Você está na página 1de 33

UNIVERSDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL


CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CONTABILIDADE GOVERNAMENTAL I
RECEITA PÚBLICA

PROFª. SANDRA MICHELINNE

sandramichelinne@ufpi.edu.br
Receita Pública

u Conceito e caracterização
u Classificação Orçamentária da receita
u Reconhecimento da receita
u Receita intraorçamentária
u Classificação econômica da receita
u Etapas da receita orçamentária
u Codificação da natureza da receita
u Fontes e destinação de recursos
u Deduções e restituições
u Dívida ativa

Profª. Sandra Michelinne.


Introdução

Antes de iniciarmos nossos estudos acerca de receitas e despesas públicas,


considere as seguintes reflexões:

u Você costuma acompanhar a receita de sua família, tais como salários,


aluguéis de imóveis, rendimentos de aplicações financeiras, vendas de bens,
etc.?
u Você classifica essas receitas em algum tipo de categoria, tais como receitas
cuja origem é o pagamento do seu salario, venda de um bem, ou receita
proveniente de aplicações financeiras?
u Essas receitas apresentam algum tipo de variação, como salários e comissões?
u O que pode provocar essas variações nas receitas e como você estimaria
essas variações?
u Suas despesas são compatíveis com suas receitas?
u Como você distribui suas despesas?
Introdução

u Para uma administração pública eficiente é importante para um


governo conhecer suas receitas e suas despesas, e se o orçamento
está compatível com os montantes dessas variáveis. Mas o que são
essas receitas e despesas públicas?
Conceito e caracterização

u As receitas públicas são o montante total em recursos recolhidos pelo


Tesouro Nacional e que serão incorporados ao patrimônio do Estado.
Essas receitas servem para custear as despesas públicas e as
necessidades de investimentos públicos. Existem duas formas básicas de
ingressos nos Cofres Públicos:
u Ingressos Extraorçamentários: representam apenas entradas
compensatórias, ou seja, são recursos financeiros de caráter temporário
e não integram a Lei Orçamentária Anual (LOA). Nesse caso, o Estado é
mero depositário desses recursos. Por exemplo, depósitos em caução,
fianças, operações de crédito por antecipação de receita orçamentária
(ARO).
u Ingressos Orçamentários: representam disponibilidades de recursos
financeiros para o erário. Portanto, as receitas orçamentárias pertencem
ao Estado, integram o patrimônio do Poder Público, aumentam-lhe o
saldo financeiro e estão previstas na LOA.

Profª. Sandra Michelinne.


Conceito e caracterização

u Conforme consta no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor


Público (MCASP), em sentido amplo, os ingressos de recursos
financeiros nos cofres do Estado denominam-se receitas públicas,
registradas como receitas orçamentarias, quando representam
disponibilidades de recursos financeiros para o erário, ou ingressos
extraorçamentários, quando representam apenas entradas
compensatórias.

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação Orçamentária da receita

u No governo, para o planejamento das políticas públicas e gestão


de suas finanças, é importante o conhecimento das receitas e sua
classificação. Essa classificação é formada por um código
numérico de 8 (oito) dígitos. A Lei no 4.320/64 define, em seu art. 11,
essa estrutura de codificação que se convencionou chamar de
código de natureza da receita.
u No caso da União, a origem de receitas é bem diversificada e
abrange receitas mais conhecidas, tais como as decorrentes do
imposto de renda, imposto sobre produtos industrializados (IPI) e
receitas decorrentes de atividades mais específicas, como as
oriundas da cobrança de Taxa de Controle e Fiscalização de
Produtos de Origem Animal.

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação Orçamentária da receita

u As Receitas Públicas representam os recursos que o governo obtém


por meio da atividade de tributação, mas é importante ressaltar
que essa atividade não é a única forma do governo obter recursos
para financiar suas atividades. O governo também possui
patrimônio e pode obter receita por meio dele, quando vende,
privatiza, faz concessões, alienações, etc. Vamos detalhar a seguir
essas formas de que o governo dispõe para financiar suas
atividades.

Profª. Sandra Michelinne.


Classificações existentes

TIPO DE CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS É UMA CLASSIFICAÇÃO RECONHECIDA FORMALMENTE NO MCASP É PADRONIZADA PARA
OFICIAL DA LOA NA UNIÃO? (APLICA-SE A TODA FEDERAÇÃO)? TODOS OS ENTES?

Natureza (Econômica) Corrente e Capital Sim Sim Sim

Fonte Ordinária e Vinculada Sim Sim Não


Sim, porém é de aplicação facultativa
para os demais entes.
Resultado Primário Primária e Financeira Sim Não

Esfera Orçamentária Originária e Derivada Sim Não Não

Coercitividade (Acadêmica) Originária e Derivada Não Não Não


Contábil (Impacto no
patrimônio líquido)
Efetiva e Não Não Não

Não Efetiva

Periodicidade (Regularidade) Ordinária e Extraordinária Não Não Não

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação da receita conforme a Lei
4.320/1964
Receita Corrente

Tributária Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria.


Profissionais, Sociais (COFINS, CSLL), Interventivas (CIDE –
combustível)
Contribuições
Receitas imobiliárias, receitas de valores mobiliários,
participações e dividendos, outras receitas patrimoniais.
Patrimonial

Agropecuária -

Industrial Receitas de serviços industriais, outras Receitas Industriais.

Serviços Juros sobre empréstimos concedidos.

Outras Multas, Cobrança da Dívida Ativa, outras Receitas Diversas.

Provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Recebimento de recursos de transferências de pessoas
direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas (doações) e de entes (convênios).
classificáveis em Despesas Correntes

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação da receita conforme a Lei
4.320/1964
Receita de Capital

As provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição Operações de Crédito


de dívidas

Da conversão em espécie de bens e direitos Alienação de bens móveis e imóveis, Amortização de


Empréstimos concedidos.

Recursos recebidos de outras pessoas de direto público ou privado Transferências de Capital

Destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. O Outras Receitas de Capital


superávit do Orçamento Corrente

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação da receita quanto à
natureza
NÍVEL CONCEITO

Impacto das decisões do Governo na Economia Nacional.


1º Categoria Econômica

Identifica a precedência ao fato gerador.


2º Origem

Permitem qualificar com maior detalhe o fato gerador (a origem) de tais receitas.
3º Espécie

Tem finalidade de identificar peculiaridades de cada receita, caso seja necessário.


4º Desdobramento para Identificação
de Peculiaridades
Tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação.
5º Tipo

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação da receita quanto à
natureza Categoria Econômica

Origem

NÍVEL Exemplo Espécie


Desdobramento
para identificar
Receita Corrente peculiaridades
1º Categoria Econômica Tipo

Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria


2º Origem 1 1 1 3.01.1 1
Impostos
3º Espécie
Principal
Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Imposto sobre a Renda
de Pessoa Física - IRPF
4º Desdobramento para Identificação
de Peculiaridades Impostos
Impostos, Taxas e Contribuições de
Principal
Melhoria
5º Tipo
Receita Corrente

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação da receita quanto à categoria
econômica – 1º nível quanto à natureza

Receita Corrente Receita de Capital


• São arrecadadas dentro do exercício ; • São arrecadadas dentro do exercício;
• Aumentam as disponibilidades financeiras do Estado; • Aumentam as disponibilidades financeiras do Estado;
• Em geral, com efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido; • Em regra, não provocam efeito sobre o Patrimônio Líquido.
• Constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações
correspondentes às políticas públicas.

Classificam-se como correntes as receitas provenientes de tributos; de contribuições; da São as provenientes tanto de realização de recursos financeiros oriundos
exploração do patrimônio estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econômicas da constituição de dívidas e da conversão, em espécie, de bens e direitos,
(Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos de outras quanto os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou
pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas privado e destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de
classificáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes); e demais receitas que Capital.
não se enquadram nos itens anteriores (Outras Receitas Correntes).

Profª. Sandra Michelinne.


Receitas Intraorçamentárias

Codificação das receitas introrcamanetárias

Código Categoria Econômica


1 Receitas Correntes
7 Receitas Correntes Intraorçamentárias

2 Receitas de Capital
8 Receitas de Capital Intraorçamentárias

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação da receita quanto à origem – 2º
nível quanto à natureza

Categoria Econômica Origem


(1º dígito) (2º dígito)
1. Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria;
1. Receitas Correntes 2. Contribuições
7. Receitas Correntes Intraorçamentárias 3. Receita Patrimonial
4. Receita Agropecuária
5. Receita Industrial
6. Receita de Serviços
7. Transferências Correntes
8. Outras Receitas Correntes
1. Operações de Crédito

2. Receitas de Capital 2. Alienação de Bens

8. Receitas de Capital Intraorçamentárias 3. Amortização de Empréstimos

4. Transferências de Capital
5. Outras Receitas de Capital

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação da receita quanto à espécie e quanto
ao desdobramento para identificação de
peculiaridades da receita – 3º e 4º níveis quanto à
natureza

Exemplo:
• Quanto ao 3º nível por exemplo, no caso das receitas correntes Receita de IPVA – 1.1.1.8.X.Y.Z.1
código 1.1 “impostos, taxas e contribuições de melhoria” tem-se 1. Receita Corrente
as seguintes espécies: impostos, taxa e contribuições de
1. Impostos, taxa e contribuições de melhoria
melhoria.
1. Impostos
• O 4º nível, composto por 4 dígitos, será facultativo, exceto no
caso de receitas exclusivas de Estados e Municípios quando o 8. Receita Exclusiva do Estado
quarto dígito geral (1º dígito do desdobramento) utilizará o X.Y.Z. Códigos a serem utilizados para identificar o IPVA
número “8”. 1. Principal do Imposto

Profª. Sandra Michelinne.


Classificação da receita quanto ao Tipo – 5º nível
quanto à natureza

Descrição – Padrão dos Códigos de Tipo

0 – Natureza Agregadora

• Corresponde ao último dígito na natureza de receita; 1 – Receita Principal

• Tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação a que se refere aquela 2 – Multa e Juros da Receita Principal
natureza. 3 – Dívida Ativa da Receita Principal
4 – Multa e Juros da Dívida Ativa da Receita Principal
5 – Multa da Receita Principal quando não se aplicar o tipo 2
6 - Juros da Receita Principal quando não se aplicar o tipo 2
7 - Multa da Dívida Ativa quando não se aplicar o tipo 4
8 - Multa da Dívida Ativa quando não se aplicar o tipo 4
9 – Desdobramento a ser criado pela SOF /MP

Profª. Sandra Michelinne.


Reconhecimento da receita

Segundo o regime da competência, as receitas devem ser


reconhecidas no momento do fato gerador, ou seja, entrarão na
apuração do resultado do exercício em que elas foram ganhas
(REALIZADAS), por isso são classificadas em:

u receita GANHA e recebida;


u receita GANHA e não recebida.

O que importa é ganhar a receita e não receber.

Profª. Sandra Michelinne.


Reconhecimento da receita

u As receitas consideram-se realizadas (ganhas):

I – nas transações com terceiros, quando esses efetuarem o pagamento


ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na
propriedade de bens anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela
fruição de serviços por esta prestados.

u Essa realização está relacionada com a venda à vista ou a prazo. O


que importa é vender, receber é outro fato.
D – caixa/clientes
C – venda de mercadoria

Profª. Sandra Michelinne.


Reconhecimento da receita

II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que


seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de
valor igual ou maior. Essa realização tem relação com um perdão de
dívida ou com o pagamento de uma dívida com desconto; o desconto é
uma receita. Note que é uma receita que diminui o passivo.

D – dívida
C – receita com perdão de dívida

Profª. Sandra Michelinne.


Reconhecimento da receita

III – pela geração natural de novos ativos independentemente da


intervenção de terceiros. Nesse caso, é uma receita que aumenta o ativo.

u Esse tipo de receita tem relação com a descoberta de uma mina, uma
jazida de minério em um terreno da empresa, pode ser também pelo
nascimento de algum animal que tenha valor. O importante é que
aumenta o ativo sem a necessidade de pagamento.

D – minas e jazidas
C – outras receitas

Profª. Sandra Michelinne.


Reconhecimento da receita

IV – no recebimento efetivo de doações, incentivos fiscais e subvenções.


D – créditos fiscais
C – receita com incentivo fiscal

u A receita com doação aumenta o ativo sem a necessidade de


pagamento, isso acaba deixando a empresa mais rica.

Profª. Sandra Michelinne.


Operações intraorçamentárias

u As despesas e receitas intraorçamentárias devem ser identificadas


para evitar a dupla contagem, quando ocorrerem dispêndios de
órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais
dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal
e da seguridade social decorrentes da aquisição de materiais, bens
e serviços, pagamento de impostos, taxas e contribuições, além de
outras operações, quando o recebedor dos recursos também for
órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente
ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito do
mesmo ente da Federação.

Profª. Sandra Michelinne.


Etapas da receita orçamentária

Para melhor compreensão do processo orçamentário, pode-se


classificar a receita orçamentária em duas etapas:

u planejamento; e
u execução.

Profª. Sandra Michelinne.


Planejamento

u Compreende a previsão de arrecadação da receita orçamentária


constante da Lei Orçamentária Anual – LOA, resultante de
metodologias de projeção usualmente adotadas, observadas as
disposições constantes da Lei de Responsabilidade Fiscal.

u Previsão da receita: implica planejar e estimar a arrecadação das


receitas orçamentárias que constarão na proposta orçamentária. É
a etapa que antecede à fixação do montante de despesas que
irão constar nas leis de orçamento, além de ser base para se
estimar as necessidades de financiamento do governo.

Profª. Sandra Michelinne.


Execução

Os estágios da receita orçamentária pública são:

u lançamento,
u arrecadação e
u recolhimento.

Profª. Sandra Michelinne.


Lançamento

u O lançamento, segundo o art. 53 da Lei no 4.320/1964, é o ato da


repartição competente, que verifica a procedência do crédito
fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.

Profª. Sandra Michelinne.


Arrecadação

u Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro pelos


contribuintes ou devedores, por meio de agentes arrecadadores
ou instituições financeiras autorizadas pelo ente. Conforme o art. 35
da Lei no 4.320/1964, pertencem ao exercício financeiro as receitas
nele arrecadadas, o que representa a adoção do regime de caixa
para o ingresso das receitas públicas.

Profª. Sandra Michelinne.


Recolhimento

u É a transferência dos valores arrecadados à conta específica do


Tesouro, responsável pela administração e controle da
arrecadação e programação financeira, observando- se o
princípio da unidade de tesouraria ou de caixa, conforme
determina o art. 56 da Lei no 4.320/1964.

Profª. Sandra Michelinne.


Etapa de Controle e Avaliação

u Esta fase compreende a fiscalização realizada pela própria


administração, pelos órgãos de controle e pela sociedade.

u Compete aos órgãos de controle verificar tanto na etapa de


planejamento, quanto na etapa de execução se os atos que
resultem arrecadação da receita estão atendendo os requisitos da
lei.
Fontes e destinação de recursos

u Classificação da receita segundo a destinação legal dos recursos


arrecadados.
u As fontes de recursos constituem-se de determinados agrupamentos
de naturezas de receitas, atendendo a uma determinada regra de
destinação legal, e servem para indicar como são financiadas as
despesas orçamentárias.
u Entende-se por fonte de recursos a origem ou a procedência dos
recursos que devem ser gastos com uma determinada finalidade.
u É necessário, portanto, individualizar esses recursos de modo a
evidenciar sua aplicação segundo a determinação legal.

Profª. Sandra Michelinne.


Fontes e destinação de recursos

u A classificação por fontes é estabelecida, no orçamento federal, pela


Portaria SOF nº 1, de 19 de fevereiro de 2001 (D.O.U. 20.02.2001).

v A classificação de fontes de recursos consiste de um código de três dígitos.


v O primeiro indica o Grupo de Fonte de Recursos, que especifica se o
recurso é ou não originário do Tesouro Nacional e se pertence ao exercício
corrente ou a exercícios anteriores.
v Os dois dígitos seguintes especificam, dentro de cada grupo de fontes, as
diferentes fontes dos recursos que sejam compatíveis com o respectivo
grupo de fontes.

Profª. Sandra Michelinne.

Você também pode gostar