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Brazilian Journal of Development 78534

ISSN: 2525-8761

Construção de um kit didático de baixo custo para o ensino de Física

Construction of a low-cost didactic kit for teaching Physics


DOI:10.34117/bjdv8n12-115

Recebimento dos originais: 10/11/2022


Aceitação para publicação: 12/12/2022

Luiz Daniel Alves Rios


Doutorando em Física pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC)
Endereço: Campus do Pici, Fortaleza – CE
E-mail: daniel_alvesrios@hotmail.com

Luana Vasconcelos Soares Rios


Especialista em Educação Matemática pela Faculdade Kurios (FAK)
Instituição: EEEP Marta Maria Giffoni de Sousa, Secretaria de Educação do Estado do
Ceará (SEDUC)
Endereço: R. Francisco Itamar de Araújo, Monsenhor Edson, Acaraú - CE
E-mail: luanavsoares4@gmail.com

Francisco José da Costa


Doutorando em Ensino pela Rede Nordeste de Ensino - Polo da Universidade Federal
do Ceará (UFC)
Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC)
Endereço: Campus do Pici, Fortaleza – CE
E-mail: francisco.costa0682@gmail.com

José Gerson Cordeiro


Mestre em Física pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
Instituição: EEEP Sandra Carvalho Costa, Secretaria de Educação do Estado do
Ceará - SEDUC
Endereço: Av. Prefeito Sérgio Herrero Gimenez, Centro, Jijoca- CE
E-mail: gersoncordeiro88@gmail.com

Francisco Tiago Souza do Nascimento


Mestre Profissional em Ensino de Física pelo Programa Nacional de Mestrado
Profissional em Ensino de Física (MNPEF)
Instituição: Secretaria Municipal de Educação de Acaraú
Endereço: R. Major Coelho, 185, Centro, Acaraú - CE
E-mail: tyagos855@gmail.com

RESUMO
A física é uma disciplina cientifica que tenta entender o universo no qual estamos
inseridos. Para obter essa compreensão, os físicos questionam sistematicamente a natureza
por meio de teorias e experimentos. Esses experimentos são projetados para desafiar
hipóteses existentes e fornecer pistas para teorias mais elaboradas. No entanto, os
experimentos não são apenas essenciais para expandir nosso conhecimento do universo,
mas desempenham um papel fundamental no ensino de física. O uso de experiências

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permitem que os alunos observem fenômenos, testem hipóteses e apliquem sua


compreensão do mundo físico. Este estudo visa uma integração entre a teoria e a prática
do ensino de Física aplicado em sala de aula. O propósito é tornar as aulas de Física mais
atrativas e agradáveis, com a participação efetiva dos alunos, estabelecendo uma nova
prática na relação ensino-aprendizagem. Além disso, devido à grande carência de recursos
para o ensino de ciências em geral, e em especial para o ensino de Física, este projeto
possibilitará aos professores construírem um kit didático de inventos sobre
eletromagnetismo com materiais de baixíssimo custo, que têm por finalidade a otimização
dos conceitos envolvidos, auxiliando na busca por soluções aos problemas de
aprendizagem.

Palavras-chave: ensino de física, baixo custo, experimento.

ABSTRACT
Physics is a scientific discipline that tries to understand the universe in which we are
inserted. To obtain this understanding, physicists systematically question nature through
theories and experiments. These experiments are designed to challenge existing
hypotheses and provide clues to more elaborate theories. However, experiments are not
only essential to expand our knowledge of the universe, but they play a key role in the
teaching of physics. The use of experiments allows students to observe phenomena, test
hypotheses and apply their understanding of the physical world. This study aims at an
integration between the theory and practice of teaching Physics applied in the classroom.
The purpose is to make Physics classes more attractive and enjoyable, with the effective
participation of students, establishing a new practice in the teaching-learning relationship.
In addition, due to the great lack of resources for teaching science in general, and especially
for teaching Physics, this project will enable teachers to build a didactic kit of inventions
on electromagnetism with very low-cost materials, which are intended to optimization of
the concepts involved, assisting in the search for solutions to learning problems.

Keywords: physics teaching, low cost, experiment.

1 INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios atuais do ensino de ciências nas escolas de nível
fundamental e médio é construir uma ponte entre o conhecimento ensinado e o mundo
cotidiano dos alunos. Não raro, a ausência deste vínculo gera apatia e distanciamento entre
os alunos e atinge também os próprios professores. Ao se restringirem a uma abordagem
estritamente formal, eles acabam não contemplando as várias possibilidades que existem
para tornar a ciência mais “palpável” e atrativa, visando associá-la com os avanços
científicos e tecnológicos atuais que afetam diretamente a nossa sociedade. Embora a falta
de recursos financeiros e o pouco tempo que os educadores dispõem para conceber aulas
mais atraentes e motivadoras sejam fatores que contribuam para o cenário dominante nas
escolas, talvez o obstáculo mais decisivo seja de natureza cultural. Neste contexto, propor
uma metodologia de ensino de Física que seja simples, factível e de baixo custo e, mais

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importante ainda, que leve em conta a participação dos alunos no processo de aprendizado,
é de suma importância.
O ponto de partida é a construção do conhecimento pelos alunos e para os alunos,
no qual o papel do professor seja essencialmente o de um facilitador do processo
pedagógico. Para tanto ele deve ser capaz de gerar um ambiente favorável ao trabalho em
equipe e à manifestação da criatividade dos seus alunos por intermédio de pequenos
desafios que permitam avanços graduais. É de se esperar que tais mudanças levem algum
tempo. A inclusão de protótipos e experimentos simples em nossas aulas tem sido um fator
decisivo para estimular os alunos a adotar uma atitude mais empreendedora e a romper com
a passividade que, em geral, lhes é subliminarmente imposta nos esquemas tradicionais
de ensino. O presente trabalho versará sobre a importância do uso de experimentos de baixo
custo (iremos utilizar, basicamente, materiais reciclados e de baixo custo, isto torna o
projeto acessível a todas as escolas, especialmente aquelas carentes de recursos
financeiros) como uma metodologia alternativa de ensino de Física.

2 ALGUNS PROBLEMAS E DESAFIOS NO ENSINO DE FÍSICA


A física está entre as disciplinas com menor desempenho em relação a aprendizagem
dos alunos, o que a torna muito indesejada na maioria das escolas. As razões para isso são
várias: muita matemática, nenhuma relação óbvia com a vida cotidiana dos alunos, o
pouco uso da experimentação (que são conduzidas pelo professor, não pelos alunos) e
muita atividade escrita na lousa em vez de trabalhos práticos, só para citar alguns
exemplos.
O uso da experimentação como uma metodologia alternativa de ensino de Física
é crucial para um bom desempenho dos professores e para a melhoria do aprendizado dos
conceitos, relacionados a essa disciplina, pelos alunos. Pois, enfatiza aspectos da
aquisição do conhecimento com base na natureza investigativa e na observação, como
fonte de conhecimento. Os experimentos são uma excelente forma de aprendizagem, se
bem interpretados, podem ser usados para estabelecer novos fatos teóricos, desaprovar
fatos antigos ou redefini-los. Isso implica que a abordagem experimental, como uma
forma de melhorar o ensino de física, deve ser enfatizada para promover a compreensão
dos alunos sobre os mais variados conceitos relacionados a esta disciplina (ARAÚJO,
2003).
Partindo do pressuposto que a experimentação é uma abordagem que auxilia
efetivamente a assimilação dos conteúdos, promovendo uma aprendizagem significativa

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e que contribua para melhorar o ensino de Física. Devemos levar em consideração:


• A experiência real e diária dos alunos;
• O contexto educacional vivido pelos discentes;
• A própria experiência do professor com experimentos práticos;
• As experiências devem basear-se em arranjos simples e constituídos de
materiais de baixo custo e que possam ser encontrados com relativa facilidade;
• Os experimentos "clássicos"podem ser utilizados de forma redesenhada com
base em novos materiais e dispositivos modernos da vida cotidiana do aluno (por
exemplo: smartphones, sensores elétricos, LEDs, entre outros).
Desta forma, podemos observar que o uso de aulas práticas estimulam a
curiosidade científica do alunos, levando-os a reconstruir o seu conhecimento de forma
individual e autônoma, através da interação com o meio. Para Schenberg,

“Ensinar a Física é passar por um processo de descoberta do mundo natural e de


suas propriedades, que leva a uma apropriação deste mundo observado pela
percepção visual dos fenômenos e pelas suas transformações. Muitos são
notados através de símbolos nos quais todos os alunos poderão compreender.
Só que precisa conectara visualização do fenômeno e a expressão matemática, o
que torna o aprendizado de Física um tanto complicado. É que muitas vezes é
introduzido um conceito ainda não vivenciado, logicamente ou ainda porque se
sabe a definição ou não se vê tudo.” (SCHENBERG, 2001)

Os alunos, às vezes, não conseguem conectar o fenômeno físico com sua descrição
matemática, o que gera grandes dificuldades na aprendizagem. O uso dos experimentos
levam os discentes a observar, analisar, explorar, planejar e o levantar hipóteses que
permitem desenvolver suas habilidades, tornando a aprendizagem mais significativa pelo
estabelecimento de vínculos entre conceitos físicos e matemáticos aos fenômenos naturais
vivenciados.

3 O PAPEL DOS EXPERIMENTOS DE BAIXO CUSTO NO ENSINO DE FÍSICA


A física é uma ciência baseada na observação, no experimento e nos fatos
encontrados experimen- talmente. As ideias teóricas são muito importantes, mas só
encontram aceitação científica se suas consequências puderem ser verificadas por
observações ou experimentos. Embora alguns fatos sejam encontrados por acaso, a
maioria deles resulta de experimentos cuidadosamente planejados. Portanto, os
experimentos são um ingrediente indispensável nas investigações científicas da física e,
de fato, de todas as ciências naturais.

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O uso de experiências práticas não é um fenômeno recente. Os experimentos


práticos já eram conhecidos e utilizados a muito tempo, como truques de mágica, onde o
espanto e o entretenimento eram preteridos à explicação e compreensão dos mecanismos
físicos subjacentes. A experimentação sempre esteve presente como coadjuvante no
processo evolutivo da Física, mostrando ao longo da história o seu status de ciência da
experiência (ROSA, 2003).
Em geral , os experimentos científicos são usados nas escolas como forma de:
motivar os alunos, fornecer exemplos concretos de conceitos complexos, aumentar a
compreensão de algum aparato técnico, verificar previsões, teorias ou modelos.
Certamente, experimentos são necessários para o avanço do conhecimento científico. No
entanto, os experimentos são igualmente importantes no ensino de física, pois
proporcionam aos alunos envolvidos contato direto com fenômenos naturais.
Existem, naturalmente, muitas questões e problemas relacionados ao uso de
experimentos no ensino de física nas escolas. O mesmo experimento pode ser usado de
varias maneiras distintas, isso vai depender se o resultado desejado é motivacional, um
entendimento mais aprofundado de um determinado conteúdo ou a confirmação de um
modelo ou hipótese predefinida.
De um modo geral, existem dois tipos de experimentos que podem ser empregados
no ensino de física. Existem experimentos com um viés mais científico (quantitativos), ou
seja, são projetados principalmente para permitir a reprodução de um determinado
fenômeno estudado, por exemplo: medindo a aceleração g de corpos em queda livre no
campo gravitacional da terra, usando esferas de metal e sensores. Muitas vezes, esses
experimentos têm como objetivo dar aos alunos a oportunidade de testar
quantitativamente uma hipótese teórica. A necessidade desses tipos de experimentos para
o avanço da física é óbvia, pois eles são essenciais na preparação de futuros cientistas.
Um segundo tipo de experimento é de natureza motivacional e projetado
principalmente para proporci- onar aos alunos um encontro qualitativo com fenômenos
ou processos físicos ou técnicos. Experiências práticas e de baixo custo pertencem a esta
última categoria. Enquanto o primeiro tipo de experimento geralmente atrai apenas um
número limitado de estudantes, o segundo oferece a possibilidade de alcançar mais alunos
e aumentar o interesse pelas ciências naturais em geral.
Um bom uso do laboratório formal nas aulas de Física é, certamente, um pré-

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requisito contra o analfabetismo científico1. Entretanto, devemos procurar um delicado


equilíbrio entre os dois tipos de experimentos identificados acima, para que possamos
motivar os alunos a alcançar um certo nível de entendimento e convencê-los da
necessidade de medidas quantitativas para o avanço da ciência.
É evidente que o uso de experiências práticas e de baixo custo, quando bem
elaboradas e organizadas pelo professor, oferecem uma ótima metodologia de ensino,
pois:
• seus materiais são simples e fáceis de encontrar e montar (baixo custo);
• permitem um amplo campo de aplicação (demonstração, trabalho prático
em laboratório, projetos, trabalhos para casa);
• podem ser aplicados em uma ampla variedade de tipos e níveis distintos
de escolas;
• permitem vincular teoria e prática;
• permitem que os alunos possam familiarizar-se com os métodos de
investigação científica;
• oferecem uma abordagem interdisciplinar de ensino.
Vale ressaltar que apenas “atividades práticas” não resultavam em uma
compreensão mais elaborada dos alunos. Atividades cuidadosamente elaboradas para
questionar as concepções pré-estabelecidas dos discentes e, portanto, para incitar
conflitos cognitivos mostram-se essenciais. Bernadétte, Eduardo e Simoni (BEBER;
SILVA; BONFIGLIO, 2014) mostram que as experiências de aprendizado metacognitivas
2
desempenham um papel central como facilitadora dos processo de aprendizagem. Assim,
a manipulação de ideias é mais importante do que a manipulação dos materiais usados no
experimento. Em outras palavras, “usar as mãos” é menos importante quando comparado
com “usar a mente”.

3.1 O USO DE KITS DE INVENTOS NAS AULAS DE FÍSICA


Uma ideia dominante em nossa pesquisa é o uso de um conjunto de protótipos e

1
Uma expressão que significa falta de acesso ou dificuldade em compreender os conhecimentos mais
básicos de ciência e tecnologia que qualquer pessoa precisa ter para "sobreviver"razoavelmente em uma
sociedade moderna.
2
A metacognição é um campo de estudos relacionado à consciência e ao automonitoramento do ato
cognitivo. Consiste na capacidade do indivíduo de monitorar e autorregular os próprios processos
cognitivos.

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inventos3, doravante chamado kits, como instrumentos de descoberta, que permitem a


alunos e professores desenvolver atitudes científicas em contextos relevantes ao nosso dia-
a-dia. Temos observado que quanto mais simples e conceitual é o experimento ou
protótipo, tanto mais instrutivo e atraente ele se torna. Nesta linha de atuação, o professor
pode e deve instigar seus alunos a simplificar os experimentos e protótipos até reduzi-los
a um mínimo em termos de materiais empregados, minimizando custos e maximizando o
valor pedagógico de cada projeto específico. Esta estratégia permite aos alunos
desenvolver novas habilidades e a capacidade de buscar soluções alternativas e mais
baratas, que é à base de grande parte da pesquisa e desenvolvimento realizados nos
laboratórios tecnológicos. Deste modo, a escola dá uma oportunidade única a seus alunos
de vivenciar concretamente o conhecimento “construído” por eles próprios e de
internalizar o significado dos conceitos científicos aplicados a contextos bem-definidos.
Tudo isso em um ambiente favorável ao desenvolvimento social, científico, tecnológico e
pessoal dos alunos.
Uma etapa importante desse trabalho é que todos os experimentos propostos
seguem um roteiro explicativo, enfatizando os princípios físicos envolvidos. Desta forma,
buscamos desenvolver uma prática organizada e que direcione os estudantes ao objetivo
da proposta experimental, permitindo aperfeiçoar a capacidade de visualizar as ideias e
os conceitos subjacentes.
Em nosso meio escolar, é muito comum haver uma supervalorização do
conhecimento, como um fim em si mesmo, desvinculado de sua dimensão social. A
proposta de disponibilizar kits de experiências pedagógicas inovadoras, desenvolvidas no
âmbito da escola, visa justamente aproximar a escola das necessidades do seu público,
extremamente curioso e ávido por conhecimentos científicos e tecnológicos, desde que
traduzida de forma lúdica e divertida (VALADARES, 2002).

4 OBJETIVOS DO ESTUDO
Este artigo tem por objetivo principal a construção de um kit de experimentos de
baixo custo para o uso nas aulas de Física, como metodologia alternativa. Os inventos serão
elaborados com materiais recicláveis e facilmente disponíveis. Juntamente com o kit será
elaborado roteiros explicativos com sugestões de montagem e aplicação em sala de aula
bem como a necessária teoria para a compreensão dos princípios físicos envolvidos.

3
Usamos aqui esse termo como sinônimo de experimentos simples e de baixo custo.

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Além de abordar a importância da experimentação na vida do aluno, o presente


estudo têm o propósito
de:
• contribuir para melhorar a aprendizagem dos conceitos de Física;
• auxiliar os professores, com uma metodologia alternativa, no ensino de
Física;
• estabelecer um maior envolvimento dos alunos nas aulas de física,
facilitando a relação ensino-aaprendizagem e despertando em cada um a
curiosidade científica;
• fomentar a importância de uma nova prática de ensino, levando o professor a
propor soluções viáveis e de baixo custo para a melhoria do ensino de física.

5 CRIAÇÃO DO KIT SOBRE ELETROMAGNETISMO


Decidimos fazer um kit de experimentos sobre eletromagnetismo por ser um
conteúdo que é bastante cobrado no ENEM4, onde a grande maioria dos alunos têm
objetivo de participar. Outro importante motivo é por se tratar de um assunto difícil de
ser compreendido entre os discentes, que o consideram muito abstrato. Além de ser um
conteúdo que está muito presente no cotidiano dos alunos através dos equipamentos
eletrônicos, como celulares, computadores, rádio, televisão, entre outros.
Inicialmente, foi feito uma catalogação dos experimentos que deverão constar no
kit, levando em consideração sua simplicidade e a facilidade de obtenção dos materiais.
Depois, os mesmos foram construídos e juntos deles foram elaborados os roteiros
explicativos com:
• título do experimento, onde evidencia o assunto a ser abordado;
• objetivo, que indica o que se pretende atingir com sua realização;
• material utilizado, onde informa os materiais necessários para a realização
do mesmo;
• como fazer, onde orientamos a montagem e a realização detalhada do
experimento com fotos e/ou ilustrações;
• Explicação Física, onde enfatizando os princípios físicos envolvidos em
cada experimento.

4
O Exame Nacional do Ensino Médio é uma prova realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, autarquia vinculada ao Ministério da Educação do Brasil, e foi criada em
1998. Ela é utilizada para avaliar a qualidade do ensino médio no país.

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Finalmente, os experimentos foram aplicados em sala de aula com o propósito de


verificar a eficiência do kit proposta no que se refere à aprovação dos professores e alunos.
Abaixo segue o roteiro de cada experimento usado no kit.

5.1 MOTOR ELÉTRICO SIMPLES


5.1.1 Objetivo
Tem-se por objetivo neste experimento a construção de um motor elétrico simples e
o entendimento do seu funcionamento, através da transformação da energia elétrica em
energia mecânica.

5.1.2 Material utilizado


• 1 m de fio de cobre esmaltado;
• 2 pedaços de arame de 20 cm cada;
• 1 pilha grande de 1, 5V ;
• 1 imã (de alto falante);
• Fita adesiva;
• Lixa fina ou esponja de aço.

5.1.3 Como fazer


Para obter a espira do motor, enrole o fio esmaltado em torno da pilha para formar
a espira. Com 1 m de fio dá, com relativa folga, para 22 a 25 voltas, Reserve 2 cm, de fio
em cada uma das pontas para o eixo do motor. Retire totalmente o esmalte de um dos eixos
com a lixa ou a esponja de aço e apenas metade da área de outro eixo, como indicado na
figura 1. Faça dois suportes para a espira com os pedaços de arame. Fixe com fita adesiva
os suportes na pilha em contato com os polos. Agora é só apoiar as pontas da espira nos
suportes de arame com o imã em cima da pilha como mostra a figura 2. Se necessário dê
um leve empurrão na espira para dar partida ao motor.

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Figura 1: Espira do motor.

Fonte:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014
/2014_uel_fis_pdp_edson_da_costa_freitas.pdf.

Figura 2: Motor elétrico simples em funcionamento.

Fonte: Autores.

5.1.4 Explicação física


O funcionamento deste motor elétrico simples consiste em primeiro lugar, nos fios
raspados da espira que estão em contato com a armação de arame e a pilha onde é
percorrido por uma corrente elétrica que cria um campo magnético na espira. Esta espira,
por ter liberdade de rotação, entra em movimento, para se livrar da repulsão magnética
do ímã, que está fixo à sua frente. Depois de um quarto de volta, a bobina está
parcialmente em contato com o arame e o campo magnético começa a perder sua força.
Não deixando assim, que a atração do polo sul da bobina pelo polo norte do imã seja forte
o suficiente para frear o movimento. Quando a espira completa meia volta, começa o
processo inverso, ou seja, existi um campo magnético atrativo entre a espira e o ímã. Mas
isso só acontecerá se os contatos estiverem ligados. Este contato não é estabelecido, pois,
esta atração frearia ou cessaria o movimento adquirido no primeiro momento.
Completando-se mais um quarto de volta, o contato com o arame começa a se restabelecer
e o campo magnético ganha força. Neste momento a bobina começa a ser repelida pelo
ímã. Dado o movimento que a bobina já possui, este ganha nova aceleração. Depois a
espira volta à posição inicial e o ciclo recomeça. Assim o processo continua

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periodicamente, enquanto existir corrente elétrica passando pela espira.

5.2 RELÉS TÉRMICOS


5.2.1 Objetivo
Mostrar as propriedades térmicas e elétricas do alumínio e discutir o
funcionamento de dispositivos presentes nos circuitos elétricos com finalidade de ajustar o
nível da corrente de acordo com a temperatura.

5.2.2 Material utilizado


• Placa de madeira com duas tiras retangulares fixada nela (veja a figura);
• 1 Pilha de 1, 5V ;
• Lâmpada pequena (por exemplo, de uma lanterna) ou LED de 1, 5V (veja
a polaridade);
• Tira de papel-alumínio de 1, 5 x 4 cm;
• Tira de papel (dimensões aproximadamente iguais às da tira de papel-
alumínio);
• Chama de um isqueiro ou fósforo;
• Fita adesiva;
• Cola branca.

5.2.3 Como fazer


Cole a parte menos brilhante da tira de alumínio na tira de papel (o “relé”) como
mostra a primeira parte da figura 3. Fixe com fita adesiva a ponta de cada um dos fios nas
duas tiras retangulares na madeira, como indicado na parte inferior da figura 3. Conecte a
ponta de um desses fios a cima das extremidades da tira de alumínio (parte de baixo do
relé), usando fita adesiva para fixar a ponta do fio na tira. Apoie o relé na ponta do outro
fio (veja a figura 3). Ao conectar os pontos livres dos dois fios aos polos da pilha, a
lâmpada ou o LED devem acender (inverter suas conexões se ele não acender). Aproxime
a chama da parte do relé. O que acontece quando ele é aquecido?

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Figura 3: Montagem do relé térmico.

Fonte: Autores.

5.2.4 Explicação física


Quando você conecta as pontas dos fios aos polos da bateria, uma corrente elétrica
composta por bilhões de bilhões de elétrons livres percorrem o circuito que contém a
lâmpada ou o LED fazendo-os acender. Quando o relé aquecido com chama, as tiras de
alumínio e de papel se expandem de forma desigual. O alumínio, por ser um metal, se
expende mais do que o papel. Com isso, o relé fica encurvado para cima. A corrente
elétrica que atravessa a lâmpada ou o LED é interrompida e cessa a sua emissão de luz. Os
relés térmicos, como o do experimento, são usados para limitar correntes elétricas em
circuitos. Se a corrente ultrapassar certo valor, o calor gerado nos relés os faz interromper
a passagem de corrente, de modo semelhante ao relé de papel e papel-alumínio.

5.3 LABIRINTO ELÉTRICO


5.3.1 Objetivo
Passar o gancho pelo arame sem haver o contato, se houver o contato, o alto-
falante toca e a luz acende. Assim, buscamos esclarecer conceitos relacionados a
transformação de energia, a transmissão da eletricidade e conhecer elementos simples que
compõem um circuito elétrico.

5.3.2 Material utilizado


• Um pedaço de madeira para a base;
• Arame;

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• 2 pilhas de 1, 5V cada uma;


• Fita isolante e fita adesiva;
• 1 pedaço de garrafa pet;
• Pregos e tachinha;
• Ferramentas básicas (martelo, chave de fenda, alicate e tesoura);
• Fio elétrico;
• Um pequeno alto-falante;
• Um interruptor.

5.3.3 Como fazer


Pegue o pedaço de garrafa pet, embrulhe as 2 pilhas e prenda com fita adesiva. A
garrafa pet deve ser cortada de um tamanho que sobre um pedacinho de cada lado. Fixe
dois pregos, a cada lado do conjunto de pilhas, na base de madeira. Para o conjunto ficar
bem encaixado coloque um pedaço de papel alumínio entre as duas pilhas e entre os pregos.
Agora pegue um pedaço de fio elétrico e prenda-o com fita adesiva a uma das pontas no
interruptor, e o outro na parte negativa das pilhas. Prenda mais um pedaço de fio no
interruptor e fixe-o na tabua e a outra ponta na parte negativa do alto-falante e prenda-o na
madeira, como mostra o arranjo da figura 4. Agora pegue 1, 0 m de arame e deixei-o em
forma de "U"bem apertado em cada lado, prenda-o nos dois lados de sua base, conecte o
lado positivo do alto-falante no arame. Pegue um pedaço de fio elétrico de 70 cm e prenda
no lado positivo da pilha. Usando mais 30 cm de arame dobre-o formando um
"U"deixando 10 cm, usando estes 10 cm faça uma argolinha (bem pequena) que fique presa
no arame. Cubra as conexões com fita isolante e agora é só tentar atravessar o arame sem
que o alto-falante toque!

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Figura 4: Montagem do relé térmico.

Fonte: Autores.

5.3.4 Explicação física


O lado negativo da pilha é acionado ao ligar o interruptor, e o lado positivo é
acionado com o contato dos arames, pois o lado positivo da luz e do alto falante estão
ligados no arame, e o lado positivo da bateria está ligado no arame que está feito o gancho.
Então com os lados positivo e negativo ligados temos um circuito fechado percorrido por
uma corrente elétrica que faz a luz e o alto-falante funcionar ”dedurando” quem encostar
no arame.

5.4 GUINDASTE ELETROMAGNÉTICO


5.4.1 Objetivo
Ilustrar o funcionamento de um guindaste eletromagnético, como os utilizados em
ferro velho. Além de demonstrarmos o funcionamento de um eletroímã. Esta invenção é
feita em duas etapas, uma para a construção do guindaste e outra para a construção de um
eletroímã.
• Para o guincho

5.4.2 Material utilizado


• 3 seringas de 5 ml e uma de 3 ml;
• 3 tiras de madeira (2 x 16 cm, 2 x 19 e 2 x 7 cm) de 1 cm de espessura;
• Base de madeira de 20 x 20 cm, com cerca de 1 cm de espessura;

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• 1 Dobradiça;
• 1 Parafuso comprido com porca;
• Tubo de PVC de meia polegada;
• Garrafa pet com tampa;
• Mangueira de plástico;
• Arame grosso (7 cm), com 2 a 2, 5 mm de diâmetro;
• Parafusos para madeira.
• Água.

5.4.3 Como fazer


1) Suporte de tubo de PVC para as seringas:
Serão usados dois suportes: um para a seringa vertical e outro para a horizontal.
Corte um pequeno pedaço do tubo de PVC de 4 cm e faça nele dois furos que o atravesse
completamente e que tais furos sejam separados por uma distância de 1, 5 cm, assim
poderemos encaixar os parafusos de fixação. Um ponto importante é fazer os furos
externos com maior diâmetro para passar completamente os parafusos a serem fixados no
suporte, como mostra a parte 1 da direita da figura 5(suporte vertical). Já no suporte
horizontal (tubo de PVC de 4 cm) fazemos apenas um único furo no meio com as mesma
característica do furo anterior. Passe o parafuso maior por esse furo e prenda-o no tubo
com uma porca, depois encaixe uma seringa de 5 ml no suporte, de acordo com a parte 2
da figura 5(seringa horizontal).
2) Braço do guindaste:
Corte a parte superior da garrafa pet junto da aba e parafuse-a, pela tampa, ao
pedaço de madeira 2 x 16 cm para obter uma haste vertical giratória, ver parte 3 da figura
5. Fixe a dobradiça nos dois pedaços mais fino de madeira, como mostra a parte 4 da figura
5. Agora encaixe no suporte vertical a seringa de 5 ml, com o êmbolo todo para dentro,
depois posicione esse suporte de tal forma que o ângulo entre o pedaço vertical e o
horizontal, apoiada no êmbolo, seja de 90◦. Fixe na base a haste vertical giratória, como
mostra a figura 5. Para posicionar o suporte com a seringa horizontal, verifique para qual
lado o braço do guindaste se move quando a tampa é desparafusada. Determine a posição
em que a seringa horizontal e a tira vertical formam um ângulo de 90◦, com a cabeça da
seringa a cerca de 3 cm da tira vertical. Faça então um furo na base para o parafuso maior,
de modo que ele gire livremente. Dobre o arame grosso a 1 cm da extremidade, formando

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um "L". fure o êmbolo da seringa horizontal, próximo a sua extremidade, e também o


pedaço vertical, de fora a fora, para o encaixe do arame. Ele deve ficar paralelo à base
quando encaixado nos dois furos. A seguir, dobre a outra extremidade do arame para fixá-
lo como mostra a figura 5.

Figura 5: Montagem do guindaste eletromagnético.

Fonte: https://sites.ifi.unicamp.br/lunazzi/files/2014/03/DanielJ-Dirceu_F809_RF2.pdf.

3) Painel de controle:
Faça dois furos na tira de madeira 2 x 7 cm para encaixe sob pressão das seringas
de 3 e 5 ml. Fixe o painel na base, com parafuso, prego ou cola quente, de acordo com 5.
4) Funcionamento do guindaste:
Conecte com uma mangueira as seringas do painel de controle ás seringas das
partes do guincho. Encha as seringas do painel de controle de água retirando todo o
êmbolo. Agora só basta pressionar os êmbolos das seringas no painel de controle para
operar o guincho.
• Eletroímã

5.4.4 Material utilizado


• Parafuso ou prego grande;
• Fio fino de cobre, encapado ou esmaltado;
• Pilha de 1, 5V ;
• Fita adesiva;

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• Preguinhos ou clipes de metal;


• Um interruptor.

5.4.5 Como fazer


Enrole o fio em todo o prego ou parafuso. Desencape as pontas do fio ou lixe-as
(fios esmaltados), conecte-as em um dos lados do interruptor, do outro lado conecte outras
duas pontas dos fios (lixados) e fixe-os nos terminais da pilha com fita adesiva. E pronto
o eletroímã está pronto!
1) Acoplagem do eletroímã no guincho:
Passe o fio do eletroímã pela parte superior do braço do guindaste fixando com
fita adesiva de modo que o prego ou parafuso fique suspenso, conecte o interruptor na
base do guincho.

5.4.6 Explicação física


• Robô Hidráulico
O robô hidráulico baseia-se na transmissão de pressão através da água. A pressão
aplicada nos êmbolos das seringas no painel de controle se propaga pela água que
preenche os tubos de conexão e faz a base e o braço do robô girarem. Todos os
dispositivos hidráulicos, incluindo os que permitem as portas dos ônibus abrir e fechar, o
acionamento de partes móveis das asas dos aviões (flapes), freios de carros, compressores,
elevadores hidráulicos (usados em postos de gasolina e em oficinas), macacos hidráulicos
e outros dispositivos mais complexos baseiam-se no mesmo principio do robô hidráulico.
• Eletroímã
O eletroímã é um dispositivo que utiliza corrente elétrica para gerar um campo
magnético, semelhantes àqueles encontrados nos ímãs naturais. É geralmente construído
aplicando-se um fio elétrico espiralado ao redor de um núcleo de ferro, aço, níquel ou
cobalto ou algum material ferromagnético. Quando o fio é submetido a uma tensão, o
mesmo é percorrido por uma corrente elétrica, o que gerará um campo magnético em sua
volta de acordo com a lei de Biot-Savart. A intensidade do campo e a distância que ele
atingirá a partir do eletroímã dependerão da intensidade da corrente aplicada e do número
de voltas da espira. Eletroímãs são usados em diversos aparelhos, como motores, faróis
de carro, campainhas e discos-rígidos. Nos alto-falantes, são usados dois ímãs: um
permanente e um eletroímã, que é ligado e desligado na frequência adequada, indo para a

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frente e para trás, como um pistão, fazendo o cone vibrar e produzir o som. Eletroímãs
mais poderosos são utilizados para separar o lixo em ferros-velhos, ou nos portos para
colocar contêineres em navios.

5.5 ÁGUA QUE VIRA GÁS – ELETRÓLISE


5.5.1 Objetivo
O objetivo do invento é promover a quebra de moléculas de água em seus
elementos constituintes, sejam eles: gás hidrogênio (H2) e gás oxigênio (O2). Ou seja,
transformar a água em oxigênio e hidrogênio usando eletricidade.

5.5.2 Material utilizado


• Garrafa de plástico com tampa de rosca ( de 300 a 500 ml);
• 2 lápis;
• Super cola (adesivo instantâneo universal);
• 2 pedaços de fios elétricos;
• 2 pilhas de 1, 5V ;
• balão de festa;
• Água e sal.

5.5.3 Como fazer


Deixe exposta a grafita de cada lápis nas duas pontas. Faça dois furos próximos
na parede lateral da garrafa para encaixar os dois lápis e use super cola para vedação ou
um pedaço de balão de festa esticado em torno do lápis. Coloque água com sal dentro da
garrafa e encaixe a boca do balão no gargalo da garrafa, como indicado na figura 6. Enrole
uma ponta de fio em cada grafite e fixe a outra ponta dos fios nos terminais das pilhas
fechando o circuito. Após 20 a 30 minutos, apalpe o balão. O que acontece com as pontas
dos lápis em contato com a água a medida que o tempo passa?

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Figura 6: Esquema de montagem do experimento de eletrólise.

Fonte: https://issuu.com/noemifigur/docs/livro_digital_final.

5.5.4 Cuidados Especiais


O gás que preenche o balão é inflamável. Por isso, não exponha o balão a chamas
ou a outras fontes de calor.

5.5.5 Explicação física


Todos nós sabemos que a água é composta por somente dois elementos químicos,
o Hidrogênio (H) e o Oxigênio (O) e tem a seguinte estrutura molecular: H2O. Mas vocês
sabiam que é possível separar esses dois elementos? E o melhor de tudo, na sua casa? Mas
para quê? Vocês podem perguntar. Eu respondo! Vocês sabiam que o gás hidrogênio era
usado nos antigos dirigíveis, até que um dia explodiu (sim, o gás hidrogênio é altamente
explosivo), fazendo com que fosse substituído por gás hélio.
A eletrólise é a junção de duas palavras: eletro (energia elétrica) e lise (quebra),
ou seja, a quebra de uma molécula utilizando energia elétrica. No caso da água é
necessário 1, 24V . A quebra da molécula da água resulta em hidrogênio e oxigênio. O sal
é adicionado, pois a água por si só não é condutora elétrica, e a adição do sal faz com que
ela se torne boa condutora fazendo com que a corrente passa de um eletrodo para outro e
fechando o circuito. Essa reação é endotérmica, ou seja, absorve energia, por isso é
preciso que seja fornecida energia por meio das pilhas.

5.6 FREIO MAGNÉTICO


5.6.1 Objetivo
Esta atividade experimental tem por objetivo abordar alguns conceitos de
eletromagnetismo. Nela serão trabalhadas as leis de indução de Faraday e Lenz.

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5.6.2 Material utilizado


• um tubo oco de cobre de cerca de 30 cm de comprimento;
• Um tubo oco de acrílico de mesmo tamanho e diâmetro do tubo de cobre;
• Um ímã cilíndrico que caiba dentro dos tubos;
• Um cilindro de metal de mesmo tamanho e massa do ímã cilíndrico;
• Uma bússola e um prego para ilustrar que o material é ímã.

5.6.3 Como fazer


Primeiramente, o experimento pode ser realizado com o tubo de acrílico. Com
esse tubo, meça o tempo de queda do cilindro de metal e do ímã cilíndrico ao passarem
pelo interior do tubo de acrílico. Após essa verificação você perceberá que os tempos de
queda dos dois objetos (metal e ímã) são iguais. Em seguida, o experimento deve ser
realizado com o tubo de metal (direita da figura 7). Usando o tubo de cobre, meça o tempo
de queda do metal cilíndrico e do ímã cilíndrico, ao passarem pelo interior do tubo de
cobre. É interessante perceber que o ímã não atrai o tubo de cobre pelo fato de o cobre
não ser um material ferromagnético. Ao colocar o ímã dentro do tubo de cobre você
perceberá que o tempo de queda do ímã é muito maior do que o tempo de queda do metal
cilíndrico.

Figura 7: Esquema de montagem do experimento.

Fonte: Autores.

5.6.4 Explicação física


Ao verificar o tempo de queda, você perceberá que o ímã cai com velocidade
constante. Para que ele caia com velocidade constante, já que atua sobre ele a força peso,
é necessário que exista uma força de igual intensidade, porém com sentido para cima,
atuando sobre o ímã (parte esquerda da figura 8). Você pode fazer o seguinte

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questionamento: mas de onde surge essa força, uma vez que o ímã não é atraído
magneticamente pelo material de cobre? A explicação para tal acontecimento tem como
base as leis de Faraday e Lenz.

Figura 8: Esquema que mostra as forças que atuam no experimento.

Fonte: https://renataquartieri.com/vestibular-2/exercicios/inducao-eletromagnetica-2/.

Como dissemos anteriormente, o cobre não é um material ferromagnético,


portanto não atrai o ímã e nem é atraído por ele. Porém, quando o ímã é abandonado no
interior do tubo de cobre, ele faz com que um campo magnético passe por todo o interior
do tubo. Sendo assim, cada anel do tubo de cobre
tem comportamento igual a uma bobina ou uma espira (parte direita da figura 8).
Dessa forma, há um campo magnético variado criado porque o ímã está descendo, gerando
uma força eletromotriz induzida de acordo com a Lei de Faraday. Essa força eletromotriz
induzida provoca uma corrente elétrica pelo fato de o circuito ser fechado e essa corrente
elétrica induzida obedecer à Lei de Lenz. Obedecendo à Lei de Lenz, ela vai criar um
campo magnético que se contrapõe com a que a originou, criando então uma força
magnética para cima. Sendo assim, teremos a força peso puxando o ímã para baixo, uma
força magnética para cima e a resultante entre as duas forças será igual a zero. Isso faz com
que o ímã, ao passar pelo tubo, sofra uma resultante igual a zero e caia com movimento
uniforme.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de kits didáticos no ensino de Física, tendo como base a construção de
experimentos onde foram utilizados materiais de baixo custo e/ou recicláveis pode
resultar em uma excelente oportunidade pedagógica na busca de melhorias no processo
de ensino e de buscar incentivar o desenvolvimento científico nas escolas públicas de

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ensino médio. Além disso, o presente estudo visa contribuir para melhorar a
aprendizagem dos conceitos de Física permitindo vincular a teoria vista em sala de aula
com a prática contida no uso dos experimentos, muitas vezes de forma interdisciplinar,
tornando este ensino mais interessante e motivador.
Devemos salientar, que o uso desse kit didático de experimentos de baixo custo
para a apresentação dos fenômenos estudado em sala de aula é encarado pelos autores
como uma forma acessível de contornar problemas relacionados a falta de laboratório de
Física ou as condições precárias que muitos se encontram nas escolas, especialmente
aquelas carentes de recursos financeiros. Como também, uma forma de aproxi- mar os
alunos ao método científico através de materiais encontrados no seu cotidiano e de
experimentos que podem ser facilmente reproduzidos.
Outro ponto importe desse trabalho está relacionado com a elaboração dos roteiros
explicativos para cada experimento contido no kit. Eles foram construídos de forma
detalhada e com ilustrações, visando a praticidade de sua utilização, por partes dos
professores e alunos. Também foram feitos com sugestões de montagem e aplicação em
sala de aula bem como a necessária teoria para a compreensão dos princípios físicos
envolvidos em cada experimento.
Dessa forma, o estudo proposto representa um importante recurso pedagógico para
as aulas de Física, sendo elaborado com a finalidade de criar oportunidades de aliar a
teoria com a prática experimental, propiciando um ensino mais significativo, dinâmico e
diferenciado, o que acreditamos ser relevante para o ensino de física.
Por fim, temos que ter em mente que inciativas voltadas para estimular o
desenvolvimento científico nas escolas públicas, tais como a apresentada nesse artigo,
devam ser incentivadas e apoiadas pelos órgãos competentes junto à rede pública de ensino.
Assim, estaremos preparando nossos alunos a viverem como protagonistas do
conhecimento em um mundo cada vez mais tecnológico e sedento por descobertas e
invenções científicas.

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REFERÊNCIAS
[1] ARAÚJO, M.S.T., ABIB, M.L.V.S., Revista Brasileira de Ensino de Física, v.25,
n.2, p.176 (2003).
[2] BEBER, B., SILVA, E., BONFIGLIO, S.U., Rev. psicopedag., v.31, n.95, p.144
(2014).
[3] ROSA, C.W., Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, v.5, n.2, p.13 (2003).
[4] SCHENBERG, M., Pensando a Física. São Paulo, Ed.Landy, 2001.
[5] VALADARES, E.C., Física Mais que Divertida. v.2, Belo Horizonte, Ed.UFMG,
2002.

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