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Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma pesquisa de carácter qualitativo, pois é com ela
que se busca compreender, sem estatísticas, as percepções, as intenções e os pensamentos dos
indivíduos. MINAYO (2003) diz que com a pesquisa qualitativa temos um “maior
aprofundamento nos mundos dos significados, das acções e das relações humanas, que é um lado
não captável quando se refere às estatísticas, médias e equações”.
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2.0.Revisão da literatura
2.1.1. A evolução da Educação Especial
Portanto, a maior parte dos autores que se debruçaram sobre esta temática distingue quatro
grandes fases na forma de atendimento a esta população com necessidades educativas.
Primeira Fase considerada como Pré-História da Educação Especial: não tem marcos
precisos quanto ao seu início. Da antiguidade clássica, chega-nos notícia, como é sabido, do
infanticídio perpetrado contra os bebés deficientes, em cidades como Esparta; na idade Média,
sabemos que os deficientes eram considerados possuídos pelo demónio e submetidos a
exorcismos e, por vezes, abandonados sozinhos em matas e florestas. Nos séculos XVII e XVIII,
os deficientes eram internados em asilos, hospícios ou prisões, muitas vezes tratados como
criminosos por se considerar que a deficiência era o reflexo de uma falha moral grave do
indivíduo ou dos pais.
Segunda fase, cujo início podemos situar no século XIX, generaliza-se a noção de que a
sociedade é responsável pela protecção e apoio à população deficiente e surgem instituições
especializadas para deficientes. A criação destas não obedeceu, na maior parte dos países, a um
plano pré-definido, sendo criadas de forma mais ou menos aleatória por particulares, pela Igreja,
por instituições de beneficência social ou pelo estado e apresentando entre si muitas diferenças
quanto a finalidades, qualidade de atendimento ou mesmo qualidade de acolhimento.
Neste período, foram desenvolvidos vários trabalhos de índole científica, nos quais se procurava
diferenciar não só tipos de deficiência, como também graus e formas de uma mesma deficiência,
sendo portanto necessário definir métodos e técnicas de avaliação de capacidades visuais,
auditivas, motoras, intelectuais.
Entre os estudiosos que se debruçaram sobre estas problemáticas, referiremos Pinel (1745-1826),
que escreveu os primeiros tratados sobre o atraso mental; Esquirol (1722- 1840) que estabeleceu
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a diferença entre idiotismo e demência; Itard (1775-1838) que estudou a deficiência auditiva e a
deficiência mental e que, durante alguns anos, acompanhou de perto o caso do "menino
selvagem" de Aveyron; e Séguin (1812-1880) que se debruçou sobre a deficiência mental e
desenvolveu propostas de educação para esta população baseadas no treino sensório-motor.
Quarta fase: surge entre anos 60 do século XX caracterizada por modificações sociais, políticas,
económicas e culturais da sociedade ocidental vão influenciar decisivamente a Educação
Especial e desenvolver novas abordagens pedagógicas. Nesta fase, o tratamento das crianças e
jovens com necessidades educativas especiais que eram excluídas, seja, socialmente e
culturalmente passam a inserir-se progressivamente nas estruturas regulares de ensino.
BRENNAN, (1990) diz que necessidades educativas especiais, são “evidentes dificuldades na
aprendizagem, ou seja em aceder ao curriculum oferecido pela escola, exigindo um atendimento
especializado, de acordo com as características específicas do aluno”.
O conceito em análise acentua, pois, as dificuldades na aprendizagem que qualquer aluno pode
apresentar durante o seu percurso escolar. A sua utilização prática implicou a atribuição à escola
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e aos professores de competências no processo de identificação dos alunos no sentido de definir
formas de acesso ao currículo adequadas às necessidades de cada um.
Assim, na definição proposta no Relatório Warnock as necessidades educativas especiais
incluem situações que implicam, por parte da escola:
(i) a disponibilização de meios especiais de acesso ao curriculum;
(ii) a elaboração de currículos especiais ou adaptados, e
(iii) a análise crítica sobre a estrutura social e o clima emocional nos quais se processa a
educação1.
Assim, in Education Act (Londres, 1981) considera-se que "uma criança tem necessidades
educativas especiais se tiver dificuldades na aprendizagem que requerem a intervenção da
educação especial". Entende-se que uma criança tem dificuldades na aprendizagem:
se tiver dificuldades significativamente e maiores para aprender do que a maioria das
crianças da sua idade, ou
se tiver uma incapacidade que a impede ou que lhe coloca dificuldades no uso dos meios
educativos geralmente oferecidos nas escolas…
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De notar que, estas necessidades não se excluem mutuamente, podendo uma dada criança apresentar um ou mais problemas associados.
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b) Na área sócio emocional: destaca-se a inibição, a ansiedade, as reacções neuróticas, agressão
e delinquência.
Estes problemas são influenciados pelo ambiente familiar autocrático, no qual a criança é
submetida em castigos quando desobedece. Isso pode desenvolver depressões e influenciar no
rendimento escolar da criança. Também podem ser influenciados pelo ambiente familiar
protector, no qual as crianças tornam-se dependentes aos pais. Esta situação que pode se estender
para a escola.
c) Na área cognitiva-intelectual:
Destacam-se as crianças mentalmente superdotadas e com problemas mentais. Um dos sinais de
que a criança é superdotada está na capacidade de produzir respostas educativas originais
extremamente avançadas para a sua idade. Na escola estas crianças as crianças superdotadas
normalmente têm melhores desempenhos que as outras, aprendem a informação e as
competências de uma forma rápida e com facilidade, não tem problemas de compreensão de
significados e estabelecer relações entre conceitos e objectos; tem um pensamento rápido e
envolvem-se em tarefas mentais difíceis.
2.1.4.Características comportamentais
A primeira característica: baseia – se nos acontecimentos observáveis, isto é, para terapeuta
interessa especificamente o que o paciente faz, como e quando o faz. O comportamento deve ser
identificado, observado e definido e finalmente analisado quanto à forma, frequência e
intensidade.
Uma segunda característica da avaliação comportamental consiste em encarar o
comportamento como uma amostra. Ele é uma amostra que pode ser representativa do
funcionamento global do individuo.
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A terceira característica baseia – se nas relações funcionais, ou seja, para o terapeuta o
comportamento dos indivíduos vária em função dos estímulos externos que o rodeiam e, de
modo, tem-se que escolher informação acerca das relações entre o meio ambiente e o
comportamento.
Por último, temos a ligação entre a avaliação e o tratamento, ou seja, após o terapeuta obter a
informação da avaliação comportamental, mencionada nas características atrás citadas, esta – se
em condições de elaborar a estratégia terapêutica adequada ao individuo e acompanhar
devidamente os efeitos do tratamento.
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VALADARES & GRAÇA,1998). Efectivamente, apenas após esta primeira fase será pertinente
equacionar processos de avaliação tendo em atenção os problemas/ dificuldades que a criança
revela e que importa identificar.
Deste modo, o educador deverá desenvolver processos de auto-avaliação da intervenção
pedagógica que desenvolve junto do grupo/turma (sobre a planificação, sobre a avaliação
contínua dos alunos, sobre as formas de gestão e organização do processo de ensino —
aprendizagem, sobre a forma como interpreta os comportamentos dos alunos...), podendo, para
tal; utilizar de graduação escalas e registar eventuais incidentes críticos que surjam na situação
pedagógica.
A avaliação e compreensão da criança diferente começou por ser objecto de estudo da medicina,
uma vez que se entendia que as diferenças eram sintomas de doença física, justificando-se assim
uma abordagem médica.
PIJI & VAN DEN BOS, (1998) nos fazem perceber, que durante vários anos, a avaliação da
criança diferente centrou-se no diagnóstico' médico, tendo como preocupação fundamental a
“classificação do tipo de deficiência (mental, física, sensorial, motora) para assim ser possível
decidir sobre qual o tratamento adequado”.
Ainda na senda dos mesmos autores importava, portanto, realizar um diagnóstico detalhado da
deficiência da criança, pois este constituía simultaneamente condição necessária e suficiente para
iniciar o tratamento. Nesse sentido, resulta evidente a relação directa entre diagnóstico e
tratamento, embora estas duas actividades fossem entendidas como diferentes (PIJI E VAN DEN
BOS, 1998).
O diagnóstico e a classificação com base em procedimentos médicos, constituíram assim
condição primeira e fundamental para a tomada de decisão sobre o tipo de educação conveniente
para determinada criança, tendo em conta as suas características específicas. As instituições de
educação especial que existem com vista à educação de crianças com diferentes tipos de
deficiência resultam desta abordagem médica, na qual a classificação da criança em determinada
categoria está directamente relacionada com a sua colocação numa escola especializada no
respectivo atendimento.
Esta abordagem médica das necessidades especiais foi no século passado, e continua a ser
actualmente, alvo de acesas críticas, nomeadamente as que sublinham as consequências
negativas em termos sociais e educativos do uso da classificação em diferentes tipologias.
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JOÃO DOS SANTOS, citado por CARVALHO & BRANCO, (2000) esclarecem que “rotular
uma criança com dificuldades com base num diagnóstico médico pode constituir uma forma de
estigmatizar discriminar, insultar e limitar criança”. (p.199)
Com efeito, O diagnóstico pode sobrepor-se ao doente, como a doença pode sobrepor-se à
pessoa. Devemos evitar diagnosticar alguém, como pode acontecer quando se diz
depreciativamente: 'é um psicopata, um neurótico, um débil.
Em fim, BAIRRÃO, (1994) explica que no que diz respeito à avaliação de crianças com
necessidades educativas especiais decorrentes de problemas com "altas probabilidades de terem
uma etiologia biológica, inata ou congénita" é fundamental a intervenção médica no sentido de
diagnosticar e detectar os problemas e de definir formas de atendimento precoce e de
acompanhamento posterior. (p. 29)
1. Estudar o problema cuidadosamente para encontrar os factores etiológicos, o que inclui uma
boa recolha de dados para entender a epidemiologia do problema;
2. Experimentação para ajudar a determinar a forma mais eficaz de tratamento;
3. Intervenção, que normalmente implica algum tipo de tratamento ou mudança no estilo de vida;
4. Avaliação rigorosa dos resultados da experimentação e tratamento;
5.Seguimento a longo prazo dos doentes, observando os seus progressos para determinar a
eficácia do tratamento e verificar se alguns efeitos colaterais nefastos se desenvolveram.
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2.2.2.Contribuição de Vygotsky e Piaget para a Educação
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3.Conclusão
O trabalho que acabamos de apresentar, tinha como tema de estudo Necessidades educativas
especiais no ambiente escolar. Durante o nosso desenvolvimento explicamos que necessidades
educativas especiais, são evidentes dificuldades na aprendizagem, ou seja em aceder ao
curriculum oferecido pela escola, exigindo um atendimento especializado, de acordo com as
características específicas do aluno.
Além disso, percebemos também que grande parte dos chamados problemas de comportamento
não decorrem de questões intrínsecas aos alunos mas de erros e inadequações na concepção,
organização e gestão das actividades de ensino/aprendizagem pelo professor aulas mal
planificadas ou mal geridas aumentam exponencialmente a hipótese de ocorrerem problemas de
comportamento. Por outro lado, muitos desses problemas podem ser prevenidos se existirem
regras claras de funcionamento na sala de aula e se houver cuidado na manutenção sistemática
dessas regras.
Estes alunos necessitam, como o Warnock Report já assinalava, "de uma particular atenção à
estrutura social e ao clima emocional em que decorre a educação". Para tal, as regras e
procedimentos, bem como as rotinas diárias, devem ser mantidas em todas as situações e o
ambiente da turma deve ser controlado para que a principal fonte de estímulo seja o próprio
material de aprendizagem.
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Referências bibliográficas
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