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Transparência

Manejo Florestal
Estado do Pará - 2011 a 2012

André Monteiro, Dalton Cardoso, Denis Conrado, Adalberto Veríssimo & Carlos Souza Jr. (Imazon)

Resumo
Sistema de Controle
Avaliamos a situação da exploração madeireira no Estado florestal
do Pará entre agosto de 2011 e julho 2012. Para isso, verificamos
a regularidade das informações sobre os planos de manejo nas De acordo com o sistema Simlam
Autefs (Autorizações para Exploração Florestal) bem como en- (Sema/PA), em 2011 foram liberadas
tre as Autefs e os créditos de madeira da exploração autorizada aproximadamente 153 Autefs de um to-
emitidos pela Sema (Secretaria de Estado de Meio Ambiente do tal de 148 planos de manejo florestal, que
Pará). O resultado dessa análise mostrou que a grande maioria correspondiam a uma área de mais de 120
(87%) das Autefs estava regular, enquanto apenas 13% apresenta- mil hectares de floresta. Isto gerou um cré-
ram inconsistências (manejo autorizado em área explorada e área dito de 3,5 milhões de metros cúbicos de
autorizada maior que área do manejo). madeira em tora e de 1,6 milhão de metros
Também estimamos a área explorada de forma legal (auto- cúbicos de resíduos florestais. Em 2012,
rizada) e ilegal (não autorizada) usando imagens NDFI origina- foram aproximadamente 160 Autefs de
das de imagens de satélite Resourcesat. De um total de 157.239 um total de 160 planos de manejo florestal
hectares de florestas exploradas pela atividade madeireira no pe- cobrindo uma área de aproximadamente
ríodo (Agosto 2011-Julho 2012), a grande maioria (78%) não foi 122 mil hectares de floresta. Isso represen-
autorizada pela Sema, enquanto 22% (34.902 hectares) foram tou um volume de quase 3,2 milhões de
autorizados. metros cúbicos de madeira em tora e de
Considerando as florestas afetadas pela exploração ilegal de pouco mais de 822 mil metros cúbicos de
madeira, a maioria (67%) situava-se em áreas privadas, devolutas resíduos florestais. Quase toda essa madei-
ou sob disputa; outros 25% em assentamentos de reforma agrá- ra (99,6%) proveio de floresta nativa, e o
ria; e 8% em Áreas Protegidas. Em relação ao período anterior restante (0,4%), de floresta plantada.
(Agosto 2010-Julho 2011), houve aumento substancial de 151% No Sisflora, foram cadastrados1 em
(73.535 hectares) na exploração madeireira não autorizada. 2011 aproximadamente 3,3 milhões de
Finalmente, avaliamos a qualidade da execução do ma- metros cúbicos de madeira em tora e 1,6
nejo florestal no Pará comparando dois períodos: i) agosto de milhão de metros cúbicos de resíduos flo-
2010 a julho de 2011; e ii) agosto de 2011 a julho de 2012. restais. Em 2012, foram cadastrados cerca
Observamos que a exploração de qualidade boa reduziu de de 2,4 milhões de metros cúbicos de ma-
5.966 hectares para 2.966 hectares (-50%) entre os períodos. deira em tora e 296 mil metros cúbicos de
Contudo, a exploração de qualidade intermediária aumentou resíduos florestais (Tabela 1).
de 37.617 hectares para 48.832 hectares (30%) e a de quali-
dade baixa aumentou de 17.217 hectares para 26.361 hectares
(53%).
Para a avaliação geral da situação da exploração madei-
reira no Pará, utilizamos informações dos sistemas de controle
da Sema - Simlam (Sistema Integrado de Licenciamento e
Monitoramento Ambiental) e Sisflora (Sistema de Comercia- 1
Os créditos de madeira somente são liberados no Sis-
lização e Transporte de Produtos Florestais) -, as quais foram flora após a aprovação no Simlam e no Ceprof. Isto
sobrepostas àquelas geradas pelo Simex (Sistema de Monito- explica as diferenças entre os volumes entre Simlam e
Sisflora. O Ceprof é um sistema de cadastro eletrônico
ramento da Exploração Madeireira), desenvolvido pelo Ima- no qual constam informações do proprietário, empre-
zon (Quadro 1). endimento, propriedade, atividade licenciada e respon-
sável técnico e legal.

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Tabela 1. Volumes de madeira autorizados no Simlam e no Sisflora em 2011 e 2012.

Área Variação de volume entre


Autef PMF Volume Simlam (m³) Volume Sisflora (m³)
Ano autorizada Simlam e Sisflora (m³)
(Qt) (Qt)
(ha) Tora Resíduo Tora Resíduo Tora Resíduo
2011 153 148 120.017 3.526.542 1.621.686 3.295.150 1.566.071 -231.392 -55.616
2012 160 160 122.518 3.189.050 822.252 2.411.429 296.198 -777.621 -526.054

Geografia da Exploração de Madeira no Pará

Mapeamos a exploração madeireira não autori- verificamos um expressivo aumento de 151% da explo-
zada (ilegal e predatória) e a autorizada (manejo flores- ração não autorizada e de apenas 8% da exploração au-
tal) no Estado do Pará utilizando o método descrito no torizada (Figuras 1 e 2).
Quadro 1. As áreas exploradas não autorizadas tiveram
A área total de exploração madeireira detectada maior ocorrência no sudoeste do Pará (32% - Uruará
foi 157.239 hectares de florestas, dos quais 122.337 e Trairão). O restante ocorreu no sudeste (19% - Para-
(78%) não foram autorizados e 34.902 hectares (22%) gominas e Ulianópolis), Marajó (17% - Portel e Bagre),
foram autorizados para manejo florestal. Em compara- nordeste (16%- Tailândia e Mojú) e Baixo Amazonas
ção às áreas exploradas detectadas no período anterior, (16% - Prainha e Santarém) (Figura 1).

Figura 1.
Exploração autorizada
(manejo florestal)
e não autorizada
(predatória) no
Estado do Pará
entre agosto/2011 e
julho/2012.
(Fonte: Imazon/Simex).

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Figura 2. 140.000
Áreas exploradas 122.337
com autorização e 120.000
sem autorização no
Estado do Pará entre 100.000
agosto/2010 a julho
2011 e agosto/2011 a 80.000
Hectares

julho/2012. ago/2010 a jul/2011


ago/2011 a jul/2012
(Fonte: Imazon/Simex). 60.000
48.802
40.000 34.902
32.290

20.000

0
Exploração autorizada Exploração não autorizada

Municípios Críticos

Dos 122.337 hectares de florestas exploradas (margens do rio Amazonas), Pacajá (BR-230), Prai-
sem autorização no Pará entre agosto de 2011 e julho nha (margens do rio Amazonas), Uruará (BR-230)
de 2012, a maioria (72%) ocorreu em 10 municípios e Trairão (BR-163). Os 34.902 hectares (28%) res-
(Figuras 3 e 4). Os cinco municípios com maiores tantes distribuíram-se de maneira mais esparsa entre
áreas de exploração madeireira ilegal foram Portel outros 33 municípios.

Figura 3.
Os dez municípios Portel (1º) 18.854
com as maiores Pacajá (2º) 11.837
áreas exploradas 9.177
Prainha (3º)
sem autorização
no Estado do Pará Uruará (4º) 8.749
entre agosto/2011 e Trairão (5º) 8.219
julho/2012.
Santarém (6º) 7.723
(Fonte: Imazon/Simex). 6.429
Moju (7º)
Tailãndia (8º) 6.250
Ulianópolis (9º) 5.796
Paragominas (10º) 4.600
0 5.000 10.000 15.000 20.000
Hectares

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Figura 4.
Os dez municípios
com as maiores
áreas exploradas
sem autorização
no Estado do Pará
entre agosto/2011 e
julho/2012.
(Fonte: Imazon/Simex).

Na comparação com o período anterior (agosto de mais expressivo nos municípios de Prainha (648%), Por-
2010 a julho de 2011), verificamos um aumento da explo- tel (384%), Pacajá (347%), Tailândia (350%), Ulianópolis
ração ilegal em todos os 10 municípios destacados, sendo (298%), Santarém (246%) e Trairão (231%) (Figura 5).
Figura 5.
Comparação dos
20.000
municípios com
as maiores áreas 18.000
exploradas sem 16.000
autorização no 14.000
Estado do Pará 12.000
entre agosto/2010
Hectares

10.000
a julho/2011 e 8.000
agosto/2011 a ago/2010 a jul/2011
6.000 ago/2011 a jul/2012
julho/2012.
4.000
(Fonte: Imazon/Simex). 2.000
0
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Áreas Protegidas

Detectamos um total de 2.055 hectares de ex- 41% desse total. O restante foi detectado nas TIs Sa-
ploração ilegal de madeira em sete Terras Indígenas rauá (19%), Cachoeira Seca do Iriri (18%), Trincheira
(TIs) no Pará entre agosto de 2011 e julho 2012. A Bacajá (10%), Baú (7%), Alto Rio Guamá (4%) e Arara
TI Anambé, situada no município de Moju, concentrou (1%) (Figura 6).

Figura 6.
Anambé (1º) 848
Terras Indígenas
com as maiores
áreas exploradas Sarauá (2º) 386
sem autorização
no Estado do Pará Cachoeira Seca do Iriri (3º) 375
entre agosto/2011 e
julho/2012. Trincheira Bacajá (4º) 214

(Fonte: Imazon/Simex). 143


Baú (5º)

Alto Rio Guamá (6º) 77

Arara (7º) 12

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000
Hectares

A exploração ilegal de madeira nas TIs do Pará choeira Seca do Iriri passaram de sem ocorrência de ex-
no período analisado aumentou quando comparamos ploração no período anterior para respectivamente 386
com o período anterior. As TIs Sarauá, Cachoeira Seca hectares e 375 hectares no período recente. Enquanto
do Iriri e Trincheira Bacajá apresentaram aumentos a TI Alto Rio Guamá apresentou redução de 79% no
expressivos de exploração ilegal. As TIs Sarauá e Ca- período recente (Figura 7).

1.400
Figura 7.
1.200
Comparação das
Terras Indígenas 1.000
com as maiores
áreas exploradas 800
Hectares

sem autorização 600


no Estado do Pará ago/2010 a jul/2011
entre agosto/2010 400 ago/2011 a jul/2012
a julho/2011 e
200
agosto/2011 a
julho/2012. 0
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(Fonte: Imazon/Simex).
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Ca

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Detectamos nas Unidades de Conservação mais exploradas foram a Floresta Nacional (Flo-
(UCs) do Pará um total de 8.037 hectares de flo- na) de Itaituba II (48% do total detectado), Flo-
restas exploradas ilegalmente para extração de na do Trairão (30%) e Flona do Jamanxim (10%)
madeira entre agosto de 2011 e julho de 2012. As (Figura 8).

Figura 8.
As dez Unidades FLONA de Itaituba II (1º) 3.818
de Conservação FLONA do Trairão (2º) 2.385
com as maiores
FLONA do Jamanxim (3º) 790
áreas exploradas
sem autorização PARNA do Jamanxim (4º) 404
no Estado do Pará FLOTA do Trombetas (5º) 345
entre agosto/2011 e
julho/2012. FLONA de Altamira (6º) 80
REBIO Nascentes da Serra do Cachimbo (7º) 76
(Fonte: Imazon/Simex).
APA do Lago de Tucuruí (8º) 51
RESEX Riozinho do Anfrísio (9º) 44
APA do Tapajós (10º) 44
0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500
Hectares

Ao compararmos com o período anterior Jamanxin (507%), do Trairão (340%) e de Itai-


(agosto de 2010 a julho de 2011), a exploração tuba II (200%). Em contrapartida, observamos
ilegal de madeira de agosto de 2011 a julho de reduções dessa exploração na APA do Tapajós
2012 aumentou expressivamente nas Flonas do (-65%) (Figura 9).

Figura 9.
4.500
Comparação
4.000
das Unidades de
Conservação com 3.500
as maiores áreas 3.000
exploradas sem 2.500
Hectares

autorização no 2.000
Estado do Pará
1.500
entre agosto/2010 ago/2010 a jul/2011
a julho/2011 e 1.000 ago/2011 a jul/2012
agosto/2011 a 500
julho/2012. 0
gu

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II
ruí

(Fonte: Imazon/Simex).
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Assentamentos

Nos assentamentos de reforma agrária existentes Dentre os assentamentos identificados com


no Pará, a exploração ilegal de madeira atingiu um total exploração ilegal, os seguintes constam na lista do
de 30.825 hectares de florestas entre agosto de 2011 programa Assentamentos Verdes, do governo fe-
e julho de 2012. O Projeto de Desenvolvimento Sus- deral2: PDS Cupari, PDS Água Azul, PA Especial
tentável (PDS) Liberdade (30%) e os Projetos de As- Quilombola Erepecuru e PA Especial Quilombola
sentamento (PA) Cururui (13%) e Corta Corda (10%) Área Trombetas.
foram os mais explorados (Figura 10).

Figura 10. PDS Liberdade (1°) 9.365


PA Cururui (2°) 4.067
Os dez assentamentos
de reforma agrária PA Corta Corda (3°) 3.122
com as maiores PDS Santa Clara (4°) 1.818
áreas exploradas PA Curuá (5°) 1.439
sem autorização PA Rio Bandeira (6°) 1.168
no Estado do Pará
PDS Ademir Fredericce (7º) 1.143
entre agosto/2011 e
julho/2012. PDS Vila Nova I (8°) 903
PDS Ouro Branco (9°) 793
(Fonte: Imazon/Simex).
PDS Irmã Doroty (10°) 708
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000
Hectares

Observamos aumentos expressivos de exploração servados no PA Rio Bandeira (10.037%), PDS Ademir
ilegal na maioria dos assentamentos entre os dois perí- Fredericce (627%), PA Cururui (587%) e PDS Liber-
odos analisados. Os aumentos mais críticos foram ob- dade (517%) (Figura 11).

Figura 11.
10.000
Comparação dos 9.000
assentamentos de 8.000
reforma agrária 7.000
com as maiores 6.000
Hectares

áreas exploradas 5.000 ago/2010 a jul/2011


sem autorização 4.000 ago/2011 a jul/2012
no Estado do Pará 3.000
entre agosto/2010 2.000
a julho/2011 e 1.000
agosto/2011 a 0
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julho/2012.
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(Fonte: Imazon/Simex).
de
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Portaria nº. 716, de 27 de novembro de 2012.

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Regularidade das áreas de manejo autorizadas

Avaliamos a consistência das informações conti- i. Área autorizada maior que a área do manejo florestal.
das nas Autefs do Simlam e seus respectivos créditos de Área autorizada para manejo superior à área total
madeira liberados no Sisflora em 2012, a fim de verifi- de manejo florestal. Observamos 13 casos, que so-
car a regularidade das áreas de manejo florestal autori- maram 2.164 hectares de área autorizada;
zadas pela Sema/PA. ii. Área líquida autorizada em Área de Preservação Per-
Em 2012, foram aprovadas 160 Autefs de um to- manente. Não foi descontada da área líquida a área
tal de 160 planos de manejo florestal cobrindo 122.518 referente à preservação permanente dentro da área
hectares. Desse total, analisamos somente as autoriza- de manejo florestal. Foram observados 5 casos, que
ções para exploração madeireira em áreas de floresta totalizaram 1.672 hectares de área autorizada;
nativa, as quais totalizaram 156 Autefs que correspon- iii. Área autorizada em área degradada ou desmatada.
diam a 121.863 hectares. Observamos que a grande Autorização de manejo florestal em área total ou
maioria (87%) das Autefs estava consistente, enquanto parcialmente degradada ou sem cobertura florestal.
13% revelaram inconsistências3, entre as quais se desta- Observamos 4 casos, num total de 3.054 hectares
cam (Figuras 12 e 13): de área autorizada.

Figura 12. Autefs consistentes 134


Avaliação da
consistência das Área autorizada maior
informações (número que área do manejo 13
de casos) nas Autefs
e das Autefs com os Área líquida autorizada
5
créditos de madeira de em APP
2012 nos sistemas de
controle florestal da Área autorizada em área
degradada ou desmatada 4
Sema/PA.
0 20 40 60 80 100 120 140
(Fonte: Imazon/Simex).
Quantidade de Autef

Figura 13. Autefs consistentes 114.973


Avaliação da
consistência das Área autorizada em
informações (em área degradada ou 3.054
desmatada
hectares) das Autefs
e das Autefs com os Área autorizada maior 2.164
créditos de madeira que área do manejo
de 2012, obtidos nos
sistemas de controle Área líquida autorizada
1.672
em APP
florestal da Sema/PA.
(Fonte: Imazon/Simex). - 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000
Hectares

3
De acordo com a Sema/PA, essas inconsistências são devidas a erros ou falhas no preenchimento da Autef.

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Comparando a quantidade de Autefs inconsis- cia para 4 casos; e área líquida autorizada em APP
tentes entre 2011 e 2012, observamos aumentos ex- de nenhuma ocorrência para 5 casos. A exceção foi
pressivos para a maior parte dos casos: área autoriza- manejo autorizado em área explorada, que apresen-
da maior que área do manejo de 2 para 13 casos; área tou redução considerável de 12 casos para nenhuma
autorizada em área degradada de nenhuma ocorrên- ocorrência (Figura 14).

Figura 14.
160
Número de casos de
140
inconsistência nas
Autefs e créditos de 120
madeira entre 2011 e 100
Quantidade de Autef

2012 nos sistemas de 2011


80
controle florestal da 2012
Sema/PA. 60

(Fonte: Imazon/Simex). 40
20
0
Área autorizada em Área autorizada em Área líquida Área autorizada Autefs consistentes
área explorada área degradada ou autorizada em APP maior que área do
desmatada manejo

Comparamos também as imagens de satélite das i. Sem sinais de exploração madeireira. Não foram
áreas das Autef ativas em 2012 com suas respectivas identificadas cicatrizes de exploração nas imagens
autorizações considerando um total de 273 Autefs4. Do no período de validade da Autef. Entretanto, foi
total de imagens, 44% (120 Autef em 78.197 hectares) identificada comercialização de madeira referente
não puderam ser analisadas por apresentarem cobertura a essa autorização. Identificamos 6 Autef com este
de nuvens; 53% (144 Autef em 117.217 hectares) não problema, somando uma área de 1.021 hectares.
apresentaram nenhuma inconsistência na comparação; ii. Manejo executado antes da autorização. Em três Au-
e 3% (9 Autef em 5.579 hectares) revelaram inconsis- tef a exploração foi executada antes da liberação da
tências5 (Figura 15 e 16), tais como: autorização. Essas Autef totalizaram 4.558 hecta-
res de área autorizada.

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Figura 15.
Autorização consistente com a imagem 144
Situação do manejo
florestal (número de
casos) no Estado do
Pará entre agosto/2011 Sem sinais de exploração 6
e julho/2012, obtida
pela integração das
informações dos
Manejo executado antes da autorização 3
sistemas de controle
da Sema/PA com
imagens de satélite. 0 20 40 60 80 100 120 140 160
Quantidade de Autef
(Fonte: Imazon/Simex).

Figura 16.
Autorização consistente com a imagem 117.217
Situação do manejo
florestal (em hectares)
no Estado do Pará
entre agosto/2011 e Manejo executado antes da autorização 4.558
julho/2012, obtida
pela integração das
informações dos
Sem sinais de exploração 1.021
sistemas de controle
da Sema/PA com
imagens de satélite. 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000
Hectares
(Fonte: Imazon/Simex).

Na comparação da situação do manejo florestal também positivamente queda nas Autef sem sinais
analisada no período anterior com o atual observa- de exploração (Figura 17).
mos um incremento de Autef regulares. Observamos

Figura 17.
Comparação da situação 160
144
do manejo florestal no 140 132
Estado do Pará entre
120
Quantidade de Autef

agosto/2010 a julho/2011 e
100
agosto/2011 a julho/2012, ago/2010 a jul/2011
obtida pela integração das 80
ago/2011 a jul/2012
informações dos sistemas 60
de controle da Sema/PA 40
com imagens de satélite. 20
3 9 6
2
0
(Fonte: Imazon/Simex). Manejo executado antes da Sem sinais de exploração Autorização consistente com a
autorização imagem

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Qualidade da Exploração Florestal

Avaliamos a qualidade da exploração florestal nas Dos 160 planos de manejo operacionais, selecio-
imagens NDFI (Ver método no Quadro 1), para a qual namos 78 (78.159 hectares) em cujas imagens de 2012
determinamos limiares6, tais que: NDFI ≤ 0,84 represen- foi possível visualizar cicatrizes da exploração de ma-
ta exploração de baixa qualidade (exploração predatória); deira e avaliar sua qualidade. Da exploração detectada
NDFI = 0,85-0,89, exploração de qualidade intermediária nessas imagens, apenas 4% (2.966 hectares) apresen-
(houve tentativa de adoção de manejo, mas a configura- taram boa qualidade, 63% (48.832 hectares) apresen-
ção de estradas, pátios e clareiras revela sérios problemas taram qualidade intermediária e outros 33% (26.361
de execução); e NDFI ≥ 0,90, exploração madeireira de hectares) foram classificados de baixa qualidade (explo-
boa qualidade, isto é, cuja configuração de estradas pátios e ração predatória) (Figura 18).
clareiras tem a conformação de uma exploração manejada.

Figura 18.
60
Qualidade da
exploração de madeira
(em hectares) em 78 50
planos de manejo
florestal no Estado do 40
Pará entre agosto/2011
Milhares de Hectares

e julho/2012.
30
(Fonte: Imazon/Simex).
49
20

26
10
3
0
Boa - NDFI ≥ 0,90 Intermediária - NDFI 0,85 - 0,89 Baixa - NDFI ≤ 0,84

6
Monteiro, A.; Brandão Jr., A; Souza Jr., C; Ribeiro, J.; Balieiro, C.; Veríssimo, A. Identificação de áreas para a produção florestal sustentável no no-
roeste de Mato Grosso. 2008. Imazon: Belém. ISBN: 978-85-86212-24-6. 68p.

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Transparência
Manejo Florestal
Estado do Pará - 2011 a 2012

Em comparação com o período anterior, a classe de outro lado, observamos aumentos nas classes intermediá-
qualidade boa apresentou redução (-3.000 hectares). Por ria (11.215 hectares) e baixa (9.144 hectares) (Figura 19).

60
Figura 19.
Comparação da 49
50
qualidade (em
hectares) da
exploração de madeira 40 38
no Estado do Pará
Milhares de Hectares

entre agosto/2010 ago/2010 a jul/2011


a julho/2011 e 30
26 ago/2011 a jul/2012
agosto/2011 a
julho/2012. 20 17
(Fonte: Imazon/Simex).
10
6
3
0
Boa - NDFI ≥ 0,90 Intermediária - NDFI Baixa - NDFI ≤ 0,84
0,85 - 0,89

Manutenção das Áreas de Manejo Florestal

Analisamos nas imagens de satélite de 2012 se as talidade (99% ou 473.662 hectares) continua conserva-
áreas dos planos de manejo florestal operacionais entre da, e apenas 1% (2.792 hectares) foi desmatada (Figura
2007 e 2012 estão sendo mantidas para o próximo ciclo 20). Em relação ao período anterior, observamos au-
de corte. De 715 autorizações de exploração florestal mento de desmatamento de 300 hectares nas áreas de
avaliadas nesse período (476.454 hectares), a quase to- manejo florestal.

Figura 20. 500,0


Comparação
450,0
da situação de
conservação das áreas 400,0
de manejo florestal
350,0
entre agosto/2007
Milhares de Hectares

a julho/2011 e 300,0
agosto/2007 a
250,0 Conservada
julho/2012 avaliadas 473,7
nas imagens de 2012. 443,3
200,0 Desmatada

(Fonte: Imazon/Simex). 150,0

100,0

50,0
2,5 2,8
0,0
ago/2007 a jul/2011 ago/2007 a jul/2012

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Transparência
Manejo Florestal
Estado do Pará - 2011 a 2012

Quadro 1.
Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira - Simex

O Simex foi desenvolvido pelo Imazon analisa-se a documentação disponível nos siste-
para monitorar o manejo florestal e a explora- mas de controle a fim de identificar possíveis in-
ção de madeira não autorizada. O sistema utiliza consistências. Em seguida, é feita a avaliação dos
imagens Landsat 5 e Resourcesat (de 30 e 23,5 planos de manejo florestal sobrepondo-se os seus
metros de resolução espacial respectivamente) limites às imagens de satélite. Posteriormente,
para detectar a exploração seletiva de madeira, essas informações são associadas às informações
contudo, pode ser aplicado a outros setores óticos dos sistemas de controle florestal. Para mapear
(SPOT, ASTER e ALOS-VNIR). a exploração madeireira autorizada (legal) e não
As imagens Landsat são processadas para autorizada (ilegal e predatória), sobrepusemos os
gerar o modelo de mistura espectral (abundância limites dos planos de manejo florestal às imagens
de vegetação, solos, sombra e NPV - do inglês NDFI. O Simex permite avaliar a ocorrência de:
Non-Photosynthtic Vegetation) e posteriormente i) área autorizada em área desmatada; ii) área au-
calcular o NDFI (Índice Normalizado de Dife- torizada em área já explorada; iii) área autorizada
rença de Fração), definido por: maior que a área de manejo; iv) crédito comer-
cializado maior que o autorizado; v) área sem si-
NDFI = (VEGnorm-(NPV+Solos) nais de exploração; vi) área explorada acima do
(VEGnorm-(NPV+Solos) limite autorizado; vii) área desmatada antes da
autorização; viii) manejo executado antes da au-
Onde VEGnorm é o componente de ve- torização; e ix) plano sobrepondo-se à Área Pro-
getação normalizado para sombra, determina- tegida. O Simex possibilita identificar indícios de
da por: irregularidade no licenciamento e na execução do
manejo florestal, ou seja, a consistência do licen-
VEGnorm = VEG / (1-Sombra) ciamento e o grau de adoção do manejo florestal.
Por exemplo, planos com poucas inconsistências
As informações extraídas das imagens e erros no licenciamento, mas com evidência de
de satélite são cruzadas com informações do baixa implementação das práticas de manejo, de-
Simlam e do Sisflora para avaliar a situação vem ou precisam ser verificados em campo para
dos planos de manejo licenciados. Primeiro, identificar os problemas de execução.

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Transparência
Manejo Florestal
Estado do Pará - 2011 a 2012

Equipe Responsável:
Coordenação Geral: André Monteiro, Dalton Cardoso,
Denis Conrado, Adalberto Veríssimo e Carlos Souza Jr.

Fontes de Dados:
As estatísticas da exploração madeireira são geradas a
partir dos dados do Imazon
Dados da Sema/PA (Simlam e Sisflora)
http://monitoramento.sema.mt.gov.br/simlam/
http://monitoramento.sema.mt.gov.br/sisflora/

Agradecimentos:
Glaucia Barreto (revisão editorial)

Apoio:
Fundação Gordon & Betty Moore
Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid)
Serviço Florestal Americano (USFS)

Parceria:
Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (Sema)
Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex)
Ministério Público Federal do Pará (MPF)
Ministério Público Estadual do Pará (MPE)

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