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A Evolução da Cartografia e Topografia: métodos tradicionais versus Tecnologias

modernas

1. História dos Mapas e a Cartografia

Desde as civilizações mais antigas, os mapas são importantes formas de comunicação visual que
expressam a evolução do conhecimento do homem quanto à sua localização no espaço
(geográfico) e as possibilidades de articulação, organização e tomadas de decisão na estruturação
e planejamento do território a partir de uma linguagem de símbolos e gráficos. “Dentre as formas
de comunicar o conhecimento, a utilização de gráficos requer a construção e a interpretação de
planos e diagramas por meio da observação de números, desenhos e imagens ou ambiente”
(Nogueira, 2008). Ao estabelecer um histórico de evolução dos mapas e o desenvolvimento da
Cartografia pode-se afirmar que, à medida que era necessário representar elementos e
informações sobre um determinado local ou região da superfície terrestre, utilizava-se tanto as
técnicas quanto os materiais compatíveis com o desenvolvimento tecnológico das civilizações.

Analisando a história dos mapas antigos e suas representações do espaço, Duarte (2008) ressalta
que houve evolução da simplicidade no uso da simbologia gráfica para a construção dos mapas
mais antigos, adquirindo a complexidade à medida que se procurou cada vez maior detalhe e
precisão das informações, com a incorporação de elementos cartográficos, baseados em cálculos
matemáticos, geométricos e geodésicos, fundamentando a Cartografia moderna.

Importa salientar que a actividade cartográfica passa por constantes revoluções, isso ocorre em
razão do desenvolvimento tecnológico que proporciona mais exactidão aos mapas. A evolução
cartográfica é consequência da elaboração de novas técnicas, que possibilita maior eficiência no
mapeamento e interpretação espacial.

Durante a década de 1960, com o desenvolvimento da informática e dos satélites artificiais,


tornou-se possível conhecer lugares da Terra antes inacessíveis aos seres humanos. As imagens
de satélites permitiram visualizar grandes extensões da superfície terrestre e mapeá-las com
precisão.
A partir do século XX, as técnicas empregadas para a confecção de mapas e outros produtos
cartográficos experimentaram avanço substancial. Isso se deveu principalmente
à aerofotogrametria, que consiste na captura de imagens da superfície terrestre por meio de uma
câmera acoplada a uma aeronave ou balão. Essa técnica de captação surgiu ainda no início do
século e aperfeiçoou-se durante as duas Guerras Mundiais.

Pode-se considerar o advento da aerofotogrametria uma das técnicas iniciais do sensoriamento


remoto. O desenvolvimento de satélites, em meados do século XX, e o aprimoramento dos seus
sensores com o passar do tempo representam outro marco na cartografia, permitindo não
somente a captação cada vez mais detalhada de imagens da superfície terrestre ou de parte dela
como ainda a coleta de informações diversas da localidade visada, como cobertura vegetal,
temperatura da superfície e presença de fumaça ou nuvens.

A modernização do conjunto de técnicas do sensoriamento remoto no decorrer dos anos,


sobretudo a partir do final do século XX, garante maior precisão no estudo e análise de
informações bem como a composição de cartas e de mapas por meio do emprego das ferramentas
de geoprocessamento, que incluem programas de edição, análise e processamento de dados
espaciais, como o ArcGIS.

O geoprocessamento compõe um quadro maior de geotecnologias que chamamos de Sistemas de


Informação Geográfica (SIG). Os SIGs, por sua vez, consistem em uma série de equipamentos e
softwares utilizados para a coleta e processamento de dados e imagens, podendo ter diversas
finalidades de acordo com o usuário, como pesquisadores, estudantes, gestores e ONGs.

O Sistema de Posicionamento Global, ou GPS, parte dos SIGs, é outro instrumento de extrema
importância para a cartografia contemporânea e tem-se tornado cada vez mais parte do nosso
cotidiano.

1.1.Conceito de Cartografia

A palavra Cartografia, etmologicamente, significa descrição de cartas. Carta - é a representação


no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de
uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos
e meridianos - com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão
compatível com a escala.

Assim, Cartografia é o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que,


tendo por base os resultados de observações directas ou da análise de documentação, se voltam
para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação de objectos,
elementos, fenómenos e ambientes físicos e socioeconómico, bem como a sua utilização.

Segundo o IBGE (1998), o conceito de Cartografia hoje aceito sem contestações foi estabelecido
em 1966 pela Associação Cartográfica Internacional (ICA), o qual a apresenta como sendo o
“conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os
resultados de observações directas, ou da análise de documentação, se voltam para a elaboração
de mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação de objectos, elementos,
fenómenos e ambientes físicos e socioeconómicos, bem como a sua utilização”. Nesse sentido,
“o objectivo da Cartografia é representar a superfície terrestre, ou parte dela, de forma gráfica e
bidimensional, que recebe genericamente o nome de mapa ou carta” (Duarte, 2008). Diante dos
avanços tecnológicos com o advento do computador e da informática, o conceito de Cartografia
é actualizado pelo ICA(2003) em Meneguette (2012), no que se refere ao levantamento e colecta
de dados para representação do espaço por meio dos mapas e das formas acesso aos mesmos por
seus usuários:

A Cartografia é definida como sendo disciplina que envolve a arte, a ciência e a tecnologia de
construção e uso de mapas, favorece a criação e manipulação de representações geoespaciais
visuais ou virtuais, permite a exploração, análise, compreensão e comunicação de informações
sobre aquele recorte espacial” (Meneguette, 2012, p.7).

Com as abordagens acima apresentadas, entende-se que Cartografia é a ciência que se dedica
à representação do espaço geográfico por meio do estudo, análise e confecção de cartas ou
mapas. Os seus produtos, entretanto, não se limitam aos mapas: plantas, croquis e o globo
terrestre são outros resultados directos da aplicação dos conhecimentos cartográficos.

Essa ciência utiliza-se de uma série de técnicas para que seja possível a reprodução do espaço, de
parcelas do espaço ou, ainda, de alguns de seus aspectos em uma escala reduzida e da forma
mais acurada possível. A cartografia é associada ainda à arte, emprestando dela algumas
técnicas.

2. Evolução histórica da Topografia

O homem passou por diversos processos evolutivos de sobrevivência durante a história, desde
suas formas primárias até as configurações actuais de sociedade. Os primeiros povos da pré-
história eram os nómades que não possuíam residência fixa e sobreviviam da caça, pesca e
extracção vegetal. Com o passar do tempo, houve a necessidade do ser humano mudar os hábitos
de sobrevivência, pois os alimentos, que até então somente explorava, estavam ficando escassos,
passando a ter sua residência fixa e tornando-se uma espécie sedentária. Aprendeu a cultivar seu
próprio alimento e criar animais, surgindo então, a agricultura e pecuária, consequentemente,
formando sociedades mais complexas, como vilas e cidades. Após a criação de uma sociedade
mais organizada, o ser humano necessitou especializar-se e demarcar seus domínios para uso em
suas actividades agrícolas e moradias. A partir daí, o homem passou a usar a Topografia, sem
mesmo saber que a havia descoberto. Para as actividades de demarcações de terras para plantios
e construção de residências eram necessários alguns instrumentos que auxiliassem nesse
trabalho, daí o surgimento dos primeiros instrumentos topográficos, embora que rudimentares.

Segundo Coelho (2014), “os primeiros povos a criarem e utilizarem os instrumentos topográficos
foram os egípcios e mesopotâmicos, depois chineses, hebreus, gregos e romanos. Conforme o
autor, não se sabe exactamente o ano em que começou, mas acredita-se que a Topografia já era
usada antes de 3200 a.C. tendo sido empregada no antigo império egípcio.

Os instrumentos, nessa época, eram bastantes rudimentares e tinham baixa exactidão e precisão
em se comparando com os instrumentos actuais, porém considerando-se sua época esses povos
chegavam a resultados espantosos.

Com o passar das gerações e do tempo, os instrumentos e métodos evoluíram tecnicamente e


electronicamente, tornando as interfaces e seus manejos mais amigáveis, dispondo de mais
recursos para o operador, controlando mais o erro e, consequentemente, dando resultados com
maiores exactidões e precisões.
Conforme Archela (2008), “o primeiro registo de ferramenta de medição foi em 3.000 a.C., os
babilónios e egípcios usavam cordas para medir as distâncias. Em 560 a.C. desenvolve-se o
“Gnomom” uma estrutura que permitiu realizar medições através da incidência do sol, com o
auxílio desta estrutura definiu-se a direcção do Norte e calculou-se o raio da Terra” (p.93).

Já a Dioptra, um instrumento muito utilizado na topografia, era formado por um tubo de


observação preso a um suporte no qual eram fixado transferidores possibilitando assim medir
ângulos horizontais e verticais.

O Chorobates era um equipamento que antecedeu o que conhecemos hoje como nível. Este
equipamento consistia de uma viga de madeira de 6m de comprimento o qual era sustentada por
pilares sendo estes travados por duas hastes diagonais com entelhes esculpidos. Tal equipamento
possuía duas linhas de prumos em cada uma das extremidades, assim, os entalhes
correspondentes às linhas de prumo combinavam em ambos os lados, mostrava que o feixe
estava nivelado. Uma ranhura na parte superior da viga onde se colocava água para usá-la como
nível.

O antecessor do Tedolito, o Astrolábio, era um equipamento muito usado no meio naval para
determinar o posicionamento das embarcações através da medida da distância das estrelas em
relação ao horizonte.

A bússola teve seu invento no século I na China, sendo aperfeiçoada no século III pelo italiano
Flavio Gioia, o qual adicionou a rosa-dos-ventos. Com os avanços surgiu o Grafómetro, um
instrumento munido alidades e pínulas como órgão de visada, assim como uma bússola. Tal
instrumento era utilizado para medição de ângulos horizontais.

Algum tempo depois, surge o primeiro equipamento “óptico-mecânico” o qual consistia de uma
adaptação do Grafómetro, no qual foi introduzido uma luneta, assim, agora era possível além de
medir ângulos horizontais, medir ângulos verticais, isso porque tornou-se viável inclinar o
semicírculo graduado até a posição de um plano vertical.

Seguindo a linha evolutiva dos equipamentos topográficos em 1720 surge o primeiro teodolito,
provido de quatro parafusos niveladores, desenvolvido por Jonathan Sisson, tal instrumento
permitia medir ângulos em qualquer direcção. Em 1838, o engenheiro inglês William Rankine
desenvolveu a integração de todos os dispositivos do teodolito, melhorando significativamente
no trabalho nas edificações. Com o desenvolvimento de novas tecnologias os teodolitos
começaram a ficar cada vez mais sofisticados deixando de serem equipamentos mais mecânicos
para se tornarem mais electrónicos.

Em 1943 surge o primeiro medidor de distância electrónico, os MED, ou simplesmente


chamados de distanciómetro electrónico. Assim, não havia mais necessidade de utilizar trenas
para as medições entre pontos topográficos ou mesmo utilizar a taqueometria para inferir
medidas indirectamente.

Hoje, conforme explica Archela (2008), a tecnologia já permite a transmissão de dados por
satélite e assim surgem os GPS (Sistema de Posicionamento Global), o RTK é um instrumento
topográfico que utiliza deste sistema para inferir as coordenadas de um terreno com elevada
acurácia.

Vale ressaltar que nos últimos tempos, surgiu uma tecnologia que veio inovar a forma de fazer
topografia, que é o mapeamento aéreo com drones.

2.2. Conceito de Topografia

A palavra Topografia é originada do idioma grego Topos Graphen. Após a tradução para a língua
portuguesa têm-se Topos significando lugar ou região e Graphen equivalente a descrição, ou
seja, descrição de um lugar. Actualmente existem diversas definições sobre o significado da
Topografia. Júnior (2003), define como a ciência que tem por objectivo conhecer, descrever e
representar graficamente sobre uma superfície plana, partes da superfície terrestre,
desconsiderando a curvatura do planeta Terra.

Doubek (1989) afirma que a Topografia tem por objectivo o estudo dos instrumentos e métodos
utilizados para obter a representação gráfica de uma porção do terreno sobre uma superfície
plana. Espartel (1987), por sua vez, diz que a Topografia tem por finalidade determinar o
contorno, dimensão e posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar
em conta a curvatura resultante da esfericidade terrestre.
Analisando essas definições, podemos entender que a Topografia é uma ciência que estuda,
projecta, representa, mensura e executa uma parte limitada da superfície terrestre não levando em
conta a curvatura da Terra, até onde o erro de esfericidade poderá ser desprezível, e considerando
os perímetros, dimensões, localização geográfica e posição (orientação) e objectos de interesse
que estejam dentro desta porção.

2.3. Objectivos da Topografia

A Topografia tem por objectivo o estudo dos instrumentos e métodos utilizados para obter a
representação gráfica de uma porção do terreno sobre uma superfície plana” (Doubek, 1989). “A
Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição relativa de uma porção
limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura resultante da esfericidade
terrestre” Espartel (1987).

Conforme Moffati (s/d),

Um dos principais objectivos da Topografia é a determinação de coordenadas relativas de


pontos. Para tanto, é necessário que estas sejam expressas em um sistema de coordenadas. São
utilizados basicamente dois tipos de sistemas para definição unívoca da posição tridimensional
de pontos: sistemas de coordenadas cartesianas (Plano) e sistemas de coordenadas esféricas (p.3).

Referências Bibliográficas

Archela, E. (2008). Síntese cronológica da cartografia no Brasil. Portal da Cartografia.


Londrina. Disponível em: http://www.uel.br/ revistas/uel/index.php/portalcartografia.

Coelho, J. M. (2014). Topografia geral. São Paulo, Brasil. Atlas.

Doubek, A. (1989). Topografia. Curitiba: Universidade Federal do Paraná.

Espartel, L. (1987). Curso de Topografia. 9 ed. Rio de Janeiro, Brasil.

Duarte, P.A. (2008). Cartografia Básica. Florianópolis: Editora da UFSC.

Https://engm3.com/evolucao-da-topografia-embarque-com-a-gente-nesta-historia
Moffati, M. S. (s/d). Topografia e Cartografia. São Paulo. Brasil.

Martinelli, M. (2011). Mapas de Geografia e Cartografia Temática. 6ª. Ed. ampliada e


actualizada. São Paulo: Editora Contexto.

Meneguette, A.A.C. (2012). Cartografia no Século 21: revisitando conceitos e Definições.


Revista Geografia e Pesquisa. (v.6). Recuperado em:
http://vampira.ourinhos.unesp.br/openjournalsystem/index.
php/geografiaepesquisa/article/view/131/64

Nogueira, R.E. (2008). Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados


espaciais. Florianópolis: Editora da UFSC.

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