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HISTÓRIA DO BRASIL

Brasil Colonial – Capitanias Hereditárias


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BRASIL COLONIAL – CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

BRASIL COLONIAL: ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA, CULTURA E SOCIEDADE


AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

As capitanias hereditárias não se constituem como um processo de compra e venda de


terras. O capitão donatário, que é o dono, passa as terras para seus herdeiros, sendo, por-
tanto, um título. Ademais, as capitanias são muito além de terras que são passadas de pai
para filho. Neste momento da cronologia da História do Brasil, elas representam a forma que
Portugal encontrou para empreender a colonização nessa nova terra.

Obs.: Martim Afonso de Sousa já havia doado sesmarias, que são grandes lotes de terra.
As sesmarias são a raiz dos grandes latifúndios do território brasileiro ainda hoje.

• As Capitanias Hereditárias foram o modelo adotado para a colonização e exploração


econômica do Brasil, de forma sistemática, pelos portugueses.
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Associa-se capitanias hereditárias à divisão de terras. Por exemplo, no mapa acima, há


várias faixas de terras, que são as capitanias. A limitação geográfica deve ser entendida da
seguinte forma: ela vem do litoral até o meridiano de Tordesilhas. Essa é uma forma sistemá-
tica, ou seja, uma forma organizada que Portugal encontrou para administrar o novo território.
Em resumo, a capitania hereditária é uma sistematização da administração metropolitana
sobre a sua posse, que é a Colônia, mas também figura como uma maneira de Portugal não
perder os territórios.

Obs.: As capitanias hereditárias simbolizam a efetivação da colonização portuguesa, e a


antiga relação amistosa entre colonizadores e indígenas se finda, passando agora a
vigorar a violência.

• Busca-se também assegurar o domínio português na parte da América considerada


lusitana, o que representa sua primeira divisão política.
• Os espanhóis buscam o domínio da região do Rio da Prata, que os portugueses
também consideravam sua. Desde 1504, os franceses exploravam pau-brasil na Terra
de Santa Cruz.
• A fundação do Brasil, como unidade política, só ocorre em 1549, com o estabeleci-
mento do Governo Geral (centralização da administração Portuguesa), em Salvador.
5m

Obs.: A capitania hereditária é uma faixa de terra do litoral até o Meridiano de Tordesilhas,
porém, ela tem especificamente um capitão donatário que responde diretamente ao
rei. Esse sistema é marcado pela descentralização.

• Na década de 1530, fica evidente para d. João III que apenas a soberania do papa
legitimando o tratado não daria conta de afugentar os corsários franceses, os quais,
com frequência cada vez maior, se estabeleciam nas possessões americanas.

Obs.: Tratado de Tordesilhas.

A saída foi criar várias frentes colonizadoras, basicamente independentes, que muitas
vezes guardavam mais comunicação com a metrópole do que entre si. O sistema administra-
tivo adotado foi o das capitanias hereditárias, que já era utilizado com bastante sucesso em
domínios lusitanos, como Cabo Verde e ilha da Madeira.
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Obs.: Percebe-se que as capitanias hereditárias não são um empreendimento inédito de


Portugal para a colonização das terras na América.

A filosofia era simples: como a Coroa tinha recursos e pessoal limitados, delegou a tarefa
de colonização e de exploração de vastas áreas a particulares, doando lotes de terra com
posse hereditária. Schwarcz, Lilia Moritz; Starling, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia (p.
44). Companhia das Letras. Edição do Kindle.
10m

Entre 1500 e 1530 – período pré-colonial

Obs.: Portugal decide colonizar as terras brasileiras, pois não era mais o detentor de mo-
nopólios e grande influência nas Índias, que passaram a contar também com os
empreendimentos dos Holandeses. Portugal decide sair do exclusivismo de atenção
para as Índias e se volta para o Brasil.

Acerca das capitanias hereditárias, Bóris Fausto, no livro História do Brasil, afirma que
não se deve falar em grande nobreza ou alta nobreza quando se trata da entrega dessas
capitanias, porque a alta nobreza portuguesa estava envolvida e interessada no comércio das
índias. Ou seja, são os membros da baixa e da média nobreza que receberão essas posses
para que, com seu capital (frisa-se que o capital de Portugal era limitado) e de forma descen-
tralizada, ocupasse aquela região, atendendo a um projeto colonizador de Portugal. Dessa
forma, Portugal asseguraria a terra e arrecadaria recursos financeiros a partir da exploração
dessa nova terra.
Portanto, quando se trata das grandes capitanias, Portugal não está incentivando uma
agricultura familiar ou uma pequena propriedade, porque Portugal não tinha contingente
humano necessário para ocupar toda uma região gigantesca.
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14. Nova et Accurata Brasiliae Totius Tabula, mapa de Johannes Blaeu, 1640. IHGB

As primeiras Capitanias Hereditárias no Brasil continental foram criadas por D. João III,
de 1534 a 1536. Essas representam a primeira divisão política da América Lusitana. As cartas
de doação registravam para a “terra do Brasil”: “Dom João [...] houve por bem de mandar
repartir, e ordenar em Capitanias de certas em certas léguas...”. Foram concedidas, a 12
donatários, 14 capitanias, divididas em 15 lotes de 50 a 100 léguas de costa, cada um. Seus
territórios começavam no litoral e terminavam no interior, no Meridiano de Tordesilhas.
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Nenhum representante da grande nobreza se incluía na lista dos donatários, pois os


negócios na Índia, em Portugal e nas ilhas atlânticas eram, nessa época, bem mais atrativos.
15m

Obs.: O foral dava aos capitães donatários aquilo que eles tinham de direito (explorar re-
cursos, cobrar impostos, escravizar os indígenas, estabelecer engenhos de açúcar,
por exemplo) e deveres, como proteger o território contra os ataques de indígenas
e invasores. O capitão donatário não tinha o direito de vender as terras, mas retirar
delas riquezas e fazer com que a região prosperasse, os impostos fossem recolhi-
dos, parte da produção fosse tarifada para Portugal, a fim de que pudesse extrair
lucratividade a partir de então.

• Os donatários receberam uma doação da Coroa, pela qual se tornavam possuidores


mas não proprietários da terra. Isso significava, entre outras coisas, que não podiam
vender ou dividir a capitania, cabendo ao rei o direito de modificá-la ou mesmo extin-
gui-la. A posse dava aos donatários extensos poderes, tanto na esfera econômica
(arrecadação de tributos) como na esfera administrativa. História do Brasil / Boris
Fausto. Pág. 44.
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Obs.: Era permitida a doação de terras (sesmarias, as quais são as raízes do latifúndio, das
grandes fazendas e propriedades). A sesmaria era uma forma de ajudar na adminis-
tração e proteção do território.
20m

CARTA DE DOAÇÃO: doava os direitos de usufruto ou posse sobre a capitania.


FORAL: estabelecia os direitos e deveres do donatário. Definia os tributos que pertence-
riam ao donatário e os que seriam para a Coroa.

DIREITOS:

• Explorar os recursos naturais e minerais da terra.


• Desenvolver a agricultura e a pecuária, obtendo lucro com tais atividades.
• Exercer o poder político-administrativo em sua capitania.
• Doar sesmarias aos colonos.
• Escravizar índios para serem usados como mão de obra.
• Exercer o poder judiciário (justiça) em sua capitania.
• Cobrar impostos dos moradores e comerciantes que atuavam na capitania.
• Estabelecer engenhos de açúcar.

Obs.: Os direitos se dão porque são prerrogativas de lucratividade para o capitão donatário.
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DEVERES:

• Fazer a proteção do território, principalmente da faixa litorânea, contra os invasores


(holandeses, ingleses e franceses).
• Desenvolver a colonização dos territórios.
• Combater tribos indígenas que dificultavam a colonização do Brasil.
• Fundar vilas na colônia.
• Fiscalizar as ações econômicas na capitania, com o objetivo de garantir o monopólio
da coroa no comércio colonial e na exploração de pau-brasil.

Obs.: Percebe-se que já havia uma tarifação obrigatória a ser encaminhada para Portugal,
que levava em consideração tudo o que tinha de arrecadação e produção na capita-
nia. Tal característica se relaciona com o Pacto Colonial, que é a metrópole exercen-
do o poder sobre a sua colônia. Lembre-se de que a colônia existe unicamente para
satisfazer os anseios econômicos, administrativos e estruturais da metrópole.

• Maranhão (Lote 1) – Aires da Cunha associado a João de Barros.

• Maranhão (Lote 2) – Fernando Álvares de Andrade.


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• Ceará – Antônio Cardoso de Barros.


• Rio Grande do Norte – João de Barros associado a Aires da Cunha.
• Itamaracá – Pero Lopes de Sousa.
• Pernambuco (Nova Lusitânia) – Duarte Coelho.
25m
• Bahia de Todos os Santos – Francisco Pereira Coutinho.
• Ilhéus – Jorge de Figueiredo Correia.
• Porto Seguro – Pero do Campo Tourinho.
• Espírito Santo – Vasco Fernandes Coutinho.
• São Tomé – Pero de Góis.
• São Vicente (dividida em dois lotes: São Vicente e Rio de Janeiro) – Martim
Afonso de Sousa.
• Santo Amaro – Pero Lopes de Sousa.
• Santana – Pero Lopes de Sousa.

Obs.: As capitanias foram sofrendo alterações durante os séculos.

Das 14 capitanias, apenas duas prosperaram: Pernambuco e São Vicente. Com o passar
do tempo, até mesmo pelo governo geral, a capitania da Bahia também prosperará, porque
ela é tomada pelo governo para criar a sua sede. Alguns motivos pelos quais as capitanias
não deram certo: 1) quem recebeu a posse dessas capitanias era membro da média ou da
baixa nobreza. Muitos, quando ainda estavam em Portugal, receberam o direito do usufruto
da terra e não vieram. Por exemplo, algumas capitanias foram possuídas no século XVII,
que é o caso do Maranhão, quando houve a expulsão dos franceses; 2) resistência indígena
contra o domínio dos portugueses; 3) falta de comunicação entre as capitanias.
Sabemos que, com exceção das Capitanias de São Vicente e Pernambuco, as outras
fracassaram em maior ou menor grau, por falta de recursos, desentendimentos internos,
inexperiência, ataques de índios. Não por acaso, as mais prósperas combinaram a atividade
açucareira e um relacionamento menos agressivo com as tribos indígenas.
30m
As capitanias foram sendo retomadas pela Coroa, ao longo dos anos, através de compra
e subsistiram como unidade administrativa, mas mudaram de caráter, por passarem a perten-
cer ao Estado. Entre 1752 e 1754, o Marquês de Pombal completou praticamente o processo
de passagem das capitanias do domínio privado para o público.
História do Brasil / Boris Fausto. Págs. 45 e 46.
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Obs.: O projeto do Marquês de Pombal era de fortalecimento metropolitano em relação ao


Brasil colônia.

FRACASSO

• Falta de investimento necessário (desenvolvimento e defesa das capitanias);


• Desinteresse dos donatários (muitos eram da baixa nobreza, que temiam um investi-
mento de alto risco);
• Distância da metrópole (comunicação e transporte de mercadorias);
• Ataques de corsários em alto mar;
• Pobreza do solo na maioria das regiões;
• Grande extensão das terras (descontrole administrativo);
• Resistência indígena à escravização e à ocupação de suas terras.

• De todas as capitanias, somente as de Pernambuco e São Vicente de fato se desen-


volveram e prosperaram. Em seguida, Bahia também se desenvolveu de forma signi-
ficativa após o Governo Geral. (AÇÚCAR)

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula prepa-
rada e ministrada pelo professor Admilson Costa Santos.
ANOTAÇÕES

A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo minis-
trado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva deste
material.

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