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FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE FISIOTERAPIA

CRISTINA QUADRADO DE SOUZA BIBIANO

A EFETIVIDADE DOS PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO PRECOCE NO


NEURODESENVOLVIMENTO DE BEBÊS NASCIDOS PREMATUROS: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Porto Alegre
2022
CRISTINA QUADRADO DE SOUZA BIBIANO

A EFETIVIDADE DOS PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO PRECOCE NO


NEURODESENVOLVIMENTO DE BEBÊS NASCIDOS PREMATUROS: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Centro Universitário Ritter
dos Reis como parte das exigências para
obtenção do título de bacharel em
Fisioterapia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Luana Silva de Borba

Porto Alegre
2022
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao meu Deus Pai por conceder-me o dom da vida, saúde,
sabedoria, е resiliência para não desistir durante a realização deste trabalho.
A minha vida que é valiosa nas mãos de Deus.
A minha mãe Silvestina Quadrado de Souza, pelo exemplo de trabalho honesto,
sendo inspiração para toda minha jornada acadêmica.
Ao meu pai Romeu Silva de Souza (in memoriam), pelo legado de esforço e
perseverança, vindo a ser um incentivo em todos os meus desafios na jornada da vida.
Ao meu esposo Wagner Lucas Bibiano por estar sempre presente me impulsionando
a continuar a avançar, pelo sincero amor com que me ama e cuida de mim.
Ao nosso filho Ronaldo Souza Bibiano pelo seu genuíno amor e admiração por
mim.
A minha sogra Ieda da Rocha Lucas por sua amizade, companheirismo sem igual.
A minha amiga e colega Maria Clara Lemos que sempre me ouviu e buscou me
ajudar para a elaboração deste trabalho.
A minha amiga Danúbia Simas que sempre me incentivou com as suas palavras
inspiradoras ao longo do período acadêmico.
As minhas amigas Daiane Vieira, Elisangela Laguna, Raquel Dadalt e Raquel
Ullmann pela oração intercessora por mim.
Aos meus professores que com seus conhecimentos e sabedoria fizeram este
caminho ser mais fácil.
A Prof.ª Dra.ª Luana Silva de Borba que me orientou neste percurso. Eterna
gratidão.
“Os teus olhos [Deus] viram o meu embrião;
todos os dias determinados para mim foram
escritos no teu livro antes de qualquer deles
existir.”
(Salmo 139: 16 NVI)
RESUMO

Introdução: Recém-nascidos prematuros e/ou com baixo peso de 1.500g ao nascer


apresentam maior probabilidade de desenvolver comprometimento de seu
neurodesenvolvimento. A intervenção precoce torna-se essencial na prevenção ou controle
dos possíveis atrasos na aquisição marcos do desenvolvimento. Objetivo: Revisar a literatura
publicada nos últimos 10 anos sobre a efetividade dos programas de intervenção precoce no
desenvolvimento motor de bebês nascidos pré-termo. Métodos: As buscas pelos estudos foram
realizadas nas bases de dados eletrônicas Pubmed, Cochrane Library, PEdro, Scielo/BVS,
Periódico Capes e Scopus. Resultados: Foram encontrados 168 estudos, sendo 6 estudos
incluídos pelos critérios de elegibilidade. Os estudos relataram o programa de intervenção
precoce como principal estratégia terapêutica da fisioterapia e equipe multidisciplinar de
saúde envolvida no acompanhamento do neurodesenvolvimento dos bebês nascidos
prematuros. A literatura relata que programas de intervenção precoce têm apresentado
resultados satisfatórios nesta população. Conclusão: A intervenção precoce mostrou-se
eficiente no manejo de bebês nascidos prematuros para prevenção e/ou tratamento de atrasos
no neurodesenvolvimento.

Palavras-chave: Intervenção Precoce; Estimulação Precoce; Recém-nascido; Prematuridade;


Neurodesenvolvimento; Desenvolvimento motor.
ABSTRACT

Introduction: Premature newborns and/or with a low weight of 1,500g at birth are more
likely to develop impaired neurodevelopment. Early intervention becomes essential in
preventing or controlling possible delays in the acquisition of developmental milestones.
Objective: To review the literature published over the last 10 years on the effects of early
intervention programs on the motor development of preterm infants. Methods: Searches for
studies were carried out in the electronic databases Pubmed, Cochrane Library, PEDro,
Scielo/BVS, Periodical Capes and Scopus. Results: A total of 168 studies were found, of
which 6 studies were included according to the eligibility criteria. The studies reported the
early intervention program as the main therapeutic strategy of physiotherapy and
multidisciplinary health team involved in monitoring the neurodevelopment of premature
babies. The literature reports that early intervention programs have shown satisfactory results
in this population. Conclusion: Early intervention proved to be efficient in the management
of premature babies for the prevention and/or treatment of neurodevelopmental delays.

Keywords: Early Intervention; Early Stimulation; Newborn; Prematurity; Neurodevelopment;


Motor Development.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9
2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 12
2.1. Critérios de elegibilidade ..................................................................................... 12
2.2. Fontes de busca ..................................................................................................... 12
2.3. Estratégias de busca ............................................................................................. 12
2.4. Seleção dos estudos ............................................................................................... 13
2.5. Extração dos dados ............................................................................................... 13
3. RESULTADOS ..................................................................................................... 14
3.1. Resultados das buscas .......................................................................................... 14
3.2. Características dos estudos incluídos.................................................................. 15
3.3. Resultados da avaliação do risco de viés ............................................................ 19
4. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 20
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 25
ANEXO A – NORMAS DA REVISTA......................................................................... 28
ANEXO B – ESCALA DE PEDRO .............................................................................. 35
A EFETIVIDADE DOS PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO PRECOCE NO
NEURODESENVOLVIMENTO DE BEBÊS NASCIDOS PREMATUROS: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

The effectiveness of early intervention programs in the neurodevelopment of premature


born babies: an integrative literature review

Cristina Quadrado de Souza Bibiano¹, Luana Silva de Borba²

¹ Acadêmica do Curso de Graduação em Fisioterapia do Centro Universitário Ritterdos Reis.


² Fisioterapeuta. Doutora em Ciências do Movimento Humano. Docente do Curso de
Fisioterapia do Centro Universitário Ritter dos Reis. Endereço para correspondência:

Cristina Quadrado de Souza Bibiano


Rua Pingo de Ouro, n° 31, bairro Chácara das Rosas CEP 94967386 – Cachoeirinha – RS –
Brasil.
Telefone: (51) 983541702. E-mail: cris.bibiano0812@gmail.com

Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de bacharel em Fisioterapia.

8
1. INTRODUÇÃO

O nascimento prematuro, definido como o parto que ocorre antes de 37 semanas de


idade gestacional, é a principal causa de mortalidade perinatal em idade gestacional menor
que 28 semanas e, morte dentro de 7 dias após o nascimento1. Registros epidemiológicos do
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) no Brasil entre 2012 a 2019, foram
registrados 23.059.611 nascidos vivos, sendo 20.574 (0,09%) nascimentos prematuros
extremos, 122.132 (0,53%) prematuros severos e 2.188.723 (9,49%) prematuros moderados
ou tardios, com taxas variando de 10,87% a 9,95%. Segundo a idade gestacional, o
nascimento pré-termo pode ser classificado em prematuridade extremo (de 22 a menos de 28
semanas), prematuridade severa (de 28 a menos de 32 semanas) e prematuridade moderada a
tardia (de 32 a menos de 37 semanas). As causas obstétricas que levam ao parto prematuro
são: (1) parto por indicação materna ou fetal, onde o trabalho de parto é induzido ou o bebê
nasce por cesariana antes do parto, cerca de 30-35% dos partos; (2) trabalho de parto
prematuro espontâneo com membranas intactas, 40-45%; e (3) ruptura prematura de membranas pré-
termo (PPROM), cerca de 25-30%².
As causas do parto prematuro são complexas e incluem fatores comportamentais,
sociais, ambientais, genéticos, biológicos, médicos e iatrogênicos (causados por tratamento ou
diagnóstico), como tratamento de infertilidade. Tentativas divulgadas ou não de aborto tardio
podem aumentar o risco do parto prematuro (ROHWER, C., et al., 2020). A prematuridade é
o principal fator de risco biológico para atrasos no desenvolvimento infantil. O
desenvolvimento humano, consiste em três principais domínios, ou aspectos, em toda sua
complexidade do eu: desenvolvimento físico, crescimento do corpo e do cérebro, incluindo os
padrões de mudança nas capacidades sensoriais, audição e visão, nas habilidade motoras da
criança em sustentar a cabeça, rolar, sentar, engatinhar, ficar em pé e andar; desenvolvimento
cognitivo, padrão de mudança nas habilidades mentais do aprendizado, atenção, memória,
linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade; e o desenvolvimento psicossocial, envolve
padrão de mudança nas emoções, personalidade e relações sociais (TANEJA, S. et al., 2020;
KARPEN, S. F. M., 2018).
Crianças nascidas prematuras apresentam taxas mais altas de comprometimento do
neurodesenvolvimento do que seus pares a termo (PANCERI et al., 2022), com alto risco de
atrasos em vários domínios do desenvolvimento como motor, cognitivo, linguagem e social.
Em idade pré-escolar, crianças nascidas prematuras apresentam déficits na função executiva
(controle inibitório, flexibilidade cognitiva, memória de trabalho e planejamento executivo)

9
(SANDOVAL, 2021) e linguagem receptiva e expressiva (SANCHEZ, 2019). Identificar o
mais cedo possível os comprometimentos do neurodesenvolvimento nesta população
permitirá que intervenções precoces sejam implementadas, de preferência que anteceda a
idade escolar para prevenção dos riscos inerentes a prematuridade (SPITTLE, A. et al., 2015).
Intervenção Precoce significa intervir o mais rápido possível na resolução de
problemas relacionados a distúrbios cerebrais perinatais ou congênitos (SGANDURRA, G., et
al., 2014). Aplicado em uma fase crítica de desenvolvimento de todos os domínios, ou
aspectos funcionais do neurodesenvolvimento. A intervenção precoce objetiva potencializar a
plasticidade cerebral nos primeiros anos de vida, e promover um melhor resultado funcional
às crianças. Vários programas de intervenção precoce estão disponíveis para crianças nascidas
prematuras com ou sem algum diagnóstico clínico. Entre os principais programas de
intervenção precoce, pode-se destacar protocolos baseados nos três principais domínios do
desenvolvimento humano, motor, cognitivo e psicossocial (SPITTE, 2012).
O programa de intervenção precoce após alta hospitalar, em ambiente domiciliar, é
composto por 3 sessões: a sessão intelectual/sensorial com estimulo auditivo e visual, a física
por meio de massagem corporal, e a sessão social utilizando o Método Canguru, podem ser
implementadas separadamente (FAN, J. et al., 2021). Este programa visa promover o
crescimento físico (comprimento, perímetro cefálico cm, peso kg) do recém-nascidos
prematuros numa combinação de fatores. Com a massagem corporal busca melhorar a função
gastrointestinal e aumentar o crescimento físico, e com Método Canguru estimular um sono
profundo e um estado de vigília/alerta tranquilo (CHOI, 2016; BASTANI, 2017; THAM, K.
Elaine, SHNEIDER, N., BROEKMAN, F. Birit, 2017). De forma semelhante, outro programa
de intervenção composto por estimulação tátil-cinestésica realizado pelas mães associado ao
método mãe canguru, com contato pele a pele, do período neonatal até a alta hospitalar; 10
sessões de estimulação; e 10 visitas domiciliares após a alta, objetiva avaliar e monitorar o
desenvolvimento motor de bebês nascidos prematuros e fornecer orientação aos pais
(SILVEIRA, RC. et al., 2018).
O Coping with and Cuing for Infants with Special Needs (COPCA), um programa
centrado na família em ambiente domiciliar, consiste em princípios teóricos e práticos de
dois componentes: (1) um componente educacional que se concentra na família; (2) um
componente motor baseado na teoria de seleção de grupo neural (KARA, K. et al., 2019). O
programa busca ensinar aos cuidadores como estimular o neurodesenvolvimento de seus
bebês, desafiando o seu comportamento motor com experiências de tentativa e erro. Na
intervenção COPCA, a mãe se posiciona a esquerda brincando com o bebê, e desafia-o ao

10
comportamento motor autorreproduzido enquanto recebe dicas do treinador, não havendo
intervenção direta do mesmo (ZIEGLER, A. et al., 2020). Já o programa Brincadeira de
Apoio, Exploração e Intervenção de Desenvolvimento Precoce (SPEEDI), acontece mediante
intervenção realizada pelo terapeuta com a participação dos pais, utilizando de estratégias de
participação guiada. Neste programa o terapeuta capacita os pais por intermédio do
recebimento de um iPad que inclui uma demonstração em vídeo de vários exemplos de sinais
de estresse, estratégias calmantes e modificações ambientais que fornecem oportunidades
diárias de enriquecimento ambiental e aprendizado consistente com os princípios-chave da
intervenção (DUSING, C. et al., 2020).
Ainda, destaca-se o Care Toy system at infant’ s home (Sistema Care Toy na casa do
bebê) que consiste em um sistema modular inteligente tecnológico, com uma ferramenta de
tele reabilitação para intervenção precoce em bebês com risco de transtorno do
neurodesenvolvimento. Denominado Care Toy Home, o programa é composto por 4 módulos:
1) módulo ginásio constituído por um kit de brinquedos sensorizados com diferentes formas e
tamanhos, duas paredes interativas (parece de feedback com sons e luzes incorporado), uma
parede de cintura com uma almofada sensorizada, um arco com luzes, e 4 câmaras; 2) módulo
de visão (tela de parede), equipado com um grande monitor; 3) módulo de tapete com tapete
sensorizado e três sensores vestíveis (duas pulseiras e cinta peitoral) e 4) módulo de
telereabilitação que permite a comunicação entre o sistema Care Toy e o centro clínico
(SGANDURRA, G. et al., 2014 e 2017).
A falta de consenso na literatura a respeito do melhor ou mais eficaz dos protocolos de
intervenção precoce utilizados para estimular o neurodesenvolvimento de bebês prematuros
justifica a realização desta revisão. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi
revisar a literatura publicada nos últimos 10 anos sobre a efetividade dos protocolos de
intervenção precoce existentes no neurodesenvolvimento motor de crianças nascidas
prematuras.

11
2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Critérios de elegibilidade

O presente estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura dos últimos 10


anos, nos idiomas de português e inglês, sendo incluídos estudos que abordassem a
efetividade dos programas de intervenção precoce existentes para estimulação do
neurodesenvolvimento de bebês prematuros, com idade gestacional menor que 37 semanas,
de zero a 24 meses de idade corrigida, de ambos os sexos. Foram selecionados estudos com
bebês nascidos pré-termo de ambos os sexos, submetidos a programa de intervenção precoce.
Foram incluídos somente ensaios clínicos randomizados controlados, sendo excluídos os
estudos com os seguintes critérios: (I) publicados há mais de 10 anos, (II), duplicados de
estudos já incluídos, (III) estudo de caso, (IV) coorte, (V) estudos com técnicas diferentes
associadas.

2.2. Fontes de busca

Como fonte de buscas, foram utilizadas as bases de dados eletrônicas Pubmed,


Cochrane Library, PEDro, Scielo/BVS, Periódico Capes Scopus. As buscas foram concluídas
em outubro de 2022.

2.3. Estratégias de busca

Para a estratégia de busca foram definidos os termos mediante ao Sistema de


metadados médicos Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS) conforme o Tabela 1.

Tabela 1 – Termos para a estratégia de busca

Ealry Intervention, Educational


AND
Infant, Premature
AND
Infant development

12
2.4. Seleção dos estudos

A avaliação da elegibilidade e análise dos estudos foi realizada pela leitura dos
títulos, resumos e textos completos, a fim de identificar com segurança quais cumpriam os
critérios de inclusão estabelecidos para a presente revisão integrativa.

2.5. Extração dos dados

Para extração dos dados foi elaborada uma planilha com as seguintes informações:
identificação do estudo (título e autores), ano de publicação, país de origem do estudo,
método do estudo, objetivos, características da amostra, desfechos, instrumentos de
avaliação, duração das sessões, programa de intervenção, principais resultados e outras
informações consideradas relevantes para o estudo.

13
3. RESULTADOS

3.1. Resultados das buscas

Inicialmente, foram identificados 168 estudos nas bases de dados eletrônicas. Após a
exclusão dos artigos duplicados e análise dos títulos, resumos e textos completos, 6 estudos
foram selecionados por se adequarem aos critérios de elegibilidade. O fluxograma de seleção
dos estudos pode ser visualizado na Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de seleção de estudos


Identificação

Estudos identificados Registros duplicados:10


nas bases de dados:168
artigos artigos

Estudos excluídos
Triagem

Estudos selecionados
pela leitura do texto: 42 pelo título e/ou resumo:
artigos 32 artigos
Elegibilidade

Artigos de texto
completo avaliados Artigos excluídos:
para elegibilidade: 4 artigos
10 artigos

Estudos incluídos
Incluídos

para elaboração da
revisão:
6 artigos

Fonte: Protocolo Prisma (2020).

14
3.2. Características dos estudos incluídos

Os estudos selecionados foram publicados no período de 2013 a 2022, nos países


China, Suíça, Estados Unidos, Turquia, Brasil e Itália. Foram encontrados no total seis
ensaios clínicos randomizados. A amostra de participantes nos estudos variou de 16 a 100
bebês. Os estudos incluíram pacientes de ambos os sexos, com idade gestacional inferior a 37
semanas.
Todos os estudos abordaram sobre os efeitos dos diferentes programas de intervenção
precoce existentes no desenvolvimento motor infantil de prematuros, sendo destacados o
programa com sessões intelectual, física e social; o programa centrado na família Coping
with and Cuing for Infants with Special Needs (COPCA); Brincadeira de Apoio, Exploração
e Intervenção de Desenvolvimento Precoce (SPEEDI); o programa de estimulação tátil-
cinestésica do ambiente hospitalar até o domiciliar; e o Sistema Care Toy (Brinquedo de
Cuidado). Para avaliação dos desfechos, foram utilizados o Perfil Motor Infantil (IMP), o
teste de triagem da escala Desenvolvimento Infantil e Infantil, 3º edição (Bayley-III), e a
Alberta Infant Motor Scale (AIMS). Os programas de intervenção precoce foram conduzidos
por fisioterapeutas ou equipe multidisciplinar de saúde para estimulação do desenvolvimento
motor de bebês nascidos prematuros e/ou com baixo peso.
Os seis estudos analisados demonstraram resultados positivos e significativos dos
programas de intervenção no neurodesenvolvimento motor dos bebês prematuros
participantes. Esta abordagem terapêutica atua na prevenção e/ou estimulação precoce da
aquisição dos marcos motores do desenvolvimento. As características dos estudos podem ser
verificadas na Tabela 2.

15
Tabela 2 – Características dos estudos selecionados (continua)

Primeiro Participantes Objetivos Idade de Intervenção Resultado


Autor/Ano/ intervenção
Local
Juan Fan et al. 73 Avaliar a viabilidade e A intervenção Consiste em um treinamento intelectual Houve melhora em todas as medidas de
(2021), China Participantes eficácia do treinamento ocorreu quando os conduzido por um pesquisador com experiência resultados no TIMP (versão chinesa), DQ e
intelectual em bebês bebês tinham 16 em reabilitação, entregue aos pais de bebês crescimento físico de T0 a T1 em ambos os
GI (n =37) recém-nascidos meses de idade nascidos prematuros para aplicar pós alta, o grupos GI (EI-SC) e o GC (SC-EI).
GC (n =36) prematuros, incluindo o corrigida. programa de intervenção precoce baseado em 3 GI mostrou uma melhora significativa maior no
GR (n =33) papel de melhorar a sessões: intelectual, física e social em casa, sob TIMP e crescimento físico do que o GC.
função audiovisual e o orientação da equipe médica. 1x ao dia, por 30
desenvolvimento dias. Nenhuma diferença no quociente de
neurocomportamental, o desenvolvimento (DQ) geral e ao DQ de cada
Todos os bebês receberam cuidados padrão pós subdomínio entre os 3 grupos.
papel de reduzir o nível alta; foram entregues cartilhas com orientações
de ansiedade dos pais de cuidados aos pais; todos os bebês receberam Na avaliação do ponto final T2, os grupos GI e
no cuidado de bebês avaliações neurológicas; GI receberam primeiro GC apresentaram TIMP e medidas
prematuros, para intervenção precoce e depois cuidados padrão + antropométricas semelhantes, significativas e
fornecer evidências para acompanhamento regular; GC receberam maiores que o grupo de referência. Entretanto,
a promoção do primeiro cuidados padrão e depois não houve diferença entre os grupos.
programa de acompanhamento regular.
intervenção precoce.
Na fase aberta, os lactentes do GI continuaram
com os cuidados padrão e o GC receberam o
programa de intervenção precoce.

Schirin Akhbari 16 Comparar o impacto do A intervenção 16 sessões de COPCA gravadas em vídeo. Escores totais do Perfil Motor Infantil (IMP) e os
Ziegler et al. Participantes programa centrado na aconteceu quando 16 sessões de cuidado padrão gravadas em escores dos domínios adaptabilidade, simetria e
(2020), Suíça família, Lidando com e os bebês tinham 3 vídeo. fluência não diferiram entre os grupos.
GCOPCA (n=8) Cuidando de Bebês com a 24 meses de
1 sessão presencial na semana de 30 a 45 Os escores do IMP para os domínios de variação
GCP (n=8) Necessidades Especiais idade corrigida. e desempenho foram semelhantes em ambos os
(COPCA) e da minutos.
grupos na linha de base, após 3 e 6 meses, com
fisioterapia infantil GCOPCA foi ministrada por treinadores da escores mais altos no GCOCPA comparado ao
padrão em recém- COPCA que seguiram os princípios teóricos e GCP aos 18 meses de idade corrigida.
nascidos prematuros práticos do programa + cuidadores ensinados
sem lesões cerebrais como estimular e desafiar o comportamento
significativas. motor com experiências de tentativa e erro.
GCP foi baseado em técnicas de facilitação
neuromotoras.

16
Tabela 2 – Características dos estudos selecionados (continua)

Primeiro Participantes Objetivos Idade de Intervenção Resultado


Autor/Ano/ intervenção
Local
Stacey C 90 Avaliar a eficácia e o A intervenção Todos os bebês receberam cuidados Este estudo é um ensaio controlado
Dusing et al. Participantes momento (precoce ou fornecida a padrão na UTIN e na comunidade. longitudinal.
(2020), tardiamente) da partir dos 3 A intervenção SPEEDI é realizada em 2 Apresenta como hipótese principal: bebês
Estados intervenção meses de idade fases: fase 1 com foco no aprendizado e que recebem SPEEDI (precoce ou
Unidos fisioterapêutica corrigida. interação dos pais; fase 2 na intervenção tardiamente) terão medidas de resultados
SPEEDI - direta. mais altas nas escalas Bayley de Escores
Brincadeira de Cognitivos e Motores Grossos em Escala de
GSPEEDI_Early e GSPEEDI_Late
Apoio, Exploração e Desenvolvimento Infantil e Infantil, 3ª
receberam a mesma intervenção, na
Intervenção de edição (Bayley-III), avaliadas na visita 3 e 7
mesma dose, mas em diferentes estágios
Desenvolvimento meses após o início do estudo, comparado
de desenvolvimento.
Precoce. ao grupo de tratamento padrão.
10 visitas/sessões + 3 meses de
estimulação, 1x ao dia, 20 minutos,
fornecida pelos pais.
Ozgun K. 42 Determinar o efeito A intervenção Ambos os grupos iniciaram com 3 meses Após 9 meses e o período de
Kara et al. Participantes da intervenção ocorreu quando de idade corrigida até 24 meses de idade acompanhamento de intervenção COPCA e
(2019), baseada na família na os bebês tinham corrigida. TEIP (grupo x tempo), os escores de
GE (n =21)
Turquia função motora de 3 a 24 meses de Foi utilizado apenas a escala Bayley de mudança foram significativas para ambos os
GC (n =21) bebês prematuros.42 idade corrigida. grupos no desenvolvimento motor fino e
Escores Motores Finos e Grossos (Bayley-
lactentes, 21 bebês III). grosso (segundo Bayley-III).
randomizados para o Nenhuma diferença significativa foi
2x por semana, 60 minutos por sessão,
grupo de intervenção encontrada entre os grupos no
durante 36 semanas (9 meses), um total de
baseada na família desenvolvimento motor fino e grosso de
72 sessões.
(grupo de estudo), e acordo com a escala Bayley de Escores
21 lactentes para o GE recebeu o programa baseado na
Motores Finos e Grossos (Bayley-III).
grupo de intervenção família, COPCA, no ambiente domiciliar,
precoce tradicional GC recebeu o programa tradicional de
(grupo controle). intervenção precoce (TEIP), também
chamado de fisioterapia infantil de rotina.

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Tabela 2 – Características dos estudos selecionados

Primeiro Participantes Objetivos Idade de Intervenção Resultado


Autor/Ano/ intervenção
Local
Rita C. 100 Desenvolver um A intervenção Com início no 7º dia de vida, ambos os O protocolo do presente estudo está em
Silveira et al. Participantes programa de teve início grupos receberam cuidados convencional andamento com um programa de
(2018), Brasil GI (n =50) intervenção precoce quando os bebês na UTIN. intervenção precoce, contínua e global +
para lactentes muito tinham 0 a 24 GI: estimulação tátil-cinestésica pelas orientações aos pais.
GC (n =50)
prematuros que meses de idade mães + cuidados convencionais; *após a Visa obter como resultado inovador e
permita às famílias corrigida. alta: 10 sessões de estimulação, 3x essencial avaliar (segundo diretrizes para o
aplicá-lo semana, 15 minutos + 10 visitas vínculo parental) se os pais podem aprender
continuamente em domiciliares. como apoiar o desenvolvimento dos
casa e quantificar os GC: receberam os cuidados convencional processos motores e cognitivos (segundo as
resultados da que consiste no método mãe canguru e escalas AIMS / Bayley-III) de seus filhos,
estimulação parental após a alta + acompanhamento recebendo treinamento especializado e
precoce na melhoria mensal/bimestral no ambulatório de multidisciplinar de habilidades.
da cognição e das Neonatologia.
habilidades motoras.
Giuseppina 41 Avaliar os efeitos da No inicio da Care Toy foi programado diariamente, Após 4 semanas de intervenção Care Toy
Sgandurra et Participantes intervenção Care Toy intervenção os incluindo finais de semana, em ambiente (T0 a T1), os escores total e os subdomínios
al. al. (2017), GCare Toy no desenvolvimento lactentes tinham domiciliar, 30-45 minutos com duração de desempenho e variação (segundo IMP)
Itália motor e visual entre 3 e 9 4 semanas; organizado em 2 fases: na fase foram significativamente maiores
(n =19)
precoce em bebês meses de idade 1 uma semana é dedicada à habituação da comparado ao grupo Cuidado Padrão, e para
GCP (n =22) prematuros de curto corrigida. criança e dos pais ao sistema e à os escores total (segundo AIMS) maiores
prazo. identificação dos principais objetivos da nos subdomínios supino e prono (mas não
reabilitação; na fase 2 durante 3 semanas, estatisticamente significativa) comparado
consiste no planejamento contínuo e na com o Standart Care.
customização do treinamento em relação Não houve diferenças nas mudanças entre
às atividades diárias e ao progresso. os 2 grupos em todas as variáveis medidas
Standart Care/Cuidado Padrão consistiu ao final da fase aberta (T2 a T0).
em uma abordagem de acompanhamento
bimestral, durante 4 semanas.

Legenda: IG: idade gestacional. GI: grupo intervenção. GC: grupo controle. TIMP: teste de desempenho motor infantil. GDS: cronogramas de desenvolvimento da Gesell. GC: grupo convencional. UTIN: UTI
neonatal. BSDI-III; Bayley Scale Devolepment Index-III edição. TIMP: teste da performance motora dos bebês. IC: intervalo de confiança. AIMS: Alberta Infant Motor Scale. SPEEDI: Supporting Play Exploration and
Early Development Intervention. COPCA: Lidando e Cuidando de Crianças com Necessidades Especiais. TEIP: programa tradicional de intervenção precoce ou fisioterapia infantil de rotina

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3.3. Resultados da avaliação do risco de viés

A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada através da Escala PEDro, sendo
este um instrumento de avaliação do risco de vieses. A escala PEDro foi desenvolvida pela
Physiotherapy Evidence Database para ser empregada em estudos experimentais, com
pontuação total de até 10 pontos. Cada item presente no estudo soma um ponto na escala,
sendo o primeiro item excluído da soma da pontuação. Os itens avaliados por essa escala
consistem em critérios de elegibilidade, alocação aleatória, sigilo na alocação,
similaridade dos sujeitos, amostra cega, terapeutas cegos, avaliadores cegos, desfecho
em 85% dos sujeitos, tratamento ou controle conforme alocação, pelo menos um
resultado-chave intergrupos e, medidas de precisão. Entre os 6 estudos, dois ficaram com
pontuação 8, 3 com pontuação 7 e 1 estudo ficou com pontuação 6. Estudos com pontuação
acima de 6 são considerados de boa qualidade metodológica. Os resultados da avaliação da
qualidade metodológica dos estudos podem ser visualizados no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Avaliação da qualidade metodológica dos estudos pela Escala PEDro

9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Juan Fan 2021 Schirin Akhabari Stacey C. Ozgun K. Kara Rita C. Silveira Giuseppina
2021 Dusing 2020 2019 2018 Sgndurra 2017

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4. DISCUSSÃO

A presente pesquisa teve como objetivo revisar a literatura publicada nos últimos 10
anos sobre a efetividade dos protocolos de intervenção precoce existentes para estimulação
do desenvolvimento motor de crianças nascidas prematuras. O nascimento prematuro oferece
alto risco para atrasos no neurodesenvolvimento infantil, a curto ou a longo prazo tanto na
aquisição de habilidades motoras, quanto cognitivas. Com a realização desta revisão
encontrou-se na literatura vários protocolos de intervenção precoce disponíveis para recém-
nascidos e bebês prematuros com ou sem condição de saúde diagnosticada, podendo ser
utilizados pelos profissionais fisioterapeutas ou equipe multidisciplinar de saúde (SILVEIRA
et al., 2018).
Para esta revisão foram selecionados seis ensaios clínicos, sendo que dois abordaram o
programa de intervenção precoce baseado nos três principais domínios do desenvolvimento
humano, motor/físico, cognitivo e psicossocial; outros dois estudos que compararam a
efetividade do programa centrado na família COPCA (Coping with and Cuing for Infants with
Special Needs) com a fisioterapia pediátrica convencional; um estudo que abordou acerca dos
efeitos do sistema Care Toy (Brinquedo de Cuidado); e um estudo que investigou sobre o
protocolo SPEEDI (Supporting Play Exploration and Early Development Intervention) no
oferecimento de cuidado precoce ao recém-nascido prematuro.
O programa de intervenção precoce intelectual, física/motora e social no
neurodesenvolvimento, conduzido por FAN e colaboradores (2021), teve início com uma
sessão de treinamento aos pais que antecedeu a implementação do programa, organizado em
uma palestra didática seguida de uma oficina de simulação conduzidos por um pesquisador
com experiência em reabilitação. Após a alta, todos os setenta e três bebês recém-nascidos
prematuros com idade gestacional inferior a 32 semanas elegíveis, foram alocados em dois
grupos de intervenção nomeado como intervenção precoce, seguido de cuidados padrão (EI-
SC) e, cuidados padrão, seguido de intervenção precoce (SC-EI). Trinta e três bebês
recrutados como grupo de referência, receberam acompanhamento clínico bimestral de
cuidados padrão, tendo o seu desenvolvimento motor avaliado pelo Teste de Desempenho
Motor Infantil (TIMP). Foram incluídas orientações aos pais com a entrega de cartilhas
contendo informações quanto alimentação, prevenção de doenças e lesões, vínculo com os
pais, imunização agendada e serviço de apoio disponíveis, se necessário (FAN et al., 2021).
A intervenção precoce do estudo de FAN et al. (2021) ocorreu de acordo com os
marcos do desenvolvimento esperados para a idade corrigida de 16 meses, durante o período

20
de seis meses após a alta em ambiente domiciliar. As atividades foram realizadas diariamente,
por qualquer um dos pais capazes de cuidar 24 horas por dia do bebê. A intervenção consistiu
em estímulos sonoros suaves à audição e objetos de cor vibrante à visão do bebê, uma
massagem de corpo inteiro com o uso de óleo de massagem e, o método canguru, em que a
criança vestida com fralda e gorro, é mantida em posição prona ereta contra o peito nu do pai
ou da mãe durante 2 horas. Este programa mostrou-se eficiente para promover o
desenvolvimento motor (segundo os escores totais na avaliação TIMP) e crescimento físico
(de acordo com medidas antropométricas) dentro dos grupos de intervenção. No entanto,
nenhuma diferença no Q.D. (Quociente de Desenvolvimento) geral, calculado a partir da
avaliação Gesell Developmental Schedules e, em cada subdomínio (aquisição motora grossa e
fina, comportamento adaptativo, psicossocial e linguagem) foi observada entre os grupos. O
presente estudo apresentou limitações como, não ter realizado um acompanhamento de longo
prazo, e não ter mantido o desempenho idêntico dos pais no estudo (FAN et al., 2021).
Em conformidade com o estudo de FAN et al., (2021), o estudo conduzido por
SILVEIRA e colaboradores (2018), desenvolveu um programa de intervenção precoce em
uma amostra de cem recém-nascidos pré-termo com idade gestacional inferior a 32 semanas
ou peso ao nascer inferior a 1.500g, às 48 horas após o nascimento, até sete dias após o
nascimento. Os participantes foram alocados em grupo intervenção (GI) e, grupo
convencional (GC), e a avaliação dos resultados do neurodesenvolvimento destes bebês
ocorreu aos 12 e 18 meses de idade corrigida, por examinador cegado. Ainda, após a alta
todos os bebês receberam acompanhamento mensal até 6 meses de idade corrigida, e
bimestralmente a partir de 7 até 12 meses de idade corrigida, e a cada 3 meses até os 24
meses de idade. Diferentemente do programa de FAN et al. (2021), este programa de
intervenção foi realizado inicialmente exclusivamente pelas mães, até a alta hospitalar, e
depois acompanhado por uma equipe multidisciplinar, da aquisição dos marcos motores aos
6 e 12 meses de idade corrigida e, o desenvolvimento motor, cognitivo, e linguagem aos 12
meses de idade corrigida. Este programa apresentou objetivos específicos e resultados que
corroboraram com os desfechos e resultados do estudo de FAN e colaboradores (2021), com
melhora do neurodesenvolvimento de bebês prematuros, melhora na interação dos pais com
os filhos, e diminuição do estresse parental (SILVEIRA et al., 2018).
Comparando a efetividade do programa centrado na família (COPCA), o estudo
conduzido por KARA e colaboradores (2019), ofereceu à quarenta e dois bebês nascidos
prematuros com idade gestacional inferior a 32 semanas, peso igual ou inferior a 1.500g ao

21
nascer, encaminhados ao departamento de fisioterapia com idade corrigida de 3 meses para
intervenção. Os bebês foram alocados em grupo de intervenção familiar (grupo de estudo), e
o grupo de intervenção precoce tradicional (grupo controle), avaliados os Movimentos Gerais
(GMA). Ambos os grupos foram tratado 2 vezes por semana durante 60 minutos por sessão
durante um período de 36 semanas (totalizando 72 sessões). O grupo de estudo recebeu o
programa de intervenção centrado na família que consistiu na inclusão dos membros da
família, aplicado pelas mães por meio de acompanhamento do fisioterapeuta, em ambiente
domiciliar, durante 9 meses. Já o grupo de controle recebeu o programa tradicional de
intervenção precoce ou fisioterapia pediátrica convencional, trabalhando a função motora
grossa na posição prono, lateral, sentado, em pé e posições de transição e, as funções motoras
finas envolvendo os movimentos funcionais das mãos as posições. O estudo apresentou
aumento significativo das pontuações da escala motora fina e grossa de Bayley-III após a
intervenção de 9 meses. Houve diferenças do desempenho nas avaliações entre os meses 3, 9,
12, e 24 meses de idade corrigida ao longo do tempo no desenvolvimento motor fino e grosso
dentro dos grupos, do grupo intervenção e do grupo controle, de bebês nascidos prematuros
(KARA et al., 2019).
O estudo de Ziegler e colaboradores (2020) corrobora com os achados de KARA e
colaboradores (2019), ao apresentar melhora do comportamento motor segundo avaliação
pelo Teste de Desempenho Motor Infantil (TIMP), aos 18 meses de idade corrigida após
programa de intervenção centrado na família COPCA. Foi conduzido o programa COPCA em
um grupo de 16 bebês nascidos prematuros com idade gestacional inferior a 32 semanas,
alocados em dois grupos. No grupo COPCA, a intervenção foi aplicada pelo familiar sob
orientações do treinador da COPCA, uma vez por semana, 30 a 45 minutos, em casa. O grupo
de fisioterapia pediátrica convencional, recebeu intervenção uma vez por semana, 30 a 45
minutos, baseada nas técnicas de facilitação neuromotoras. Em ambos os grupos, a
intervenção teve duração de 6 meses (ZIEGLER et al., 2020).
O estudo de Ziegler e colaboradores (2020) baseia-se em evidências anteriores
(HIELKEMA et al, 2011), em que o programa COPCA mostra ser um programa promissor
no apoio a crianças e famílias, visando a promoção da intervenção precoce no
desenvolvimento neuropsicomotor de crianças nascidas prematuramente. Vale ressaltar que
embora este programa de intervenção tenha mostrado resultados positivos, o estudo
apresentou várias limitações, como o tamanho pequeno da amostra, a idade gestacional ao
nascer foi maior no grupo fisioterapia pediátrica convencional do que no grupo COPCA, a

22
falta de dados para o desfecho primário de TIMP no início do estudo, e alguns lactentes
necessitaram da intervenção antes de 3 meses de idade corrigida (ZIEGLER et al., 2020).
O estudo de DUSING et al. (2020), de caráter longitudinal, conduzido em noventa
bebês nascidos prematuros extremos, com idade gestacional inferior a 29 semanas, que após
a alta, foram alocados em dois grupos, de cuidado habituais, SPEEDI Early ou
SPEEDI_later (protocolo de Brincadeira de Apoio, Exploração e Intervenção de
Desempenho Precoce). A intervenção foi realizada em 2 fases: fase 1 com foco no
aprendizado e interação dos pais, mais o fornecimento de um iPad contendo demonstração
em vídeo de vários exemplos de sinais de estresse, estratégias calmantes e modificações
ambientais e, na fase 2 com foco na intervenção direta, os pais aprenderam uma série de
atividades diárias para desenvolver com o bebê. Ambos os grupos de intervenção SPEEDI
receberam 10 visitas de terapeutas, mais 3 meses de intervenção diária fornecida pelos pais.
Cada sessão de intervenção foi fornecida através da colaboração entre um fisioterapeuta e um
dos pais, propondo interação com os pais no apoio para estimulação do desenvolvimento
motor e cognitivo por meio de enriquecimento ambiental (DUSING et al., 2020).
Em concordância com este programa de intervenção, o estudo de MORGAN et al.
(2015) forneceu oportunidades de aprendizado sensório-motor e colaboração entre pais,
terapeuta e bebê para determinar o melhor momento e maneira de interagir com o meio no
ganho de habilidade motoras e cognitivas. O estudo apontou objetivos claros e consistentes
da intervenção SPEEDI, que fortalecem os princípios-chaves da prática de programas de
intervenção precoce apresentado em estudos anteriores nessa revisão. As atividades da
intervenção precoce oferecidas exclusivamente pelos pais ou com a interação terapeuta-pais
na promoção de saúde global de crianças nascidas prematuras e, na redução do estresse
parental, e melhor interação entre os pais e os filhos (MORGAN et al., 2015).
Ainda, o estudo de Sgandurra e colaboradores (2017), conduziu um ensaio clínico
randomizado, multicêntrico com quarenta e um bebês nascidos prematuros, com idade
gestacional inferior a 32 semanas e, com idade entre 3 e 9 meses de idade corrigida no início
da intervenção. Os participantes foram alocados em dois grupos: intervenção e cuidado
padrão. O grupo intervenção Care Toy, que consiste em um programa de treinamento
intensivo, personalizado, em ambiente domiciliar centrado na família, fornecido por meio do
gerenciamento remoto de um sistema Care Toy (Brinquedo de Cuidado) entregue em casa,
com atividades específicas direcionadas a objetos, oferecidos diariamente, de 2 a 10 minutos
para promover diferentes aspectos do desenvolvimento motor e visual. E o grupo cuidado

23
padrão consistia em um programa de acompanhamento bimestral, incluindo orientações aos
pais através de cartilhas de cuidados domiciliares de bebês prematuros. Ambos os grupos
foram submetidos a 4 semanas de intervenção. O grupo intervenção Care Toy, apresentou os
escores total e dos subdomínios da TIMP maiores, quando comparados ao grupo de Cuidado
Padrão. Além disso, foram avaliados os subdomínios supino e prono pela AIMS, resultando
também em escores maiores para o grupo Care Toy. Porém não forma relatadas
estatisticamente significativas quando comparado ao grupo Cuidado Padrão (SGANDURRA
et al., 2017).
Como limitação da presente revisão podem ser destacadas a heterogeneidade das
características da amostra de bebês participantes, estratégias de intervenção e instrumentos
de avaliação dos estudos incluídos, o que dificulta a comparação dos resultados. Ainda mais,
o tamanho amostral dos estudos, o tempo de tratamento e a intensidade do protocolo de
intervenção precoce se mostraram bastante distintos entre os estudos. Estudos futuros são
necessários para confirmar a efetividade dos programas de intervenção precoce no
neurodesenvolvimento motor em crianças nascidas prematuras.

24
5. CONCLUSÃO

A presente revisão analisou estudos acerca da efetividade dos programas de intervenção


precoce no neurodesenvolvimento motor de bebês nascidos prematuros. A literatura
identificou evidências dos efeitos positivos de diferentes programas de intervenção precoce no
desenvolvimento motor, baseados principalmente no envolvimento dos pais, bem como do
enriquecimento ambiental. Todos os estudos analisados obtiveram resultados satisfatórios no
desenvolvimento motor, logo, contribuindo para melhora nos domínios cognitivo e
psicossocial do neurodesenvolvimento de crianças nascidas prematuras.

25
REFERÊNCIAS

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020-02046-4

27
ANEXO A – NORMAS DA REVISTA

Escopo e política

As submissões que atendem aos padrões estabelecidos e apresentados na Política Editorial da


Fisioterapia & Pesquisa (F&P) serão encaminhadas aos Editores Associados, que irão realizar
uma avaliação inicial para determinar se os manuscritos devem ser revisados. Os critérios
utilizados para a análise inicial do Editor Associado incluem: originalidade, pertinência,
metodologia e relevância clínica.O manuscrito que não tem mérito ou não esteja em
conformidade com apolítica editorial será rejeitado na fase de pré-análise, independentemente
da adequação do texto e qualidade metodológica.Portanto, o manuscrito pode ser rejeitado
com base unicamente na recomendação do editor de área, sem a necessidade de nova revisão.
Nesse caso, a decisão não é passível de recurso.Os manuscritos aprovados na pré-análise serão
submetidos a revisão por especialistas, que irão trabalhar de forma
independente.Os revisores permanecerão anônimos aos autores, assim como os autores para
os revisores.Os Editores Associados irão coordenar o intercâmbio entre autores e revisores e
encaminharam o pré parecer ao Editor Chefe que tomará a decisão final sobrea publicação dos
manuscritos, com base nas recomendações dos revisores e Editores Associados.Se aceito para
publicação, os artigos podem estar sujeitos a pequenas alterações que não afetarão o estilo do
autor, nem o conteúdo científico.Se um artigo for rejeitado, os autores receberão uma carta do
Editor com as justificativas.Ao final, toda a documentação referente ao processo de revisão
será arquivada para possíveis consultas que se fizerem necessárias na ocorrência de processos
éticos.
Todo manuscrito enviado para FISIOTERAPIA & PESQUISA será examinado pela secretaria
e pelos Editores Associados, para consideração de sua adequação às normas e à política
editorial da revista. O manuscrito que não estiver de acordo com as normas será devolvido aos
autores para adequação antes de serem submetidos à apreciação dos pares. Cabem aos
Editores Chefes, com base no parecer dos Editores Associados, a responsabilidade e
28
autoridade para encaminhar o manuscrito para a análise dos especialistas com base na sua
qualidade e originalidade, prezando pelo anonimato dos autores e pela isenção do conflito
de interesse com os artigos aceitos ou rejeitados. Em seguida, o manuscrito é apreciado por
dois pareceristas, especialistas na temática no manuscrito, que não apresentem conflito de
interesse com a pesquisa, autores ou financiadores do estudo, apresentando reconhecida
competência acadêmica na temática abordada, garantindo-se o anonimato e a
confidencialidade da avaliação. As decisões emitidas pelos pareceristas são pautadas em
comentários claros e objetivos. Dependendo dos pareceres recebidos, os autores podem ser
solicitados a fazerem ajustes que serão reexaminados. Na ocorrência de um parecerista negar
e o outro aceitar a publicação do manuscrito, o mesmo será encaminhado a um terceiro
parecerista. Uma vez aceito pelo Editor, o manuscrito é submetido à edição de texto, podendo
ocorrer nova solicitação de ajustes formais, sem no entanto interferir no seu conteúdo
científico. O não cumprimento dos prazos de ajuste será considerado desistência, sendo o
artigo retirado da pauta da revista FISIOTERAPIA & PESQUISA. Os manuscritos aprovados
são publicados de acordo com a ordem cronológica do aceite.

Responsabilidade e ética

O conteúdo e as opiniões expressas no manuscrito são de inteira responsabilidade dos autores,


não podendo ocorrer plágio, autoplágio, verbatim ou dados fraudulentos, devendo ser
apresentada a lista completa de referências e os financiamentos e colaborações recebidas.
Ressalta-se ainda que a submissão do manuscrito à revista FISIOTERAPIA & PESQUISA
implica que o trabalho na íntegra ou parte(s) dele não tenha sido publicado em outra fonte ou
veículo de comunicação e que não esteja sob análise em outro periódico para publicação. Os
autores devem estar aptos a se submeterem ao processo de revisão por pares e, quando
necessário, realizar as correções e ou justificativas com base no parecer emitido, dentro do
tempo estabelecido pelo Editor. Além disso, é de responsabilidade dos autores a veracidade e
autenticidade dos dados apresentados nos artigos. Com relação aos critérios de autoria, só é
considerado autor do manuscrito aquele pesquisador que apresentar significativa contribuição
para a pesquisa. No caso de aceite do manuscrito e posterior publicação, é obrigação dos
autores, mediante solicitação do Editor, apresentar possíveis retratações ou correções caso
sejam encontrados erros nos artigos após a publicação. Conflitos éticos serão abordados
seguindo as diretrizes do ComitteeonPublicationEthics (COPE). Os autores devem consultar
as diretrizes do InternationalCommitteeof Medical JournalEditors (www.icmje.org) e da

29
Comissão de Integridade na Atividade Científica do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
(www.cnpq.br/web/guest/diretrizes) ou do CommitteeonPublicationEthics – COPE
(www.publicationethics.org).
Artigos de pesquisa envolvendo seres humanos devem indicar, na seção Metodologia, sua
expressa concordância com os padrões éticos e com o devido consentimento livre e
esclarecido dos participantes.As pesquisas com humanos devem trazer na folha de rosto o
número do parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Os estudos brasileiros devem
estar de acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da
Saúde (Brasil), que trata do Código de Ética para Pesquisa em Seres Humanos e, para estudos
fora do Brasil, devem estar de acordo com a Declaração de Helsinque.
Estudos envolvendo animais devem explicitar o acordo com os princípios éticos
internacionais (por exemplo, Committee for
ResearchandEthicalIssuesoftheInternationalAssociation for theStudyofPain, publicada em
PAIN, 16:109-110, 1983) e instruções nacionais (Leis 6638/79, 9605/98, Decreto 24665/34)
que regulamentam pesquisas com animais e trazer na folha de rosto o número do parecer de
aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa Animal. Reserva-se à revista
FISIOTERAPIA & PESQUISA o direito de não publicar trabalhos que não obedeçam às
normas legais e éticas para pesquisas em seres humanos e para os experimentos em animais.
Para os ensaios clínicos, é obrigatória a apresentação do número do registro do ensaio clínico
na folha do rosto no momento da submissão. A revista FISIOTERAPIA & PESQUISA aceita
qualquer registro que satisfaça o Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (por
ex. http://clinicaltrials.gov). A lista completa de todos os registros de ensaios clínicos pode ser
encontrada no seguinte endereço: http://www.who.int/ictrp/network/primary/en/index.html.
O uso de iniciais, nomes ou números de registros hospitalares dos pacientes deve ser evitado.
Um paciente não poderá ser identificado por fotografias, exceto com consentimento expresso,
por escrito, acompanhando o trabalho original no momento da submissão.

A menção a instrumentos, materiais ou substâncias de propriedade privada deve ser


acompanhada da indicação de seus fabricantes. A reprodução de imagens ou outros elementos
de autoria de terceiros, que já tiverem sido publicados, deve vir acompanhada da autorização
de reprodução pelos detentores dos direitos autorais; se não acompanhados dessa indicação, tais
elementos serão considerados originais dos autores do manuscrito. A revista FISIOTERAPIA
& PESQUISA publica, preferencialmente, Artigos Originais, Artigos de Revisão Sistemática e

30
Metanálises e Artigos Metodológicos, sendo que as Revisões Narrativas só serão recebidas,
quando os autores forem convidados pelos Editores. Além disso, publica Editoriais, Carta ao
Editor e Resumos de Eventos como Suplemento.

Forma e preparação dos manuscritos

1 – Apresentação:

O texto deve ser digitado em processador de texto Word ou compatível, em tamanho A4, com
espaçamento de linhas e tamanho de letra que permitam plena legibilidade. O texto completo,
incluindo páginas de rosto e de referências, tabelas e legendas de figuras, deve conter no
máximo 25 mil caracteres com espaços.

2 – A página de rosto deve conter:

a) título do trabalho (preciso e conciso) e sua versão para o inglês;


b) título condensado (máximo de 50 caracteres);
c) nome completo dos autores, com números sobrescritos remetendo à afiliação
institucional e vínculo, no número máximo de 6 (casos excepcionais onde será considerado o
tipo e a complexidade do estudo, poderão ser analisados pelo Editor, quando solicitado pelo
autor principal, onde deverá constar a contribuição detalhada de cada autor);
d) instituição que sediou, ou em que foi desenvolvido o estudo (curso, laboratório,
departamento, hospital, clínica, universidade, etc.), cidade, estado e país;

e) afiliação institucional dos autores (com respectivos números sobrescritos); no caso de


docência, informar título; se em instituição diferente da que sediou o estudo, fornecer
informação completa, como em “d)”; no caso de não-inserção institucional atual, indicar área
de formação e eventual título;
f) endereço postal e eletrônico do autor correspondente;
g) indicação de órgão financiador de parte ou todo o estudo se for o caso;
f) indicação de eventual apresentação em evento científico;
h) no caso de estudos com seres humanos ou animais, indicação do parecer de aprovação pelo
comitê de ética; no caso de ensaio clínico, o número de registro do Registro Brasileiro de
Ensaios Clínicos-REBEC (http://www.ensaiosclinicos.gov.br) ou no ClinicalTrials
(http://clinicaltrials.gov).

31
OBS: A partir de 01/01/2014 a FISIOTERAPIA & PESQUISA adotará a política sugerida pela
Sociedade Internacional de Editores de Revistas em Fisioterapia e exigirá na submissão do
manuscrito o registro retrospectivo, ou seja, ensaios clínicos que iniciaram recrutamento a
partir dessa data deverão registrar o estudo ANTES do recrutamento do primeiro paciente.
Para os estudos que iniciaram recrutamento até 31/12/2013, a revista aceitará o seu registro
ainda que de forma prospectiva.

3 – Resumo, abstract, descritores e keywords:


A segunda página deve conter os resumos em português e inglês (máximo de 250 palavras). O
resumo e o abstract devem ser redigidos em um único parágrafo, buscando- se o máximo de
precisão e concisão; seu conteúdo deve seguir a estrutura formal do texto, ou seja, indicar
objetivo, procedimentos básicos, resultados mais importantes e principais conclusões. São
seguidos, respectivamente, da lista de até cinco descritores e keywords (sugere-se a
consulta aos DeCS – Descritores em Ciências da Saúde da Biblioteca Virtual em Saúde do
Lilacs (http://decs.bvs.br) e ao MeSH – Medical SubjectHeadings do Medline
(http://www.nlm.nih.gov/mesh/meshhome.html).

4 – Estrutura do texto:

Sugere-se que os trabalhos sejam organizados mediante a seguinte estrutura formal:


a) Introdução – justificar a relevância do estudo frente ao estado atual em que se encontra o
objeto investigado e estabelecer o objetivo do artigo;
b) Metodologia – descrever em detalhe a seleção da amostra, os procedimentos emateriais
utilizados, de modo a permitir a reprodução dos resultados, além dos métodos usados na
análise estatística;

c) Resultados – sucinta exposição factual da observação, em sequência lógica, em geral com


apoio em tabelas e gráficos. Deve-se ter o cuidado para não repetir no texto todos osdados das
tabelas e/ou gráficos;
d) Discussão – comentar os achados mais importantes, discutindo os resultados alcançados
comparando-os com os de estudos anteriores. Quando houver, apresentar as limitações do
estudo;
e) Conclusão – sumarizar as deduções lógicas e fundamentadas dos Resultados.

32
5 – Tabelas, gráficos, quadros, figuras e diagramas:

Tabelas, gráficos, quadros, figuras e diagramas são considerados elementos gráficos. Só serão
apreciados manuscritos contendo no máximo cinco desses elementos. Recomenda- se especial
cuidado em sua seleção e pertinência, bem como rigor e precisão nas legendas, as quais devem
permitir o entendimento do elemento gráfico, sem a necessidade de consultar o texto. Note
que os gráficos só se justificam para permitir rápida compreensão das variáveis complexas, e
não para ilustrar, por exemplo, diferença entre duas variáveis. Todos devem ser fornecidos no
final do texto, mantendo-se neste, marcas indicando os pontos de sua inserção ideal. As
tabelas (títulos na parte superior) devem ser montadas no próprio processador de texto e
numeradas (em arábicos) na ordem de menção no texto; decimais são separados por vírgula;
eventuais abreviações devem ser explicitadas por extenso na legenda.
Figuras, gráficos, fotografias e diagramas trazem os títulos na parte inferior, devendo ser
igualmente numerados (em arábicos) na ordem de inserção. Abreviações e outras informações
devem ser inseridas na legenda, a seguir ao título.

6 – Referências bibliográficas:

As referências bibliográficas devem ser organizadas em sequência numérica, de acordo com a


ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto, seguindo os Requisitos
Uniformizados para Manuscritos Submetidos a Jornais Biomédicos, elaborados pelo Comitê
Internacional de Editores de Revistas Médicas – ICMJE (http://www.icmje.org/index.html).

7 – Agradecimentos:

Quando pertinentes, dirigidos a pessoas ou instituições que contribuíram para a elaboração


do trabalho, são apresentados ao final das referências. O texto do
manuscrito deverá ser encaminhado em dois arquivos, sendo o primeiro com todas as
informações solicitadas nos itens acima e o segundo uma cópia cegada, onde todas as
informações que possam identificar os autores ou o local onde a pesquisa foi realizada devem
ser excluídas.

Envio dos manuscritos

Os autores devem encaminhar dois arquivos que contenham o manuscrito (texto + tabelas
+ figuras) sendo o primeiro com todas as informações solicitadas nos itens acima e o segundo
uma cópia cegada, onde todas as informações que possam identificar os autores ou o local
33
onde a pesquisa foi realizada devem ser excluídas. Para a submissão do
manuscrito, o autor deve acessar a Homepage da SciELO
(http://submission.scielo.br/index.php/fp/login), ou link disponibilizado abaixo, com o seu
login e senha. No primeiro acesso, o autor deve realizar o cadastro dos seus dados.
Juntamente com o manuscrito, devem ser enviados no item 4 do processo de submissão
– TRANSFERÊNCIA DE DOCUMENTOS SUPLEMENTARES, os três arquivos listados
abaixo (Download), devidamente preenchidos e assinados, bem como o comprovante de
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
a) Carta de Encaminhamento (Download) – informações básicas sobre o manuscrito.
b) Declaração de Responsabilidade e Conflito de Interesses (Download) – é declarada a
responsabilidade dos autores na elaboração do manuscrito, bem como existência ou não de
eventuais conflitos de interesse profissional, financeiro ou benefícios diretos ou indiretos que
possam influenciar os resultados da pesquisa.

c) Declaração de Transferência de Direitos Autorais (Download)- é transferido o direito


autoral do manuscrito para a Revista Fisioterapia & Pesquisa / PhysicalTherapy&Research,
devendo constar a assinatura de todos os autores.

34
ANEXO B – ESCALA DE PEDRO

Escala de PEDro – Português (Brasil)

1. Os critérios de elegibilidade foram especificados não❑ sim❑ onde:

2. Os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos por


grupos (num estudocruzado, os sujeitos foram
colocados em grupos de forma aleatória de
acordo com o tratamento recebido) não❑ sim❑ onde:

3. A alocação dos sujeitos foi secreta não❑ sim❑ onde:

4. Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos


indicadores de prognóstico mais importantes não❑ sim❑ onde:

5. Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo não❑ sim❑ onde:

6. Todos os terapeutas que administraram a terapia fizeram-no de forma


cega não❑ sim❑ onde:

7. Todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave,


fizeram-no de forma cega não❑ sim❑ onde:

8. Mensurações de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de


85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos grupos não❑ sim❑ onde:

9. Todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram


mensurações de resultadosreceberam o tratamento ou a
condição de controle conforme a alocação
ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo menos
um dos resultados-chave por “intenção de tratamento” não❑ sim❑ onde:

10. Os resultados das comparações estatísticas inter-grupos foram descritos


para pelo menos um resultado-chave não❑ sim❑ onde:

11. O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de


variabilidade para pelo menos um resultado-chave não❑ sim❑ onde:

A escala PEDro baseia-se na lista de Delphi, desenvolvida por Verhagen e colegas no Departamento de
Epidemologia, da Universidade de Maastricht (Verhagen AP et al (1988). The Delphi list: a criteria list for
quality assessment of randomised clinical trials for conducting systematic reviews developed by Delphi
consensus. Journal of Clinical Epidemiology, 51(12):1235-41). A lista, na sua maior parte, baseia-se num
“consenso de peritos” e não em dados empíricos. Incluíram-se na escala de PEDro dois itens adicionais, que
não constavam da lista de Delphi (os itens 8 e 10 da escala de PEDro). À medida que forem
disponibilizados mais dados empíricos, pode vir a ser possível ponderar os itens da escala de forma a que a
pontuação obtida a partir da aplicação da escala PEDro reflita a importância de cada um dos itens da escala.

O objetivo da escala PEDro consiste em auxiliar os utilizadores da base de dados PEDro a


identificar rapidamente quais dos estudos controlados aleatorizados, ou quase-
aleatorizqados, (ou seja, ECR ou ECC) arquivados na base de dados PEDro poderão ter

35
validade interna (critérios 2-9), e poderão conter suficiente informação estatística para que
os seus resultados possam ser interpretados (critérios 10-11). Um critério adicional (critério
1) que diz respeito à validade externa (ou “potencial de generalização” ou “aplicabilidade”
do estudo clínico) foi mantido para que a Delphi list esteja completa, mas este critério não
será usado para calcular a pontuação PEDro apresentada no endereço PEDro na internet.
A escala PEDro não deverá ser usada como uma medida da “validade” das conclusões de
um estudo. Advertimos, muito especialmente, os utilizadores da escala PEDro de que
estudos que revelem efeitos significativos do tratamento e que obtenham pontuação elevada
na escala PEDro não fornecem, necessariamente, evidência de que o tratamento seja
clinicamente útil. Adicionalmente, importa saber se o efeito do tratamento foi
suficientemente expressivo para poder ser considerado clinicamente justificável, se os
efeitos positivos superam os negativos, e aferir a relação de custo-benefício do tratamento.
A escala não deve ser utilizada para comparar a “qualidade” de estudo clínicos realizados
em diferentes áreas de terapia, principalmente porque algumas áreas da prática da
fisioterapia não é possível satisfazer todos os itens da escala.

Modificada pela última vez


em 21 de Junho de 1999
Tradução em Português vez
em 13 de Maio de 2009
Ajustes ortográficos para a versão Português-Brasileiro em 12 de Agosto de 2010

36
Indicações para a administração da escala PEDro:

Todos os critérios A pontuação só será atribuída quando um critério for claramente satisfeito. Se numa
leitura literal do relatório do ensaio existir a possibilidade de um critério não ter sido
satisfeito, esse critério não deve receber pontuação.
Critério 1 Este critério pode considerar-se satisfeito quando o relatório descreve a
origem dos sujeitos e a lista de requisitos utilizados para determinar quais
os sujeitos eram elegíveis para participar no estudo.
Critério 2 Considera-se que num determinado estudo houve alocação aleatória se o
relatório referir que a alocação dos sujeitos foi aleatória. O método de
aleatoriedade não precisa de ser explícito. Procedimentos tais como
lançamento de dados ou moeda ao ar podem ser considerados como
alocação aleatória. Procedimentos de alocação quase-aleatória tais como
os que se efetuam a partir do número de registo hospitalar, da data de
nascimento, ou de alternância, não satisfazem este critério.
Critério 3 Alocação secreta significa que a pessoa que determinou a elegibilidade do
sujeito para participar no ensaio desconhecia, quando a decisão foi
tomada, o grupo a que o sujeito iria pertencer. Deve atribuir-se um
ponto a este critério, mesmo que não se diga que a alocação foi secreta,
quando o relatório refere que a alocação foi feita a partir de envelopes
opacos fechados ou que a alocação implicou o contato com o responsável
pela alocação dos sujeitos por grupos, e este último não participou do
ensaio.
Critério 4 No mínimo, nos estudos de intervenções terapêuticas, o relatório deve
descrever pelo menos uma medida da gravidade da condição a ser tratada e
pelo menos uma (diferente) medida de resultado-chave que caracterize a
linha de base. O examinador deve assegurar-se de que, com base nas
condições de prognóstico de início, não seja possível prever diferenças
clinicamente significativas dos resultados, para os diversos grupos. Este
critério é atingido mesmo que somente sejam apresentados os dados
iniciais do estudo.
Critérios 4, 7-11 Resultados-chave são resultados que fornecem o indicador primário da
eficácia (ou falta de eficácia) da terapia. Na maioria dos estudos, utilizam
mais do que uma variável como medida de resultados.
Critérios 5-7 Ser cego para o estudo significa que a pessoa em questão (sujeito,
terapeuta ou avaliador) não conhece qual o grupo em que o sujeito
pertence. Mais ainda, sujeitos e terapeutas só são considerados “cegos” se
for possível esperar-se que os mesmos sejam incapazes de distinguir entre
os tratamentos aplicados aos diferentes grupos. Nos ensaios em que os
resultados-chave são relatados pelo próprio (por exemplo, escala visual
análoga, registo diário da dor), o avaliador é considerado “cego” se o
sujeito foi “cego”.
Critério 8 Este critério só se considera satisfeito se o relatório referir
explicitamente tanto o número de sujeitos inicialmente alocados nos
grupos como o número de sujeitos a partir dos quais se obtiveram medidas
de resultados-chave. Nos ensaios em que os resultados são medidos em
diferentes momentos no tempo, um resultado-chave tem de ter sido medido
37
em mais de 85% dos sujeitos em algum destes momentos.
Critério 9 Uma análise de intenção de tratamento significa que, quando os sujeitos
não receberam tratamento (ou a condição de controle) conforme o grupo
atribuído, e quando se encontram disponíveis medidas de resultados, a
análise foi efetuada como se os sujeitos tivessem recebido o tratamento (ou
a condição de controle) que lhes foi atribuído inicialmente. Este critério é
satisfeito, mesmo que não seja referida a análise por intenção de
tratamento, se o relatório referir explicitamente que todos os sujeitos
receberam o tratamento ou condição de controle, conforme a alocação por
grupos.
Critério 10 Uma comparação estatística inter-grupos implica uma comparação
estatística de um grupo com outro. Conforme o desenho do estudo, isto
pode implicar uma comparação de dois ou mais tratamentos, ou a
comparação do tratamento com a condição de controle. A análise pode ser
uma simples comparação dos resultados medidos após a administração do
tratamento, ou a comparação das alterações num grupo em relação às
alterações no outro (quando se usou uma análise de variância para analisar
os dados, esta última é frequentemente descrita como interação grupo
versus tempo). A comparação pode apresentar-se sob a forma de hipóteses
(através de um valor de p, descrevendo a probabilidade dos grupos
diferirem apenas por acaso) ou assumir a forma de uma estimativa (por
exemplo, a diferença média ou a diferença mediana, ou uma diferença nas
proporções, ou um número necessário para tratar, ou um risco relativo ou
um razão de risco) e respectivo intervalo de confiança.
Critério 11 Uma medida de precisão é uma medida da dimensão do efeito do
tratamento. O efeito do tratamento pode ser descrito como uma diferença
nos resultados do grupo, ou como o resultado em todos os (ou em cada
um dos) grupos. Medidas de variabilidade incluem desvios-padrão (DP’s),
erros-padrão (EP’s), intervalos de confiança, amplitudes interquartis (ou
outras amplitudes de quantis), e amplitudes de variação. As medidas de
precisão e/ou as medidas de variabilidade podem ser apresentadas
graficamente (por exemplo, os DP’s podem ser apresentados como barras
de erro numa figura) desde que aquilo que é representado seja
inequivocamente identificável (por exemplo, desde que fique claro se as
barras de erro representam DP’s ou EP’s). Quando os resultados são
relativos a variáveis categóricas, considera-se que este critério foi cumprido
se o número de sujeitos em cada categoria é apresentado para cada grupo.

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