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Física Geral

Teoria

Aula 7
Força e Torque II
Corpo em Equilíbrio

1
Composição de forças
O caso das forças concorrentes é uma aplicação direta da soma de vetores.
𝑛

  𝑅 = 𝐹1 + 𝐹2 + 𝐹3 + ⋯ + 𝐹𝑛 = 𝐹𝑖
F1 F2 𝑖=1
Se as forças são coplanares, então podemos representar a resultante
P pelas suas componentes:

 
... Fn 𝑅𝑥 = 𝐹𝑖𝑥 = 𝐹𝑖 cos 𝛼𝑖
F3 𝑅 = 𝑅𝑥 𝑖 + 𝑅𝑦 𝑗
𝑅𝑦 = 𝐹𝑖𝑦 = 𝐹𝑖 sen 𝛼𝑖

𝑅𝑦
e𝑅 = 𝑅𝑥2 + 𝑅𝑦2 e a direção e sentido é dado por 𝛼 tal que tg 𝛼 =
𝑅𝑥
A resultante 𝑅 é fisicamente equivalente às forças 𝐹1 , 𝐹2 , 𝐹3 ...
3
Torque ou momento da força

Diferente de quando aplicamos a força em uma partícula, no caso de um corpo rígido de massa
não nula, a aplicação de uma força em um ponto da sua superfície pode gerar torque.

Supondo uma força F agindo em um corpo C e


capaz de girá-lo em torno de 0.

A efetividade da força aumenta com o aumento da


distância b. A grandeza que quantifica essa
percepção é o torque:

𝜏 = 𝐹𝑏

de onde podemos escrever também 𝜏 = 𝐹𝑟 sen 𝜃.

6
Torque
Linha de ação da força

Braço da alavanca
𝜏 = 𝐹𝑟 sen 𝜃

Observa-se a direta relação com o produto vetorial, onde

𝐴 × 𝐵 = 𝐴𝐵 sen 𝜃

O torque pode ser expresso como uma grandeza vetorial pelo


produto
𝜏 =𝑟×𝐹

O torque é um vetor perpendicular ao plano que contém 𝐹 e 𝑟


7
Torque de forças concorrentes

F3
O torque relativo a 0 de cada força é:
A    
 
R  i  r  Fi
r 
F1 F2
O torque da resultante R é
0   
  r R
     
 
Ou seja, 
r  R  r  F1  F2  F3    FN
       
 r  F1  r  F2  r  F3    r  FN .
Portanto,
    
   1   2   3   N   i .
O torque resultante é igual à soma vetorial dos torques das forças componentes, se elas
forem concorrentes.
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Forças não-concorrentes
Quando as forças não estão aplicadas num mesmo ponto, atuando porém, sobre o mesmo corpo
rígido, é necessário distinguir dois efeitos: translação e rotação.
A translação é determinada por

     
R  F1  F2  F3    FN   Fi .

A rotação é determinada pela soma dos momentos das forças em relação ao mesmo ponto, tal
que
    
  1   2   3   N   i .

Porém, em geral, não é possível utilizar a força resultante para descrever o torque produzido
pelas forças componentes.

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Forças coplanares
• Todas as forças estão num plano.
• Os torques serão perpendiculares ao plano.
• Será possível (exceto no caso de um binário) reduzir o sistema a uma força resultante.
• É possível colocar R a uma distância r de 0 tal que

  
r  R 

Como todos os torques estão na mesma direção, podemos usar

  xRy  yRx

Conhecendo-se as componentes da resultante, essa equação descreve a linha de ação da força


resultante.

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Forças paralelas

É o caso comum quando analisamos, por exemplo, a força gravitacional sobre o um corpo.


Consideremos um sistema de forças paralelas: Fi  uˆFi
 
A soma vetorial será: R   Fi   uˆFi  uˆ  Fi 

 
   ri  Fi   ri  uˆFi   ri Fi  uˆ,
  
O vetor soma dos torques é:

que é perpendicular à resultante R.

Colocando R na posição adequada rc é possível tornar o seu torque igual a τ, isto é


  
rc  R  
22
Forças paralelas
  
rc  R  

rc  uˆ  Fi    ri Fi  uˆ ou
 
Fazendo algumas substituições,
 
rc  Fi   uˆ   ri Fi  uˆ
 

rc  Fi    ri Fi  ou
 
Esta equação é satisfeita se
  
  ri Fi r1 F1  r2 F2  ...
rc  
 Fi F1  F2  ...
Este ponto é chamado centro de forças paralelas.

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Exemplo

Achar a resultante das forças que atuam na barra.

Solução:

Para determinar o ponto de aplicação usamos apenas


uma das componentes do vetor posição, pois todos os
pontos estão sobre uma mesma reta. Tomando A como
origem, obtemos

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Centro de massa
Cada partícula sujeita ao campo gravitacional terrestre está submetida a uma força W chamada
peso.

A direção dessa força, uma vez prolongada, passa pelo centro da Terra.
Porém para corpos relativamente pequenos localizados na superfície da Terra, as forças que
atuam sobre as partículas que compõem o corpo podem ser consideradas paralelas.

Portanto, o peso resultante de um corpo é dado por

onde a soma se estende por todas as partículas que compõem o corpo, e seu ponto de aplicação
é

ou

Um ponto definido por essas equações é chamado de centro de massa do sistema de partículas.
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Estática – Forças em Equilíbrio

“Estática” significa em repouso ou estacionário.

É o ramo da mecânica que trata do equilíbrio dos corpos. Uma partícula


está em equilíbrio se a soma de todas as forças que atuam sobre ela é
zero.

𝐹𝑖 = 0.
𝑖

Ou equivalentemente

𝐹𝑖𝑥 = 0; 𝐹𝑖𝑦 = 0; 𝐹𝑖𝑧 = 0


𝑖 𝑖 𝑖

28
Estática – Forças em Equilíbrio

𝐹𝑖 = 0
𝑖

Objeto em repouso Objeto em movimento


(𝑣 = 0) (𝑣 ≠ 0)

𝑎=0 𝑎=0

Objeto permanece Objeto permanece


em repouso em movimento

Primeira lei de Newton


29
Estática – Equilíbrio de uma partícula
Supondo 3 forças em equilíbrio:

Relação entre as forças e os ângulos entre elas.


30
Estática – Equilíbrio de uma partícula
Força de tração
Caso de uma partícula num plano inclinado, sem atrito. Força normal

Se as forças estão em equilíbrio sabemos que:


  
W NF 0

180  
W N F Força peso
  


N 
sen 90    
sen 90      
sen 180   
W
90  
W N F
 ou  
F cos  cos    sen 

W cos   
90    
W sen 
de onde obtém - se : F  e N
 cos  cos  31
Estática – Equilíbrio de uma partícula
A outra forma de resolver o problema é através da X  i Fix  F cos   W sen   0
decomposição das forcas nas componentes ortogonais XY.
Y  i Fiy  F sen   W cos   N  0
Y

180   Da primeira temos,


 W sen 
 F cos   W sen   F  .

W
N
cos 
90  

F Da segunda

W sen 
X
sen   W cos   N  0
90    
cos 

 cos  cos   sen sen   cos   


Y

N W   N W .
 cos   cos 

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Estática – Equilíbrio de um corpo rígido

É necessário considerar o equilíbrio relativo tanto à translação quanto à rotação.

1. A soma de todas as forças deve ser nula (equilíbrio de translação).



i Fi  0
2. A soma de todos os torques, relativos a qualquer ponto deve ser nula (equilíbrio de rotação).

 i i 0

Se todas as forças estão no mesmo plano, essas condições resumem-se a:

F i ix  0, F
i iy  0, 
i i 0

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Exemplo
A barra da figura se apóia nos pontos A e B, e está em equilíbrio sob a
ação das forças indicadas. Calcule as forças exercidas sobre a barra nos
pontos A e B. A barra pesa 40 kgf e seu comprimento é de 8 m.

Solução
Aplicando inicialmente a condição de equilíbrio de translação, temos

𝐹𝑖 = 𝐹 + 𝐹 ′ − 200 − 500 − 40 − 100 − 300 = 0 ou seja, 𝐹 + 𝐹 ′ = 1140 kgf.

Em seguida, aplicamos a condição de equilíbrio de rotação. Para esse fim, é mais conveniente calcular os
momentos em relação ao ponto A, porque desta forma o momento da força F é zero. Assim

𝜏𝑖 = −200 −1 + 𝐹 0 + −500 2 + −40 3 + −100 4,5 + 𝐹 ′ 5,5 + −300 7 = 0


𝑖

Logo, F’ = 630,9 kgf. Combinando com o resultado anterior, obtemos F = 509,1 kgf
34
Exemplo
Uma escada AB, pesando 40 kgf, apoia-se numa parece vertical que faz um ângulo
de 60° com o assoalho. Calcule as forças que atuam sobre a escada nos pontos A e
B. A escada é provida de rodas em A, de forma tal que se pode desprezar o atrito na
parede vertical.

Solução
Primeiramente é necessário identificar todas as forças que atuam na escada. O peso W está aplicado no
centro C da escada. A força 𝐹1 é necessária para evitar que a escada escorregue e resulta do atrito com o
assoalho. As forcas 𝐹2 e 𝐹3 são reações normais no assoalho e na parede vertical. Usando as condições de
equilíbrio de translação, teremos

𝐹𝑖𝑥 = −𝐹1 + 𝐹3 = 0, 𝐹𝑖𝑦 = −𝑊 + 𝐹2 = 0. Tomando os momentos em relação a B, obtemos

1 𝑊 cos60°
𝜏𝑖 = 𝑊 𝐿 cos60° − 𝐹3 𝐿 sen60° = 0 ou 𝐹3 = = 11,52 kgf
2 2 sen60°
e 𝐹1 = 𝐹3 = 11,52 kgf

𝐹2 = 𝑊 = 40 kgf 35
Exemplo
Uma barra de comprimento 𝑙 = 2,0 m e massa 𝑚 = 4,0 kg é preso por um pivô à parede em uma
extremidade e suspenso por um cabo na outra, fazendo um ângulo 𝛽 = 30° com a barra. Supondo
que a massa do cabo é desprezível: a) calcule a tensão no cabo; b) encontre o ângulo da força da
parede sobre o pivô; c) qual é a magnitude da força sobre o pivô?

Solução

𝛽
Identificando as forças que atuam sobre a barra.

Como o sistema encontra-se em equilíbrio,

𝑇 + 𝑃+ 𝐹 = 0
𝑇
𝛽
𝑇𝑥 + 𝑃𝑥 + 𝐹𝑥 = 0 −𝑇cos𝛽 + 𝐹cos𝛼 = 0
𝛼

𝐹 𝑃 𝑇𝑦 + 𝑃𝑦 + 𝐹𝑦 = 0 𝑇sen𝛽 − 𝑚𝑔 + 𝐹sen𝛼 = 0

36
Exemplo
A soma dos torque também deve ser nulo. Como as forças são
𝑇 coplanares e escolhendo como referência o lado do pivô,
𝛽
𝛼
𝜏 𝑇 − 𝜏𝑃 = 0

𝐹 𝑃 𝑚𝑔
𝑙 𝑇= = 40 N
𝑇𝑙 sen𝛽 − 𝑚𝑔 = 0 2 sen𝛽
2
O ângulo 𝛼 pode ser obtido substituindo este resultado nas equações,
𝑚𝑔
−𝑇cos𝛽 + 𝐹cos𝛼 = 0 → 𝐹cos𝛼 = cos𝛽
2 sen𝛽 cos𝛼 cos𝛽
→ = → 𝛼 = 𝛽 = 30°
𝑚𝑔 sen𝛼 sen𝛽
𝑇sen𝛽 − 𝑚𝑔 + 𝐹sen𝛼 = 0 → 𝐹sen𝛼 =
2

A força no pivô será, portanto

𝐹cos𝛼 = 𝑇cos𝛽 → 𝐹 = 𝑇 = 40 N

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Exemplo
Considere uma mesa de comprimento 𝐿 entre os pés, altura ℎ e massa
𝑚, em repouso sobre uma rampa inclinada com ângulo 𝜃 em relação à ℎ 𝐿
horizontal. Encontre a força normal que atua em cada um dos pés.
Suponha que a massa dos pés seja desprezível.
𝑦 𝑁2 𝜃
𝑃 𝜃 𝑥 𝑓2 𝑓1 + 𝑓2 − 𝑃senθ = 0 𝑓1 + 𝑓2 = 𝑚𝑔senθ (1)
𝑁1 𝐹𝑖 = 0
𝑁1 + 𝑁2 − 𝑃cosθ = 0 𝑁1 + 𝑁2 = 𝑚𝑔cosθ (2)
𝑓1

Usando como referência o centro de massa da mesa.


𝐿 𝐿 𝐿 2𝑚𝑔ℎsenθ (3)
𝜏𝑖 = 0 −𝑁1 + 𝑁2 + 𝑓1 ℎ + 𝑓2 ℎ = 0 𝑁2 − 𝑁1 + 𝑓1 + 𝑓2 ℎ = 0 , usando (1) 𝑁1 − 𝑁2 =
2 2 2 𝐿

𝑚𝑔cosθ 𝑚𝑔ℎsenθ 𝑚𝑔cosθ 𝑚𝑔ℎsenθ


Somando (2) e (3) 𝑁1 = + , fazendo a diferença 𝑁2 = −
2 𝐿 2 𝐿
38
Exemplo
ℎ 𝐿
𝑚𝑔cos𝜃 𝑚𝑔ℎsen𝜃 𝑚𝑔cos𝜃 𝑚𝑔ℎsen𝜃
𝑁1 = + 𝑁2 = −
2 𝐿 2 𝐿

Supondo que o atrito nos pés seja sempre suficiente para que a mesa não deslize, qual é o
valor máximo possível 𝜃 = 𝜃max sem que a mesa tombe?

𝑚𝑔cos 𝜃max 𝑚𝑔ℎsen𝜃max 𝑚𝑔cos 𝜃max 𝑚𝑔ℎsen 𝜃max


Nesta situação 𝑁2 = − =0 =
2 𝐿 2 𝐿

𝐿
Logo, 𝜃max = arctg
2ℎ

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Exercícios

• Ao abrir uma porta, você a empurra perpendicularmente com uma força de 55,0 N a uma
distância de 85,0 cm das dobradiças. a) Qual é o torque exercido em relação às
dobradiças? b) Qual será a diferença de aplicarmos a força em uma parte mais baixa da
porta?
• Duas crianças empurram uma porta em lados opostos. Ambas aplicam forças horizontais
e perpendiculares à superfície da porta. Uma delas com uma força de 17,5 N a uma
distância de 60 cm das dobradiças, e a outra a uma distância de 45 cm. Qual é o valor da
força a segunda criança deve aplicar para a manter a porta parada?

40
Exercícios
• Um muro de 17,0 m de altura por 11,0 m de comprimento, sob construção e seus apoios
são mostrados na figura. O muro está em equilíbrio sem os apoios, mas pode girar na
sua base. Calcule a força exercida por cada um dos 10 apoios se o vento exerce uma
força horizontal de 650 N em cada metro quadrado do muro. Assuma que a força líquida
do vento atue na altura média do muro e que cada um dos apoios exercem a mesma
força, paralela aos seus comprimentos.

10 braces
41
Exercícios

A B

• Considerando que o dinamômetro A mede 3.4 N e o B mede 9,2 N e


que o ângulo do cabo que é ligado em B faz um ângulo de 70° com
a horizontal e o do que é ligado a A faz 161°. Encontre o valor da
massa m.
m

42
Exercícios
A massa da barra abaixo é de 150 g e de m1 = 50 g e de m2 = 75 g. Encontre o valor da
massa m3 que equilibra o sistema e da força em S.

43
Exercícios

Encontre a tensão no músculo do bíceps para que o


braço mantenha a posição. Despreze a massa do
braço. Encontre a força de apoio do cotovelo sobre
a mesa.

44

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