Poppie Prato Cheio

Você também pode gostar

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 14

Poppie Prato Cheio (ou Califórnia Poppie Folhoso Prato Cheio, a flor aí de cima)

Pais: Petúnia Folhoso e Funcho Prato Cheio

Irmãs mais novas: Lantana e Zinnia

Avós Maternos: Astilbe e Coentro Folhoso.

Tios e tias maternos: Dalia, Alcaçus, Lavanda, Peonia, Boldo, Eucalipto, Confrei, Cravo.

Avós Paternos: Marigold e Agrião Prato Cheio

Tias Paternas: Hortênsia, Margarida, Iris, Calêndula


Halfling, Paladina de Yondalla

Dogma de Yondalla (Abençoada, Provedora, Protetora, Matriarca Educadora):

Aqueles que buscam viver de acordo com os ensinamentos da Provedora serão abençoados
com uma cornucópia de riquezas. Embora a violência nunca deva ser aplicada, os cuidados da
Protetora se estendem a todos que estiverem dispostos a defender seus lares e suas
comunidades ferozmente. Lidere através do exemplo, conhecendo as ações dos que você
liderar para que possa auxiliá-los, se necessário for. Valorize sua família, pois seus pais lhe
deram a vida e seus filhos são o seu futuro. Preocupe-se com os idosos e os fracos, pois você
não sabe quando estará como eles.

Nasci em Hawkmoor, um lugarejo encravado nas Montanhas Omlarandin, nossos


antepassados continuaram procurando o reino halfling perdido, saindo de Riatavin e viemos
parar aqui. Era o ano da Esmeralda Solar, 1454.

Uma mina, um vale, uma vila e um templo agarrado a um penhasco, esse era o meu mundo.

Olhando para trás, vejo que poderíamos ser o assentamento dos pequenos e hoje sei que
éramos, um lugar único em Faerun, onde anões, halflings e gnomos viviam em harmonia. Claro
que pequenas desavenças aconteciam, mas nada de sério e quando alguma ameaça externa
surgia, nos juntávamos e defendíamos nosso território.

Os anões mineravam as maravilhosas gemas omlar, que deram nome as montanhas


Omlarandin, que veio do idioma anão olarmorndin (picos mágicos), elas são muito procuradas
para criar objetos mágicos.

Nós províamos a comida e os gnomos, diversas criações, fossem animais ou mecânicas,


construindo engenhocas que nos ajudavam e algumas vezes explodiam. Era divertido, sujo e
barulhento, tudo que crianças gostam.
Víamos os altos quando íamos ao templo da Senhora da Lua, ou quando desciam para trazer
suprimentos, fazer compras ou estudar as ervas com minha avó Astilbe. Estive na barra de sua
saia ou sombra de suas folhagens desde pequenina.
Ela ensinava a todas as crianças as canções dos Margaridos, um grupo de halflings bardos,
anterior ao Tempo das Perturbações, dizia que sua avó Margarida tinha lhe ensinado, eram
canções alegres e simples e que permeiam minha vida até hoje, gosto de cantarolar enquanto
trabalho, não não tenho voz nem aptidão para bardo, apenas nós halflings gostamos de cantar.

Nossa família tinha pequenas chácaras que ocupavam a face norte do vale, onde plantávamos
legumes, hortaliças e muitas ervas, com as quais minha avó preparava muitos remédios. Ela
sempre dizia para não nos apoiarmos completamente nos poderes divinos, porque já vira
durante a vida, os deuses se negarem a ajudar diversas vezes, não era como no tempo da avó
dela, quando eles sempre atendiam.

Uma clériga de longos cabelos e olhos negros costumava visita-la e trocavam histórias e
receitas para o preparo de unguentos, cataplasmas, garrafadas, tônicos e temperos, seu nome
era Catalenya Blackthorne e um dia ela contou a minha avó eu a família de sua mãe viera da
distante Maztica, muitos anos antes

Ela foi minha segunda mestra.


Com dez anos fui estudar no templo, chegando lá, descobri que também havia um mosteiro
com muitos aprendizes humanos, elfos, meio-elfos, dois draconatos, gnomos e pelo menos
uma dúzia de tieflings, sempre achei seus rabos muito úteis.
Visitava minha família 2 dias a cada dezena, praticamente não vi minha irmã caçula Zinnia
crescer.
Já a do meio, Lantana, era bem mais próxima, para ela e minha avó, eu contava tudo que
aprendia: ler, escrever, fazer contas, história, geografia e mistério dos mistérios, o corpo
humanóide.

Quando descobríamos nossa aptidão, passávamos a nos dedicar mais a ela, alguns se tornaram
monges, alguns clérigos, alguns foram para a escola de bardos. Eu, uma gnoma chamada Meia
Xadrez e uma tiefling chamada Yvanka nos tornamos herbalistas e posteriormente professoras
para os mais jovens.
Mais do que isso, nos tornamos amigas.

Estava no templo há uns doze anos, quando em um dia de folga, no bosque perto da casa de
mus pais, colhendo ervas, abaixei para ver de perto uma flor amarela e quando levantei,
praticamente trombei com um anão que me olhava.

Vi primeiro uma barba ruiva, apenas com cinco anéis, curta, um anão jovem, conforme fui
subindo o olhar me deparei com os olhos cinza mais brilhantes que já tinha visto. Estiquei a
mão fazendo uma leve carícia em seu rosto:

- Um aço gentil... – ao perceber que ao redor dos olhos se espalhava uma vermelhidão, me dei
conta do que fazia, recolhi a mão e virando as costas saí correndo.
No próximo dia de folga, ele estava lá no bosque me esperando.

Ele me ensinou o mistério das pedras e eu lhe ensinei a linguagem das plantas, nos amávamos
com todas as forças.

Anos depois, Otto me contou que se apaixonara por mim no momento daquela leve carícia e
eu por ele quando me deparei com seus olhos cinza.

Nos casamos naquele bosque em um dia de primavera, meu vestido era verde e ele vestia azul.
Um clérigo de Moradin, uma clériga de Sêlune e uma de Yondalla abençoaram o casamento,
minhas amigas Meia Xadrez e Yvanka levaram nossos braceletes.

Fui morar na Vila, em uma pequena casa que tinha um jardim e uma estufa para minhas
plantas e preparados, fornecia remédios e temperos para os moradores. Nossa vida era
simples, sempre que podia, Otto me presenteava com um mimo da sua mineração e eu fazia
os guisados e assados que ele amava.
Minha avó dizia que eu era uma moça bem fornida, ou seja, nunca fui magrinha e ao tratar
bem da alimentação de Otto, também fiquei mais forte, além disso, todos os dias logo ao
acordar fazia os exercícios que aprendera com os monges.

Um dia, era inverno, estava na estufa quando senti o chão tremer, meus vidros chacoalharam,
ao mesmo tempo que se ouvia um estrondo e em seguida a corneta da mina – aquele foi o
som mais pavoroso que já ouvi, saí correndo em direção a mina sem pensar em mais nada,
apenas que os Deuses não tirassem o meu amor.

Corri como nunca, quando cheguei, a fumaça e poeira ainda saíam pela boca da mina. Palavras
esparsas eram processadas em minha cabeça...desmoronamento...bolsão...chamas
azuis...magia descontrolada...praga mágica...

Na confusão consegui passar e ignorando o perigo daquilo tudo cair na minha cabeça segui por
onde deu, por causa das botas com símbolo de Moradin em prata, soube que aquele corpo
debaixo dos escombros era de Thiran, amigo de Otto, ele não devia estar muito longe, então o
vi.

Estava deitado de lado, todo encolhido, como que protegendo algo, corri para ele, então vi os
ossos negros de suas costelas saindo de suas costas, ele fora queimado, incinerado, seus olhos
estavam fechados e os meus secos, foi quando ouvi um choro baixinho vindo de entre seus
braços. Quando o toque, foi como se um choque imenso passasse pelo meu corpo,
estranhamente vi um brilho azul me percorrer e foi como se tudo apagasse.

Quando abri os olhos, o choro ainda estava lá, tive que usar de força para abrir os braços de
Otto, foi como se aquele fosse seu último esforço, seu corpo se desfez em cinzas brilhantes
azuladas e uma criança estava em seus braços, o pequeno Ubbe, filho de Thiran,
provavelmente, ele e sua mãe Lania, tinham levado a marmita de comida que Thiran
frequentemente esquecia. Peguei Ubbe no colo e saímos dali.

Muitas famílias foram despedaçadas naquele dia. Ubbe perdera os pais e eu, meu marido.
Tivemos muitas noites de nossas vidas que choramos abraçados até dormir, meu garoto de
cabelos castanhos e olhos negros. A vida nos juntara, ou a morte.

Me sentia estranha, além de toda tristeza, sentia uma vibração estranha, contida nos meus
ossos e a lembrança do momento em que tudo apagara não me deixava.

Um dia, Ubbe estava dormindo, quando lembrei. Via meu corpo ao lado do corpo de Otto,
encolhido, eu brilhava em azul, uma halfling de cabelos castanhos avermelhados e uma
senhora humana alta, vestida de azul me observavam, a halfling tocou minha testa e disse:

- Um dia a tristeza vai arrefecer, minha criança, vá e cuide de outras, das crianças e dos fracos,
esse pequeno será o primeiro de muitos que irá proteger, você terá nossa benção pelo
caminho. Use os conhecimentos e armas que tem e que vão aparecer pelo seu caminho, seja
justa e compreensiva, plante bem e os frutos chegarão.

A senhora Yondalla, me chamara, Selûne assistira, porque eu? Não sei, talvez tenha a ver com
a luz azul. Fui procurar informações na biblioteca do templo, descobri que provavelmente eu
me tornara uma Arcano Marcada, mas como isso poderia se manifestar eu não fazia ideia.

Quando fui juntar as roupas de Otto para doar aos que precisavam e eram muitos, encontrei
um de seus anéis de barba, segurei-o entre os dedos e chorei por muito tempo, depois passei a
usá-lo como anel.

Contei o que acontecera a minha avó, ela suavemente passou a mão em meu rosto e disse:

- Você recebeu o chamado da Senhora, minha querida e para atendê-lo você deve ir para onde
possa aprender seus mistérios e como fazer isso. Existe uma escola em Esmeltaran, próxima ao
Lago Esmel, chama-se Dádiva de Yondalla. – dando um sorriso, continua – Você achava que eu
sempre vivi aqui, não? Tive minha cota de aventuras na juventude. Vá e diga que é neta da
Druida Astilbe, farei também uma carta para a Reverenda Petúnia, a superiora da ordem.

Minha avó pediu meu pequeno par de brincos que Otto havia me dado, com pedras omlar,
depois me entregou dois pingentes presos em tiras de couro:

- Um para você e outro para Ubbe, há um fio de cabelo dos dois em cada pingente, assim
sempre estarão juntos.

Meu sogro Durin, me presenteou com uma maça e um escudo, ele disse:

- Esse escudo foi feito para meu irmão Dwalin, mas ele não viveu para usá-lo, era para ser de
Otto, mas a vida na mina era mais tranquila. O mesmo ferreiro não teve tempo de acrescentar
mais detalhes a maça antes de morrer, são seus. Astilbe me disse da sua missão, vá pequenina
e que Moradin lhe ajude a vencer as batalhas que virão.
Foi mais um momento triste me despedir de tudo que conhecia, meus amigos, minha família,
minha casa, o templo, o bosque, mas o futuro me aguardava e agora tinha duas missões,
cuidar de Ubbe e desse novo aprendizado.

Ganhei uma burrica chamada Tisbe, do pessoal do mosteiro, também deram uma pequena
escada para poder usar, juntei minhas coisas e de Ubbe e fomos com um grupo de anões que
estava deixando Hawksmoor, ela nunca mais seria a mesma, a mina fora fechada, era perigoso
demais. Eles teriam que descobrir uma outra maneira de viver.

Tisbe era gentil, mas mesmo assim, levamos dias para chegar até Riatavin, a cidade mais
próxima e com muitos halflings, ficamos poucos dias lá, andamos muito para conhecer as ruas,
afinal nunca tinha ido a uma cidade antes.

Foi um tempo maior até Esmeltaran, lá nos separamos dos anões, eles seguiriam para as
Terras Centrais.

Eu e Ubbe fomos nos apresentar na Ordem da Dádiva de Yondalla, o nome de minha avó
parecia ter alguma propriedade mágica, pois abriu muitas portas. Reverenda Petúnia nos
recebeu gentilmente, contou que desde a juventude era amiga de minha avó e que as duas e
mais outras pessoas haviam fundado a ordem, mas minha avó não gostava de cidades, por isso
se retirara para Hawkmoor, onde conhecera meu avô.

Nossos dias eram cheios, estudo, treino, estudo, treino. Uso de armas, técnicas de combate,
luta corporal (nessa já estava avançada, graças aos monges), mais geografia, mais história e
muiiiita teologia. Uma coisa muito boa é que pude ajudar a pagar nossa estadia por lá dando
aulas de herbologia, a clériga Catalenya havia escrito para a Reverenda me recomendando.

Ubbe chegou na Ordem com quatro anos, uma criança um pouco arredia devido a tudo que
vivera, mas lá com outros pequenos halflings foi aprendendo a se soltar, ele sempre foi mais
parrudinho e eu amava vê-lo brincar com as outras crianças.

Fiquei muito amiga de uma clériga, gentil e animada, Maria Flor, com o tempo ela ajudou
muito a tirar o peso dos meus ombros e fazer voltar os sorrisos em nossos rostos. Juntas
cantávamos diversas músicas dos Margaridos e ensinávamos as crianças um pouco de nossa
cultura.
“Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração


Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonhos semeando o mundo real...”

Eram momentos leves, ao redor da lareira, depois de um longo dia de trabalho, treino e
estudo, cantávamos e as crianças iam se acalmando e dormindo, então suas mães e pais as
levavam para os quartos e íamos descansar.

A cidade era um mundo à parte do que eu conhecia, lá vi a maldade agir livremente,


sofrimento, pobreza, bandidos, monstros.

Um dia vi um homem espancando um pequeno menino, uma raiva que veio subindo pela
minha garganta brilhou na minha testa, segundo Maria Flor que estava comigo, disparei para
cima do humano com socos, chutes e cabeçadas.

Enquanto batia nele, uma voz ao longe bradava:

- Mas ele é meu filho, tenho direitos, posso bater nele quando quiser!!!
Maria Flor foi quem salvou a vida dele, me desmaiando.

Não houve qualquer tipo de problema com as autoridades, mas tive uma boa conversa com a
Reverenda, afinal, apesar do homem merecer o corretivo, eu não podia matá-lo e era o que
acabaria acontecendo de Maria Flor não me impedisse.

Ela também me mostrou o símbolo que aparecera na minha cabeça enquanto batia nele.

Me disse que seu significado era a letra “o” do alfabeto dracônico e que provavelmente eu
fora atingida pelos resquícios da Praga Mágica e que infelizmente as manifestações eram
imprevisíveis.

Voltei a aquele bairro pobre, para descobrir mais sobre o menino e o homem violento,
descobrir que eram realmente pai e filho, a mãe do garoto havia morrido de parto, junto com
a criança há pouco tempo. Por ajudarmos sempre, tínhamos um bom relacionamento com a
vizinhança, ele era um vagabundo que vivia das esmolas e pequenos furtos que ele fazia ou
obrigava a criança a fazer. O nome dele era Olegário e o menino se chamava Timóteo. Decidi
que aquela criança não ia continuar a sofrer daquele jeito, fui em busca das autoridades e com
testemunhas consegui a guarda da criança e ganhei um inimigo.

Timóteo tinha cinco anos quando veio morar conosco, Ubbe que já tinha oito anos, colocou-o
debaixo da asa, apesar dele ser do nosso tamanho. Era um garoto assustado e sofrido, que
demorou um tempo para começar a ser mais tranquilo, os barulhos altos e principalmente
gritos, o faziam se encolher. Vivíamos na Ordem e eles chamavam Maria Flor de tia. Ela me
ajudava com os meninos e eles sempre adoraram seu jeito brincalhão.
Passei a fazer mais treinamentos de combate e de meditação para controle da raiva, afinal
devia me controlar, mas se não conseguisse, talvez minha vida dependesse de ganhar a briga.

O meu grupo dentro da Ordem saiu em missões diversas vezes, nesses casos Maria Flor
cuidava dos meninos. Foram monstros, humanos monstruosos, diversas raças, cortes,
escoriações e ossos quebrados, mas sobrevivíamos e Ubbe sempre sabia que eu não estava
morta, mesmo quando demorávamos. Não consegui fazer para Timóteo uma jóia como a de
Ubbe, mas um pintor fez a imagem dos dois que eu carregava em um relicário com uma mecha
do cabelo do mais novo. E o mesmo relicário, com minha imagem e de Ubbe, para Timóteo
usar sob a roupa.

Olegário nunca aceitou, dizia que eu havia tomado-lhe seu filho e era verdade, porque aquilo
não era ser pai. Depois de alguns escândalos no mercado e na porta da Ordem, ele foi preso e
levado para longe.

Anos se passaram, formamos uma família apesar de tudo.

Atkatla, Murann, Mosstone, Portal de Baldur, e arredores entre todas essas cidades,
recolhemos órfãos, protegemos caravanas com alimentos, levamos remédios, matamos
monstros e pessoas.

Há três dias vieram me avisar que Olegário foi visto de novo na cidade, ontem Ubbe
desapareceu e um bilhete apareceu na porta da Ordem, só tinha uma frase:

“Olho por olho, dente por dente.”

Você também pode gostar