Você está na página 1de 6

Jung e os Arcanos

Maiores.
por Tal Pereira
@TALDETAL

O baralho do Tarot é composto por quatro


naipes: Copas, Espadas, Ouros e Paus. Cada
naipe contém 10 cartas numeradas de um a dez,
além de uma Rainha, um Rei, um Cavaleiro e um
Pajem, totalizando 14 cartas em cada grupo,
formando os 56 Arcanos Menores. Além dessas,
o Tarot também possui 22 trunfos, conhecidos
como Arcanos Maiores. No total, estamos
falando de 78 lâminas.

No entanto, absorver o significado de todas as 78 cartas


de uma só vez pode ser um desafio considerável.
Portanto, para facilitar o primeiro contato, vamos nos
concentrar no estudo das 22 cartas dos Arcanos
Maiores.

Enquanto as cartas dos Arcanos Menores estão


relacionadas a ações e decisões cotidianas, as
cartas dos Arcanos Maiores revelam mensagens
que abrangem o panorama geral de nossas
vidas e fornecem orientações específicas. As 22
cartas dos Arcanos Maiores representam situações
universais que todos enfrentam, carregando consigo
orientações para auxiliar em momentos de necessidade.
@TALDETAL

A jornada do herói, conceito proposto por Joseph


Campbell, é uma estrutura narrativa presente em muitos
mitos e histórias, marcada por fases como o chamado à
aventura, a recusa inicial, o encontro com mentores,
desafios, a morte simbólica e o renascimento. Essa
jornada reflete o processo de autodescoberta,
crescimento e transformação do protagonista.

A relação com Carl Jung está na semelhança entre os


arquétipos explorados por Jung e os papéis arquetípicos
encontrados na jornada do herói. Jung destacou
arquétipos universais presentes no inconsciente
coletivo, como a sombra, o anima/animus e o
self, que se alinham com os personagens e
estágios da jornada do herói.

Quando associamos isso ao tarot, vemos


paralelos, principalmente nos Arcanos Maiores.
Cada carta do tarot pode ser vista como um arquétipo
que reflete aspectos da jornada do herói e da psique
humana.
Embora cada uma das cartas dos Arcanos Maiores
tenha seu próprio significado e influência, quando
observadas em sequência, essas 22 cartas do Tarot
formam uma narrativa conhecida carinhosamente
como “A Jornada do Louco”.
Abaixo seguirei a ordem numérica dos arcanos maiores.
I e II • país celestiais da heroína
III e IV • seus pais terrenos
V • sua formação
VI • a decisão de abandonar a casa dos pais
VII • a partida
VIII • a experiência de responsabilidade social
IX • a procura de si mesmo
X • o encontro com o destino
XI • a tentação da força
XII • o encontro com a self
XIII • a compreensão de ter que se desapegar
XIV • o encontro da harmonia interior
XV • a tentação da devassidão
XVI • a quebra das ilusões
XVII • as novas esperanças
XVIII • os medos inconscientes
XIX • a grande força energética de viver
XX • fechamento dos ciclos da vida
XXI • os caminhos abertos por merecimento
A Jornada do Louco nos Arcanos Maiores do
Tarot é uma narrativa arquetípica e simbólica que
traça o caminho de autoconhecimento e
transformação. Essa jornada começa com a carta
do “Louco” e percorre todas as 21 cartas
seguintes, culminando com o “Mundo” ou
“Universo”. Essa jornada é chamada de “Louco”
devido à ingenuidade, coragem e desapego
necessários para enfrentar as provações e os
mistérios do Tarot.
No início da jornada, o “Louco” representa o ponto
de partida, uma pessoa descompromissada com
as convenções sociais, pronto para embarcar na
aventura do autoconhecimento. À medida que
avança pelas cartas dos Arcanos Maiores, o Louco
se depara com arquétipos e desafios que
espelham aspectos da psique humana.
A conexão entre Jung e o Tarot é complexa. Jung
não tinha uma visão unificada sobre o Tarot, mas
suas ideias sobre a psique humana, simbologia e
transformação são aplicáveis à leitura das cartas.
Ele acreditava que os arquétipos podiam servir
como ferramentas para explorar o inconsciente e
alcançar a individuação, que é o processo de se
tornar a pessoa mais completa e autêntica
possível.
Portanto, a Jornada do Louco nos Arcanos
Maiores do Tarot é uma exploração profunda
do inconsciente coletivo, uma busca para
compreender melhor a complexidade da
psique e trazer à luz aspectos reprimidos e não
realizados da própria personalidade. Ela nos
desafia a confrontar nossos medos, desejos e
esperanças, nos capacitando a crescer e
evoluir espiritualmente ao longo do caminho.
Essa jornada, tanto sob a perspectiva do Tarot
quanto da psicologia junguiana, é uma busca
contínua pela autorrealização e plenitude.

Esse é um pequeno pedaço do livro


““A Jornada do Louco” do primeiro
módulo do meu curso completo A
Jornada do Tarot.

Você também pode gostar