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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Necessidades educativas especiais no ambiente escolar

Nome do estudante: Aljofre Álvaro Jorge: 81230691

Nampula, Maio de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Necessidades educativas especiais no ambiente escolar

Trabalho de campo a ser


submetido na coordenação
do curso de Licenciatura em
Ensino de Português da
UnISCED.
Tutor : Lord Shisua

Nome do estudante: Aljofre Álvaro Jorge: 81230691

Nampula, Maio de 2023


Índice
Introdução...................................................................................................................................................3
2.0.Revisão da literatura..............................................................................................................................4
2.1.1. A evolução da Educação Especial.....................................................................................................4
2.1.2. O conceito de necessidades educativas especiais...............................................................................5
2.1.2. Principais dificuldades que influenciam no processo do desenvolvimento e aprendizagem..............6
2.1.3. Implicações Educacionais das crianças com necessidades educativas...............................................7
2.1.4.Características comportamentais........................................................................................................7
2.1.5. Contribuição da psicologia para a educação......................................................................................8
2.2.Identificação de alunos com necessidades educativas especiais-processos e instrumentos....................8
2.2.1. Perspectivas na avaliação de alunos com necessidades educativas especiais.....................................9
2.2.2.Contribuição de Vygotsky e Piaget para a Educação........................................................................11
3.Conclusão...............................................................................................................................................12
Referências bibliográficas.........................................................................................................................13
Introdução
O trabalho que passamos a apresentar, enquadra-se na área de psicologia Educacional. O mesmo
tem como tema de estudo, Necessidades educativas especiais no ambiente escolar. No
desenvolvimento deste tema, faremos referência sobre as várias dificuldades que as crianças com
necessidades educativas especiais enfrentam, nas diferentes escolas. Além disso, também
abordaremos, os tipos de necessidades educativas que as crianças apresentam. Como é do nosso
domínio, as crianças excepcionais necessitam de cuidados educativos especiais e muitas vezes
personalizados.
Tendo também como preocupação fundamental a educação de todos os alunos, a perspectiva que
preconiza uma escola inclusiva abrange, no entanto, não apenas aqueles que apresentam
necessidades educativas especiais, mas também todos os que provêm de contextos étnico-
culturais diferentes. Esta perspectiva fundamenta-se em pressupostos inovadores já que as
diferenças dos alunos na aprendizagem são equacionadas como positivas, uma vez que permitem
desencadear processos de mudança na forma como as escolas e os professores organizam o
currículo.
Assim sendo, o tema é relevante visto que, poderá contribuir para que o professor desenvolva a
capacidade de investigar a própria actividade, para, a partir dela, constituir e transformar os seus
saberes- fazeres docentes, num processo contínuo de construção de sua identidade como
professor.
1.1.Objectivo geral

Compreender as necessidades educativas especiais no ambiente escolar e suas


manifestações.
1.1.1.Objectivos específicos

Identificar as necessidades educativas especiais no ambiente escolar


Explicar as várias tipologias de necessidades educativas e suas manifestações
Valorizar as crianças com necessidades educativas especiais.
1.3.Metodologia do trabalho

Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma pesquisa de carácter qualitativo, pois é com ela
que se busca compreender, sem estatísticas, as percepções, as intenções e os pensamentos dos
indivíduos. MINAYO (2003) diz que com a pesquisa qualitativa temos um “maior
aprofundamento nos mundos dos significados, das acções e das relações humanas, que é um lado
não captável quando se refere às estatísticas, médias e equações”.
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2.0.Revisão da literatura
2.1.1. A evolução da Educação Especial

A história do atendimento a indivíduos que apresentam diferenças físicas, motoras, sensoriais,


mentais e emocionais significativas em relação à restante população, mais do que constituir o
estudo da situação particular destes indivíduos, reflecte e restitui a imagem da evolução da
própria sociedade, ao longo das épocas: do modo como se foi perspectivando a si própria como
comunidade; dos valores que a nortearam nas diferentes épocas; das capacidades e atitudes que
foi valorizando ou desvalorizando em diferentes períodos históricos.

Portanto, a maior parte dos autores que se debruçaram sobre esta temática distingue quatro
grandes fases na forma de atendimento a esta população com necessidades educativas.

Primeira Fase considerada como Pré-História da Educação Especial: não tem marcos
precisos quanto ao seu início. Da antiguidade clássica, chega-nos notícia, como é sabido, do
infanticídio perpetrado contra os bebés deficientes, em cidades como Esparta; na idade Média,
sabemos que os deficientes eram considerados possuídos pelo demónio e submetidos a
exorcismos e, por vezes, abandonados sozinhos em matas e florestas. Nos séculos XVII e XVIII,
os deficientes eram internados em asilos, hospícios ou prisões, muitas vezes tratados como
criminosos por se considerar que a deficiência era o reflexo de uma falha moral grave do
indivíduo ou dos pais.

Segunda fase, cujo início podemos situar no século XIX, generaliza-se a noção de que a
sociedade é responsável pela protecção e apoio à população deficiente e surgem instituições
especializadas para deficientes. A criação destas não obedeceu, na maior parte dos países, a um
plano pré-definido, sendo criadas de forma mais ou menos aleatória por particulares, pela Igreja,
por instituições de beneficência social ou pelo estado e apresentando entre si muitas diferenças
quanto a finalidades, qualidade de atendimento ou mesmo qualidade de acolhimento.
Neste período, foram desenvolvidos vários trabalhos de índole científica, nos quais se procurava
diferenciar não só tipos de deficiência, como também graus e formas de uma mesma deficiência,
sendo portanto necessário definir métodos e técnicas de avaliação de capacidades visuais,
auditivas, motoras, intelectuais.
Entre os estudiosos que se debruçaram sobre estas problemáticas, referiremos Pinel (1745-1826),
que escreveu os primeiros tratados sobre o atraso mental; Esquirol (1722- 1840) que estabeleceu

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a diferença entre idiotismo e demência; Itard (1775-1838) que estudou a deficiência auditiva e a
deficiência mental e que, durante alguns anos, acompanhou de perto o caso do "menino
selvagem" de Aveyron; e Séguin (1812-1880) que se debruçou sobre a deficiência mental e
desenvolveu propostas de educação para esta população baseadas no treino sensório-motor.

Terceira fase: décadas 30/40 do século XX esta de carácter marcadamente educativo e


dominada pela procura das soluções pedagógicas mais adequadas. Foi a partir desta altura que,
nas sociedades ocidentais se inicia e/ou expande a escola básica pública e se estabelece a sua
obrigatoriedade (ainda que com grandes diferenças cronológicas, formais e processuais nos
diversos países). Em Portugal, na década de 40, organiza-se o primeiro centro de observação e
diagnóstico médico-pedagógico para "crianças anormais", o Instituto António Aurélio da Costa
Ferreira, e abrem-se as primeiras classes especiais, anexas às escolas públicas do 1. 0 Ciclo.

Quarta fase: surge entre anos 60 do século XX caracterizada por modificações sociais, políticas,
económicas e culturais da sociedade ocidental vão influenciar decisivamente a Educação
Especial e desenvolver novas abordagens pedagógicas. Nesta fase, o tratamento das crianças e
jovens com necessidades educativas especiais que eram excluídas, seja, socialmente e
culturalmente passam a inserir-se progressivamente nas estruturas regulares de ensino.

2.1.2. O conceito de necessidades educativas especiais


O conceito de necessidades educativas especiais começa a ser utilizado no final dos anos 70 e
representa um marco decisivo na forma de equacionar a criança diferente e os problemas na
aprendizagem.
CASANOVA (1990) entende que as necessidades educativas especiais são:
aquelas que têm certos alunos com dificuldades maiores que o habitual (mais
amplas e mais profundas) e que precisam, por isso, de ajudas complementares
específicas. (...) Determinar que um aluno apresenta necessidades especiais
supõe que para atingir os objectivos educativos necessita de apoios didácticos ou
serviços particulares e definidos, em junção das suas características pessoais (...).

BRENNAN, (1990) diz que necessidades educativas especiais, são “evidentes dificuldades na
aprendizagem, ou seja em aceder ao curriculum oferecido pela escola, exigindo um atendimento
especializado, de acordo com as características específicas do aluno”.
O conceito em análise acentua, pois, as dificuldades na aprendizagem que qualquer aluno pode
apresentar durante o seu percurso escolar. A sua utilização prática implicou a atribuição à escola

5
e aos professores de competências no processo de identificação dos alunos no sentido de definir
formas de acesso ao currículo adequadas às necessidades de cada um.
Assim, na definição proposta no Relatório Warnock as necessidades educativas especiais
incluem situações que implicam, por parte da escola:
(i) a disponibilização de meios especiais de acesso ao curriculum;
(ii) a elaboração de currículos especiais ou adaptados, e
(iii) a análise crítica sobre a estrutura social e o clima emocional nos quais se processa a
educação1.
Assim, in Education Act (Londres, 1981) considera-se que "uma criança tem necessidades
educativas especiais se tiver dificuldades na aprendizagem que requerem a intervenção da
educação especial". Entende-se que uma criança tem dificuldades na aprendizagem:
 se tiver dificuldades significativamente e maiores para aprender do que a maioria das
crianças da sua idade, ou
 se tiver uma incapacidade que a impede ou que lhe coloca dificuldades no uso dos meios
educativos geralmente oferecidos nas escolas…

2.1.2. Principais dificuldades que influenciam no processo do desenvolvimento e


aprendizagem.
As dificuldades podem ser divididas em áreas a saber:

a) Na área físico-motor: destaca-se a paralisia cerebral, a epilepsia, afasia, incapacidade visual,


perda de audição, danos cerebrais mínimos, problemas de fala e dislexia. MWAMWENDA,
(2004), diz que a dislexia é uma “perturbação na aprendizagem relacionada com a leitura e a
ortografia”. Essas dificuldades podem ter origem neurológica ou psicossocial. O autor acrescenta
que “Crianças com dislexia tem dificuldades em associar sons, significados e símbolos, por isso
mesmo elas têm dificuldades em compreender textos, de pronunciar correctamente as palavras
omitindo-as” (pág.313)
As crianças podem ter também problemas mentais ligeiros que vem da subnutrição ou de outros
danos durante o nascimento, caracterizados pela falta de coordenação ou hiperactividade. Esses
danos podem ser também, genéticos. A criança hiperactiva tem dificuldade em se concentrar em
uma só actividade e ela envolve-se em várias ao mesmo tempo.

1
De notar que, estas necessidades não se excluem mutuamente, podendo uma dada criança apresentar um ou mais problemas associados.
6
b) Na área sócio emocional: destaca-se a inibição, a ansiedade, as reacções neuróticas, agressão
e delinquência.
Estes problemas são influenciados pelo ambiente familiar autocrático, no qual a criança é
submetida em castigos quando desobedece. Isso pode desenvolver depressões e influenciar no
rendimento escolar da criança. Também podem ser influenciados pelo ambiente familiar
protector, no qual as crianças tornam-se dependentes aos pais. Esta situação que pode se estender
para a escola.

c) Na área cognitiva-intelectual:
Destacam-se as crianças mentalmente superdotadas e com problemas mentais. Um dos sinais de
que a criança é superdotada está na capacidade de produzir respostas educativas originais
extremamente avançadas para a sua idade. Na escola estas crianças as crianças superdotadas
normalmente têm melhores desempenhos que as outras, aprendem a informação e as
competências de uma forma rápida e com facilidade, não tem problemas de compreensão de
significados e estabelecer relações entre conceitos e objectos; tem um pensamento rápido e
envolvem-se em tarefas mentais difíceis.

2.1.3. Implicações Educacionais das crianças com necessidades educativas


As crianças excepcionais necessitam de cuidados educativos especiais e muitas vezes
personalizados. O desenvolvimento das crianças superdotadas pode ser facilitado acelerando o
seu processo de escolarização para níveis mais elevados. Crianças com dificuldades de
aprendizagem podem receber apoio médico, de psicólogos e outros especialistas de modo que
essas dificuldades sejam aos poucos supridas. O professor e a escola devem estar atentos às
diferenças individuais e a identificarem as necessidades de cada indivíduo conforme seja este
superdotado ou com alguma dificuldade de aprendizagem.

2.1.4.Características comportamentais
A primeira característica: baseia – se nos acontecimentos observáveis, isto é, para terapeuta
interessa especificamente o que o paciente faz, como e quando o faz. O comportamento deve ser
identificado, observado e definido e finalmente analisado quanto à forma, frequência e
intensidade.
Uma segunda característica da avaliação comportamental consiste em encarar o
comportamento como uma amostra. Ele é uma amostra que pode ser representativa do
funcionamento global do individuo.
7
A terceira característica baseia – se nas relações funcionais, ou seja, para o terapeuta o
comportamento dos indivíduos vária em função dos estímulos externos que o rodeiam e, de
modo, tem-se que escolher informação acerca das relações entre o meio ambiente e o
comportamento.
Por último, temos a ligação entre a avaliação e o tratamento, ou seja, após o terapeuta obter a
informação da avaliação comportamental, mencionada nas características atrás citadas, esta – se
em condições de elaborar a estratégia terapêutica adequada ao individuo e acompanhar
devidamente os efeitos do tratamento.

2.1.5. Contribuição da psicologia para a educação


A psicologia encontra-se, como uma das disciplinas que precisa ajudar o professor a desenvolver
conhecimento e habilidades, além de competências, atitudes e valores que possibilite ir
construindo seus saberes- fazeres docentes, a partir das necessidades e desafios que o ensino,
como prático social, lhes coloca no quotidiano. Desta forma, poderá contribuir para que o
professor desenvolva a capacidade de investigar a própria actividade, para, a partir dela,
constituir e transformar os seus saberes- fazeres docentes, num processo contínuo de construção
de sua identidade como professor.
Ao transmitir o conhecimento para o aluno o professor transformará também a função de
formador da personalidade de seus alunos no processo de ensino-aprendizagem, pois o aluno por
sua vez é um sujeito activo de seu processo de formação e desenvolvimento intelectual, afectivo
e social; e o professor tem o papel de mediador do processo de formação do aluno; a mediação
própria do trabalho do professor é favorecer / propiciar a interacção (encontro, conforto) entre o
sujeito (aluno) e o objecto de seu conhecimento (conteúdo escolar); nessa mediação, o saber do
aluno é uma dimensão importante do seu conhecimento (processo de ensino- aprendizagem).
2.2.Identificação de alunos com necessidades educativas especiais-processos e instrumentos
Para ROSALES, (1992) VALADARES & GRAÇA,1998), acreditam que para a “identificação
de alunos com necessidades educativas especiais será fundamental desenvolver, à partida, uma
avaliação formativa, uma vez que esta se centra no processo de ensino-aprendizagem durante o
seu decurso”. Com efeito, nesta modalidade de avaliação é o processo de ensino/aprendizagem
enquanto tal que deve ser considerado, sendo assim clara a necessidade do professor analisar de
forma crítica e reflexiva a sua prática pedagógica.
Assim, numa primeira fase, a identificação das necessidades educativas especiais deve centrar-
se na análise que o educador faz sobre a sua prática enquanto profissional. (ROSALES, (1992)

8
VALADARES & GRAÇA,1998). Efectivamente, apenas após esta primeira fase será pertinente
equacionar processos de avaliação tendo em atenção os problemas/ dificuldades que a criança
revela e que importa identificar.
Deste modo, o educador deverá desenvolver processos de auto-avaliação da intervenção
pedagógica que desenvolve junto do grupo/turma (sobre a planificação, sobre a avaliação
contínua dos alunos, sobre as formas de gestão e organização do processo de ensino —
aprendizagem, sobre a forma como interpreta os comportamentos dos alunos...), podendo, para
tal; utilizar de graduação escalas e registar eventuais incidentes críticos que surjam na situação
pedagógica.

2.2.1. Perspectivas na avaliação de alunos com necessidades educativas especiais

A avaliação e compreensão da criança diferente começou por ser objecto de estudo da medicina,
uma vez que se entendia que as diferenças eram sintomas de doença física, justificando-se assim
uma abordagem médica.
PIJI & VAN DEN BOS, (1998) nos fazem perceber, que durante vários anos, a avaliação da
criança diferente centrou-se no diagnóstico' médico, tendo como preocupação fundamental a
“classificação do tipo de deficiência (mental, física, sensorial, motora) para assim ser possível
decidir sobre qual o tratamento adequado”.
Ainda na senda dos mesmos autores importava, portanto, realizar um diagnóstico detalhado da
deficiência da criança, pois este constituía simultaneamente condição necessária e suficiente para
iniciar o tratamento. Nesse sentido, resulta evidente a relação directa entre diagnóstico e
tratamento, embora estas duas actividades fossem entendidas como diferentes (PIJI E VAN DEN
BOS, 1998).
O diagnóstico e a classificação com base em procedimentos médicos, constituíram assim
condição primeira e fundamental para a tomada de decisão sobre o tipo de educação conveniente
para determinada criança, tendo em conta as suas características específicas. As instituições de
educação especial que existem com vista à educação de crianças com diferentes tipos de
deficiência resultam desta abordagem médica, na qual a classificação da criança em determinada
categoria está directamente relacionada com a sua colocação numa escola especializada no
respectivo atendimento.
Esta abordagem médica das necessidades especiais foi no século passado, e continua a ser
actualmente, alvo de acesas críticas, nomeadamente as que sublinham as consequências
negativas em termos sociais e educativos do uso da classificação em diferentes tipologias.

9
JOÃO DOS SANTOS, citado por CARVALHO & BRANCO, (2000) esclarecem que “rotular
uma criança com dificuldades com base num diagnóstico médico pode constituir uma forma de
estigmatizar discriminar, insultar e limitar criança”. (p.199)

Com efeito, O diagnóstico pode sobrepor-se ao doente, como a doença pode sobrepor-se à
pessoa. Devemos evitar diagnosticar alguém, como pode acontecer quando se diz
depreciativamente: 'é um psicopata, um neurótico, um débil.

Em fim, BAIRRÃO, (1994) explica que no que diz respeito à avaliação de crianças com
necessidades educativas especiais decorrentes de problemas com "altas probabilidades de terem
uma etiologia biológica, inata ou congénita" é fundamental a intervenção médica no sentido de
diagnosticar e detectar os problemas e de definir formas de atendimento precoce e de
acompanhamento posterior. (p. 29)

Elementos constituintes do modelo médico

1. Estudar o problema cuidadosamente para encontrar os factores etiológicos, o que inclui uma
boa recolha de dados para entender a epidemiologia do problema;
2. Experimentação para ajudar a determinar a forma mais eficaz de tratamento;
3. Intervenção, que normalmente implica algum tipo de tratamento ou mudança no estilo de vida;
4. Avaliação rigorosa dos resultados da experimentação e tratamento;
5.Seguimento a longo prazo dos doentes, observando os seus progressos para determinar a
eficácia do tratamento e verificar se alguns efeitos colaterais nefastos se desenvolveram.

Fonte: Oates (1996) In: Bailey (1998)

De facto, em termos de educação dos alunos com necessidades educativas especiais é


fundamental que os professores sejam capazes de desenvolver processos de avaliação que
incluam a definição das competências e das dificuldades, a pesquisa sobre os factores de ordem
pedagógica que podem justificar os problemas, a tomada de decisões sobre a melhor forma de
intervir, e a recolha sistemática e regular de informação sobre a eficácia e pertinência
da intervenção entretanto realizada.

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2.2.2.Contribuição de Vygotsky e Piaget para a Educação

Sabemos em primeiro lugar, que Vigotsky e um integracionista enquanto Piaget é um


construtivista. Vigotsky esboçou uma teoria psicológica, e há muito tempo a psicologia tem sido
um dos pontos de apoio da psicopedagogia.
A preocupação de Piaget era epistemológica, ou seja, explicar como pode se produzir o
conhecimento científico e as ciências.
O papel da linguagem no desenvolvimento intelectual para Vygotsky e Piaget
Segundo FOWLER, (1994) a diferença mais nítida entre os dois teóricos, é referente ao papel da
linguagem no desenvolvimento intelectual. Vygotsky trata a “aquisição da linguagem do meio
social como o resultado entre raciocínio e pensamento em nível intelectual”. Piaget considerou a
“linguagem falada como manifestação da função simbólica, quando o indivíduo emprega a
capacidade de empregar símbolos para representar, o que reflecte o desenvolvimento intelectual,
mas não o produz.”
Piaget considerou a linguagem como facilitadora, mas não como necessária ao desenvolvimento
intelectual. Para Piaget, a linguagem reflecte, mas não produz inteligência. Ainda FOWLER,
(1994) usando as palavras de Piaget nos faz entender, que a “única maneira de avançar a um
nível intelectual mais elevado não é na linguagem com suas representações, e sim, através da
acção, (p.8).
VYGOTSKY (1987) faz uma diferenciação entre processos psicológicos, superiores
rudimentares e processos psicológicos avançados. Nos primeiros, ele colocaria a linguagem oral,
como processo psicológico superior adquirido na vida social mais extensa e por toda a espécie, e
sendo produzido pela internalização de actividades sociais, através da fala. A interacção e a
linguagem têm um importante destaque no pensamento de Vygotsky, uma vez que irão
contribuir no desenvolvimento dos processos psicológicos, através da acção.

Vygotsky substituiu os instrumentos de trabalho por instrumentos psicológicos, explicando desta


forma, a evolução dos processos naturais até alcançar os processos mentais superiores, por isso, a
linguagem, instrumento de imenso poder, assegura que significados linguisticamente criados
sejam significados sociais e compartilhados.

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3.Conclusão

O trabalho que acabamos de apresentar, tinha como tema de estudo Necessidades educativas
especiais no ambiente escolar. Durante o nosso desenvolvimento explicamos que necessidades
educativas especiais, são evidentes dificuldades na aprendizagem, ou seja em aceder ao
curriculum oferecido pela escola, exigindo um atendimento especializado, de acordo com as
características específicas do aluno.
Além disso, percebemos também que grande parte dos chamados problemas de comportamento
não decorrem de questões intrínsecas aos alunos mas de erros e inadequações na concepção,
organização e gestão das actividades de ensino/aprendizagem pelo professor aulas mal
planificadas ou mal geridas aumentam exponencialmente a hipótese de ocorrerem problemas de
comportamento. Por outro lado, muitos desses problemas podem ser prevenidos se existirem
regras claras de funcionamento na sala de aula e se houver cuidado na manutenção sistemática
dessas regras.
Estes alunos necessitam, como o Warnock Report já assinalava, "de uma particular atenção à
estrutura social e ao clima emocional em que decorre a educação". Para tal, as regras e
procedimentos, bem como as rotinas diárias, devem ser mantidas em todas as situações e o
ambiente da turma deve ser controlado para que a principal fonte de estímulo seja o próprio
material de aprendizagem.

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Referências bibliográficas

BRENNAN, W. K. (1990) El Currículo para Nifios con Necesidades Especiales,


Madrid: Siglo XXI de Espafía Editores, 2. a ed.
CARDOSO, Adelino, FROIS, António, FACHADA, Odete. (1993) Rumos da
Psicologia. Lisboa, Edições Rumo,
CARVALHO E BRANCO, M. A. (2000) Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos.
Lisboa: Livros Horizonte.
CASANOVA, M. A. (1990) Educación Especial: Hacia la Integración. Madrid:
Editorial Escuela Espariola, S.A.
PIJL, S. J. e VAN DEN BOS, K. P. (1998) Decision making in uncertainty. In: Clark, C.;
Dyson, A.; Milward, A. (Eds.). Theorising Special Education. Londres: Routledge.
MADUREIRA, I. P. (1999) Necessidades de Formação Contínua de Professores do 1°
Ciclo face à Integração de Alunos com Necessidades Educativas Especiais na
Escola. Lisboa: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (dissertação
de mestrado).
MWAMWENDA, Tuntufye S. (2004) Psicologia Educacional: Uma perspectiva africana.
Maputo: Textos Editora Ltda,
VALADARES, J. e GRAÇA, M. (1998) Avaliando. para melhorar a aprendizagem.
Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
ZABALZA, M. (1994) Planificação e Desenvolvimento Curricular na Escola. Rio Tinto:
Ed. ASA.

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