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Universidade Rovuma
2024
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Universidade Rovuma
2024
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Índice
2. A Questão da Heterogeneidade/ Diversidade na Sala de Aulas................................................5
2.1. Entendimentos de heterogeneidade.......................................................................................5
2.1.1. 1ª categoria – Noção ampla................................................................................................5
2.1.2. 2ª categoria – Noção restrita...............................................................................................6
2.1.3. 3º categoria – Sugestões de trabalho...................................................................................6
2.1.4. 4º categoria - Chavões e ideias evasivas............................................................................7
3. Posições sobre a heterogeneidade em sala de aula....................................................................7
3.1. 1º Categoria – Posição neutra................................................................................................7
3.2. 2º Categoria – Dificultador....................................................................................................7
3.3. 3º Categoria – Facilitador......................................................................................................8
3.4. Heterogeneidade na sala de aulas..........................................................................................8
4. Diferenciação e Heterogeneidade na sala de aulas.................................................................11
4.1. Escolas do campo: atualidade e relevância do debate..........................................................12
4.2. Heterogeneidade de culturas e saberes................................................................................13
4.3. Heterogeneidade de idades/interesses e anos/ciclos escolares.............................................14
4.4.Heterogeneidade de níveis de leitura e escrita......................................................................15
5. Educação do Campo e linguagem: aspectos históricos, políticos e pedagógicos....................16
6. Conclusão...............................................................................................................................18
7. Referências bibliográficas......................................................................................................19
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1. Introdução
De etimologia grega, o radical heterogenés é definido como “de outro gênero, de outra
natureza, de diferente raça”1, conceituação aberta, desde sua origem, a dis- tintos
sentidos e usos sociais do termo. No mesmo di- cionário, o sentido figurado da palavra
tem cunho pejo- rativo, indicando ausência de uniformidade e coerência, ou falta de
homogeneidade e harmonia (MORIN, 2001).
Em 50% dos textos analisados (14), os registros explicitam diferentes significados para
heterogeneidade, reunindo mais de uma noção/característica dos alunos do ciclo de
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alfabetização. Explicam que as classes são heterogêneas quando são constituídas por
crianças com diferentes bagagens culturais, aprendizagens, ritmos, personalidades, nível
de escrita, grupos étnicos, classe social. Em alguns textos, a explicação sobre
heterogeneidade reúne dois ou três significados, denotando entendimento de que o nível
de conhecimento que as crianças têm e seus diferentes meios sociais, ritmos e formas de
aprendizagem são características da heterogeneidade na sala de aula. Entre os textos das
docentes que apresentam três significados, há referências ao nível conceitual de
hipóteses de escrita das crianças, diferentes conhecimentos, níveis de maturidade,
diferenças na personalidade, nas vivências, nos ritmos e formas de aprender. Outro
conjunto de textos indica a heterogeneidade com características que envolvem 4 ou mais
acepções; percebe-se que o entendimento é marcado pela explicitação de dimensões
relacionadas à diversidade de saberes, vivências, etnias, idades, classes sociais, níveis de
escrita, aprendizagens anteriores, desenvolvimento cognitivo, bagagem cultural, ritmos
e formas de aprendizado, ou seja, nas condições individuais de cada sujeito. Vejamos
um excerto ilustrativo: “Por heterogeneidade entende-se a diversidade de saberes,
vivências, etnias, idades, classes sociais, níveis de escrita, condições individuais de cada
sujeito”. (OE, 2013)
Nessa categoria, os textos (35%; 9) versam sobre a heterogeneidade de uma forma mais
restrita, com apenas um entendimento. Metade dos textos citam a diferença nas
aprendizagens de cada criança; a outra metade é composta por quem vê a
heterogeneidade nas hipóteses de escrita das crianças e na presença de alunos com
necessidade educacional especial (CUNHA, 2001).
Esta categoria reúne textos (7,5%; 2) em que formas de trabalho são sugeridas,
indicando abordagens pedagógicas, como o trabalho em grupo e a diversificação de
atividades. Apesar de não definirem o que entendem por heterogeneidade, as OE
indicam estratégias pedagógicas para o trabalho a partir dela e percebem a presença da
heterogeneidade no ciclo de alfabetização e sua influência no trabalho pedagógico
(CUNHA, 2001).
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A última categoria engloba textos em que não se escreve sobre a temática proposta,
representando 7,5% (2). São escritas evasivas ou chavões, como: “Diversidade é a cara
do Brasil!” (CUNHA, 2001).
60% dos textos (16) apresenta uma posição neutra, ou seja, não explicitam se
consideram a heterogeneidade presente nas classes de alfabetização como algo que
facilita ou dificulta o trabalho pedagógico. Em alguns textos (12%; 3) não se escreve
sobre como trabalhar com a heterogeneidade, mas citam-se estratégias de trabalho e
sugestões de atividades (HUIZINGA, 1990). O trabalho em grupo e a diversificação de
atividades, temas amplamente abordados pelo programa, são descritas. Um exemplo:
10% (3) dos textos falam sobre a heterogeneidade como algo que dificulta o trabalho
em sala de aula. As produções falam sobre a dificuldade de “suprir essa demanda” e
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transparecem o quanto a consideram uma sobrecarga, uma tarefa difícil e/ou cansativa
(HUIZINGA, 1990) Vejamos:
Uma das problemáticas com que o nosso sistema educativo se depara é o funcionamento
de uma escola onde os alunos são organizados em “turmas” que induz a um ensino
“massificado” e homogéneo, numa sociedade onde a diversidade cultural é, cada vez
mais, uma característica inquestionável (RODRIGUES, 2001).
refere que uma boa parte dos professores tem dificuldade em «ver» as cores do arco-íris
sociocultural presente na sua sala de aula, vendo a sua turma nos tons cinzentos da
“normalidade”, onde tudo o que é diferente poderá passar a ser olhado como anormal,
mesmo como errado.
A sala de aula heterogénea é um espaço em que todos os alunos que a compõem podem
progredir e obter resultados na medida das suas reais potencialidades, quer a nível
cognitivo, quer a nível pessoal e social. A heterogeneidade, dentro de uma sala de aula
escolar, não deve ser vista como uma complicação para o professor, mas como uma
possibilidade de crescimento pessoal como profissional e dos alunos em geral.
Segundo Anijovich, (2017) Se todos os alunos são diferentes, então por que ensinar
todos da mesma maneira? A diferença na aprendizagem deve ser respeitada, garantindo
a igualdade educacional. A abordagem supõe uma nova forma de olhar as escolas, seus
atores e os processos de ensino e aprendizagem à luz dos valores democráticos.
Todos podem aprender, mas para que isso aconteça, todos os alunos precisam receber
tarefas desafiadoras, poderosas e estimulantes que os impulsionem a desenvolver suas
habilidades individuais. O desafio subjacente é como construir uma escola sem os
excluídos, uma escola habitável para todos os alunos. (Anijovich, 2017)
Cada um dos alunos, por natureza, é uma pessoa única e diferente sendo que o desafio,
no trabalho pedagógico é respeitar as necessidades individuais e, ao mesmo empo,
formar os alunos através do trabalho em grupo (Galvão, 1999).
Os diferentes alunos que constituem uma turma têm um ritmo e uma dinâmica própria
de aprendizagem e necessidades específicas que devem ser atendidas de forma
diferenciada. Cada um aprende e desenvolve de maneira específica os conteúdos e
habilidades, sendo um grande desafio para o professor definir objectivos e estratégias
específicas para cada grupo, tornando assim o processo de ensino aprendizagem num
campo mais amplo de possibilidades (ANDRADE, 2009).
Para autores como Moss (1996) “diferenciação é falar sobre diferentes abordagens do
ensino nas mesmas concepções do currículo básico como forma de possibilitar o acesso
a um maior número de crianças possível”. Para o autor isto é considerável ao
gerenciarmos as diferenças entre crianças agrupadas em uma mesma classe, ou ainda
fazendo uso das metodologias diferenciadas adequadas às crianças, seja individualmente
ou em grupo, além do uso de variados recursos, ou seja, as metodologias precisam estar
a serviço da diferenciação e não sendo utilizadas intuitivamente ou sem propósitos bem
definidos.
Reafirmando, o autor diz que, diante da efetivação das crianças atrasadas e suas
dificuldades em desenvolver habilidades básicas para explicar o pouco desempenho e a
queda das expectativas de melhoria, a “Diferenciação é uma estratégia que com
frequência será necessária para suporte dessas crianças aprenderem”. Heacox (2006), ao
abordar os desafios da actual diversidade das salas de aula, utiliza também o termo
diferenciação, norteado pela seguinte conceituação: “Diferenciar o ensino significa
alterar o ritmo, o nível ou o género de instrução que o professor pratica em resposta às
necessidades, aos estilos ou aos interesses de cada aluno”.
Nessa perspectiva, o ensino estaria voltado para o potencial dos alunos, para o seu
processo contínuo de aprendizagem. O ensino diferenciado viria como aporte às
necessidades específicas de cada aluno, além de trabalhar focado no desejo e nas
preferências destes, com relação ao que se irá aprender (HUIZINGA, 1990).
aluno possibilidade de optar pelos caminhos que percorrerá para que ocorra a
aprendizagem, além de poder opinar nas variadas estratégias de ensino oferecidas pelos
professores. E em última instância a complexidade, que se refere à forma como o
conteúdo chega aos alunos, as possibilidades de maior aprofundamento e de partilha do
conhecimento entre professor e aluno, sabendo que cada indivíduo ou grupo poderá
percorrer caminhos diferentes de chegada ao final do processo. O professor seria então o
estimulador e a quem caberia oferecer as possibilidades para esta chegada. Segundo
Heacox (2006) “Enquanto facilitador do ensino diferenciado, o professor tem três
responsabilidades essenciais: fornecer e prescrever oportunidades de aprendizagem
diferenciada, organizar os alunos durante as actividades de aprendizagem e usar o
tempo de maneira flexível” (p. 18).
A educação no meio rural, assim como os direitos, de modo mais geral, dos povos do
campo, historicamente tem sido marcada pela negligência do Estado. Se ob- servarmos
alguns índices referentes à escolaridade da população dessas áreas em relação às
demais, veremos que as desigualdades educacionais são acentuadas nes- ses territórios.
A elevada distorção idade/série, a mé- dia do tempo de escolaridade mais baixa em
relação à população das grandes cidades, os índices recordistas da população jovem e
adulta analfabeta e/ou “analfa- beta funcional” são exemplos disso. A precariedade das
instalações estruturais das escolas do campo é notória; apenas 5,2% das escolas rurais
dispõem de biblioteca e menos de 1% possui laboratórios e acesso à internet (BOF,
2006). Em muitos casos, nem mesmo estruturas adequadas de sanitários, cozinha e sala
de aula existem.
50% menor que o das zonas urbanas. Além disso, em sua grande maioria, os contratos
são temporários, o que contribui com a baixa autonomia política desses professores
frente aos poderes locais e a alta rotativi- dade do quadro docente (HAGE, 2011).
Ao produzirem uma peça teatral sobre determinado assunto trabalhado, por exemplo,
crianças de idades variadas podem cumprir diferentes tarefas. Na discus- são sobre o
roteiro da peça, sistematizam o que apren- deram do tema. Ao escreverem a peça, que
pode ser feito em grupos, duplas ou com toda a classe tendo o professor como escriba,
características do gênero textual podem ser enfocadas de maneira significativa, uma vez
que o grupo tem a intenção de, efetivamente, encenar posteriormente a peça para outras
pessoas (ALMEIDA, 1998).
começa muito antes de as crianças irem para a escola, o que comprova que não
existe “prontidão” para a alfabetização (MORAIS, 2012);
Os erros dos aprendizes, em vez de de serem tratados como patologias, são
vistos como indicadores do que as crianças já aprenderam e do que precisam
aprender sobre a escrita (MORAIS, 2012);
A necessidade de ampliar os tempos de aprendizagem implica a inadequação da
retenção do estudante ao final do primeiro ano (MORAIS, 2012).
O papel ativo que a criança desempenha para a apro- priação do Sistema de Escrita
Alfabética é destacado por Ferreiro (1985; 1989), que demonstra a importân- cia do
confronto e da desestabilização das hipóteses já consolidadas, para que o aprendiz
avance em suas for- mulações. A heterogeneidade de conhecimentos sobre a escrita
pode ser utilizada favorável e intencionalmen- te nesse confronto e desestabilização das
hipóteses in- fantis, na medida em que crianças de níveis diferentes de escrita interagem
na realização das atividades.
A concepção do erro como ponto de partida para a reflexão dos estudantes e para a
avaliação do professor tem estreita relação com o tratamento da heterogenei- dade. Um
professor que concebe o SEA como código, cujo ensino deve basear-se na memorização
de suas partes (letras, sílabas) para que sejam manipuladas isoladamente, provavelmente
terá dificuldades em conferir autonomia na realização das atividades a alu- nos que
ainda não dominam o SEA. Como o erro, nestes casos, é geralmente evitado (a fim de
que não sejam memorizados “modelos errados” de palavras, frases ou textos), o ensino
tende a ser controlado e, mesmo crianças que já se apropriaram do SEA, podem ter sua
liberdade de produção limitada.
O debate acerca da educação do campo e sua inserção nas políticas edu- cacionais
nasceu mais precisamente a partir da promulgação da LDB 9394/1996, ao garantir a
possibilidade de adequação curricular e meto- dologias apropriadas ao meio rural, com a
flexibilização da organização escolar e adequação do calendário escolar (NÓVOA,
2009).
6. Conclusão
Para lidar com a heterogeneidade com uma característica da turma não é tarefa fácil,
mas cabe ao educador ser flexível, conhecer metodologias e técnicas diversas de ensino,
utilizar mais de uma linguagem, ter fácil adaptação, assim como propor actividades que
façam sentido para seus aprendizes.
7. Referências bibliográficas
ANIJOVICH, Rebeca & Beech, Jason & Cancio, Cecilia Como ensinar em uma sala de
aula heterogênea? 2017.
ALMEIDA, Paulo Nunes. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 9ª ed., São
Paulo, Edições Loyola, 1998. p. 59-62.
CUNHA, Nylse Helena Silva, Brinquedoteca: Um mer- gulho no brincar. 3ª Ed. São
Paulo: Vetor, 2001.
KOLLING, Edgar Jorge; NERY, Israel José; MOLINA, Mô- nica Castagna. (Org.). Por
uma educação básica do cam- po. Brasília: Fundação Universidade de Brasília, 1999.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educa- ção do futuro. São Paulo: Cortez,
Unesco, 2001.