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Sonia Abdala Marques

Zito Ernesto Constâncio

Questão da Heterogeneidade/Diversidade na Sala de Aulas

Licenciatura em Ensino Básico

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2024
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Sonia Abdala Marques

Zito Ernesto Constâncio

Questão da Heterogeneidade/Diversidade na Sala de Aulas

Licenciatura em Ensino Básico

Trabalho de carácter avaliativo elaborado


no âmbito da Cadeira de Pedagogia do
Ensino Básico, do 2ºAno, a ser entregue no
Departamento de Psicologia Educacional
leccionado por:
MA:
Domingos Azarias Mindú

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2024
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Índice
1. Introdução..................................................................................................................4

1.1. Objectivos...............................................................................................................4

1.1.1. Objectivo Geral...................................................................................................4

1.1.2. Objectivos específicos........................................................................................4

1.2. Metodologia............................................................................................................4

2. A Questão da Heterogeneidade/ Diversidade na Sala de Aulas.................................5

2.1. Heterogeneidade na sala de aulas...........................................................................5

2.2. Diferenciação e Heterogeneidade na sala de aulas.................................................7

Conclusão........................................................................................................................10

Bibliografia......................................................................................................................11
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1. Introdução

O Presente trabalho tem como tema “Questão da Heterogeneidade/diversidade na sala


de aulas”

Diversidade, salas de aula inclusivas, heterogeneidade são palavras que encontram


espaço todos os dias nos desenhos curriculares, nos projectos institucionais, nos debates
académicos, nas pesquisas e nas páginas dos jornais.

A abordagem pedagógica das salas de aula heterogéneas considera a diversidade como


uma condição inerente ao ser humano e, portanto, um valor a ser respeitado. Por isso,
entende que cada pessoa nasce com uma carga biológica diferente e se desenvolve em
múltiplos contextos sociais, culturais, económicos e educacionais

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Analisar a heterogeneidade na sala de aulas

1.1.2. Objectivos específicos

 Indicar o conceito de heterogeneidade


 Caracterizar a heterogeneidade na sala de aulas;
 Indicar as características de uma sala heterogenia
 Relacionar a deferência pedagógica com a heterogeneidade na sala de aulas

1.2. Metodologia

Para a realização do presente trabalho ira-se recorrer a pesquisa bibliográfica, A


pesquisa bibliográfica é o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria
que irá direccionar o trabalho científico o que necessita uma dedicação, estudo e análise
pelo pesquisador que irá executar o trabalho científico e tem como objectivo reunir e
analisar textos publicados, para apoiar o trabalho científico.
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2. A Questão da Heterogeneidade/ Diversidade na Sala de Aulas

A heterogeneidade característica presente em qualquer grupo humano passa a ser vista


como factor imprescindível para as interacções na sala de aula. Os diferentes ritmos,
comportamentos, experiências, trajectórias pessoais, contextos familiares, valores e
níveis de conhecimento de cada criança (e do professor) imprimem ao quotidiano
escolar a possibilidade de troca de repertórios, de visões de mundo, confrontos, ajuda
mútua e consequente ampliação das capacidades individuais (AQUINO 1998, p. 64).

2.1. Heterogeneidade na sala de aulas

As sociedades contemporâneas são heterogéneas, compostas por diferentes grupos


humanos, interesses contrapostos, classes e identidades culturais em conflito
(ANDRADE, 2009).

Uma das problemáticas com que o nosso sistema educativo se depara é o funcionamento
de uma escola onde os alunos são organizados em “turmas” que induz a um ensino
“massificado” e homogéneo, numa sociedade onde a diversidade cultural é, cada vez
mais, uma característica inquestionável (RODRIGUES, 2001).

Para Cortesão (1998) o mundo é visto como um arco-íris, onde a heterogeneidade


presente nas escolas deve ser interpretada como uma fonte de riqueza para que se possa
produzir resultados em relação ao processo de ensino aprendizagem. A mesma autora
refere que uma boa parte dos professores tem dificuldade em «ver» as cores do arco-íris
sociocultural presente na sua sala de aula, vendo a sua turma nos tons cinzentos da
“normalidade”, onde tudo o que é diferente poderá passar a ser olhado como anormal,
mesmo como errado.

A sala de aula heterogénea é um espaço em que todos os alunos que a compõem podem
progredir e obter resultados na medida das suas reais potencialidades, quer a nível
cognitivo, quer a nível pessoal e social. A heterogeneidade, dentro de uma sala de aula
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escolar, não deve ser vista como uma complicação para o professor, mas como uma
possibilidade de crescimento pessoal como profissional e dos alunos em geral.

Segundo Anijovich, (2017) Se todos os alunos são diferentes, então por que ensinar
todos da mesma maneira? A diferença na aprendizagem deve ser respeitada, garantindo
a igualdade educacional. A abordagem supõe uma nova forma de olhar as escolas, seus
atores e os processos de ensino e aprendizagem à luz dos valores democráticos.

Estas são 4 características de uma sala de aula heterogénea:

a) As diferentes diversidades que atravessam a sala de aula devem ser reconhecidas


para pensar e desenhar propostas de ensino.

Trata-se de conceber o ensino de tal forma que todos os alunos possam construir sua
própria aprendizagem a partir de onde cada um está.

b) É necessária uma mudança de perspectiva para oferecer também diversidades


aos nossos alunos pensando em diferentes pontos de entrada, propostas alternativas de
ensino, uso de diferentes recursos e estratégias.

c) Devemos determinar quais são os conteúdos básicos que precisamos que todos
os nossos alunos aprendam. Esses conteúdos básicos serão dedicados mais tempo e
profundidade.

Aqui está o desafio de encontrar um equilíbrio entre o comum e o diverso. Todos têm o
direito de obter uma boa educação e, para que isso seja possível, é necessário
contemplar vários pontos de partida para abordar o ensino, levando em consideração as
diferenças e suas implicações, mas sem deixar de lado os conteúdos cruciais a serem
aprendidos.

d) Instruções autênticas e significativas são oferecidas aos alunos para que possam
escolher e tomar decisões. Desta forma, os alunos serão convidados a apropriar-se dos
seus próprios processos de aprendizagem e a desenvolver a sua autonomia.
(ANIJOVICH, 2017)

Os alunos se tornam o centro do processo educacional quando reconhecemos quem são,


como aprendem, quais são seus interesses, suas fraquezas e pontos fortes como
aprendizes, seus ambientes culturais e sociais. Só assim, por meio do ensino, poderemos
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oferecer as melhores opções para que todos se envolvam activamente e encontrem


sentido no que aprendem.

Em suma, ensinar em salas de aula heterogéneas implica desenhar diferentes formas de


organização de tempos, espaços, agrupamentos de alunos e uso de recursos. Essas
decisões devem ser tomadas com base na situação, nos objectivos e no conteúdo a ser
ensinado.

Todos podem aprender, mas para que isso aconteça, todos os alunos precisam receber
tarefas desafiadoras, poderosas e estimulantes que os impulsionem a desenvolver suas
habilidades individuais. O desafio subjacente é como construir uma escola sem os
excluídos, uma escola habitável para todos os alunos. (Anijovich, 2017)

Cada um dos alunos, por natureza, é uma pessoa única e diferente sendo que o desafio,
no trabalho pedagógico é respeitar as necessidades individuais e, ao mesmo empo,
formar os alunos através do trabalho em grupo (Galvão, 1999).

O professor que se dá conta da diversidade, poderá recorrer a propostas flexíveis e


variadas de ensino aprendizagem para que os vários grupos de alunos, com diferentes
características, diferentes saberes, tenham possibilidade de usufruir do processo de
aprendizagem em curso (Cortesão, 1998).

Os diferentes alunos que constituem uma turma têm um ritmo e uma dinâmica própria
de aprendizagem e necessidades específicas que devem ser atendidas de forma
diferenciada. Cada um aprende e desenvolve de maneira específica os conteúdos e
habilidades, sendo um grande desafio para o professor definir objectivos e estratégias
específicas para cada grupo, tornando assim o processo de ensino aprendizagem num
campo mais amplo de possibilidades.

A sala de aula é um lugar constituído pela diferença. Reconhecê-lo e organizar o


trabalho incorporando a heterogeneidade é um grande desafio que requer a criação de
propostas de ensino, flexíveis e variadas, adequadas a cada aluno.
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2.2. Diferenciação e Heterogeneidade na sala de aulas

Para autores como Moss (1996) “diferenciação é falar sobre diferentes abordagens do
ensino nas mesmas concepções do currículo básico como forma de possibilitar o acesso
a um maior número de crianças possível” (p.11). Para o autor isto é considerável ao
gerenciarmos as diferenças entre crianças agrupadas em uma mesma classe, ou ainda
fazendo uso das metodologias diferenciadas adequadas às crianças, seja individualmente
ou em grupo, além do uso de variados recursos, ou seja, as metodologias precisam estar
a serviço da diferenciação e não sendo utilizadas intuitivamente ou sem propósitos bem
definidos.

Reafirmando, o autor diz que, diante da efetivação das crianças atrasadas e suas
dificuldades em desenvolver habilidades básicas para explicar o pouco desempenho e a
queda das expectativas de melhoria, a “Diferenciação é uma estratégia que com
frequência será necessária para suporte dessas crianças aprenderem” (p.13). Heacox
(2006), ao abordar os desafios da actual diversidade das salas de aula, utiliza também o
termo diferenciação, norteado pela seguinte conceituação: “Diferenciar o ensino
significa alterar o ritmo, o nível ou o género de instrução que o professor pratica em
resposta às necessidades, aos estilos ou aos interesses de cada aluno” (p.10).

Nessa perspectiva, o ensino estaria voltado para o potencial dos alunos, para o seu
processo contínuo de aprendizagem. O ensino diferenciado viria como aporte às
necessidades específicas de cada aluno, além de trabalhar focado no desejo e nas
preferências destes, com relação ao que se irá aprender.

A autora ainda aponta cinco características importantes, presentes no ensino


diferenciado: rigor, relevância, flexibilidade, variação e complexidade. Talvez fosse
pertinente, abordarmos de forma breve a relevância de cada uma dessas características.
No caso do rigor, o ponto-chave é oferecer aos alunos estímulo suficiente que os motive
à aprendizagem e estabelecer objectivos voltados para o potencial de cada um,
individualmente. O segundo aspecto, que busca a aprendizagem. É preciso ter
relevância ao “centrar-se na aprendizagem essencial, não em digressões laterais ou em
insignificâncias.” “A diferenciação centra-se na aprendizagem essencial” (p.10). A este
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aspecto caberá um espaço de análise mais aprofundado na discussão da gestão da sala


de aula, por ser um aspecto importante no contexto da prática. A flexibilidade e variação
referem-se às possibilidades de ter a sala de aula como espaço de escolhas, dando ao
aluno possibilidade de optar pelos caminhos que percorrerá para que ocorra a
aprendizagem, além de poder opinar nas variadas estratégias de ensino oferecidas pelos
professores. E em última instância a complexidade, que se refere à forma como o
conteúdo chega aos alunos, as possibilidades de maior aprofundamento e de partilha do
conhecimento entre professor e aluno, sabendo que cada indivíduo ou grupo poderá
percorrer caminhos diferentes de chegada ao final do processo. O professor seria então o
estimulador e a quem caberia oferecer as possibilidades para esta chegada. Segundo
Heacox (2006) “Enquanto facilitador do ensino diferenciado, o professor tem três
responsabilidades essenciais: fornecer e prescrever oportunidades de aprendizagem
diferenciada, organizar os alunos durante as actividades de aprendizagem e usar o
tempo de maneira flexível” (p. 18).

Mainardes (1994) utiliza o termo heterogeneidade ao apontar as “diferenças” na sala de


aula. Na concepção do autor, “a heterogeneidade viria como uma reorientação para a
prática pedagógica do professor, diante dos enfrentamentos postos por outras práticas
escolares” (p.04).
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Conclusão

A perspectiva da heterogeneidade supõe a necessidade de procedimentos para o sucesso


da prática docente, que haja competência no que se ensina e habilidade para trabalhar
com as diferenças. “Muitos professores não sabem diferenciar o melhor método e o
melhor conteúdo quando se deparam com classes com variedades de necessidades
diferentes

Para lidar com a heterogeneidade com uma característica da turma não é tarefa fácil,
mas cabe ao educador ser flexível, conhecer metodologias e técnicas diversas de ensino,
utilizar mais de uma linguagem, ter fácil adaptação, assim como propor actividades que
façam sentido para seus aprendizes.

Uma sala de aulas heterogenia é um ambiente próprio para se trabalhar a diversidade,


porque já parte se do pressuposto de que nenhum aluno é igual ao outro, e para que haja
sucesso na aprendizagem dos alunos há uma necessidade de se aplicar a diferenciação
pedagógica, pois cada aluno tem suas limitações e ritmos de aprendizagem diferente dos
outros.
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Bibliografia

ANIJOVICH, Rebeca & Beech, Jason & Cancio, Cecilia Como ensinar em uma sala de
aula heterogênea? 2017

CORTESÃO, L. O arco- íris na sala de aula: processos de organização de turmas-


reflexões críticas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional. 1998

GALVÃO, M. A heterogeneidade na sala de aula: O indivíduo e o grupo – uma


convivência, 1999

ANDRADE, B. Gestão da diversidade na sala de aula – Estudo de caso: Escola


Secundária de Achada Grande. Monografia. Universidade Jean Piaget. Cabo Verde.
2009

RODRIGUES, M. Olhar a diferença sem indiferença: Sentidos da formação contínua de


professores face à diversidade cultural. Tese de Mestrado. Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação. Universidade do Porto.2001

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