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História de Israel em Questão

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Franklin Matheus | Introdução às Sagradas Escrituras I

Introdução

O resgate da história de Israel desde seu nascimento passando pelos


aspectos socioeconômicos a tradições legais, língua, nomes e religião são bases
importantes para o estudo bíblico, uma vez que sempre se falou do Povo de Israel
como o Povo de Deus, Os Escolhidos. Deste modo alguns personagem históicos e
essenciais para formação de um caminhar de povo, identidade de povo é visto como
criterios para formar personalidade como por exemplo Moises e os aspectos
historicos libertador, a escravidão dos hebreus no egito com a inovações de
contruções das fortalezas no delta do nilo e José e seu alto posto no governo
egipcio, dentre outros serão colocados em questão com o advento da arqueologia.
A Formação das 12 tribos de Israel sob o comando de Josué e a entrada em
Canaã, construção do poderoso Império Davídico-salomônico também são
considerações da formação de um povo que muito se fala e estuda, da mesma
forma que a separação de Israel e Judá após a morte de salomão.
O período do exílio da babilônia e a volta e reconstrução de Jerusalém
durante a época persa são um marco do nascimento do judaísmo baseado no
templo e na Lei, lida nas sinagogas sistematicamente que também constituíam
matéria real e sem maiores problemas, graças aos textos que relatam
acontecimentos deste período.

Mudanças dos tempos

A sequência patriarcas, José do Egito, escravidão, êxodo, conquista da terra,


confederação tribal, império davídico-salomônico, divisão entre norte e sul, exílio e
volta para a terra está despedaçada, é colocada em xeque e surgem muitos
questionamentos, uma vez que a ampliação dos conhecimentos arqueológicos
permite aprofundar ainda mais aspectos como por exemplo se existe atualmente
uma arqueologia da Palestina, ou Sira/pasletina ou ate uma arqueologia do Levante,
questões a serem pensadas e analisadas.
Os olhares são outros no que se refere aos gêneros históricos ou históricos
bíblicos, a não comprovação da tradição herdada dos antepassados, transmitida
oralmente e escrita posterior ao dito. O que acaba sendo muito tentador enxergar a
história de Israel não como Israel ou ainda como os pressupostos teológicos de
povo de Deus, povo escolhido devido a esses novos olhares, mudanças dos
tempos, arqueologia e testemunhos extrabíblicos são caminhos a serem
desbravador?
Os patriarcas são figuras de algum grau de importância que se tem a falar
deste povo de Israel, porém muito se coloca em questão alguns aspectos desta
formação, um exemplo claro desta relação e sobre as diversas mudanças ocorridas
em todo o Antigo Oriente Médio que antes eram atribuídas a invasões mal
documentadas de povos, podem ser explicadas, hoje, mas cientificamente, pelas
mudanças climáticas na região, sujeita a períodos de secas prolongadas e
devastadoras.

Questões Bíblicas das Origens

Muito se pensa no pentateuco como a fonte dos início de toda a formação


porém com as mudanças nas correntes de pensamentos e estudos sobre esse tema
se percebe a uma relação muito fortemente atribuída a aspectos a serem
desenvolvidos e do que ser o foca da questão, por isso que Van Seters vai defender
a necessidade de unificar as histórias da criação do mundo até a morte de Moisés.
Devido a essas indagaçõe são necessário estudos na linha de corrigir o
nacionalismo e o ritualismo da Obra Histórica Deuteronomista, da qual ela é uma
espécie de introdução.Por isso, o Javista é posterior ao Deuteronômio e à Obra
Histórica Deuteronomista (Deuteronômio, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis),
sendo contemporâneo do Dêutero-Isaías e tendo afinidades com Jeremias e com
Ezequiel.
Canaã sempre é falada como uma primeira morada dos hebreus dada/
conquistada ao/pelo povo de Deus, porém todo povo é que está na busca de sua
identidade por lutar e desbravar espaços, terras para se consolidar , por isso que o
Norman K. Gottwald1 apresenta um modelo muito interessante que pode nos ajudar
a compreender de outra forma como foi essa mudança estrutural da “terra
prometida” que de alguma modo já era habitada mas que foi tomada pelos hebreus
e mudada lentamente em todos os aspectos de formação de um espaço social: “O
Israel primitivo era um agrupamento de povos cananeus rebeldes e dissidentes, que
lentamente se ajuntavam e se firmavam caracterizando-se por uma forma antiestatal
de organização social com liderança descentralizada. Esse se desligar da forma de
organização social da cidade-estado tomou a forma de um movimento de
‘retribalização’ entre agricultores e pastores organizados em famílias ampliadas
economicamente autossuficientes com acesso igual aos recursos básicos”.
Dimensões e aspectos muito diferentes que se pensam pôr em diversas
preparações e interpretações pelo mundo afora. Há uma rejeição consciente do jeito
cananeu, centralização do poder e uma formação do sistema descentralizado onde
as funções políticas ou eram partilhadas por vários membros do grupo ou
assumiram um caráter temporário. Há quem diga que é bem possível perceber
também uma nova forma de organização e de resistência, não pela rebeldia como
os cananeus, e sim por aspectos de retirada pacífica para as montanhas,
nomadismo interno, transição das planícies para as montanhas bem como o
aumento populacional destas regiões montanhosas.

E agora onde está o que sempre foi dito sobre Israel?

Muito se estuda e se fala sobre esse povo que de alguma forma é importante
para as dimensões da fé e crença de muitas pessoas, no entanto cada vez que se
aprofunda mais nas dimensões históricas, arqueológicas e de outras ciências
cria-se interrogações e mais interrogações, dessa forma é necessário pesquisar
para compreender de alguma forma essas narrativas antiquíssimas.
Para Philip Davies2 O Israel bíblico é um problema e não um dado, pois não
podemos identificar automaticamente a população da Palestina na Idade do Ferro (a
partir de 1200 a.C.) e de certo modo também a do período persa, com o ‘Israel’
1
Norte-americano Norman K. Gottwald publicou seu polêmico livro The Tribes of Yahweh: A Sociology of the Religion of
Liberated Israel, 1250-1050 B.C.E. [As Tribos de Iahweh: Uma sociologia da religião de Israel liberto 1250-1050 a.C.].
2
Professor de Estudos Bíblicos na Universidade de Sheffield, Reino Unido, publicou um provocador livro sobre o ‘antigo
Israel’, In Search of ‘Ancient Israel. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1992 [reimpressão em 1995, 2005 e 2. ed. por
Bloomsbury T & T Clark em 2015].
bíblico, por isso é necessário a pesquisa e trabalhos sobre as definições de ‘Israel’,
‘Cananeus’, ‘Exílio’ e ‘Período Persa’, senão é simplesmente impossível pretender
que a literatura bíblica ofereça um retrato suficientemente claro do que é o seu
‘Israel’, de modo a justificar uma interpretação e aplicação históricas.
Outros aspectos também são sempre colocados em questão e esquentam os
debates, como por exemplo a existência ou não do Império Davídico-salomônico. O
que muito se pesquisa é da dinastia de Davi, uma vez que era possível saber deste
personagem através dos relatos Bíblicos Hebraicos, mas buscas e achados da
arqueologia trouxe peças que causou um certo rebuliço como um fragmento maior
que provavelmente teria a inscrição da “casa de Davi”, mas que no entanto, devido
a traduções nada é possível confirmar, uma vez que poderia também ser traduzido
esta afirmação presente neste fragmento como “casa do amado”, ou com um acento
a divindade, ou como também um acento a localidade e como todo estudo a
polêmica não está encerrada.
Outro exemplo também é sobre a ausência de documentos escritos no Antigo
Oriente Médio sobre Israel na Idade do Ferro I (ca. 1200-900 a.C.) e que Christa3
apresenta em quatro causas, cada uma independente da outra: I) Não existiu uma
entidade política de nome Israel nesta época. II) Síria/Palestina, Egito e Assíria não
conseguiram hegemonia política sobre esta região nesta época, e, por isso, nada
registraram. III) Os textos não sobreviveram porque foram registrados em papiros e
IV) Os escritos ainda não foram encontrados.

Observações finais

Por fim, ficam muitos questionamentos sobre a história desta dinastia


Israelita, porém muito se poderia falar e escrever no que se refere a estudos feitos e
muitos outros ainda a se fazer sobre questões como: É possível escrever sobre a
História de Israel? E sobre a dimensão do Exílio da Babilônia? realmente existiu ou
é simplesmente mais uma das histórias? Exílio é uma forma de ideologia?
resistência? Em todos os aspectos tenho certeza que muitos papéis ainda serão
utilizados e talvez nem papéis sejam o suficiente para se falar, estudar e pesquisar
sobre a História de Israel.

3
Christa Schäfer-Lichtenberger, da Alemanha, em Sociological and Biblical Views of the Early State.
O mais importante disso tudo é entender como que relatos que hoje temos e
que são base de história e de ponto de partida para muitas discussões e debates,
longos seminários e conferências faz com que a experiência de um povo possa ser
fundamentada através de muitos outros aspectos que às vezes são descartados
dessas mesmas discussões e aprofundamento.
Atualmente se percebe o fundamentalismo exagerado que gerando muitas
inverdades e afuscando o conhecimento e as experiência que o povo, mesmo que
com questionamentos se são povo de Deus ou Povo escolhido ou nenhuma dessas
opções, acabam por vivenciar. em todo caso, fato é, que a História do Povo de
Israel viridica ou não, faz parte dos mais belos contos místicos em que a busca de
um povo pela libertação da escravidão, formação de identidade, crise e brigas, lutas
e derrotas, divisões e unificações, Profecias e falacias querem resaltar que como é
necessário vivenciar a experiencia dos fatos, ao menos como sonho e desejo de
constituir e imprimir uma personalidade humana capaz de ser vivido, contado,
escrito e imaginado.

REFERÊNCIA:

SILVA, Airton José da."A história de Israel no debate atual". Atualização:


05.01.2021. <https://airtonjo.com/site1/historia-de-israel.htm> acesso: 25/04/2023.

GOTTWALD, Norman K. The Tribes of Yahweh: A Sociology of the Religion of


Liberated Israel, 1250-1050 B.C.E .

LICHTENBERGER, Christa Schäfer-. Sociological and Biblical Views of the Early


State. Alemanha.

DAVIES, Philip. O ‘Antigo Israel’, In Search of ‘Ancient Israel. Sheffield: Sheffield


Academic Press, 1992 [reimpressão em 1995, 2005 e 2. ed. por Bloomsbury T & T
Clark em 2015].

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