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RESUMO DO CAPÍTULO DO LIVRO “ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ABORDAGEM

PRAGMÁTICA” (SUASSUNA, 1995)

Capítulo: Gaiolas não prendem pássaros. Principalmente pássaros saudosos da liberdade (p. 17-
58)

Objetivo:

1. O problema – A crise no ensino de Português: necessidade de mudança nos rumos desse ensino /
insatisfação dos professores com o seu trabalho
2. As origens do problema – as circunstâncias em que se dá o processo de educação linguística: o
modelo de escola embasado em uma pedagogia excludente da língua (certo x errado).
a) Condições que propiciam a análise da linguagem, segundo Câmara (1975): a diferenciação de classes
/ o contato com comunidades estrangeiras que falam outras línguas / a comparação da língua do
passado com a do presente / o desenvolvimento da ciência / o estudo das características biológicas
que favorecem o uso da linguagem / o estudo da linguagem na perspectiva da sociedade humana
como fenômeno histórico / o estudo da linguagem na perspectiva de sua função na comunicação
social.
b) Estudos sobre a linguagem:

- Pré-Linguística (Estudo do Certo e do Errado, Estudo da Língua Estrangeira e Estudo Filológico da


Linguagem)

- Paralinguística (Estudo Biológico e Estudo Lógico da Linguagem)

- Linguística propriamente dita (Estudo Histórico e Estudo Descritivo da Linguagem)

“O Estudo do Certo e do Errado foi mais ou menos incrementado em cada uma dessas etapas. Mas nunca
perdeu o seu lugar na formação do pensamento linguístico e, vale dizer, era mais dominante quando se
tratava da necessidade de imposição de uma norma.” (p. 24)

3. O problema e os manuais didáticos – as gramáticas antigas do Português mantêm a perspectiva do


Estudo do Certo e do Errado; a gramática de Ribeiro, apesar de trabalhar com o método histórico-
comparativo, não conseguiu fugir a esse padrão.
a) Características dos manuais de expressão escrita: superestimam o modelo literário / um deles
reconhece a variação linguística como um fenômeno natural e a relatividade da correção linguística /
outro desloca a sua finalidade para fora da correção linguística, da estilística clássica e da retórica.
b) Comunicação em prosa moderna (Garcia, 1981) – desligamento da tradição retórica e estilística /
relatividade do erro e da correção gramatical
c) Padronização das gramáticas – “compêndios estanques em que se registravam fatos linguísticos e
serviram, durante longo tempo, como o material didático por excelência, a despeito de falhas como
excesso de terminologias, tendência logicizante, tratamento da frase e não do texto, orientações para a
análise pela análise” (p. 31)

4. A questão da gramática – os fatos linguísticos sistematizados nas gramáticas normativas não se


relacionam à forma concreta como o falante de português usa essa língua.
a) Razões para essa constatação: diferenças dialetais determinadas por fatores geográficos / variação
linguística socialmente condicionada / interferência do tempo na transformação da língua / um mesmo
falante utiliza mais de uma variedade linguística conforme a situação / diferenças entre estrutura oral e
escrita da língua

b) Problemas das gramáticas:

- ensino de terminologias, de metalinguagem, e não da língua propriamente dita

- definições precárias, circulares e pouco explícitas

- visão preconceituosa e purista da língua

- análise pela análise, sem discussão das regras de construção

- abordagem da língua sem referência aos seus usos ou situações concretas em que ela é produzida

- exemplificações falhas, classificações errôneas, incompletude

- consideração da frase como limite máximo de análise

- distribuição aleatória dos conteúdos, sem adequação a determinados objetivos de ensino

5. A questão dos meios de comunicação de massa – Os meios de comunicação de massa propiciaram


um processo de transformação da escrita. A escola não acompanhou esse processo.

6. A questão da redação – O ensino de redação, de forma geral, acompanha a padronização do ensino


da gramática. Não há um objetivo mais amplo em relação às potencialidades da linguagem.

a) Marcas importantes na produção textual são ignoradas nesse tipo de ensino: dialogicidade,
relação intersubjetiva, historicidade, etc.
b) Dessa forma, os alunos não se constituem sujeitos de sua linguagem, uma vez que escrevem
para um único interlocutor, o professor. E a imagem desse interlocutor é formada dentro de uma
relação assimétrica, em que o texto do aluno tem que agradá-lo.
c) Os manuais didáticos apontam para o ensino de redação baseado no produto (texto) e não no
processo (o ato de redigir).

7. A questão da leitura – O leitor-produtor é substituído pelo leitor-reprodutor, dentro da perspectiva


tradicional. Também existe o problema do uso da literatura nos livros didáticos, muito distante dos
aspectos de leitura literária.
a) A concepção de texto no ensino da leitura é determinante para os seus resultados. Há também
que se considerar a própria trajetória do professor como leitor.
b) “Como falar de ampliação da experiência do aluno-leitor (e, por que não dizer, do professor-leitor)
e de confronto entre as mais diversas leituras numa escola em que a diversidade não tem vez?”
(p. 52)

8. A questão da ortografia – Há supervalorização do erro ortográfico. Há também ênfase no raro e no


exótico, além do uso de ditados de palavras, treino ortográfico e outros.
a) “Em vez de impor convenções, a escola deveria, numa construção permanente do conhecimento,
inserir o aluno na discussão teórica que explica essas convenções, até mesmo para que elas façam
sentido na práxis linguística.” (p. 54)

b) O ensino de ortografia deve se preocupar com as motivações para o ‘erro’ ortográfico.

9. A questão do vocabulário – A ‘mesmice’ pedagógica no ensino do vocabulário:

- o ensino de palavras novas através dos clássicos glossários dos livros didáticos

- a pouca variação nos exercícios

- a descontextualização dos exemplos e exercícios

- a exclusão de certos fenômenos da significação

10. A questão da educação não-escolar – Fora da escola, estamos criando ou reforçando o preconceito
linguístico e a normatização do Português.

11. As consequências do problema – A “fabricação da incompetência”: a escola complica, distancia o


aluno do objeto de conhecimento, dificulta a apropriação e faz crer que qualquer problema que decorra
daí está fora de sua alçada. (p. 58)

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