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PROJETANDO A PRÁTICA DO

PEDAGOGO EM CONTEXTOS NÃO


ESCOLARES

Disciplina: Educação em Contextos Não


Escolares

Docentes Responsáveis: Daniela Fantoni de Lima Alexandrino


Luciano Alves Nascimento
Discentes:
Deijeane Auxiliadora Machado
Karla Fernanda de Lima
Luiz Felipe da Silva Monteiro
Marina Imaculada Santa Rosa
Maria Eduarda Siqueira
Monara Cristina da Silva

2023
Barbacena – MG
1. SETOR ESCOLHIDO: Sistema Prisional

2. APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA

Percebe-se que são muitos fatores que levam as pessoas a cometerem algum tipo
de crime. Algumas cansadas de ser exploradas pela realidade em que vivem, onde a
maioria da população não tem uma vida digna com moradia, educação, saúde e
alimentação de qualidade, acabam tendo um sonho de conseguir se enriquecer, outros
pelas circunstâncias vividas como o vício e traumas vividos na infância, e acabam indo
por caminhos errados. Nesta linha de pensamento, Maia (2003) enfatiza:
Tal situação não acontece por acaso, mas é a consequência do
sistema social, econômico, político e cultural da nossa época,
que mantêm os privilégios de poucos enquanto a maioria da
população é explorada e excluída, sendo desprovida inclusive
dos seus direitos básicos de ter acesso a uma vida justa e
digna. Nesse contexto, a violência e as ações criminosas são a
alternativa de muitas pessoas frente a desilusão e a
desesperança pelos problemas vividos no seu cotidiano.

Podemos dizer que esta não tinha sido nossa primeira opção, gostaríamos de ter
falado sobre educação social, mas como já havia sido escolhido essa foi a nossa opção,
embasadas pelas aulas teóricas no início da disciplina que nos despertou um interesse
por ser um local de trabalho nada formal, destinados a pessoas cujo objetivo principal é
sair da cadeia e não estudar, mas que viram que por meio dos estudos era possível sair
mais cedo tendo redução da pena. Creio que começam a estudar por um objetivo, mas
terminam com outra visão porque a educação transforma e liberta, não só das grades
físicas, mas também mentais.
E devemos admiração a estas pessoas que estão marginalizadas antes mesmo de
serem presas e é onde o professor desempenhara um papel fundamental com
metodologia e uma didática diversificada que atenda às necessidades educacionais desse
público.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DO SETOR DE ATUAÇÃO


A educação prisional no contexto das unidades prisionais brasileiras emerge como
um componente crucial para enfrentar os desafios associados à reincidência criminal e
promover a reintegração dos detentos à sociedade. Nessa dinâmica, a educação não se
limita apenas à transmissão de conhecimentos acadêmicos, mas busca proporcionar uma
abordagem holística que abrange o desenvolvimento socioemocional e profissional dos
indivíduos encarcerados. O sistema prisional brasileiro enfrenta uma série de desafios
estruturais, sendo a superlotação uma questão premente que impacta diretamente a
oferta de programas educacionais. Em meio a condições precárias, o papel do educador
prisional é essencial na identificação e superação dessas barreiras, reconhecendo as
complexidades individuais e culturais dos detentos (CUNHA, 2010).
O sistema prisional brasileiro é composto por uma variedade de unidades e
estabelecimentos penais, cada um desenhado para atender a diferentes características e
propósitos. Entre essas instalações, encontramos penitenciárias, que são unidades de
segurança máxima voltadas para detentos considerados de alta periculosidade. Os
presídios, por sua vez, destinam-se a apenados de segurança média, visando
proporcionar condições para a ressocialização. As cadeias públicas têm como função
principal receber presos provisórios aguardando julgamento, enquanto os Centros de
Detenção Provisória (CDP) cumprem uma função semelhante, garantindo condições
adequadas durante o período de detenção provisória (DAMAZIO, 2010).
Além disso, as colônias agrícolas e industriais, voltadas para detentos em regime
semiaberto, enfocam a ressocialização por meio do trabalho. Para os detentos em regime
aberto, as Casas do Albergado permitem o cumprimento da pena fora do estabelecimento
prisional durante o dia. Há também unidades específicas para detentos com transtornos
mentais, denominadas Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), visando
oferecer tratamento especializado e garantir a segurança. No contexto feminino, existem
penitenciárias e cadeias públicas exclusivas para mulheres, adaptadas para atender às
necessidades específicas das detentas. Essa diversidade de tipos de unidades prisionais
reflete a complexidade do sistema penal brasileiro, que busca adequar-se às
particularidades dos apenados e dos diferentes estágios do cumprimento de pena
(DAMAZIO, 2010).
Contudo, é importante reconhecer os desafios enfrentados pelo sistema prisional,
incluindo superlotação, condições precárias e a necessidade de aprimoramento nos
programas de ressocialização e educação. A busca por soluções efetivas para promover
a reabilitação dos detentos continua sendo uma prioridade, visando não apenas a
punição, mas também a reintegração social dos indivíduos após o cumprimento de suas
penas.
As unidades prisionais, enquanto espaços onde a educação prisional é
implementada, refletem as tensões e dinâmicas da sociedade mais ampla. Superlotação,
escassez de recursos e condições de detenção desafiadoras compõem o cenário físico e
estrutural que molda a experiência educacional no ambiente prisional. Desenvolver
projetos pedagógicos adaptados é imperativo para a eficácia da educação prisional.
Essas iniciativas devem considerar não apenas as necessidades acadêmicas dos
detentos, mas também levar em conta suas histórias individuais, traumas e aspirações.
Integrar atividades educacionais com a realidade prisional, seja por meio de cursos
profissionalizantes, programas de leitura ou atividades artísticas, é fundamental para
proporcionar experiências educacionais significativas e aplicáveis (NOVO, 2017).

4. PROPOSTA DE ATUAÇÃO

4.1 Objetivo geral da proposta:


 Utilizar a arte e cultura como ferramentas de reabilitação e reintegração, visando a
transformação positiva dos detentos e o apoio na sua transição de volta à
sociedade.

4.2 Objetivos específicos da proposta:


 Estimular a expressão critíca e a autoexpressão por meio das aulas de artes
visuais, música, teatro e literatura;
 Incentivar a criatividade por meio de pinturas e desenhos;
 Estimular a reflexão dos atos por meio de relatos pessoais e criação de histórias;
 Realizar eventos culturais entre os presos;
 Incentivar a leitura por meio das aulas de contação de história.

4.3 Atividades a serem desenvolvidas:


Atividade 1: Introdução às Artes Visuais

- Objetivo: Explorar a expressão visual como forma de comunicação e libertação


emocional.
- Descrição: Introdução às técnicas de pintura simples e desenho. Incentivar os
detentos a retratarem suas emoções por meio da arte visual.
Serão oferecidos quadros, folhas, tintas e pinceis.
Atividade 2: Explorando a Música

- Objetivo: Estimular a criatividade musical e o trabalho em equipe.


- Descrição: Oferecer aulas de música básica, permitindo que os participantes
aprendam a tocar instrumentos simples ou cantem em grupo. Promover a composição de
músicas que expressem suas experiências.
Serão oferecidos instrumentos como pandeiros, tarol, flauta, chocalho e surdo.

Atividade 3: Teatro e Expressão Corporal

- Objetivo: Desenvolver habilidades de comunicação e autoconfiança por meio do


teatro.
- Descrição: Realizar exercícios de improvisação e expressão corporal. Encenar
pequenas peças teatrais que abordem questões pessoais ou sociais relevantes.

Atividade 4: Literatura e Escrita Criativa

- Objetivo: Estimular a expressão escrita e a reflexão sobre suas histórias.


- Descrição: Incentivando a elaboração de contos, poemas ou reflexões pessoais.
Aos que não sabem ler e escrever poderão participar oralmente contando seus relatos, e
criando suas histórias.

Atividade 5: Eventos Culturais e Exposição de Arte

- Objetivo: Promover a integração com a comunidade e valorizar as produções dos


detentos.
- Descrição: Organizar uma exposição de arte dentro da prisão, entre membros da
comunidade para apreciar as obras produzidas.
Realizar eventos culturais como apresentações musicais, teatrais e recitais de
poesia.

Atividade 6: Avaliação e Reflexão

- Objetivo: Avaliar o impacto das atividades e promover a reflexão sobre o


processo.
- Descrição: Realizar uma sessão de discussão para que os detentos compartilhem
suas experiências, os desafios enfrentados e como as atividades artísticas influenciaram
positivamente suas vidas dentro da prisão

4.4 Cronograma de aplicação:

Segunda-feira: Atividade 1 - Introdução às Artes Visuais

Quarta-feira: Atividade 2 - Explorando a Música

Sexta-feira: Atividade 3 - Teatro e Expressão Corporal

Segunda-feira: Atividade 4 - Literatura e Escrita Criativa


Quarta-feira: Atividade 5- Eventos Culturais e Exposição de Arte

Sexta-feira: Atividade 6- Avaliação e Reflexão

5. RESULTADOS ESPERADOS

Esperamos que as atividades executadas contribuam para a vida dos detentos de forma
positiva e significativa viabilizando habilidades que cada indivíduo possui, interagindo com os
conceitos abordados. Com a implementação do projeto esperamos que todos os detentos
participem, interajam de forma significativa e se sintam autoconfiantes para executar as atividades
artísticas e culturais.
Melhoria na socialização dos indivíduos, comunicações e expressões visuais, teatrais e
musicais, além da leitura e escrita. Produtos esperados telas, desenhos, teatros, músicas com
instrumentos lecionados nas atividades acima.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a elaboração da proposta foi necessário pesquisar as características


demográficas, interesses e necessidades da população prisional. Conhecer as políticas e
regulamentos específicos do sistema prisional relacionados às atividades de artes e
cultura. Identificar os conteúdos que podem ser explorados nas atividades propostas.
Estabelecer atividades claras e definir objetivos que esperamos. Incluir uma variedade
de atividades artísticas, como pintura, música, teatro, literatura, entre outras. Escolher
atividades que possam ser realizadas nas condições específicas da prisão.
As inferências/ impressões que encontramos foi os desafios que poderíamos
encontrar como a falta de infraestrutura, restrições de segurança e a resistência inicial
dos detentos em querer participar das atividades que seriam propostas a eles. Mas
chegamos à conclusão que levando esse tema para dentro do sistema prisional alguns
detentos poderiam se identificar com esse meio artístico e em um futuro próximo
poderiam sair da cadeia e buscarem trabalhos nessa atuação. Precisamos entender
que em qualquer lugar encontraremos dificuldades para levar uma educação de
qualidade, mas no sistema prisional precisamos ajudar essas pessoas a se redimirem,
pois, segundo Paulo Freire “Educação não transforma o mundo. Educação muda as
pessoas. Pessoas transformam o mundo”. — Educação como prática da liberdade,
1979.
7. Referência.

CUNHA, Elizangela Lelis da. Ressocialização: o desafio da educação no sistema


prisional feminino. Cadernos Cedes, v. 30, p. 157-178, 2010.

MAIA, Denise da Conceição. A falta de qualidade profissional como uma das


fontes na reincidência do preso. Universidade Federal do Paraná, 2003. (Monografia de
pós–graduação).

NOVO, Benigno Núñez. A educação prisional no Brasil. Revista Jurídica Portucalense,


p. 166-181, 2017.

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