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Publicado em NOVA ESCOLA 05 de Setembro | 2022

Alfabetização matemática

Pensamento numérico:como desenvolvê-lo


na prática
Confira 4 pontos a serem considerados ao trabalhar estanoção
matemática nos Anos Iniciais
Selene Coletti

Foto: Getty Images

Para você, o que contempla a ideia de pensamento numérico? Se respondeu

“números e quantidades”, pode ampliar essa perspectiva. Pensar numericamente

é um processo a ser trabalhado ao longo do percurso escolar, a fim de que a

criança possa construir progressivamente a noção de número.

Essa concepção envolve o desenvolvimento de diversas aprendizagens,

relações e habilidades. Para isso, como Van de Walle explica em seu livro

Matemática no Ensino Fundamental, exige-se “muitas experiências para que as

crianças desenvolvam uma compreensão completa de número que será


desenvolvida e enriquecida com todos os conceitos numéricos adicionais

relacionados ao longo dos anos escolares” (p. 144). Quando conversamos sobre

contagem, trouxemos alguns pontos importantes que se referem a esse aspecto.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reafirma esse ponto na unidade

temática Números. No texto introdutório, encontra-se que esse conjunto de

habilidades tem a finalidade de “desenvolver o pensamento numérico, que

implica o conhecimento de maneiras de quantificar atributos de objetos e de

julgar e interpretar argumentos baseados em quantidades.

No processo da construção da noção de número, os alunos precisam

desenvolver, entre outras, as ideias de aproximação, proporcionalidade,

equivalência e ordem, noções fundamentais da Matemática” (p. 268)

Dessa forma, para construir essa noção, precisamos ir além da contagem

de forma mecânica ou de exercícios repetitivos. Devemos propor situações

significativas nas quais os estudantes possam contar, calcular para resolver

problemas, estabelecer relações e ter conhecimento de informações numéricas

para compreender e argumentar sobre diferentes assuntos.

Trago para esta nossa conversa quatro pontos importantes que devem ser

levados em conta quando o assunto é o pensamento numérico.

1 - COMEÇANDO COM UM DIAGNÓSTICO

Para que você saiba quais as ideias de número que sua turma já possui, faça

uma sondagem. Depois, analise com cuidado os dados obtidos, a fim de

compreender como estão, o que já sabem e o que ainda precisam trabalhar e,

dessa forma, propor atividades que realmente permitam o avanço dos

estudantes.

Pode propor um jogo para coletar essas informações ou pensar em situações

da rotina que promovam a contagem, por exemplo, quantas folhas são

necessárias para distribuir entre toda a turma ou como dividir as cartas de um

jogo entre os participantes de forma que todos recebam a mesma quantidade.


São possibilidades para que você possa conhecer o que já sabem, para a partir

daí propor novas propostas de trabalho.

2 - INVESTINDO NO SENSO NUMÉRICO

Que é a capacidade que nos permite saber onde há mais, menos ou a

mesma quantidade de elementos sem contar. Embora seja uma capacidade

natural do ser humano, precisa ser desenvolvida na escola por meio da

exploração dos números e das diferentes formas de representá-los ao trabalhar

as operações e a compreensão do valor posicional e ao fazer estimativas

envolvendo “númerosgrandes”.

Van de Walle propõe, no seu livro Matemática no Ensino Fundamental, que

esse movimento seja feito não somente com os números naturais, mas que continue “a

ser desenvolvido ao longo dos anos escolares conforme as frações, os decimais e as

porcentagens forem acrescentadas ao repertório de ideias numéricas dos estudantes”

(p. 148)

3 - REGISTRO PELO ALUNO

Documentar é de fundamental importância para o professor poder desenhar

o perfil da turma e planejar boas atividades que permitam o avanço de todos. No

entanto, aqui me refiro aos registros do aluno – seja por meio do desenho, seja

pela escrita. Esse exercício contribui para a construção do conceito a ser

trabalhado, além de possibilitar acompanhar a evolução do pensamento de

cada um e planejar boas intervenções que o permitam avançar.

Nas avaliações diagnósticas de Matemática, é comum ditar números para

que os alunos escrevam. Esse registro é uma forma de compreender o que

sabem a respeito da numeração escrita, das hipóteses acerca das características

dos números.

Observar e documentar um jogo ou uma brincadeira permite perceber a

evolução e a apropriação dessa noção. Veja abaixo o desenho de uma

brincadeira, com os alunos do 1º ano, na qual os estudantes tinham de darpassos

de gigante e de anão.
Registro de atividade realizado por aluna de 1º ano do Ensino Fundamental.Crédito: Acervo pessoal/Selene Coletti

Essa aluna registrou a quantidade de passos utilizando riscos grandes para

os passos do gigante e traços pequenos para o anão, além de escrever os

números abaixo de cada um. O registro mostra que ela alinhou a quantidade aos

numerais que a representam, demonstrando o seu conhecimento em relação

aos números. Viram quantas informações é possível extrair desse tipo de

registro?

Por isso esse tipo de proposta deve estar sempre presente na rotina das aulas de

Matemática.

4 - UTILIZANDO OS JOGOS

Evidente que esta estratégia, que é uma forma de trabalhar a construção do

número de uma maneira significativa para os alunos dos Anos Iniciais, não

poderia faltar.

Existem diversas possibilidades. Temos aqueles que utilizam dados, os quais

permitem, além de contar, resolver diferentes situações-problema envolvendo o

andamento das jogadas.


Ao escolher uma proposta de jogo, lembre-se de planejar boas intervenções

durante o momento da atividade. Também esteja atento às ações dos alunos

para, posteriormente, problematizar as situações vivenciadas, a fim de discutir e

refletir sobre o que está sendo trabalhado.

Certamente, há muitos outros pontos a serem levados em consideração no

que se refere ao pensamento numérico. Entretanto, espero que estes possam ter

contribuído para a sua reflexão e o aperfeiçoamento das propostas envolvendo o

tema.

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