Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
João Pessoa - PB
2023
Resumo
Summary
Introdução
Metodologia
Sabe-se o quão importante é discutir essa pauta, a educação nas prisões desempenha
um papel crucial na atualidade, e sua importância pode ser abordada a partir de várias
perspectivas. Abordar a importância da educação no contexto prisional é fundamental para
promover a reabilitação dos apenados, reduzir a reincidência criminal e construir
comunidades mais seguras. Aqui estão alguns pontos-chave para destacar a relevância de
falar sobre educação nas prisões na atualidade:
5. Justiça social e igualdade de oportunidades: Falar sobre educação nas prisões é uma
questão de justiça social e igualdade de oportunidades. Muitos apenados vêm de
contextos socioeconômicos desfavorecidos, com acesso limitado à educação de
qualidade. Ao fornecer programas educacionais dentro das prisões, estamos
nivelando o campo de jogo e oferecendo a essas pessoas uma chance de adquirir
conhecimentos e habilidades que podem melhorar suas vidas. A educação nas prisões
é uma forma de combater a desigualdade estrutural e garantir que todos tenham a
oportunidade de se desenvolverem plenamente, independentemente de seus erros
passados.
Existem três premissas que fazem parte do Art. 26° da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, que trata sobre o direito e acessibilidade da educação à todos, podemos
ressaltar as seguintes duas premissas: "Toda a pessoa tem direito à educação. A educação
deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino fundamental. O ensino elementar é
obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos
superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito”, a
segunda premissa constata que: "a educação deve visar à plena expansão da personalidade
humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer
a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou
religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz". Isso traz à tona o fato de que a educação é um direito humano e que
deve se estender sobre todas as classes sociais e a todos os indivíduos independentemente da
sua situação social ou legal.
No entanto, o Estado precisa determinar ações que estejam de acordo com o exercício
pleno dos direitos humanos, entre eles o da educação já que os direitos de liberdade surgem
em contraposição ao poder exacerbado do Estado, e tem, assim, como característica o
objetivo de limitar este poder, o que explicita a influência do Estado na concretização dos
direitos educacionais nas prisões. As prisões em sua grande maioria não oferecem e não
garantem os direitos dos cidadãos que estão apenados, e muitos países como por exemplo os
Estados Unidos que tem a maior população carcerária do mundo têm um longo caminho para
percorrer e garantir que os direitos humanos sejam garantidos. A educação nas prisões pode
ajudar a promover valores e garantir que os direitos humanos sejam respeitados em todas as
etapas do processo de justiça criminal.
No entanto, o acesso à educação nas prisões ainda enfrenta desafios. Nem todas as
unidades prisionais possuem estrutura adequada para oferecer educação de qualidade. Menos
de 13% da população carcerária tem acesso à educação. Dos mais de 700 mil apenados em
todo o país, 8% são analfabetos, 70% não chegaram a concluir o ensino fundamental e 92%
não concluíram o ensino médio. Não chega a 1% os que ingressam ou têm um diploma do
ensino superior. Apesar do perfil marcado pela baixa escolaridade, diretamente associada à
exclusão social, nem 13% deles têm acesso a atividades educativas nas prisões.
Os projetos de educação dentro das prisões são de extrema importância por diversos
motivos. Eles desempenham um papel fundamental na transformação das vidas dos
apenados, oferecendo-lhes oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pessoal.
Trouxemos como exemplo o Plano Nacional de Educação da Pessoa Privada de Liberdade e
Egresso do Sistema Prisional do Estado da Paraíba (PEEP, 2021-2024). O projeto foi
proposto em conjunto pelo Ministério da Justiça e pelo Ministério da Educação. O PEEP tem
por objetivo garantir e fazer valer a educação como direito constitucional e afirmação da
cidadania, aplicável às pessoas privadas de liberdade e aos envolvidos direta ou
indiretamente na educação prisional, proposta para atender às crescentes necessidades do
sistema prisional. Além disso, pretende se apresentar como documento de referência para
consultas públicas que visam promover a participação de todos os setores que compõem esta
política educacional intersetorial, pessoas privadas de liberdade, familiares e ex-apenados,
bem como organizações da sociedade civil.
Com base nisso, sabe-se que construir e efetivar escolas nessa perspectiva é um
desafio que requer, antes de tudo, entender a educação como um direito e o território da
escola como o lugar onde esta se realiza, numa relação de diálogo e cooperação, para além
dos limites de seus muros. Com isso, os alunos possuem diferentes saberes e experiências,
que devem ser incorporados ao processo de ensino-aprendizagem: na prisão, isso também é
verdade. É por isso que os saberes que compõem a educação anterior à prisão não devem e
não podem ser anulados para integrar a pessoa, como se todo o seu passado constituísse um
erro significativo que deva ser apagado para criar um novo, integrado ser. Assim, o programa
educacional para prisões deve focar o aluno como sujeito histórico, político, social e
relacional, e não simplesmente como um prisioneiro.
Além dos problemas citados, também é necessário falar sobre a política de educação
infantil. O Brasil tem a quinta maior população carcerária feminina do mundo. De acordo
com relatório do Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias) divulgado
em novembro deste ano (2023) pelo Ministério da Justiça, o número de mulheres presas
aumentou de 5.601 em 2000 para 37.380 mulheres em 2014, uma diferença alarmante de
567%. De cada 100 mil brasileiras, 36,4 estão presas e compará que o aumento das taxas de
encarceramento de mulheres tem sido superior ao dos homens, estima-se que 74% das
detentas têm filhos. É constatado que a mulher privada de liberdade pode dar à luz na prisão,
a Lei Nº 14.326 assegura à detenta o direito de ter a criança em sua companhia até
determinada idade e isso faz com que o estado tenha que dar as condições necessárias para
essa convivência, por isso é necessário a presença de uma creche ou pré-escola que possa
auxiliar as mães nesse processo de criação e educação dos seus filhos.
A prisão de mulheres que são mães tem grandes efeitos sobre as crianças como em
seu desenvolvimento escolar e que a escola age com o papel de apoiar a criança e a
instituição escolar entra como meio de apoio a essa criança, pois a educação é uma ponte
importante usada como meio de socialização do indivíduo, essa educação tem sido bastante
estudada sob vários aspectos: como a influência da convivência no processo de construção
de valores e ideologias e o desenvolvimento através a interação social. A escola traz enormes
contribuições para o desenvolvimento incluindo a transmissão de valores e papéis culturais,
representando concretamente uma ruptura com o ambiente familiar, o que se mostra de
extrema importância quando se fala de âmbito prisional. Mais ampla e menos afetiva que a
família, a escola, na sociedade atual, participa ativamente do processo de socialização
secundária pela qual passa o indivíduo. Portanto, mediante os levantamentos citados é de
suma importância que além de haver um sistema que forneça educação para as presidiárias,
que também haja um sistema que acolha essas crianças e os forneçam educação.
Abordando essas duas pautas que ficam bastante esquecidas quando se fala do
sistema carcerário, torna-se mais evidente a importância da educação e reintegração dos
mesmos. No entanto, é fundamental que os governos, as autoridades prisionais e a sociedade
como um todo reconheçam a importância da educação nas prisões e trabalhem em conjunto
para garantir o acesso a programas educacionais eficazes e significativos. Investimentos
adequados, treinamento de professores e parcerias com instituições educacionais externas
são fundamentais para o sucesso desses projetos.
Considerações finais
PENA, Marieta Gouvêa de Oliveira; CARVALHO, Alexandre Filordi de; NOVAES, Luiz
Carlos. Formação do pedagogo e educação nas prisões: reflexões acerca de uma experiência.
SciElo. São Paulo, v. 36, n. 98, p. 109-122, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ccedes/a/8nr3TtMmMdJpS7GQn6RWNrC/?lang=pt#ModalDo
wnloadsAcesso em: 10 maio, 2023.
MICHEL Foucault: e o seu "Vigiar e Punir". Blog Emagis. [s.I], [201?]. Disponível em:
https://www.emagis.com.br/area-gratuita/que-negocio-e-esse/michel-foucault-e-o-se
u-vigiar-e-punir/#:~:text=Para%20Foucault%2C%20as%20pris%C3%B5es%20n%C
3%A3o,a%20escola%20e%20o%20trabalho. Acesso em: 10 maio, 2023.
VAZ, Camila . Dar à luz na sombra: maternidade em situação de prisão. JusBrasil, 2009.
Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/dar-a-luz-na-sombra-maternidade-em-situacao-de-prisao
/378192535 Acesso em: 17 maio 2023.
https://portal.vivadireitos.org.br/amamentacao-em-presidios/
OLIVEIRA, José Carlos. ONU vê tortura em presídios como problema estrutural do Brasil.
Câmara dos deputados, 2021. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/noticias/809067-onu-ve-tortura-em-presidios-como-problema-estrutural
-do-brasil/#:~:text=O%20Depen%2C%20%C3%B3rg%C3%A3o%20do%20Minist%C3%A9rio,vagas%20
em%20apenas%20363%20pris%C3%B5es Acesso em: 17 maio 2023.
NOVO, Benigno Núñez. A educação Prisional como direito humano para a de detentos no
Brasil. Meu artigo. Disponível em:
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/amp/direito/a-educacao-prisional-como-direito-hum
ano-para-a-recuperacao-de-detentos-no-brasil.htm Acesso em: 14 maio 2023
OLIVEIRA, Cida de. Menos de 13% da população carcerária tem acesso à educação. Rede
Brasil Atual. São Paulo, 08 jul. 2017. Disponível em:
https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/menos-de-13-da-populacao-carceraria-tem-ac
esso-a-educacao/ Acesso em: 14 maio 2023.