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INTRODUCAO

Este livro tem por objetivo expor


biblicamente a posição do servo diante
do seu Senhor e diante do mundo, e
definir bem sua função no corpo da
Igreja do Senhor Jesus Cristo.

Muitos pensam erradamente que a Obra


de Deus é realizada apenas no altar.
Ignoram o fato de que existe uma
multiplicidade de ministérios dentro da
Igreja.

É preciso, no entanto, estar bem claro


que é o Senhor que escolhe o servo e lhe
dá o serviço.
Na Igreja primitiva havia a preocupação
de se saber qual seria a atribuição de
cada novo convertido dentro da
comunidade, pois à medida em que a
Obra se desenvolvia, havia necessidade
de um número cada vez maior de
pessoas para o exercício de tarefas.

Isto aconteceu, por exemplo, por


ocasião da distribuição diária dos
alimentos. Naquela oportunidade, os 12
apóstolos se reuniram com a
comunidade e disseram:

“Não é razoável que nós abandonemos a


palavra de Deus para servir às mesas.
Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete
homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, aos quais
encarregaremos deste serviço; e, quanto
a nós, nos consagraremos à oração e ao
ministério da palavra.”

Atos 6.2-4

Dentre os escolhidos para servir à mesa,


Filipe e Estêvão foram os mais
destacados: o Espírito Santo usou Filipe
em Samaria e Estêvão como o primeiro
mártir da Igreja do Senhor Jesus Cristo.

Mais tarde, o apóstolo Paulo ensinou


aos cristãos de Corinto:

“A uns estabeleceu Deus na igreja,


primeiramente, apósto​los; em segundo
lugar, profetas; em terceiro lugar,
mestres; depois, operadores de
milagres; depois, dons de curar,
socorros, governos, variedades de
línguas.”

1 Coríntios 12.28

Chama atenção o fato de se ter no


ministério espiri​​tu​al o ministério de
governo. Este trata da administração
física da Igreja, uma vez que os
ministros da Palavra podem servir como
conselheiros na administração dos bens
da instituição, mas não como
administradores, pois sua tarefa na
conquista e sustento das almas é
imprescindível.

A Obra de Deus é como um corpo, e


cada membro tem a sua função bem
definida. Quando
um membro não se afina com os demais,
todo o corpo sofre e a Obra de Deus fica
emperrada.

Aos cristãos de Roma, Paulo ensinou a


diversificação de tarefas na Obra e o
que Deus espera de cada servo:

“Porque assim como num só corpo


temos muitos membros, mas nem todos
os membros têm a mesma função, assim
também nós, conquanto muitos, somos
um só corpo em Cristo e membros uns
dos outros, tendo, porém, diferentes
dons segundo a graça que nos foi dada:
se profecia, seja segundo a proporção
da fé; se ministério, dediquemo-nos ao
ministério; ou o que ensina esmere-se no
fazê-lo; ou o que exorta faça-o com
dedicação; o que contribui, com
liberalidade; o que preside, com
diligência; quem exerce misericórdia,
com alegria.”

Romanos 12.4-8

Quando o servo não sabe a vontade do


seu Senhor, fica desorientado e, como
conseqüência, inseguro na fé. Mas tão
logo tenha acesso ao conhecimento da
vontade de Deus para sua vida, encontra
forças e coragem para colocá-la em
prática. E a partir daí começam a
acontecer suas conquistas pessoais,
visando à glória de Deus.

Infelizmente, por falta de informações,


de orientação segura ou até mesmo pela
falta do uso da inteligência aliada à fé, a
grande maioria dos servos acaba
tomando atitudes motivadas
exclusivamente pelas emoções. Em
virtude disso, surgem os fracassos e as
frustrações, porque a suposta fé não
corresponde às expectativas.
CONDICOES EM RELACAO A DEUS

Se um cego for apresentado à luz do Sol


ao meio-dia, vai enxergar? Não. Por
quê? Porque é cego. O problema não é a
falta de luz, nem a falta dos olhos, mas
sua deficiência física. O maior problema
do ser humano está justamente na sua
deficiência de visão espiritual.

O mesmo se dá em relação aos


candidatos à Obra de Deus que não
nasceram do Espírito. Antes que tenham
uma experiência pessoal com o Senhor,
é pura perda de tempo tentar ensiná-los
a fazer a Sua Obra, pois como pode
alguém se colocar na posição de servo,
sem realmente sê-lo? Ou como pode
alguém tentar servir ao Senhor se ainda
não foi incorporado no corpo de servos?

Fazer a Obra de Deus significa executar


Sua vontade. Mas como realizar a
vontade d’Ele, se a vontade própria é
soberana? Primeiro há que se renunciar
a si mesmo, e isto só é possível quando
se morre para a própria carne e para o
mundo. E nem sempre as pessoas estão
dispostas a este tipo de sacrifício!

Primeiro elas têm de ser chamadas e


escolhidas pelo Senhor Jesus, e isso só
acontece quando há um novo
nascimento, o nascimento da água e do
Espírito Santo.
O presente capítulo pretende trazer à
baila as condições básicas necessárias
para uma pessoa se candidatar ao
ministério da pregação do Evangelho.
Condições estas operadas apenas pelo
próprio Deus, através do Espírito Santo.

A visão de Deus
Nem todos os filhos têm a visão do pai;
assim também acontece em relação aos
filhos de Deus: nem todos os Seus filhos
têm recebido a Sua visão.

Muitas devem ser as razões, mas pode


ser que a principal esteja relacionada ao
objetivo pessoal que cada um tenha no
seu coração. Se por acaso o filho tem
objetivos puramente pessoais, como
qualidade de vida para si e sua família,
conforto material ou qualquer outro
intento pessoal, então fica muito difícil
para o Senhor dotá-lo com Sua visão,
haja vista ser esta direcionada em
função de um todo, da coletividade, e
não de um ou outro.

Muitos jovens estudantes têm me


perguntado se deveriam ou não
interromper os estudos, para fazerem a
Obra de Deus no altar. A pergunta em si
já traz a resposta: eles não se definiram
ainda em servir a Deus! Se o tivessem,
não teriam feito a pergunta; ao contrário,
já estariam no altar.

O que ainda norteia seus corações é a


dúvida se irão servir a si mesmos ou a
Deus. Se por
um lado o diploma pode lhes garantir um
futuro promissor, por outro há sempre o
sentimento de fé de querer servir a
Deus.

Eu lhes tenho feito conhecer o meu


testemunho e a minha experiência
pessoal com Deus, e deixado que cada
um responda a si mesmo, antes de se
engajar na Obra, pois o Senhor Jesus
disse: “Ninguém que, tendo posto a
mão no arado, olha para trás é apto
para o reino de Deus” (Lucas 9.62).
A verdade é que a chamada e a escolha
de Deus envolve a fé pessoal, e cada um
mostra sua fé à medida em que toma
atitudes de acordo com a Palavra de
Deus.

Muitos têm acreditado na sua chamada,


e outros crido. Os que acreditam hoje
podem vir a desacreditar amanhã, por
causa das dificuldades, mas os que
crêem jamais pensam em voltar atrás. E
aí está a diferença entre acreditar e crer.

De fato, quando no passado o Senhor


Deus escolheu servos, foi para um fim
proveitoso de
todos, e não de uns poucos. Sua visão é
dada para aqueles cujas vidas vão servir
como instrumentos para o benefício da
coletividade. Então se faz necessário
que os interesses dos servos estejam
afinados com os do Senhor; do
contrário, nada será feito.

Na oração ensinada, e no próprio


exemplo, o Senhor Jesus mostra como o
servo deve agir diante de seu Senhor:
“Faça-se a tua vontade, assim na terra
como no céu” (Mateus 6.10); “Pai, se
queres, passa de mim este cálice;
contudo, não se faça a minha vontade,
e sim a tua” (Lucas 22.42); “Eis aqui
estou (no rolo do livro está escrito a
meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua
vontade” (Hebreus 10.7).
Ora, fica claríssimo o desejo de Deus
para Seus servos: façam a Minha
vontade, da mesma forma como o Meu
Filho a fez. Mas será que a vontade
d’Ele é que todos sejam pastores? Todos
devem estar no altar?

Claro que não! Mas todos os Seus


seguidores devem ter consciência de
viver em função do
benefício dos demais! Assim como Ele
viveu em função da Sua Igreja, esta deve
viver em função d’Ele. Como?
Renunciando aos seus objetivos
pessoais, para pensar nos do seu
semelhante.

Imagine, por exemplo, se cada discípulo


pensasse no seu semelhante e o
conquistasse para o Senhor Jesus. No
dia seguinte, haveria o dobro de
discípulos; e no segundo dia o dobro do
dobro…

Assim sendo, o mundo de hoje seria


melhor do que o de ontem, e cada vez
melhor. Mas o grande problema é que o
egoísmo tem tomado conta até mesmo
dos cristãos. “Cada um por si e Deus
por todos” tem sido o lema deles.

Infelizmente, o cristianismo atual está


mais comprometido consigo mesmo do
que com seus semelhantes. A Igreja
primitiva tinha uma concepção bem
diferente da de hoje, conforme diz o
texto sagrado:

“Da multidão dos que creram era um o


coração e a alma. Ninguém considerava
exclusivamente sua nem uma das coisas
que possuía; tudo, porém, lhes era
comum.”

Atos 4.32

Esaú e Jacó
A história de Jacó e Esaú reflete muito
bem o de muitos jovens dentro da igreja
hoje. Por ser o primogênito, Esaú tinha
não só o direito e o dever de substituir
seu pai, Isaque, na condução de sua
família, mas sobretudo o de ser o
próximo patriarca.

A porção dobrada da herança do pai era


apenas um detalhe a mais dentro da
expressiva grandeza da primogenitura.

Um patriarca era uma espécie de


apóstolo na construção de uma nação
santa, distinta de todas que havia na face
da Terra. Distinta por causa da fé
assumida no Deus vivo, por causa do
direito e da justiça entre seus cidadãos
e, finalmente, por causa da sua
qualidade de vida, diferenciada de todo
o resto da humanidade.

A orientação divina, apoiada nos


mandamentos, criaria uma consciência
temente a Deus e,
conseqüentemente, respeito entre seus
cidadãos, evitando assim a corrupção
espiritual e moral.

A partir dessa estreita comunhão com


Deus, e com o semelhante, seria gerada
a qualidade de vida em toda a nação.
Esta, aliás, é exatamente a proposta
apresentada pelo Senhor Jesus aos Seus
seguidores, quando diz:“Eu vim para
que tenham vida e a tenham em
abundância” (João 10.10).

A nação santa edificada pelo patriarca


naqueles tempos é hoje edificada pelos
apóstolos do
Senhor Jesus, e chamada de Reino de
Deus.

O mundo pagão daqueles tempos é o


mundo religioso de hoje; a diferença de
vida dos cidadãos da nação santa para
os pagãos e religiosos daquele tempo e
os de hoje tem de ser notória, clara e
transparente.

Só assim se configurará o verdadeiro


Deus, o Deus de Abraão, de Isaque e de
Israel. Os pagãos tinham e têm muitos
deuses; apesar disso, a qualidade de
vida deles continua refletindo a
impotência destes.

Todas as promessas de Deus a Abraão


eram, pelo direito da primogenitura,
repassadas ao primeiro filho do sexo
masculino. Toda autoridade, por
exemplo, conferida a Abraão, foi
transferida para Isaque, e deste para o
seu primogênito.

O patriarca era a autoridade máxima de


Deus na Terra; a palavra de bênção ou
maldição proferida pelos seus lábios era
como se o próprio Deus a determinasse.
Isto pode ser conferido ao longo da
história do povo de Israel.

Abraão foi o primeiro referencial do


único Deus Vivo e Verdadeiro, para
testemunho a todas as nações do mundo.
Em função disso, ele teve o alto
privilégio de ser um tipo do Senhor
Jesus na sua época.

Apesar de Ismael ter nascido primeiro,


ainda assim não pôde herdar a
primogenitura, em
virtude de ter nascido na condição de
escravo, pois os nascidos de escravas
eram naturalmente escravos também.

Em seguida veio Isaque, seu filho único,


já que Ismael era filho dele com uma
serva. Portanto, viver na fé de Abraão
significa ter os mesmos direitos e
privilégios dele diante do seu Deus.

Daí a razão pela qual o Espírito Santo,


através de Paulo, diz: “Sabei, pois, que
os da fé é que são filhos de Abraão”
(Gálatas 3.7).
O nome de Esaú seria referencial do
Deus Único e Verdadeiro, e estaria no
nível do nome de seu pai, Isaque, e de
seu avô, Abraão.

A referência ao Deus de Israel deveria


ser “ao Deus de Esaú”, mas, por causa
de um prato de
lentilhas, ele entrou para a história da fé
cristã como um derrotado, apesar de,
com lágrimas, ter tentado recuperar a
bênção que era sua por direito, mas era
tarde demais.

A razão do seu fracasso foi o desprezo


pela parte espiritual que lhe cabia. Sua
visão era muito restrita e se limitava
apenas à parte física. Diante disso, seus
valores eram avaliados de forma física.

Sendo assim, foi facilmente vencido


pela fome, e em razão dela se rendeu a
um prato de comida. A maioria dos
fracassos na vida se devem a decisões
tomadas em função apenas dos sentidos.

Esaú desprezou seu direito à


primogenitura e, conseqüentemente, a
glória de Deus, por contar e confiar na
sua capacidade, no seu talento, na sua
coragem e, sobretudo, na sua força
física. Vencido pela fome, acabou
negociando sua unção.

Esaú é identificado como homem do


campo e perito caçador. Isso é suficiente
para se ter o perfil do seu caráter: forte,
corajoso, habilidoso no seu trabalho e
famoso, já que, naquela altura, quando
animais ferozes andavam às soltas,
aqueles que os superavam eram tidos
como heróis.

Nasceu para reinar, mas acabou


entrando para a História como um
fracassado. Suas lágrimas de
arrependimento não foram suficientes
para recuperar a bênção perdida. Há
oportunidades na vida que acontecem
apenas uma única vez; se perdidas, não
há mais chance de reavê-las.

Diz o texto sagrado:

“Tinha Jacó feito um cozinhado, quando,


esmorecido, veio do campo Esaú e lhe
disse: Peço-te que me deixes comer um
pouco desse cozinhado vermelho, pois
estou esmorecido. Daí chamar-se Edom.
Disse Jacó: Vende-me primeiro o teu
direito de primogenitura. Ele respondeu:
Estou a ponto de morrer; de que me
aproveitará o direito de primogenitura?
Então, disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele
jurou e vendeu o seu direito de
primogenitura a Jacó. Deu, pois, Jacó a
Esaú pão e o cozinhado de lentilhas; ele
comeu e bebeu, levantou-se e saiu.
Assim, desprezou Esaú o seu direito de
primogenitura.”

Gênesis 25.29-34

Esaú tipifica as pessoas nascidas da


carne. Estas, por não serem espirituais,
não têm discernimento espiritual. Ele
contava com sua força física e sua
coragem para enfrentar qualquer
situação difícil, inclusive animais
ferozes, ou seja, contava com sua
capacidade física, e não espiritual,
razão pela qual desprezou a
primogenitura.

Perdeu a coisa mais importante da vida,


por ser um homem carnal e não saber
discernir o tesouro escondido por trás
daquele direito.

Esta é a grande desvantagem dos


nascidos da carne! É por isso que temos
insistido no novo nascimento. Os
nascidos da carne são carnais, e, por
não serem espirituais, não podem
entender as coisas de Deus.

Para eles, o que importa é o


imediatismo, a visão dos olhos físicos, e
não dos olhos espirituais. Mas os olhos
físicos vêem apenas a matéria, e nada
além dela.

Enquanto isso, os nascidos do Espírito,


que são espirituais, têm olhos para
enxergarem muito além das coisas
físicas. É por isso que o Senhor Jesus
diz: “Em verdade, em verdade te digo:
quem não nascer da água e do Espírito
não pode entrar no reino de Deus”
(João 3.5).
Os nascidos da carne não têm visão e
nem conseguem perceber o resultado
final de uma
escolha ruim, à semelhança de qualquer
pessoa que vive distante de Deus, e
acabam colhendo os frutos ruins das más
escolhas feitas. E as más escolhas se
devem ao desprezo pelos conselhos
divinos.

Esaú estava desesperadamente faminto,


mas não a ponto de morrer! Seu pai era
muito rico e jamais permitiria que seu
filho predileto morresse de fome. Até
porque, como primogênito, tinha uma
missão a cumprir em lugar de seu pai.

Seu maior problema foi


verdadeiramente o desprezo pelo dom
de Deus, ou seja, a bênção da
primogenitura não era apenas um direito
herdado de forma natural, mas a
autoridade de seu pai, recebida de seu
avô, dada pelo próprio Deus.

Enfim, o desprezo de Esaú foi dirigido


mesmo a Deus! Sem ter consciência, ele
subestimou a autoridade que Deus lhe
havia outorgado.

É o caso de muitos jovens cristãos,


universitários, que um dia foram
chamados e escolhidos para serem
pescadores de almas, mas, movidos pela
fome do sucesso econômico e da glória
deste mundo, acabaram desprezando o
privilégio de serem servos de Deus,
para se tornarem servos de si mesmos.

Alguns têm postergado a chamada divina


porque querem se garantir com uma
profissão, no caso de sua autoridade
espiritual não funcionar.

O novo nascimento
O novo nascimento é a primeira
exigência para se candidatar à Obra de
Deus, para Lhe servir no altar ou no
átrio. Um coração ambicioso, egoísta e
egocêntrico, por exemplo, jamais pode
servir como instrumento do Espírito
Santo.

Para se servir a Deus é preciso acima de


tudo ter o caráter de servo, e não fingir
ser servo, pois Aquele que sonda os
corações conhece os que Lhe pertencem,
enquanto o pai da mentira também
conhece os seus.

O Senhor Jesus só é Senhor dos que Lhe


servem; assim sendo, o servo de Deus
obrigatoriamente tem que ter a Sua
natureza, para estar em condições de
Lhe servir. Do contrário é impossível.

Mas como ter a natureza de Deus? Ora,


sendo Deus espírito, Seus filhos e
servos necessariamente precisam
também ser espíritos. E isso só acontece
quando se nasce do Espírito Santo.

O nascido de novo é espiritualmente


uma nova criatura, alguém gerado pelo
Espírito de Deus. Não se trata
simplesmente de um novo membro da
Igreja, muito menos de alguém
profundamente religioso ou fervoroso,
mas de uma pessoa interiormente nova,
que traz dentro de si a imagem invisível
de Deus, a qual se reflete no seu
exterior.

Isso envolve despojamento de si próprio


e total mudança de caráter, haja vista os
pensamentos comungarem com os de
Deus. Na prática significa ter a mente do
Senhor Jesus para a obediência da
Palavra de Deus. Essa transformação
acontece exclusivamente por obra e
graça do Espírito Santo.

Enquanto não acontecer essa


experiência, é impossível se fazer a
vontade de Deus, pois a velha natureza
impede, conforme nos afirmam as
Sagradas Escrituras em Romanos 8.1-
17.

É importante se notar que o Senhor Jesus


trata do novo nascimento como condição
básica para se ver e entrar no Reino de
Deus:

“Em verdade, em verdade te digo que,


se alguém não nascer de novo, não pode
ver o reino de Deus. Em verdade, em
verdade te digo: quem não nascer da
água e do Espírito não pode entrar no
reino de Deus.”

João 3.3,5

Quem não nasceu de novo mas aceitou o


Senhor Jesus como Senhor e Salvador, e
vive de acordo com as regras
estabelecidas na Bíblia, está salvo,
porém ainda não viu nem entrou no
Reino de Deus. Continua do lado de
fora, e sujeito a perder a salvação, pois
só os que nascem de Deus realmente
conseguem vencer o mundo, conforme 1
João 5.4: “Porque todo o que é nascido
de Deus vence o mundo; e esta é a
vitória que vence o mundo: a nossa
fé”.

O que se deve fazer então, para o


Espírito Santo operar o novo
nascimento? Querer de todo o coração,
com todas as forças e todo o
entendimento; em seguida, buscá-Lo.

A Bíblia ensina que os olhos do Senhor


passam por toda a Terra, para Se
mostrar forte para com aqueles cujo
coração é totalmente d’Ele (2 Crônicas
16.9). Apesar de muitos estarem na
igreja, infelizmente seus corações
permanecem do lado de fora. Daí a
razão por que o Espírito Santo ainda não
pôde operar o seu novo nascimento.

Zaqueu era o que se poderia chamar de


um funcionário público corrupto, tendo
alcançado grande prosperidade através
de fraudes no recolhimento dos
impostos. Tendo, porém, ouvido falar do
Senhor Jesus, desejou ardentemente vê-
Lo.

Essa grande sede de Lhe conhecer foi o


motivo pelo qual o Espírito Santo entrou
em ação e
planejou seu encontro com Ele (vide o
capítulo 19 de Lucas).

Quando alguém deseja realmente nascer


de novo, há uma sede natural dentro de
si em buscar a presença de Deus com
todas as suas forças. Em resposta a este
anseio, o Espírito Santo vem ao seu
encontro e lhe apresenta o Filho.

Essa obra é totalmente de Deus, mas


começa no coração da pessoa, com o
desejo ardente de conhecer o Senhor
Jesus.

O nascido da carne
O Senhor Jesus disse:

“Em verdade, em verdade te digo: quem


não nascer da água e do Espírito não
pode entrar no Reino de Deus. O que é
nascido da carne é carne; e o que é
nascido do Espírito é espírito.”
João 3.5,6

O que significa o nascimento da água, da


carne e do Espírito? Sabemos que tanto
a água quanto a carne são elementos do
mundo físico, enquanto o Espírito é uma
Pessoa da Santíssima Trindade, e,
portanto, um Ser do mundo espiritual.

Entender um nascimento proveniente do


mundo físico é simples, mas do mundo
espiritual só quem é espiritual pode
compreender.

Quando alguém nasce da carne é carnal,


mas o que nasce da água é “aguado”.
Tanto o nascido da carne quanto o
nascido da água mantêm a mesma
natureza humana, sendo ambos
identificados pelas suas atitudes,
pensamentos e comportamentos.

Uma pessoa “aguada” ou carnal nutre


dentro de si pensamentos de sua própria
natureza. O carnal não dá valor às
coisas do Espírito, bem como o
espiritual não dá valor às coisas carnais.
São dois mundos distintos e opostos
entre si.

No mundo físico, o primeiro leva


vantagem sobre os demais; o menor
serve ao maior, que é exaltado, enquanto
o menor é humilhado; vale a lei do mais
forte. No mundo espiritual, entretanto, o
último é o primeiro; o maior serve ao
menor; o humilhado é exaltado; enfim,
vale a lei do espírito e da humildade.

A história de Simão, o mágico, é um


bom exemplo disso. Ele iludia o povo
de Samaria com suas técnicas de
prestidigitação, o que popularmente é
chamado de mágica. Quando viu de
perto os sinais e grandes milagres que
Deus operava através de Filipe,
imediatamente abraçou a fé, extasiado, e
foi até batizado nas águas.

Mais tarde, quando Pedro e João


impuseram as mãos sobre os novos
convertidos daquela
cidade, estes logo receberam o batismo
com o Espírito Santo. Simão então lhes
ofereceu dinheiro, para ter o mesmo
poder nas mãos (Atos 8.9-24).

Simão representa bem o caráter dos


nascidos da carne, que só têm olhos para
as coisas materiais. Apesar de ter
abraçado a fé cristã, mantinha seus
objetivos pessoais em acordo com a sua
natureza, isto é, a carnal, que exigia
lucros financeiros e o fazia pensar
apenas nos benefícios materiais.

O nascido da carne está continuamente


sujeito aos interesses e paixões da sua
velha natureza carnal. Por ser terreno,
não tem prazer nas coisas espirituais;
pelo contrário, sua vida se restringe a
buscar satisfazer os caprichos da carne.
Sua visão é materialista; seu coração é
individualista; seus sentimentos estão
voltados para o agrado de si mesmo.

O nascido da carne não consegue


compreender as coisas do Espírito de
Deus, porque estas se discernem apenas
espiritualmente. Por ser carnal, vive
envolvido e obcecado pelo seu mundo
físico, e não pode ter olhos para o
mundo espiritual. Esta é a razão pela
qual não consegue ver o
Reino de Deus.

De modo oposto acontece com o nascido


do Espírito, que é espírito e,
conseqüentemente, está sempre sujeito
às paixões da sua natureza espiritual:
paixão pela presença de Deus, paixão
pelas almas e paixão por fazer a Sua
vontade.

Seus objetivos estão voltados para os do


Espírito de Deus e seus valores e
sentimentos são espirituais. Afinal de
contas, sua natureza é espiritual. Eis aí a
grande diferença entre os nascidos da
carne e os nascidos do Espírito.

Até pode-se considerar o nascimento da


carne como sendo o primeiro passo para
o nascimento do Espírito, pois, de uma
forma ou de outra, a pessoa toma
conhecimento da Palavra de Deus.

Pode-se dizer que essa fase é um


período de “gestação do Espírito” –
embora a carne jamais possa ser espírito
– porque a pregação do Evangelho vai
quebrando tabus, destruindo filosofias
mundanas, enfim, vai removendo
pensamentos carnais e abrindo
paulatinamente os olhos espirituais, até
o ser carnal ser morto e nascer um novo
ser espiritual.

É o primeiro passo para a entrada no


Reino de Deus, mas, é claro, esse tempo
de “gestação” depende da
disponibilidade do coração da pessoa
em se render por completo ao Senhor
Jesus.

Foi por esta razão que Paulo,


escrevendo aos cristãos da Galácia,
disse:
“É bom ser sempre zeloso pelo bem e
não apenas quando estou presente
convosco, meus filhos, por quem, de
novo, sofro as dores de parto, até ser
Cristo formado em vós.”

Gálatas 4.18,19

Enquanto o Senhor Jesus não for


formado no interior da pessoa, ela não
tem os mesmos olhos que Ele, muito
menos a Sua mente.

O nascido da carne pode ser convicto da


verdade; pode amar e buscar mais e
mais conhecimento dela; mesmo assim,
não consegue reunir forças para praticá-
la. Sua fé é teórica, e enquanto for
assim, os seus benefícios também serão
teóricos.

Muitas pessoas foram convencidas da


veracidade da Bíblia por alguns
milagres alcançados pela fé no nome do
Senhor Jesus. E, por causa disso,
ficaram agregadas a uma denominação
evangélica, como reconhecimento da
graça alcançada.

Entre estes se incluem aqueles que se


mantêm na igreja por medo de perderem
a graça alcançada, mas no seu interior
não há qualquer compromisso real com
o Senhor Jesus.

Isto explica o motivo pelo qual a


maioria dos evangélicos não têm
usufruído dos benefícios contidos na
Bíblia. Nasceram da carne, e por isso
são carne, ou seja, sua natureza se
mantém carnal, e não espiritual como a
de Deus. Daí a razão de não
conseguirem materializar sua fé na Sua
Palavra, ou seja, praticarem-na.

O pior de tudo é o fato de o nascido da


carne se acomodar na sua situação, pois
isto o fará ver o progresso dos demais,
que nasceram do Espírito, o que
conseqüentemente gera a inveja e os
demais frutos da carne.

“Ora, as obras da carne são conhecidas


e são: prostituição, impureza, lascívia,
idolatria, feitiçarias, inimizades,
porfias, ciúmes, iras, discórdias,
dissensões, facções, invejas, bebedices,
glutonarias e coisas semelhantes a estas,
a respeito das quais eu vos declaro,
como já, outrora, vos preveni, que não
herdarão o reino de Deus os que tais
coisas praticam.”

Gálatas 5.19-21

Resumindo, o nascido da carne é aquele


que aceitou Jesus como Salvador, foi
batizado nas águas, é mais ou menos fiel
na prática da sua fé, mas não consegue
ser espiritual.

O nascido do Espírito
O nascido do Espírito é espírito porque
tem sua origem no Espírito de Deus; tem
a Sua natureza,
o Seu “DNA espiritual”; ouve e entende
a voz de Deus; sabe qual é a Sua
vontade e sabe discernir o bem do mal.

Como espírito não tem corpo, o nascido


do Espírito não está sujeito aos limites
da matéria, muito menos limitado ao
espaço físico: pode entrar diante da
presença de Deus a qualquer momento e
em qualquer lugar. Tem liberdade de
locomoção, pode ir e vir diante de Deus
em espírito.

O apóstolo Paulo, dirigido pelo Espírito


Santo, vai além quando diz:
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia,
por causa do grande amor com que nos
amou, e estando nós mortos em nossos
delitos, nos deu vida juntamente com
Cristo, pela graça sois salvos, e,
juntamente com ele, nos ressuscitou, e
nos fez assentar nos lugares celestiais
em Cristo Jesus; para mostrar, nos
séculos vindouros, a suprema riqueza da
sua graça, em bondade para conosco, em
Cristo Jesus.”

Efésios 2.4-7

Veja que os nascidos de Deus já estão


sentados nos lugares celestiais em
Cristo Jesus. Mas como isto é possível?
Somente quando a pessoa nasce do
Espírito se enquadra nesta condição. O
nascido
da carne não sabe e nem tem idéia do
que isto significa, porque é carnal.

O nascido do Espírito tem capacidade


de viver em espírito, e não se submeter
às concupiscências da carne. É o caso
de um eunuco, de quem nos falam as
Sagradas Escrituras. O Senhor disse:

“Porque há eunucos de nascença; há


outros a quem os homens fizeram tais; e
há outros que a si mesmos se fizeram
eunucos, por causa do reino dos céus.
Quem é apto para o admitir admita.”

Mateus 19.12
Significa que há pessoas que sacrificam
seus desejos sexuais, objetivando o
Reino dos Céus. Mas quando a pessoa
não é nascida do Espírito, não consegue
entender as coisas de Deus.

Conforme o Senhor Jesus disse, o


nascido do Espírito é espírito, ou seja,
tem sua natureza espiritual; vê com
olhos espirituais; tem entendimento
espiritual; enfim, mantém um estreito
relacionamento com Deus, porque Deus
é espírito!

Não adianta tentar convencer uma


pessoa que não é nascida do Espírito a
respeito das coisas espirituais. Sua
natureza é carnal, bem como todo o seu
interior. Ela pode até entender certos
ensinamentos bíblicos, porém jamais vai
ter acesso à visão de Deus.

É o mesmo que tentar explicar as coisas


da vida para um animal. Ele pode
aprender algumas lições básicas, mas
nunca se pode esperar muito de seu
raciocínio, porque é irracional.

Paulo chama o não nascido do Espírito


de “homem natural”. E diz:

“Ora, o homem natural não aceita as


coisas do Espírito de Deus, porque lhe
são loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem
espiritualmente.”
1 Coríntios 2.14

As coisas espirituais se discernem


espiritualmente e são direcionadas
somente para pessoas espirituais.
Portanto, não adianta buscar formação
espiritual em um seminário, pensando
alcançar espiritualidade, porque estudos
teológicos jamais capacitam pessoas ao
novo nascimento, conforme afirmam as
Sagradas Escrituras:

“Visto como, na sabedoria de Deus, o


mundo não o conheceu por sua própria
sabedoria, aprouve a Deus salvar os que
crêem pela loucura da pregação.”

1 Coríntios 1.21
Se, entretanto, em um determinado
seminário forem separados momentos
para buscar a face de Deus, pode
perfeitamente acontecer o milagre do
nascimento do Espírito.

O sentido do nascimento
O nascimento é o início de uma vida
nova no mundo. O mesmo acontece com
o nascido do Espírito: é um novo ser no
mundo espiritual, isto é, no Reino de
Deus.

O recém-nascido tem todas as


características adequadas para vir ao
mundo, pois este exige que ele respire o
seu ar, sinta o seu calor, enfim, viva de
acordo com suas circunstâncias. O
mundo não se adapta a ele, mas ele tem
de se adaptar ao mundo onde nasceu.

Até o Senhor Jesus, para vir ao mundo


nos salvar, teve de assumir um corpo
físico tal qual o nosso. Ele é o Verbo
que Se fez carne e habitou entre nós,
conforme João 1.14. Quer dizer: Ele não
poderia vir ao mundo num corpo
celestial; por isso, teve de Se humilhar e
assumir um corpo material, para Se
manifestar neste mundo.

No Reino de Deus não é diferente: para


entrarmos nele, temos de ser espírito,
para que possamos nos adaptar às suas
condições, que são espirituais. Daí a
necessidade de se nascer do Espírito e
ter a mesma natureza de Deus.

O filho de Deus
O filho de Deus não pode ser gerado
pelo sangue, pela carne ou pela vontade
do homem. Para ter a condição de real
filho Seu tem de ser gerado por Ele
próprio.

A maior mentira de todos os tempos é a


de que todos são filhos de Deus. Na
verdade, todos são criaturas de Deus,
mas não filhos. Filho é o gerado pelos
pais! Jesus veio ao mundo na
condição de Filho de Deus, por ter sido
gerado pelo Espírito Santo no ventre de
uma jovem virgem.

E foi condenado pelos judeus por


confessar ser Filho de Deus. Isso porque
na concepção judaica, ser Filho de Deus
significava ser igual a Deus.

Quando Ele Se declarou Filho do


Homem, sentado à direita do Todo-
Poderoso, o sumo sacerdote protestou
com veemência e, rasgando suas vestes,
disse: “Blasfemou!” Em seguida,
condenaram-No à morte.

Todo filho tem características dos pais;


um pouco mais da mãe, ou do pai, mas
sempre há marcas físicas, ou espirituais,
ou ambas herdadas. Um filho de Deus
obrigatoriamente tem Suas
características, mesmo vivendo, de certa
forma, sob as circunstâncias deste
mundo.

Nenhum recém-nascido pode ser


considerado filho de Deus, mesmo
sendo filho de um servo de Deus.
Apesar de todas as crianças, que são
inocentes, pertencerem a Deus, elas
jamais nascem na condição de Suas
filhas.

Assim sendo, o batismo do catolicismo


romano não tem nenhum fundamento
bíblico, e, portanto, nenhum proveito
espiritual. O ensino de que a criança
deve ser batizada para não se tornar
pagã é pura mentira. Ninguém pode se
considerar filho de Deus se não for
gerado pelo próprio Deus, na Pessoa do
Espírito Santo.

Autoridade no Espírito
O nascido do Espírito tem a natureza de
Deus para assumir Sua autoridade neste
mundo, como aconteceu com Adão,
antes de sua queda.

Os espíritos imundos não se sujeitam à


autoridade dos que são nascidos da
carne, porque são carne; a natureza
espiritual deles se sobrepõe à natureza
material da carne, porque o espírito é
superior à matéria.

Em se tratando da natureza divina,


entretanto, os espíritos imundos
reconhecem sua autoridade e
superioridade, tendo que se sujeitar a
ela.

Os demônios obedecem à voz do


nascido do Espírito, porque vêem nele a
autoridade de Deus, mesmo que isto
provoque a ira do diabo, a quem
normalmente obedecem cegamente.

Surge então a pergunta: será que a


autoridade dos nascidos de Deus é
somente sobre os demônios? Não! Mil
vezes não! Os discípulos não tinham
ainda nascido do Espírito e já tinham
autoridade do Senhor Jesus sobre todo o
mal:

“Eis aí vos dei autoridade para pisardes


serpentes e escorpiões e sobre todo o
poder do inimigo, e nada,
absolutamente, vos causará dano.”

Lucas 10.19

Imagine quando os discípulos nasceram


do Espírito! Será que essa autoridade
foi invalidada? Claro que não! Muito
pelo contrário, porque após o novo
nascimento, a pessoa passa a ter a
natureza de Deus!

Diante dessa natureza divina, todos os


espíritos do inferno, incluindo o diabo,
ficam sujeitos à sua autoridade. A
natureza daqueles que verdadeiramente
são e têm a autoridade de Deus!

Todo o poder de Satanás, isto é, todo o


poder do mal, está debaixo dos nossos
pés! Se não calcarmos o mal, usando a
autoridade delegada por nosso Senhor,
então ele se manterá vivo e poderá nos
atacar.

Se não vencemos todo o mal, é porque


não o confrontamos com a autoridade
divina. Tentar evitá-lo, ou mesmo
ignorá-lo, é pura demonstração de
fraqueza. Todo o mal está bem debaixo
de nossos pés, e tudo que devemos fazer
é pisá-lo! Temos de esmagá-lo!

O Senhor Jesus nos exorta a resistir ao


diabo com a Sua autoridade, e então ele
fugirá de nós: “...mas resisti ao diabo, e
ele fugirá de vós” (Tiago 4.7).

Principados, potestades, dominadores e


forças espirituais do mal estão sob o
comando de Satanás, e têm a autoridade
dele para realizarem todas as maldades
na vida daqueles que se mantêm no reino
das trevas, e não no Reino de Deus!

A autoridade de Satanás na face da Terra


está restrita àqueles que não nasceram
do Espírito, pois está escrito:
“Sabemos que todo aquele que é nascido
de Deus não vive em pecado; antes,
Aquele que nasceu de Deus o guarda, e
o Maligno não lhe toca.”

1 João 5.18

A maior glória do ser humano, portanto,


não são suas conquistas pessoais; seu
sucesso econômico; sua família bem
constituída; filhos bem encaminhados ou
os bens materiais, porque tudo isso um
dia acaba.

A maior de todas as glórias é aquela que


permanece por toda a eternidade; aquela
operada pelo Espírito Santo no interior
do ser humano: o novo nascimento.
A glória do nascido do Espírito é a
maior de todas as honras, porque é o
nascimento de um filho de Deus.

Quando o Senhor Jesus nasceu, foi a


manifestação da maior glória de Deus
aqui na Terra. Toda a milícia celestial se
alegrou como nunca, conforme diz a
Bíblia:

“E, subitamente, apareceu com o anjo


uma multidão da milícia celestial,
louvando a Deus e dizendo: Glória a
Deus nas maiores alturas, e paz na terra
entre os homens, a quem ele quer bem.”

Lucas 2.13,14

A mesma alegria se repete no Céu


quando um pecador se converte dos seus
maus caminhos, conforme nos garantiu o
Senhor Jesus:

“Digo-vos que, assim, haverá maior


júbilo no céu por um pecador que se
arrepende do que por noventa e nove
justos que não necessitam de
arrependimento.”

Lucas 15.7

O nascido da carne é carne, que é


matéria, corruptível e, por fim, será
destruída. Mas o que nasce do Espírito
Santo é espírito e pertence ao mundo de
Deus; portanto, eterno.

O nascido de novo é de Deus, isto é, Seu


filho, tanto quanto o Senhor Jesus Cristo
é o Filho de Deus! E é justamente esta a
maior glória humana.

Somente os gerados por Deus têm a Sua


natureza divina e eterna. Além do que,
são os únicos que têm acesso à Sua
santa presença, uma vez que também são
espírito: “Deus é espírito; e importa
que os seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade” (João 4.24).

Quando o nascido do Espírito avalia


bem sua posição, diante de Deus e do
mundo, todos os seus problemas, por
maiores que sejam, são menos do que
nada diante da sua condição real.

Tanto é que Paulo chegou a ponto de


confessar:

“Sim, deveras considero tudo como


perda, por causa da sublimidade do
conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor; por amor do qual perdi todas as
coisas e as considero como refugo, para
ganhar a Cristo (...) mas uma coisa faço:
esquecendo-me das coisas que para trás
ficam e avançando para as que diante de
mim estão, prossigo para o alvo, para o
prêmio da soberana vocação de Deus
em Cristo Jesus.”

Filipenses 3.8,13,14

Também o apóstolo Pedro, avaliando a


condição da nossa glória, disse:
“Vós, porém, sois raça eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que
vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz.”

1 Pedro 2.9

Cada apóstolo expressou seus


sentimentos com respeito ao novo
nascimento, mas nas palavras do Senhor
Jesus podemos ir além do infinito,
quando disse:

“Então, dirá o Rei aos que estiverem à


sua direita: Vinde, benditos de meu Pai!
Entrai na posse do reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo.”
Mateus 25.34

O nascido de Deus enfrenta todos os


obstáculos da vida, mas jamais perde
essa visão espiritual. Por quê? Porque
ele é espírito!

Quem nasce da carne é como a Lua:


aparece no céu porque recebe a luz do
Sol, ou seja, vive na dependência do
Sol. Sua luminosidade não retrata sua
situação real, pois seu outro lado é
totalmente escuro.

O nascido da carne, enquanto está entre


os nascidos do Espírito, mostra alguma
luz, mas quando está só, manifesta sua
outra face: a escuridão.
Isso já não acontece com quem nasce do
Espírito! Porque é espírito, é como o
Sol, que não depende de nenhum outro
astro, senão de si mesmo, porque tem luz
própria.

O nascido do Espírito é independente, é


livre, é de Deus! Significa dizer que
depende somente de si mesmo e,
sobretudo, de Deus.

Nenhum candidato a fazer a Obra de


Deus deve ser aceito, sem antes ter tido
a experiência do novo nascimento!
Porque no momento de passar pelo
deserto, vai precisar de sua “luz
própria”. Se for do tipo da Lua, não vai
agüentar, mas se for do tipo do Sol, vai
suportar e vencer.

Virtudes do nascido do
Espírito
O que Deus espera dos Seus filhos e o
que os identifica? Ora, os frutos do
Espírito identificam os nascidos do
Espírito. Cada item do fruto espiritual
reflete um todo do caráter de Deus. São
eles:

Amor- a Deus e ao próximo como a si


mesmo. É infinitamente maior do que um
simples sentimento; é o próprio Deus
agindo no interior, para fazer sentir o
Seu sentimento.

Alegria- a alegria do Espírito é


espiritual e constante, mas a da carne é
vulgar e passageira. A alegria espiritual
mostra uma fisionomia amigável, branda
e serena para com todos, inclusive para
com os incrédulos.

Quem é de Deus exala naturalmente o


Seu perfume, conforme está escrito:

“Porque nós somos para com Deus o


bom perfume de Cristo, tanto nos que
são salvos como nos que se perdem.”

2 Coríntios 2.15
A antipatia, por sinal, é uma das
características de uma pessoa oprimida,
mas a simpatia espiritual é alegria
natural, proveniente de Deus.

Não se pode querer impor às pessoas


nascidas da carne algo inerente apenas
aos nascidos do Espírito.

Paz- esta é uma das características mais


acentuadas na vida dos nascidos de
Deus, que exalam Sua paz, porque neles
vive o Príncipe da Paz. Ainda que
estejam vivendo em meio à guerra, seu
interior está em perfeita paz.

O Senhor Jesus prometeu:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou;


não vo-la dou como a dá o mundo. Não
se turbe o vosso coração, nem se
atemorize.”

João 14.27

Longanimidade- o nascido do Espírito


nunca se desespera diante das
dificuldades, porque tem firmeza de
ânimo, é perseverante e paciente.

Afinal de contas, o Espírito que nele


habita é o Espírito do Eterno: “Porque
Deus não nos tem dado espírito de
covardia, mas de poder, de amor e de
moderação” (2 Timóteo 1.7).

Benignidade- o nascido de Deus tem o


caráter naturalmente agradável e
inofensivo. Cuida para não ofender
ninguém.

Bondade- Deus é bondade e


misericórdia, e o nascido d’Ele tem na
bondade e nos bons olhos para com seus
semelhantes a Sua marca:

“Assim falara o Senhor dos Exércitos:


Executai juízo verdadeiro, mostrai
bondade e misericórdia, cada um a seu
irmão.”

Zacarias 7.9

Fidelidade- o profeta Jeremias louvou


ao Senhor, dizendo: “Grande é a tua
fidelidade” (Lamentações 3.23).
Sim, a fidelidade faz parte do Seu
caráter e, obviamente, quem nasce d’Ele
também manifesta o mesmo caráter de
lealdade.

Mansidão- Davi disse: “Mas os mansos


herdarão a terra e se deleitarão na
abundância de paz”
(Salmos 37.11).

O Senhor Jesus repetiu a mesma


promessa, em outras palavras: “Bem-
aventurados os mansos, porque
herdarão a terra” (Mateus 5.5).

A mansidão caracteriza bem os nascidos


de novo, porque logo após sua
regeneração, passam a ter um
temperamento manso. E aqui está a
razão por que o cristão verdadeiro é
tipificado pela ovelha, animal pacífico.

Domínio próprio- os nascidos do


Espírito obrigatoriamente são mental e
emocionalmente equilibrados. São até
capazes de se irar, quando necessário,
mas também não têm dificuldade em
reconhecer, com humildade, suas falhas.

São, portanto, moderados não apenas no


convívio entre irmãos, mas também no
comportamento social.

O batismo nas águas

Sobre este assunto, o Senhor Jesus, antes


de retornar aos Céus, claramente
ordenou aos Seus discípulos:
“Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura. Quem crer e
for batizado será salvo; quem, porém,
não crer será condenado.”

Marcos 16.15,16

Antes da pessoa se candidatar ao


batismo nas águas, deve estar consciente
do arrependimento dos seus pecados. A
partir de então, ela morre para si e para
o mundo.

O mergulho nas águas batismais,


realizado pelo servo de Deus, tipifica o
sepultamento da velha natureza. Quando
a pessoa é erguida das águas, simboliza
sua ressurreição para uma vida nova, em
comunhão com Deus.
É claro que todo o desenvolvimento
desse processo é feito mediante a fé no
Senhor Jesus Cristo, como Senhor e
Salvador. O Espírito Santo então efetua
o milagre, tanto do morrer da velha
natureza pecaminosa, quanto do renascer
de uma nova criatura em Cristo Jesus.

Há em nosso ser uma transformação de


comportamento tal, que passamos a
viver uma vida totalmente diferente
daquela que vivíamos anteriormente.

A cerimônia batismal perde o sentido se


a pessoa se batizar nas águas sem ter se
arrependido dos seus pecados. É como
se ela tomasse apenas um banho, e nada
mais. Seu batismo não vale e, é claro,
ela continua vivendo com a velha
natureza.

O batismo nas águas é um símbolo de


sepultamento. Assim como o Senhor
Jesus foi sepultado, após a Sua morte,
também o pecador é “sepultado
espiritualmente”, após o seu
arrependimento, já que o seu passado
morre.

O arrependimento sincero significa a


morte para o pecado, pois
arrependimento envolve reconhecer,
odiar e abandonar o pecado.

O Espírito Santo, através de Paulo,


explica assim:
“Como viveremos ainda no pecado, nós
os que para ele morremos? Ou,
porventura, ignorais que todos nós que
fomos batizados em Cristo Jesus fomos
batizados na sua morte? Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo
batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai, assim também andemos
nós em novidade de vida.”

Romanos 6.2-4

A novidade de vida envolve um


comportamento justo e correto diante de
Deus e dos homens. É a nova vestimenta
descrita em Apocalipse 19.8:

“Pois lhe foi dado vestir-se de linho


finíssimo, resplandecente e puro. Porque
o linho finíssimo são os atos de justiça
dos santos.”

O processo miraculoso do
arrependimento e batismo nas águas é
semelhante ao do grão de trigo,
conforme o Senhor Jesus ensinou:

“Em verdade, em verdade vos digo: se o


grão de trigo, caindo na terra, não
morrer, fica ele só; mas, se morrer,
produz muito fruto.”

João 12.24

O grão de trigo representa a pessoa, e a


terra simboliza o batismo nas águas. Se
nesse batismo não acontecer a morte e o
sepultamento da velha natureza
pecaminosa, a pessoa não vai servir
para produzir frutos. Não servirá,
portanto, nem para o altar nem para o
átrio.

Se, entretanto, acontecer a morte pelo


arre​pen​​dimento e o sepultamento pelo
batismo, a pessoa será frutífera na Obra
de Deus. Será como árvore plantada
junto aos ribeiros de águas, que no seu
devido tempo dá seus frutos.

O batismo nas águas é tão importante


quanto o batismo com o Espírito Santo,
porque um completa o outro. Além
disso, o Senhor Jesus associou a
salvação ao batismo, quando disse aos
discípulos:

“Ide por todo o mundo e pregai o


evangelho a toda criatura. Quem crer e
for batizado será salvo; quem, porém,
não crer será condenado.”

Marcos 16.15,16

O batismo nas águas também simboliza a


circuncisão do coração. A circuncisão
propriamente dita era feita no órgão
genital de cada descendente de Abraão
do sexo masculino. Isto foi estabelecido
por Deus como sinal da aliança com
Abraão. Agora, sob a nova aliança no
sangue do Senhor Jesus, a circuncisão é
realizada no coração, através do
batismo nas águas.
A libertação dos filhos de Israel do jugo
egípcio, rumo à Terra Prometida, aponta
uma espécie de batismo deles em duas
ocasiões: a primeira na passagem pelo
Mar Vermelho, e a segunda junto à
cidade de Jericó, na travessia do Rio
Jordão.

Jesus e o ladrão
O batismo nas águas, tanto quanto com o
Espírito Santo, são exigências para a
salvação daqueles que aceitam Jesus
Cristo como Senhor e Salvador, e vão
continuar vivendo sob as terríveis
condições deste mundo.
Mas, para aqueles cujas vidas estão no
fim, a simples aceitação pela fé já é
suficiente para serem salvos. É o caso,
por exemplo, dos doentes em estado
terminal, próximos da morte.

Não precisam ser batizados, pois não


terão tempo de cair em tentação e negar
a fé no Senhor Jesus, como costuma
acontecer com muitos que, tendo
abraçado a fé no Senhor, acabam
desistindo.

Estes são vítimas das perseguições, dos


cuidados do mundo, da fascinação com
os bens materiais, das más companhias;
enfim, há uma série de motivos
apresentados pelo diabo em suas
mentes, para fazerem-nos desanimar.

Os ladrões crucificados junto com o


Senhor Jesus no princípio praguejavam
contra Ele, mas, com o passar das horas,
um deles O reconheceu como o Filho de
Deus. Ao clamar“Jesus, lembra-te de
mim quando vieres no teu reino” (Lucas
23.42), imediatamente Ele lhe
respondeu: “Em verdade te digo que
hoje estarás comigo no paraíso”
(Lucas 23.43).

Este homem não era religioso e tinha


vivido como um malfeitor; tanto que fora
condenado à morte de cruz, condenação
máxima para aqueles que praticavam
perversidades.
Não tinha feito obras de caridade, não
tinha sido discípulo do Senhor Jesus,
nem batizado nas águas e com o Espírito
Santo. Mas nos últimos momentos de sua
vida foi salvo. Por quê?

Porque creu! Acreditou em Jesus como o


Filho de Deus e, portanto, na Pessoa que
poderia salvá-lo. E esta é a qualidade
de fé necessária para a salvação da
alma, a chamada fé salvífica, que redime
todo e qualquer pecador.

Concluímos então que o batismo nas


águas e o batismo com o Espírito Santo
são condições para manter o fiel
perseverante na fé e em comunhão
permanente com Deus.
O batismo com o Espírito
Santo
Assim como são três os elementos na
cerimônia do batismo nas águas – o
servo de Deus, o
candidato e a água – também o batismo
com o Espírito Santo envolve três
pessoas: o Senhor Jesus, o candidato e o
Espírito Santo.

No batismo nas águas, o ministro de


Deus mergulha o candidato nas águas em
o nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, mas no batismo com o Espírito
Santo, o Senhor Jesus é o Ministro que
imerge o candidato no Seu Espírito.

Quando João Batista estava batizando os


que se arrependiam de seus pecados no
Rio Jordão, muitos judeus pensaram ser
ele o Messias tão esperado. Ele, porém,
testemunhando a respeito do Senhor
Jesus, disse:

“Eu, na verdade, vos batizo com água,


mas vem o que é mais poderoso do que
eu, do qual não sou digno de desatar-lhe
as correias das sandálias; ele vos
batizará com o Espírito Santo e com
fogo.”

Lucas 3.16
Enquanto o batismo nas águas ocorre
com a interferência humana, pois é o
ministro de Deus quem o executa, o
batismo com o Espírito Santo é
realizado exclusivamente pelo Senhor
Jesus. Ele é o Único Batizador! Os
candidatos a este batismo, portanto,
devem orar pedindo ao Senhor Jesus que
os batize, o que, aliás, é uma promessa,
conforme Ele mesmo disse:

“Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar


boas dádivas aos vossos filhos, quanto
mais o Pai celestial dará o Espírito
Santo àqueles que lho pedirem?”

Lucas 11.13
Como é o batismo com o
Espírito Santo?
Por ser o Senhor Jesus o Batizador com
o Espírito Santo, não existe uma regra
fixa, salvo que o candidato deve estar
arrependido dos seus pecados.
Normalmente a pessoa é abençoada com
este batismo quando está adorando ao
Senhor Jesus com todas as suas forças,
todo o seu coração e todo o seu
entendimento.

O louvor é o segredo do batismo com o


Espírito Santo, muito embora os
registros sagrados mostrem alguns novos
convertidos batizados através da
imposição de mãos dos apóstolos:
“Ouvindo os apóstolos, que estavam em
Jerusalém, que Samaria recebera a
palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e
João; os quais, descendo para lá, oraram
por eles para que recebessem o Espírito
Santo; porquanto não havia ainda
descido sobre nenhum deles, mas
somente haviam sido batizados em o
nome do Senhor Jesus. Então, lhes
impunham as mãos, e recebiam estes o
Espírito Santo.”

Atos 8.14-17

“Paulo, tendo passado pelas regiões


mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali
alguns discípulos, perguntou-lhes:
Recebestes, porventura, o Espírito Santo
quando crestes? Ao que lhe
responderam: Pelo contrário, nem
mesmo ouvimos que existe o Espírito
Santo. Então, Paulo perguntou: Em que,
pois, fostes batizados? Responderam:
No batismo de João. Disse-lhes Paulo:
João realizou batismo de
arrependimento, dizendo ao povo que
cresse naquele que vinha depois dele, a
saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto,
foram batizados em o nome do Senhor
Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos,
veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto
falavam em línguas como profetizavam.”

Atos 19.1-6

Há que se notar a simplicidade da fé no


recebi​mento do Espírito Santo. Os
novos convertidos, aos quais o texto
bíblico se refere, não tinham nem
conhecimento da existência do Espírito
de Deus, e mesmo assim O receberam,
quando os apóstolos lhes impuseram as
mãos.

Ora, o mesmo tem de acontecer na Igreja


hoje em dia! Muitas vezes se procura
ensinar exaustivamente a respeito da
Pessoa do Espírito Santo, pensando ser
isso necessário para o Seu recebimento,
mas não! Os primeiros convertidos ao
cristia​nismo foram selados com o
Espírito Santo logo na primeira vez que
ouviram falar d’Ele!
Talvez haja descrença maior da parte
dos que ministram a Palavra que dos
seus ouvintes.
Vejamos alguns motivos que podem
impedir o candidato de receber o
Espírito Santo:

1)Preocupação em falar línguas


estranhas.

2) Preocupação com a salvação de entes


queridos ou outras pessoas.

3)Pedidos de bênçãos materiais


apresentados na hora do louvor.

4)Falta de arrependimento sincero.

5)Mágoas no coração contra alguém.


6)Vaidade pessoal. Há quem queira
receber o Espírito Santo só porque
outros receberam.

7)Medo de receber espírito imundo ao


invés do Espírito Santo.

8)Dúvida quanto a estar em condições


de receber o Espírito de Deus.

9)Falta de libertação total.

10) Pecado não confessado ou


sentimento de culpa.

O batismo com o Espírito Santo


acontece a partir do momento que o
candidato tem um profundo desejo de
ganhar almas. Duvido que alguém
apaixonado pela salvação de almas não
seja logo selado com o Espírito Santo.
Este é o motivo principal da existência
desse batismo. O próprio Senhor Jesus
disse:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre


vós o Espírito Santo, e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém como
em toda a Judéia e Samaria e até aos
confins da terra.”

Atos 1.8

A finalidade do selo de Deus é,


portanto, proporcionar aos discípulos do
Senhor Jesus condições para serem Suas
testemunhas. O rece​bimento do Espírito
Santo é primordial e indispensável para
a divulgação do Evangelho de poder.

Por isso, o candidato precisa ter


primeiramente este objetivo no coração,
para então ser visitado por Deus. E, uma
vez satisfeita esta condição, deve entrar
no espírito de louvor ao Senhor Jesus, e
concentrar seus pensamentos na busca
de palavras de adoração, honra e louvor.

Quando se esgotarem suas palavras de


gratidão pela sua salvação, o Senhor
Jesus soprará o Seu Espírito, para que o
louvor seja perfeito.

Nesse momento, então, acontece um


gozo espiritual e uma emoção
indescritível, de tal forma que, em meio
a lágrimas de profunda alegria, são
pronunciadas palavras estranhas, de
forma bem natural.

Embora não compreendendo seu próprio


vocabulário, a pessoa não estranha nem
perde o sentido do seu louvor, porque
em espírito fala mistérios e palavras do
entendimento apenas de Deus e dos Seus
anjos.

É importante saber que não se deve


fazer qualquer esforço para falar em
línguas estranhas: elas são um dom de
Deus. Ele, e somente Ele, opera a
maravilha de se falar na língua dos
anjos, pois quem assim fala, não fala a
homens, senão a Deus, visto que
ninguém o entende, e em espírito fala
mistérios, conforme 1 Coríntios 14.2.

As línguas estranhas podem ser poucas


ou muitas, mas normalmente serão
repetidas. O fato importante é que a
língua estranha é uma evidência do
batismo com o Espírito Santo, conforme
Marcos 16.17; Atos 2.3,4; 10.46; 19.6.

Nem todos os que falam em línguas


estranhas, entretanto, são batizados com
o Espírito Santo, haja vista que muitos
possessos de espíritos imundos falam
línguas estranhas, do inferno.

As línguas estranhas são uma evidência


do batismo com o Espírito Santo, mas o
que realmente caracteriza este batismo
são os frutos espirituais, isto é, o
caráter; a conduta; a maneira de falar, de
vestir; as amizades; enfim, a discrição
no modo de agir. Esse conjunto de
atitudes torna a pessoa diferente das
demais não seladas com o Espírito
Santo.

A maioria dos candidatos ao batismo de


Deus pensam que ele se resume ao falar
em línguas. Por causa disso, muitos têm
sido iludidos pelos espíritos
enganadores, que, aproveitando-se da
sua ignorância, fazem-se passar por
Deus, concedendo-lhes o “dom de
línguas” do inferno.

É esta a razão pela qual muitos falam em


“línguas estranhas”, e até profetizam,
mas suas vidas não condizem com a fé
que dizem ter. São vidas amargas e
amarradas econômica, física e
sentimentalmente, e mesmo assim tentam
salvar os outros, quando eles mesmos
necessitam da salvação.

Enquanto o batismo nas águas sela a


aliança da pessoa com Deus, o batismo
no Espírito Santo é o selo da aliança de
Deus com a pessoa. Um completa o
outro.

O batismo nas águas formaliza uma


decisão de fé pessoal. É semelhante ao
casamento, quando a pessoa renuncia à
sua vida de solteira e morre para a sua
própria vontade, para a vida livre que
tinha; morre para seus pais, irmãos e
amigos; enfim, morre para o mundo e é
sepultada na união matrimonial.

O casal passa a viver exclusi​vamente


em função um do outro. A mulher, por
exemplo, renuncia à boa vida na casa
dos pais, por causa do seu amor para
com o marido.

Esse batismo é a renúncia de tudo por


causa da fé no Senhor Jesus. Nele há o
sepultamento da própria vontade, em
função da vontade de Deus. Renuncia-se
à liberdade para se tornar servo do
Senhor Jesus Cristo, que certa vez
convocou a multidão dos Seus
seguidores, juntamente com os
discípulos, e disse:

“Se alguém quer vir após mim, a si


mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-
me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida
perdê-la-á; e quem perder a vida por
causa de mim e do evangelho salvá-la-
á.”

Marcos 8.34,35

Em outra oportunidade, Ele disse:

“Em verdade vos digo que ninguém há


que tenha deixado casa, ou irmãos, ou
irmãs, ou mãe, ou pai,
ou filhos, ou campos por amor de mim e
por amor do evangelho, que não receba,
já no presente, o cêntuplo
de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e
campos, com perseguições; e, no mundo
por vir, a vida eterna.”

Marcos10.29,30

Já o batismo com o Espírito Santo é uma


decisão de Deus; é a resposta do Senhor
Jesus à renúncia feita pela pessoa,
quando da sua total entrega a Ele. É o
selo da sua união com Deus.

Sendo a aliança de ouro o selo do


matrimônio, o selo da aliança entre Deus
e a pessoa é o
recebimento do Espírito Santo. A
aliança no dedo identifica o
compromisso com outra pessoa; o
mesmo acontece quando se recebe o
Espírito de Deus: os dons e frutos
identificam o compro​metimento com
Deus.

Em termos práticos, a pessoa que ainda


não foi selada com o Espírito Santo tem
a fé passiva, ou seja, ela se acomoda e
até aceita sua vida fracassada como algo
natural. Chega mesmo a acreditar que
sua má qualidade de vida se deve à
vontade de Deus.

Quem, por sua vez, é selado com o


Espírito Santo, tem a fé ativa e é como
um vulcão em erupção: está sempre
queimando por dentro e externando sua
fé com línguas de fogo, como as lavas
do vulcão. Porque sua fé é ardente, as
promessas divinas são como um tesouro
inesgotável. Não há força maligna capaz
de vencê-lo!

Nem todos os principados, potestades,


dominadores e forças espirituais do mal
podem obstruir seus caminhos, porque
dentro da pessoa está o Espírito do Deus
Vivo!

Em conseqüência, ela nutre dentro de si


uma revolta incontida contra o avanço
do império
das trevas, e, de uma forma ou de outra,
procura contrapor esse avanço com a
divulgação do Evangelho vivo do Reino
de Deus.

Porque tem o caráter de Deus, a pessoa


não se importa mais com a sua vida, seu
futuro ou o de sua família, porque tudo o
que ela é ou pretende ser, tudo o que tem
ou pretende ter, está no altar.

Sua vida não tem mais sentido para si,


pois é vivida em função do seu Senhor;
está sempre queimando no altar de Deus
como oferta viva. Em razão dessa guerra
contra o mal, suas conquistas são
naturais e contínuas, apesar das lutas
renhidas.

O sentimento de fé de que morremos em


Cristo e fomos sepultados na Sua
semelhança, através do batismo nas
águas, e em seguida ressuscitados
juntamente com Ele, é avivado a cada
momento pelo batismo no Espírito
Santo.

A vida do servo selado está oculta com


o Senhor Jesus, razão pela qual sua
vontade é fazer a vontade do seu Senhor.

Quando a pessoa é realmente batizada


com o Espírito Santo, tem apenas um
pensamento: servir a Deus com todas as
suas forças, de todo o seu entendimento
e de todo o coração. É como o Espírito
Santo, através de Paulo, diz:

“Portanto, se fostes ressuscitados


juntamente com Cristo, buscai as coisas
lá do alto, onde Cristo vive,
assentado à direita de Deus. Pensai nas
coisas lá do alto, não nas que são aqui
da terra; porque morrestes, e a vossa
vida está oculta juntamente com Cristo,
em Deus.”

Colossenses 3.1-3
CONDICOES EM RELACAO A SI MESMO

A primeira condição da pessoa que


almeja fazer a Obra de Deus é em
relação ao Senhor da Obra. E, neste
aspecto, já vimos sua imperiosa
necessidade de receber o Espírito Santo,
sem o qual é impossível realizá-la.

A segunda condição é em relação a si


mesma. A ferramenta do servo do
Senhor é a fé; e tudo o que for
necessário para o desenvolvimento dela,
ou a sua proteção, é fundamental.

Cada um tenha sua fé bem definida, para


não permitir que o fermento dos outros
venha a influenciar o exercício dela.

A fé é algo estritamente individual; ela


ecoa a voz do Espírito Santo dentro da
alma, e, quando isto acontece, não se
pergunta a ninguém o que fazer, pois a
pessoa sabe o que Deus está requerendo
dela.

A exemplo disso temos o apóstolo


Paulo. Quando partiu para anunciar a
salvação aos gentios, ele não consultou
carne nem sangue, muito menos subiu a
Jerusalém, para pedir conselho aos
apóstolos mais experientes. Mas,
seguindo suas próprias convicções
pessoais, partiu para as regiões da
Arábia (Gálatas 1.16,17).
Enquanto os primeiros apóstolos se
mantiveram fechados em Jerusalém,
Paulo, sentindo sede de ganhar almas e
movido pela própria fé, saiu em busca
delas nas regiões difíceis da Arábia.

Este é o tipo de fé requerido pelo


Senhor Jesus dos Seus discípulos. Fé
que dispensa perguntas, tais como: Por
que eu? Como vai ser? Onde vou morar?
Quem vai me ajudar?

O servo
Como se caracteriza um servo? Pela
submissão, dedicação e serviço total de
sua vida a Deus. O Senhor Jesus
somente é Senhor daqueles que Lhe
servem. O Espírito Santo somente é
Senhor daqueles que Lhe obedecem a
voz.

Servo é aquele que serve! Os frutos e os


dons do Espírito Santo são
conseqüências de uma vida dedicada ao
Senhor Jesus.

É bem verdade que os servos deste


mundo, para terem seus direitos e
privilégios garantidos, são obrigados a
satisfazerem certas exigências de seus
senhores. Mas os servos do Senhor
Jesus não se preocupam com direitos ou
privilégios, porque só o fato de Lhe
servirem já é a maior glória de suas
vidas.

Servir ao Senhor Jesus é o privilégio


mais glorioso do mundo. Muito poucos,
infelizmente, são os que participam
dessa glória, mas os seus participantes
são honrados pelo próprio Pai,
conforme disse o Senhor: “E, se alguém
me servir, o Pai o honrará” (João
12.26).

O temor ao Senhor
Quando se fala em temor ao Senhor, é
uma referência ao caráter dos servos
nascidos de Deus. O Espírito Santo, ao
gerar Seus filhos, coloca dentro deles
um sentimento de temor tal, que os faz
fugir do pecado.

Esse temor santo e natural é o que lhes


capacita a viver uma vida afastada de
toda aparência do mal.

É importante salientar que essa


capacidade espiritual não nos arranca o
direito de fazermos a nossa própria
vontade. Mesmo selados com o Espírito
Santo, e vivendo em total rendição,
Deus jamais vai nos obrigar a fazer a
Sua vontade.

É justamente aí que entra o temor a


Deus. Ele nos dá consciência daquilo
que Lhe agrada ou não, e deixa a
decisão por nossa conta.

O Senhor jamais impõe Sua vontade,


porque respeita a nossa. O livre-arbítrio
se mantém, mesmo sob a direção do
Espírito. Ele não impõe, mas inspira.

Claro, essa total liberdade no Espírito


Santo tem suas responsabilidades,
acompanhadas da seguinte lei natural:
aquilo que o homem semear, isso
também ceifará. O conhecimento de que
“o salário do pecado é a morte”
(Romanos 6.23) freia os impulsos
carnais, evitando assim a prática do
pecado.

Os servos tementes a Deus espelham no


zelo da Sua Obra o zelo de suas almas.
Quando há temor ao Senhor no coração,
o repúdio natural ao pecado se torna
latente, conforme está escrito: “O temor
do Senhor consiste em aborrecer o
mal” (Provérbios 8.13); “…e pelo
temor do Senhor os homens evitam o
mal” (Provérbios 16.6).

Na falta de temor a Deus, a vida


espiritual fica desgovernada e o abismo
é inevitável. O fracasso de muitos
crentes está relacionado com a falta de
temor no coração.

Um pecadinho hoje, outro amanhã, e


subitamente a fé se esfria e o temor
desaparece, dando lugar às dúvidas. E
estas promovem a fraqueza diante do
inferno.

O deserto
Há dois tipos de deserto: o do homem e
o de Deus. O deserto do homem é
conduzido por si mesmo, e tem como
objetivo puni-lo pelas faltas cometidas.

É o caso, por exemplo, da pessoa punida


com a prisão, por causa do seu roubo;
do acidentado, porque conduziu seu
carro embriagado, e vai por aí adiante.
Normalmente, quando a pessoa está num
deserto humano, costuma culpar a Deus
pela sua situação infeliz. Mas ela se
esquece que a sua estada ali é culpa
exclusivamente sua. Foi ela mesma que
se dirigiu para o deserto!

A Palavra Deus tem ensinado e


advertido quanto ao cuidado de se
plantar sementes. Os frutos dependem da
qualidade da semente. Se há desprezo
pelo conhecimento e pela prática da
Palavra, qual a culpa de Deus dos
desertos humanos? Ele ensina: “Aquilo
que o homem semear, isso também
ceifará” (Gálatas 6.7).

O Senhor nos tem dado inteligência e


capacidade para decidirmos o tipo de
futuro que queremos para nós e nossos
filhos. Se plantarmos obediência à Sua
Palavra, colheremos os frutos dessa
obediência; mas se a desprezamos,
também suas promessas nos
desprezarão!

Já o deserto de Deus é conduzido pelo


Espírito Santo e tem outro objetivo, que
não a punição: preparar o servo para a
obra para a qual ele foi escolhido.

Ao longo da História vemos patriarcas,


profetas e líderes em geral de Israel
sendo levados por Deus aos seus
respectivos desertos, antes de serem
usados por Ele.
O Senhor Jesus é o exemplo mais
evidente disso, porque após ter sido
batizado nas águas,
e ter recebido o Espírito Santo, foi
guiado pelo mesmo Espírito ao deserto,
para ser tentado.

Moisés também é outro exemplo típico.


Seus primeiros quarenta anos foram
vividos como príncipe, no Egito. Seus
quarenta anos seguintes foram vividos
como servo de seu sogro, no deserto.
Somente após esse tempo de preparo é
que viveu seus últimos quarenta anos
como verdadeiro servo de Deus.

A passagem pelo deserto de Deus é


proporcional à grandeza da obra a ser
realizada.

Se para alcançar a salvação eterna e


definitiva a passagem pelo deserto já é
obrigatória, imagine para se fazer a
Obra de Deus! Claro!

Para a pessoa se converter ao Senhor


Jesus, ela precisa ser liberta de si
mesma e dos demônios que vêm atuando
em sua vida. Há uma verdadeira guerra
a ser travada por ela e em favor de si
mesma. Quando, porém, ela se
predispõe a servir a Deus, e abraça a
causa da salvação de outros, obviamente
terá de enfrentar o número de demônios
multiplicado pelo número de almas que
deseja alcançar.
Se a salvação pessoal tem o custo da
renúncia da própria vida, imagine a
salvação de dezenas, centenas, milhares,
milhões e bilhões! Quer dizer: quanto
maior o número de pessoas a alcançar,
maior será o sacrifício da renúncia e,
conseqüentemente, maior o deserto.

Agora fica mais fácil entender o


sacrifício dos jejuns; das orações; das
perseguições; das renúncias; das
injustiças; das humilhações; enfim, do
deserto de Deus. Pois se a pessoa que é
chamada por Ele não suportar as
pressões espirituais do deserto e fugir,
certamente não poderá servir como Sua
escolhida.
Se não suportar as dificuldades do
deserto a que foi conduzida pelo
Espírito de Deus, como ajudará as
demais pessoas nos seus respectivos
desertos?

Além disso, não há teste escrito, ou oral,


para se saber se as condições espirituais
dos candidatos à Obra de Deus estão de
acordo com as exigências. É imperiosa a
necessidade de passarem pelo
deserto de Deus, para serem ou não
eleitos.

Moisés não sabia que tinha sido


escolhido, e nem que estava sendo
preparado, mas o Senhor Jesus sim.
O pecado
O pecado é a transgressão da Lei de
Deus. Em outras palavras, a
desobediência à Sua Palavra. O Senhor
não impõe nada a ninguém, mas para se
manter comunhão com Ele, é preciso se
submeter à Sua disciplina.

O ser humano viverá pela sua fé.


Somente se tem acesso à plenitude da
vida criada por Deus mediante a prática
da fé sobrenatural. E esta é uma certeza
doada aos humildes de espírito.

O malefício do pecado está justamente


em gerar a dúvida. Ora, a dúvida
neutraliza a fé; e não havendo fé, não há
salvação. Aí está a razão pela qual o
pecado conduz à morte eterna, e aí está
o mecanismo da ação da dúvida.

A principal ferramenta do homem de


Deus é a fé em exercício. Por meio dela
está sua comunhão com o Espírito Santo.
Se ele comete adultério, por exemplo,
imediatamente interrompe o exercício da
fé e passa a viver submetido à dúvida.
Claro! Seu grau de fé cai e o de dúvida
sobe, ocupando seu lugar. Assim sendo,
como seu trabalho de fé sobreviverá?

A fé depende da boa consciência, e se


esta é má, que tipo de pregação surtirá
efeito para salvação eterna? Sem
assumir os princípios morais, é
impossível executar e desenvolver a fé
sobrenatural.

Inicialmente se pode até ter um aparente


êxito (e se pode contar com a ajuda do
diabo), mas, finalmente, o prejuízo será
incalculável.

Todo pecado é pecado; não existe


pecado grande, médio ou pequeno. Por
ser tão puro, Santo e verdadeiro, Deus
não pode suportar o pecado, mesmo que
seja humanamente considerado o mais
insignificante.

Ele não pode ter comunhão com o


pecador. Por isso está escrito que o
preço do pecado é
a morte eterna. Qualquer que seja o
pecado, é capaz de levar o ser humano
para o lago de fogo e enxofre.

O que difere um pecado do outro,


entretanto, é o seu campo de atuação.
Existe o pecado que atinge a carne, o
que atinge a alma e ainda o que atinge o
espírito.

O altar ou o átrio
A diferença entre a Obra no altar e a
Obra no átrio se avalia pelo grau de
empenho realizado
em cada um deles.
Um altar é construído de tal forma, que
se sobressaia dos demais lugares, pela
sua altura. Altar é um lugar alto, onde se
oferecem ofertas de sacrifícios, razão
pela qual não pode ser comparado ou
mesmo nivelado ao átrio. Ele diz
respeito a Alguém que está acima de
tudo.

Noé, por exemplo, levantou um altar ao


Senhor (Gênesis 8.20). Não edificou
altar para sacrificar oferta por intuição
pessoal, muito menos por conselho dos
parentes. Mas, sabendo de sua profunda
gratidão pela sua salvação e de sua
família do dilúvio, Deus o orientou
como agradá-Lo.
Tendo tomado animais limpos e aves
limpas, Noé ofereceu holocaustos sobre
o altar. E o Senhor aspirou o suave
cheiro (Gênesis 8.20,21).

O mesmo se deu com Abraão, quando


edificou um altar ao Senhor (Gênesis
12.7). Os demais patriarcas, como
Isaque e Jacó, também levantaram
altares para oferecerem ofertas de
sacrifício, todas as vezes que o Senhor
lhes aparecia.

Quando a oferta de sacrifício era muito


especial, o altar era o próprio monte.
Foi o caso de Isaque, que seria
oferecido no Monte Moriá; o sacrifício
feito por Davi, na eira de Araúna; o de
Elias, no Monte Carmelo. Todos estes
eram tipos do sacrifício do Senhor Jesus
no Monte Calvário.

O átrio é um tipo da Igreja do Senhor


Jesus. Suas bases eram feitas de bronze,
significando a estabilidade da Igreja,
independente do sistema político vigente
no mundo.

Quando Pedro, dirigido pelo Espírito


Santo, declarou ser Jesus o Cristo, o
Filho do Deus Vivo, o Senhor
respondeu:“...sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra
ela” (Mateus 16.18).

Esta promessa garante aos verdadeiros


servos a conquista de almas, sob
quaisquer circunstâncias, além da
certeza de que não há portas fechadas.

Quando se é nascido de Deus, qualquer


dificuldade é encarada como
oportunidade, pois o Senhor da Obra é o
Deus Vivo e poderoso.
CONDICOES EM RELACAO AOS
SEMELHANTES

Não adianta o candidato a servo ter boa


vontade para com as demais pessoas, se
a sua condição espiritual não atender às
necessidades de servo de Deus. Se não
nasceu do Espírito Santo, ele não é
espírito e, conseqüentemente, não
poderá passar espírito para os demais.

É como a pessoa que, ao invés de buscar


a Deus, invoca o espírito de alguém
falecido, como se pudesse ajudá-la. Mas
como esse espírito poderia ajudar
alguém vivo, se não pôde ajudar a si
mesmo, enquanto estava na Terra? Não é
razoável se consultar os mortos a favor
dos vivos! Quanto a isso, aliás, a
Palavra de Deus é bem clara:

“Não se achará entre ti quem faça passar


pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem
adivinhador, nem prognosticador, nem
agoureiro, nem feiticeiro; nem
encantador, nem necromante, nem
mágico, nem quem consulte os mortos;
pois todo aquele que faz tal coisa é
abominação ao Senhor.”

Deuteronômio 18.10-12

“Quando vos disserem: Consultai os


necromantes e os adivinhos, que
chilreiam e murmuram, acaso, não
consultará o povo ao seu Deus? A favor
dos vivos se consultarão os mortos?”

Isaías 8.19

Assim, o sentimento de compaixão pelas


almas somente é válido quando
verdadeiramente se alcançou a
compaixão divina, através do novo
nascimento.

Mas quando esta condição está


plenamente satisfeita, então a direção do
Senhor Jesus é: “Mas, de preferência,
procurai as ovelhas perdidas da casa
de Israel” (Mateus 10.6).

Em outra ocasião, o Senhor respondeu:


“Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel” (Mateus
15.24).

A visão do servo tem de ser a mesma do


seu Senhor. Ou então ele não é servo.
Jesus mesmo disse:

“Se alguém me serve, siga-me, e, onde


eu estou, ali estará também o meu servo.
E, se alguém me servir, o Pai o
honrará.”

João 12.26

Mas onde está o Senhor, para que o


servo também esteja lá? Na igreja? Em
casa? Claro que não! O Senhor Jesus
está onde estão os sofridos;
desesperados; famintos; desabrigados;
presos; caídos; abandonados;
desiludidos; enfermos; desenganados;
embriagados; drogados; enfim, Ele está
onde estão os cansados e
sobrecarregados.

Portanto, nosso Senhor Se encontra


exatamente onde esta gente está, ou seja,
nos guetos e becos; nos hospitais; nos
presídios; nos lugares mais escusos e
escuros deste mundo: “Mas Jesus,
ouvindo, disse: Os sãos não precisam
de médico, e sim os doentes” (Mateus
9.12).

Quem serve ao Senhor tem como único


objetivo os perdidos que, diga-se de
passagem, de alguma forma estão em
busca de salvação.
A paixão pelas almas
Todo servo de Deus nutre dentro de si o
mesmo sentimento do seu Senhor. E qual
sentimento dirigia nosso Senhor? Diz o
texto sagrado:

“Percorria Jesus toda a Galiléia,


ensinando nas sinagogas, pregando o
evangelho do reino e curando toda sorte
de doenças e enfermidades entre o
povo.”

Mateus 4.23

O ministério do Senhor Jesus estava


alicerçado em três pontos: ensino,
pregação e manifestação de poder em
favor dos doentes e aflitos. Este trabalho
foi iniciado imediatamente após Ele ter
sido batizado nas águas, no Espírito
Santo e no fogo do deserto. Quer dizer:
tão logo foi preparado pelo Espírito, e
aprovado, partiu para os lugares mais
ermos, escusos e escuros, em busca das
almas perdidas.

O que mais se evidencia no convertido é


a sua sede de almas, o ardente desejo de
dar aos outros o mesmo recebido de
Deus. Todos os nascidos de Deus, sem
exceção, têm desejo de ganhar seus
semelhantes para o Senhor Jesus! É a
primeira manifestação dos nascidos do
Espírito. E tem mais: somente estes
ficam insatisfeitos enquanto os demais
também não nascem do Espírito.

A verdade é que muitos pregadores se


dão por satisfeitos quando as pessoas
aceitam Jesus como Senhor e Salvador.
Mas quem nasceu de novo sabe que isso
não é suficiente. É necessário um
sincero arrependimento, para que o
Espírito Santo possa operar o novo
nascimento.

Enquanto isso não acontece, a obra é


apenas palha. E quando vem o calor das
perseguições, essa palha se queima e se
dispersa, como cinzas ao vento. Paulo
sentiu este problema e disse: “Meus
filhos, por quem, de novo, sofro as
dores de parto, até ser Cristo formado
em vós” (Gálatas 4.19).

Logo após a sua conversão, Paulo seguiu


o ímpeto da fé e foi em busca de almas:

“Quando, porém, ao que me separou


antes de eu nascer e me chamou pela sua
graça, aprouve revelar seu Filho em
mim, para que eu o pregasse entre os
gentios, sem detença, não consultei
carne e sangue, nem subi a Jerusalém
para os que já eram apóstolos antes de
mim, mas parti para as regiões da
Arábia e voltei, outra vez, para
Damasco.”

Gálatas 1.15-17
Este é o espírito dos que realmente
nasceram de Deus. É impossível
experimentar os prazeres do mundo
vindouro e se calar. O próprio Espírito
Santo impulsiona a pessoa a repartir
com as demais. Paulo não ficou
esperando nenhuma “profecia pessoal”,
nenhuma visão ou preparo espiritual;
nem mesmo perguntou a alguém mais
experiente se deveria ou não ir em busca
dos gentios árabes.

Quem lhe havia ordenado, ou


autorizado, ir pregar entre os árabes?
Ninguém, aparentemente! Mas, cheio do
Espírito Santo, ele partiu, seguindo a
voz da fé sobrenatural, porque esta é a
voz de Deus.
Posso me lembrar quantas vezes meus
superiores espirituais me barraram a
sair pregando o Evangelho… E como
temesse ser considerado rebelde, fiquei
esperando, esperando, esperando…
Provavelmente estaria esperando até
hoje, se não tivesse tomado a atitude de
seguir a voz da fé.

Creio que muitos nascidos de Deus têm


sido extremamente zelosos quanto à
“obediência” aos seus respectivos
líderes espirituais. Com isso, escondem
seus talentos e, de uma certa forma,
cooperam com o reino das trevas.

A visão que temos recebido de Deus


quanto às almas é a seguinte: o mundo é
o campo de guerra entre os filhos da Luz
e os das trevas. Os da Luz têm recebido
instrução e direção do Espírito de Deus,
para resgatarem os que estão nas trevas;
enquanto isso, os espíritos das trevas
instruem seus filhos a destruírem os da
Luz.

Somente quem se encontra


permanentemente no altar está em
condições de ganhar essa guerra. Os que
estão no átrio podem auxiliar os que se
encontram no altar. Quando o crente não
é nascido do Espírito, seu coração é
egoísta e não se preocupa com os
demais. Mas quando é nascido da água e
do Espírito, seu coração ferve de
vontade de ganhar almas para seu
Senhor, pois entende que nasceu para
salvar.

A Igreja primitiva
A Igreja primitiva tinha tantos
problemas quanto a atual. Os mesmos
espíritos enganadores, que operavam
naqueles dias, operam nos dias atuais, e
continuarão operando no futuro. A única
forma de vencê-los é conduzir as
pessoas a um verdadeiro encontro
pessoal com o Senhor Jesus. Mas como?

Naqueles dias, os discípulos se


preocupavam em testemunhar
exaustivamente sobre a ressurreição do
Senhor Jesus. Ora, quando as pessoas
tomavam conhecimento de que Alguém
havia vencido o mais terrível inimigo
humano, a morte, imediatamente se
interessavam em conhecer Jesus.

E uma vez desejando isso ardentemente,


o Espírito Santo Se incumbia de lhes
revelar Seu Filho. Daí a Igreja se
expandia de forma natural, e com base.
Muitos hipócritas, entretanto,
mesclavam-se com os sinceros,
promovendo discórdias, ensinamentos
falsos e uma série de problemas no
desenvolvimento da Igreja.

Até então, as doutrinas divulgadas se


estabeleciam exclusivamente sobre o
Antigo Testamento. Os Evangelhos, o
início da Igreja, as cartas apostólicas e
o Apocalipse vieram algumas décadas
mais tarde. Portanto, aqueles cristãos
primitivos não tinham acesso ainda às
orientações apostólicas, como temos
hoje. A Bíblia deles se consistia apenas
nos escritos judaicos.

Foi quando o Espírito Santo escolheu


Paulo, filho de judeus, “circuncidado
ao oitavo dia, da linhagem de Israel,
da tribo de Benjamim, hebreu dos
hebreus; quanto à lei, fariseu; quanto
ao zelo,
perseguidor da igreja; quanto à justiça
que há na lei, irrepreensível”
(Filipenses 3.5,6), para orientar os
novos convertidos a se comportarem de
acordo com a nova fé cristã.

O trabalho de Paulo era um tipo do de


Moisés, na condução dos filhos de
Israel. O que Moisés recebeu do Senhor,
para o povo judeu, Paulo recebeu para
os cristãos. Portanto, as cartas
apostólicas, apesar de terem algumas
opiniões pessoais de Paulo, são, na sua
maior parte, revelação vinda
diretamente do Espírito para Sua Igreja.

O zelo da Casa do Senhor


Zelar pela Casa de Deus não é
simplesmente cuidar da sua limpeza,
porque isto qualquer incrédulo pode
fazer. Trata-se do cuidado espiritual, da
atenção para com os cansados e
sobrecarregados, que chegam
diariamente em busca de abrigo
espiritual; de conforto; de consolo; de
libertação; enfim, de fé para eliminarem
suas dúvidas e temores.

Cabe, então, ao servo de Deus estar


preparado para cuidar dessa gente
sofrida. E justamente por isso Deus tem
derramado Seu Espírito sem medida
sobre Seus servos! Ele sabe que por nós
mesmos não há nenhuma condição, mas
uma vez selados com o Espírito de
Deus, já não haverá mais situações
impossíveis.

“Maldito aquele que fizer a obra do


Senhor relaxadamente!”(Jeremias
48.10), disse o Senhor. A exemplo
disso, temos o sacerdote Eli. Ele tinha
dois filhos: Hofni e Finéias, também
sacerdotes do Senhor. Mas estes
costumavam se deitar com as mulheres
que serviam à porta da tenda da
congregação, ou seja, eram como muitos
de hoje, que se aproveitam da
autoridade espiritual para corromper
obreiras e levá-las ao pecado.

Eli era muito velho, mas ouvia tudo


quanto seus filhos faziam e, mesmo
assim, não tomava nenhuma atitude
enérgica contra eles. Por causa disso,
eles foram punidos por Deus e em sua
casa não se achou mais nenhum que
tivesse o privilégio de conservar o nome
de Eli no sacerdócio.

Esta maldição se cumpriu na casa de


Eli, e tem se cumprido na casa de muitos
maus servos, supostos homens de Deus.
Quando o pastor se aproveita da
fraqueza da ovelha e comete prostituição
ou adultério, é como se ele o fizesse
com sua própria filha, pois Deus o
colocou com autoridade espiritual para
cuidar daquela alma, da mesma forma
que os pais têm autoridade para cuidar
de seus filhos.
Portanto, os membros da igreja devem
ser considerados como filhos na fé, e se
o pastor se conduz de forma inadequada
para com eles, é como se o fizesse com
os próprios filhos.

O zelo da Casa de Deus deve ser motivo


de constante atenção, pois Ele conhece a
intenção do nosso coração e não Se
esquecerá jamais de como Seus servos
procedem.

A consideração do pastor para com as


suas ovelhas é a mesma para com o
Senhor Jesus. Quando o servo quiser
saber como está seu relacionamento com
o seu Senhor, basta avaliar o seu
relacionamento com as suas ovelhas.
O grau de consideração do servo para
com o Senhor é medido de acordo com a
sua consideração para com as ovelhas.
Se ele está interessado no seu leite, lã e
carne, é porque seu serviço ao
Senhor é feito por causa dos benefícios,
por interesse, e não pelo prazer.

Uma das razões por que a maioria dos


supostos servos de Deus não progridem
é simplesmente porque no fundo da alma
estão procurando servir à criatura, ao
invés do Criador. Têm suas mentes e
corações ocupados em agradar à direção
da instituição chamada Igreja. Isto
porque têm seus objetivos pessoais:
querem crescer na Obra, objetivando o
conforto material. Tratam das almas
como futuras ofertantes e dizimistas, não
como resgatadas do inferno para o
Reino do Senhor Jesus.

O Espírito Santo não dorme nem


cochila; vê todas as coisas e pesa a
intenção do coração de cada um.
Quando as intenções são mesquinhas e
individualistas, o servo pode ter sido até
muito bem preparado para servir a
Deus, mas jamais vai ter sucesso. Todo
o seu trabalho estará fadado ao fracasso.

Mas quando a intenção do coração é


honrada, quando há dentro da pessoa
uma sede de ganhar almas para o Senhor
Jesus, então o trabalho se desenvolve
naturalmente, pois o Espírito Santo tem
mais interesse em salvar e fazer nascer
de novo do que se tem necessidade.

Então Ele dirige, inspira, orienta, dá


visão e, além de tudo, conduz os aflitos
até Seu servo.

E mesmo não apresentando grandes


condições para servir, não importa… Se
o Espírito Santo Se agradar da pessoa, o
trabalho florescerá de forma gloriosa.

A maldição de Eli é como um espírito,


que vai passando de geração em
geração. Infelizmente a Obra de Deus
tem sido emperrada por causa da
quantidade de maus obreiros.

A pergunta é: para quem estou


trabalhando? Para a igreja física ou para
a Igreja espiritual? Para a IURD ou para
o Senhor Jesus? Na resposta, cada um
definirá o futuro do seu ministério.
Se procuro agradar à liderança, é
porque estou mal-intencionado e
procuro servir ao homem, e não a Deus.
Mas se meu ser está determinado em
salvar almas, em qualquer lugar, então
estou servindo ao Senhor Jesus.

A sabedoria no uso da
palavra
Os melhores profissionais estão sempre
se atualizando nos estudos de suas
respectivas ciências. Com o homem de
Deus não é diferente. Sua ferramenta de
trabalho é a Bíblia, e, como tal, ela deve
ser objeto de uso constante, não apenas
no que diz respeito à sua leitura, mas
sobretudo na sua meditação.

Há uma grande diferença entre a leitura


e a meditação na Palavra de Deus.
Enquanto a leitura transporta o leitor
para os fatos ocorridos há milhares de
anos, a meditação inspira a vontade
de Deus. Muita gente se esmera em
reunir o máximo possível de
conhecimentos bíblicos, e até decora
versículos e capítulos. Mas,
infelizmente, quase não tira proveito de
suas informações para sua vida.

E isto se deve ao fato de que leu mas


não meditou na Palavra de Deus. É na
meditação que se obtém a genuína fé,
capaz de torná-la prática no dia-a-dia. A
simples leitura da Bíblia traz
informações históricas do tempo em que
ela foi escrita, e faz absorver os fatos de
uma forma geral. As palavras-chaves e
mais importantes geralmente passam
despercebidas.

Com isso se ganha conhecimento


histórico, mas se perde a direção do
Espírito Santo para uma vida prática.
Em outras palavras, absorve-se
experiências dos heróis da fé do
passado, sem saber dos seus segredos
ou de como lograram êxito pela fé.

A leitura dá visão global, mas é na


meditação que se entendem os detalhes
das entrelinhas, criando assim uma fé
inteligente e prática. No preparo ao
discipulado, Paulo dá a seguinte
orientação a Timóteo:

“Procura apresentar-te a Deus aprovado,


como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra
da verdade.”

2 Timóteo 2.15

O manejo da palavra da verdade não se


trata de decorar a Bíblia, e assim passar
adiante. Mas, sim, de transmitir o
Espírito que há nela. Para tanto, é
necessário se saber interpretá-la, de
acordo
com Deus. Do contrário, a fé estará
separada da inteligência, e nenhum
proveito será obtido. Quantos não têm
sido os conhecedores das Escrituras,
que vivem como se nunca tivessem
acesso às suas informações?

O sacrifício e a fé
O sacrifício é a materialização da fé em
Deus. Se quisermos materializar as
promessas de Deus em nossas vidas,
primeiro temos de materializar nossa fé
nela. E é aí que entra o sacrifício.

O Senhor Jesus, convocando a multidão


juntamente com os discípulos, disse:
“Se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue, tome a sua cruz e
siga-me” (Marcos 8.34). Em outras
palavras, “quem quiser Me seguir, e
usufruir de todos os benefícios da Minha
companhia, tem que renunciar à sua
vontade”.

Isso significa que se quisermos tornar


reais os benefícios da presença de Deus,
temos de sacrificar nossa vontade. Uma
coisa em decorrência da outra. Por outro
lado, se não estivermos dispostos a
renunciar ao nosso “eu”, então não
podemos exigir os cumprimentos dos
benefícios da Sua presença. Toma lá,
dá cá!

A escolha é individual; cada um tem o


direito de decidir por si mesmo o que
fazer da sua vida. O que não se pode
admitir é o fato de a pessoa querer
usufruir os benefícios da fé sem querer
pagar o preço, ou seja, sacrificar. E não
tem outro caminho para se alcançar os
benefícios da fé! Ou a pessoa sacrifica
ou então fica à beira do caminho, vendo
o sucesso daqueles que sacrificam.

A Bíblia está cheia de exemplos dos


chamados “heróis da fé”, e cada um
deles, sem exceção, teve de fazer o seu
sacrifício. Mas os cristãos modernos
são mais indolentes na fé: querem os
benefícios da cruz mas não querem
pagar o preço do sacrifício. Ao invés
disso, preferem usar a astúcia e dizer
que o Senhor Jesus já pagou o preço no
Calvário; que não precisamos mais
sacrificar, pois está escrito isto e aquilo,
etc.

De fato, eles arranjam uma série de


pretextos para tentar obstruir a fé
daqueles que estão prontos para pagar o
preço. Provavelmente o espírito que os
guia é o de Caim: o da inveja. Por não
terem nenhuma afinidade com Deus, ou
por O desprezarem, suas ofertas não têm
sangue (vida).

Mas o pior não é isso, mas sim o fato de


tentarem barrar o caminho daqueles
movidos pela fé viva! Esse tipo de gente
deve ser completamente isolado, para
não contaminar a pureza da fé e
comunhão dos sinceros.

É preciso tomar muito cuidado com esta


gente, porque o mesmo espírito farisaico
do tempo do Senhor Jesus age nos dias
atuais. Sobre esse tipo de “cristão”, o
Senhor disse:

“Vede e acautelai-vos do fermento dos


fariseus e dos saduceus. Como não
compreendeis que não vos falei a
respeito de pães? E sim: acautelai-vos
do fermento dos fariseus e dos
saduceus.”

Mateus 16.6,11

É preciso se avaliar a vida dos heróis


da fé e imitá-los, para se alcançar os
mesmos resultados que eles alcançaram
de Deus.

A rebelião
Não há nada mais insuportável para
Deus do que a rebeldia, pois ela agride
frontalmente a Sua suprema autoridade.
Ela foi a razão do princípio de todo o
mal, e continua sendo a razão pela qual
tanta gente tem garantida sua entrada no
inferno.

A rebeldia é um ato de desrespeito à


autoridade constituída. E quando alguém
se posiciona contra a autoridade
instituída por Deus, está se colocando
contra a autoridade do próprio Deus.
Daí vem a maldição.

Quando o pai ou a mãe, cristãos ou não,


jogam praga no filho, pega. Por quê?
Porque eles têm a autoridade de Deus
sobre os filhos; a palavra que
determinarem para os filhos acontecerá.
Se são ou não convertidos, não faz
nenhuma diferença, pois
independentemente da crença, eles têm a
autoridade sobre os filhos.

Veja o caso de Abraão em relação a


Isaque; e deste em relação a Jacó e
Esaú. De Jacó para seus doze filhos.
Ora, assim como eles, todos os pais são
uma representação de Deus em relação
aos filhos.

A bênção dos patriarcas passou para


seus respectivos filhos, em virtude da
autoridade deles. Noé amaldiçoou Cão,
e a maldição pegou por causa da sua
autoridade. E se a autoridade dos pais é
tremenda, imagine a dos servos,
chamados e escolhidos por Deus!

Feitiçaria é culto aos espíritos imundos;


somente os possuídos pelo mal prestam
honras a ele. O pecado de rebeldia tem
o mesmo grau do pecado de feitiçaria:
“Porque a rebelião é como o pecado de
feitiçaria, e a obstinação é como a
idolatria e culto a ídolos do lar” (1
Samuel 15.23).

Saul foi o primeiro rei de Israel.


Rebelou-se contra a autoridade
espiritual instituída por Deus quando
desobedeceu à Sua Palavra. Ficou tão
obstinado pelo poder, que chegou até a
desconsiderar sua rejeição por parte de
Deus.

Ao invés de se humilhar profundamente,


e se voltar para Deus de todo o coração,
renunciar ao reinado e manter viva sua
comunhão com Ele, não! Pelo contrário,
manteve sua posição de rei por mais
trinta e oito anos, ainda que vivendo em
um verdadeiro inferno. Quer dizer: deu
mais valor à vida exterior do que à vida
interior. À semelhança de Esaú, ele
também optou pelo prato de lentilhas.

Em toda a história da Igreja Universal


do Reino de Deus, nenhum, dos muitos
que se rebelaram, conseguiu sobreviver.
Não porque tenham sido amaldiçoados,
mas porque se amaldiçoaram a si
mesmos, quando se rebelaram contra a
autoridade constituída pelo Espírito
Santo.
Satanás não foi criado, mas se tornou
príncipe das trevas e maldito, por causa
de sua rebelião contra Deus. E todos
quantos se rebelam contra a autoridade
são inspirados e guiados pelo mesmo
espírito de Satanás.

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