Você está na página 1de 5

Endereço da página:

https://novaescola.org.br/conteudo/21823/atividades-para-incluir- na-rotina-de-alfabetizacao-
matematica
Publicado em NOVA ESCOLA 04 de Março | 2024

Planejamento

Atividades para incluir na


rotina de alfabetização matemática
Aproveite elementos que fazem parte do ambiente da sala de aula e
situações do dia a dia para avançar com as aprendizagens
Selene Coletti

Foto: Getty Images.

Utilizar a Matemática que está presente no dia a dia favorece o


desenvolvimento de aprendizagens mais significativas. Toda criança traz consigo
diferentes experiências envolvendo as relações com os números, grandezas e medidas,
espaço e forma, e probabilidade. Cabe à escola propor situações nas quais ela possa
ampliar e aprofundar tais conhecimentos matemáticos que estão imbricados a estas
vivências.
Esse é o investimento que todo professor precisa fazer na alfabetização
matemática, trazendo para a sala de aula as práticas sociais relativas à linguagem
matemática, de forma que a criança perceba o quanto a Matemática está no seu dia a
dia – desconstruindo a ideia de que é algo difícil, distante da realidade e “para
poucos”.
CONSTRUIR UM AMBIENTE PARA A ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA

Quando pensamos no ciclo de alfabetização, fala-se muito da importância do


espaço ter uma série de elementos que estimulem e contribuam para o processo
de ensino e aprendizagem. Para a Matemática não é diferente!
A sala de aula deve ter materiais que possuem a linguagem matemática como,
por exemplo, folhetos, propagandas, anúncios, agendas, calculadoras, calendários,
quadro numérico, entre outros. Neste texto, trouxe sugestões simples para construir
esse ambiente.
Também é importante que todos se sintam seguros para questionar e serem
questionados, perguntar, responder, errar e aprender com os seus erros e os dos
colegas. Ter esse clima de cooperação facilita a circulação de informações e troca de
aprendizagens.
Do ponto de vista da rotina, o trabalho com a Matemática deve fazer parte
do planejamento diário. Reservar momentos para que resolvam individualmente
uma situação-problema, ter dinâmicas em duplas para que troquem entre si as
estratégias de resolução e, posteriormente, ter um momento em roda para
socialização das descobertas e sistematizar o que aprenderam.
Já havia pensado sobre isto? Este ambiente da sala vai muito além de colar
cartazes prontos que, muitas vezes, não tem significado para a turma. Está
intimamente ligado à sua concepção de como ensinar e como aprender.
Com esse ambiente de aprendizagem assegurado, vamos dar o próximo
passo: pensar nas atividades. Separei algumas propostas, que sempre utilizei em
minhas turmas e obtive bons resultados, que podem ser incluídas em sua rotina
diária na alfabetização matemática:
TRABALHANDO COM NÚMEROS
Os números estão presentes no nosso dia a dia e, por conta disso, é
interessante trabalhá-los desde o início do processo de alfabetização a fim de que os
estudantes percebam a sua importância e sua relação com a linguagem
matemática.
EXPLORE O QUADRO DE PRESENÇA
Uma prática que sempre fez parte da rotina com minhas turmas é que o
ajudante do dia faça a contagem de quantos alunos estão presentes e quantos
faltaram, registrando as respectivas quantidades no quadro – com uso, ou não, da
reta numérica. Essa prática diária e as problematizações que podem derivar dela,
permitem muitos avanços na construção do número pela turma.
Um exemplo das intervenções possíveis para aprofundar as aprendizagens: Há
quantas meninas? Quantos meninos? Quantos no total? Como você sabe disso?
Quantos meninos a mais ou a menos que meninas? Como você chegou a esta
conclusão? Se duas meninas tivessem faltado, como ficaria o quadro de presença
de hoje?
Você pode escolher uma situação-problema para ser explorada no dia, sempre
solicitando que o aluno justifique sua resposta.
FAÇAM O LEVANTAMENTO DA IDADE DAS CRIANÇAS
Comece solicitando que as crianças descubram a idade de cada um da turma.
Depois, é possível organizar uma tabela contendo as idades obtidas e a
quantidade de cada uma e chegar em um resultado como o abaixo:

Em seguida, pode propor um desafio: como saber quantos alunos


responderam a sua idade? Ouça com atenção as respostas e vá contra-
argumentando.
Para continuar esse trabalho, pode solicitar que pesquisem as idades das
pessoas com quem moram. No dia seguinte, as respostas podem ser registradas
em uma reta numérica e solicitar que descubram quem é o mais velho e o mais
novo.
APROVEITE O CALENDÁRIO
O calendário é outra prática presente na rotina que, com um bom
planejamento, o professor pode pensar em propostas que permitam que as
crianças compreendam a função do calendário e desenvolvam a noção de tempo. E
é por aí que começamos. Uma roda de conversa para conhecer o que a turma já sabe
do calendário e sobre os seus usos.
Aproveitando o levantamento do tópico anterior, pode já pedir que as
crianças descubram quando cada um faz aniversário. Essa é a oportunidade de
trabalhar os meses do ano de uma forma bastante significativa, bem como a data
de aniversário de cada um.
Com essas informações, elaborem o calendário da turma. Em seguida, pode
fazer questionamentos como, por exemplo, que descubram quantos dias faltam
para que cada um faça aniversário.
Outra prática interessante é usar objetos possíveis de empilhar (como livros)
para criar um gráfico 3D com a quantidade de aniversários por mês. Eu gosto de
utilizar os próprios livros didáticos das crianças, como é possível ver na foto abaixo.
Gráfico trimensional construído pelas crianças para representar o número deaniversariantes
em cada mês do ano. Foto: Acervo pessoal/Selene Coletti.
Em seguida, questiono as conclusões que os pequenos poderiam tirar do que
estavam vendo: onde havia mais (ou menos) aniversariantes e em qual mês
ninguém fazia aniversário. Aproveito também para problematizar questionando o
que aconteceria se dois aniversariantes do mês de maio, por exemplo, mudassem
de escola ou se um novo aluno que chegasse, fizesse aniversário em determinado
mês. Minha intenção nessa situação é que os alunos percebam que a altura do
gráfico aumenta ou diminui caso se acrescente ou tire livros, o que é possível
constatar na prática.
CONSTRUAM O CALENDÁRIO DA TURMA
Para além dos aniversários, ter em classe um calendário para marcar os
acontecimentos como os aniversariantes de cada mês bem como outros eventos
para que as crianças possam acompanhar (um feriado, um passeio que será
realizado, uma festa na escola). Veja aqui um plano de aula de como trabalhar
esse momento nas aulas de Matemática.
BRINCADEIRAS E JOGOS ENVOLVENDO MATEMÁTICA
É claro que este item não poderia faltar. Brincar e jogar mobiliza muitos
conhecimentos, por isso é fundamental fazer um bom planejamento e ter uma
intencionalidade pedagógica por trás.
As brincadeiras tradicionais como amarelinha, bolinha de gude, pega pega,
rouba bandeira e tantas outras estão recheadas de conteúdos matemáticos que
podem ser explorados conforme a necessidade da turma. Por exemplo, nessas
brincadeiras citadas é possível trabalhar a noção de espaço por meio dos registros,
bem como habilidades de contagem e resolução de problemas com base nas
situações vivenciadas.
Ao propor um jogo, com base no seu objetivo, faça a apresentação de como
funciona e dê tempo para que eles joguem algumas rodadas. Enquanto isso, observe
e faça intervenções para despertar reflexões e fazê-los pensar no raciocínio por trás
das jogadas. Posteriormente, traga para discussão situações- problema baseadas em
momentos vivenciados durante a atividade.
No início do processo de alfabetização da língua e da matemática, você poderá
utilizar os jogos de alfabetização para explorar a matemática. Dê uma olhadinha
neste conteúdo no qual compartilhei algumas sugestões nessa linha.
E, então, vamos olhar para a nossa prática e focar na alfabetização
matemática?

Você também pode gostar