em nosso relacionamento com
o Espírito Santo, nem todas podem ser postas aqui. Precisamos
aprender a nos tornar familiares com a voz do Espírito para,
verdadeiramente, fluirmos no dom profético, pois profetizar significa
ouvir e, depois, falar o que Deus ou seu Espírito disse. Essa é a
razão pela qual precisamos gastar tempo para aprendermos a ouvir
a voz do Espírito Santo.
Frequentemente, as pessoas se impressionam sobre como o
Espírito Santo fala através de mim tão precisamente e com tantos
detalhes; geralmente pensam que isso tem a ver com o meu
chamado para ser profeta. Creio que, parcialmente, essa relação é
verdadeira, mas esta é, de fato, a menor parte. A grande questão de
eu conseguir ser preciso ao ouvir e reportar o que o Senhor me diz
está ligado à minha intimidade com o Senhor Jesus, com o Pai e
com o Espírito Santo.
Quanto tempo gastamos em oração ou em leitura da Palavra com
nossos celulares nos bolsos ou próximos de nós, postos no modo
silencioso? Somos interrompidos pelo vibrar do telefone,
respondendo aos acenos do mundo, talvez com um rápido relance,
e acabamos por dividir nosso tempo de adoração com o Senhor
com essas coisas da terra. Em vez de remover esta distração
particular de nossas vidas por um breve período no tempo,
respondemos a ela e, então, nos tornamos incapazes de estarmos
totalmente focados na voz do Espírito Santo.
Lembro-me muito bem de que a distração com o celular era parte
de minha vida diária. Levantava-me pela manhã e preparava minha
xícara quente de chá. Enquanto esperava a água ferver, checava as
mensagens do telefone. Com o chá pronto, enchia-me a xícara,
pegava a Bíblia para lê-la e ter meu período matutino de oração;
meu telefone permanecia perto de mim, no modo silencioso. Certo
dia, ao repetir meus hábitos diários, percebi o quanto as mensagens
que chegavam de tempo em tempo me distraíam e, ao mesmo
tempo, perturbavam-me. Olhava à tela a cada minuto e acabei
frustrado com esse hábito; foi quando disse ao Senhor a maldição
que era o meu celular.
Ele respondeu-me: “Não, seu celular é uma grande bênção, e
quero que você o use. Contudo, você tem transformado essa
bênção em maldição em sua vida por não saber usá-lo
corretamente”. O Senhor continuou falando comigo como deveria
usar o celular corretamente, apresentando-me os benefícios de
minha obediência. Essa foi uma das grandes batalhas de minha
vida. Eu não estava consciente de como estava viciado em tão
pequeno objeto eletrônico, e como havia transformado aquela
bênção em uma maldição em minha vida.
O mais triste em toda essa história foi o fato de eu ter permitido
que o celular me distraísse quando eu tinha minha comunhão com
meu doce Jesus e com o Espírito Santo, cuja voz amo ouvir. Certa
dia, ousei a estabelecer o hábito que Ele mesmo me ensinou: não
ligar o celular nem olhar para ele enquanto não gastar, pelo menos,
90 minutos, sem alguma distração, na presença do Senhor; isso
mudou minha vida radicalmente. Rapidamente depois desta decisão
minha, percebi que a unção, a autoridade e os milagres
aumentaram. Eu tinha a mesma unção e a mesma autoridade antes,
mas, de certa forma, eu estava incapaz de tocá-las por causa de
minha própria “bobeira” em permitir-me ser distraído em dar ao
Senhor minha total atenção a Ele pela manhã. O abuso e o mal uso
de nossos telefones e outros equipamentos eletrônicos tem se
tornado tão normais que nem mesmo percebemos o que temos feito
conosco mesmos.
Esse abuso dos equipamentos eletrônicos e seus negativos
resultados em nossas vidas não tem relação nenhuma com o fato
de Deus nos negar alguma coisa. Por meio de Cristo, já nos foi dada
toda autoridade, unção e acesso ao mundo espiritual inteiramente.
Entretanto, somos nós quem não acessamos essas coisas devido
aos nossos corações e mentes que permanecem presos às
distrações e, inevitavelmente, distantes da doce presença de Jesus.
Nosso coração se encherá e receberá revelações do Senhor à
medida que gastarmos tempos com o Espírito Santo; a mudança de
nossa atitude afetará todas e cada área de nossa vida.
A atitude e o comportamento em abandonar qualquer distração
ou interrupção de nosso tempo e comunhão com o Senhor devem
mudar, caso desejamos experimentar tudo o que Deus tem para
nós. Temos alguns dos mais poderosos mestres da Palavra, e
podemos muito aprender com eles. Todavia, quão pouco da Palavra
de Deus, que vêm a nós por meio desses mestres, tem afetado
nossas vidas, e isso acontece por causa de nossos corações
distraídos ao ouvirmos as ministrações maravilhosas que são
compartilhadas conosco.
Por favor, compreenda e ouça meu coração. Você pode fazer o
que quiser com seu celular, laptop, iPad, internet ou qualquer outro
equipamento eletrônico. Todavia, seria muito mais benéfico se você
pudesse desligar-se de toda e qualquer distração quando a Palavra
de Deus for pregada ou quando você tiver lendo-a ou orando ao
Senhor em seu momento individual com Ele. Seria muito importante
se você desse ao Senhor sua atenção completa, desejando
aprender dEle, ouvindo atentamente para ser transformado por Ele.
4
D S
Somente podemos dar o que temos, e somente temos o que,
primeiramente, recebemos. Não temos nada de nós mesmos;
chegamos nus e com mãos vazias a este mundo, portanto, para
profetizarmos, precisamos, primeiramente, receber uma revelação
do Espírito Santo para que possamos passá-la a diante.
A primeira lei da vida é receber, e não dar. O corpo precisa
inspirar e expirar para que tenha saúde. Muitos cristãos,
espiritualmente falando, somente expiram sem que tenham,
anteriormente, inspirado; agem assim sem ao menos perceberem o
que têm feito. Esses cristãos não têm frutificado, e não sabem o
porquê de sua infrutuosidade. Precisamos respirar primeiramente, o
que significa que precisamos receber antes de dar. Em nossa vida
cristã, precisamos aprender a descansar na presença de Deus e
respirar sua energia, força, sabedoria, amor e sua palavra, etc.
Espiritualmente falando, expirar é muito importante. Os problemas
ocorrem quando as pessoas somente inspiram ou expiram. Os que
somente inspiram, geralmente, são os cristãos místicos. Eles
gastam a vida toda distante das pessoas, pois precisam somente
“estar na presença de Deus em oração e em meditação”, ainda que
nada façam à humanidade. Isso é tão ruim quanto somente expirar
sem inspirar. O Mar Morto tem nenhuma vida nele; uma das razões
de sua falta de vida é o fato de águas de rios desaguarem nele, mas
ele mesmo não desagua em lugar algum.
Precisamos aprender a ficarmos quietos na presença de Deus;
aproveitar sua comunhão sem distração alguma e, ainda, a ouvir
sua voz diariamente. Precisamos, também, fazer as coisas que
Deus compartilhar conosco em nosso coração. Precisamos
aprender a compartilhar essas revelações com outras pessoas.
Precisamos ajudar os outros, a profetizar na vida uns dos outros e
deixar a vida e o poder de Deus fluir por meio de nossas vidas.
Aprender a ouvir de Deus para que tenhamos somente a alegria de
receber dele alguma revelação e não passá-la aos outros nos fará
semelhantes ao Mar Morto. Precisamos aprender a ouvir sua voz
em relação às nossas vidas, mas precisamos aprender a ouvir sua
voz para profetizarmos nas vidas uns dos outros, para todos serem
edificados.
Poucos cristãos têm aprendido o segredo de descansar na
presença de Deus. A oração de muitos cristãos resume no fato de
falar com Deus e pedi-lo por coisas que precisam ou que queiram
receber de Deus. Um corpo que não consegue descansar não
conseguirá receber. Essa é a razão pela qual muitos não recebem
milagres de cura; tais pessoas ficam tão tensas que não conseguem
receber o que Deus tem para eles. O mesmo acontece com nossa
mente e nosso coraçõe. Se deliberadamente separarmos tempo
para Deus para “praticarmos” a presença de Deus, e nosso coração
estiver sobrecarregado com muitas preocupações, tribulações ou
por meras distrações que constantemente nos perturbam, nosso
coração será incapaze de ouvir a voz de Deus, mesmo que Ele
esteja falando conosco.
Quando gasto tempo com Deus, certifico de que esteja relaxado
para poder ouvir a sua voz claramente. Algumas pessoas gostam de
ter uma música suave para ajudá-las a entrar na presença de Deus;
às vezes, elas servem para relaxar as pessoas. Pessoalmente, não
gosto de música em minha comunhão com Deus; mas esta é
somente minha preferência pessoal. Em meus muitos anos de
caminhada com Jesus, aprendi o segredo de relaxar em sua
presença sem usar alguma música ou qualquer outro tipo de ajuda.
Não estou dizendo que não devemos ter música, somente estou
falando que é minha preferência pessoal gastar tempo em sua
presença, em total quietude.
Tenho uma poltrona muito confortável em que sento para
conversar com Deus. Fecho a porta do quarto em que ela se
encontra e sento confortavelmente e peço ao meu corpo e mente
para relaxarem na presença de Deus. Quando todos os tipos de
distrações e pensamentos me ocorrem, não luto contra eles;
simplesmente deixo-os vir e partir, constantemente redirecionando
minha mente a Jesus. Para ser receptivo, devemos aprender a
relaxar. Podemos gastar tempo para aprendermos esse hábito, mas
é bem válido o tempo que nos esforçamos para esse aprendizado.
Lembre-se de que somente um corpo relaxado é um corpo
receptivo; somente uma mente descansada é uma mente receptiva,
e somente um coração descansado pode distinguir e ouvir a voz de
Deus. Antes de sermos capazes de dar, temos de receber. Não
podemos expirar antes de termos, primeiramente, inspirado. Não
gaste sua vida com todas e tantas ocupações tentando servir a
Deus, antes, aprenda a relaxar em sua presença e receber dEle
para poder dar aos outros. Inspire a vida de Deus; inspire a
presença de Deus e aprecie-a à medida em que você relaxa cada
parte de seu corpo, mente e coração.

SAINDO E ENTRANDO
Deixe-me compartilhar outro segredo que aprendi; este tem sido
outra grande chave tanto para minha vida frutífera quanto para meu
ministério profético. É tão simples que poucas pessoas parecem tê-
lo aprendido: o modo como você sai é sempre o modo como você
entra. O modo como uma criança sai do ventre de sua mãe é
semelhante ao modo como entra na vida. Se ele deixar o ventre
saudavelmente, é porque entrou na vida com saúde; se deixar o
ventre sem saúde ou até mesmo paraplégico, é porque foi assim
que entrou na vida.
O modo como você deixar essa terra será exatamente o modo
como você entrará na vida eterna. Se você deixar esta terra
reconciliado com Deus, você entrará na vida eterna do mesmo
modo, reconciliado com Deus. Não poderemos mudar nossas
escolhas depois que deixarmos a terra. Uma vez que deixarmos
esta vida, teremos de viver com todas as escolhas que tivermos
feito aqui antes de sairmos da terra. Entraremos na vida eterna do
mesmo modo que deixarmos esta terra, seja reconciliado com Deus
e com a alegria da vida eterna com Ele para sempre, ou não
reconciliado com Deus e a tristeza da vida eterna sem Ele.
Este princípio não se aplica somente ao fato de nascer e morrer,
mas, também, a cada área de nossas vidas. Se deixarmos um
relacionamento com ira, entraremos no próximo relacionamento com
a mesma ira.
Quando plantamos nossa primeira igreja, as pessoas de outras
igrejas queriam juntar-se a nós. As igrejas eram, costumeiramente,
muito mortas, religiosas e legalistas; os que as deixavam eram
carregados de frustrações. Como pastor, não queria apenas que
qual-quer pessoa se juntassem à nossa igreja, porque compreendia
este princípio de deixar e sair. Eu sabia que se indivíduos
deixassem suas igrejas em ira, frustradas e amargas; é assim que
entrariam em nossa igreja e, depois, certamente, causariam muitos
problemas para eles mesmos, para mim e para os demais membros
de nossa igreja. Então, certifiquei-me de que eles deixariam suas
igrejas da maneira correta, para que pudessem, também, entrar em
nossa igreja da maneira certa, e isso se aplica em todas as áreas de
nossas vidas.
O que isso tem a ver com a profecia, com o ouvir a voz de Deus e
com o relaxar em sua presença? Isso tem mais a ver com todas
essas coisas que você imagina. O modo como você deixa seu sono
pela manhã é o modo como você entra em seu dia. Não sei quanto
a você, mas gosto de acordar feliz, energizado e cheio do Espírito
Santo. Essa é uma maneira fabulosa de se começar o dia. Assim
posso ouvir a voz de Deus mais facilmente e profetizar. Acordar
assim faz meu dia maravilhoso, independentemente do que
acontecer e de qualquer dificuldade ou tribulação que possa
enfrentar naquele dia.
Uma vez que o princípio de sair e entrar funciona, me certifico se
deixo o meu dia do modo correto. Deixe-me explicar isso para você.
Quando vou deitar-me para dormir, não somente deito, fecho meus
olhos e durmo. Ao ficar pronto para ir a minha cama, trinta minutos
antes de me deitar, removo de mim todas as distrações. Não tenho
problema em desligar minha TV, pois livrei-me dela há 20 anos
aproximadamente, e nunca mais comprei outra para nós outra vez.
Meu celular sempre fica desligado e o deixo noutro quarto. Somente
leio algo que seja edificante e que relaxe minha mente, meu coração
e, conscientemente, gasto tempo com o Senhor.
Deito-me em minha cama e gasto tempo em comunhão com o
Senhor até pegar no sono, o que acontece eventualmente. É assim
que durmo todas as noites nestes últimos 30 anos de minha vida. O
que acontece comigo durante a noite? O modo que deixo o meu dia
é o modo que entro em meu sono. Durmo consciente da presença
de Deus. Portanto, sonhos proféticos são normais para mim. A
presença do Senhor funciona em meu coração enquanto durmo;
meu coração e espírito estão acordados e em alerta à presença do
Senhor enquanto meu corpo dorme. Deus nunca dorme. Davi fez
assim também e parece que ele havia compreendido este mesmo
princípio; veja o que ele escreveu nos Salmos 4:4 e 63:6:
Medite em seu coração na cama, e aquiete-se. (Salmo
4:4)
Quando lembro-me do Senhor em minha cama, medito
em ti durante as vigílias da noite. (Salmo 63:6)
Sou muito cuidadoso com o modo como deixo o dia e pego no
sono. Mas também sou igualmente cuidadoso sobre como deixo a
noite tanto quanto deixo o dia antes de dormir. Não me levanto
imediatamente no momento em que preciso começar o meu dia; não
deixo minha cama apressadamente e tomo café da manhã às
pressas para deixar minha casa e iniciar o meu dia de trabalho.
Lembre-se de que o modo como você deixa a sua noite é o modo
como você começará o dia. Como você pensa que estará apto para
ouvir a voz do Espírito Santo claramente durante o seu dia se você
deixar sua noite de um modo incorreto?
O grande homem de Deus, Dr. David Yongi Cho, pastor da maior
igreja do mundo, aprendeu este segredo quando ele iniciou seu
ministério. Um de meus mentores e pais espirituais foi o homem que
treinou e ordenou Yongi Cho ao ministério. Tive o privilégio de
aprender muito com este homem. Ele ensinou-me que Yongi Cho
recusava-se a gastar tempo com qualquer pessoa ou fazer qualquer
coisa antes de passar um bom tempo em oração na presença do
Senhor, totalmente sem ser incomodado por qualquer distração.
Estabeleci este mesmo hábito há quase 40 anos atrás e nunca o
abandonei.
Termino meu dia em comunhão com o Senhor, e entro em minha
noite do mesmo modo. Sou muito cuidadoso sobre o modo que
deixo minhas noites. Deixo toda noite de modo idêntico e entro em
cada dia do mesmo jeito. Assim que acordo e deixo minha noite, a
deixo em comunhão, livre de qualquer distração com o Senhor, e
entro em meu dia do mesmo modo. Recuso-me de acordar e sair
apressadamente para começar o meu dia. Se você estiver disposto
a estabelecer este hábito, certamente encontrará facilidade em ouvir
a voz de Deus, além de outros tantos maravilhosos benefícios que
esse modo de viver trará a você.
5
A
Em Efésios 6:18, Paulo nos ensina que devemos orar diferentes
tipos de oração.
Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no
Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e
súplica por todos os santos. Efésios 6:18
Um dos significados originais do Grego para a expressão usada
aqui “toda a oração” é “algumas de todos os tipos”. Há diferentes
tipos de oração. Infelizmente, quando os cristãos pensam em
oração, a maioria deles pensam somente em conversar com Deus.
Por essa razão, muitos cristãos, raramente, ouvem a voz de Deus e,
falsamente, creem que Deus não fala com eles. Isso está distante
de ser a verdade. Deus é um Deus falante e constantemente fala
com todos os seus filhos. O problema é que seus filhos não ouvem
a sua voz, porque não aprenderam a arte da “oração ouvida”.

ORAÇÃO BASEADA NA URGÊNCIA


Deixe-me fazer uma pergunta aqui: qual é sua primeira reação
diante de uma crise ou de um problema? É orar? A maioria dos
cristãos respondem às crises pela oração, e pensam que isso é algo
nobre de se fazer. Pessoalmente, não concordo que esta seja nossa
primeira reação, pelo menos não no senso em que muitos cristãos
compreendem sobre oração.
Eles compreendem a oração como falar com Deus, dizendo ou
pedindo ao Senhor para solucionar seus problemas. Esta não é
minha primeira reação. Digo isso por várias razões. Por favor, não
ouça o que não estou dizendo. Sou totalmente a favor da oração, e
da oração sincera. Todavia, precisamos compreender o que a Bíblia
fala sobre os diferentes tipos de oração. Há orações que são muito
mais que simplesmente falar com Deus e apresentá-lo os problemas
para Ele os solucionar. Estas são as razões pelas quais penso que
as orações nascidas pela urgência não são uma boa respostas aos
nossos problemas:
1.Focamos nas coisas erradas
Quando nossas orações nascem da urgência, o diabo tem um
trabalho fácil para nos deixar ineficientes. Como ocorre, a vida é
incrivelmente ocupada demais para a maioria das pessoas. Grande
parte das pessoas não têm tempo para terem comunhão com Deus
nem para praticar intimidade com Ele. Quando nossas orações
nascem da urgência, tudo o que o diabo tem a fazer e lançar alguns
problemas urgentes em nossas vidas e, por eles, somos atraídos e
afastados daquilo que o Senhor deseja que façamos. A armadilha
do diabo é para que tenhamos tempo com Deus somente para lhe
falar de nossos problemas. Nosso foco muda de Deus e de seu
propósito para nós e nossos problemas.
2. Ditando perguntas
Quando a oração nasce da urgência, ditamos a Deus a conversa
que queremos que Ele ouça, em vez de ouvir os conselhos e a
sabedoria dEle em relação à nossa situação. Por causa desta
atitude, geralmente não podemos ouvir o que Deus está dizendo
para nós. A urgência sempre começa a conversa contando ao
Senhor sobre os nossos problemas; todavia, é o Senhor quem
deseja iniciar a conversa; Ele deseja compartilhar seus planos para
nós. Frequentemente, seus planos são muito diferentes de nossas
ideias, independentemente da situação em que estejamos
envolvidos. Ele vê as coisas de uma perspectiva muito diferente, por
inúmeras razões. Ele vê o fim antes do início. Ele vê a solução, e
não somente o problema. Aos olhos dEle, cada problema é uma
oportunidade para demonstrar e para liberar a vitória do trabalho
consumado na cruz em nossas vidas. Deus deseja compartilhar sua
perspectiva conosco, mas temos o hábito de tomar o controle da
conversa e dizemos ao Senhor tudo o que queremos que Ele faça
por nós, perdendo, assim, sua voz e seus grandes planos para nós.
Caso você queira mover no ministério profético, você precisa
aprender a arte da “oração ouvida”.
3. Orando apressadamente
A urgência sempre quer que a conversa seja rápida, porque
somos levados pela nossas urgências e necessidades. Queremos
tudo apressadamente; desejamos somente dizer a Deus o que Ele
tem de fazer e tê-lo operando para ajustar nossos problemas.
Oramos intensamente e pensamos que o mais alto e o mais
intensamente orarmos, mais iremos convencer a Deus a nos ouvir e
nos responder. Esse é um pensamento da Antiga Aliança, e
devemos retirá-lo de nossa mente e de nosso coração. Enquanto a
urgência deseja que nossas orações sejam rápidas, Deus deseja
preparar nosso coração para ouvir a sua voz, e isso geralmente
demora. Deus está muito mais interessado em nosso
relacionamento íntimo e profundo com Ele que somente ajustar
nossos problemas.
4. Escrever Deus em nossa história
A urgência escreve Deus em nossa história, o que é o oposto
daquilo que o Senhor deseja fazer. Talvez você pense que é uma
coisa honrável a se fazer, “colocar Deus em sua história” e tê-lo
como o “resolvedor” de seus problemas. Creio que em vez de tentar
escrever Deus em nossa história, precisamos entender que Deus
quer nos escrever em sua história. Uma das mais maravilhosas e
surpreendentes verdades que tenho aprendido no ministério
profético é que Deus, o autor e o criador de todas as coisas tem
uma história magnifica planejada. Sua história envolve a
demonstração de sua maravilhosa glória para todos os povos, de
todas as tribos e de todas as nações. Esta é a mais fascinante
história que ninguém jamais pode imaginar. Nosso Pai de amor
escolheu escrever-nos em sua própria história gloriosa, permitindo-
nos participar dela como seres humanos comuns.
Quando eu era jovem e iniciei o ministério servindo a Deus,
costumava a orar antes de pregar: “Senhor, por favor, ajuda-me!”
Ele respondia minhas orações e ajudava-me sempre que eu tinha
de pregar. Um dia percebi que esta não era a melhor maneira de
orar, então passei a orar de outro modo: “Senhor, por favor, use-
me.” Na primeira oração, estava fazendo o trabalho com a ajuda de
Deus. Estava escrevendo o Senhor na história da minha vida. Já na
segunda oração, não era eu quem estava fazendo a obra, mas Ele é
quem operava e escrevia-me em sua história. Quando vou a
qualquer reunião hoje em dia, rejeito todos os meus planos e,
simplesmente, rendo-me na quietude e confiança do Senhor,
deixando-o escrever-me em sua história.
6
D
Uma vez que no capítulo anterior tratamos sobre nossa
comunicação com Deus, bem como da necessidade de
desenvolvermos a habilidade de ouvi-lo, creio que, então,
precisamos encontrar algumas chaves simples sobre como
podemos desenvolver essa habilidade de ouvir a voz de Deus.
Assim sendo, apresento onze chaves fundamentais que poderão
nos auxiliar nessa maravilhosa jornada de aprendizado quanto à
nossa prática de ouvir nosso Deus.

PRIMEIRA CHAVE
Ao orar, não fique somente falando com Deus, ouça-
o.
Compartilhe seu coração com Deus e peça para Ele falar com
você. Anote tudo o que você falar e o que você ouvir. Aprenda, com
essa experiência a ouvir a voz de Deus. Escreva claramente cada
detalhe e cada momento em que você ouviu claramente a voz de
Deus; mas, também, anote tudo o que você ouviu de seus
pensamentos. Suas anotações serão como um diário, que,
posteriormente, ajudará você a fazer distinção entre seus
pensamentos e a voz de Deus. Lembre-se de que, para desenvolver
essa habilidade, precisa-se de tempo e de disciplina.
Ouvir e falar são indispensáveis para a comunicação. Por essa
razão, uma vez que a maioria dos cristãos compreendem a oração
somente como falar e pedir; muitos não aprendem a se comunicar
com Deus e permanecem num relacionamento raso com o Pai. Para
evitar o superficial e alcançar um relacionamento profundo com
Deus, precisamos nos aquietar para ouvir nosso Senhor.
Não sejamos como o casal que foi à corte para se divorciar.
Quando o juiz lhes perguntou a razão do divórcio, a esposa
respondeu que, em 19 anos de casamento, seu esposo nunca havia
dito que a amava, por isso ela não aguentava mais aquela situação.
Quando o juiz quis saber do marido se aquilo era verdade, ele
respondeu que sim, era tudo verdade.
Surpreso, o juiz perguntou porque ele nunca havia dito para a
esposa que a amava. Então, o homem respondeu que há 19 anos
que ele tentava dizer para ela o quanto a amava, mas ela nunca se
aquietava para ouvi-lo e, portanto, ele nunca teve a chance de falar
para ela: “Eu te amo!”
Sejamos diferentes! Que possamos falar com Deus, mas,
sobretudo, que aprendamos a nos aquietar para ouvi-lo falar
conosco.

SEGUNDA CHAVE
Exercite sua fé ao se aproximar de Deus!
Deus nos prometeu, em sua Palavra, que o encontraríamos
sempre que o procurássemos de todo coração; isso é uma garantia
dada a nós por sua Palavra. As promessas de Deus são
verdadeiras, pois Deus nunca mente; podemos acreditar que Ele
verdadeiramente quer dizer tudo o que Ele diz.
Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de
todo o vosso coração. (Jeremias 29:13)
A Bíblia nos promete que, ao nos achegarmos a Deus, Ele se
achegará a nós. Está escrito em Tiago 4:8: “Chegai-vos para Deus,
e Ele se chegará para vós”. Isso é maravilhoso! Achegue-se a Deus
em fé, tendo a certeza de que Ele ouvirá você, pois está pronto para
isso.

TERCEIRA CHAVE
Sinta o coração de Deus, não somente ouça sua voz.
Quanto ao ouvir Deus para sermos usados em profecia,
precisamos aprender algo muito importante: apesar de Ele amar
compartilhar informações com seus filhos, Deus quer que sintamos
seu coração.
Lembre-se de que Deus está à procura de um relacionamento
conosco e, se a única coisa que desejamos dEle é receber
informações, perderemos o foco da profecia e poderemos correr um
grande risco. Vale ressaltar que a profecia nunca está relacionada a
nós nem ao quão bom podemos parecer, tampouco ao quão
maravilhosamente podemos profetizar. A profecia está relacionada
ao fato de Deus comunicar seu coração aos seus filhos.
Eu me lembro de que, no início de nosso casamento, minha
esposa, certa vez, ao conversar comigo, disse: “você não está me
ouvindo”, mas afirmei que estava, repetindo perfeitamente as
últimas frases que ela havia me dito. Contudo, Ela, imediatamente,
afirmou: “mas você não está me ouvindo”.
Ao refletir sobre o que havia acabado de me dizer, admiti que ela
estava correta; eu ouvia as informações que ela me falava, mas não
procurava compreender seu coração. Esse fato mudou a
comunicação em nosso casamento.
Aplicando esse aprendizado à nossa vida com Deus, de igual
modo, sempre devemos tentar sentir o coração de Deus, e não
somente procurar receber informações, seja quais forem.
Certamente, se tentarmos sentir o coração de Deus, seremos
capazes de aprender a ouvir sua voz mais claramente.

QUARTA CHAVE
Foque-se em Deus através de ações de graça e do
louvor.
Muito frequentemente, nos atentamos em simplesmente dizer a
Deus o que precisamos, em vez de estarmos focados nEle
propriamente. A Bíblia diz que o caminho para entrarmos na
presença do Senhor é nos focando nEle. Para isso, precisamos
retirar nosso foco de nós mesmos. Eis a razão pela qual devemos
render graças a Deus sempre que passarmos pelos portões de sua
presença. É justamente através do louvor e da adoração a Deus que
retiramos nossos olhos de nós mesmos, podendo, assim, colocar
todo nosso foco no Senhor.
Entrai pelas suas portas com ação de graças, e em seus
átrios com louvor; dai-lhe graças e bendizei o seu nome.
(Salmo 100:4)
Em minha vida, percebi que se não estiver focado no Senhor,
minha alma e meus sentidos gritam mais alto que meu espírito
interior; quando isso acontece, preciso retirar o foco de mim mesmo
e colocá-lo todo em Deus. Começo louvar e adorar ao Senhor e,
depois, aquieto minha alma e ouço o Espírito do Senhor falando em
meu interior.

QUINTA CHAVE
Ore no Espírito.
A Escritura nos ensina que, ao orarmos em línguas, edificamos a
nós mesmos. O significado desta palavra “edificar”, neste texto, é
“construir a nós mesmos” e, também, pode significar “reparar” ou
“reformar”.
O que fala em língua edifica-se a si mesmo, mas o que
profetiza edifica a igreja. (I Coríntios 14:4)
Quando oramos em línguas, o que todo crente deveria fazer
regularmente, nosso espírito é construído e se torna mais sensível
ao Espírito de Deus em nós. Paulo entendeu isso perfeitamente e,
portanto, orou muito em línguas. “Louvo a Deus pois oro em línguas
mais que todos vocês” (I Coríntios 14:18).
Uma vez que ouvimos de Deus em nosso interior através de
nosso espírito, precisamos nos certificar de que nosso espírito está
sendo, constantemente, construído e edificado. Eu gasto muito mais
tempo orando em línguas que em minha própria língua; isso me
ajuda a mudar o foco de fora para dentro e a aprender a ouvir a voz
de Deus melhor.

SEXTA CHAVE
Gaste tempo para ouvir.
Assim que você terminar suas orações, não saia da presença de
Deus correndo. Aquiete-se e espere seu espírito ouvir Deus falar
com você.
Quando eu era criança, sempre quis ajudar meu pai a consertar
as coisas em casa. Meu pai era um artesão muito habilidoso e podia
consertar tudo. Quando eu o auxiliava, sempre pedia que eu
buscasse alguma ferramenta para ele na garagem.
Como estava sempre com pressa, saía correndo em busca de
algo que mal sabia o que era; eu não dava tempo para meu pai
explicar-me exatamente o que queria nem onde poderia encontrar
as ferramentas que me pedia. Então, voltava frustrado, dizendo que
não havia encontrado nenhuma ferramenta em nossa garagem.
Certa vez, ele me disse que queria dar-me instruções claras e
precisas sobre o que me pedia, mas eu nunca esperava ele concluir
a fala, pois saía em disparada.
Do mesmo modo, muitos crentes saem correndo da presença de
Deus e não esperam Ele dizer-lhes uma só palavra. Muitos oram e,
depois de dizerem tudo, saem em disparada, sem aprenderem a
ouvir a voz e a direção do Senhor para suas vidas.

SÉTIMA CHAVE
Ouça por dentro, e não por fora.
Ouvimos Deus com os ouvidos de nossos corações ou de nosso
espírito. Nossos sentidos são o veículo, pois eles dão expressão
para nosso espírito. Do mesmo modo que precisamos de nossos
sentidos naturais e de nossos corpos para expressarmos amor,
toque, fala, etc. Precisamos de nossos sentidos para expressarmos
nosso espírito. Contudo, o ouvir vem do interior, e é muito
importante entendermos isso.
Algumas pessoas ensinam que devemos dizer tudo o que vem à
nossa mente, pois acreditam que todas essas “vozes interiores” é
Deus falando conosco. Creio que essa crença é muito perigosa, pois
ela abre espaço para ilusão; ela poderia nos levar a acreditar que
tudo o que vem à nossa mente seria Deus falando. Precisamos
considerar nossa mente natural, nossos pensamentos carnais, e,
ainda, as influências demoníacas. Nossa mente é um campo de
batalha, e o diabo tentará ganhar acesso a ela. Todavia, o Espírito
de Deus fala ao nosso espírito e, portanto, precisamos aprender a
ouvi-lo profundamente de nosso interior.
O modo de transportar a revelação será através de nossos
sentidos naturais. Isso acontece claramente através de nossa fala;
liberamos, com nossa boca, uma palavra profética que teve sua
origem em nosso interior, a partir de nosso espírito.
Não podemos nos esquecer de que a revelação deve vir do
Espírito de Deus para o nosso espírito, para a expressarmos,
posteriormente, através de nossos sentidos.
Às vezes, lemos a Bíblia e recebemos dela em nossa mente e
pensamentos, e isso é bom, porque ela é a Palavra de Deus; mas
deveríamos saber quão maravilhosa é a experiência de deixarmos o
Espírito Santo usar a Bíblia para falar profundamente em nosso
espírito primeiramente; nossos pensamentos devem receber a
Palavra posteriormente e, somente então, nossa boca deve declará-
la.
O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, a qual
esquadrinha todo o mais íntimo do coração. (Provérbios
20:27)
Nosso espírito é a lâmpada de Deus dentro de nós; ele está lá
porque Deus o colocou ali. Quando nascemos de novo, nosso
espírito vive e se conecta com Deus. Ele esquadrinha todo interior
de nosso coração. Como disse anteriormente, devemos aprender a
desenvolver a habilidade de ouvir o Espírito de Deus dentro de nós.
Quando Deus começou a me usar em dons de profecia, enfrentei
as mesmas lutas que todas as outras pessoas com quem conversei
enfrentam. O maior problema é saber quem está falando: será Deus
ou serão nossas próprias ideias? À medida em que crescemos no
dom, aprendemos a distinguir entre a voz do Senhor e a voz de
nossos próprios pensamentos. Precisamos crer e não podemos ter
medo de errar; basta pedir a Deus confirmação sobre a voz de
quem, de fato, estamos ouvindo.
Quando comecei neste ministério, estava muito assustado e
sempre em dúvida, todavia, tinha uma grande fome por Deus e
queria ser usado por Ele desesperadamente. Eu jejuava, orava,
clamava e chorava muito; era muito inseguro, mas queria muito ser
usado pelo Senhor no dom da profecia. Constantemente, eu pedia a
Deus para confirmar, em meu espírito, o que de fato ouvia: seria a
voz dEle ou a de mim mesmo?
Muitas vezes, quando Deus me dava uma profecia, eu hesitava e
não a deixava fluir através de mim; quando isso acontecia,
geralmente, uma outra pessoa se levantava e liberava a mesma
profecia. Nessas situações, eu me sentia tão envergonhado de
minha incredulidade e de minha dúvida que decidi, simplesmente,
obedecer a Deus e deixá-lo ensinar-me e me corrigir quando fosse
preciso. Entendi que preferia ser usado pelo Senhor, mesmo se
fosse necessário errar, ser corrigido e me humilhar, a perder a
maravilhosa oportunidade de Deus abençoar as pessoas através da
minha vida.

OITAVA CHAVE
Gaste tempo para desenvolver um profundo
relacionamento com Deus através da oração.
Constantemente me perguntam como aprendi a fluir na profecia e
como aprendi a ouvir Deus. Como disse anteriormente, ouvimos
Deus de nosso interior, com nosso espírito, e não com nossa mente
natural ou carnal. Por causa do ministério para o qual Deus me
chamou, desde criança, sou consciente da existência do mundo
espiritual, como, também, sou muito sensível a ele. Entretanto,
aprender a profetizar e ouvir cuidadosamente o Espírito Santo foram
habilidades que tive de desenvolver. Quando Deus começou a me
dar profecias, sentia-me inseguro, pois muitas vezes não sabia se
era Deus quem falava ou não; eu tinha muito medo e, portanto, não
falava o que Deus havia dito em meu espírito.
Mas eu tinha uma fome profunda para servir a Deus de todo meu
coração e queria ser obediente a Ele, independente do preço que
tivesse de pagar. Eu gastava muito tempo em jejum e em oração;
frequentemente ficava sem comida por longos períodos, até mesmo
50 dias.
Regularmente, eu retirava 3 dias para isolar-me em uma cabana
na montanha ou em algum outro lugar solitário e sem distração,
somente minha Bíblia e minha determinação em aprender a ouvir
Deus.
Eu não levava telefone, computador, e não tinha contato com
mais ninguém. Éramos somente minha Bíblia, Deus e eu; fazia isso
para orar e buscar o Senhor. Eu tinha tanta fome de Deus e
desejava muito ouvi-lo de maneira precisa; não queria ter dúvida
nenhuma de que era Ele quem falava comigo. Foi neste período que
aprendi a desenvolver a habilidade de ouvir Deus em meu espírito.
Vivemos em um mundo agitado e ocupado, um lugar em que as
pessoas não conseguem ficar sem distrações. Este é um dos
grandes impedimentos para os que desejam aprender a ouvir Deus
e a profetizar. Deus fala em nosso espírito, profundamente em
nosso interior, mas se enchemos nossa mente com tanta desordem
e tantas distrações, não conseguimos nos aquietar.
Não há atalhos para se aprender a ouvir Deus. Precisamos nos
aquietar diante dEle e, para isso, é necessário desligar nossos
telefones (não basta deixá-los no modo silencioso), desligar nossos
computadores, fechar a porta de nosso quarto e orar. Devemos
aprender a nos aquietar e, então, desenvolveremos a habilidade de
ouvi-lo de5 nosso interior.
Uma vez ao ano, lidero dois acampamentos para jovens, um na
Polônia e outro na Áustria. Cerca de 100 jovens se reúnem para
terem uma forte experiência com Deus. Por uma semana, não usam
celulares, nem computadores, nem internet e nenhum outro tipo de
eletrônico. Ali, aprendem a colocar de lado tais distrações para
ouvirem o Espírito de Deus do íntimo de seus corações.
Muitas pessoas desejam ser usadas no dom e no ministério
profético, mas não desejam pagar o preço. Procuram encontrar
pregadores e professores da Bíblia para lhes dizer que é muito fácil
profetizar; querem ouvir que basta falar qualquer coisa que lhes vier
à mente. Acho esse ensino sem utilidade alguma e perigoso; por
questões como essa, já vi muitas profecias que não vieram do
Espírito de Deus serem liberadas.
Entendo que vivemos em um mundo onde computadores,
telefones e internet são necessários. Sou grato a Deus por essas
ferramentas maravilhosas nos ajudarem a ser mais eficientes em
nosso trabalho e ministérios. Entretanto, elas são somente
ferramentas e precisam ser usadas como tais. Se quisermos
aprender a habilidade de ouvir Deus, devemos saber que esta vem
de nosso espírito, e nunca de nossa mente carnal ou de fonte ainda
pior, como influências demoníacas.

NONA CHAVE
Peça a Deus para limpar seu coração diariamente.
Esta tem sido minha oração desde minha adolescência. Sempre
pedi a Deus para sondar meu coração e para limpar-me de qualquer
motivação egoísta ou ambiciosa. Se tivermos motivações desse
tipo, não seremos capazes de ouvir Deus claramente, porque
“filtramos” aquilo que Deus nos diz através de nossos desejos.
Todavia, precisamos nos render a Ele e compreender que o desejo
mais profundo de nosso coração deve ser a vontade dEle, e não a
nossa. Devemos orar diariamente: “Senhor, seja feita sua vontade”.
Espero que todos estejam conscientes de que, se ouvirmos Deus
motivados por nosso egoísmo ou por nossos desejos impuros, o
dom profético nunca será puro, nem dentro nem através de nós.
Portanto, convido a todos os que desejam profetizar a fazer desta,
sua oração diária:
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me,
e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim
algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno.
(Salmo 139:23-24)

DÉCIMA CHAVE
Faça perguntas para Deus.
Desenvolva um relacionamento íntimo com Deus. Antes de tudo,
Ele é nosso Pai, e nós somos seus filhos. Se os pais naturais amam
se comunicar com seus filhos, tanto mais Deus, nosso Pai celestial,
ama se comunicar conosco.
Em seu devocional diário de leitura e de oração, depois de fazer
perguntas para Deus, sente-se em silêncio e espere Ele falar com
você. Escreva tudo em um diário e aprenda a ouvir a voz dEle.
Eu escrevo minhas perguntas para Deus diariamente e, depois,
gasto tempo para ouvir e escrever aquilo que acredito ser a voz de
Deus falando comigo.
Se você fizer isto regularmente, com certeza, aprenderá a
distinguir entre a voz de Deus e a voz de seus próprios
pensamentos. Lembre-se de que a vida cristã não é feita de
conhecimento somente, mas, também, de experiência.
Quando escrevemos em nosso diário e acompanhamos o
desenvolvimento das experiências que escrevemos nele, nos
tornamos capazes de perceber e de discernir os momentos em que
escrevemos segundo nossos desejos e pensamentos dos
momentos que escrevemos segundo os desejos e pensamentos de
Deus; esta sistematização diária nos permitirá aprender a ver tal
diferença.

DÉCIMA-PRIMEIRA CHAVE
Permaneça buscando a Deus.
Deus irá falar conosco independente daquilo que Ele realmente
deseja falar. Às vezes, Ele nos irá responder em parte, e não tudo o
que desejávamos ouvir. Ele faz isso porque deseja estabelecer um
relacionamento conosco e sempre nos levará a buscá-lo mais.
Deus irá tentar fazer qualquer coisa para nos atrair a um
relacionamento íntimo com Ele. Portanto, precisamos ter a atitude
persistente de Jacó quando ele lutou com Deus. Vamos ler o texto
de Gênesis 32:24-26 e observar tal atitude:
Jacó, porém, ficou só; e lutava com ele um homem até o
romper do dia. Quando este viu que não prevalecia
contra ele, tocou-lhe a juntura da coxa, e se deslocou a
juntura da coxa de Jacó, enquanto lutava com ele. Disse
o homem: Deixa-me ir, porque já vem rompendo o dia.
Jacó, porém, respondeu: Não te deixarei ir, se me não
abençoares. (Gênesis 32:24-26)
Deus ama ver seus filhos persistindo para estarem mais íntimos
dEle. Lembre-se de que quando o Senhor lhe der somente parte de
uma resposta daquilo que você está clamando, é porque Ele deseja
que você continue a buscá-lo com todo seu coração.
5 Geralmente, em português usaríamos a preposição “em”, e não
a preposição “de”, como usado nessa frase. Todavia, em inglês, o
autor usou a expressão “from” (de, em português) e, por permitir
outra compreensão, mantivemos conforme escrito na língua original.
Caso fizéssemos uma adaptação à frase, teríamos de escrevê-la da
seguinte forma: “[...] desenvolvermos a habilidade de ouvi-lo em
nosso interior”.
7
M D
Aprendemos que Deus fala em nosso espírito, mas como Ele fala?
Deus fala de várias maneiras diferentes. Muito frequentemente,
limitamos o Senhor esperando que Ele fale somente de uma
maneira. Todavia, é necessário estarmos certos de que, mesmo
ouvindo Deus com nosso espírito, Ele usa diferentes maneiras para
falar conosco.
Quando eu era adolescente, um pregador em minha Igreja
ministrou sobre o profeta Elias. Ele disse que quando Deus falou
com Elias em 1 Reis 19:1-15, houve uma tempestade, um terremoto
e um fogo, mas Deus não estava em nenhum desses três
fenômenos. Depois de tudo isso, veio uma voz mansa e delicada, e
esta era a voz de Deus que falou com Elias.
O pregador continuou dizendo que se quiséssemos ouvir Deus,
deveríamos ouvir aquela voz mansa e delicada, pois essa era a
única maneira de Deus falar com seus filhos. Por muitos anos, eu cri
que aquilo era a verdade e que Deus não falava de outra maneira.
Ao estudar a Bíblia, descobri que Deus fala de maneiras diversas.
A Escritura diz que, às vezes, quando Deus fala, há muito barulho.
Ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões,
relâmpagos, e uma nuvem espessa sobre o monte; e
ouviu-se um sonido de buzina mui forte, de maneira que
todo o povo que estava no arraial estremeceu. E Moisés
levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e
puseram-se ao pé do monte. Nisso todo o monte Sinai
fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e
a fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha, e todo o
monte tremia fortemente. E, crescendo o sonido da
buzina cada vez mais, Moisés falava, e Deus lhe
respondia por uma voz. (Êxodo 19:16-19)
A Escritura também diz que Deus fala através de sonhos e de
visões. Para algumas pessoas, Deus fala através de sentimentos
internos, enquanto para outras, Ele fala através de visões; o fato é
que Deus fala diferentemente com cada um de seus filhos.
Independente do modo que Deus escolhe falar, a Bíblia sempre
deverá ser nosso guia imutável. Qualquer coisa que contradisser o
que Deus escreveu claramente em sua Palavra deverá ser rejeitado.
Através dessas passagens, quero deixar claro que o Senhor é um
Deus falante, e precisamos de ouvidos para ouvi-lo. Jesus disse:
“Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mateus 4:23).
É preciso estarmos certos de que temos ouvidos espirituais e
naturais, do mesmo modo que temos olhos naturais e espirituais. Se
somente ouvirmos e vermos o natural ou se entendemos tudo sob
uma perspectiva natural, perderemos a voz de Deus
frequentemente, como aconteceu com o povo de Israel nos tempos
de Jesus.
Porque o coração deste povo se endureceu, e com os
ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para
que não vejam com os olhos, nem ouçam com os
ouvidos, nem entendam com o coração, nem se
convertam, e eu os cure. (Mateus 13:15)
Uma vez que o ato de profetizar exige, primeiramente, ouvir o que
Deus está dizendo, para posteriormente falar exatamente o que Ele
disse, precisamos aprender sobre a importância de desenvolver a
habilidade de ouvir Deus.
Vamos tomar, por analogia, as ondas de rádio e seus receptores.
Se compreendemos o funcionamento dessas ondas, sabemos que
em todos os lugares em que formos haverá ondas de rádio, mas
não podemos ouvi-las livremente; somente conseguiremos ouvir
determinada onda se tivermos um receptor sintonizado com a
estação correta.
Do mesmo modo, se desejamos ouvir a voz de Deus, precisamos
ter nosso receptor espiritual (ouvidos espirituais) sintonizado com
Ele, por isso, precisamos aprender a sintonizar nossos ouvidos na
frequência precisa e correta, que é a voz de Deus.
Aqui há algumas maneiras pelas quais Deus fala (estas não são
as únicas, mas creio que são as mais comuns).

1. A BÍBLIA
Nunca deveríamos ler a Bíblia sem pedir ao Espírito Santo para
falar conosco. A Bíblia não foi escrita para se obter informações
dela; mas para que Deus pudesse falar conosco através dela.
Quando lemos a Bíblia, devemos aquietar nossos corações e pedir
para o Espírito Santo falar conosco. Nunca leio a Bíblia pelas
informações nela contidas, mas a leio pela revelação espiritual; leio
este livro de Deus para ouvir o Senhor falar ao meu coração através
das palavras escritas ali. Todos os dias, antes de abrir a Bíblia, peço
para o Espírito Santo falar ao meu coração; falo para Ele que não
estarei satisfeito até ouvi-lo falar comigo. Leio, medito e ouço a voz
interior do Espírito Santo falando comigo através da Bíblia. Esta
também é uma boa maneira de conhecer a voz de Deus.

2. UM SENTIMENTO INTERIOR
Todos fomos feitos diferentemente e todos sentimos as coisas de
modo diferente. Muitas vezes, temos um sentimento de perigo em
relação a uma determinada decisão a ser tomada, o que pode ser
Deus falando conosco ou não. Ao crescermos em Deus e ao
aprendermos a ouvi-lo melhor, compreenderemos tais sentimentos
mais precisamente e seremos capazes de discernir quando são de
Deus ou quando são de nossa própria alma. Aprendi que muitas
vezes Deus fala comigo através de meus sentimentos e já fui
protegido de muitos perigos por ouvi-los.
Não podemos nos esquecer de que a voz de Deus é percebida
pelo nosso espírito e não pela nossa mente. Isso explica o fato de
termos uma paz inexplicável, muitas vezes, mesmo frente à tomada
de decisões completamente sem sentido às nossas mentes. Parece-
nos que, de certa forma, sabemos que deveríamos fazer tal coisa
em particular, mesmo que as circunstâncias, que as pessoas e que
nossa própria mente falem o oposto.
É claro que precisamos entender que não é em todo sentimento
que Deus esteja falando conosco; precisamos nos certificar de que
não nos enganamos com nossas emoções impuras, nossos medos
e nossas feridas não tratadas, pensando que elas sejam a voz de
Deus. Mas ao desenvolvermos a habilidade de ouvir Deus,
perceberemos que, frequentemente, Ele fala conosco através de
sentimentos interiores.

3. UMA VOZ INTERIOR


Uma voz interior é como um pensamento que nos ocorre, mas
tais “pensamentos” originam em nosso espírito, e não em nossa
mente. Geralmente, estão totalmente desvinculados a respeito de
qualquer coisa que estejamos pensando. Muitas vezes, essa voz
interna interrompe nossos pensamentos e ressoa em nosso espírito.
Muitos cristãos recebem palavras proféticas desse modo, mas em
vez de falá-las em fé, eles permitem suas mentes e pensamentos
assumirem o controle, permitindo ficarem cheios de dúvida e de
medo. Lembre-se de que falamos profeticamente a partir de nosso
espírito, e não a partir de nossa mente.
Se alguém for atacado pela dúvida e abrir espaço para ouvir sua
voz, tal pessoa correrá um sério risco de racionalizá-la. Quando isso
acontece, o medo toma conta do crente e, portanto, ele perde uma
oportunidade singular de abençoar alguém através de uma palavra
profética liberada. É importante nos lembrar de que o Espírito de
Deus vive dentro de todo crente e, do interior, Ele fala com seus
amados; é certo que não se deve acreditar que todos os
pensamentos do interior vêm de Deus, mas é verdade que Ele fala
com seus filhos.
Devemos aprender a aquietar nossos pensamentos e pedir a
Deus para falar conosco; assim, com o tempo, seremos capazes de
distinguir quando a voz do interior vem de nosso espírito ou vem de
nossa própria mente.

4. CIRCUNSTÂNCIAS
Em Números 22 e 23, lemos a história do profeta Balaão, a quem
um rei ímpio pediu para amaldiçoar o povo de Israel. Deus deixou
claro que aquele profeta não deveria atender a tal pedido, mas
Balaão tentou persuadir Deus e, mesmo não conseguindo, numa
atitude rebelde, deu continuidade ao plano de amaldiçoar os
israelitas.
Quando o anjo do Senhor se pôs de pé em seu caminho, o
jumento pressionou Balaão contra a parede. Através dessas
circunstâncias, Deus tentou falar com Balaão. Mas, ao invés de
reconhecer nelas a voz de Deus, ele bateu no animal.
Deus usa diferentes circunstâncias para falar conosco.
Precisamos ter ouvidos para ouvir o que Deus está dizendo através
de nossas circunstâncias, em vez de lutar contra elas ou de culpar
pessoas pelas coisas “erradas” que têm nos acontecido. No fim de
tudo, o anjo disse ao profeta que o jumento havia salvado sua vida.
Quando suas circunstâncias não caminham por onde você
gostaria que caminhassem, não reaja, somente gaste tempo
perguntando a Deus se Ele está usando tais circunstâncias para
falar com você ou para, também, fazer com que você volte sua
atenção para Ele.

5. VISÕES
Há diferentes níveis de visões. Algumas são meras impressões
de luz tidas pelos olhos de nossa mente. É como se víssemos,
vagamente, imagens mentais ou tivéssemos impressões imagéticas.
Descobri que pessoas muito criativas recebem profecias de Deus
desta forma. Minha esposa, por exemplo, é muito criativa e vem de
várias gerações de artistas; a maior parte das palavras proféticas
que ela recebe vem através de imagens, de visões ou de
impressões desse tipo.
Eu, diferente de minha esposa, não tenho nenhum talento
criativo, portanto, Deus raramente fala comigo em visões. Às vezes,
Ele as usa para falar comigo, mas isso não ocorre com muita
frequência. Todavia, creio que precisamos aprender a ouvir Deus
nos muitos modos que Ele fala, caso contrário, corremos o risco de
perder aquilo que Ele tem a nos dizer.
Na semana passada, orava com alguns amigos queridos, quando
uma senhora que estava ali conosco compartilhou uma visão
profética sobre mim que Deus havia dado a ela. Depois que ela
compartilhou, o pastor que orava conosco disse que ele havia tido a
mesma visão, contudo estava um tanto hesitante em compartilhá-la
comigo, até ouvir o que aquela senhora dizia. Ele não havia falado a
visão para mim, porque estava inseguro.
Eu disse para ele que havia estado em algumas reuniões naquela
manhã e, nelas, diferentes pessoas quiseram orar por mim. Uma
senhora, naquela manhã, havia tido a mesma visão. Tudo foi muito
importante para mim. Deus realmente queria que eu ouvisse o que
ouvi, mas aquele pastor duvidou do que via, pois julgou sua visão
pela simplicidade dela.
Deus fala de forma simples, mas também pode falar de maneira
mais complexa. Ele usa de simples imagens ou impressões, mas o
Senhor também usa de “visões abertas” para se comunicar
conosco. Essas são o que chamamos de visão de alto nível;
algumas pessoas as chamam de “transes”. Já tive desse tipo de
visão em algumas ocasiões.
Em uma visão aberta, a pessoa geralmente permanece com os
olhos abertos, tendo a visão como se tudo tivesse acontecendo em
vida real ou como se assistisse a um filme. Deus geralmente fala
através de uma visão aberta quando Ele tem algo muito importante
para ser falado.
Pedro teve uma visão aberta que o levou a pregar para os
gentios, como narrada no livro de Atos dos apóstolos.
No dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já
perto da cidade, subiu Pedro ao eirado para orar, cerca
de hora sexta. E tendo fome, quis comer; mas enquanto
lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase, e via
o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um
grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre
a terra, no qual havia de todos os quadrúpedes e répteis
da terra e aves do céu. E uma voz lhe disse: Levanta-te,
Pedro, mata e come. Mas Pedro respondeu: De modo
nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma
comum e imunda. Pela segunda vez lhe falou a voz: Não
chames tu comum ao que Deus purificou. Sucedeu isto
por três vezes; e logo foi o objeto recolhido ao céu.
Enquanto Pedro refletia, perplexo, sobre o que seria a
visão que tivera, eis que os homens enviados por
Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam
à porta. E, chamando, indagavam se ali estava
hospedado Simão, que tinha por sobrenome Pedro.
Estando Pedro ainda a meditar sobre a visão, o Espírito
lhe disse: Eis que dois homens te procuram. Levanta-te,
pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu
tos enviei. (Atos 10:9-20)

6. SONHOS
Ao lermos a Bíblia, podemos ver que o Senhor sempre fala
através de sonhos. Deus pode falar através de sonhos em símbolos
que precisam ser interpretados ou Ele pode falar, claramente,
através de uma mensagem direta como fez com José, esposo de
Maria.
E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu
um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não
temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se
gerou é do Espírito Santo. (Mateus 1:20)
Ora, sendo por divina revelação avisados em sonhos
para não voltarem a Herodes, regressaram à sua terra
por outro caminho. (Mateus 2:12)
E, havendo eles se retirado, eis que um anjo do Senhor
apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o
menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu
te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o
matar. (Mateus 2:13)
Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do Senhor
apareceu em sonho a José no Egito. (Mateus 2:19)
Ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judeia em
lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas avisado
em sonho por divina revelação, retirou-se para as regiões
da Galiléia. (Mateus 2:22)
Todavia, precisamos ter cautela e não devemos acreditar que
todo sonho vem de Deus. Os sonhos podem vir de várias fontes
como: medos, dificuldades emocionais, feridas não tratadas e não
curadas. A Bíblia nos diz em Eclesiastes que há muitas fontes
naturais para um sonho: “Porque da muita ocupação vêm os
sonhos” (Eclesiastes 5:3).
Como Deus fala de todas as outras maneiras, precisamos
aprender a ouvir nosso espírito, e não somente a voz que fala
conosco. Já estive envolvido na interpretação profética de sonhos e
aprendi a ouvir Deus quando Ele fala comigo em sonhos, o que me
acontece frequentemente.
Todas as noites ao ir para cama, oro antes de dormir. Sempre falo
para Ele que meu corpo precisa dormir, mas sei que Deus nunca
dorme. Então, peço para Ele falar comigo à noite através de um
sonho, e Ele geralmente fala.
Costumo escrever meus sonhos em um diário e oro sobre eles
para poder interpretá-los. Gostaria de ressaltar e deixar uma
advertência: quando Deus nos dá um sonho simbólico que precisa
ser interpretado, não dependa de um guia cristão de sonhos para
decifrá-lo.
Compreendo que um livro pode ser uma ferramenta importante,
mas a interpretação deve vir do Espírito Santo de Deus. Se o sonho
vier sobrenaturalmente por revelação, sua interpretação deve vir
pelo mesmo caminho, ou seja, deve vir de Deus por revelação. É
isso que José disse quando os prisioneiros contaram os seus
sonhos para ele.
Responderam-lhe: Tivemos um sonho e ninguém há que
o interprete. Pelo que lhes disse José: Porventura não
pertencem a Deus as interpretações? Contai-mo, peço-
vos. (Gênesis 40:8)

7. ATRAVÉS DE OUTRAS PESSOAS


Às vezes, podemos estar orando por alguma coisa específica e,
então, alguém pode vir até nós e dizer algo aleatório que responda
exatamente às questões postas diante de Deus; naquele momento,
sabemos que o Senhor acabou de falar conosco por nos dar uma
resposta.
Outras vezes, ligaremos o rádio e uma canção ou palavras do
apresentador de um programa falará em cheio aos nossos
corações; outra vez, saberemos que é a voz de Deus.
Podemos ouvir um sermão e termos a impressão de que o
pregador está falando somente e diretamente para nós. Deus usará
nossos líderes para falar conosco, se simplesmente pudermos abrir
nossos ouvidos e ouvir Deus falar através deles. Não é tudo o que
as pessoas dizem para nós que seja Deus falando através delas, é
claro. Todavia, corremos o risco de nos acostumarmos tanto uns
com os outros que perdemos a voz de Deus na boca de pessoas
próximas de nós, fato que, frequentemente, acontece entre os
casais.

8. NOSSOS SENTIDOS NATURAIS


Deus também fala conosco através de nossos sentidos naturais.
Posso contar o que aconteceu a um de meus amigos que voava
para pregar em outra cidade. No avião, de repente, ele sentiu um
forte cheiro de laranjas frescas. Ele olhou ao redor e não viu
ninguém com uma laranja ou com suco de laranja nas mãos. Porque
ele havia aprendido a ouvir a voz de Deus, ele percebeu que deveria
ser o Senhor falando com ele.
Ele, então, perguntou ao Pai o que era e Deus disse que o pastor
da Igreja em que ele iria pregar ficaria muito doente, e os médicos
não encontrariam o problema.
Deus mostrou ao meu amigo que a fonte da doença era uma
deficiência séria de vitamina C. Isso foi confirmado quando meu
amigo contou para o pastor o que Deus havia revelado para ele.
Através de uma percepção dos sentidos naturais, Deus usou esse
amigo meu para trazer cura àquele jovem pastor.
É importante compreendermos que Deus pode usar nossos
sentidos naturais para falar conosco, mas precisamos abrir nosso
coração e receber a mensagem de Deus em nosso espírito. Você
pode entrar em uma reunião se sentindo bem e, de repente, uma
forte dor pode começar em qualquer parte do seu corpo,
repentinamente e sem razão alguma. Este é um dos meios que o
Senhor pode dizer a você que Ele deseja curar alguém com a
mesma dor ou doença. Se isso acontecer, ore e escute o Senhor em
seu espírito.

9. VISITAÇÕES DE JESUS
Já ouvi muitos testemunhos sobre muçulmanos que foram salvos
por terem recebido uma visita pessoal de Jesus. Uma visitação do
Senhor acontece quando Ele próprio aparece para nós. Pode ser
em um sonho, em uma transe ou em uma aparição literal. Isso
somente mostra o desejo de Deus em falar conosco.

10. VISITAÇÃO DE ANJOS


A Bíblia registra muitas instâncias de visitações de anjos tanto no
Velho quanto no Novo Testamento. Muitas vezes, esses anjos têm o
propósito de trazer uma mensagem de Deus para o povo. Às vezes,
eles têm um trabalho a fazer, mas, frequentemente, só entregam
uma mensagem. Encontrei 280 referências sobre anjos na Bíblia,
sendo 178 somente no Novo Testamento. Eis algumas delas:
Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita
do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e
o temor o assaltou. Mas o anjo lhe disse: Não temais,
Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua
mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de
João; e terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão
com o seu nascimento; porque ele será grande diante do
Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio
do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;
converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu
Deus; irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para
converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes
à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor
um povo apercebido. (Lucas 1:11-17)
Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a
uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem
desposada com um varão cujo nome era José, da casa
de Davi; e o nome da virgem era Maria. E, entrando o
anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é
contigo. (Lucas 1:26-28)
Mas um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-
te, e vai em direção do sul pelo caminho que desce de
Jerusalém a Gaza, o qual está deserto. (Atos 8:26)
Cerca da hora nona do dia, viu claramente em visão um
anjo de Deus, que se dirigia para ele e lhe dizia: Cornélio!
Este, fitando nele os olhos e atemorizado, perguntou:
Que é, Senhor? O anjo respondeu-lhe: As tuas orações e
as tuas esmolas têm subido para memória diante de
Deus. (Atos 10:3-4)
Os anjos não devem ser adorados, pois somente Deus é digno de
adoração. Não devemos buscar a aparição de anjos, devemos
sempre buscar Deus que é nosso Pai celestial e que nos deu,
através de Jesus Cristo, livre acesso a Ele. Já tive vários encontros
com anjos, mas o mais importante não é fazer dos anjos ou de suas
aparições o centro de nosso foco, pois somente o Senhor Jesus
deve ocupar nossa atenção.

11. A VOZ AUDÍVEL DE DEUS


Em minha compreensão, se Deus escolheu falar com você
através de sua voz audível, isso aconteceu para prepará-lo para
uma tarefa maior com possibilidade de oposição à frente. Ouvi Deus
falar audivelmente uma só vez. Não foi agradável; foi uma
experiência assustadora, porém, muito necessária, pois o trabalho
que Ele tinha para mim teria muita oposição e um alto preço a
pagar.
E vendo o Senhor que ele se virara para ver, chamou-o
do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés! Respondeu
ele: Eis-me aqui.
(Êxodo 3:4)
Quando Moisés foi para a tenda da congregação falar com o
Senhor, ele ouviu a voz de alguém falando com ele de cima do
propiciatório em que estava a Arca do Testemunho; Ele falou com
Moisés de entre os dois querubins, vejamos:
Quando Moisés entrava na tenda da revelação para falar
com o Senhor, ouvia a voz que lhe falava de cima do
propiciatório, que está sobre a arca do testemunho entre
os dois querubins; assim ele lhe falava. Disse mais o
Senhor a Moisés: Fala a Arão, e dize-lhe: Quando
acenderes as lâmpadas, as sete lâmpadas alumiarão o
espaço em frente do candelabro. (Números 7:89 - 8:2)
E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo. (Mateus 3:17)
No dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já
perto da cidade, subiu Pedro ao eirado para orar, cerca
de hora sexta. E tendo fome, quis comer; mas enquanto
lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase, e via
o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um
grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre
a terra, no qual havia de todos os quadrúpedes e répteis
da terra e aves do céu. E uma voz lhe disse: Levanta-te,
Pedro, mata e come. Mas Pedro respondeu: De modo
nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma
comum e imunda. Pela segunda vez lhe falou a voz: Não
chames tu comum ao que Deus purificou. (Atos 10:9-15)
E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo,
Saulo, por que me persegues? (Atos 9:4)
Independente do modo como Deus escolher falar com você, o
importante é que Ele fale. Não deveríamos buscar uma maneira em
detrimento da outra, mas sempre ter o coração aberto para ouvir o
que Ele deseja falar conosco. Nestas páginas, desejei mostrar e
deixar claro que nosso Senhor é um Deus falante.
8
O

Lembre-se de que falamos sobre a voz de Deus na alegoria das


ondas de rádio? Pois bem, precisamos aprender a nos sintonizar em
sua voz, em vez de ficar tentando convencer Deus de que Ele
deveria falar.
É importante termos nossos ouvidos espirituais abertos, mas
precisamos compreender sobre a existência de certas coisas que
podem nos impedir de nos sintonizar claramente em Deus ou, ainda,
de desenvolvermos a habilidade de ouvi-lo. São vários esses
obstáculos, mas deixo aqui alguns dos maiores e mais comuns que
encontrei:

1. CRER NA MENTIRA DE NÃO SER ESPECIAL O BASTANTE


PARA OUVIR DE DEUS
Muitas pessoas, por várias razões, sentem-se inseguras e não
acreditam que são dignas o bastante para Deus falar com elas. Uma
vez que recebemos de Deus todas as coisas pela fé, não podemos
ouvi-lo se nossos corações estiverem cheios de incredulidade.
É urgente acreditar que cada crente, individualmente, é especial
para Deus. Somos seus filhos amados, por quem Jesus sacrificou
sua própria vida. Você poderia imaginar um pai que somente fala
com alguns de seus filhos? Você poderia imaginar um pai que fala
somente com aqueles a quem escolheu especialmente, enquanto o
resto dos filhos precisa descobrir o que ele está falando através
dessas pessoas especiais? Que tipo de pai seria esse? Nenhum pai
descente faria coisas como essas. Será que nosso Pai celestial faria
isso? Ele ama conversar com todos os seus filhos, e não tem
privilegiados.
Ora, daqueles que pareciam ser alguma coisa (quais
outrora tenham sido, nada me importa; Deus não aceita a
aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser
alguma coisa, nada me acrescentaram. (Gálatas 2:6)

2. COMPARAR-SE COM OUTRAS PESSOAS


É comum as pessoas se compararem a um profeta experiente ou
a pessoas que profetizam há anos. Se não conseguirem profetizar
tão bem, então, muitos se sentem inferiores e desencorajados. Isso
é muito doentio!
Deus fez todos nós únicos e diferentes. Em nosso crescimento
espiritual, somos todos diferentes quanto aos estágios de
maturidade; entretanto, nunca é sábio nos comparar com outros. Se
agirmos assim, deixaremos de ouvir a voz de Deus muitas vezes,
porque estaremos na expectativa de tê-lo falando conosco do
mesmo modo como Ele fala com outros mais experientes.
Contudo, Deus não faz isso; Ele fala de diferentes maneiras com
pessoas diferentes. Ele está à procura de um relacionamento
conosco e deseja que desenvolvamos a habilidade de ouvi-lo bem,
pois Ele quer se comunicar com todos os seus filhos.
Ressalto que, mesmo em um relacionamento humano, a
comunicação é desenvolvida com o tempo. Quanto mais crescemos
em Deus, tanto mais aprendemos a ouvir e a distinguir sua voz.
Muitas pessoas acreditam que elas têm de profetizar exatamente
como profetizo, mensurando suas vidas à minha. Esta não é uma
atitude saudável. Deus fez todos nós únicos e individuais. Ele é um
Deus de criatividade incrível. Deus não deseja que sejamos clones
um do outro.

3. MEDO DE NÃO PODER OUVI-LO


O medo é o oposto da fé. Ter um coração cheio de medo nos
impede ouvir Deus corretamente, e isso torna mais difícil de ouvi-lo,
porque nossos ouvidos espirituais se fecham para ouvir sua voz.
Quando chegamos a Deus, temos que nos aproximar dEle sem
medo algum em nossos corações. Quando Jesus morreu, o véu do
Templo se rasgou para nos mostrar que o caminho para Deus está
aberto para todos. Podemos nos achegar corajosamente ao seu
trono de graça.
Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho
de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente
a nossa confissão. Porque não temos um sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois,
confiadamente ao trono da graça, para que recebamos
misericórdia e achemos graça, a fim de sermos
socorridos no momento oportuno. (Hebreus 4:14-16)
Ao aprendermos a discernir melhor sua voz, ainda cometeremos
erros, pois somos humanos, todavia, isso não pode nos causar
medo. Uma vez que permanecemos ensináveis e andamos em
humildade, os erros nos ajudam a crescer e a amadurecer em Deus.
O medo nos afastará de aproximarmos de Deus e, portanto,
teremos dificuldades em ouvi-lo.

4. FALTA DE CONFIANÇA
É comum Deus falar coisas muito simples para nós. Precisamos
confiar que mesmo sendo simples, isso é tudo o que Ele quer dizer.
Muitas pessoas acham difícil confiar em Deus quando Ele escolhe
falar coisas simples e básicas. Confiar em Deus significa desistir de
controlar e permitir que Ele decida o que e quando Ele quer falar.
Certa vez, Deus deu a uma senhora que conheço uma profecia
para ser liberada na vida de outra mulher, desconhecida por ela. A
profecia era simplesmente que Deus amava aquela mulher muito,
muito, muitíssimo. A mente e a emoção daquela senhora resistiram
aquela profecia por ela ser muito simples, então, ela decidiu não
liberá-la.
Por essa razão, o Senhor usou outro profeta para repreendê-la e,
quando isso aconteceu, aquela mulher entregou a profecia, mesmo
sendo tão simples, à desconhecida e, literalmente, a profecia salvou
a vida daquela que a recebeu.
Aconteceu que a senhora desconhecida passava pela pior das
circunstâncias e, naquele dia, havia decidido se matar. Ela havia ido
àquela Igreja e dito: “Deus, eu não tenho a certeza de que o Senhor
me ama. Se o Senhor não me disser especificamente e claramente
que me ama muito, muito, muitíssimo, me matarei ao voltar para
casa.” Tal mulher estava numa situação desesperadora, e aquela
simples palavra profética, liberada em obediência, salvou sua vida
de uma pessoa em desespero.

5. NÃO RETIRAR TEMPO PARA SE AQUIETAR NEM


REMOVER DISTRAÇÕES DE NOSSA VIDA
Como mencionado anteriormente, este é um assunto importante
no processo de se aprender a ouvir Deus. Como podemos esperar
ouvir o Senhor sem tirar tempo para trabalharmos a arte da
comunicação que implica num diálogo, e não num monólogo?
Já encontrei cristãos que são como adolescentes, que vêm aos
pais somente para ganhar as coisas que querem, mas não estão
dispostos a ouvir nem o conselho nem o coração de seus pais.
Atitudes assim entristecem o coração de Deus. Ele não deseja que
o usemos para termos informações nem para conseguirmos as
coisas que podemos ganhar dEle; Ele, sinceramente, deseja andar
em relacionamento íntimo conosco. Isso significa que Ele não quer
que somente falemos com Ele, mas deseja que possamos ser
capazes de ouvir aquilo que Ele quer dizer.
Hoje, há muitos aparelhos e avanços tecnológicos como iPads,
iPods, iPhones e Facebook. Tudo isso faz a nossa vida se tornar
mais fácil e mais eficiente. Entretanto, tornam-se distrações que nos
impedem ouvir o Senhor. Precisamos aprender a nos afastar desses
aparelhos e tecnologias sempre que buscarmos a Deus. É
importante usarmos o botão de desligar presente em cada um
desses aparatos tecnológicos. O fato é que eles nos retiram a paz e
muitas vezes nos impedem de aquietar nosso coração diante do
Pai. Precisamos nos tranquilizar na presença do Senhor, colocando
toda distração e ocupação à espera, para buscarmos a face de
Deus de todo coração, conversando com Ele abertamente e ouvindo
sua voz intimamente.

TRÊS SALVAGUARDAS
Estas três salvaguardas que encontrei são muito úteis em minha
caminhada com o Senhor; elas são parte da orientação do Senhor
para o desenvolvimento da minha habilidade de ouvir sua voz
melhor.

1. UMA FORTE RELAÇÃO COM A PALAVRA DE DEUS


A Bíblia é a infalível Palavra de Deus. Mesmo que tudo mude, ela
nunca muda. A Bíblia resistiu o teste do tempo há milhares de anos.
Devemos amá-la, valorizá-la, estudá-la e lê-la regularmente. Um
forte relacionamento com a Bíblia irá nos proteger de palavras
proféticas falsas e estranhas. A Bíblia diz que o céu e a terra
passarão, mas as palavras do Senhor nunca passarão.
O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não
hão de passar. (Mateus 24:35)
Se soubermos o que Deus diz em sua Palavra, não seremos
enganados facilmente.

2. UM FORTE RELACIONAMENTO COM A IGREJA


A Bíblia fala muito sobre o corpo de Cristo. Nenhum membro
pode sobreviver isoladamente em seu próprio mundo; ele somente
pode prosperar se estiver conectado ao corpo de Cristo. Se
vivermos nossas vidas espiritualmente isolados, estaremos
inclinados à decepção que o inimigo trará para nossas vidas.
Devemos aprender a andar num relacionamento de aliança com as
pessoas que Deus colocou em nossas vidas. Ser um membro
comprometido com uma responsabilidade saudável nos protegerá
de ouvir e de profetizar “coisas estranhas”. Não devemos nos
satisfazer em ir ao prédio da Igreja uma vez por semana, nem de
nos encontrar com nossos irmãos somente ali. Precisamos estar
conectados uns com os outros através das células e, também,
precisamos de fortes relacionamentos com nossos irmãos e irmãs
em Cristo.
Muitos crentes que não estão conectados com uma Igreja local
me disseram que têm um forte relacionamento com Jesus, que é o
cabeça da Igreja; portanto, afirmam que não precisam estar
conectados com outras pessoas. Mas a Bíblia ensina claramente
que somos todos diferentes membros do corpo e só podemos estar
conectados em Jesus, a cabeça, se estivermos ligados uns aos
outros.
O fato é que precisamos uns dos outros, pois isso nos ajudará a
crescer e a ser guardados em segurança. Afinal, como a mão pode
se conectar à cabeça sem que, primeiramente, esteja conectada ao
braço, ao ombro e ao pescoço?
Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos
membros, e todos os membros do corpo, embora muitos,
formam um só corpo, assim também é Cristo. Pois em
um só Espírito fomos todos nós batizados em um só
corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer
livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito.
Porque também o corpo não é um membro, mas muitos.
Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo;
nem por isso deixará de ser do corpo. E se a orelha
disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por
isso deixará de ser do corpo. Se o corpo todo fosse olho,
onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde
estaria o olfato? Mas agora Deus colocou os membros no
corpo, cada um deles como quis. (I Coríntios 12:12-18)

3. UM ESPÍRITO ENSINÁVEL
Um espírito não ensinável é o que a Bíblia chama de orgulho.
Deus resiste o orgulhoso, mas dá graça ao humilde.
Semelhantemente vós, os mais moços, sede sujeitos aos
mais velhos. E cingi-vos todos de humildade uns para
com os outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas
dá graça aos humildes. (1 Pedro 5:5)
Devemos sempre desejar ser corrigidos. Devemos entender que
não importa o quão íntimo caminhamos com Deus e não importa o
quão incrível seja a revelação recebida, apesar de tudo isso, ainda
somos seres humanos falíveis.
Não devemos desejar ser corrigidos somente por Deus, mas,
também, pelas pessoas que Deus colocou em nossas vidas. Esta é
uma salvaguarda importante contra os erros na profecia.
Ao desenvolvermos nosso relacionamento com Deus e ao
aprendermos a ouvi-lo melhor, descobriremos que Ele é um Deus
falante. Ele ama estar envolvido em cada aspecto de nossas vidas,
e ama conversar conosco. Deixe-me advertir meus leitores aqui: “O
que Deus falar com você pessoalmente não é para ser usado como
uma doutrina, mas para ser aplicado em sua vida somente”. Isso
não é uma coisa que você precisa compartilhar com outros
membros do corpo de Cristo. A doutrina deve vir da Bíblia, e não de
experiências pessoais de se ouvir Deus.
9
O V
T
Um erro muito comum, que encontro regularmente, é que quando
as pessoas falam sobre o ministério profético, eles o entendem a
partir de suas implicações no Antigo Testamento. Isso é tão comum
que ainda continua me surpreendendo. Tenho percebido que a
grande maioria dos cristãos vivem suas vidas em Cristo numa
mistura teológica entre a nova e a velha aliança. Isso tem se
extendido na igreja há mais 1700 anos. A nova aliança é tão radical,
que a maioria dos cristãos acham muito difícil viver por ela. Estou
convencido de que isso é uma das estratégias do diabo para infiltrar
na mente dos crentes com o mal de fazer-nos viver sob os domínios
da velha aliança; isso influencia cada área e aspectos de nossas
vidas. As perspectiva da Velha Aliança muda a imagem de quem
Deus realmente é, e isso nos rouba sua mais preciosa benção, que
é o que Cristo pagou por nós na cruz.

O PAPEL DO PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO


Não devemos ter o ministério profético do Antigo Testamento
como modelo de ministério profético para nós. Isso não é somente
errado, mas, também, é altamente perigoso para todo crente, pois,
além de poder, certamente levará muitos à dor e à tragédias. Isso
tem sido uma das maiores dores de meu coração por anos; portanto
confronto, frequentemente, essa visão de se viver pela antiga
aliança. Quando a “Era da Igreja” (era da graça) começou, Deus
retirou a lei e os profetas da forma e do propósito pelos quais
existiam. No Antigo Testamento, quando o povo de Deus ou os reis,
que eram os líderes do povo, queriam ouvir de Deus, Eles
precisavam perguntar aos profetas que os traziam “a palavra do
Senhor”. Esse era um dos papéis do profeta no Antigo Testamento.
Contudo, no Novo Testamento, não precisamos de um mediador
para Deus conversar com seus filhos. Jesus disse em João 10:2-3
que suas ovelhas ouviriam a sua voz:
Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das
ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a
sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz
para fora. (João 10:2,3)
Se você for um crente, uma ovelha de nosso Senhor Jesus Cristo,
você pode e deveria ouvir a voz dEle por você mesmo, e não ficar
correndo atrás de profetas para ouvir Deus falar com você. Paulo
também disse em Romanos 8:14:
Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus,
são filhos de Deus. (Romanos 8:14)
O Espírito do Senhor e a voz do nosso Senhor Jesus, e não dos
profetas, devem nos guiar como filhos de Deus. Abrimo-nos à
terríveis decepções se olharmos para o profeta do Novo Testamento
com o mesmo entendimento que se tinha do profeta do Antigo
Testamento. A História nos mostra isso de maneira trágica; vejamos
alguns exemplos disso: Joseph Smith, fundador dos Mórmons;
Mohammed, fundador do Islamismo; Jim Jones, a quem muitas
pessoas seguiram até o suicídio coletivo. Muitas pessoas os
seguiram, porque eles se intitulavam profetas, e aqueles que não
compreendiam a Bíblia acreditavam neles, e correram grande
perigo.
Outro papel do profeta do Antigo Testamento era confrontar e
revelar o pecado do povo de Deus. Fiquei chocado ao chegar no
Brasil em 2014, quando um pastor disse-me que ele estava grato
pelo fato de eu, então, viver no Brasil. Ele disse-me que estava certo
de que Deus iria usar-me para confrontar e revelar o pecado das
pessoas na igreja. Quase não acreditei no que ouvia, e disse a ele
que nunca faria isso. Esse não é o papel do profeta no Novo
Testamento. Deus tem usado-me para trazer palavras proféticas
poderosas em diferentes partes do mundo, mas nenhuma delas foi
para revelar (“descobrir”) nem confrontar o pecado nas vidas dos
filhos de Deus. Na nova aliança, Deus não mais se lembra de
nossos pecados, porque o sangue de Jesus os retirou de nós. Em
Hebreus 8:12-13, está escrito:
Porque serei misericordioso para com suas iniquidades,
E de seus pecados e de suas prevaricações não me
lembrarei mais. Dizendo Nova aliança, envelheceu a
primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece,
perto está de acabar. (Hebreus 8:12,13)
Se Deus não mais se lembrar de nossos pecados, por que os
profetas deveriam ser usados por Deus para “revelá-los” e expô-los
à luz? Isso faria de Deus um ser esquizofrênico. Ele disse: “Não
mais me recordo deles, mas do que não me lembro, falo para meus
profetas para eles, então, dizer às pessoas sobre as coisas que eu
disse não mais me lembrar”. Ainda, há um número suficiente de
cristãos que fundamentam sua ideia sobre um profeta no modelo do
Velho Testamento. Eles ficam impressionados com a revelação de
que alguns chamados “profetas” têm, pois, geralmente, são muito
precisas e, portanto, acreditam que sejam verdadeiros profetas.

COMPREENDENDO A REVELAÇÃO PROFÉTICA


A revelação não é o que faz de você um profeta do Novo
Testamento. Frequentemente, esses profetas são verdadeiros
profetas de Deus, mas por viverem numa mentalidade da velha
aliança, aplicam suas revelações erroneamente e as pessoas se
impressionam com elas. Quando Deus me mostra alguma coisa
negativa relacionada a eventos futuros, geralmente, não os
compartilho com ninguém além de minha querida esposa, que
guarda, para si, a informação. Somente se o Senhor me disser,
especificamente, para liberar tais revelação que falo alguma coisa.
Você até pode se perguntar a razão pela qual o Senhor daria aos
profetas no Novo Testamento tais revelações. Deus as dá aos
profetas hoje por duas razões: primeiramente, se o Senhor quiser
que as compartilhemos, será para preparar pessoas de Deus como
fez o profeta Ágabo.
E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a
entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome em
todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio
César. E os discípulos determinaram mandar, cada um
conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que
habitavam na Judéia. (Atos 11:28,29)
Nessa passagem, vemos que os discípulos puderam se preparar
e fazer algo para ajudar seus irmãos cristãos. Essa mensagem
profética não pode ser posta como um julgamento de Deus, mas
como um fato sobre algo que aconteceria.
Em segundo lugar, Deus dá aos profetas algumas revelações e
não quer que sejam compartilhadas, e isso acontece para que os
profetas possam sentir o coração de Deus e carregar o fardo do
Senhor diante de seu trono, tornando-se um intercessor ou um
agente de prevenção contra o mal neste mundo. Pessoalmente,
creio que não há verdadeiros profetas do Novo Testamento que não
passem a maior parte de sua vida e ministério de joelhos na
presença de Deus. É claro que um profeta apresentar-se-á muito
mais impressionante se ele predisser grandes eventos nacionais e
mundiais, mas se ele nada fizer por tais previsões através da
oração, tudo isso terminará por passar. Deus ensinou-me sobre
oração preventiva no início do meu ministério; quanto a essas, não
terei testemunho nesta terra, mas, somente no céu; porque
ninguém, na verdade, saberá o que de fato teria acontecido se não
tivesse orado.
Deus me chamou para o Brazil para ajudar a Igreja Videira. Não
somente para viajar, pregar, profetizar e orar pelos enfermos, como
alguns acreditam. Estou aqui para gastar muitas horas durante
muitas noites intercedendo para o propósito de Deus se cumprir
através da Videira.

O PROFETA DO ANTIGO TESTAMENTO JÁ SE FOI HÁ MUITO


TEMPO
Quando as pessoas tentam me dizer que eles ainda acreditam
que o ministério do profeta hoje deveria ser modelado pelo que
vêem nos profetas do Antigo Testamento, procuro mostrar-lhes, pela
Bíblia, o quão ridícula tal ideia é. Tudo o que temos a fazer é estudar
as vidas dos profetas e ver que esta ideia é absolutamente absurda.
Vamos olhar para alguns dos profetas e você concordará comigo
quando disser: “Graças a Deus que eles já se foram há muito
tempo!” Ao lermos o que Deus exigia deles, lembre-se de nunca
usar nenhum desses profetas para servirem de modelo aos do Novo
Testamento.

EZEQUIEL
Ezequiel é um importante profeta, muito conhecido no Antigo
Testamento. Vamos examinar a vida dele e ver se você gostaria de
que ele estivesse entre nós hoje. Certa vez, ele foi ordenado por
Deus para dormir somente sobre o seu lado esquerdo por 390 dias.
Veja o que está escrito em Ezequiel 4:4-5:
Tu também deita-te sobre o teu lado esquerdo, e põe a
iniqüidade da casa de Israel sobre ele; conforme o
número dos dias que te deitares sobre ele, levarás as
suas iniquidades. Porque eu já te tenho fixado os anos
da sua iniquidade, conforme o número dos dias,
trezentos e noventa dias; e levarás a iniqüidade da casa
de Israel. (Ezequiel 4:4,5)
Imagine como sua coluna se machucou por ele não poder revirar-
se enquanto dormia; ele teve de dormir em uma única posição
durante um ano inteiro. Mas outras coisas ainda eram mais
estranhas. No mesmo capítulo, Deus disse para ele como assar o
seu pão. Lemos em Ezequiel 4:12 que:
E o que comeres será como bolos de cevada, e cozê-los-
ás sobre o esterco que sai do homem, diante dos olhos
deles. (Ezequiel 4:12)
Você gostaria de ter-me em sua igreja como um profeta
convidado e recusasse-me a comer a comida que oferecem a mim?
Deixe-me esclarecer o fato de que sou um profeta de Deus e Ele
instruiu-me em como devo preparar a comida. Deus também
instruiu-me que devo assar o pão às suas vistas. Então, você fica
me assistindo buscar fezes humanas secas e assar meu pão e,
depois, convido você para unir-se a mim para comer deste pão
saboroso com um distinto sabor de fezes humanas. Você ficaria
chocado, mesmo se defendesse a mim dizendo que sou um profeta
de Deus e que devo seguir as suas instruções.

ISAÍAS
Imagine que você me convide a pregar em sua igreja como um
profeta de Deus para ministrar durante um fim de semana. Ao me
pegar no aeroporto, para sua surpresa, há um grande tumulto e uma
grande barulho acontecendo. Quando você me vê, compreende,
então, qual é o problema. Para sua surpresa, estou completamente
nu. Você sentiu-se terrivelmente envergonhado e tirou sua jaqueta
para cobrir minhas vergonhas. Entretanto, recusei-me a cobrir-me
com sua jaqueta, porque insisti que Deus, claramente, havia
instruído a mim a fazer aquilo. E, por ser um profeta do Senhor,
preciso obedecê-lo. Não acho que você quer que eu vá pregar em
sua igreja totalmente nu. Mas, leiamos essa passagem em Isaías
20:2-4:
Nesse mesmo tempo falou o Senhor por intermédio de
Isaías, filho de Amós, dizendo: Vai, solta o cilício de teus
lombos, e descalça os sapatos dos teus pés. E ele assim
o fez, indo nu e descalço. Então disse o Senhor: Assim
como o meu servo Isaías andou três anos nu e descalço,
por sinal e prodígio sobre o Egito e sobre a Etiópia, assim
o rei da Assíria levará em cativeiro os presos do Egito, e
os exilados da Etiópia, tanto moços como velhos, nus e
descalços, e com as nádegas descobertas, para
vergonha do Egito. (Isaías 20:2-4)
Alguns pregadores dizem que Isaías não estava completamente
nu, mas apenas havia retirado parte de suas roupas. Não creio
nessa vertente por duas razões. Primeiramente, a palavra original
em Hebraico usada aqui significa, claramente, nu, sem sombra de
dúvida. Em segundo lugar, vimos pelo contexto que era um sinal
profético que aquilo acontecesse com as pessoas, como visto nessa
passagem do versículo 4: “ Assim o rei da Assíria levará em
cativeiro os presos do Egito, e os exilados da Etiópia, tanto moços
como velhos, nus e descalços, e com as nádegas descobertas, para
vergonha do Egito.” Está claramente dito que eles estavam nus e
seus traseiros descobertos.

OSÉIAS
Outro profeta que teve de fazer coisas estranhas que o Senhor
havia ordenado foi o profeta Oseias. Imagine, outra vez, que um
profeta vem ministrar em sua igreja. Ele fica com você durante uma
semana para cultos especiais que acontecerão todas as noites.
Após o terceiro dia, ele diz a você que Deus falou para ele pedir a
você “arranjar” uma prostituta para ele. Você ficaria chocado e diria
ao profeta que isso é absolutamente um comportamento inaceitável
para um cristão, especialmente para um profeta de Deus. Ainda
assim, ele insistiria, dizendo foi Deus quem havia dito para ele fazer
assim e, por ser profeta, precisava ser obediente a Deus. Você se
recusaria a levá-lo à uma prostituta e, então, ele tomaria um taxi até
à cidade para encontrar-lhe uma prostituta. À noite, ele aparece em
seu culto acompanhado pela prostituta e, depois, diz a você que
acabaram de fazer sexo e, a partir daquele momento, aquela mulher
tornou-se a esposa dele. Em choque, você tentaria livrar-se dele e,
ainda assim, continuaria a insistir que todas as suas ações são
feitas em obediência a Deus. Leiamos a história de Oseias 1:2-3:
O princípio da palavra do Senhor por meio de Oséias.
Disse, pois, o Senhor a Oséias: Vai, toma uma mulher de
prostituições, e filhos de prostituição; porque a terra
certamente se prostitui, desviando-se do Senhor. Foi,
pois, e tomou a Gômer, filha de Diblaim, e ela concebeu,
e lhe deu um filho. (Oséias 1:2,3)
Você mandaria esse profeta embora e advertiria a todos da para
não convidar o profeta para pregar em suas igrejas, pois ele vive em
pecado. Mas o profeta continuaria a viver com aquela prostituta e,
juntos, teriam filhos. A notícia viria até você, seguida dos nomes que
aquele profeta deu aos seus filhos. Pode ater ser chocante para
você, como é, para mim, muitos nomes no Brasil. Todavia, para
mim, é muito impressionante o fato de os nomes terem significados
e conferirem uma identidade aos seus donos. Ele chamou a sua
filha de “sem misericórdia” e o seu filho “não meu povo”. Imagine
como essas crianças devem ter crescido, vivendo com um nome
que significa puramente rejeição. Tudo isso foi feito em obediência
ao Senhor, como um profeta de Deus.
10
Q ?
A DIFERENÇA ENTRE SER UM PROFETA E TER O DOM DE
PROFETIZAR
Antes de respondermos a questão bíblica sobre quem pode
profetizar, precisamos entender a diferença entre ser um profeta e
ter o dom de profecia. Para isso, precisamos pensar em: o que são
os dons proféticos e o que é um profeta?
Em 1 Coríntios 12:8-10, a Bíblia menciona nove dons espirituais,
três dos quais são considerados como dons de profecia, que são: 1)
Palavra de sabedoria; 2) Palavra de conhecimento; 3) Profecia.
Uma vez que o propósito deste livro não é uma discussão sobre
os dons espirituais, mas, sim, sobre o dom de profecia, irei me
concentrar somente neste dom.
A palavra grega “propheteuo” (profetizar) significa falar pela
inspiração divina. Esse “falar pela inspiração divina” pode ser
relativa ao passado, ao presente ou ao futuro. A profecia não é uma
espécie de “vidência espiritual” ou de “leitura de cartas”. Profetizar
significa, simplesmente, falar o que Deus está falando agora.
Profetizar é um dom que está disponível para todos os crentes,
individualmente. O Espírito Santo distribui este dom em certas
ocasiões, com propósitos específicos. Este dom está disponível
para cada cristão. Definido o dom de profecia, vamos à definição do
profeta e seu papel.
Não devemos confundir o profeta, segundo os termos do Novo
Testamento, com aquilo que os profetas deveriam ser ou deveriam
fazer no Antigo Testamento. Se cometermos tal erro, seremos
facilmente enganados. De igual modo, não podemos confundir os
fundamentos constituintes dos sacerdotes do Antigo Testamento
com os do Novo Testamento; hoje, como cremos, cada crente é um
sacerdote diante de Deus. O profeta do Novo Testamento também é
diferente do profeta no Velho Testamento. Mas, em que consiste
essa diferença?
Não há, no Novo Testamento, muita menção sobre o profeta; o
que temos são as poucas escrituras dadas por Deus para as
estudarmos. Em Efésios 4:11-16, a Bíblia ensina que Deus deu
diferentes ministérios para a Igreja e um destes é o ministério do
profeta:
E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e
outros como evangelistas, e outros como pastores e
mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério, para edificação do corpo de
Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de
homem feito, à medida da estatura da plenitude de
Cristo; para que não mais sejamos meninos,
inconstantes, levados ao redor por todo vento de
doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia
tendente à maquinação do erro; antes, seguindo a
verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a
cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e
ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
operação de cada parte, efetua o seu crescimento para
edificação de si mesmo em amor. (Efésios 4:11-16)
O propósito destes ministérios, incluindo o do profeta, está
claramente descrito nesta passagem, que é o de equipar os santos
para o trabalho do ministério, para edificar o corpo de Cristo (Efésios
4:12).
Segundo esse texto, o principal propósito do profeta no Novo
Testamento não é profetizar, mas, sim, equipar os santos para o
trabalho do ministério. Por causa da natureza do dom, serão usados
para edificar a Igreja e desafiar os fracos, em outras palavras,
separar o cinza em preto e branco6.
Os profetas inspirarão a fé e o crescimento da fé no povo de
Deus. O ministério do profeta nunca poderá ser usado para chamar
atenção o próprio profeta. Somente Deus deve ser o foco do profeta.
Ao profeta são confiadas revelações especiais de Deus, portanto,
o Senhor irá tratá-los num padrão elevado e, frequentemente,
estarão debaixo de uma disciplina severa do Pai.
Como Igreja, devemos entender que, como acontece com todos
os outros ministérios, o dom do profeta nada tem a ver com seu
caráter, ou seja, ninguém recebe um dom por ter um bom caráter.
Mas, porque ao profeta é confiada uma forte revelação de Deus, ele
terá de lidar muito fortemente com seu caráter, pois sua vida e as
revelações que recebe devem ser mensagens de Deus para a
Igreja.
Os profetas e suas revelações não devem ser usados para
determinar uma doutrina. Somente a Bíblia foi dada com esse
propósito. Todavia, Deus usará os profetas para revelarem sua
vontade específica e estratégica para uma Igreja em particular ou
para uma rede de Igrejas.
Alguns cristãos pensam que os profetas sabem de tudo, pelo fato
de Deus tê-los usado, muitas vezes, com revelações e insights
impressionantes. Não podemos cometer esse erro.
Os profetas somente sabem o que Deus revela para eles. Deus,
com frequência, irá esconder informações dos profetas para que
permaneçam humildes e possam levar a Igreja a entender que eles
somente sabem o que Deus lhes mostrar. Desse modo,
permanecem dependentes do Senhor e uns dos outros de modo
saudável.
Não importa o quanto você ora e o quanto você deseja ser um
profeta, pois nada disso fará de você um. Jesus dá esses dons à
Igreja, à medida em que Ele vê a necessidade de distribuí-los entre
os seus. Se Deus escolheu você para ser um profeta, então, o dom
não virá a você somente para ser usado em momentos específicos;
como profeta, você é o dom da Igreja. Dormindo ou acordado,
pregando ou tirando férias, você sempre será um profeta, porque foi
para isso que Deus fez você.
Da mesma maneira, se Deus chamou você para ser um pastor,
você sempre será um, independente se você estiver ou não
exercendo a função em um determinado momento. Lembre-se de
que tudo isso está relacionado à escolha soberana de Deus,
todavia, é você quem pode aceitar o chamado do Senhor para sua
vida ou rejeitá-lo. É você quem determina se irá trabalhar
eficazmente em seu ministério ordenado por Deus ou se irá,
simplesmente, exercer um trabalho ineficaz.
Pessoas sensíveis, que aprenderam a ouvir Deus e que têm
muita revelação, são confundidos com profetas; todavia, não
podemos cometer tal equívoco. Precisamos voltar à Palavra de
Deus e compreender que os principais propósitos do profeta no
Novo Testamento são edificar a Igreja e equipá-la para que cada lar
seja uma casa de Deus, e que cada membro possa ser usado para
profetizar. Não podemos cometer o terrível erro de confundir o
profeta do Novo Testamento com o do Velho Testamento. Eles têm
funções e papéis muito distintos.
No Antigo Testamento, Deus falou com seu povo e com seus
líderes, principalmente, através dos profetas que andavam em um
relacionamento profundo com Deus e o ouviam claramente. Naquela
época, o profetas não tinha que profetizar somente, mas precisava
viver como uma expressão profética daquilo que Deus queria
comunicar com seu povo. Oseias, por exemplo, teve que se casar
com uma prostituta, pois Deus queria, através daquela estranha
ação, comunicar sua mensagem ao povo de Israel.
O principal propósito do profeta do Antigo Testamento era levar a
mensagem de Deus ao povo e, geralmente, era uma mensagem de
exortação.
No Novo Testamento, somos claramente ensinados que cada filho
de Deus pode ouvir sua voz. O principal propósito do profeta no
Novo Testamento é construir, treinar e ensinar a Igreja a ouvir e a
sentir o coração de Deus e, portanto, profetizar.
Por causa da natureza do dom que trabalha no interior do profeta,
ele ou ela serão, naturalmente, usados para darem direções e
visões à Igreja, como também trazer fortes profecias para os
crentes.
Cometemos o erro de rotular “de profeta” algumas pessoas que
profetizam na Igreja. O ato de profetizar não faz da pessoa que
profetiza um profeta; tal pessoa simplesmente aprendeu a usar seu
dom precioso. É vital para nós compreendermos que o profeta do
Novo Testamento será usado para falar fortemente à Igreja,
podendo até trazer direcionamentos para seu futuro.
Todavia, nada disso confere ao profeta a autoridade de liderar a
Igreja. Esta autoridade é dada aos ordenados por Deus para
liderarem aquela Igreja em particular. Compete aos líderes
decidirem o que farão com a mensagem entregue pelo profeta.
Para ser um verdadeiro profeta do Novo Testamento, precisamos
ser, primeiramente, chamados por Deus para o ministério profético
e, ainda, devemos edificar a Igreja e equipar os santos para todos,
também, profetizarem.
Nos últimos 30 anos, Deus me usou muitas vezes para falar sua
Palavra sobre coisas futuras que Ele faria nas vidas de líderes, de
Igrejas, de indivíduos com um chamado específico para suas vidas
e, até mesmo, o que Ele faria em algumas nações.
Tais manifestações não fazem parte do dom de profecia que está
disponível para todo crente. Nesse caso, é a manifestação do
ministério de profeta; Deus tem me usado como tal para trazer
palavras com um fim de colocar pessoas em seus destinos, de
liberar Igrejas para romperem em Deus e de estabelecer líderes
dentro do propósito para o qual o Senhor os chamou. Entretanto,
também tenho sido usado por Deus para equipar, para treinar e para
liberar muitas e muitas pessoas em diferentes nações para fluírem
neste maravilhoso dom de profecia.

6 Esta seria uma expressão idiomática, pouco comum em


português, que decidimos traduzir literalmente. Ela foi empregada
pelo autor com o fim de esclarecer esse aspecto do papel do profeta
em trazer clareza à Igreja. Se houver qualquer tipo de confusão,
doutrinária ou não, o profeta pode ser usado por Deus para apontar
a direção devida para a Igreja tomar. Como o cinza é a mistura das
cores preta e branca, ao usar essa expressão, o autor simplesmente
fala da importância do profeta em discriminar as partes de qualquer
todo que, porventura, denote falta de clareza ou embaço na visão.
11
Q ?
Esta pergunta tem causado muita discussão na Igreja. Eu
compreendo, através das Escrituras Sagradas, que cada crente
pode e deve ser usado para profetizar. Creio que, do mesmo modo
que cada crente deve ser equipado com os outros 4 dons como
posto em Efésios (Apóstolo, Evangelista, Pastor e Mestre), também
deveria ser treinado pelos profetas. Cada membro da Igreja deve
ser um ministro. Paulo disse aos cristãos de Corinto que todos
podem profetizar.
Porque todos podereis profetizar, cada um por sua vez;
para que todos aprendam e todos sejam consolados. (I
Coríntios 14:31)
Todos significa todo mundo. O significado original da palavra
“poder” é “ser capaz de”. Cada cristão tem a habilidade de
profetizar, mas poucos profetizam. Creio que isso acontece pela
falta do ensino e da compreensão do dom. Acredito, ainda, que falta
de profetas executando seu trabalho na Igreja tem cooperado para
não haver o ensino e a compreensão adequados ao dom de
profetizar.
Deixo claro que não estou falando sobre a falta de pessoas
profetizando na Igreja, pois não precisamos ser profeta para
profetizar. Este não é o ponto central, uma vez que a Bíblia afirma
que todos podem profetizar.
Entretanto, quando falo da falta de profetas na Igreja hoje, trato
daquele que, além de profetizar, tem o encargo de equipar os santos
no dom e ministério proféticos. Preciso deixar claro que há encargos
basilares na Igreja em que todo crente deve treinado para trabalhar.
Assim, creio que, como todo membro deve ser treinado para ganhar
os perdidos; como todo membro deve ser treinado para ensinar os
outros em Cristo; como todo membro deve ser treinado para
compreender o propósito apostólico da Igreja, bem como para
pastorear os novos crentes, todo membro deve e precisa ser
treinado para usar o dom de profetizar. É fato que, como acontece
com todos os dons, algumas pessoas serão, naturalmente, atraídos
por áreas específicas do ministério, todavia, ninguém está isento de
ganhar os perdidos, de cuidar um do outro e, de igual modo,
ninguém está isento de profetizar.
Creio que o significado deste versículo de I Coríntios 14:31 é que
Deus deu a cada crente a habilidade de profetizar em tempos
distintos, ou seja, em qualquer momento em que o Espírito Santo
liberar esses dons para os seus. A liberação deste dom vem em
resposta ao mais profundo desejo de profetizar que deve estar no
coração de cada crente. Deus diz, em sua Palavra, que deveríamos
desejar com zelo o dom de profetizar.
Portanto, irmãos, procurai com zelo o profetizar, e não
proibais o falar em línguas. (1 Coríntios 14:39 - grifo do
autor)
Segui o amor; e procurai com zelo os dons espirituais,
mas principalmente o de profetizar. (1 Coríntios 14:1)
Deus nunca pediria que desejássemos alguma coisa que Ele não
nos pudesse dar. Se Deus está dizendo que todos podem profetizar
e que podemos desejar esse dom seriamente, então, profetizar é
para todos, e não somente para alguns em especial. Deus não disse
isso para um grupo específico de pessoas, mas para todos na
Igreja; portanto, todos que seguirem as instruções da Bíblia serão
frequentemente usados para profetizar.
Vi isso acontecer em todas as Igrejas que plantei e que pastoreei,
como também em muitas outras Igrejas onde ministrei. Nosso povo
profetizava regularmente; havia um constante fluir deste dom em
todas nossas reuniões de celebrações e de células. Era algo normal
de se fazer, pois era assim que eu os treinava.
Precisamos compreender que se a Bíblia ensina algo que não
experimentamos em nossas vidas, não devemos culpar Deus por
essa falta nem encontrar desculpas teológicas para justificar nossa
não experiência; o que devemos fazer é mudar nossas vidas de
modo que nos encaixamos ao ensino e à verdade da Bíblia. Paulo
continua dizendo que ele deseja que todos os membros profetizem.
Ora, quero que todos vós faleis em línguas, mas muito
mais que profetizeis, pois quem profetiza é maior do que
aquele que fala em línguas, a não ser que também
intercede para que a igreja receba edificação. (1
Coríntios 14:5 - grifo do autor)
Por que Paulo diz que ele desejaria que todos os cristãos
pudessem profetizar se não fosse possível todos profetizarem?
Deus colocou sobre nós a responsabilidade de sermos usados no
dom de profecia, embora não somos nós quem decidimos nem
quando nem o que profetizar, pois isso é uma escolha de Deus.
Todavia, o Senhor, claramente, coloca sobre nós a
responsabilidade de sermos usados neste dom. Somente desejando
profetizar com zelo, como Ele disse em sua Palavra, que poderemos
ser usados na profecia; somente pelo zelo, pela paixão, por clamar
em oração e por jejuar que seremos capazes de profetizar
regularmente. Deus nos deu a responsabilidade para clamarmos por
isso e para desejarmos, ardentemente, o dom de profetizar.
Mas a má compreensão das Escrituras é recorrente em outros
dons também. Quanto ao ministério pastoral, por exemplo, há a falta
de entendimento em relação ao trabalho do pastor; todos sabemos
que ele deveria equipar a Igreja e liberar todos para o encargo da
obra, mas o que vemos com frequência, na maioria das Igrejas, é
que grande parte dos cristãos se acomodam passivamente e ficam
de braços cruzados, deixando todo o trabalho para ser feito pelo
pastor; infelizmente, essa mentalidade alcança, também, o
ministério profético.
Muitos cristãos ficam esperando os céus se abrirem sobre eles
para poderem, então, profetizar; contudo, são os céus quem estão
esperando que movamos com zelo, nos abrindo para recebermos o
dom e, então, profetizar. O céu está esperando e desejando que
cada cristão encare a Bíblia seriamente e comece a desejar,
ardentemente, para ser usado neste dom. O céu espera que todos
se apropriem dos tesouros celestiais, motivados pelo amor à Igreja e
pelo desejo de edificar o corpo. Então, Deus irá, generosamente,
liberar o dom de profecia aos seus filhos, e todos irão profetizar,
como falado por Paulo.
Em outras palavras, Deus não ativa sobrenaturalmente o dom de
profecia sobre alguns de seus filhos, aqueles tidos por escolhidos
para serem usados por serem dignos do dom; somos nós quem
ativamos os céus para recebermos o dom, e fazemos isso pelo
nosso sincero, sério e ardente desejo de edificar o corpo de Cristo, a
Igreja gloriosa de nosso Senhor Jesus.
Gostaria de acrescentar, com tristeza, que tenho visto muitas
pessoas desesperadas para profetizar, pois desejam estar debaixo
de holofotes; são pessoas que querem ser importantes e se sentir
especiais. Tais sentimentos caminham em direção oposta ao uso
bíblico da profecia. Quando oramos em línguas, edificamos a nós
mesmos; quando profetizamos, edificamos a Igreja. Esta é a razão
pela qual devemos buscar as profecias mais que o falar em línguas,
pois deveríamos amar nosso irmão e a Igreja mais que nossas
próprias vidas.
Nada façais por contenda ou por vanglória, mas com
humildade cada um considere os outros superiores a si
mesmo. (Filipenses 2:5)
Se cada membro da Igreja aprendesse isso, teríamos um
constante fluir dos dons proféticos entre nós. De fato, isso seria
impossível de ser liberado numa reunião de celebração aos
domingos pela manhã, porque não haveria tempo nem espaço para
todos profetizarem. As células, porém, seriam o lugar ideal para
todos profetizarem.
Todas as vezes antes de pregar, gasto boa parte de meu tempo
clamado a Deus para ser usado em seu precioso dom de profecia.
Não quero que as pessoas sejam abençoadas por mim enquanto
homem; isso não terá efeito duradouro nenhum. Quero que todos
sejam abençoados por Deus, desejo ser somente um canal para o
Senhor tocar em cada um, falar com cada membro e mudar a vida
de cada crente.
Precisamos aprender que ninguém tem o direito sagrado de ficar
diante do povo de Deus, em nome dEle, sem que antes tenha se
curvado diante do Pai em favor de seu povo. Deus não faz acepção
de pessoas nem tem os seus prediletos, tanto que prometeu
derramar seu Espírito sobre toda carne.
Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre
toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão,
os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos
terão visões e também sobre os servos e sobre as servas
naqueles dias derramarei o meu Espírito. (Joel 2:28-29 -
grifo do autor)
Note que estes versículos dizem que “seus filhos e filhas
profetizarão”. Eles não dizem que algumas pessoas selecionadas ou
escolhidas especialmente irão profetizar, mas está escrito que os
filhos e as filhas profetizarão. A promessa dos dons do Espírito
Santo é para todo crente e, de igual modo, o dom de profetizar é,
também, para todo aquele que crê.
No livro de Atos, quando o Espírito Santo veio sobre os crentes,
Pedro citou esses versículos de Joel e disse que se cumpriam
naquele dia.
De repente veio do céu um ruído, como que de um vento
impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam
sentados. E lhes apareceram umas línguas como que de
fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou
uma. E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e
começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito
lhes concedia que falassem. (Atos 2: 3-4 - grifo do autor)
Pois estes homens não estão embriagados, como vós
pensais, visto que é apenas a terceira hora do dia. Mas
isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E acontecerá nos
últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu
Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as
vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão
visões, os vossos anciãos terão sonhos. (Atos 2: 15-17)
Uma vez que Pedro compreendeu que a promessa escrita no livro
de Joel, inclusive o ato de profetizar, se cumpriu no dia de
Pentecostes, quando todos os crentes foram cheios do Espírito
Santo, precisamos acreditar que o dom de profecia já foi liberado
para todo aquele que crê.
Mas, infelizmente, o que acontece é que, da mesma forma que
muitos cristãos não acreditam no batismo do Espírito Santo nem no
falar em línguas por terem recebido um ensino bíblico impreciso e,
por isso, nunca experimentaram o Espírito Santo, muitos crentes,
também, nunca experimentaram o dom de profecia como parte de
sua vida cristã normal, pois não creem que a profecia é para todo
crente. Estejamos certos de que promessa do Espírito Santo não é
somente para todo crente falar em línguas, mas, também, para
todos profetizarem.
12
C
?
NO DOM DE PROFECIA?

A Bíblia nos ensina a desejar os dons espirituais, especialmente


para podermos profetizar (1 Coríntios 14:1). A palavra original grega
traduzida por “desejo”, neste versículo, é muito forte; pode significar
queimar com “zelo”, “perseguir” e, ainda, “esforça-se por”.
Geralmente, ao visitar uma Igreja, faço um seminário profético e
ensino as pessoas a fluírem no dom de profecia; por vezes, faço a
seguinte pergunta: “Quantos de vocês profetizam regularmente?”,
comumente, poucas mãos se levantam. Então, faço a segunda
pergunta: “Quem aqui deseja e arde em zelo por profetizar
regularmente?”, daí, as mesmas poucas mãos se levantam.
Isso mostra claramente o que a Bíblia ensina em I Coríntios 14: a
habilidade de profetizar não está ligada à escolha soberana de
Deus, mas se conecta ao nosso desejo de profetizar. Contudo, não
é assim que alguns cristãos creem firmemente; a maioria pensa da
seguinte maneira: “se Deus quer que eu profetize, então, Ele me
dará o dom de profetizar”. Esse tipo de pensamento faz com que as
pessoas esperem passivamente que Deus as acerte com palavras
proféticas; gente assim geralmente não profetiza.
Para alguém ser usado no dom de profecia, primeiramente, ele
tem de atender à mais importante condição, que é o desejo sincero,
sério e ardente para Deus usá-los neste precioso dom. Isso não
significa que “ligamos” um botão para pôr o dom em funcionamento
sempre que quisermos. Mas isso significa que, à medida que
procuramos com zelo que Deus nos use neste dom, Ele nos usará
sempre que achar necessário.
Então, como devemos nos preparar para irmos para as nossas
reuniões de célula? Estamos buscando Deus em oração, clamando
que Ele nos use em profecia? Buscamos sua face e expressamos
nosso sincero desejo e zelo em edificar a Igreja através deste dom
precioso?
É isso que faço antes de ir a qualquer reunião. Muitas vezes,
antes de uma reunião, gasto horas de joelhos, orando e clamado a
Deus para Ele me usar, liberando o dom de profecia para a Igreja
ser construída, edificada e levada ao destino que Ele preparou para
ela.

1. O PROPÓSITO DA PROFECIA
Em 1 Coríntios 14:3, está escrito que “aquele que profetiza
edifica, exorta e consola o homem”. Estes são três aspectos
importantes da profecia. Em I Coríntios 14:4, o apóstolo Paulo diz
que quem profetiza edifica a Igreja.
O que fala em língua edifica-se a si mesmo, mas o que
profetiza edifica a igreja.
(I Coríntios 14:4)
Isto é muito importante de se compreender. A profecia não é para
a pessoa que profetiza se sentir grande ou impressionante, nem
para as pessoas ficarem focadas naquele que profetiza. A profecia
não é para falarmos aos outros cristãos o que devem fazer com
seus futuros; ela não serve para determinarmos aos outros o lugar
em que devem morar, nem com quem devem se casar, nem que
trabalho devem aceitar. Quanto a essas coisas, cada cristão deve
descobrir por si próprio no Senhor. A profecia é para edificar e,
sendo feita assim, a Igreja inteira será edificada.
Como vimos anteriormente, profetizar significa falar aquilo que
Deus está falando agora. Muitos cristãos acreditam que a profecia
somente lida com o futuro, com a serventia única de dar direção.
Entretanto, isto não é bíblico. Na verdade, é muito perigoso e
doentio seguirmos pessoas para recebermos uma profecia com o
fim de saber o que fazer com nossas vidas ou com nosso futuro.
Nós temos a Bíblia como nossa orientação e o Espírito Santo nos
guia em toda verdade e em todas direções para nossas vidas. A
profecia pode confirmar o que Deus está falando conosco, mas não
deveríamos tratá-la como superstição ou como uma forma espiritual
de adivinhação. É responsabilidade de cada crente descobrir, em
Deus, a direção para suas vidas através da oração.
Como mencionado anteriormente, a profecia no Novo Testamento
é para edificar, exortar e consolar (1 Coríntios 14:3). O que isso
significa? Vamos olhar para essas três palavras individualmente.
Edificar significa “construir” ou “promover” o crescimento cristão
de alguém. Isso é algo que todo cristão deveria desejar fazer. Se
andamos em amor, nosso desejo deveria ser sempre construir e
promover o crescimento de outro cristão, incluindo as pessoas de
nossa Igreja e de nossa célula.
A segunda palavra é Exortar, e significa “trazer coragem” ou
“consolar”. É a palavra grega “paraklesis”, e está relacionada ao
substantivo “parakletos”. Jesus usou essa palavra para descrever o
Espírito Santo:
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador,
para que fique convosco para sempre.(João 14:16)
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai
enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e
vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. (João
14:26)
Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai
vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que
procede do Pai, testificará de mim. (João 15: 26)
Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá,
porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas,
se eu for, enviar-vo-lo-ei. (João 16: 7)
Em todos esses versículos, o substantivo “parakletos” é usado
para descrever o Espírito Santo. Isso significa alguém que se
aproxima para ajudar, confortar e encorajar. Através da profecia, o
Espírito Santo se aproxima da pessoa para ajudá-la e para
encorajá-la. A exortação também pode significar aquilo que causa
descanso e consolo.
A terceira palavra em I Coríntios 14:3 é confortar, e significa
“acalmar”, “confortar”, “fortalecer” e “dar esperança para alguém”.
Aqui vemos claramente que o propósito da profecia não é dar
direção, nem falar o futuro, nem dizer às pessoas o que devem ou
não fazer. Profetizar, simplesmente, significa que devemos ouvir de
Deus o encorajamento que uma pessoa precisa e, então, falá-lo
para essa pessoa esperando seu fortalecimento. A profecia pode
até tocar questões do futuro, mas não precisa fazer isso.
Eu creio que este dom deveria se manifestar em cada Igreja
regularmente. Se cada crente permitisse Deus usá-los neste dom
em todas nossas células, haveria um constante fluir de
encorajamento e de crescimento. Ainda, podemos ter que, através
da profecia, Deus encoraje pessoas ao ministério ou ao chamado,
contudo, a profecia nunca deve ser tratada como uma espécie de
agouro para se dizer às pessoas o que devem ou não fazer com
suas vidas, tampouco podem ser usadas para interferir nas decisões
que devem ser tomadas por cada um.
13
D
S
Embora Deus queira que desejamos seus dons, há duas coisas
que entristecem seu coração profundamente. Precisamos aprender
a compreender essas duas coisas e evitá-las a todo custo.

1. AMAR O DOM MAIS QUE SEU DOADOR


Há um grande perigo em buscarmos o dom acima de seu doador.
É o Espírito Santo quem dá os dons do Espírito, e Deus deseja que
tenhamos esses dons e que sejamos usados neles. Este é um
ensino claro da Bíblia; entretanto, se amamos o dom mais que o
Espírito Santo ou que o Senhor Jesus, muito entristeceremos o
coração de Deus.
Recentemente, viajei por muitas nações, pregando por 49 dias
sem parar. Minha esposa não pôde me acompanhar por causa da
Universidade. Foi muito difícil ficar sem ela por tão longo período.
Eu estava muito animado em voltar para casa e vê-la novamente.
Ao chegar em casa, tudo que queria era somente segurá-la em
meus braços e apertá-la sem dizer palavra alguma. Mas, se assim
que entrasse pela porta de casa e ela pedisse para eu abrir minhas
malas para ver se eu havia lhe trazido algum presente, eu iria lhe
dizer o quanto sentia falta dela e como queria ficar com ela. Porém,
caso ela insistisse em procurar algum presente, certamente, isso
machucaria profundamente meu coração.
É claro que amo dar presentes para minha esposa, mas me
agrado, muito mais, em saber que ela deseja minha presença acima
de qualquer presente que eu possa lhe trazer.
No ano passado, ministrei a uma Igreja por onze dias
consecutivos. Eu preguei diariamente e orei com as pessoas
aproximadamente 3 vezes ao dia. Em cada reunião, vi Deus
movendo poderosamente; tocando corações, curando pessoas de
doenças sérias, salvando muitos pecadores e liberando muitas
palavras proféticas e poderosas. Deus fez tudo isso dramaticamente
e instantaneamente.
Na Segunda-feira à noite, mais uma vez, o salão de reuniões
estava lotado com centenas de pessoas desesperadas, desejando
um toque de Deus; todos queriam que seus corpos fossem
restaurados e que, esperançosamente, pudessem receber um
milagre. As necessidades eram grandes; as pessoas estavam
desesperadas e, portanto, experimentaram o poder de Jesus noite
após noite.
Mas naquela noite, algo foi diferente. Naquilo que sou consciente,
fiz tudo do mesmo jeito; preguei com paixão, chamei pessoas ao
arrependimento e orei pela multidão ajoelhada próximo ao púlpito
em lágrimas. Mas alguma coisa foi diferente.
Quando eu orei pela primeira senhora que estava enferma, ela
não recebeu seu milagre de cura. Orei mais intensamente;
repreendi, ordenei e fiz o que qualquer outro teria feito. Pedi para as
centenas de pessoas ali concordarem comigo em oração; todos
fizeram isso, mas nada aconteceu. Queria falar palavras de
encorajamento para aquela senhora e continuar orando para as
outras pessoas desesperadas. Procurei por palavras proféticas em
meu espírito para as pessoas ali presentes, mas não pude alcançá-
las. Tive de falar para as pessoas: “me desculpem, não vamos orar
mais”, e sai do prédio, deixando para trás centenas de pessoas
desesperadas.
Ao retornar para o hotel naquela noite, pedi ao pastor que não me
pegasse no hotel para almoçar no dia seguinte. Eu queria ficar o dia
todo em jejum, buscando a Deus. Não fui capaz de dormir naquela
noite. Clamei, chorei, orei e derramei meu coração diante de Deus.
Lutei a maior parte da noite com o Senhor, até que finalmente me
encontrei com Jesus. O que experimentei naquela noite me
impactou profundamente e mudou as reuniões que teríamos a
seguir. Jesus me mostrou o quão triste Ele estava por duas coisas e
queria que eu as compartilhasse com a Igreja brasileira.
A primeira coisa que o entristeceu profundamente foi que as
pessoas estavam mais interessadas nos milagres a terem um
relacionamento com Ele. Jesus me mostrou como Ele, enquanto
noivo, desejava profundamente se relacionar com a Igreja, sua
noiva. Cristo tem muitos dons para sua noiva e gostaria de
compartilhá-los com ela, mas, antes de querer os dons, a noiva
deve ser consumida de paixão pelo noivo.
Mesmo se Jesus nunca fosse abençoá-la, mesmo se Ele nunca
fizesse um milagre por ela, a Igreja deveria desejá-lo acima de
qualquer dom, de qualquer experiência e de qualquer encontro
espiritual. Naquela noite, Jesus permitiu que eu sentisse a dor de
seu coração.
Tenho viajado bastante sem a minha esposa nesses últimos vinte
seis anos; sinto a falta dela e sempre desejo estar com ela.
Entretanto, enquanto estava deitado em minha cama naquela
manhã, chorava e soluçava estas palavras: “Jesus, eu amo você
mais que amo a Debi; eu desejo o Senhor mais que desejo minha
esposa. Eu anseio por sua presença mais que anseio a presença
dela. Eu espero muito mais o Senhor que espero por minha esposa.
Como a corça suspira pelas águas, minh’alma suspira pelo Senhor”.
Então, Jesus me fez perceber que havia deixado eu sentir o
coração dEle pela Igreja. É assim que Cristo anseia por cada um de
nós, sua Igreja.
Nunca devemos exaltar nada nem ninguém acima de nosso
amado Jesus; nenhum milagre, nenhuma necessidade, nenhum
desejo por nada. Isso seria um adultério espiritual, e devemos nos
arrepender por isso.
Apesar de as Escrituras nos ensinar e nos encorajar a desejar os
dons espirituais seriamente, especialmente o dom de profetizar, não
devemos exaltar nenhum dom acima de Jesus.
Em segundo lugar, as pessoas começaram a colocar a esperança
deles em mim; estavam buscando em mim e esperando que, mais
uma vez, Deus pudesse me usar para fazer um milagre para eles.
Jesus me mostrou o quanto isto entristecia o coração dEle. Nossa
única esperança é Jesus, nenhum homem ou nenhuma mulher,
independente de quem sejam, podem ser minha esperança.
Na Igreja, temos pregadores conceituados; os exaltamos, os
seguimos, andamos atrás deles e, via de regra, colocamos nossa
esperança neles, quando, na verdade, é de Jesus quem
precisamos; Ele é tudo o que preciso.
Jesus é nossa cura, nossa sabedoria, nossa força, nosso
entendimento e tudo mais. Nós espalhamos notícias sobre as
pessoas dizendo quão ungidas são, quão maravilhosas são, quão
grandes homens ou quão grandes mulheres de Deus são. Tudo isso
entristece Jesus. Ele é tudo em todos, e nossa esperança para cada
milagre deve repousar somente nEle.
Naquela noite, Jesus me mostrou que, mesmo não buscando a
glória e a honra de homens, eu nada fazia para repreendê-los, pois
a atitude de muitos em relação a mim e ao dom pelo qual o Senhor
tem me usado entristecia o coração de Deus.
Depois de passar a noite e o dia seguinte no meu quarto de hotel,
sentindo meu próprio fracasso, vergonha, pecado e o quanto havia
entristecido o coração de Jesus, fui para o culto à noite. Outra vez,
centenas de pessoas desesperadas estavam ali à espera de um
milagre.
Então, tentei abrir o meu iPad para ver as anotações de meu
sermão, mas ele não quis abrir. Fui para o púlpito, e nada funcionou
ali. Eu me senti perdido e desesperado. De repente, percebi que
precisava deixar Jesus fazer o que quisesse. Daí, por
aproximadamente uma hora, abri minha boca e deixei fluir um apelo
ao verdadeiro arrependimento: um apelo chamando as pessoas
para desejarem Jesus mais do que tudo o que pensavam ou do que
necessitavam; um apelo ao arrependimento por elevarem o
pregador austríaco e esperarem que, quando ele pregar, um milagre
ou um toque de Deus acontecerá. As pessoas se arrastaram ao
púlpito e se ajoelharam; muitos deitaram no chão frio e lágrimas de
arrependimento banhavam suas faces.
Depois de um tempo, talvez 20 minutos, senti como se Jesus
solicitasse para todos voltarem aos seus lugares. Depois, convidei
cada um que estivesse doente ou que precisasse de um toque do
Senhor para irem à frente. Dezenas vieram e eu me senti fraco sem
esperança e perdido. Eu não era nada; Jesus era tudo.
Senti Jesus pedindo que eu não impusesse as mãos em ninguém
nem que orasse individualmente por ninguém. Somente fiz uma
oração e, aproximadamente 50 pessoas testificaram curas por um
milagre impressionante, inclusive milagres criativos.
Naquela noite, ossos foram substituídos, uma dor crônica
desapareceu e outros milagres aconteceram. Na noite seguinte, as
mesmas coisas aconteceram em outra cidade. Jesus curou cada
pessoa; até olhos foram restaurados.

2. AMAR O CANAL MAIS QUE A FONTE


Em nossa imaturidade, nós podemos facilmente cometer o erro
de exaltar o canal que Deus usa mais que exaltamos o próprio
Senhor. Precisamos compreender que, independente do modo
poderoso que Deus usa os outros, todos somos somente canais, e
Deus a fonte. Todos os dons vêm dEle, e não de nós. A unção vem
de Deus, e não de nós. Paulo explica isso aos cristãos imaturos de
Corinto desta maneira.
Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é
vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo,
seja a vida, seja morte, seja o presente, seja o futuro,
tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus. (I
Coríntios 3: 21-23)
Às vezes, quando estou em reuniões em que as pessoas exaltam
os ministros acima do Senhor, sinto muita tristeza em meu espírito.
Deus não compartilha sua glória com ninguém, e um dia seremos
julgados por exaltarmos os canais que Deus usa e por esperarmos
ser exaltados pelo povo. Pense sobre a história de Jesus ao entrar
em Jerusalém sobre um jumento, enquanto todas as pessoas
jogavam suas roupas na rua, gritando ao seu Rei com honras e
majestade.
Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles
puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima.
E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo
caminho, e outros cortavam ramos de árvores e os
espalhavam pelo caminho. E as multidões, tanto as que
iam adiante como as que o seguiam, clamavam, dizendo:
Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome
do Senhor! Hosana nas alturas! (Mateus 21: 7-9)
Imagine se aquele jumento voltasse ao seu estábulo aquela noite
e se orgulhasse diante dos outros jumentos o fato de as pessoas o
terem honrado e celebrado daquela maneira! Ele seria um idiota,
não?
A verdade é que as pessoas celebraram o Senhor! Aquele
jumento foi somente o animal que carregou o Rei. Do mesmo modo,
como o jumento, nós somente carregamos o dom ou a unção que
vem do Espírito Santo. Nada é nosso, nada vem de nós mesmos!
Nunca somos a fonte, somos simplesmente o canal; somente o
Senhor Jesus é a fonte.
14
U
Não é verdade que podemos profetizar para qualquer um que
venha a nós em qualquer momento, como se profetizássemos
quando quiséssemos; muitos creem e ensinam assim. Na verdade,
acredito que tal ensino é perigoso porque geralmente força as
pessoas a profetizarem a partir de suas almas ou inspiradas por
demônios. Precisamos ser conscientes de que a linha que separa os
reinos espirituais da luz e das trevas é muito fina. Portanto, há um
sério risco em tocarmos um ou outro reino. Isso significa que
podemos ser inspirados tanto pelo reino do Espírito Santo quanto
pelo reino demoníaco, de tão fina ser a separação de suas
dimensões.
Muitas pessoas recebem profecias que não são verdadeiras e,
portanto, terminam frustradas, desapontadas e desiludidas. Porque
acreditam que qualquer um pode profetizar a qualquer hora que
quiserem, vivem sob a pressão de sempre precisarem de uma
profecia.
Há pessoas usadas em profecia que não compreendem o fato de
o Espírito Santo poder decidir falar ou não. Todavia, por sentirem-se
pressionadas a profetizar, em momentos em que o Espírito de Deus
permanece em silêncio, tais pessoas retiram coisas da alma e
profetizam por uma percepção natural, o que é muito perigoso, pois
abrem suas vidas para decepção.
Experiências assim são traumatizantes, todavia não podem nos
desencorajar de sermos usados na profecia; simplesmente,
devemos nos atentar ao fato de que há momentos em que Deus
fala, mas há outros em que Ele fica em silêncio. Lembre-se de que
profetizar é falar quando Deus fala, aquilo que Ele fala.
A Escritura ensina claramente sobre isso no contexto dos dons
espirituais e no dom de profecia.
Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o
que for útil. Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra
da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra
da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a
outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro, a
operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro,
o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de
línguas; e a outro, a interpretação das línguas. Mas um
só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas,
repartindo particularmente a cada um como quer. (1
Coríntios 12: 7-11 - grifo do autor)
Se acreditamos que podemos escolher quando e para quem
profetizar, então, para não violar as Escrituras, temos que olhar para
o contexto bíblico e acreditar, coerentemente, do mesmo jeito para
cada um dos outros 8 dons do Espírito.
Se é verdade que podemos profetizar a qualquer hora para
qualquer pessoa, também, podemos curar qualquer um a qualquer
momento. Se cremos desta maneira, deveríamos ensinar às
pessoas que elas podem a ser usadas nos dons de cura e de
milagres na hora que bem intenderem. Sendo isso verdade, os
hospitais ficariam vazios, porque tudo que precisamos fazer seria
treinar pessoas para liberar o dom de curas e de milagres.
Precisamos nos lembrar de que Deus quer que todos os seus filhos
profetizem, e todos podem profetizar, mas é o Espírito Santo quem
decide tudo sobre o dom, e não nós.
Pessoalmente acredito que há pessoas que têm o dom profético,
mas não são profetas como mencionado em Efésios 4. Chamo
essas pessoas de “pessoas proféticas”.
Geralmente, são muito sensíveis, vivem um relacionamento muito
íntimo com o Senhor e desenvolveram, em alta escala, o dom
profético. Alguns deles podem ser profetas, como dito pelo Novo
Testamento, mas ainda não iniciaram seu chamado nem o
desenvolveram totalmente.
Outros são simplesmente pessoas que têm um forte dom
profético, superior à média dos membros da Igreja. Essas pessoas
têm uma consciência mais sutil do mundo espiritual e, com muita
frequência, sentem a presença de atividades demoníacas, como,
também, a presença do Senhor e de anjos.
A Igreja, de modo geral, comete o erro de deixar a tarefa de
profetizar para essas pessoas, pelo simples fato de elas terem o
dom mais fortemente desenvolvido. Não fazemos nenhum favor
particular em elevar essas pessoas a um pedestal. Na verdade,
causaremos a elas mais prejuízos a benefícios.
Muitas Igrejas não sabem como lidar com essas pessoas, ao
mesmo tempo em que tais irmãos têm dificuldades em usar seu
dom e gerenciá-lo para um uso bom e saudável. Entretanto, estas
pessoas altamente sensíveis são usadas, abusadas e machucadas.
Muitos são tratados até como adivinhos espirituais.
Outra questão a ser ressaltada sobre essas pessoas é o fato de
elas, também, serem sensíveis naturalmente, o que as faz temer a
rejeição. Movidas por esse medo, tais pessoas podem, facilmente,
cair na tentação de liberar uma palavra profética para todos os que
chegarem a elas pedindo uma profecia. Inevitavelmente, isso
terminará em desastre e dor para todas as partes envolvidas,
porque tais profecias podem vir da alma ou, ainda, como vimos, do
reino das trevas.
Às vezes, essas profecias não são palavras que vieram do
Senhor, ou seja, aquele que profetizou não ouviu de Deus para falar
o que falou. Acontece que muitas dessas profecias podem nascer
da pressão que as pessoas puseram sobre essas pessoas
proféticas, ao procurá-las para receberem uma profecia.
Quando uma dessas profecias não acontecer ou se manifestar de
forma errada, então a raiva e a rejeição das pessoas que
pressionaram os irmãos proféticos para profetizar podem ser cruéis.
Isso se torna um ciclo vicioso e faz muitos pastores coibirem o dom
de profecia e o ministério profético na Igreja.
Estas pessoas proféticas devem aprender a distinguir quando
podem ou não compartilhar aquilo que Deus está lhes mostrando;
devem saber se a palavra profética foi dada somente para orarem
sobre o assunto ou se lhes é permitido, também, compartilhá-la. É
comum que Deus dê a essas pessoas proféticas insights7 especiais
e revelações sobre coisas que estejam acontecendo na vida de
alguém, em uma Igreja ou mesmo em âmbito nacional.
Muitas vezes, tais revelações não são dadas para serem
compartilhadas publicamente; Deus permite que uma pessoa
profética tenha determinada visão para que possa interceder pela
situação, desejando ver o propósito de Deus acontecer. É comum
que tais pessoas não compreendam a importância da intercessão
quando tais revelações acontecem e, por essa razão, saem
contando a todos sobre a revelação tida, causando muita
compreensão equivocada.
Pessoas proféticas precisam discernir as coisas que Deus está
dizendo à Igreja das que está dizendo a outra pessoa ou, ainda, a
eles próprios. Como esses irmãos aprenderam a ouvir Deus e como
são sensíveis à sua voz, tendem a ouvi-lo melhor que os outros. Por
isso, muitas vezes, Deus irá lhes dizer coisas especificamente para
eles; Deus poderá lidar com suas vidas pessoais e com seus
corações; todavia, caso não guardarem para si tais revelações,
podem perder o que Deus quer fazer em suas vida. Eles precisam
aprender a perguntar a Deus se aquilo que o Senhor está falando é
para eles mesmos ou se é para ser compartilhado com outra
pessoa, ou, ainda, com a Igreja.
Eles também precisam aprender quando a revelação deve ser
compartilhada. Não é tudo o que Deus mostra para essas pessoas
proféticas que deve ser compartilhada imediatamente; às vezes,
precisam esperar para liberarem a revelação no tempo de Deus.
Eu me lembro de quando fui pastor em uma Igreja em Viena.
Certo dia, durante a reunião, Deus me deu uma palavra profética
para um casal missionário que fazia parte de nossa Igreja. Eu quis
compartilhá-la com eles, mas o Senhor me impediu de dizer
qualquer coisa. Então, guardei aquela palavra e somente orei a
respeito do assunto. A palavra estava relacionada a não se sentir
desencorajado; o Senhor queria que eles soubessem que estavam
no lugar correto, mas que, em breve, seriam enviados para outra
nação.
No domingo seguinte, ao voltar para a reunião, recebi a mesma
palavra profética para eles, mas, outra vez, o Senhor pediu para eu
nada falar. Isso se repetiu por várias semanas, até que, finalmente,
o Senhor me liberou para lhes entregar a profecia e, então, eu disse
àquele casal aquilo que Deus havia falado ao meu coração. No final
da reunião, eles me procuraram e me disseram que tudo estava
bem em suas vidas, mas justamente naquele final de semana em
que receberam a profecia, estavam desencorajados e a razão do
desencorajamento estava relacionada à vontade de mudarem para
outra nação. Se eu tivesse dado a profecia semanas antes, quando
a havia recebido, teria profetizado no momento errado.
A Bíblia fala claramente que deveríamos desejar com zelo a
profecia para edificarmos nossos irmãos e a Igreja. Ela nunca diz
que deveríamos buscar palavras proféticas ou pessoas que
profetizam para nos dar uma profecia. O que geralmente acontece é
o inverso; ao invés de as pessoas desejarem, ardentemente, o dom
de profetizar, muitos crentes desejam, com zelo, receber uma
profecia.
Se precisamos ouvir de Deus, independente de quão
desesperados estamos, precisamos procurá-lo pessoalmente,
confiando que Ele fala com cada um de seus filhos, inclusive
conosco; agindo assim, permitiremos que Ele faça do modo como
bem escolher.
Lembremo-nos de que temos livre acesso ao seu trono. Como
suas ovelhas, podemos ouvir sua voz. Tratar a profecia como uma
adivinhação espiritual é antibíblico e pode resultar em muita dor e
em muitos problemas. Nunca corra atrás de pessoas que podem
profetizar para você receber uma profecia ou um “recado” de Deus,
nem pressione ninguém, a quem Deus tem usado no dom de
profecia para liberar uma palavra de Deus para você.
Já senti essa pressão incontáveis vezes em muitos países,
lutando sempre para não ceder à pressão das pessoas que desejam
uma profecia; contudo, somente digo aquilo que o Senhor quer que
eu diga. Cada cristão precisa aprender a nunca perseguir palavras
proféticas para si. Aqueles que fazem isso, encontrarão problemas à
frente.
Pessoas altamente sensíveis e proféticas ainda lutam com outro
problema que causa conflito para eles e para suas Igrejas. Alguns
não entendem que, mesmo Deus mostrando coisas sobre o futuro,
isso não nos faz profetas.
O infortúnio pode acontecer quando uma pessoa profética tem
uma “revelação” contrária a opinião ou direção de seus líderes. Em
casos assim, esses irmãos proféticos tendem a levar tudo pelo lado
pessoal. Essa situação pode ser melindrosa, principalmente se não
compreenderem que Deus, muitas vezes, lhes mostrará coisas para
que possam orar, e não pra se compartilhar nem para se tomar
decisões, pressionando pastores e líderes a decidirem coisas a
partir daquela impressão profética.
Tais pessoas precisam aprender a buscar sua força, seu suporte
e sua segurança em Deus. Eles nunca devem usar tais revelações
de Deus para manipularem outras pessoas a fazerem aquilo que
acham ser o correto a se fazer.
Quero destacar o fato de estar absolutamente convicto de que
precisamos destas pessoas proféticas entre nós. Creio que cada
Igreja precisa dessas pessoas que buscam o Senhor e o dom
profético. Cada pastor deveria orar por essas pessoas, além de
encorajá-las, de apoiá-las e de fortalecê-las.
Creio, também, que uma das razões pela qual a Igreja, em muitos
lugares no mundo, não está em boa forma é, justamente, porque
tais pessoas, espiritualmente famintas por Deus, não são
encorajadas nem recebem apoio merecido. Muito frequentemente,
temos jogado o bebê fora da banheira juntamente com a água8.
Encorajo cada pessoa profética a não permitir que experiências
negativas e feridas do passado possam pará-los de buscar o Senhor
e o dom profético. Sem essas pessoas, a Igreja não pode alcançar
seu potencial completo.

7 Esta é uma palavra que não tem uma tradução exata para a
língua portuguesa. Por essa razão, e por seu significado ser muito
específico, a palavra “insight” passou a ser usada em língua
portuguesa e, hoje, é considerada como um vocábulo de
empréstimo, com entrada e definição nos dicionários de nossa
língua. Como um substantivo, seu significado se aproxima à ideia de
intuição e, se for compreendida ao pé da letra, diríamos que um
“insight” seria ver de dentro ou ter uma visão vinda direta do interior.

8 Essa é a tradução literal de uma expressão idiomática referindo


ao jogar fora algo precioso juntamente com o que deveria, de fato,
ser jogado fora. Após dar banho em um bebê, comumente, joga-se
fora a água suja da banheira, mas guarda-se o bebê. Dizer “jogar o
bebê com a água da banheira” aplicado à realidade posta pelo texto
seria desprezar o profeta e o dom da profecia por causa dos riscos e
possíveis excessos.
15
O
A Bíblia afirma que deveríamos profetizar em proporção à nossa
fé. Creio que essa é uma verdade que precisa estar viva em nosso
coração. Vejamos o que o Apóstolo Paulo nos diz em Romanos
12:6:
De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça
que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a
medida da fé. (Romanos 12: 6)
A fé ativa os dons espirituais do mesmo modo como qualquer
outra coisa que recebemos do Senhor. Muitos cristãos começam a
desejar a profecia sinceramente, mas esperam que Deus os coloque
em um estado de êxtase ou de transe, de modo que suas bocas
abrem involuntariamente e, delas, saiam palavras proféticas.
Precisamos entender que a profecia vem a nós pela fé, do
mesmo modo como acontece quando falamos em línguas ao
sermos batizados pelo Espírito Santo; falamos o que o Espírito de
Deus nos dá pela fé, conscientes de tudo o que está nos
acontecendo. Não há êxtase, nem transes, nem delírios.
Já perguntei a muitos cristãos como foram cheios pelo Espírito
Santo e como começaram a falar em novas línguas. Eu sempre os
pergunto se o Espírito Santo, ao vir sobre eles, usaram suas línguas
independentemente de suas vontades, movendo suas bocas
involuntariamente, até o ponto de estarem falando em novas
línguas.
Ninguém relata ter vivido uma experiência nesses modos; todos
concordaram que o Espírito Santo lhes deu palavras e, pela fé,
começaram a falar segundo a nova língua recebida. Do mesmo
modo, devemos falar a profecia que Deus confiou a nós pela fé.
Profetizar, de igual modo, só é possível pela fé. E, como a fé
cresce à medida que a usamos, nosso crescimento no dom de
profecia acontecerá à medida que dermos passos de fé, falando o
que Deus nos tem dado e pedido para falar.
Há muitos que começam a profetizar, porém logo caem na
armadilha do medo de dar passos de fé falando aquilo que o Senhor
lhes têm dado. Isso, geralmente, acontece porque se comparam
com outros já usados por Deus neste dom há décadas. Comumente,
essa comparação faz com que essas pessoas se enxerguem como
um erro nesta questão do dom de profetizar.
Não podemos retirar nosso foco de Jesus para colocá-lo em outra
pessoa. Nossa fé deve estar firmada nEle, confiando sempre no
trabalho do Espírito Santo em nós. Compreendi este princípio de fé
muito cedo em minha vida cristã. Constantemente, ativo minha fé e,
em muitas instâncias, o Senhor me entrega uma simples e única
palavra, apontando para uma pessoa com quem Ele quer falar.
Mesmo não tendo nada a dizer além daquela única palavra, dou o
passo de fé e abro minha boca. É justamente em momentos assim
que o Senhor tem me dado profecias surpreendentes e marcado a
vida de muitas pessoas.
Antes de abrir minha boca, eu tinha somente algumas palavras.
Muitas vezes, eu nem tinha uma palavra profética para entregar; a
única coisa que tinha era a certeza de que Deus queria entregar-
lhes uma profecia através de minha vida.
Houve situações em que tais passos tomaram toda a fé que eu
tinha; assim, tremendo, mas vencendo o medo, começava a falar
uma palavra que somente fluía quando eu, prontamente, falava a
primeira sentença para uma pessoa em particular.
A fé é como nossos músculos, somente crescem quando
começamos a usá-los. A Bíblia diz que a cada cristão foi dada uma
medida de fé.
Porque, pela graça que me é dada, digo a cada um
dentre vós que não saiba mais do que convém saber,
mas que saiba com temperança, conforme a medida da
fé que Deus repartiu a cada um. (Romanos 12: 3)
Algumas pessoas parecem ter muito mais fé que outras. Isso
acontece porque elas, constantemente, usam sua fé; portanto, ela
cresce. O mesmo acontece com o dom de profecia. Muitas pessoas
dão passos de fé, usando este dom com frequência; por essa razão,
a fé dessas pessoas cresce permanentemente, e elas profetizam
mais que as outras.
Cada pessoa que está lendo este livro nasceu com músculos.
Não há exceção. Então, por que algumas pessoas têm mais
músculos que as outras? Certamente, isso acontece porque tais
pessoas os usam mais. São aqueles que vão à academia e
exercitam muito; pegam grandes pesos e trabalham contra a
pressão. Não é fácil e, com certeza, enfrentam a dor; todavia,
sabem que este é o único meio de fazerem seus músculos
crescerem; é somente trabalhando contra a pressão dos pesos, sem
desistir, que conseguirão o resultado desejado.
A fé funciona exatamente assim, até mesmo a fé para profetizar.
Quanto mais suportamos as dificuldades, o sofrimento, as
confusões e a dúvida, tanto mais nossos músculos de fé irão
crescer e tanto mais Deus será capaz de nos usar neste dom
maravilhoso.
Tenho suportado muito peso espiritual ao longo dos anos neste
ministério; por essa razão, Deus pôde me usar em diversas
maneiras maravilhosas para transformar vidas, Igrejas e
denominações. Continue lutando contra a dúvida e permaneça
profetizando; isso fará com que seus músculos cresçam.
Pessoas que estiveram em reuniões em que profetizei me
disseram que falo com muita ousadia, mas eles não têm nem ideia
do medo e do tremor que preciso superar, em fé, dentro de mim.
Profetizamos de acordo com nossa fé. Não copie ninguém nem
profetize tentando imitar outra pessoa. Você precisa profetizar de
acordo com sua fé. Ao desejar profetizar ardentemente, Deus dará a
você este dom e começará a usar sua vida. A fé somente cresce
quando usada.
Ao ensinar tais verdades em Igrejas e para pessoas que nunca
profetizaram, vejo que conseguem superar seus medos, abrindo
suas bocas pela fé, falando o que Deus lhes falou em espírito.
Tenho visto resultados incríveis; muitas vidas têm sido
transformadas e Igrejas edificadas por pessoas que têm profetizado
pela primeira vez em suas vidas. Somente a prática faz você crescer
no ministério profético. Lembre-se de que a fé começa a dar o
primeiro passo antes de ver toda escada.
Muitas pessoas me dizem que a principal razão de eles não
profetizarem é porque não têm a certeza de que a palavra profética
vem de Deus ou deles mesmos. O fato é que nunca vão descobrir
se não começarem a falar e a profetizar em fé. Aprendemos pela
prática, e não pelo conhecimento isolado. Em todos os momentos, a
vida cristã é marcada pela experiência e pela prática, à medida que
caminhamos com Deus; é tudo a mesma coisa em todos os
aspectos da jornada cristã, sempre precisaremos experimentar na
prática tudo aquilo que cremos.
Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda
necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os
primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis
feito tais que necessitais de leite e não de sólido
mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de
leite não está experimentado na palavra da justiça,
porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os
perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os
sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o
mal. (Hebreus 5:12-14)
A expressão “razão do costume” significa praticar. Então, como
crescemos à maturidade espiritual? Colocando as coisas em prática.
Ao praticarmos o que a Bíblia nos ensina, crescemos
espiritualmente à maturidade. O mesmo acontece com o ministério
profético e com o dom de profecia. Não podemos ter medo de
falhar; precisamos crescer em fé e aprender à medida que
caminhamos essa jornada do ministério e dom proféticos.
Precisamos aprender a dar expressão às nossas impressões.
16
G
A motivação para desejar profetizar não deve ser diferente do
nosso amor pela Igreja. Vimos claramente que o propósito da
profecia é edificar a Igreja; portanto, esta deve ser nossa única
motivação.
É muito interessante o fato de dois dos mais importantes
capítulos da Bíblia sobre dons espirituais (1 Coríntios 12 e 1
Coríntios 14) terem, justamente entre eles, o maior capítulo escrito
sobre o amor (1 Coríntios 13).
Tudo o que Deus faz em nossas vidas, Ele faz motivado pelo
amor. Por essa razão, o amor deve ser nossa única motivação para
desejarmos profetizar. Nunca devemos abusar do dom da profecia e
nos colocar sob “holofotes” ou nos fazer parecer importantes. Nunca
é sobre nós; sempre deve ser sobre Jesus e sua Igreja, por quem
Ele morreu e a quem ama profundamente. Por isso, precisamos
pedir a Deus para, constantemente, limpar nossos corações e
sondar nossas motivações. Se verdadeiramente amarmos a Igreja
de Jesus Cristo e vermos o maravilhoso efeito que o dom da
profecia causa sobre ela, todos iremos desejar profetizar
seriamente, não para nós mesmos, mas para noiva de Cristo, a sua
amada Igreja.
A Bíblia ensina muito sobre o amor, mesmo no contexto da
profecia. Meu espírito sempre se entristece quando vejo pessoas
exaltando aqueles que são usados, precisamente, com palavras
proféticas. Quando Deus me usa para profetizar, nunca faço para
proveito próprio, mas somente para edificar a Igreja e para ajudar
suas pessoas a viverem seus destinos como dados por Deus.
Quanto a nossas motivações para profetizar, podemos testá-las
facilmente, e verificar se desejamos este dom para nossa glória ou
para a glória de Deus. Para isso, basta observarmos como sentimos
ou como reagimos quando Deus não nos usa, mas usa pessoas ao
nosso redor; basta observar nossa reação especialmente quando
Ele usa pessoas que julgamos ser inferiores a nós; por essa única
razão, a de julgar alguém inferior, já demonstramos orgulho
suficiente.

E QUANDO DEUS FICA EM SILÊNCIO?


Há momentos quando Deus fica em silêncio e decide não falar.
Estes são tempos difíceis para pessoas proféticas. É tempo de
testar aquilo que o Senhor nos permitirá passar. Será que o
amamos mais que amamos nosso dom? Será que confiamos nEle
mesmo quando Ele se recusa a responder nossas perguntas? Todas
pessoas proféticas precisam aprender a lidar com os momentos em
que Deus fica em silêncio. De fato, precisamos aprender a não
somente lidar com essas horas, mas como amá-las e valorizá-las.
Momentos de testar nossos corações e de purificar nossas
motivações são vitais em nossa caminhada com Deus. Não
podemos exaltar os dons acima de nosso caráter. Mesmo o grande
profeta Eliseu teve que aprender isso.
Em II Reis 4, lemos a história sobre Eliseu e a mulher sunamita.
Esta mulher e seu esposo prepararam um quarto de hospede para o
profeta ficar em sua casa sempre que ele passasse por ali. Um dia,
o profeta disse: “O que posso fazer por vocês? Deveria eu falar com
o rei em seu favor?” O servo do profeta disse: “Ela não tem filhos”.
Então, Eliseu profetizou que em um ano ela teria um menino.
O filho nasceu, cresceu e, um dia, estava colhendo no campo
com seu pai. De repente, ele sentiu uma forte dor de cabeça e
morreu.
A mulher colocou o filho na cama de Eliseu e, imediatamente,
disse ao marido: “Eu quero ir com um dos jovens e com uma das
jumentas para ver o profeta”. Ao encontrar o profeta na montanha,
algo interessante aconteceu. Lá estava o profeta com quem Deus se
comunicava poderosamente e regularmente; mesmo os segredos
falados no quarto do rei eram revelados a ele (II Reis 6: 8-12).
Todavia, quando a mulher se aproximou dele, ele fez uma
importante afirmação.
Chegando ela, pois, ao homem de Deus, ao monte,
pegou nos seus pés; mas chegou Geazi para a retirar;
disse porém o homem de Deus: Deixa-a, porque a sua
alma nela está triste de amargura, e o SENHOR mo
encobriu e não mo manifestou. (2 Reis 4: 27)
Mesmo o profeta teve que aceitar que há tempos em que o
Senhor esconde as coisas de nós e fica em silêncio em seu amor.
Estes são momentos especiais e preciosos, mas muito difíceis para
pessoas proféticas, usadas para ouvir Deus diariamente. Aprendi a
valorizar esses momentos como um tempo em que Deus aprofunda
minha confiança nEle, levando-me ao seu descanso, ao mesmo
tempo que sou levado a me aproximar dEle, em puro respeito e
adoração.

COMO LIDAR COM A PROFECIA?


Para aprendermos a lidar com a profecia, precisamos
compreender questões cruciais sobre ela, partindo do princípio de
que a palavra profética tem determinada autoridade em si. Mas, que
autoridade teria a profecia?

1. A PROFECIA É DEUS FALANDO ATRAVÉS DO POVO


Como vimos anteriormente, a palavra profecia significa falar o que
Deus está falando agora; portanto, a profecia é a Palavra de Deus.
Tenho visto centenas de vidas mudadas, multidões salvas e muitos
milagres como um resultado de profecias que pessoas receberam,
porque a Palavra de Deus carrega autoridade em si. Se for uma
profecia genuína, temos que tratá-la como se fosse o próprio Deus
falando conosco. Tendo dito isso e acredito ser preciso entender que
Deus fala através de canais humanos imperfeitos. Essa é a razão
pela qual a Bíblia nos ensina que precisamos testar as profecias.
Mas, uma vez que Deus fala através da profecia, precisamos tratá-la
como Palavra de Deus, e não como palavra dos homens.

2. OS DONS PODEM SER COMUNICADOS ATRAVÉS DA


PROFECIA
A Bíblia ensina que os dons podem ser comunicados através da
profecia:
Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado
por profecia, com a imposição das mãos do presbítero. (1
Timóteo 4:14)
Através da profecia Deus comunicou um dom para Timóteo. O
que isso significa? Já vi isso acontecer muitas vezes. Já vi dons de
cura e outros ministérios serem comunicados através da profecia.
Pessoas que nunca haviam tido plano algum de serem usados por
Deus em certos dons, receberam uma palavra profética com a
promessa de que Deus os usaria em áreas específicas e
particulares, como o trabalho com crianças, a operação de cura e
em muitas outras áreas.
Através de uma palavra profética, Deus comunicou o dom e
deseja ver as pessoas que receberam tais profecias crescerem
nestes dons. Muitas pessoas cometem o erro de pensar que eles,
então, devem esperar Deus mover os céus e fazer algo
extraordinário para começar a usá-los. Devemos fazer o que a Bíblia
diz: não negligenciar o dom, mas começar a usá-lo, imediatamente,
e trabalhar com ele. Uma coisa é Deus comunicar certo dom através
de uma palavra profética, mas, outra coisa, é começar a usá-lo.

3. DEUS USA CANAIS IMPERFEITOS


Apesar de Deus falar através da profecia, precisamos, sempre,
compreender e nos lembrar de que Ele usa seres humanos falíveis,
como mencionamos anteriormente. Uma vez que nenhum de nós
somos perfeitos, precisamos compreender que as profecias
precisam ser testadas. Se profecias sempre fossem 100% perfeitas,
não haveria razão pela qual testá-las, como a Bíblia nos ensina a
fazer.
Porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos.
(1 Coríntios 13:9)
Neste versículo, a Escritura nos diz que mesmo as pessoas mais
experientes não são perfeitas e suas profecias precisam ser
testadas, porque conhecem somente em parte.
Sabendo disso, aquele que profetiza precisa compreender sua
infalibilidade, ou seja, sua palavra profética pode falhar. Em minha
experiência, descobri que a Igreja, de modo geral, encontra
dificuldades em entender essa questão. Percebi que tendemos ser
muito exigentes com aqueles que praticam o dom da profecia, não
admitindo deles erro algum, enquanto, geralmente, conseguimos ser
flexíveis com pessoas que fluem em outros dons.
Não esperamos que pastores, mestres ou evangelistas sejam
absolutamente perfeitos, o que não é verdade quanto a nossa
expectativa em relação aos profetas. De fato, creio que as pessoas
que profetizam são responsáveis e procuram liberar palavras
proféticas segundo o que ouviram de Deus, portanto deveríamos dar
a elas um pouco de graça e espaço para crescerem,
compreendendo que todos somos passivos de erro.

4. A PROFECIA NÃO CARREGA A MESMA AUTORIDADE DA


BÍBLIA
Deus nos deu a Bíblia como sua Palavra infalível. Nenhuma
profecia terá autoridade igual ou superior à da Escritura. Somente a
Bíblia é a infalível Palavra de Deus.

5. A PROFECIA DEVE SER TESTADA


Aqui há duas escrituras importantes a respeito da profecia que
precisamos entender, se quisermos ver nossas Igrejas e células
fluindo no dom de profetizar.
Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias,
mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom. (I
Tessalonicenses 5: 19-21)
Paulo nos instrui, claramente, que não devemos desprezar as
profecias, mas temos que testar todas as coisas. Por que ele nos
daria tal instrução? Por que Paulo coloca o teste de todas as coisas
no contexto de não desprezar as profecias?
Creio que Ele disse isso porque algumas profecias foram
liberadas pela carne e não pelo Espírito de Deus e, portanto, a
profecia, como um todo, foi desprezada em muitas Igrejas, o que
não seria a abordagem correta. A resposta ao abuso nunca deve ser
a falta do uso, mas o uso justo e correto.
Isto é o mesmo em todas as áreas de nossa vida cristã. Pastores
tendem a reagir com veemência contra a profecia, em vez de
tomarem a advertência do apóstolo Paulo, que nos diz para testar
todas as coisas e reter o que é bom. Desprezar as profecias por
causa de más experiências que tivemos na Igreja não é o caminho
apropriado, nem o bíblico. Vejamos, aqui, a segunda escritura que
havia dito ser importante.
E falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem. (I
Coríntios 14:29)
A palavra julgar, neste versículo, não está posta no sentido de
criticar, mas, sim, no sentido de examinar algo para ver se ele é real,
ou seja, para se ter a certeza de que esta é uma verdade da Palavra
de Deus. O próprio fato de que Deus nos pede para testar as
profecias significa que pode haver profecias na Igreja que não são
verdadeiramente a Palavra de Deus.
Assim sendo, deveríamos aprender a testar as profecias e, ao
mesmo tempo, permanecermos abertos ao dom de profetizar,
mesmo quando encontramos as profecias que não passam no teste
criterioso de nosso julgamento. O mandamento da Escritura é não
desprezar as profecias pelo simples fato de algumas delas darem
errado, mas para reter o que é bom. Se aprendermos a seguir o
conselho do apóstolo Paulo e simplesmente profetizar para edificar,
confortar e encorajar, então, toda Igreja será edificada.
17
C
Trago neste capítulo algumas sugestões práticas sobre como
podemos e devemos testar uma profecia. Precisamos desta prática
entre nós para evitarmos extremos. Não devemos desprezar as
profecias, tampouco aceitar que toda palavra liberada vem da parte
de Deus. Portanto, vamos aprender essa valiosa lição para a Igreja.

1. TESTE A PROFECIA PELA BÍBLIA


Qualquer profecia que vai contra as Escrituras Sagradas deve ser
rejeitada. Deus nunca vai contradizer sua própria Palavra escrita. A
Palavra de Deus dura para sempre. Ao testar a profecia pela Bíblia,
não devemos retirar um verso do contexto para provar a veracidade
da profecia. A profecia deve estar alinhada com todo o ensinamento
da Bíblia.
Se a Bíblia não disser nada sobre o tópico específico tratado pela
profecia, então, devemos nos certificar de que nada na escritura
contradiz tal palavra profética. Já ouvi pessoas profetizando que
Deus compreende a dificuldade enfrentada no casamento de alguns
e, por Deus ver o quão pacientemente essas pessoas têm sofrido ao
longo dos anos, Ele resolveu liberar aqueles cônjuges para
concretizarem o divórcio.
A Bíblia ensina que Deus odeia o divórcio, portanto, essa profecia
não passa no teste da Bíblia e precisa ser rejeitada. Em qualquer
tempo, quando uma profecia contradiz a Palavra de Deus, ela não
passa no teste e, por tal razão, não pode ser aceita como uma
profecia verdadeira.
Mas se a Bíblia não disser absolutamente nada sobre o assunto
que foi profetizado? Pessoas já me disseram que a profecia pode
ser falsa por não haver ensino na Bíblia mencionando o que foi
profetizado. A questão não é se a Bíblia fala sobre o que foi
profetizado, mas, sim, se a profecia contradiz ou não a Bíblia de
alguma forma. Eu costumo dizer que a Bíblia não fala
absolutamente nada sobre carros, aviões, máquinas de lavar, e
coisas como essas da modernidade.
Assim, caso tivéssemos que ponderar somente pelo que está
escrito, teríamos de rejeitar todos esses ítens; deveríamos, então,
ter de lavar roupas com as mãos e abandonar carros, ônibus e
aviões, para adotar a prática primitiva de andar a pé. Todavia,
quando a Bíblia não trata explicitamente sobre determinado assunto,
devemos julgá-lo pela sua contradição à Palavra de Deus. Dessa
forma, teremos padrões mais precisos e coerentes para nosso
julgamento da palavra profética.

2. A PROFECIA NÃO DEVE CAUSAR MEDO


Vimos anteriormente que a profecia é para edificação,
encorajamento e conforto. Então, a profecia nunca deve causar
medo nas pessoas; deve haver esperança e fé ligadas à profecia, o
que não permite nos causar medo.
O temor de Deus é saudável pois ele nos atrai à intimidade com
Ele, trazendo arrependimento e mudança para nossas vidas. O
inimigo opera no reino do medo e controla as pessoas por ele. Deus
é amor e trabalha no reino do amor.
Creio que Deus disciplina seus filhos, e todo filho sábio e maduro
buscará, constantemente, sua sabedoria para responder
corretamente à disciplina. Esta tem sido minha constante oração
desde minha adolescência, e continuará sendo até o dia em que eu
morrer.
Entretanto, não é propósito da profecia trazer disciplina à Igreja.
O Pai disciplina seus filhos, e Deus tem confiado a disciplina da
Igreja local à sua liderança, e não ao dom de profecia.
Muitas vezes tenho visto pessoas abusarem da profecia para
corrigir pessoas em público ou para fazê-las sentirem-se mal ou
com medo. Não acredito que esta seja uma profecia bíblica, mas,
sim, uma que vem da carne.

3. NÃO JULGUE A PROFECIA NA CARNE


Às vezes Deus irá dizer algo para nós que vai contra nossa
habilidade natural ou contra nosso desejo. Não podemos julgar uma
profecia pelo fato de não conseguirmos imaginar se ela será
cumprida ou não. Deus quer nos fazer caminhar em sua força, e não
na nossa. Houve coisas que Deus falou comigo através da profecia
que pareciam impossíveis de serem cumpridas. Quando Deus disse
a Abraão que ele teria um filho, isso era humanamente impossível.
Através da Bíblia, observamos que Deus se deleita em usar
canais fracos para cumprir seu propósito. Repetidamente, vemos
que quando as coisas são humanamente impossíveis, a
possibilidade de Deus começa. Esta é a pequena fé para a qual
Deus nos chamou. Precisamos sempre nos lembrar de que nada é
impossível para Deus; o teste não é se sentimos ou não que a
profecia se cumprirá em nossas vidas, mas se cremos em sua
concretização plena.

4. TESTE A PROFECIA EM SEU ESPÍRITO


Testamos a profecia em nosso espírito, e não em nossa alma. O
Espírito de Deus habita em nós e testemunhará ao nosso espírito se
a palavra falada é de Deus ou não. Se você tiver um sentimento
ruim e inquieto em seu espírito, simplesmente ignore a profecia. Se
em seu espírito você sentir que há algo de errado ou se você sentir
falta de paz, somente coloque a profecia de lado.
Há pessoas que somente testam uma palavra profética pela
Bíblia, e não há nada errado com isso. Geralmente, essas pessoas
não têm um testemunho em seu espírito, nem sentem nada contra a
profecia, portanto, ficam sem saber se devem recebê-la como vinda
de Deus ou não.
Neste caso, simplesmente se esqueça dessa profecia por um
tempo e peça a Deus uma confirmação. A Bíblia diz que onde
houver duas ou três testemunhas toda a verdade será estabelecida
(II Coríntios 13:1).
Não é sinal de fraqueza ou falta de fé pedirmos a Deus para
confirmar sua Palavra a nós, uma vez que estejamos incertos. Deus
ama seus filhos, e caso peçamos para Ele confirmar se a profecia
vem dEle ou não, com sinceridade de coração, Ele se agradará em
nos responder. Muitas vezes quando ensino isso, pessoas me dizem
que receberam uma mesma profecia por pessoas diferentes, sendo
que nenhuma delas sabia absolutamente nada daquilo de que se
tratava.

5. CHEQUE A PROFECIA COM OS LÍDERES DESIGNADOS


POR DEUS
Se não tivermos a certeza de que a profecia vem ou não de Deus,
mesmo depois de testá-la pela Bíblia e em nosso espírito,
deveremos conversar com os líderes que Deus colocou em nossas
vidas sobre tal profecia.
Podemos estar certos de que Deus os dará sabedoria
sobrenatural para verem o que não podemos ver. O importante é
sermos humildes e ensináveis.
Deus deseja que possamos caminhar em relacionamento de
aliança um com o outro, portanto e por alguma razão, estabeleceu
estrutura e autoridade na Igreja.

6. QUANDO A PROFECIA PASSAR NO TESTE


Uma vez que testamos a profecia, percebendo que ela é,
verdadeiramente, a Palavra de Deus, não devemos deixar o inimigo
roubá-la de nós, nem mudar nossa mente em tempos de dificuldade.
A profecia não deve ser testada pelas circunstâncias em tempos
difíceis, mas por todas as outras maneiras que dissemos
anteriormente.
Quando Deus fala, Ele deseja que vejamos suas promessas
cumpridas, mas precisamos aprender a trabalhar juntamente com o
Senhor, em seus propósitos, para que tais promessas e sua vontade
sejam estabelecidas.
Quando comecei a plantar Igrejas há quase 30 anos e a ministrar
no dom profético, frustrei-me muito e quis desistir do ministério
profético. Tenho visto muitas pessoas que receberam uma profecia
e, depois, viveram suas vidas regaladamente, sem andar
diligentemente com Deus.
A atitude de muitos foi a seguinte: uma vez que receberam uma
grande profecia, não mais se importavam com o modo de viverem
suas vidas. Isso entristeceu muito o meu coração, a ponto de me
fazer querer parar de profetizar. Mas decidi que ensinaria o povo de
Deus a fazer o correto, e não desistir.
Através da Bíblia, encontramos este maravilhoso mistério que é
Deus, o homem e a mulher trabalhando em conjunto. Deus não fará
as coisas que Ele quer que façamos. Ele tem o propósito de ver seu
reino estabelecido e deseja que trabalhemos em conjunto com Ele
para o cumprimento deste propósito. Portanto, ao recebemos uma
profecia, na verdade, somos colocados num lugar de início, ou seja,
onde uma jornada começa, e não em seu fim. Diria que nossa parte
inicia no momento em que recebemos uma Palavra de Deus.
18
A
POR QUE, ÀS VEZES, OCORRE O OPOSTO À PROFECIA?
Depois que recebemos uma profecia, é possível que ocorra o
oposto ao que foi prometido. Esse fato é conhecido como “estrada
da contradição”. Deus nos fará passar por essa estrada várias
vezes, e cada crente precisa aprender a caminhar e entender
algumas verdades importantes sobre ela.
Uma das coisas que nunca podemos fazer é testar a profecia
pelas circunstâncias, principalmente pelas que são opostas à
palavra que recebemos; devemos nos lembrar de que,
possivelmente, estamos passando por esta “estrada da
contradição”. É fato que a profecia precisa ser testada, mas isso
deve acontecer no momento em que a recebemos, nos modos como
já foi apresentado anteriormente; não devemos provar as palavras
de Deus liberadas para as nossas vidas depois de certo tempo que
as recebemos, principalmente se já estivermos na estrada da
contradição.
A Bíblia nos conta a história de muitos que passaram pela estrada
da contradição depois de terem recebido promessas de Deus. Uma
vez que testamos a profecia e temos a certeza de que ela vem de
Deus, precisamos entender que o Senhor não muda de ideia.
Por que, então, às vezes, Deus nos faz passar pela estrada da
contradição? Por que Deus permite que o oposto às profecias e às
promessas ocorra? Trataremos, portanto, neste capítulo sobre tais
questões, para compreendermos e aprendermos a andar por essa
estrada.

1. A IMPORTÂNCIA DE NOSSO CARÁTER


Ao estudarmos a Bíblia, vemos que Deus deu ao seu povo um
sonho ou uma promessa e, então, o Senhor começou a trabalhar o
caráter deles. Se não tivermos o caráter correto para herdar nossa
profecia, podemos causar grandes prejuízos ao reino de Deus. Deus
deu a José o sonho profético de que sua família se curvaria diante
dele, mas o oposto aconteceu; sua família o vendeu à escravidão, e
José acabou na prisão.
Deus deu a Davi a promessa de ele iria ser rei; o profeta chegou
a ungi-lo, mas, ao invés de ser posto em um lugar de autoridade,
Davi viveu fugindo por muito tempo, sendo perseguido pelo rei Saul,
que queria matá-lo.
O povo de Israel recebeu a promessa da terra que manaria leite e
mel, mas tiveram que caminhar num deserto. Esses são apenas
alguns exemplos narrados pela Bíblia.
Quando estamos na estrada da contradição, devemos perguntar
a Deus se Ele deseja nos ensinar alguma coisa ou se, ainda, quer
trabalhar nosso caráter. Devemos nos render ao Senhor
completamente e permitir que Ele faça qualquer coisa que precisa
ser feito em nosso coração. Nosso coração precisa permanecer
ensinável para Deus e para sua disciplina.
Quando José recebeu o primeiro sonho profético, mostrando que
sua família se prostraria diante de si, ele era um adolescente
orgulhoso; todavia, foi na estrada da contradição, quando o oposto à
sua promessa aconteceu, que Deus transformou seu caráter. Na
prisão de suas circunstâncias, Deus trabalhou profundamente em
sua vida. Quando a profecia foi finalmente cumprida, ele tinha o
caráter de Deus e andava em amor, sendo usado para cumprir o
propósito do Senhor em sua vida.

2. A PRESCIÊNCIA DE DEUS
Paulo aconselhou a Timóteo, na primeira carta que lhe escreveu,
sobre como ele deveria lutar a batalha pelas9 profecias que havia
recebido.
Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que,
segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por
elas boa milícia. (I Timóteo 1: 18 - grifo do autor)
Às vezes, Deus nos dá uma profecia porque Ele sabe que um tipo
de oposição virá no futuro. Quando enfrentamos qualquer tipo de
resistência, podemos usar a profecia como Palavra de Deus
liberada, declarando-a, clamando-a e lutando por ela até que a
promessa de Deus para nós seja totalmente cumprida.
Conheço dois homens que estavam no ministério juntos. Certo
dia, ao ministrarem em uma conferência na Europa, Deus falou com
um daqueles homens, que é um profeta, para comprar uma garrafa
de vinho bem cara e, com ela, presentear seu amigo, o outro
ministro. Então, aquele profeta foi à cidade e comprou uma bela e
cara garrafa de vinho.
Ao entregar a garrafa para o amigo, Deus deu a ele uma profecia
dizendo que, do mesmo modo como naquele momento ele recebia o
melhor vinho, os melhores anos de vida daquele homem estariam
por vir.
Meses depois, o homem que ganhou a garrafa o vinho foi
diagnosticado de câncer, e os médicos disseram que não havia
esperança para sobrevivência. O oposto à profecia aconteceu;
aquele homem estava na estrada na contradição. Quando o profeta
ouviu aquela notícia, ele disse ao amigo para não duvidar da
profecia, mesmo frente ao fato de as circunstâncias terem mudado,
tentando fazer com que aquela palavra profética parecesse mentira.
O profeta disse ao amigo para pegar a garrafa de vinho, olhar para
ela e lutar pela profecia que Deus lhe havia entregue. Todos os dias,
aquele homem lutou a batalha pela profecia e declarou: “Eu não vou
morrer, porque Deus disse que os melhores anos de minha vida
estariam à frente de mim”.
Hoje, muitos anos depois, este homem ainda vive. A profecia não
foi falsa. Deus conhecia o futuro e, em sua presciência, deu ao
homem a esperança e uma palavra profética para que ele pudesse
lutar aquela batalha. Aquele homem fez a coisa certa; em vez de
testar a profecia meses depois pelas circunstâncias, ele se
apropriou dela e viu a vitória. Quando Deus deu a ele aquela
profecia, Ele já sabia que, meses à frente, viria um problema na vida
daquele homem, então, o Senhor lhe entregou uma profecia pela
qual poderia lutar.

2. A OPOSIÇÃO DO DIABO
Como cristãos, estamos em uma batalha espiritual. O diabo não
nos quer ver vitoriosos nem bem sucedidos. Ele vai lançar coisas
contra nós, resistindo a profecia que recebemos. Cada Palavra de
Deus tem o poder para transformar nossas vidas completamente; e,
porque a profecia é Deus falando conosco, o diabo odeia a profecia.
Ele tentará, constantemente, trazer circunstâncias de resistências às
nossas vidas ou semear dúvidas em relação à Palavra de Deus.
Em tais momentos, não devemos testar a profecia nem dela
duvidar, pois o teste da palavra profética deve ser feito no momento
em que a recebemos. Frente às resistências postas pelo diabo,
devemos nos apropriar da profecia e, por meio dela, lutar nossa
batalha. Precisamos nos posicionar em fé frente à oposição de
Satanás e declarar, corajosamente, o que Deus falou. Nossa fé é a
vitória que vence o mundo. Nossas palavras têm um poder criativo.
Estejamos atentos e não deixemos a dúvida entrar em nossos
corações, pois, geralmente, em momentos de resistência, os
cristãos abdicam de suas profecias a abortam as promessas dadas
por Deus.
Na teologia, há um conceito conhecido por “lei da primeira
menção”. Basicamente, ela diz que se quisermos compreender um
tema na Bíblia e interpretá-lo corretamente, precisamos encontrar o
lugar em que tal termo foi primeiramente mencionado. Ao
observarmos a primeira menção do ato de “falar” na Bíblia, veremos
que este não aconteceu com o intuito de comunicar, mas de criar:
No princípio, criou Deus os céus e a terra. E a terra era
sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das
águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. (Gênesis
1:1-3)
A partir desta compreensão, entendemos que o discurso foi
originalmente usado para criar, e não para comunicar. É fato que a
comunicação é importante, todavia, precisamos compreender o
poder criativo de nossas palavras. Em momentos de resistências,
precisamos confessar ousadamente a profecia que Deus nos deu e,
na estrada da contradição, devemos declará-la e vê-la acontecer.
9 Em inglês, a expressão usada referente ao lutar pela profecia
vem do versículo de I Timóteo 1:18 que diz: “This charge I commit to
you, son Timothy, according to the prophecies previously made
concerning you, that by them you may wage the good warfare”.
Nesse contexto, é usada a preposição “by”, traduzida para o
português como “por”. O significado da preposição “by” é específica,
determinando o modo pelo qual se deve fazer alguma coisa ou,
ainda, indicando o “lugar” em que se deve originar uma ação. Ao
dizer que Timóteo deveria lutar pelas profecias, Paulo não disse que
ele tinha de lutar em favor das profecias recebidas, o que
comumente poderia ser compreendido em português ao dizermos
“lute pelas profecias”; o que Paulo estava dizendo era, “lute sua
batalha com base, ou seja, crendo nas profecias recebidas”. Em
outras palavras, Paulo dizia, use as profecias recebidas como arma
para lutar suas batalhas. É nesse sentido que, neste capítulo,
devemos entender a expressão “lute pelas profecias”.
19
A E
A estrada da contradição é o lugar em que muitos cristãos abortam
suas promessas ou profecias. O aborto é uma experiência muito
dolorosa tanto naturalmente quanto espiritualmente. Quando o
Senhor começou a mostrar-me essa verdade, fiquei muito triste e
disse a ele que não poderia ensiná-la, uma vez que não queria que
as pessoas sofressem a terrível dor do aborto. A Palavra de Deus é
como uma semente que cai em nossos corações: pode ser por meio
de uma profecia, de uma promessa do Espírito de Deus para nós,
por meio da Palavra de Deus escrita ou em qualquer outro meio
pelo qual o Senhor escolher falar conosco. Quando a Palavra de
Deus cai em nossos corações, nos engravidamos da palavra que é
ativa e viva. O inimigo fará qualquer coisa que puder para separar a
semente da Palavra de Deus de nossos corações. Esta é uma das
grandes estratégias do inimigo. Em Marcos 4:13-15, Jesus falou
sobre isso em uma parábola.
E disse-lhes: Não percebeis esta parábola? Como, pois,
entendereis todas as parábolas? O que semeia, semeia a
palavra; e, os que estão junto do caminho são aqueles
em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles
ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi
semeada nos seus corações. (Marcos 4:13-15)
Satanás sempre tentará roubar a semente da Palavra de Deus de
nossos corações, porque ele sabe que se a Palavra de Deus criar
raízes e crescer, produzirá frutos. Ele quer certificar-se que isso
nunca irá acontecer. As promessas de Deus são tão poderosas e
nos dará uma vida abundante e vitoriosa. Então, se o diabo for
incapaz de roubá-la de nossos corações, ele tentará fazer com que
nós mesmos abortemos as promessas de Deus para as nossas
vidas. Isso acontece quando não nos apropriamos às nossas
promessas pela fé, sempre que estamos na estrada da contradição.
O diabo é um mentiroso, e ele fará o que puder para mentir sobre
os planos e propósitos de Deus para sua vida. Frequentemente, ele
manipulará as circunstâncias para que o oposto à promessa de
Deus aconteça a você. Já vi isso acontecer, muitas vezes, na área
de cura; pessoas experimentaram, sem dúvida alguma, uma cura
sobrenatural, confirmada até mesmo por médicos. Todavia, após
algum tempo, os mesmos sintomas da então enfermidade voltaram;
a verdade foi que o inimigo os colocou de volta na pessoa, como se
semeasse mentiras e duvidas em sua mente sobre a cura recebida.
Se as pessoas concordarem com o sintoma, que, indiretamente, é
concordar com o inimigo, em vez de resistirem-no com suas
mentiras, firmemente em fé, acabam por permitirem-no roubar o
milagre e, neste momento, abortam as promessas recebidas de
Deus.
Em casos assim, simplesmente digo: “Diabo, você é um
mentiroso, de modo algum vou aceitar suas mentiras e recuso-me
acreditar em você. Saia da minha vida, em nome de Jesus. As
promessas de Deus são verdade, e meu milagre pertence a mim”.
Quando o diabo semeia dúvidas em nossa mente, e nos
submetemos a tais pensamentos, começamos o processo de aborto
espiritual. Uma vez que comentemos esse aborto, terminaremos por
morrer no deserto, como o povo de Israel. Certa vez, Deus me
mostrou que há milhões de promessas não cumpridas e profecias
flutuando no mundo espiritual, porque seus filhos as abortaram na
estrada da contradição. Em vez de firmarem-se naquilo que Deus
havia dito; pensando, sonhando, crendo e declarando o que Deus
os havia prometido, abriram a porta de seus corações para o diabo
através da dúvida e da incredulidade.
Uma vez que você abrir a porta de seu coração para o diabo
através da dúvida e da incredulidade, a próxima coisa que
acontecerá é que você cometerá um aborto espiritual sem saber que
o está fazendo. Então, haverá outra promessa sem ser cumprida
flutuando pelo mundo espiritual. Quando o Senhor mostrou-me esta
verdade, fiquei com o coração entristecido, a ponto de ter dito ao
Senhor que gostaria de parar de profetizar. Pensei que se não
liberasse profecias para as vidas das pessoas, elas, então, não
teriam promessas para abortarem. Entretanto, o Senhor não aceitou
minha resignação quanto ao ministério profético; Deus disse que eu
não poderia parar o que Ele havia chamado a mim para fazer; minha
atitude deveria ser diferente: antes, deveria ensinar as pessoas de
Deus sobre a estrada da contradição e sobre o aborto espiritual.
Ao falar com o Senhor: “Se eu pregar essa mensagem, haverá
tantas pessoas tristes em tantos lugares, porque eles sentirão a dor
do aborto espiritual que cometeram”, Ele lembrou-me sobre a
história de Lázaro em João 11. Ele perguntou-me: “O que eu disse a
Marta?”, imediatamente respondi: “O Senhor disse: ‘Eu sou a
ressurreição e a vida. Aquele que crer em mim, ainda que esteja
morto, viverá!” Então, o Senhor disse para mim: “Se você pregar
esta verdade, darei a você a autoridade e a unção de ressuscitar
todas as profecias abortadas e todas as promessas de volta à vida
nos corações daquelas pessoas”.
Ao final deste capítulo, orarei e, se você, pela fé, repetir esta
declaração, você receberá a ressurreição de suas promessas
abortadas de volta ao seu coração. Então, você será capaz de
caminhar na estrada da contradição, com toda certeza de fé de que
Deus não mente nem pode mentir; ainda estará certo de que Deus
sempre cumprirá sua Palavra, independentemente do tempo que
isso o levará a cumpri-la, mas, para isso, seus filhos precisam ser
ousados para acreditar nEle.
Eu mesmo já andei pela estrada da contradição várias vezes em
minha vida. Sou grato a Deus por minha vida e o quão Ele tem
ensinado-me tantas coisa por sua graça. Ele tem me protegido e
salvado-me de abortar minhas promessas enquanto atravesso a
estrada da contradição. Devo a Ele tudo o que tenho e sou, sendo
plenamente alerto que minha sabedoria e força vem dEle somente.
Recentemente ministrei em uma cidade no Brasil. Assim que
entrei no prédio onde iria ministrar, um homem veio até a mim e
contou-me uma história sobre ele. Aproximadamente três anos
anteriores à ocasião, ministrava naquela igreja em que ele era
membro. Profetizei que Deus o iria prosperar e fazê-lo rico,
liberando muitas provisões financeiras por meio dele para abençoar
toda a igreja e, também, outras pessoas. Deus ainda usaria aquelas
finanças, que fluiriam da vida dele para o reino, a fim de trazer
salvação para outras pessoas.
No momento em que ele recebeu aquela profecia, seu salário não
era muito. Pouco tempo depois de recebê-la, ele começou a
caminhar pela estrada da contradição e passou por dificuldades
financeiras. Ele recusou abortar a profecia e continuou firmemente
acreditando na Palavra de Deus. Ao contar-me essa história, havia
se passado três anos desde que ele recebera a profecia. Ele disse-
me que seu salário no mês seguinte seria de setenta e cinco vezes
mais comparado ao que recebia no momento em que havia recebido
a profecia. Todavia, ainda há milhões de profecias abortadas no
mundo espiritual, que deveriam ter sido cumpridas. Se Deus lhe
disser algo, você deve acreditar, ponto final.
Antes de você ler a próxima oração, por favor, faça uma simples
oração pessoal. Peça a Deus para perdoar você por ter abortado
suas preciosas promessas por causa de sua incredulidade. Uma vez
que você pedir perdão a Deus, receba-o pela fé. Diga ao diabo que
você não aceita nenhuma condenação, uma vez que foi livremente
perdoado e Deus não se recorda mais de seu pecado. Então,
coloque suas mãos em seu coração e leia a seguinte oração. Ao
fazê-la, receba seu milagre de ressurreição pela fé. Lembre-se de
que você não está fazendo essa oração, mas, sim, lendo-a. Sou eu
quem oro pela sua vida, pela fé. Faça a declaração de fé no final.
ORAÇÃO: Querido Pai celestial. Obrigado porque o
Senhor tem me dado autoridade e unção para ressuscitar
promessas e profecias abortadas de volta à vida. Na
autoridade do nome de Jesus, e pelo poder do Espírito
Santo, comando toda promessa abortada de cada leitor
deste livro a ressurgir agora. Repreendo todo espírito de
morte e ordeno que você retire suas mãos das vidas
dessas pessoas preciosas. Libero o poder da
ressurreição de Jesus para fluir nos corações desses
leitores agora, colocando de volta as promessas em seus
corações. Pela fé, entro no mundo espiritual e alcanço
essas promessas abortadas para trazê-las de volta a vida
e colocá-las de volta ao coração de cada um. Repreendo
todo espírito de falta de esperança e libero uma nova
esperança aos leitores deste livro.
DECLARAÇÃO: Pela fé, agora, recebo meu milagre de
ressurreição. Recebo minha promessa abortada de volta
ao meu coração, viva e bem. Creio plenamente que a
promessa que abortei é tão certa e verdadeira quanto cri
quando Deus ma entregou pela primeira vez. Não vou
abortá-la mais, pois vou agarrar-me a ela pela fé, até que
a veja manifesta em minha vida. Obrigado Jesus pelo
milagre da ressurreição em minha vida. Amo o Senhor e
o honro. Amém.
20
O
Poderíamos dizer que a profecia se constitui por três elementos
que destaco neste capítulo. A observação desses é de extrema
relevância para compreendermos e atuarmos no dom de profecia
com mais discernimento e clareza.

1. REVELAÇÃO
A primeira parte da profecia é a revelação. A profecia vem até
você por divina revelação; não tem nada a ver com conhecimento
ou com informação. Precisamos ser muito cuidadosos em não
misturar a profecia com nossos desejos e vontades. Ela precisa ser
pura revelação do Espírito de Deus. Se nossas motivações não
forem puras ou se quisermos que determinadas pessoas façam
coisas específicas, podemos misturar uma profecia verdadeira com
nossos próprios desejos, tornando-a impura. Precisamos nos
certificar de que aquilo que falamos vem a nós por revelação, e não
pela nossa própria alma.

2. INTERPRETAÇÃO
A segunda parte da profecia é a interpretação. A interpretação
acarreta o entendimento daquilo que a profecia significa. Às vezes,
Deus fala claramente e diretamente; outras vezes, Ele fala através
de símbolos, de gravuras ou de palavras que precisam ser
interpretadas. Deus falou diretamente a Abraão que ele teria um
filho, mas foi através de sonhos que o Senhor falou para José que
ele salvaria sua família e seu povo.
É justamente em situações assim que pessoas cometem erros.
Do mesmo modo que a profecia deve vir por revelação, sua
interpretação também deve vir por revelação. Quanto ao interpretar
uma profecia, há o perigo de se iniciar a interpretação no espírito e
terminá-la na carne. Os gálatas enfrentaram tal perigo em sua
caminhada cristã.
Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo
Espírito, acabeis agora pela carne? (Gálatas 3:3)
Uma vez que a revelação vem do Senhor, a interpretação deve,
também, vir de Deus. Se não tivermos a interpretação dada pelo
Espírito Santo, devemos somente entregar a profecia (revelação)
para as pessoas a quem profetizamos, deixando a interpretação
para elas fazerem.
Há outros momentos, entretanto, que Deus fala especificamente,
prontificando na pessoa que recebe a profecia o desejo de buscar a
Deus por sua interpretação, porque o Senhor quer que todos se
aproximem dele, almejando a buscá-lo mais.
Certa vez, Deus me deu uma visão profética de uma jovem
senhora. Eu a vi orando e clamando a Deus e, depois, apontando
para um jovem rapaz, clamando a Deus outra vez. Então, o Senhor
me deu a seguinte profecia: “Deus ouviu suas orações e as
responderá, mais ainda não é tempo. Você ainda terá de esperar
por mais três anos.”
Eu pensei que a interpretação seria que ela orava pedindo a Deus
aquele rapaz por marido; mas entendi que esses eram meramente
meus pensamentos, e não a interpretação que deveria ter vindo a
mim por revelação de Deus. Então, somente entreguei a ela a visão
e a profecia. Aprendi a não dizer nada se Deus não me der a
interpretação por revelação.
Depois do culto, essa jovem veio até a mim e me apresentou seu
marido. Eles haviam se casado recentemente e ela queria um bebê
rapidamente, mas seu esposo acreditava que eles deveriam esperar
por três anos. Ela, então, estava orando para Deus mudar a mente
do marido. Quando ela recebeu a profecia, soube exatamente o que
significava e, agora, estava em paz, pois sabia que era a vontade de
Deus que esperasse mais. Fiquei muito grato por não ter falado o
que eu havia pensado ser a interpretação daquela profecia.

3. APLICAÇÃO
Precisamos entender que a aplicação é um elemento importante
para cada profecia. Somente quando aprendemos a trabalhar em
conjunto com o Senhor, sua palavra e seus planos se cumprirão em
nós. É sempre muito empolgante receber uma profecia ou uma
promessa de Deus, mas precisamos estar certos de que, depois de
liberada a palavra profética para nós, nosso trabalho duro começa.
Precisamos aprender a trabalhar em conjunto com Deus. A fé
sem obras é morta. Deus não nos dá uma profecia somente para
que possamos nos sentir bem ou empolgados, mas para podermos
trabalhar juntamente com Ele e ter suas promessas cumpridas em
nossas vidas; isso, de fato, o glorifica.
Paulo disse que precisamos desenvolver nossa salvação, mas é
o Senhor quem nos salva10. Por toda Bíblia, podemos ver o trabalho
de Deus em conjunto com o homem e com a mulher, para que os
planos de dEle fossem cumpridos.
De sorte que, meus amados, do modo como sempre
obedecestes, não como na minha presença somente,
mas muito mais agora na minha ausência, efetuai a
vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o
que opera em vós tanto o querer como o efetuar,
segundo a sua boa vontade. (Filipenses 2:12-13)
A aplicação da profecia deve ser deixada para a pessoa que a
receber, e nunca para quem profetiza. Se não entendermos isso,
podemos, facilmente, tentar manipular as pessoas através da
profecia, o que é algo terrível de se fazer.
A pessoa que entrega uma profecia é como o carteiro que nos
traz correspondências; seu trabalho é somente nos deixar a
correspondência, e não certificar-se se a abrimos ou não, nem se
pagamos as contas (se for o caso), ou se respondemos a cada carta
recebida.
Se acontecer de o carteiro tentar me pressionar para abrir e
responder minhas correspondências, eu o expulsarei de minha
casa, pois não quero que ele interfira em minha vida. Uma vez que
ele entregou a correspondência, cumpriu com o seu trabalho. É
assim que deveríamos tratar a profecia. Até o profeta Ágabo, na
Bíblia, fez assim:
Demorando-nos ali por muitos dias, desceu da Judeia um
profeta, de nome Ágabo; e vindo ter conosco, tomou a
cinta de Paulo e, ligando os seus próprios pés e mãos,
disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus ligarão
em Jerusalém o homem a quem pertence esta cinta, e o
entregarão nas mãos dos gentios. Quando ouvimos isto,
rogamos-lhe, tanto nós como os daquele lugar, que não
subisse a Jerusalém. Então Paulo respondeu: Que fazeis
chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou
pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em
Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus. E, como não se
deixasse persuadir, dissemos: Faça-se a vontade do
Senhor; e calamo-nos. (Atos 21: 10-14)
Aqui não há indicação de que o profeta Ágabo usou a profecia
para manipular Paulo naquilo que ele deveria fazer. Tudo o que ele
fez foi liberar a profecia. Mesmo quando os outros irmãos tentaram
convencer Paulo a aplicar a profecia de determinado modo, não
indo à Jerusalém, Paulo se recusou.
Estava nas mãos de Paulo a decisão de aplicá-la corretamente.
Já vi várias pessoas cometerem este erro várias vezes; elas
profetizam na vida de alguém, mas por não compreenderem esta
parte importante referente a sua aplicação, tentam dizer às pessoas
o que fazer e como agir, de acordo com as profecias entregues.
Este não é o trabalho a ser feito. A aplicação da profecia deve ser
deixada para aquele que a recebeu.

10 Em inglês, a frase foi escrita da seguinte maneira: “Paul said


we must work out our salvation, but God works in us”. Se fôssemos
traduzir essa frase ao pé da letra seria: “Paulo disse que precisamos
trabalhar nossa salvação do lado de fora, mas Deus trabalha do
lado de dentro de nós”. Já a tradução literal seria: “Paulo disse que
deveríamos organizar nossa salvação, porque Deus é quem opera
em nós.”
21
I
Há verdades sobre a profecia que precisamos, definitivamente,
entender. Neste capítulo, trato sobre oito verdades importantes para
refletirmos e para aprendermos sobre a profecia com veemência.

1. DEUS CUMPRE SUA PALAVRA


Mesmo trabalhando em conjunto com Deus, precisamos nos
lembrar de que é o Senhor quem cumpre suas promessas. Foi Ele
quem deu Isaque a Abraão; foi Ele quem promoveu José ao trono;
foi Deus quem deu o reino a Davi e quem trouxe seu povo à terra
prometida. Nossa parte é trabalhar com Deus, mas precisamos
confiar que Deus irá fazer o que prometeu.
Pela fé, herdamos as promessas de Deus. Se não
compreendermos isso, terminaremos como Abraão e geraremos
Ismael. Precisamos aprender a aplicar nossas profecias e a
trabalhar em conjunto com Deus, mantendo o equilíbrio da fé e do
trabalho. É nossa fé na Palavra de Deus que liberará seu poder para
fazer acontecer qualquer coisa que o Senhor tenha prometido a nós.

2. A PROMESSA DE DEUS É O SEU PLANO, MAS NÃO SUA


GARANTIA
Deus prometeu à nação de Israel uma terra que manasse leite e
mel, mas muitos deles não receberam a promessa. As promessas
do Senhor têm condições; elas requerem nossa obediência, nossa
fé e nossa submissão à sua vontade. A maioria das pessoas de
Israel nunca receberam a promessa por causa da maldade de seus
corações rebeldes e incrédulos.
Já vi incontáveis profecias serem abortadas, porque as pessoas
tiveram uma atitude de desprezo em relação à palavra profética que
receberam. Paulo disse a Timóteo para ele lutar pela profecia;
precisamos fazer do mesmo modo. Para vemos a profecia se
cumprir em nossas vidas, precisamos nos posicionar em fé,
rendendo nossos corações, resistindo o inimigo e trabalhando em
conjunto e em plena obediência a Deus.

3. COMPREENDENDO O TEMPO DE DEUS


O tempo de Deus é diferente do nosso. Ele vive no reino da
eternidade e vê o fim pelo começo.
Porque mil anos aos teus olhos são como o dia de ontem
que passou, e como uma vigília da noite. (Salmo 90:4)
A Bíblia diz que precisamos de fé e de paciência para vermos
nossas promessas cumpridas.
E desejamos que cada um de vós mostre o mesmo zelo
até o fim, para completa certeza da esperança; para que
não vos torneis indolentes, mas sejais imitadores dos que
pela fé e paciência herdam as promessas. (Hebreus
6:11-12)
Muitos cristãos têm fé, mas não têm perseverança. A fé sozinha
não nos dará nossa herança nem o cumprimento de nossas
profecias. Deus disse a Abraão que daria a ele um filho. Dez anos
depois, ele ainda não tinha um filho. Algumas profecias recebidas de
Deus foram cumpridas rapidamente; outras levaram mais de dez
anos para se concretizarem.
Nunca deixe que o passar do tempo faça você abandonar a
profecia dada por Deus a você. Precisamos passar pelo teste do
tempo antes de vermos a promessa que o Senhor nos deu se
cumprir. Durante o teste do tempo, Deus sonda nossos corações,
purifica nossas motivações e nos ensina lições preciosas.

4. CUIDADO COM O ESPÍRITO DO CONTROLE


Nunca podemos manipular as pessoas por meio da profecia. É
importante não trazermos às profecias nossa própria agenda ou
desejos. Lembremo-nos de que Deus nunca manipula seus filhos;
Ele fala sua Palavra, mas nos dá a livre escolha de obedecê-lo ou
não. Se usarmos a profecia para manipular os outros, nós nos
abriremos para a influência de espíritos demoníacos e para a
decepção.
Eu era muito jovem quando iniciei a plantação da primeira Igreja.
Gastamos muito tempo orando e jejuando. Naquele tempo, havia
em nossa Igreja uma senhora mais velha e muito doce, ela gostava
de mim como se fosse minha mãe. Ela sempre se preocupava
comigo e, um dia, ela me disse que eu deveria comer mais, e não
jejuar tanto. Eu a agradeci pelo conselho, mas lhe disse que
precisava fazer aquilo, pois sentia que o Senhor queria que eu
fizesse daquele jeito.
Ela ficou frustrada por eu não ter ouvido o seu conselho. Então,
começou a profetizar para mim dizendo que o Senhor havia falado
para ela que eu não deveria jejuar tanto. Ela era muito gentil e
sincera, mas, ao tentar me manipular, caiu numa área perigosa.

5. NÃO MUDE A DIREÇÃO DE SUA VIDA REPENTINAMENTE


Não é pelo fato de ter recebido uma profecia que deixaremos tudo
repentinamente para mudar a direção de nossas vidas baseados
nesta determinada palavra profética. Se a profecia confirmar o que
Deus já havia falado em nossos corações quanto à nova direção,
então seguiremos a direção do Senhor; mas se recebermos uma
profecia nos pedindo para abandonar tudo e mudar para outra
cidade, estado ou país; ou para nos casar, ou, ainda, para fazer
alguma mudança maior, em hipótese alguma podemos seguir
direções assim.

6. NÃO PROFETIZE RELACIONAMENTOS NEM


CASAMENTOS
É Deus quem deve falar com cada um quanto às pessoas com
quem devem se casar e viver pelo resto de suas vidas. Quando eu
pastoreava Igrejas, sempre ensinávamos às pessoas para nunca
profetizarem com o fim de tentar fazer um se relacionar com o outro.
O casamento é uma coisa sagrada e deve ser tratado com tal.
Deus sabe como unir as pessoas e Ele é suficientemente capaz
de colocá-las juntas. Por causa de meu ministério profético, muitas
vezes, Deus me mostrava as pessoas que deveriam se casar na
Igreja em que eu era pastor; frequentemente, Deus me falava isso
anos à frente de casamentos acontecerem. Eu nunca disse nada a
ninguém, nem dei dica alguma para nenhuma pessoa. Eu somente
orava para que a vontade de Deus fosse feita.
Quando as pessoas vinham a mim dizendo que Deus havia falado
com elas sobre quem deveriam se casar, perguntando minha
opinião sobre o fato, eu nunca lhes contava o que sabia. Eu sempre
lhes disse que essas coisas eram elas quem deveriam saber de
Deus.

7. A IMPORTÂNCIA DE SER UM CANAL PURO


Profecia é o Espírito de Deus falando através de nós. Deus é
perfeito, mas somos imperfeitos. Nossas motivações e a condição
de nosso coração são muito importantes na profecia. Precisamos
morrer para nossos desejos egoístas todos os dias. Isto precisa ser
nossa oração constante para Deus: “Purifique meu coração e
minhas motivações”.
Esta é minha oração permanente: sempre peço para Deus
purificar o dom profético em mim; que Ele me sonde, limpe meu
coração e purifique minhas motivações. Se nossas motivações não
são puras, nós iremos misturar a Palavra de Deus com nossos
próprios pensamentos e desejos.

8. NÃO PROFETIZE SEGUNDO O DESEJO DAS PESSOAS


Quando se fala de profetizar, precisamos aprender a ouvir o que
Deus está falando. Frequentemente, as pessoas vão tentar colocar
pressão sobre aqueles que profetizam, para lhes dizerem aquilo que
querem ouvir. Não podemos ceder a esse tipo de pressão. Devemos
dizer somente o que Deus diz, nada mais e nada menos,
independente se as pessoas gostarem ou não. Alguns de coração
mole ou sensíveis são especialmente tentados a ceder a esse tipo
de pressão, principalmente se tiverem o coração “mole” ou se forem
muito sensíveis.
Se acreditarmos que tudo o que vem à nossa mente é uma
profecia, estaremos em grande perigo. Há pessoas, por exemplo,
que são muito sensíveis ao mundo espiritual e, por essa razão,
conseguem sentir o que outras pessoas sentem; esse tipo de
sentimento pode gerar uma espécie de confusão, fazendo-os
acreditar estarem recebendo uma profecia para o outro, enquanto,
na realidade, estão simplesmente “captando” os sentimentos ou
desejos do irmão.
Isso pode parecer impressionante, mas não é o Espírito de Deus
falando com eles. Não devemos tentar inventar uma profecia ou nos
pressionar para sempre profetizar. Se tivermos um sincero desejo
em profetizar, Deus irá nos usar neste dom. Ele quer que todos os
seus filhos profetizem; mas é o Espírito Santo quem nos deve dar a
profecia na hora certa.
Eu conheço muitas pessoas que ensinam e acreditam que podem
escolher profetizar sempre que quiserem; somente falam o que vem
às suas mentes. Creio que isso é perigoso, além de ser um ensino
falso.

APLICAÇÕES PRÁTICAS
Deixei este último capítulo para apresentar-lhes algumas
aplicações práticas quanto ao ato de profetizar. Certamente há
outras tantas, mas eis as que julgo fundamentais.

1. DRAMÁTICO OU EDIFICANTE
Deus nunca nos dará uma profecia para que possamos parecer
ou soar importantes. Quando profetizamos às pessoas, devemos
sempre nos lembrar de que não importa se parecemos importantes
ou não. Somente duas coisas são relevantes:
1) Deus precisa ser glorificado;
2) As pessoas e a Igreja devem ser abençoadas e edificadas.
Nunca devemos fazer nossas profecias soarem mais dramáticas
que as palavras proféticas faladas por Deus. O Senhor é quem deve
ser o foco, não nós. Não somos nada além de canais nas mãos do
Todo Poderoso.

2. NENHUMA PROFECIA SECRETA


Se Deus nos der uma profecia, nunca devemos procurar um
“canto” do salão para profetizar privadamente. Isso pode gerar
muitos problemas. As coisas podem ser má compreendidas ou
ouvidas de um jeito errado.
A profecia deve ser dita publicamente para que outros possam
julgá-la. Se Deus nos der uma profecia que é muito pessoal,
devemos chamar outro irmão para nos acompanhar até a pessoa
que receberá a profecia e, então, na presença de pelo menos uma
testemunha, profetizaremos; mas sempre devemos evitar profetizar
em secreto.

3. O PERIGO DE FERIDAS NÃO CURADAS


Todos nós podemos nos sentir machucados à medida em que
prosseguimos na vida. A questão é: como podemos lidar com essas
feridas e machucados? Se não permitirmos o Senhor curar tais
feridas, iremos filtrar o que ouvirmos de Deus através de nossa dor
e de nossa experiência. Isso pode levar as profecias que
entregamos à distorção. Precisamos confiar em Deus para curar
nossos corações para que as profecias sejam entregues puramente.

4. A IMPORTÂNCIA DA RESPONSABILIDADE
Autoridade espiritual é muito importante na Igreja de Jesus Cristo.
Precisamos ser responsáveis pelas pessoas e por aquilo que
fazemos. Deus colocou a autoridade em seu lugar por uma razão:
ela serve para nossa proteção. Não importa o quão experientes
somos no dom de profetizar, precisamos sempre permanecer
responsáveis e abertos à correção.
Quando profetizamos publicamente, precisamos estar prontos
para sermos corrigidos publicamente. Deus sempre honra a
humildade. Como aprenderemos se não formos testados?
Mantenha-se praticando e aprenda a ser corrigido.
Oro para que as páginas deste livros possam ajudar o povo de
Deus e liberá-los para aprenderem a profetizar nas células e em
outros momentos em que a Igreja se reúne, para sermos edificados,
e para Deus cumprir seu propósito na terra.
CONCLUSÃO
Talvez você esteja se perguntando o porquê de eu estar falando
isso para você neste livro em que você estaria esperando aprender
sobre profecia. Essa verdade é mais importante que você possa
imaginar. Se nós, de fato, inspirarmos o ministério profético de
acordo com os profetas do Antigo Testamento, seremos lançados a
toda sorte de doutrinas e crenças estranhas. Mesmo assim, muitas
pessoas ainda se inspiram neles por todo mundo. Depois de ter
mostrado para vocês esses exemplos tão claramente, espero que
não haja mais dúvidas em suas mentes; graças a Deus que os
profetas do Antigo testamento já se foram há muito tempo. Se você
ainda deseja que os profetas do Antigo Testamento sejam seus
modelos para o ministério profético, você precisa aceitar todas as
partes das vidas deles. Lembre-se de que a maior parte foi declarar
mensagens e julgamentos de Deus ao seu povo de uma maneira
muito estranha, usando métodos muito estranhos.

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